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1 GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS F A C I S A CURSO DE ADMINISTRAÇÃO PLANO DE CARREIRA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO SOB A ÓTICA DOS COLABORADORES SINOP/MT NOVEMBRO/2015 2 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS - F A C I S A CURSO DE ADMINISTRAÇÃO JANAINA LORINI PLANO DE CARREIRA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO SOB A ÓTICA DOS COLABORADORES SINOP/MT NOVEMBRO/2015 3 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS – FACISA CURSO DE ADMINISTRAÇÃO JANAINA LORINI PLANO DE CARRIERA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO SOB A ÓTICA DOS COLABORADORES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Avaliadora do Curso de Administração, da Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, Campus Universitário de Sinop/MT, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientador: Prof. Marcelo Rosa SINOP/MT NOVEMBRO/2015 4 JANAINA LORINI PLANO DE CARREIRA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO SOB A ÓTICA DOS COLABORADORES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Avaliadora do Curso de Administração – UNEMAT, Campus Universitário de Sinop como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração. Aprovado em de de 2015. __________________________________________ Marcelo Rosa Professor Orientador Curso de Administração UNEMAT – Campus Universitário de Sinop __________________________________________ Natalício Pereira Lacerda Professor Avaliador Curso de Administração UNEMAT – Campus Universitário de Sinop __________________________________________ Priscila Pelegrini Professor Avaliador Curso de Administração UNEMAT – Campus Universitário de Sinop __________________________________________ Salli Baggenstoss Coordenador do Curso de Administração UNEMAT – Campus Universitário de Sinop SINOP/MT NOVEMBRO/2015 5 DEDICATÓRIA Em especial a minha mãe Zeni de Fátima Lorini que não me deixou desistir, ao meu querido pai Edílio por todos seus esforços, a minha irmã Vanessa que sempre foi meu maior exemplo de determinação e a Deus e seus arcanjos que me ouviram por longas noites pedindo força 6 AGRADECIMENTOS Acima de tudo a Deus, porque se não fosse através dele, não teria chegado até aqui. Aos meus pais, a minha fortaleza. Ao professor orientador, que me não desistiu de mim, a Coordenadora Salli e a Mestre Marines que contribuíram em momento importante; Aos demais professores, do curso de graduação, que nos transmitiram seus conhecimentos e muito contribuíram para nossa formação. A empresa onde foi realizado o Estudo, pela ajuda e disponibilidade de seus colaboradores. A aqueles amigos que fizeram parte desta linda jornada, Daniel e em especial Josieli Peron a colega e irmã que esteve ao meu lado por estes longos anos. A Anny Mota colega de trabalho que incentivou para não desistir. 7 EPÍGRAFE Sonhe Grande, pois Sonhar grande e Sonhar Pequeno dão o mesmo trabalho. Jorge Paulo Lemann. 8 RESUMO O presente estudo tem como objetivo analisar a visão dos funcionários sobre as políticas de Plano de Carreira, quais são suas expectativas, se elas são supridas e como a empresa se comporta de fato em relação aos assuntos como, salários, cargos e evolução profissional de seus funcionários, tendo como intuito avaliar as metodologias que fixam a importância e os benefícios de uma estrutura clara e bem definida e assim demonstrar à empresa participante o quanto ela se beneficiaria deste projeto. Todas essas abordagens são subsistemas da Gestão de Recursos Humanos, setor responsável por avaliação, treinamento e desenvolvimento do capital intelectual da empresa, que estará totalmente interligado aos objetivos estratégicos da organização. Para complementação foi realizada uma pesquisa exploratória que expõe a opinião dos funcionários da Empresa Dorane Calçados e Confecções, localizada no município de SINOP-MT, em relação a Plano de carreira, na qual diagnosticou-se que a falta de um Plano de Carreira traz distorções. Quanto às práticas utilizadas por Recursos Humanos, os empregados sentem-se satisfeitos, porém, sentem necessidades específicas cuja implementação da Gestão de Recursos por Plano de Carreira e suas técnicas sanaria este gap e ofereceria os benefícios requeridos. Palavras-Chave: Recursos Humanos, Plano de Carreira e Gestão de Salários. 9 ABSTRACT This study aims to analyze the views of employees about the Career Plan policies, what your expectations are, if they are addressed and how the company behaves in fact on issues as wages, jobs and professional development of its employees, with the aim to evaluate the methodologies that secure the importance and benefits of a clear and well-defined structure and thus demonstrate the participating company how much it would benefit from this project. All of these approaches are subsystems of Human Resource Management, an industry which is responsible for assessing, training and development of intellectual capital, which is fully interconnected with the strategic objectives of the organization. To be complemented an exploratory research that exposes the opinion of the employees of the Company Dorane Shoes and Clothing, in the municipality of SINOP-MT, in relation to career plan, which was diagnosed that the lack of a Career Plan brings distortions as the practices used by House of Representatives, employees feel satisfied though, feel specific needs which the implementation of the Resource Management Plan for Career and techniques would be remedying this gap and providing the required benefits. Keywords: Human Resources, Career and Salary Management 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1: A hierarquia das necessidades de Maslow 24 Figura 2: Subsistemas de Recursos Humanos 31 Figura 3: Modelos de remuneração 47 Figura 4: Organograma da Empresa Dorane Calçados e Confecções Ltda 57 11 LISTA DE GRAFICOS Gráfico 1: Sexo ............................................................................................................... 58 Gráfico 2: Faixa Etária ................................................................................................... 59 Gráfico 3: Estado Cívil ...................................................................................................59 Gráfico 4: Tempo De Empresa ....................................................................................... 60 Gráfico 5: Média Salarial ............................................................................................... 60 Gráfico 6: Importancia X Práticas Existentes ................................................................ 63 Gráfico 7: Existencia de Plano de Carreira .................................................................... 64 Gráfico 8: Otica dos Colaboradores sobre Plano de Carreira ......................................... 65 Gráfico 9: Necessidades dos Colaboradores .................................................................. 68 12 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Definições Constitutivas E Operacionais Da Política De Recompensas. ..... 39 Quadro 2: Nível de Satisfação ........................................................................................ 61 Quadro 3:Importancia X Práticas Existentes .................................................................. 62 Quadro 4: Ótica sobre Plano de Carreira ....................................................................... 65 Quadro 5: Necessidades dos Colaboradores ................................................................... 67 13 LISTA DE ABREVIATURAS ARH – Administração de Recursos Humanos CHA – Conhecimento, Habilidades e Atitudes. DORANE – Dora e Neusa. ENADE - Exame Nacional de Desempenho de Estudantes GP - Gestão de pessoas. PCCS - Plano de cargo, carreira e salários. RH - Recursos Humanos. SUS - Sistema Único de Saúde. 14 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 15 1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA .................................................................................... 16 1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 17 1.2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 17 1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................ 17 1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 17 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 20 2.1. EVOLUÇÃO DAS TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO ......................................................... 20 2.2 ESCOLA DAS RELAÇÕES HUMANAS ........................................................................... 22 2.2.1 Teoria Motivacional ............................................................................................. 22 2.3 GESTÃO DE PESSOAS ...................................................................................................... 25 2.3.1 Administração de Recursos Humanos .................................................................. 26 2.3.2 RH Estratégico ..................................................................................................... 28 2.3.3 Administração de Carreiras ................................................................................. 