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BAD RAGAZ

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC 
 
CURSO DE FISIOTERAPIA 
 
 
 
 
 
 
CHRISTINE OLIVEIRA MEDEIROS 
 
 
 
 
 
CONCEITO BAD RAGAZ: UMA PROPOSTA 
FISIOTERAPÊUTICA PARA TRATAMENTO DE SEQUELAS 
SENSORIOMOTORAS POR ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009
CHRISTINE OLIVEIRA MEDEIROS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCEITO BAD RAGAZ: UMA PROPOSTA 
FISIOTERAPÊUTICA PARA TRATAMENTO DE SEQUELAS 
SENSORIOMOTORAS POR ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
para obtenção do grau de Bacharel no curso de 
Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul 
Catarinense, UNESC. 
 
Orientador(a): Profª. Dra. Évelin Vicente 
Co-orientador: Prof. MSc. Rômulo Nolasco 
Brito 
 
 
 
 
 
 
CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009 
 
2 
 
CHRISTINE OLIVEIRA MEDEIROS 
 
 
 
 
CONCEITO BAD RAGAZ: UMA PROPOSTA FISIOTERAPÊUTICA PARA 
TRATAMENTO DE SEQUELAS SENSORIOMOTORAS POR ACIDENTE 
VASCULAR ENCEFÁLICO 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela 
Banca Examinadora para obtenção do Grau de 
Bacharel, no Curso de Fisioterapia da 
Universidade do Extremo Sul Catarinense, 
UNESC, com Linha de Pesquisa em Acidente 
Vascular Encefálico. 
 
 
Criciúma, 05 de novembro de 2009 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
3 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 Primeiramente agradeço a Deus, que me acompanhou durante esta 
caminhada, me iluminado e protegendo principalmente nos momentos em que mais 
precisava! 
 Agradeço aos meus pais Elena e Claudemir, por estarem sempre ao meu 
lado, me apoiando, incentivando e muitas vezes me empurrando nos momentos em 
que eu pensava em desistir, sem eles eu não estaria dando este passo tão 
importante em minha vida. Dedico a eles todas as minhas vitórias, porque são meus 
exemplos de vida e as pessoas que eu mais amo! 
 Agradeço ao meu irmão por me aturar nos momentos mais estressantes 
durante a realização do TCC. Obrigada pela paciência! 
 Ao Claisson por ter me ajudado e me apoiado sempre, pela paciência que 
teve comigo e pela compreensão pelos momentos que estive ausente na realização 
deste trabalho! 
 Agradeço em especial a minha amiga Tamires, por todos os momentos que 
aproveitamos juntas, por ser esta amiga conselheira, companheira, dedicada, 
presente, sempre disposta e amável, sendo pessoa que eu mais me identifiquei 
durante esses cinco anos e que nunca vou esquecer, será sempre especial para 
mim! E a minha amiga Sara, que foi a primeira pessoa que conversei quando entrei 
na faculdade e foi uma grande companheira e grande amiga, também inesquecível! 
 A todas as minhas amigas, Carla Tramontin, Karla, Susana, Joana, Cacá, 
Débora e Ane por esses cinco anos juntas, por tornarem essa jornada acadêmica 
especial pela presença de vocês em minha vida. 
 E a todas as pessoas que de algum jeito fizeram parte da minha vida, 
colegas, professores, pacientes e funcionários! Que Deus abençoe a todos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apesar dos nossos defeitos, precisamos 
enxergar que somos pérolas únicas no 
teatro da vida e entender que não existem 
pessoas de sucesso e pessoas fracassadas. 
O que existem são pessoas que lutam pelos 
seus sonhos ou desistem deles (Augusto 
Cury). 
 
 
 
 
5 
 
RESUMO 
 
 
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é um sinal clínico, de rápido desenvolvimento 
e perturbação focal da função encefálico. Sua principal sequela é a Hemiplegia, mas 
podem ocorrer outras sequelas como problemas de percepção, cognição, sensoriais 
e problemas de comunicação. Suas principais sequelas ocorrem nos membros 
superiores ocasionando um padrão flexor. A recuperação de um paciente com 
sequela de AVE depende do local, da extensão da lesão e da neuroplasticidade em 
conjunto com a Fisioterapia. A Fisioterapia Aquática é uma boa opção de tratamento 
para pacientes neurológicos, pois oferece vários benefícios e programas de 
tratamento. Diante desses aspectos teve-se como objetivo avaliar os efeitos da 
Fisioterapia Aquática pelo conceito do Bad Ragaz no tratamento de pacientes com 
sequelas de AVE em membros superiores. A amostra foi composta por dois 
pacientes com sequelas de AVE que estavam escritos na lista de espera da Clínica 
de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. O estudo 
compreendeu 10 sessões, três vezes por semana, com duração de quarenta 
minutos. A avaliação incluía testes específicos como Índice de Barthel, THMMS e a 
escala de Fulg-Meyer, além da escala de força de Oxford e escala modificada de 
Ashworth. Com relação aos resultados, os pacientes obtiveram melhoras 
representativas na ADM em flexão e abdução de ombro, além da evolução nos 
escores de todos os testes específicos realizados, resultando em uma melhora na 
realização das Atividades de vida diárias (AVD´s). São recomendados novos 
estudos, com uma amostra maior e um número maior de sessões para obter maiores 
resultados. 
 
Palavras-chave: Acidente Vascular Encefálico (AVE); Fisioterapia Aquática; Bad 
Ragaz. 
 
 
6 
 
ABSTRACT 
 
 
Stroke is a clinical sign of fast development and focal disturbance of brain function. 
Its main sequel is Hemiplegy, but there may be other consequences such as 
problems of perception, cognition, sensory and communication problems. It main 
sequel occur in the upper limbs causing a flexor pattern. The recovery of a patient 
with sequela of stroke depends on the location, extent of injury and neuroplasticity in 
conjunction with Physical Therapy. Aquatic Physical Therapy is a good option for 
treating neurological patients, because they offer many benefits and treatment 
programs. In view of these aspects has been taken to evaluate the effects of Aquatic 
Therapy for the concept of Bad Ragaz in the treatment of patients with sequel of 
stroke in the upper limbs. The sample consisted of two patients with sequel of stroke 
that were written on the waiting list for the Physical Therapy Clinic of the University of 
Extremo Sul Catarinense - UNESC. The study comprised 10 sessions, three times 
per week, lasting forty minutes. The evaluation included specific tests such as the 
Barthel Index, Functional Independence Measure, Arm Motor Ability Test (AMAT) 
and Fulg-Meyer Scale, beyond the range of strength Scale of Oxford and the 
modified Ashworth Scale. Regarding the results, the patients had improvements 
representing movement amplitude in flexion and shoulder abduction, as well as 
developments in the scores of all the specific tests performed, resulting in an 
improvement in the performance of activities of daily living. We recommended further 
studies with a larger sample and a larger number of sessions to reach out significant 
result. 
 
Keywords: Stroke, Aquatic Physiotherapy, Bad Ragaz. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
Figura 1 – Isométrico de tronco................................................................................ 31 
Figura 2 – Rotação com flexão................................................................................. 32 
Figura 3 – Rotação com extensão............................................................................ 33 
Figura 4 – Unilateral 1............................................................................................... 33 
Figura 5 – Unilateral 2............................................................................................... 34 
Figura 6 – Flutuadores..............................................................................................36 
 
 
 
 
 
8 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
 
Gráfico 1 – Goniometria Paciente 1...........................................................................41 
Gráfico 2 – Goniometria Paciente 2...........................................................................42 
Gráfico 3 – Índice de Barthel......................................................................................43 
Gráfico 4 – Fulg-Meyer...............................................................................................44 
Gráfico 5 – THMMS Paciente 1..................................................................................45 
Gráfico 6 – THMMS Paciente 2..................................................................................46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
ADM – Amplitude de Movimento 
AVD´S – Atividades de vida Diária 
AVE – Acidente Vascular Encefálico 
FNP – Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva 
MMSS – Membros Superiores 
PIC – Pressão Intracraniana 
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
THMMS – Teste de Habilidade Motora de Membro Superior 
 
 
10 
 
 SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11 
2 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................16 
2.1 Acidente vascular encefálico ...........................................................................16 
2.1.1 Anatomia e Fisiologia ....................................................................................17 
2.1.2 Classificação ...............................................................................................18 
2.2.1 Sinais clínicos e sintomas.............................................................................19 
2.2 Fisioterapia .....................................................................................................20 
2.3 Fisioterapia Aquática .....................................................................................23 
2.3.1 Bad Ragaz .......................................................................................................25 
3 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................35 
3.1 Caracterização do estudo.................................................................................35 
3.2 Caracterização da amostra...............................................................................35 
3.3 Instrumentos para coleta de dados .................................................................36 
3.4 Procedimentos para coleta de dados..............................................................38 
3.5 Procedimentos para análise de dados ............................................................39 
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.......................................................40 
4.1 Análise dos casos .............................................................................................40 
4.2 Análises de dados com relação à Goniometria ..............................................41 
4.3 Análises dos dados em relação ao Índice de Barthel ....................................43 
4.4 Análises de dados em relação ao Protocolo de Desempenho Físico de Fulg-
Meyer........................................................................................................................44 
4.4 Análises dos dados do teste de Habilidade Motora de Membros Superiores 
(THMMS)...................................................................................................................45 
4.5 Análise da força muscular segundo a escala de Oxford ...............................47 
4.6 Análises da dor por meio da escala visual analógica (EVA) .........................47 
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................48 
REFERÊNCIAS.........................................................................................................50 
APÊNDICES .............................................................................................................55 
ANEXOS ...................................................................................................................78 
 
 
 
 
 
11 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
 
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é a terceira causa de morte no 
mundo depois do câncer e das doenças cardiovasculares, ocasionando morbidade e 
muitas vezes invalidez (CAMBIER, 1999). 
Segundo a Organização Mundial da Saúde, AVE é um sinal clínico de 
rápido desenvolvimento e perturbação focal da função cerebral, de suposta origem 
vascular e com duração de mais de 24 horas (STOKES, 2000). 
Os três fatores de risco mais reconhecidos para doença vascular 
encefálico são a hipertensão, diabetes mellitus e doença cardíaca, sendo o mais 
importante entre eles a hipertensão (PIRES, 2004; UMPHRED, 2004; ZÉTOLA, 
2001). 
Segundo Umphred (1994:616) “como a pressão sanguínea elevada é o 
maior fator de risco para o AVE, as características humanas e comportamentos que 
aumentam a pressão arterial também aumentam o risco para AVE”. 
Os processos patológicos que em consequência levam a um AVE podem 
ser divididos em três grupos: alterações trombóticas, alterações embólicas e 
alterações hemorrágicas (UMPHRED, 1994). 
A obstrução de importantes artérias cerebrais ou de seus ramos menores 
é a causa mais comum de acidente vascular encefálico. Porém também ocorrem 
com menos frequência acidentes vasculares encefálicos do tronco encefálico por 
patologias nas artérias basilar e vertebral (NUNES, 2002; STOKES, 2000). 
O déficit neurológico focal que ocorre de um AVE é um reflexo do 
tamanho, da localização da lesão e da quantidade de fluxo sanguíneo colateral. A 
hemiplegia é um dos sinais clínicos da doença. Após o início de um acidente 
vascular encefálico com hemiplegia, ocorre um estado de baixo tônus ou flacidez. A 
duração do estado de flacidez pode durar semanas ou até meses (NUNES, 2002; 
UMPHRED, 2004). 
Além da hemiplegia, podem resultar outras sequelas por acidentes 
vasculares encefálicos, como problemas de percepção, cognição, sensoriais e de 
comunicação (STOKES, 2000). 
As sequelas em membros superiores têm uma recuperação mais lenta 
que as sequelas dos membros inferiores, devido ao predomínio da musculatura 
 
12 
 
antagonista. Esses comprometimentos na função motora dos membros superiores 
podem levar a um déficit na coordenação dos movimentos, fraqueza de músculos 
específicos, ajustes posturais e tônus anormal e falta de mobilidade entre estruturas 
da cintura escapular (MAGALHÃES, 2003). 
A rapidez que ocorre o retorno da função muscular e padrões de aumento 
de tônus depende do local e da gravidade da lesão e pelo enfoque do processo de 
reabilitação (UMPHRED, 1994). 
A recuperação de um paciente com sequelas de AVE está relacionada 
com o local, a extensão e a natureza da lesão, com a integridade da circulação 
colateral e o estado pré-mórbido do paciente. A conduta Fisioterapêutica objetiva 
maximizar a capacidade funcional e evitar complicações secundárias, possibilitando 
ao paciente o retorno às atividades de vida diária (AVD`S) dentro de suas limitações 
(NUNES, 2002; STOKES, 2000). 
O tratamento de déficits no controle motor de uma pessoa que apresenta 
hemiplegia enfoca a melhora da função e prevenção de complicações secundárias 
que podem levar a incapacidade. Os objetivos de tratamento incluem reestabelecer 
controle postural, normalizar impulsos táteis, proprioceptivos e cinestésicos, facilitar 
padrões de movimentos normais dentro de uma habilidade funcional, impedir 
deformidades por contraturas, inibir padrões de movimentos indesejados 
(UMPHRED, 2004). 
Atualmente,aspectos básicos contribuíram para aumentar a expectativa 
de vida dos pacientes que sofreram um AVE como os grandes avanços na 
compreensão da epidemiologia, etiologia e patogênese, levando a novas 
abordagens de seu diagnóstico e tratamento (JAKAITIS, 2007). 
Uma nova opção de tratamento para pacientes com seqüelas de AVE é a 
Fisioterapia aquática. A água oferece vários benefícios para programas de 
reabilitação física, os pacientes são capazes de mover as extremidades através de 
amplitudes maiores de movimento favorecendo o fortalecimento, alongamento e 
reeducação muscular. A água também pode oferecer resistência proporcional ao 
movimento do paciente, o que fortalece a musculatura fraca e eleva o estímulo 
sensitivo conduzindo uma facilitação do padrão de movimento (JAKAITIS, 2007; 
RUOTI, 2000). 
O Bad Ragaz entra como uma opção de tratamento aquático para 
pacientes com sequelas de AVE. Este método baseia-se em padrões específicos de 
 