33 2.3.4 Evolução da Gestão de Carreira Empresarial ..................................................... 36 2.3.5 Gestão por Competência ......................................................................................... 41 2.3.6 Meritocracia ........................................................................................................ 43 2.3.7 Gestão de Salários ................................................................................................ 44 2.3.8 Remuneração Estratégica..................................................................................... 46 2.3.9 Avaliação de Desempenho.................................................................................... 49 3. METODOLOGIA ................................................................................................. 50 3.1 ESCOLHA DO MÉTODO DE PESQUISA ............................................................................. 52 3.2 UNIDADE DE ANÁLISE ................................................................................................... 52 3.3 COLETA DE DADOS ........................................................................................................ 53 3.4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ....................................................................... 54 4. LEVANTAMENTO E DISCUSSÕES DOS DADOS ........................................ 55 4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA ....................................................................................... 55 4.1.1 Dados da empresa ................................................................................................ 55 4.1.2 Histórico ............................................................................................................... 55 4.1.3 Organograma ....................................................................................................... 56 4.2 RESULTADO E DISCUSSÕES DOS DADOS ........................................................................ 58 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 70 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 72 APENDICÊ ................................................................................................................... 76 15 1. INTRODUÇÃO O mercado de trabalho exige cada vez mais, altos níveis de qualificação profissional e desenvolvimento constante de novos Conhecimentos, Habilidades e Atitudes (CHA) dos trabalhadores. Essa situação pode apresentar certa resistência por parte dos trabalhadores devido a necessidade em se adaptar à realidade do mercado de trabalho, além de causar nos indivíduos insegurança já que a estabilidade profissional fica prejudicada. Conforme a evolução das relações humanas, o mundo corporativo vem exigindo cada vez mais metas, resultados e desempenho de seus empregados (termo utilizado pela CLT para definir aquele que é remunerado através de um contrato de trabalho). Nesse contexto, a gestão de Plano de carreira apresenta-se como metodologia que faz na prática uma junção estratégica dos planos de metas da empresa e o desempenho dos colaboradores, onde ambos desenvolvem-se e ganham ao atingir os objetivos globais. Nos últimos anos, muitas organizações começaram a se preocupar com o seu capital intelectual, voltando suas atenções para seus colaboradores e tornando-se empresas centradas em pessoal. Este fenômeno ocorre desde os estudos sobre as Escolas das Relações Humanas com Mayo, que transformou a visão sobre a relação da empresa e seu meio produtivo, o empregado. Desta forma, percebe-se que as pessoas são o centro de funcionamento das organizações e as organizações são à base de trabalho das pessoas, logo, o setor de recursos humanos cuida de um grande patrimônio: os colaboradores. Neste contexto, Recursos Humanos (RH) é o responsável por cuidar dos funcionários da melhor maneira possível e consequentemente também é responsável pela gestão do plano de carreira. A Administração de Carreiras traz benefícios de manutenção de funções e melhorias nas atividades, pois apresenta políticas claras e bem definidas de como adquirir benefícios, se manter na empresa e principalmente, melhorar seu salário e sua posição hierárquica (DUTRA, Souza Joel, 2015). Diante das adversidades,ao utilizar o plano de carreira, pode-se orientar o indivíduo em processo de desenvolvimento profissional para alcançar seu objetivo previamente determinado. Este estudo tem a intenção de intensificar as políticas e práticas de Recursos Humanos, sustentado pelo referencial teórico para estabelecer uma transformação intensa na forma de gestão de pessoas e servir como base para implantação tanto na empresa estudada como em outras organizações. Este posicionamento deve ser disciplinado, persistente em cumprir as 16 ações necessárias, pois, com adequado aproveitamento das oportunidades diante dos cenários em constantes mudanças e transformações, pode corroborar para a conquista do objetivo pessoal almejado. 1.1 Formulação do Problema A gestão de Recursos Humanos juntamente com suas funções sobre a organização deixou de ser setorial e tornou-se macro organizacional, trazendo consigo novas responsabilidades sobre o desempenho comportamental e de objetivos. Isso representa uma estrutura mais complexa e completa que, através do Plano de Carreira, engloba desde a forma meritocrática de remuneração até ao recrutamento e seleção estratégico. O sucesso de adoção de um programa de Plano de Carreira depende diretamente da vontade dos executivos ou administradores que buscam sua implantação. Os problemas tendem a ocorrer quando a vontade de aplicá-lo e de se oferecer benefícios não se configura autêntica, quando não há autenticidade na busca e não se sabe o objetivo pelo qual será implantado este projeto na empresa. Desta forma, prevalecem atitudes de pouca importância ao plano, de modo que o mesmo acaba ficando apenas no papel, sem cumprir sua devida função e consequentemente provocando a desmotivação nos funcionários. Nas palavras de Dutra (2011, p. 16) “o sistema de administração de carreira apresenta- se como conceito adequado na empresa para a contínua negociação de expectativas de desenvolvimento entre a pessoa e a empresa”. Desse modo, entende-se que a efetiva participação decorre do desejo verdadeiro dos líderes e de suas profundas convicções de que todas as pessoas têm um potencial extraordinário de contribuição e merecem oportunidade de desenvolvimento profissional. Oportunidade essa que cabe à organização oferecer os meios para que a pessoa possa crescer e, em contra partida, oferecer resultados maiores e melhores para a empresa. As políticas de Plano de Carreira oferecem um método claro e objetivo, traduzindo o que os empregados precisam fazer para alcançar os mais altos cargos da organização. Um caminho firmado em resultados, no desempenho do cargo, avaliação contínua, competências técnicas e habilidades naturais que se evidenciam. Considerando que a Empresa Dorane Calçados e Confecções Ltda. existe há mais de 30 anos no município de Sinop – MT, onde foi fundada, e emprega cerca de 100 funcionários em sua rede de 9 lojas, surgiu o interesse em analisar “qual a ótica dos funcionários sobre as políticas de Plano de Carreira”. 17 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral Diagnosticar a ótica dos colaboradores de uma empresa varejista de Sinop sobre Plano de Carreira. 1.2.2 Objetivos Específicos a) Diagnosticar a existência de um Plano de Carreira; b) Abordar as políticas de plano de carreira para avaliar a satisfação dos funcionários com a realidade; c) Identificar a importância de políticas do Plano de Carreira através das perspectivas de entendimento dos colaboradores sobre o que é um Plano de Carreira. 1.3 Justificativa O plano de Carreira utilizado como ferramenta de Recursos Humanos permite uma maior visualização da estrutura organizacional. Dentre as análises que podem ser feitas a partir daí, observa-se quais são os cargos com maior valoração e competências mensuradas para gerir as pessoas através de forma meritocrática, onde todos possuem as mesmas possibilidades de crescimento dependendo este apenas de seu desenvolvimento pessoal. Após muito analisar a falta de preocupação, tanto dos acadêmicos em formularem sua carreira, quanto da empresa em oferecer subsídios para que esta tenha oportunidades, evidenciou-se que a realidade referente a empregabilidade da metodologia de Plano de Carreira não está em destaque nos temas abordados pela Academia pois, através dos materiais bibliográficos disponíveis para os acadêmicos, não trazem informações suficientes para um estudo mais aprofundado. Partindo deste pressuposto, conclui-se que: se a maior referência em ensino local não oferece este conhecimento logo, o local onde os futuros administradores estarão inseridos também não a terão. O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE1 – que integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES – vem abordando mais profundamente nos últimos anos em suas avaliações o tema Plano de Carreira. Isso nos leva ao entendimento de sua imensa importância para o mundo corporativo do qual estudantes de administração farão parte. 1 1 http://portal.inep.gov.br/web/guest/superior-sinaes 18 A empresa estudada atua no ramo varejista de Calçados e Confecções há mais de 30 no município de Sinop, estado de Mato Grosso. Possui em média 70 a 100 funcionários contratados e possui outras 8 empresas na mesma região. A longevidade e o impacto que a empresa provoca no município de Sinop – MT justificam a importância da análise de sua estrutura pela percepção de seus empregados, pois também é considerada referência no setor varejista local. Estima-se que através do estudo realizado nessa empresa possa-se atingir outras empresas da região, servindo a presente pesquisa como modelo de Gestão de Recursos Humanos. Ao mencionar sobre as políticas de remuneração de uma organização, busca-se a relação entre empregador e empregado. Sabe-se que o empregador busca pessoas cada vez mais dinâmicas, que façam várias funções e trabalhem mais por menos. Enquanto o empregado busca, por sua vez, trabalhar menos e ganhar cada vez mais (CHIAVENATO, 2015). Comumente se vê em empresas de todos os tamanhos pessoas insatisfeitas com seus salários, solicitam o aumento, porém não obtêm resposta. Pessoas que não se sentem valorizadas, que gostariam de mudar de cargo, que buscam ser promovidos, mas nunca tiveram oportunidades. Encontra-se até mesmo pessoas que trabalham há pouco tempo na empresa e gozam dos mesmos benefícios e salários daqueles que estão há anos desempenhando de modo satisfatório as mesmas atividades. Mesmo diante desse cenário, este importante instrumento de gestão que é o Plano de Carreira, ainda é carente de aceitação, pois muitas empresas o tem como um empecilho. Isso ocorre devido ao desconhecimento por parte dos empresários sobre as perspectivas que um plano bem desenvolvido pode trazer em termos de retenção de talentos e resultados em longo prazo e, por conseguinte, considerar que tal investimento seja apenas mais uma fonte de gastos e de elevação no custo da folha de pagamento. Entretanto, é certo afirmar que sem a implementação do plano não há como saber de forma clara o que a empresa espera dos seus colaboradores, nem quais são os resultados que os funcionários devem apresentar para serem dignos e merecedores de serem contemplados pela meritocracia, para se destacarem e galgar os degraus da hierarquia. No livro “Feitas para Durar – Práticas Bem Sucedidas de Empresas Visionárias”, Jim Collins (1995) relata através de pesquisas de campo, que realizou durante 6 anos, algumas estratégias utilizadas por grandes corporações centenárias que são ferramentas de Administração de Recursos Humanos– ARH, tais como a meritocracia, remuneração variável, o parthneship (ação societária). O termo Administração de carreiras não é utilizado. Porém, a metodologia nos remete a um cenário atualizado onde o termo “Carreiras, Cargos e 19 Salários” é visto como fonte de recursos administrados pelo setor de Recursos Humanos dentro das organizações. Recursos Humanos é o setor da administração que cuida dos colaboradores para que foquem seus trabalhos e tragam mais lucro para a empresa Esse setor precisa desenvolver estratégias para gerenciar pessoas a fim de evitar possíveis conflitos e, dessa forma, obter uma visão geral da empresa e do futuro. A administração de carreiras é atualmente a resposta mais completa para as necessidades da empresa moderna na gestão de recursos humanos, de um lado estimula e instrumentaliza as pessoas para pensar suas carreiras e seu desenvolvimento profissional. De outro, oferece à empresa os conceitos e as ferramentas necessárias para pensar a gestão de Recursos Humanos de forma estratégica e para integrar o conjunto das políticas e práticas de administração de pessoas” (DUTRA, 2011, p.7). Quando se trata de carreiras e Recursos Humanos, Chiavenato afirma que “as organizações não funcionam sem pessoas e as pessoas não vivem sem as organizações” (2009, p. IX). Essa célebre afirmação remodela o contexto de administração de pessoas e conclui que há uma necessidade mútua de satisfação e alcance de resultados, tendo a carreira pessoal totalmente atrelada ao desenvolvimento da organização, reforçando ainda a interdependência entre os dois, cujo elo de ligação se encontra na ARH. 20 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1.Evolução das Teorias da Administração Após Taylor e Fayol apresentarem teorias baseadas na funcionalidade do cargo, na hierarquia rígida e racionalização das tarefas, na qual não seria necessário um trabalhador qualificado, mas disciplinado e obediente e para o qual seria adequado um administrador monocrático, Surge Elton Mayo e a Escola das Relações Humanas pregando, segundo Tragtenberg, um ponto de união em que se combinam as exigências políticas e funcionais da empresa (apud. FARIA, 2009, p.57). Na mesma linha, segue a Administração com o objetivo de gerir todos os recursos Financeiros, Patrimoniais, Humanos, Tecnológicos e Materiais com a finalidade de produzir riqueza e lucro para os seus acionistas. Esta é uma definição generalista e utilizada pela maioria dos autores do ramo gerencial e ciclos acadêmicos. Esses termos capitalistas sobre meios de produção seguem desde Marx (1946), onde o trabalhador era apenas um meio do processo de produção, que transformava dinheiro em capital e o transformava em mercadoria. Estes se constituem fatores do processo de trabalho, no qual o trabalhador é apenas um operador da mais-valia para o capitalismo (FARIA, 2009, p.62). Então, um olhar mais humanista vem à tona por parte de Chiavenato, ao afirmar que “a administração nas organizações requer um profundo conhecimento de CO (Comportamento Organizacional). Sem esse conhecimento, a administração pode tornar-se fria, desumana, mecânica, rígida, ineficiente e ineficaz (2010, p.60)”. Conforme o desenvolvimento dos processos produtivos e o aumento de sua complexidade, deu-se a necessidade de dividir do trabalho. Essa demanda pode ser verificada na fala de Fayol (apud. FARIA 2009), onde “o trabalho de uma empresa deve ser dividido em tarefas especializadas e simplificadas. A combinação entre exigências da tarefa e habilidades e aptidões dos trabalhadores melhora a produtividade. O gerenciamento do trabalho deve ser separado da sua execução”. Aqui, Fayol nos traz nuances da segregação setorial que praticam atualmente as organizações. O mundo na década de 1940 passou por gradativas mudanças e as organizações bem- sucedidas passaram a apresentar um grande crescimento no qual os atuais princípios clássicos não conseguiam se sustentar. Isso culminou no modelo Burocrático de Max Weber que caracterizava a burocracia como “uma organização racional por excelência” (ANDRADE, 2007, p.70). 21 Weber notou que a partir de certo tamanho e complexidade, as grandes organizações governamentais e multinacionais passaram a adotar a estrutura burocrática como forma de organização interna, que passou a predominar ao longo dos anos. O modelo burocrático focaliza tanto na diferenciação – divisão do trabalho e especialização das tarefas – como a integração por meio da hierarquia de autoridade e da utilização de regras e regulamentos escritos, necessários para uma organização funcionar adequadamente (CHIAVENATO, 2010, p. 68). Para Weber (apud. ANDRADE, 2007) as principais características deste modelo são: a) Divisão do trabalho: a tarefa organizacional é dividida em cargos especializados; b) Hierarquia: as relações de autoridade são claramente definidas; c) Regras e regulamentos: a organização define critérios e regras para o comportamento das pessoas em suas tarefas; d) Formalização das comunicações: todas as comunicações devem ser feitas por escrito e devidamente documentadas; e) Competências técnicas: as pessoas são selecionadas e promovidas de acordo com seu mérito profissional, seja por meio de testes e concursos de seleção ou avaliação do seu desempenho; f) Procedimentos técnicos: a organização baseia-se em cargos e não nas pessoas. Os cargos são desempenhados através de rotina e procedimentos previamente estabelecidos. Do modelo estruturalista pós-burocrático as teorias administrativas ensinavam as regas e os princípios universais sob como lidar com a certeza e a previsibilidade. A grande mudança começou a acontecer a partir da década de 1950 quando surgiu a teoria Neoclássica da Administração. Esta, representava uma reafirmação dos princípios clássicos devidamente atualizados e redimensionados para sua época, sem ser exageradamente prescritiva e normativa, comportando quatro funções: planejar, organizar, direcionar e controlar (ARAUJO, 2004). A Teoria Neoclássica trouxe também a chamada APO – Administração Por Objetivo. A ideia era enfatizar não os meios ou os métodos, mas os objetivos a serem alcançados pela organização. A APO significou uma revolução dentro das empresas: a ênfase nos fins e nos objetivos e não mais nos meios e métodos de trabalho. A ênfase nas pessoas mudou radicalmente a teoria administrativa com a escola das Relações Humanas, com a preocupação com os grupos informais e com os assuntos relacionados à comunicação e motivação das pessoas. Com os descréditos desta, surgiu a Teoria Comportamental com abordagem no Behaviorismo em 1950. Mais adiante, Douglas 22 McGregor empregou a teoria X para descrever as premissas sobre a natureza humana e o termo Teoria Y para a abordagem das Relações Humanas. Desta forma, surgiram novas proposições sobre motivação humana com Maslow e Herzberg. Em 1960 iniciou-se a Teoria dos Sistemas com enfoque flexível e adaptável às circunstancias ambientais, abrindo portas para uma nova abordagem, a Teoria da Contingência, mantendo o foco interno nas tarefas, nas pessoas e na estrutura organizacional. Esta passou a incluir também o foco no crescimento e na sobrevivência das organizações em um ambiente crescentemente mutável. 