13 
 
movimento para aumentar a força e a amplitude de movimento de braços, pernas e 
tronco em padrões unilaterais e bilaterais, com contrações musculares isotônicas ou 
isométricas (BECKER,2000; RUOTI, 2000; SACHELLI, 2007). 
É um conceito utilizado internacionalmente para fortalecimento, 
reeducação muscular, alongamento, relaxamento e inibição tônica na água. Por ser 
muito versátil o Bad Ragaz possibilita muitas variações de exercícios para casos 
neurológicos, ortopédicos e reumatológicos (JAKAITIS, 2007). 
O Bad Ragaz apresenta como características o terapeuta como ponto fixo 
de estabilidade, o paciente sustentado por flutuadores e a resistência em grande 
parte aplicada pela água e em menor parcela pelo terapeuta (BECKER, 2000; 
BIASOLI, 2006; SACCHELLI, 2007). 
A resistência ao movimento do paciente é feita pelo arrasto turbulento da 
água. O Bad Ragaz permite ao paciente determinar a quantidade de resistência 
pela velocidade do movimento. O terapeuta pode aumentar a dificuldade da 
atividade situando o apoio estabilizador mais distalmente, também pode mover 
passivamente o paciente em direções que ocorram contrações voluntárias dos 
músculos antagonistas (FIORELLI, 2002; JAKAITIS, 2007). 
O método possui uma característica de facilitação neuroterápica, porque 
estimula a atividade aperfeiçoada em padrões específicos de movimentos, 
apresentando-se como uma boa forma de tratamento para pacientes com sequelas 
de AVE (RUOTI, 2000). 
Baseado no contexto apresentado formulou-se a seguinte questão 
problema: quais os efeitos do Bad Ragaz no tratamento das disfunções dos 
membros superiores em pacientes com sequelas de AVE? 
A partir da questão problema, formularam-se as seguintes questões a 
investigar: 
1. Quais são os objetivos do conceito Bad Ragaz para ser uma opção de 
tratamento para pacientes com seqüelas de AVE? 
Devido a sua versatilidade, o método Bad Ragaz oferece muitas 
possibilidades de variação de exercício para o paciente neurológico, tendo como 
objetivos: redução de tônus, relaxamento, aumento da amplitude de movimento, 
reeducação muscular, fortalecimento, alongamento espinal, melhora do alinhamento 
e estabilidade de tronco, preparação das extremidades inferiores para sustentação 
 
14 
 
do peso, resistência, treinamento da capacidade funcional do corpo como um todo 
(RUOTI, 2000). 
2. Quais estratégias podem ser usadas para a progressão de exercícios 
durante a aplicação do Bad Ragaz? 
Estratégias como o aumento da ADM, a modificação da resistência manual 
aplicada de proximal para distal, aumento da velocidade do movimento, mudança da 
direção do movimento, modificação do braço de alavanca, uso de palmares, 
alternância rápida de movimentos recíprocos e diminuição da quantidade de 
flutuadores para a sustentação do paciente (SACCHELLI, 2007). 
 Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar o Bad Ragaz como forma de 
tratamento para membros superiores em pacientes com seqüelas de AVE. 
 Como objetivos específicos: caracterizar os padrões de movimento dos 
sujeitos selecionados para pesquisa; comparar o perfil funcional dos pacientes com 
sequelas de AVE; apontar as maiores dificuldades na realização das AVD´S dos 
pacientes em estudo; comparar o tratamento dos pacientes com sequela de AVE em 
solo e na água; apontar as aplicações do Bad Ragaz nos pacientes com sequelas 
por AVE. 
Há cerca de 25 anos, o diagnóstico de um Acidente Vascular Encefálico 
(AVE) era considerado desfavorável, na qual a principal saída era a morte ou em 
outros casos o paciente permanecia com graves sequelas. Atualmente, o AVE é um 
dos principais problemas de saúde pública, que se situa entre as quatro maiores 
causas de mortalidade em muitos países e a primeira causa de morbidade no mundo 
(JAKAITIS, 2007). 
 O paciente com sequelas de Acidente Vascular Encefálico apresenta-se com 
um conjunto de problemas físicos, psicológicos e sociais e a principal complicação 
apresentada por eles é a hemiplegia, que pode vir acompanhada de outros sintomas 
que causam incapacidades como disfunção sensorial, afasia ou disartria, defeitos no 
campo visual e deficiências mentais e intelectuais (STOKES, 2000). 
Esses fatores citados acima, além de afinidade com o assunto, curiosidade e 
a experiência da acadêmica com pacientes portadores de sequelas de AVE foram o 
que levaram a autora escolher esta doença para realizar o presente trabalho. 
Dentro da Fisioterapia existem bons tratamentos para pacientes com 
sequelas de AVE, mas o Bad Ragaz aparece como uma nova opção de tratamento 
oferecendo a possibilidade de um tratamento em um menor tempo e proporcionando 
 
15 
 
mais prazer e bem estar ao paciente por ser em um ambiente aquático. Além de 
aumentar a auto-estima, a sobrevida do paciente e a possível prevenção de novos 
casos de AVE (RUOTI, 2000). 
O Bad Ragaz ainda possibilita a adequação de novos protocolos, 
aumentando a expectativa de resultados positivos na funcionalidade do pacientes 
que apresentam as seqüelas de AVE, aumentando a credibilidade no tratamento 
(RUOTI, 2000). 
O presente estudo está dividido em cinco blocos temáticos, sendo o primeiro 
a introdução, o segundo o referencial teórico, o terceiro os materiais e métodos, o 
quarto a analise e discussão dos dados, e o quinto a conclusão, seguido das 
referências, apêndices e anexos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
 
2.1 Acidente vascular encefálico 
 
 
Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma definição clínica conhecida 
popularmente como “derrame cerebral”. Para a Organização Mundial da saúde, 
AVE é um sinal clínico de rápido desenvolvimento de perturbação focal da função 
cerebral de origem supostamente vascular e com duração de mais de 24 horas 
(STOKES, 2000). 
 Os acidentes vasculares encefálicos são resultados de uma insuficiência 
neurológica repentina e específica, que ocorre em torno de segundos, minutos, 
horas ou até dias e é o que caracteriza a desordem como vascular (THOMPSON, 
1999; UMPHRED, 2004). 
O AVE está entre as principais causas de morte no mundo, sendo que no 
Brasil é a principal causa de morte desde os anos 40, nos grandes centros urbanos. 
Seu principal fator de risco é a hipertensão Arterial, seguido de diabetes mellitus e 
doença cardíaca (LOTUFO, 2000; PIRES, 2004; ZÉTOLA, 2001). 
O AVE corresponde a um pouco mais de 80% das internações no Sistema 
Único de Saúde, e é importante considerar as consequências médicas, psicológicas 
e sociais que podem gerar um AVE, como as sequelas físicas, de comunicação, 
funcionais, emocionais, entre outras (FALCÃO, 2004; PIEDADE, 2003). 
A hemiparesia é caracterizada pela perda parcial de força no hemicorpo 
contralateral ao da lesão encefálica. Isso pode ocorrer em função da diminuição ou 
perda do recrutamentode unidades motoras ou das modificações fisiológicas do 
músculo parético, seja pelo desuso ou pela redução da atividade física, levando a 
uma atrofia muscular (OVANDO, 2009). 
A hemiplegia é a paralisia de um lado do corpo sendo a principal 
manifestação da doença neurovascular do cérebro. Pode ser considerada pela 
perda da motilidade voluntária em um hemicorpo (THOMPSON, 1999; UMPHRED, 
2004). 
Aproximadamente 40 a 50% dos indivíduos que sofrem AVE morrem após 
seis meses. Os que sobrevivem terão deficiências neurológicas e incapacidades 
 
17 
 
residuais significativas, o que faz desta patologia a primeira causa de incapacitação 
funcional no mundo ocidental atualmente (PERLINI, 2005). 
 