2.2 Escola das Relações Humanas A Escola das Relações Humanas surgiu nos Estados Unidos devido a onda de desemprego resultante da crise de 1929 e foi impulsionada pelos resultados da pesquisa desenvolvida na Westen Eletric 2 . A partir destas questões, estudiosos passaram a se preocupar com o fator humano no trabalho, contrariando os pressupostos defendidospor Taylor de que a organização era uma máquina desprovida de valores humanos (ANDRADE, 2007, p. 95) Nessa abordagem, Araujo (2004) percebe a preocupação em torno do ser humano, que passa de fator complementar a fator principal dentro da organização. O desempenho organizacional depende da junção de vários fatores críticos: estratégia, tecnologia, desenho e cultura organizacional e talento humano. Sem as pessoas, a organização nada consegue fazer, mas é necessário que esse talento humano possua conhecimentos, habilidades e competências. Para poder proporcionar resultados, o talento humano precisa estar envolvido em um ambiente de trabalho baseado em um desenho organizacional favorável e em uma cultura organizacional participativa e democrática que também requer motivação das pessoas. O desempenho individual depende fortemente de pessoas motivadas (CHIAVENATO, 2010, p. 242). 2.2.1 Teoria Motivacional Em 1995, o livro de Herzberg, “Trabalho e Natureza Humana” (Work and Nature of Men) foi considerado pela International Press uma das obras mais influentes de gerência do Século XX . Nele consta sua pesquisa a cerca dos fatores de motivação, que são: a) Condições de trabalho: se as condições de trabalho forem ruins, causando dificuldades, perturbações e estresse, isso pode dificultar a motivação. 2 Experiência Hawthorne realizada entre 1927 e 1932, por Elton Mayo e seus colaboradores em uma fábrica. 23 b) Práticas políticas e administrativas da empresa: como a empresa trata os colaboradores de um modo geral. Se as regras não são aceitas pela equipe, as pessoas tendem a ter um comportamento de desconfiança em relação à empresa, o que interfere fortemente na motivação. c) Salário e benefícios: quando o salário é percebido como injusto, quando está em níveis inferiores ao de mercado, quando não guardam equiparação razoável com o desempenho, a pessoa perde o entusiasmo para o trabalho. d) Supervisão: supervisores truculentos, injustos, que não tratam as pessoas com dignidade, certamente derrubam a motivação. e) Status: se o cargo depõe contra a pessoa, se ela se envergonha do trabalho que realiza, não há motivos para empenhar-se. f) Segurança no trabalho: trabalhar sob constante ameaça de demissão poderá fazer a pessoa atuar por medo, mas não por motivação. g) Colegas: se a pessoa não se identifica com os colegas, não os admira, não gosta de fazer parte da equipe, logo não tem motivos para querer a realização das metas. A motivação deu origem ao ponto de partida do estudo das necessidades, constituinte das três dimensões da motivação das quais as outras duas são impulsos e incentivos. As necessidades são carências ou deficiências que a pessoa experimenta em um determinado período de tempo (CHIAVENATO, 2010, p. 244). Abraham Maslow foi psicólogo clínico e pioneiro no desenvolvimento das necessidades. No tempo de Maslow havia poucos estudos empíricos e científicos sobre a motivação. Ele baseou sua teoria em 25 anos de experiência no tratamento de indivíduos com graus variados de sanidade psicológica. Com base nessa experiência, a Teoria das Necessidades de Maslow propunha a existência de cinco distintos de necessidades: fisiológicas (básicas), de segurança, de amor (sociais), de estima e de auto realização. Conforme explica sua teoria, essas necessidades têm raízes genéticas e são características de todos os seres humanos. Além disso, elas são organizadas em hierarquia e influenciam a motivação na base de preponderância das necessidades, ou seja, as necessidades residentes no mais alto grau da hierarquia só podem influenciar a motivação se as necessidades dos graus inferiores já se encontrarem, em grande parte, satisfeitas (WAGNER e HOLLENBECK, 2009). As necessidades hierarquizam-se conforme figura a seguir: 24 Figura 1: A hierarquia das necessidades de Maslow Fonte: Chiavenato, 2010 As necessidades de Maslow podem ser descritas da seguinte forma: a) Necessidades Fisiológicas: necessidades de alimentação, bebida, habitação, e proteção contra a dor e o sofrimento, a fim de garantir a sobrevivência do indivíduo. b) Necessidade de Segurança: necessidade de estar livre dos perigos, de proteção contra ameaças externas. c) Necessidades Sociais: necessidade de amor, amizade, participação e filiação a grupos, bem como o desejo de dar e receber afeto. d) Necessidade de Estima: necessidades relacionadas com a maneira pela qual a pessoa se vê e se auto avalia. e) Necessidade de Auto realização: necessidade mais elevada do ser humano, que o leva a se realizar a partir da maximização de suas aptidões e capacidades potenciais. Encontra-se na tentativa de cada pessoa em desenvolver seu próprio potencial de forma contínua. Neste mesmo intuito, surgiram escritores como: Alderfer, que criou a teoria ERC – Existência, Relacionamento e Crescimento – a fim de alinhar as necessidades de existir, relacionadas ao crescer; Herzberg, afirmando que a motivação depende de Fatores Higiênicos e Fatores Motivacionais; McClelland com os três motivos ou necessidades básicas na dinâmica do comportamento humano, que são necessidade de realização, necessidade de poder, e necessidade de filiação. Entretanto, a primeira teoria relacionada com o processo motivacional foi desenvolvida por Adms, que, segundo Chiavenato, “se baseia na comparação que geralmente as pessoas fazem a respeito de suas contribuições e de suas recompensas em relação às contribuições e recompensas dos outros. Essa comparação produz uma percepção de que essas relações são iguais, dizendo que existe um estado de equidade” (2010, p. 255). NECESSIDADE DE AUTO REALIZAÇÃO NECESSIDADE DE ESTIMA NECESSIDADE DE AMOR NECESSIDADE DE SEGURANÇA NECESSIDADES FISIOLÓGICAS 25 Sob essa perspectiva, a remuneração constitui uma importante fonte de equidade ou iniquidade. Há, segundo Castro (2012), há duas abordagens gerais que se preocupam com as mudanças que ocorrem no indivíduo em situação de aprendizagem. Na tradição behaviorista a ênfase é colocada na mudança do comportamento a partir da interação do indivíduo com seu ambiente. Na tradição cognitivista, a mudança de comportamento resulta da aquisição de Conhecimentos, Habilidades e Atitudes – CHA, além da interação com o ambiente. A palavra-chave é motivação, o que significa ter motivos, uma força que move, um impulso interno propulsor, algo que faz a pessoa caminhar para frente, para a realização das metas. Quando as pessoas têm motivos válidos que fazem sentido em sua visão, sua mente, suas emoções e seu corpo integram-se para a busca da realização – e a “mágica” acontece: as pessoas ficam muito mais competentes. Conforme Xavier (2006), o raciocínio do indivíduo melhora, a criatividade aumenta as habilidades de comunicação, de tomada de decisão, de realização de tarefas, o desempenho flui de modo mais natural e eficiente. Chiavenato (2010, p. 243) conclui que “motivação não é um traço de personalidade. Ela é o resultado da interação da pessoa com a situação que a envolve”. A gestão de pessoas está ligada às mais diversas áreas dentro das organizações (FRANÇA, 2008). Questões relacionadas às novas tecnologias, contratações, aperfeiçoamento dos profissionais, remuneração, comunicação com os empregados, saúde ocupacional, sistemas de gestão da qualidade, desenvolvimento sustentável, competência integrada aos aspectos socioeconômicos e pessoais e outros. 2.3 Gestão de pessoas A empresa é constituída por um conjunto de recursos sob a administração de seres humanos com o objetivo de satisfazerclientes, obter lucros e permanecer no mercado. A prática de recursos humanos visa gerir uma área da organização com intensa interação das pessoas com seus ambientes. A gestão de pessoas efetuada pela organização deve estimular e oferecer suporte às mudanças e deve gerar lideranças que inspirem e facilitem a transformação contínua, de acordo com o pensamento de Dutra, Vassari e Picolotto (2010). Para MILKOVICH a Gestão de Pessoas tem vários objetivos e a Administração de Recursos Humanos deve colaborar para que a eficácia da organização seja atingida, pois para uma organização atingir o seu alvo e realizar sua missão, uma boa Gestão de Pessoas é peça chave na atualidade (2000). O profissional de Recursos Humanos deve possuir o poder de diferenciar as pessoas, pois os seres humanos são dotados de personalidades, comportamentos 26 e atitudes vindas de seu caráter, além de possuírem conhecimentos, habilidades e capacidades indispensáveis à gestão dos recursos organizacionais, considerando as pessoas como pessoas e não como meros recursos da organização. Dutra (2006) aborda a gestão de pessoas como o ato de conduzir ou controlar pessoas e afirma que nas últimas décadas as organizações estão sendo obrigadas a se adaptar rapidamente em razão das mudanças as quais, tanto as pessoas quanto as empresas passaram, ou estas fracassarão. Ou seja, a necessidade de ambientes de trabalho flexíveis, agilidade na tomada de decisões, mudanças rápidas de foco de mercado e novas linhas de produtos e serviços, demandaram uma melhor gestão das pessoas. 2.3.1 Administração de Recursos Humanos A Administração de Recursos Humanos tem grande importância dentro da gestão de pessoas, pois as empresas têm como intenção lucrar mais e, conforme Milkovich e Boudreau (2000, p. 19), “os recursos humanos trazem o brilho da criatividade para a empresa”. Para Chiavenato (2004) a Administração de Recursos Humanos é o conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir os aspectos da posição gerencial relacionados com as pessoas ou recursos humanos, incluindo recrutamento, seleção, treinamento, recompensas e avaliação do desempenho. Neste contexto, as pessoas deixam de ser vistas como um desafio e se tornam uma vantagem para as empresas que sabem como trabalhar com elas. Salienta-se ainda que a administração de recursos humanos se preocupa com seus empregados e com a empresa ao mesmo tempo, a fim de se obter o equilíbrio na gestão. Segundo Milkovich e Boudreau (2000, p. 19) “recurso humano (RH) é uma série de decisões integradas que formam as relações de trabalho; sua qualidade influencia diretamente a capacidade da organização e de seus empregados em atingir seus objetivos”. Reconhecendo que as pessoas são a base de sustentação, a ARH consiste em fazer as coisas da melhor maneira possível através das soluções disponíveis. Recursos Humanos é um setor da administração, que cuida dos colaboradores para que foquem seus trabalhos e tragam mais lucro para a empresa. O profissional dessa área é de suma importância para a empresa, pois cuida do capital vivo, o colaborador. Segundo Chiavenato (2004, p. 9) a “administração de Recursos Humanos é o conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir os aspectos da posição gerencial relacionados com as pessoas ou recursos humanos, incluindo recrutamento, seleção, treinamento, recompensas e avaliação do desempenho”. 27 A tarefa da administração de recursos humanos é integrar e coordenar pessoas, materiais, tempo, focar os objetivos e definir maneiraras para chegar até eles. Chiavenato (1989, p. 174) comenta: “Não há leis ou princípios universais para a administração dos recursos humanos. A ARH é contingencial, ou seja, depende da situação organizacional: do ambiente, da tecnologia empregada pela organização, das políticas e diretrizes vigentes, da filosofia administrativa preponderante da concepção existente na organização acerca do homem e de sua natureza e, sobretudo, da qualidade e quantidade dos recursos humanos disponíveis”. Sem pessoas eficazes é praticamente impossível para qualquer empresa atingir seus objetivos. Percebe-se que neste contexto várias empresas passam por dificuldades, pois não possuem um setor especializado de recursos humanos, deixando o processo de recrutamento e seleção dos candidatos nas mãos de funcionários sem o devido preparo. As pessoas nas organizações podem ser denominadas como funcionários, empregados, colaboradores. As organizações funcionam através das pessoas e as pessoas necessitam das organizações para sobreviver. As pessoas podem ser a fonte de sucesso das empresas, mas dependendo da forma como são tratadas, podem ser a fonte do fracasso. Desta forma, Chiavenato (2005) evidencia as práticas necessárias para administrar o trabalho das pessoas: a) Análise e descrição de cargos e modelagem do trabalho; b) Recrutamento e seleção de pessoal e admissão de candidatos selecionados; c) Orientação e integração de novos funcionários; d) Administração de cargos e salários; e) Incentivo salarial e benefícios sociais; f) Avaliação do desempenho das pessoas; g) Comunicação aos funcionários. Segundo Dutra (2006) são três os processos que envolvem a gestão de pessoas: a Movimentação, o Desenvolvimento e a Valorização de pessoas. A Movimentação, a partir da perspectiva de empresa, trata exclusivamente de movimento físico, como mudança de local de trabalho, mudança geográfica, de empresa ou de vínculo empregatício. Envolve questões relacionadas à quantidade necessária de pessoas para determinado trabalho, capacidade de atração de pessoas para organização, políticas de alocação das pessoas e recolocação no mercado de trabalho. Pela perspectiva das pessoas, a movimentação aborda a entrada, as oportunidades e a saída do trabalho. O Desenvolvimento diz respeito ao crescimento humano e profissional e trata de dar condições e incentivar o desenvolvimento das pessoas e da organização. Aborda as razões para o incentivo deste processo que são provenientes do ambiente externo e das próprias 28 pessoas. O processo de evolução profissional contínuo é essencial e fator de alta competitividade. As pessoas querem melhorar a fim de terem mais segurança, porém, é importante dar a correta orientação e garantir a evolução corporativa. De acordo com Chiavenato (1989) ARH trata de vários assuntos como testes psicológicos e entrevistas, plano de carreira, desempenho de cargos e da organização, satisfação no trabalho, absenteísmo, salários, encargos sociais, mercado, lazer, disciplina, atitudes, interpretação de leis trabalhistas, dentre outros. Assuntos diversificados são essenciais para o bom desempenho da empresa. Não significa apenas remuneração, mas também reconhecimento, crescimento pessoal e profissional, segurança, projeção social, possibilidade de se expressar através do trabalho e outros. A ARH aborda as maneiras pelas quais se distribui a renda, quais critérios e bases comparativas são utilizados, de que forma proporcionar às pessoas a segurança e o sentimento de justiça. Dessa forma, o último processo que envolve a gestão de pessoas é a Valorização, que significa encontrar meios de manter as pessoas satisfeitas para executarem suas atividades. 2.3.2 RH Estratégico Segundo CHIAVENATO (2002) a origem de RH surgiu no início do século XX após o forte impacto da Revolução Industrial, com a denominação Relações Industriais. Já, em meados de 1950, passou a ser denominada Administração de Pessoal, onde ampliou o papel de apenas intermediar e reduzir os conflitos, para administrar as pessoas de acordo com a legislação trabalhista vigentee administrar os conflitos que surgirem espontaneamente. Contudo, as pessoas passaram a ser considerados recursos fundamentais para o sucesso organizacional, inclusive, os únicos recursos vivos que as organizações dispõem para enfrentar os desafios. Assim, surgiu o conceito de Administração de Recursos Humanos, porém ainda sofrendo da velha miopia de visualizar as pessoas como recursos produtivos ou meros agentes passivos cujas atividades devem ser planejadas e controladas a partir das necessidades das organizações. Chegando aos dias atuais, com a globalização da economia e o mundo fortemente competitivo, a tendência nas organizações passou a ser administrar com as pessoas, tratando-as como agentes ativos, dotados de inteligência e criatividade, de habilidades mentais, capacidades manuais, físicas ou artesanais. Para uma compreensão mais aprofundada sobre o setor de Recursos Humanos, Marras (2005) tratou de estudar as cinco fases evolutivas da gestão de pessoal. Seguem suas características. 29 A primeira fase chamada de fase contábil, que perdurou até os anos de 1930, tinha como principal característica o enfoque nos custos da organização. Nessa época, os trabalhadores eram tidos apenas pelo enfoque contábil, como mão de obra a ser comprada e registrada contabilmente. A segunda fase, que teve início nos anos 30 e foi até os anos 50, ficou conhecida como fase legal e foi aqui que apareceu pela primeira vez o chefe de pessoal, que tomou o lugar dos feitores ou chefes de produção daquela época. A principal característica desta fase era prezar pela manutenção das leis trabalhistas criadas naquele período. Em seguida veio a fase tecnicista, que foi um avanço e durou de 50 a 65. Neste ponto do desenvolvimento, a indústria automobilística foi implementada no Brasil e as empresas tiveram que se adaptar ao novo modelo de gestão, tendo a partir daí em seus organogramas o Gerente de Recursos Industriais. Isso tudo ainda estava no início, mas representava uma alavancagem muito grande ao setor de RH, pois agora, ele passou a operacionalizar tarefas como as de treinamento, recrutamento e seleção e cargos e salários. A quarta fase, conhecida como fase administrativa ou fase sindicalista, foi relevante nas relações entre capital e trabalho, pois foi quando os movimentos sindicais se fortaleceram e o Gerente de Relações Industriais (GRI), passou a ser chamado de Gerente de Recursos Humanos (GRH) e foi tratar de aspectos mais humanísticos e menos burocráticos, voltados para os indivíduos e suas relações, como sindicatos e sociedade. Esta fase durou vinte anos, de 1965 a 1985. A fase estratégica, que partiu de 1985 e perdura até os dias de hoje é marcada pela introdução dos primeiros programas de planejamento estratégico em conjunto com o planejamento estratégico das organizações. Atualmente, o GRH é visto como uma diretoria dentro das empresas. A partir desta fase iniciou-se uma grande onda que demonstra preocupação com as relações de longo prazo. A gestão de Recursos Humanos precisa atender necessidades estratégicas da empresa pois, segundo XAVIER (2006), a organização moderna precisa muito de seus colaboradores em cinco aspectos principais: a) Adesão – Ela precisa que cada um compreenda o que está acontecendo e aceite as mudanças que ela precisa realizar, isto é, precisa que haja adesão às suas políticas e estratégias. b) Direção – Precisa ainda que as pessoas dirijam seus esforços e talentos para os alvos certos, ou seja, que todos visem os mesmos objetivos, haja um alinhamento estratégico adequado. 