 
2.1.1 Anatomia e Fisiologia 
 
 
O metabolismo encefálico é praticamente todo aeróbico sendo que os 
neurônios dependem de uma irrigação sanguínea contínua. Se ocorrer falta de 
circulação sanguínea no encéfalo perde-se a consciência em segundos e ocorrem 
lesões permanentes dentro de poucos minutos (STOKES, 2000). 
O sangue chega ao encéfalo por quatro vasos importantes. A artéria 
carótida direita emerge da artéria inominada e a artéria carótida esquerda 
diretamente da aorta. Cada uma se divide em dois ramos, artérias cerebral anterior e 
média, irrigando os lobos frontal, parietal e temporal. As duas artérias anteriores se 
unem formando a artéria comunicante anterior formando a parte anterior do polígono 
de Willis (STOKES, 2000). 
As artérias vertebrais são ramos dos vasos subclávios e se anastomosam 
anteriormente no tronco encefálico formando a artéria basilar, que irá irrigar bulbo, 
ponte, cerebelo e mesencéfalo. Na parte superior do mesencéfalo, a basilar se 
divide em artérias posteriores do cérebro que retornam para irrigar os lobos 
occipitais. As artérias posteriores se anastomosam entre as carótidas internas e a 
circulação vertebral (STOKES, 2000). 
As manifestações neurológicas que ocorrem em uma vítima de um AVE 
têm relação com as funções das áreas do encéfalo vascularizadas pelas áreas 
comprometidas. As manifestações neurológicas que mais ocorrem quando há o 
comprometimento do hemisfério esquerdo são: hemiparesia direita, hemi-hipoestesia 
direita, hemianopsia direita, paresia do olhar conjugado à direita, disfasia, disartria, 
paresia facial central, dislexia, disgrafia e discalculia. Quando há comprometimento 
do hemisfério direito, as manifestações que mais ocorrem são: hemiparesia 
esquerda, hipoestesia esquerda, hemianopsia esquerda, disartria, paresia facial 
central, paresia do olhar conjugado à esquerda, heminegligência esquerda, 
desorientação espacial (NUNES, 2002). 
Quando ocorre um AVE, ocorre a progressão do edema e com isso há 
 
18 
 
deslocamento das estruturas encefálicas através da linha média. Se o edema não for 
compensado pela acomodação de outras estruturas, ocorre a elevação da PIC. As 
alterações no tecido isquêmico e a elevação da Pressão intra-craniana (PIC) serão 
responsáveis pelo declínio neurológico do paciente (OLIVEIRA, 2000). 
 
 
2.1.2 Classificação 
 
 
As causas que levam a um AVE podem ser divididas em três grupos: as 
mudanças trombóticas, embólicas e hemorrágicas. No infarto trombótico placas 
ateroscleróticas e a hipertensão interagem para produzir os infartos 
cerebrovasculares. As lesões podem se tornar assintomáticas durante anos 
(UMPHRED, 2004; ZÉTOLA, 2001). 
No infarto embólico, o êmbolo pode vir deslocado do coração e causar um 
AVE, é um sinal de doença cardíaca. O infarto pode ser tênue, hemorrágico ou 
misto. A artéria cerebral média corre mais risco de sofrer um infarto pelo fato de ser 
a continuidade da artéria carótida interna (UMPHRED, 2004). 
As hemorragias intracranianas são as causas mais comuns que podem 
levar a um AVE, ocorre geralmente devido a hipertensão, aneurisma sacular roto ou 
má formação artériovenosa. Quando ocorre o sangramento no tecido cerebral, há a 
formação de uma massa oval ou redonda que desloca as estruturas da linha 
mediana, essa massa só diminui depois de seis meses (UMPHRED, 2004). 
No tipo trombótico, ocorre um estreitamento gradual da parede de um 
vaso ou alterações no revestimento luminal do vaso. A arteriosclerose causa 
hiperplasia e fibrose na região subíntima, com a formação de uma placa. As placas 
reduzem a luz do vaso promovendo uma adesão plaquetária levando a uma 
trombose vascular (ZINNI, 2004). 
 Os déficits funcionais que cada paciente vai apresentar após sofrer um 
AVE estão relacionados com a área em que a lesão ocorreu, independente da sua 
causa, seja por uma isquemia ou por uma hemorragia (STOKES,2000). 
 
 
 
19 
 
2.2.1 Sinais clínicos e sintomas 
 
 
A causa mais comum de um AVE é a obstrução de uma das importantes 
artérias cerebrais, que pode ser a média, anterior ou posterior, ou de seus ramos 
perfurantes nas áreas mais profundas do encéfalo. Aproximadamente 80% dos 
AVE´s são por oclusão de uma artéria. O paciente nem sempre perde a consciência, 
mas sente dor de cabeça e sintomas como hemiparesia e disfasia que acontecem de 
uma forma rápida (PIRES, 2004; STOKES, 2000). 
A artéria cerebral média irriga a maior parte da face súpero-lateral do 
hemisfério cerebral e importantes estruturas profundas. Quando ocorre uma oclusão 
dessa artéria sintomas como paralisia contralateral, insuficiência sensorial, apraxia, 
hemianopsia homônima, perda do olhar fixo com o lado oposto e hemiplegia motora 
pura são comuns de ocorrer (UMPHRED, 2004). 
Déficits neurológicos graves, como hemiplegia e hemianestesia 
completas, hemianopsia, desvio forçado do olhar e da cabeça, afasia global, e 
rebaixamento do nível de consciência são encontrados mais comumente em 
pacientes com infarto por oclusão da Artéria Cerebral Média do que em outros tipos 
de infarto (OLIVEIRA, 2000). 
A artéria cerebral posterior irriga parte da região medial do lobo temporal 
e o tálamo. Os sintomas que ocorrem após a oclusão dessa artéria são visuais e 
compreendem um defeito de campo homônimo contralateral. Infartos bilaterais 
podem causar distúrbios mais complicados de interpretação visual ou cegueira total 
(STOKES, 2000). 
A artéria anterior irriga a região medial do lobo frontal e uma faixa 
parassagital do córtex que se estende até o loco occipital. Quando ocorre a oclusão 
dessa artéria sintomas que aparecem são monoplegia contralateral que afeta o 
MMII, perda sensorial cortical e até anormalidades de comportamento associadas à 
lesão no lobo frontal (STOKES, 2000; UMPHRED, 2004). 
Aproximadamente 9% dos AVE´s são causados por hemorragias nas 
partes mais profundas do cérebro. A pessoa geralmente é hipertensa, o que causa 
um enfraquecimento nas paredes arteriais desenvolvendo herniações ou 
microaneurismas que podem romper-se. O hematoma resultante se espalha e forma 
uma lesão na massa substancial. Os hematomas geralmente ocorrem na região 
 
20 
 
mais profunda do cérebro comprometendo o tálamo, o núcleo lentiforme e a cápsula 
interna e com menos freqüência o cerebelo e a ponte. Se caso romper no sistema 
ventricular leva ao óbito rapidamente (STOKES, 2000). 
No início de um AVE hemorrágico, geralmente ocorre uma forte cefaléia, 
vômitos e em 50% dos casos perda da consciência. A auto-regulação vascular é 
perdida nas áreas próximas ao hematoma e a pressão intracraniana eleva-se 
subitamente. Caso a pessoa sobreviva à crise inicial, podem ocorrer sinais 
hemiplégicos e hemi-sensoriais profundos. E um defeito no campo visual homônimo 
pode ser aparente. O prognóstico inicial é grave, mas com a recuperação e a 
reabsorvição do hematoma a recuperação é boa pelo fato de menos hormônios 
serem destruídos em comparação com os AVE´s isquêmicos (STOKES,2000; 
UMPHRED, 2004). 
 
 
2.2 Fisioterapia 
 
 
A consequência física mais comum do AVE é a hemiplegia, que pode viracompanhada de outras sequelas como paralisia completa dos membros superiores 
e inferiores do mesmo lado do corpo, dificuldade de movimentação, fraqueza 
muscular, problemas de percepção, sensorial e de comunicação que precisam ser 
consideradas na conduta fisioterapêutica (ROWLAND, 2002; STOKES, 2000). 
A hemiplegia é considerada como uma consequência neurológica 
recuperável. Mesmo esse processo não estando muito claro é possível relacionar 
com um ou mais fatores. Estes fatores são o local e a extensão da lesão inicial; a 
idade do paciente; a capacidade de atingir uma meta motora relacionada com o 
movimento funcional; capacidade do sistema nervoso de reorganizar-se 
(neuroplasticidade); estado pré-morbido do paciente e ainda a motivação e atitude 
do paciente com relação à recuperação (STOKES, 2000). 
As sequelas de um indivíduo que sofreu um AVE são mais acentuadas 
nos membros superiores, que limitam as suas atividades motoras. Essas 
complicações são devidas às alterações do tônus, amplitude de movimento, 
habilidades motoras e força muscular do hemicorpo acometido do paciente 
(SENKIIO, 2005; PAGE, 2001). 
As sequelas de membros superiores são as mais limitantes para as 
 
21 
 
atividades de vida diária do paciente (AVD´s), podendo levar a uma permanente 
incapacidade. As perdas de movimentos seletivos e discriminativos são vistos com 
maior extensão nos membros superiores, é uma conseqüência notável do prejuízo 
neurológico (OLIVEIRA, 2009; RODGERS, 2003). 
A recuperação de um paciente com hemiplegia ou hemiparesia, 
considerada a principal causa de incapacidade grave na sociedade atual, constitui-
se em um grande desafio, tanto pela complexidade das funções perdidas quanto 
pela situação em que o paciente se encontra (HORN, 2008). 
O paciente com sequelas por AVE tem sua recuperação devido a dois 
componentes: o intrínseco, por recuperação neurológica, anatômica e fisiológica, 
pela redução do edema encefálico, desenvolvimento de novas vias e plasticidade 
neuronal; e o adaptativo que é pelo aprendizado de maneiras novas para executar 
funções. Isso torna a Fisioterapia indispensável para a reorganização cortical e para 
o reaprendizado motor (VALENTE, 2006). 
Existem estratégias terapêuticas de um paciente que sofreu um AVE 
resumem-se em um cuidado agudo, que visa evitar a progressão da lesão, promover 
uma neuroproteção e prevenir que ocorra uma nova lesão (YAMASHITA, 2004). 
O plano de tratamento de um paciente com AVE apresenta três objetivos: 
preservar a vida, reduzir a incapacidade e evitar a recidiva. Os indivíduos que se 
recuperam de seqüelas causadas por tais problemas devem começar o programa de 
reabilitação imediatamente, após a instalação temporária ou provisória do quadro 
motor (BIASOLI, 2007). 
A evolução do processo de recuperação de um paciente que sofreu AVE 
desde o início até o retorno á vida normal é dividida em três fases: em fase aguda, 
fase ativa ou reabilitação e fase de adaptação ao ambiente pessoal ou de longo 
prazo (UMPHRED, 2004). 
Durante a fase aguda, a Fisioterapia se concentra na função respiratória e 
nas capacidades de tossir e deglutir, porque o paciente ainda pode apresentar-se 
inconsciente (STOKES, 2000). 
Uma das mudanças que ocorre na fase aguda é a alteração no tônus do 
paciente. Por um período variável de tempo o tônus do paciente apresenta-se mais 
baixo do que o normal, uma hipotonicidade, que lentamente vai dando lugar a um 
tônus espástico, uma hipertonicidade (LUNDY-EKMAN, 2000; UMPHRED, 2004). 
Pacientes com sequelas de AVE apresentam dificuldade em controlar o 
 
22 
 
início do movimento, bem como o controle motor voluntário. A principal causa desta 
interferência é a espasticidade, fazendo com que haja acometimento da habilidade 
do paciente em produzir e regular o movimento voluntário (CORRÊA, 2005). 
 A espasticidade é caracterizada pela resistência ao alongamento de forma 
passiva, dependendo também da velocidade que esse alongamento é feito. Em 
pacientes com AVE, a espasticidade normalmente se instala na musculatura flexora 
nos membros superiores e na musculatura extensora nos membros inferiores 
(TEIXEIRA-SALMELA, 2000). 
A fase de reabilitação ou intermediária pode iniciar até 24 horas depois 
que aconteceu o AVE. Os ganhos funcionais iniciais são atribuídos à redução do 
edema encefálico, absorção do tecido danificado e a melhora do fluxo vascular local 
(STOKES, 2000; UMPHRED, 2004). 
A conduta a longo prazo precisa analisar a incapacidade e os 
impedimentos residuais de cada paciente, sendo aconselhável fazer revisões 
regulares das condições dos pacientes, mas com pouca frequência (STOKES, 
2000). 
Os objetivos a serem atingidos no plano de tratamento são baseados nos 
desejos do paciente e nas deficiências funcionais que ele apresenta identificadas 
durante a avaliação inicial. Os objetivos devem conter uma mudança no nível de 
independência e melhora em uma limitação funcional específica (UMPHRED, 2004). 
Pacientes com hemiplegia resultante de um AVE apresentam limitações 
funcionais e incapacidades que podem se manifestar como uma perda da 
mobilidade do tronco e nas extremidades, padrões atípicos de movimento, 
estratégias compensatórias e ações involuntárias no lado afetado o que leva uma 
perda nas AVD´s (STOKES, 2000). 
As insuficiências de movimento resultam em uma fraqueza da 
musculatura ou em uma paralisia com um retorno gradual. A subluxação do ombro é 
comum, o tronco tem pouca força, o paciente tem problemas para recrutar o 
hemicorpo comprometido (UMPHRED, 2004). 
Apesar de muitas complicações ocorrerem por causa da fraqueza 
muscular e deficiências do tônus, podem ocorrer outras perturbações do movimento 
como a ataxia. Esses pacientes possuem instabilidade de tronco, excessivo 
movimento de membros e dismetria. Movimentos involuntários de membros 
 
23 
 
geralmente estão presentes, mas são movimentos não coordenados (UMPHRED, 
2000). 
As sequelas causadas por um AVE podem provocar perda da função e 
graves incapacidades, mas através da neuroplasticidade o encéfalo pode se ajustar 
funcionalmente, havendo uma reorganização dos mapas corticais contribuindo para 
a recuperação do paciente com sequelas de AVE (CARDOZO, 2009) 
Quanto mais cedo for iniciado o tratamento fisioterapêutico melhor será o 
prognóstico deste paciente com seqüelas por AVE, a melhora funcional já pode ser 
percebida durante os primeiros meses de tratamento, isso devido à 
neuroplasticidade (GALLO, 2008; LUNDY-EKMAN, 2000). 
As necessidades de estratégias, novos métodos e formas de reabilitação 
neuromotora têm aumentado constantemente à medida que a tecnologia e os 
tratamentos médicos aperfeiçoados têm permitido o aumento da sobrevida de 
pacientes que sofreram lesões encefálicas como um AVE (RUOTI, 2000). 
A Fisioterapia neuromotora aquática foi descrita como um recurso útil para 
programas tradicionais de reabilitação de lesões encefálicas, trazendo benefícios 
como redução do tônus, redução de contraturas, assistência ao equilíbrio estático e 
dinâmico, fortalecimento mais precoce e mais eficaz, benefícios cardiovasculares, 
motivação, recreação e socialização (RUOTI, 2000). 
 