30 c) Empenho – Maiores desafios demandam mais empenho das pessoas, que elas realmente “vistam a camisa” e ajudem a empresa a lidar com as dificuldades. d) Eficiência – As pessoas estão sendo chamadas a aprender coisas novas – de modo rápido – para manter níveis de eficiência condizentes com as exigências do mercado. e) Inovação – A empresa precisa de ideias, soluções alternativas, sugestões de melhora. Um órgão de Recursos Humanos pode assumir uma série de papéis na organização. Segundo o continuum de controle proposto por Mintzberg, da coleta de informações à decisão e ao controle, passando pela assessoria, co-decisão, autorização e execução. As várias áreas de atuação como recrutamento, seleção, treinamento, salários, sindicatos, legislação trabalhista aumentam ainda mais a complexidade e diversidade dos papéis vivenciados (GUTIERREZ, 1995) Condensando as visões de autores como Guest (1987), Legge (2006) e Bohlander e Snell (2009) é possível observar que a Gestão de Pessoas – assumiu papel estratégico e relevante, suplantando o papel tradicional de suporte e constituindo competência organizacional essencial, uma vez que as pessoas são a principal protagonista na consecução de resultados, quaisquer que sejam, por serem produtoras de conhecimento, inovação e capacidades organizacionais. Essas capacidades derivam da redefinição e redistribuição de políticas, práticas, funções e profissionais de GP (ULRICH et al., 1991 apud DEMO, 2011). Quanto aos papéis desempenhados pelo órgão de RH, raras pesquisas sugerem correlação direta com o porte da organização. Assim, no contexto canadense, Dímíck não encontra nenhuma correlação significativa entre o tamanho e a influência do órgão de RH, medida pelas decisões tomadas em diversas atividades. Na mesma linha, Franck afirma que o tamanho não influencia significativamente a presença ou não do responsável do órgão de RH ao nível de diretoria, se bem que, como Henriet, constata que o envolvimento do responsável do órgão nas decisões tende a ser mais ativo em organizações de maior porte (GUTIERREZ, 1995). No entanto, isto não pode ser considerado como fator determinante dos papéis e efetivos do órgão de RH, pois, isto varia em função das diferentes pesquisas realizadas sobre o assunto. Para Franco (2008) a Gestão de Recursos Humanos, possui seus subsistemas, que são: 31 Figura 2: Subsistemas de Recursos Humanos Fonte: Franco (2008) Chiavenato (2009) ainda cita 4 objetivos principais do RH: a) Transformar pessoas em talentos; b) Transformar talentos em capital humano; c) Transformar capital humano em capital intelectual; e d) Transformar capital intelectual em resultados tangíveis para a organização e seus stakeholders. O novo papel do RH não significa passar do trabalho operacional para o estratégico, mas também aprender a dominar tanto os processos operacionais como o pessoal. Deste entendimento, Gil (2010) apresenta papéis do profissional de RH como ações necessárias para o sucesso nos resultados das empresas: a) Comunicador: reconhecer a importância da comunicação na Gestão de Pessoas; identificar os elementos de processo de comunicação; reconhecer fatores que dificultam a comunicação e aplicar técnicas para tornar mais eficiente a comunicação nas empresas. b) Selecionador: reconhecer a importância da seleção no contexto da gestão de pessoas; definir critérios para a seleção de pessoas; reconhecer vantagens e limitações dos meios adotados para recrutamento e seleção de pessoas e conduzir entrevistas para selecionar pessoas. c) Treinador: distinguir as etapas do desenvolvimento histórico do treinamento empresarial; caracterizar os desafios atuais do treinamento na empresa; descrever os procedimentos utilizados no diagnóstico de necessidades de treinamento; reconhecer fatores capazes de provocar desempenhos deficientes no trabalho; identificar os componentes dos planos e projetos de treinamento; redigir objetivos de treinamento; 32 reconhecer características dos conteúdos adequados; identificar recursos auxiliares dotreinamento; distinguir procedimentos para avaliação de reação, aprendizagem, comportamento no cargo e produto final. d) Avaliador: reconhecer a importância da avaliação de desempenho de pessoas; analisar criticamente a avaliação de desempenho; comparar métodos de avaliação de desempenho e identificar os passos a serem seguidos na avaliação de desempenho. e) Analista de cargos e salários: reconhecer a importância da descrição e avaliação de cargos; analisar a evolução do conceito de desenho de cargo; determinar os dados requeridos para uma análise e descrição de cargos; elaborar instrumentos para a coleta de dados para a descrição e análise de cargos; elaborar descrições de cargos; comparar métodos de avaliação de cargos; discutir problemas atuais da administração de cargos e salários e remuneração por conhecimentos, habilidades e competências. f) Motivador: definir motivação; explicar como ocorre a motivação nas pessoas; reconhecer o papel das necessidades na motivação; reconhecer a importância do estilo gerencial na motivação dos empregados; reconhecer pessoas motivadas; aplicar procedimentos capazes de promover a motivação no trabalho e avaliar sua capacidade para motivar pessoas. g) Líder: reconhecer a importância da liderança no trabalho; distinguir as diferentes abordagens acerca da liderança; identificar as características e os atributos que os líderes devem ter; reconhecer estilo de liderança; reconhecer a importância de variáveis situacionais no exercício da liderança; identificar fatores que contribuem para o insucesso nas reuniões; distinguir modalidades de reuniões; planejar reuniões; identificar condutas a serem tomadas para controlar participantes problemáticos; avaliar reuniões; verificar seu perfil de líder e testar suas habilidades como condutor de reuniões. h) Negociador: reconhecer a importância da negociação na gestão de pessoas; identificar situações que requerem negociação no âmbito das organizações; planejar uma negociação; definir objetivos de negociação; reconhecer a importância da preparação psicológica para participar de uma negociação; evitar sentimentos e atitudes que dificultam a negociação; utilizar estratégias e táticas de negociação e testar suas habilidades de negociador. i) Gestor de qualidade: desempenhar papel atuante na implantação, implementação e acompanhamento de programas de qualidade. j) Coach e Mentoring: apoiar o desenvolvimento pessoal e profissional dos empregados; estabelecer uma relação de confiança; ajudar a descobrir o potencial de trabalho; 33 ajudar a perceber com maior facilidade as oportunidades e a se libertarem das limitações; ajudar a definir objetivos e estabelecer metas e assegurar que estejam na direção correta; ajudar na descoberta de competências necessárias para o melhor desempenho e sua avaliação de forma objetiva e encorajar o desenvolvimento pessoal e profissional. Chiavenato (2009) afirma também que o “RH consiste no planejamento, organização, desenvolvimento, coordenação e no controle de técnicas capazes de promover o desempenho eficiente das pessoas, ao mesmo tempo em que a organização representa o meio que permite às pessoas que com ela colaboram alcançar os objetivos individuais relacionados direta ou indiretamente com o trabalho”. A área de Recursos Humanos deve entender esse contexto e participar ativamente das definições estratégicas das suas organizações. Dessa forma, podemos dizer que o RH deve ser um parceiro do negócio. O planejamento e as ações implementadas precisam estar alinhados e focados em resultados para a empresa através do desempenho dos seus profissionais (FONSECA, 2012). Uma gestão de Recursos Humanos Estratégico nada mais é do que conciliar as técnicas comportamentais e o lado humano, com as necessidades empresarias, interligando através de uma única linha, os objetivos, da qual a RH avalia os empregados que se doam para as metas globais com o intuito de alcançarem seus objetivos pessoais, aos quais a empresa oferece contra partida. 