 
2.3 Fisioterapia Aquática 
 
 
A utilização da água para fins terapêuticos já é descrita há milhares de 
anos, mas não é certo o tempo que a Fisioterapia aquática iniciou, porém acredita-se 
que tenha sido por volta do século XIX. Apesar das publicações atuais sobre 
Fisioterapia aquática terem aumentado, poucas apresentam resultados conclusivos 
sobre a prática de exercícios em água aquecida. Há pouco tempo autores 
demonstraram que a Fisioterapia aquática é benéfica no tratamento de fibromialgia, 
artrite reumatóide e espasticidade (SACCHELLI, 2007). 
A Fisioterapia aquática tem uma longa história e é tão importante hoje 
quanto foi no passado.Atualmente, com o aumento de sua popularidade e a 
divulgação de seus resultados positivos, os fisioterapeutas são encorajados a 
 
24 
 
utilizarem a água aproveitando ao máximo suas propriedades (GIMENES, 2005). 
O aumento da expectativa de vida devido aos avanços da tecnologia e da 
administração médica faz com que pacientes com complicações neurológicas 
necessitem de estratégias de tratamento ainda mais eficaz nos procedimentos 
fisioterapêuticos. A Fisioterapia aquática oferece programas de tratamentos efetivos 
e versáteis, devido às propriedades da água, alívio do peso, facilidade de 
movimentos e pelo fácil manejo dos pacientes por parte dos fisioterapeutas 
(BECKER, 2000). 
A utilização da água para a reabilitação neuromotora vem apresentando 
bons resultados no tratamento de pacientes com sequelas de doenças neurológicas. 
Os benefícios do tratamento na água podem diferir de um diagnóstico a outro, em 
geral os benefícios de usar a água para disfunções neurológicas envolvem as 
propriedades de flutuação (RUOTI, 2000). 
A imersão em ambiente aquático tem efeitos fisiológicos relevantes sobre 
todos os sistemas e homeostase. Estes efeitos podem ser imediatos ou até mesmo 
tardios, permitindo que a água seja utilizada para fins terapêuticos em uma grande 
variedade de problemas orgânicos. A terapia aquática é benéfica no tratamento de 
pacientes com distúrbios músculo-esquelético, neurológicos, cardiopulmonares, 
entre outros (GIMENES, 2005). 
As propriedades físicas da água e sua capacidade térmica desencadeiam 
efeitos terapêuticos, sensório-motores e psicológicos. Esses efeitos terapêuticos 
geralmente são: melhora de processos inflamatórios, redução de espasmo muscular, 
melhora na amplitude de movimento, melhora na reeducação da marcha, 
independência funcional, redução de tônus, fortalecimento muscular, facilita 
ortostatismo, facilita manuseio do paciente em várias posições, facilita o trabalho da 
coordenação motora global, previne deformidades, diminui impacto e descarga de 
peso nas articulações (FIORELLI, 2002). 
O alívio do peso corporal na água proporciona avanços na capacidade 
funcional do paciente na água. No ambiente aquático os pacientes são capazes de 
mover as extremidades através de amplitudes de movimento maiores favorecendo o 
alongamento, o fortalecimento muscular e uma reeducação muscular. Na água os 
pacientes são facilmente manipulados, realizam habilidades funcionais mais 
avançadas e adquirem autoconfiança e motivação (RUOTI, 2000). 
O conceito Bad Ragaz aparece como uma nova opção para o tratamento 
 
25 
 
de pacientes com sequelas de doenças cerebrovasculares, porque tem as 
características de uma abordagem de facilitação neuroterápica e porque estimula a 
atividade aperfeiçoada em padrões específicos de movimento (RUOTI, 2000). 
 
 
2.3.1 Bad Ragaz 
 
 
O Bad Ragaz foi criado em 1967 por dois fisioterapeutas, Davis e Laggart, 
que modificaram e uniram duas técnicas que já existiam, a facilitação neuromuscular 
proprioceptiva (FNP) e os exercícios criados por Knupfer na Alemanha. Começou a 
ser utilizado em 1930 nos spas da cidade de Bad Ragaz na Suíça em pacientes com 
paralisias e limitações articulares (FIORELLI, 2002; SACCHELLI, 2007). 
No tratamento com o Bad Ragaz, o paciente é posicionado na água em 
decúbito dorsal, com auxílio de flutuadores ou “anéis” no pescoço, pelve e 
tornozelos, por esse fato que a técnica também é mencionada como “método dos 
anéis”. Em 1967, Bridgt Davis incorporou o método de facilitação neuromuscular 
proprioceptiva ao “método dos anéis” (BIASOLI, 2006). 
A maioria das técnicas usadas no tratamento com Bad Ragaz foram 
incorporadas do método FNP, porém sofreram pequenas modificações para adequá-
las ao ambiente aquático. O corpo do paciente imerso na água, não é mais 
estabilizado pela ação da gravidade, movendo-se livremente quando não é 
estabilizado pelo terapeuta (SACCHELLI, 2007; RUOTI, 2000). 
Na facilitação neuromuscular proprioceptiva, o paciente fica estável, 
deitado sobre um plinto, a principal resistência é dada pelo terapeuta e o movimento 
realizado pelo paciente atinge sua Amplitude de Movimento (ADM) máxima. Já no 
Bad Ragaz a estabilidade do corpo é feita pelo terapeuta e pelos flutuadores, a 
principal resistência é oferecida pela água e ocorrem movimentos de eixo e 
extremidades (SACCHELLI, 2007). 
Tanto o Bad Ragaz quanto o FNP, seguem padrões específicos de 
movimento, para aumentar a força e a ADM, com atividades para os braços, pernas 
e tronco, podendo ser realizadas em padrões unilaterais e bilaterais. Alguns dos 
padrões bilaterais são simétricos, onde ambos os lados do corpo movem-se na 
mesma direção e alguns padrões são assimétricos no qual cada lado do corpo 
 
26 
 
move-se para uma direção (BECKER, 2000). 
O Bad Ragaz é composto de técnicas de movimentos com padrões em 
planos anatômicos e diagonais, com resistência e estabilização fornecido pelo 
terapeuta. O posicionamento do paciente em decúbito dorsal é mantido através de 
flutuadores nos seguimentos anatômicos. Os exercícios podem ser feitos de forma 
passiva ou ativamente em pacientes ortopédicos, reumáticos ou neurológicos 
(BIASOLI, 2006; CINNINGHAM, 1994). 
O paciente flutua na água tanto em prono quanto em supino com 
flutuadores no pescoço, quadris e nas extremidades. O terapeuta posiciona suas 
mãos em lugares específicos no corpo do paciente enquanto passa as instruções 
para o paciente mover-se na direção indicada. O terapeuta serve como um ponto 
fixo enquanto o paciente se movimenta, gerando resistência através da turbulência 
da água (BECKER, 2000, FIORELLI, 2002). 
As principais técnicas do FNP que foram adaptadas ao Bad Ragaz foram: 
• As que o movimento é facilitado pelo apoio manual do terapeuta, 
que estimula a pele, os músculos e os proprioceptores; 
• As que o paciente controla a resistência máxima durante os 
exercícios isotônicos e isométricos; 
• O estiramento muscular é facilitado pela execução de movimentos 
alternados; 
• As que o terapeuta dá o comando de forma precisa e curta; 
• A musculatura contralateral mais fraca é estimulada pela 
facilitação de músculos fortes; 
• A dificuldade dos exercícios ocorrem de uma forma natural,pelo 
aumento das resistências manuais proximais para distais; 
• A participação do terapeuta permite que ele avalie o paciente e 
altere a resistência do exercício a qualquer momento; 
• Os movimentos que trabalham músculos e articulações são 
naturais e funcionais para o paciente (RUOTI, 2000; SACCHELLI, 
2007). 
 
 
 
 
 
27 
 
2.3.1.1 Objetivos do tratamento 
 
 
Por ser muito versátil, o Bad Ragaz apresenta uma aplicação ampla e 
infinitas possibilidades de variação de exercícios, é indicado para pacientes 
reumatológicos, ortopédico e neurológico, buscando em primeiro lugar uma boa 
função corporal, e a atividade funcional (SACCHELLI, 2007). 
Os principais objetivos do Bad Ragaz incluem a redução do tônus; 
relaxamento; aumento da amplitude de movimento; reeducação muscular; 
fortalecimento muscular; tração ou alongamento espinhal; melhoria do alinhamento e 
estabilidade do tronco; preparação das extremidades inferiores para sustentação do 
peso; restauração dos padrões normais de movimento das extremidades inferiores e 
superiores; melhoria da resistência geral e tratamento da capacidade funcional do 
corpo como um todo (FIORELLI, 2002; RUOTI, 2000). 
 
 
2.3.1.2 Progressão do exercício 
 
 
Conforme a evolução que o paciente apresenta durante o tratamento, o 
nível de dificuldade dos exercícios aumenta. A resistência do exercício é exercida 
pelo corpo do paciente movido através da água. O arrasto turbulento produzido a 
partir do movimento é diretamente proporcional à velocidade de movimento do 
paciente, então quanto maisrápido o paciente se move mais resistência ele 
encontra (ROUTI, 2000; SACCHELLI, 2007). 
O Bad Ragaz permite que o paciente determine o tipo da resistência 
encontrada pela velocidade do movimento. O terapeuta pode aumentar a dificuldade 
do exercício pegando em um ponto de estabilização mais distal, fazendo com que o 
paciente tenha que controlar segmentos maiores do seu corpo durante o movimento, 
tornado a atividade mais difícil ( FIORELLI, 2002; BECKER, 2000). 
Para a progressão do exercício são usados métodos como o aumento da 
ADM, mudança de resistência manual de proximal para distal, modificação do braço 
de alavanca, mudança de direção do movimento, alternância rápida de movimentos 
recíprocos, uso de flutuadores de resistência, diminuição da quantidade de 
 
28 
 
flutuadores de sustentação (SACCHELLI, 2007). 
 
 
2.3.1.3 Técnica 
 
 
Há três modos pelo qual o terapeuta atua durante o tratamento pelo Bad 
Ragaz, isso porque se torna necessário o terapeuta fornecer estabilidade e ser 
flexível com a aplicação. O primeiro é isocineticamente onde o terapeuta fornece 
fixação e o paciente determina a resistência encontrada ajustando a velocidade de 
movimento através da água (RUOTI, 2000; SACCHELLI, 2007). 
O segundo modo é isotonicamente, no qual o terapeuta atua como ponto 
de fixação móvel, isso leva a um aumento na resistência ao movimento. O terapeuta 
também pode empurra na direção contraria ao movimento executado pelo paciente. 
O terceiro é isométricamente, no qual o paciente mantém uma posição fixa enquanto 
está sendo empurrado através da água pelo terapeuta, isso promove contrações 
estabilizadoras (FIORELLI, 2002; RUOTI, 2000). 
Para a realização do Bad Ragaz é necessário um terapeuta para cada 
paciente, já que o terapeuta auxilia na realização de cada movimento. Para a 
estabilidade e tração durante os exercícios o terapeuta deve estar numa 
profundidade em que a água esteja no nível de T8-T10, devendo permanecer com 
os pés separados (distância dos ombros), com os quadris e joelhos levemente 
flexionados, com sapatos de borracha e pesos no tornozelo quando achar 
necessário. A estabilização pode ser feita por contatos proximais e distais, cranial 
(pelve, axila, cotovelo) e caudal (Pelve, joelho, tornozelo) (FIORELLI, 2002; 
SACHELLI, 2007). 
 
 
 
 
 
 
29 
 
2.3.1.4 Diretrizes de tratamento 
 
 
As sessões iniciais de 5 a 15 minutos são recomendadas porque os 
exercícios exigem contrações e esforços máximos dos pacientes e são cansativas 
para o terapeuta. À medida que o paciente progride, as sessões são aumentadas 
para no máximo 30 minutos (FIORELLI, 2002; RUOTI, 2000). 
As técnicas de relaxamento passivo, para diminuir a hipertonia, do 
paciente podem ser feitas antes dos exercícios ativo do paciente e sempre quando o 
exercício aumentar o tônus do paciente do paciente durante a sessão. As atividades 
que aumentam a espasticidade devem ser evitadas durante o tratamento de 
pacientes neurologicamente comprometidos (RUOTI, 2000). 
Os pacientes que possuem déficits de movimentos voluntários podem 
apresentar dificuldades em relaxar grupos musculares após a contração, o que 
atrapalha a contração dos músculos antagonistas durante a realização de um 
movimento. Essa rígida coativação muscular ao redor da articulação impede o 
movimento em qualquer direção. No Bad Ragaz, a movimentação passiva do 
paciente em direções em que ocorrem essas contrações prolongadas permite a 
contração voluntária dos músculos antagonistas (BECKER, 2000). 
 
 
2.3.1.5 indicações 
 
 
Entre as principais indicações para o Bad Ragaz estão: 
 
• Pacientes ortopédicos, incluindo condicionamento pré e pós 
cirúrgico de tronco e extremidades; 
• Pacientes reumatológicos, principalmente em casos de artrite 
reumatóide, osteoartrite, fibromialgia e miosite; 
• Pacientes neurológicos incluindo AVE, traumatismo craniano. 
Parkinson, paraplegia e tetraplegia, tomando cuidado especial 
quanto à resistência ao movimento com pacientes hipertônicos. 
 
30 
 
• Síndromes dolorosas de extremidades e tronco; 
• Distrofia simpática reflexa; 
• Pacientes que sofreram mastectomia ou cirurgia cardíaca, visando 
fortalecimento e alongamento bilateral do tronco; 
• Pós-parto; 
• Condicionamento físico geral; 
• Pacientes com sintomas de atraso no desenvolvimento, por se 
beneficiarem do bombardeio de estímulos ao sistema nervoso 
provocado pela imersão (FIORELLI, 2002; RUOTI, 2000; 
SACCHELLI, 2007). 
 
O Bad Ragaz é usado para reeducação muscular, fortalecimento, tração e 
alongamento espinhal, relaxamento e inibição do tônus na água. As propriedades 
que a água tem de flutuação, Turbulência, pressão hidrostática, tensão superficial e 
capacidade térmica são usadas para facilitar a reabilitação em um programa de 
relaxamento, estabilização e exercícios resistidos progressivos (RUOTI, 2000). 
 
 
2.3.1.6 Contra-indicações 
 
 
Os pacientes devem ser submetidos a uma triagem médica e de 
atividades de reabilitação aquática antes de começarem o tratamento na água. Entre 
as contra-indicações e precauções estão: 
• Deve-se ter precaução para evitar a fadiga excessiva porque os 
pacientes recebem uma grande carga de estimulação vestibular 
quando são puxados, empurrados ou virados na água; 
• Se o paciente tiver suspeita de ter problemas vestibulares o 
terapeuta deve movê-lo lentamente e vigiar o aparecimento de 
nistagmo. Os pacientes com má tolerância a estimulação devem ser 
contra-indicados no tratamento; 
• Cuidado com pacientes com comprometimento articular agudo de 
coluna e extremidades, porque neste método os movimentos vão 
 
31 
 
até quando o limite articular é atingido (FIORELLI, 2002; RUOTI, 
2000; SACCHELLI, 2007). 
 