2.3.3 Administração de Carreiras A carreira é uma sequência de posições ocupadas e de trabalhos realizados durante a vida de uma pessoa. Envolve uma série de estágios e a ocorrência de transições que refletem necessidades, motivos e aspirações individuais e expectativas e imposições da organização e da sociedade, como descreve Dultra (2011). A Gestão de Cargos e Salários (GCS) é uma especialização dentro da função Recursos Humanos que, por sua vez, é uma especialização dentro da Administração. É uma atividade hoje largamente empregada nas grandes empresas de grande porte e, cada vez mais, também entre as empresas de médio porte. Não só as empresas utilizam essa atividade, mas todo tipo de organização que empregue mão de obra. Para entendimento da importância do plano de carreira é importante reconhecer como se estrutura a carreira profissional. Carreira profissional é um termo amplamente utilizado, porém sua definição não está clara e uniforme, pois esta pode assumir significados diferentes, 34 como o que é relativo à mobilidade ocupacional, à estabilidade profissional ou uma vida profissional bem estruturada e até a ideia de progresso constante, conforme conclusões de Dutra e Schein (apud TOLFO, 2002). Para Chiavenato, “a Política de Administração de Cargos e Salários da Empresa tem por objetivo reconhecer a capacitação profissional e o desempenho dos seus funcionários. O desenvolvimento técnico-profissional do funcionário e sua contribuição efetiva para os resultados da empresa serão os indicadores utilizados para esse reconhecimento (2003, p. 112)”. Conforme Hall (apud SOUZA, 2010) define-se carreira como associada às experiências e atividades relacionadas ao trabalho, sendo uma sequência de atitudes e comportamentos do profissional durante o período que ele integra a organização. Em razão da evolução das organizações e de suas missões e objetivos terem se tornado tão grandes que uma pessoa apenas não poderia concluí-los, é preciso definir o que cada membro da organização tem responsabilidade de realizar. Assim, a gestão de RH busca ter conhecimento de cada tarefa realizada dentro da empresa e atribuir a uma função e, então, a um cargo. Conforme Ivancevich (2008), a análise de cargos possibilita saber várias informações importantes, dentre as seguintes: a) Quanto tempo se gasta para concluir as tarefas mais relevantes. b) Quais tarefas podem ser agrupadas e atribuídas à um cargo. c) Como programar ou estruturar um cargo para melhorar o desempenho dos funcionários. d) Quais tipos de comportamentos são exigidos em um determinado cargo. e) Que tipo de pessoa (em termos de traços pessoais e experiência) é mais adequado para o cargo. f) Como utilizar as informações obtidas com a análise de cargos no desenvolvimento de programas de gestão de RH. Segundo Marras (2005), a descrição de cargos é importante para registrar os inúmeros requisitos exigidos para cada cargo, como nível de escolaridade, grau de experiência, responsabilidades, condições de trabalho, dificuldades daquela tarefa e conhecimentos necessários. Descrever um cargo significa resumir as informações obtidas e prospectadas antes da análise das funções e padronizar os registros dos dados de forma fácil e rápida acerca de cada um dos cargos. A eficiência de um sistema de avaliação de cargos e administração de salários repousa no desenvolvimento aprimorado da descrição e especificação de cargos. “As descrições e 35 especificações de cargos fornecem o alicerce firme para avaliação dos cargos, da qual resultará a fixação de salários internamente coerentes.”(PONTES, 2008, p.45). O desenho de cargos, ou papéis, como alguns autores também colocam, é bastante antigo, muitas vezes, tem diferentes abordagens, atribuições e responsabilidades se compararmos uma empresa a outra. No entanto, temos que tomar cuidado, pois na sua essência a maioria dos cargos guarda uma semelhança ou mesmo uma característica específica que o define como tal (FRANCO, José de Oliveira, 2008, P. 21). O planejamento de cargos e salários é uma condição mínima em qualquer sistema de gestão de recursos humanos. Ele fornece subsídios para os processos de recrutamento e seleção, promoção e movimentação de pessoas dentro da organização. Também vem sendo usado como um instrumento importante não só na atração de talentos, mas na retenção dos mesmos. Nesse sentido, Chiavenato (2003) oferece razões para implantar um Plano de Carreira: a) Normatizar e organizar as relações de trabalho entre a organização e seus empregados; aliar-se às tendências atuais de investir de modo crescente na gestão de pessoas, com vistas a um melhor desempenho humano; b) Reconhecer a necessidade de maior apoio organizacional àqueles que estão ingressando na organização e contribuir para a construção de um vínculo sólido entre a organização e aqueles colaboradores recém-admitidos; c) Reconhecer que há larga possibilidade da melhoria de desempenho, à medida que existem níveis desiguais de desempenho dos servidores que apontam; d) Considerar que o caráter individualizado do processo de implantação do programa de cargos e salários contribui para fortalecer as atitudes autônomas e criativas dos colaboradores e facilitar a valorização da diversidade de idéias, bem como as diferenças por área de conhecimento e individuais; e) Considerar que o programa tem potencialidade para valorizar a experiência profissional, incentivando as atitudes de compartilhar experiências, acolher os novatos e formar equipes; f) Entender que o programa poderá contribuir na democratização do acesso à informação na organização, requisito básico para a construção do desempenho autônomo; g) Um acompanhamento mais detalhado e respeitosamente registrado valoriza o colaborador, ao mesmo tempo em que cria oportunidade de ampliar a transparência da gestão de pessoas; h) Compreender que qualquer esforço para primar pelo desempenho do colaborador exprime o compromisso ético com a ampliação de recursos e, no caso do 36 acompanhamento do novo colaborador na organização, faz jus ao esforço despendido de atrair pessoal, selecionar e nomear; permitir à organização cumprir com a CLT sobre os aspectos trabalhistas e, ao mesmo tempo, valorizar a cultura local de bem acolher aqueles que chegam; i) Valorizar aqueles em cargo de gerenciamento e chefia, facilitando-lhes a delegação de autoridade e, ao mesmo tempo, subsidiando-os com registros mais sistemáticos sobre o acompanhamento da integração dos novos colaboradores; j) Permitir antecipar decisões e adotar medidas que corrijam problemas já na origem. O objetivo da administração de Carreira é auxiliar a organização na remuneração do pessoal de forma adequada, com justiça e competitividade externa, sem deixar de lado a ética, e ter sempre em mente o princípio da equidade, não de funções, mas de pessoas. Essa área é uma das inúmeras especializações exercidas pelos profissionais de Recursos Humanos, e este, está inserido numa área ainda mais ampla, a Administração. (PASCHOAL, 2007). Os pontos principais da gestão de Carreira estão interligados à gestão compartilhada (indivíduo e empresa), como elo de comprometimento com o desenvolvimento mútuo. A ascensão profissional fica totalmente atrelada ao desempenho e não ao cargo. Transparência nos critérios e requisitos para promoção, permitindo com que o empregado trace seu trajeto e tenha suas expectativas atreladas à empresa que atua. Mérito, interligado ao estímulo, visando tornar justo aos olhos de todos e assim, continuamente ter a colaboração para manutenção do plano. E, uma estrutura baseada em níveis. 2.3.4 Evolução da Gestão de Carreira Empresarial A origem do plano de carreira pessoal se deu a partir das alterações de sua abordagem nas organizações, na qual descentralizou a perspectiva focada no papel e na responsabilidade do empregado quanto à própria carreira, de forma a romper princípios de estabilidade vigentes na concepção tradicional. Martins (apud BALASSIANO, VENTURA, e FILHO, 2004) define a partir da etimologia da palavra carreira como sendo oriunda do latim medieval via carraria, que quer dizer estrada rústica para carros. No entanto, a palavra da forma como a conhecemos hoje é recente, tendo surgido no século XIX, que segundo Chanlat (apud BALASSIANO, VENTURA, e FILHO, 2004, p.100) quer dizer “um ofício, uma profissão que apresenta etapas, uma progressão” e que pode ser dividida em duas fases distintas: a tradicional e a contemporânea. 37 Balassiano, Ventura, e Filho (2004) apresentam a primeira fase da elaboração do conceito sobre Carreira Tradicional, que se originou no fim do século XIX e foi até 1970. Ela é marcada por certo grau de estabilidade, progressão linear vertical e restrita à sociedade masculina e a grupos sociais dominantes. O que se preza nesta fase é que os benefícios sejam assegurados e as empresas devem prove-los a seus empregados. Por volta de 1970, teve início a segunda fase, na qual a Carreira Contemporânea surgiu principalmente em decorrência de fortes mudanças sociais como a entrada da mulher no mercado de trabalho, o aumento do grau de instrução da sociedade, o reconhecimento dos direitos trabalhistas, a globalização e o aumento da flexibilidade do trabalho. No entanto Fontanelle (apud SOUZA, 2010) explora o tema da fase contemporânea afirmando que a carreira se iniciou em uma era de incertezas e mudanças, transitando-se do emprego permanente para a temporariedade, dos padrões rígidos de trabalho para padrões flexíveis, da valorização da lealdade e alto desempenho, do perfil, do aprendizado permanente, da autoconfiança e da responsabilidade. Nesta mesma corrente de raciocínio, Balassiano, Ventura, e Filho (2004) afirmam que neste período as empresas passam a valorizar outros tipos de características do trabalhador, como o conhecimento, a criatividade, o bom relacionamento interpessoal, a capacidade de inovar e de se adaptar de forma flexível às mudanças. Considerando uma perspectiva mais contemporânea, Coelho (apud SOUZA, 2010) afirma que se pode considerar uma transição para uma terceira fase, na qual, estudiosos já não descrevem a organização como um instrumento ativo para a formação da carreira. Surge então uma nova configuração, a chamada Carreira Sem Fronteiras, que consiste em que cabe ao indivíduo compor sua carreira por meio da ampliação das suas competências e das experiências acumuladas ao longo da vida. A carreira sem fronteiras é uma sequência de oportunidades de trabalho que não se limita a um cenário de um único emprego em uma determinada organização. Já para Dutra (apud GOMES et al., 2012) além da carreira sem fronteiras temos também a classificação das Carreiras Inteligentes, voltada para os modelos baseados em competências individuais na qual o desenvolvimento permite a autogestão da Carreira. A Carreira Proteana, conforme Hall (1996) é inspirada no Deus Grego Protheus, que possuía a habilidade de mudar de forma conforme sua necessidade, a qual se contrapõe ao modelo tradicional de segurança do longo prazo e a substitui pela volatilidade do curto prazo, com mudanças frequentes, inovação, habilidade para o aprendizado e para redirecionar a carreira e a capacidade de construir relacionamentos.Este tipo de profissional proteano deve possuir 38 características de independência, liberdade e flexibilidade para administrar a sua própria carreira. Após apresentar os diferentes posicionamentos sobre o desenvolvimento dos conceitos sobre o que é um plano de carreira na linha do tempo, serão apresentados a seguir os diferentes posicionamentos dos autores que fazem parte do plano de carreira. Para Franco, atualmente “as pessoas querem mais autonomia para tomar decisões, e os líderes, de certa forma, delegam mais responsabilidades e atribuem maior importância ao papel de cada um dentro das empresas. Certamente, isso não se fez da noite para o dia e a globalização teve papel fundamental em tudo isso, pois essa mesma globalização foi fortemente influenciada pela tecnologia de informação e das comunicações, o que nos colocou mais próximos do resto do mundo e derrubou as fronteiras que separavam as pessoas (2008, p.09)”. A política de recompensas é tratada em sua totalidade com estudos voltados para as práticas de remuneração. O objetivo, na maioria dos casos, foi analisar como estão evoluindo as práticas de remuneração variável nas organizações, considerando que a aplicação da participação nos lucros ou da participação acionária está atrelada à avaliação por competências, fato passível de conflitos, uma vez que a gestão por competências não contempla inteiramente o conceito da prática de participação nos lucros. Pesquisas voltadas para práticas criativas de incentivos (planos de carreira, prêmios e viagens) são desenvolvidas, visando comprovar a efetividade desse método como forma de promover satisfação e motivação entre os funcionários, bem como avaliar a relação positiva com o nível de desempenho da equipe (DEMO, 2011). 39 POLITICA AUTORES PRINCIPAIS PONTOS ABORDADOS NA LITERATURA Recompensas Devanna; Fombrun e Tichy (1984), Sisson (1994), Hipólito (2001), Dutra (2002), Bohlander e Snell (2009) e Gerhart (2010). Principais decisões: como pagar e quanto pagar Deve considerar fatores legais, institucionais, culturais e mercadológicos. Dificuldade de especificar e mesurar o desempenho. Necessário alinhamento dos fatores contextuais às estratégias traçadas pela área de GP. Remuneração compatível com a formação. Remuneração compatível com a fornecida no mercado. Existência de incentivos como prêmios e promoções, Plano de carreira/progressão funcional claramente definido e conhecido por todos. Consideração das expectativas e sugestões dos colaboradores, recompensas customizadas. Remuneração condicionada aos resultados. Definição constitutiva: proposta articulada da organização, com construções teóricas e práticas, para recompensar o desempenho e as competências dos colaboradores em termos de remuneração e incentivos. Definição operacional: remuneração: salário compatível com a competência e formação e salário competitivo (compatível com os oferecidos no mercado para a função). Incentivos: promoções viabilizadas por planos de carreiras claramente definidas e conhecidos por todos, bônus, prêmios, opções de ações, participação nos lucros, funções comissionadas. Quadro 1: Definições Constitutivas E Operacionais Da Política De Recompensas. FONTE: REV. ADM. MACKENZIE (2011) XAVIER (2006, p. 93) define alguns pontos importantes relacionadas as práticas e políticas da empresa assim como os salários e benefícios, que são: a) Explicar as decisões da empresa, as normas adotadas e sua razão de ser, abrir os canais para que o colaborador possa manter-se informado das novidades e sanar dúvidas sobre condutas da empresa; b) Encaminhar sugestões que eventualmente se apresentem sobre práticas da empresa que afetem os colaboradores e dar “feedback” sobre as decisões relativas às sugestões apresentadas; c) Ser claro quanto ao que o colaborador pode e o que não pode esperar da empresa, para que não fomente expectativas falsas; d) Ficar atento à ação de eventuais lideranças negativas que fomentam interpretações distorcidas quanto às decisões da empresa e rebater seus efeitos por meio de defesa legítima das políticas da empresa; e) Dar esclarecimentos adequados quanto ao plano de salários e benefícios da empresa; f) Observando descontentamento, conversar adequadamente com o colaborador. Caso haja distorção real em seus ganhos, fazer os esforços necessários para a correção disso no plano salarial da empresa. Caso a distorção exista apenas em nível da opinião ou percepção do colaborador, argumentar adequadamente para que ele possa mudar sua impressão negativa quanto ao salário ou buscar outra alternativa, fora da empresa; g) Ficar atento quanto a eventuais incoerências e falta de equanimidade nos planos salariais da empresa, para sugerir correções; 40 h) Ficar atento a prática da reclamação compulsiva e combatê-la, já que as reclamações toleradas tendem a minar a motivação tanto de quem reclama quanto dos influenciados pelas suas comunicações. Franco (2008, p.11) afirma que “se o plano for um sucesso, tem que manter sua manutenção para sempre; se for um fracasso, dificilmente ganhará, no futuro, credibilidade para retomar o modelo, por isso é importante que os objetivos para a construção desse modelo estejam bem claros para todos os envolvidos”. O grande objetivo da Administração de Carreira segundo Dutra (2010, p.10) é “auxiliar a empresa a remunerar o pessoal de forma adequada, com justiça interna e competitividade externa, dentro das possibilidades econômicas da empresa”. Aranda ainda relaciona as principais atividades usualmente desempenhadas pela área: a) Identificação, levantamento, descrição, análise e titulação dos cargos; b) Determinação do valor relativo dos cargos; c) Levantamento dos salários, benefícios e políticas de remuneração praticadas pelo mercado; d) Análise e comparação com a situação da empresa; e) Estabelecimento e atualização das faixas salariais e outros parâmetros de remuneração para os cargos; f) Desenvolvimento de propostas de política salarial para a empresa, sua implementação, operacionalização e controle; g) Preparação de procedimentos de administração e controle da movimentação salarial, sua implementação e operacionalização; h) Participação nas negociações com sindicatos, de forma direta ou subsidiando com informações; i) Estudo e análise de solicitações de aumentos salariais e promoções; j) Participação em estudo de problemas de contratação e evasão de mão de obra; k) Classificação dos cargos, montagem e manutenção de Manual de Cargos da empresa; l) Controle do custo de pessoal e estatística de movimentações salariais; m) Fornecimento de subsídios para a empresa em processos trabalhistas. 41 2.3.5 Gestão por Competência Os primeiros conceitos de competência surgiram nos estudos de Prahalad e Hamel (apud FLEURY, 1999) que definiram competência essencial como o conjunto de habilidades e tecnologias necessárias para agregar valor a uma organização. Na última década, em virtude das mudanças que vêm ocorrendo no ambiente empresarial, ganhou expressão um novo conceito sobre Administração de Recursos Humanos: o Sistema de Gestão de Pessoas por Competências. Este sistema pode substituir os sistemas tradicionais, baseados no cargo, que ainda hoje são largamente adotados apesar de suas deficiências e desvantagens em relação ao sistema baseado nas competências individuais (ALBUQUERQUE e OLIVEIRA, 2001). Nos anos 90 começou a tomar forma um modelo estruturado de gestão de pessoas, que tem como peculiaridade considerar a “participação dos funcionários” como sendo
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