 
2.3.1.7 Principais padrões aplicados de Membros superiores 
 
 
• Tronco – Paciente em supino com braços relaxados ao lado do 
tronco. Terapeuta com estabilização na pelve. Movimento de 
alongamento lateral de tronco. 
 
• Tronco – Isométrico – Paciente em supino realizando uma 
contração concêntrica. Terapeuta com estabilização na pelve 
fazendo uma flexão lateral do tronco do paciente. A progressão do 
exercício pode ser feita com o paciente mudando a posição das 
mãos ao longo do tronco para 90º de abdução de ombro (Figura 1). 
 
Figura 1. Isométrico de tronco 
 
Fonte: Dados da pesquisadora, 2009 
 
• Tronco – Flexão pura – Paciente em supino. Terapeuta com 
estabilização na pelve. Paciente posiciona as mãos sobre as coxas 
ou no ombro do paciente. A progressão pode ser feita com o 
 
32 
 
paciente sem colocar as mãos nas coxas ou no terapeuta, 
mantendo a posição. 
 
 
• Tronco – Extensão pura – Paciente em supino. Terapeuta com 
estabilização na pelve. Paciente realiza a extensão da coluna, 
mantendo a posição enquanto terapeuta o move na água. A 
progressão pode ser feita com mudanças rápidas de direção. 
 
• Rotação com flexão – Paciente em supino. Terapeuta gira a pelve 
do paciente para o sentido do movimento. A progressão pode ser 
feita com mudanças rápidas no movimento e aumento da 
velocidade (Figura 2). 
 
Figura 2. Rotação com flexão 
 
Fonte: Dados da pesquisadora, 2009 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
• Rotação com extensão – Paciente em supino. Terapeuta gira a 
pelve do paciente para o lado oposto do movimento (Figura 3). 
 
Figura 3. Rotação com extensão 
 
Fonte: Dados da pesquisadora, 2009 
 
• Unilateral 1 – Paciente em supino. Terapeuta com contato na região 
dorsal da mão do paciente. Paciente realiza uma abdução e rotação 
externa de ombro, supinação e extensão de dedos (Figura 4). 
 
Figura 4. Unilateral 1 
 
Fonte: Dados da pesquisadora, 2009 
 
 
34 
 
• Unilateral 2 – Pacienteem supino. Terapeuta com contato na região 
da palma da mão do paciente. Paciente realiza uma adução e 
rotação interna de ombro, pronação e flexão dos dedos (Figura 5). 
 
Figura 5. Unilateral 2 
 
Fonte: Dados da pesquisadora, 2009 
 
• Polichinelo – Paciente em supino. Paciente realiza uma abdução e 
rotação externa de ombros acompanhados com o mesmo 
movimento do quadril (FIORELLI, 2002; RUOTI, 2000; 
SCHOEDINGER, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
3 MATERIAIS E MÉTODOS 
 
 
3.1 Caracterização do estudo 
 
 
Com referência aos conceitos de Luciano (2001), a pesquisa caracteriza-
se como aplicada no que diz respeito à natureza. Em relação ao problema, é quali-
quantitativo, no que se refere aos objetivos é descritiva e exploratória e por fim em 
relação aos procedimentos é caso, bibliográfico, levantamento e ação. A pesquisa 
caracteriza-se em um estudo de caso, realizado com dois pacientes da lista de 
espera da Clínica de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul Catarinenses – 
UNESC. 
 
 
3.2 Caracterização da amostra 
 
 
O estudo foi realizado em pacientes que sofreram AVE que estavam na 
lista de espera da Clínica de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul 
Catarinense – UNESC, segundo lista fornecida pela coordenação da mesma, no 
primeiro semestre de 2009. 
Foram incluídos no estudo pacientes tanto do sexo feminino quanto 
masculino, independente da raça, adultos com idade superior a 25 anos, residentes 
na região de Criciúma – SC. 
Foram excluídos do estudo pacientes que apresentaram mais que 2 faltas 
durante o tratamento, pacientes com contra-indicações ao ambiente aquático e que 
não apresentaram atestado médico. 
Por questões operacionais apenas 2 pacientes fizeram parte da amostra. 
Os fatores que levaram a uma redução do tamanho da mesma foram os critérios de 
exclusão do estudo e o fato do Bad Ragaz ser um tratamento individual, com um 
fisioterapeuta para cada paciente e o tempo de atendimento de 3 vezes por semana, 
o que tornava extenso o período para o tratamento e coleta de dados. 
 
 
36 
 
3.3 Instrumentos para coleta de dados 
 
 
Os materiais utilizados para a coleta de dados são os equipamentos 
usados na prática da técnica Bad Ragaz. Esses equipamentos incluem flutuadores 
como colar cervical e flutuador pélvico que auxiliam na aplicação da técnica, fazendo 
com que o paciente permaneça flutuando, sem fazer esforços (Figura 6). 
 
Figura 6. Flutuadores 
 
Fonte: Dados da pesquisadora 
 
A piscina terapêutica utilizada para a realização do tratamento é a da 
Clínica de Fisioterapia da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC, que 
possui três níveis de profundidade e uma temperatura em torno de 32ºC. 
Além disso, foi utilizada uma ficha de avaliação (Apêndice A), elaborada 
pela pesquisadora e validada pelos professores do curso de Fisioterapia da UNESC, 
contendo dados de identificação dos pacientes, exames físico, exames 
complementares e teste de força muscular no membro superior acometido, 
considerando os grupos flexores e extensores de ombro e flexores e extensores de 
cotovelo, segundo escala de Oxford. Para melhor avaliação dos pacientes foram 
realizados o Índice de Barthel, Protocolo de desempenho físico de Fulg-Meyer, teste 
 
37 
 
de Habilidade motora de membro superior (THMMS) e a Escala Visual Analógica 
(EVA), presentes na ficha de avaliação. 
O índice de Barthel é um instrumento detalhado para avaliação das 
atividades quotidianas do paciente com sequelas de AVE, ele permite identificar 
problemas, progressos e as limitações do paciente durante o tratamento. O escore 
máximo é 100 pontos, sendo que menos que 20 pontos indica dependência 
completa, menos que 60 pontos indica dependência, de 60 a 80 pontos parcialmente 
dependente e maior que 80 já pode ser considerado independente (ANDRÉ, 2006). 
O protocolo de desempenho físico de Fulg-Meyer avalia cinco aspectos de 
comprometimento do paciente sendo eles: controle motor como a amplitude de 
movimento articular, dor, sensibilidade, comprometimento motor da extremidade 
superior, inferior e equilíbrio. A pontuação é em uma escala ordinal de 3, na qual 0 
significa nenhuma performance e 2 performance completa. Neste estudo foi excluído 
o comprometimento da extremidade inferior, por ser um estudo aplicado apenas à 
extremidade superior do paciente. A pontuação máxima da extremidade superior é 
66 pontos e da extremidade inferior 34, totalizando 100 pontos que define função 
motora normal. A pontuação menor que 50 pontos indica nível severo com nenhuma 
movimentação voluntária dos membros afetados, nível marcante é de 51 a 84 pontos 
e nível moderado de 85 a 95 pontos e nível leve de 96 a 99 pontos (CACHO, 2004). 
O Teste de habilidade motora de membro superior (THMMS) avalia a 
quantidade do movimento executado e a qualidade motora do mesmo em situações 
quotidianas, é composto de 13 itens que variam de 0 a 5 pontos (BUENO, 2008). 
A Escala de Ashworth é usada para avaliar a espasticidade de segmentos 
do tônus muscular do paciente. A graduação é de 0 a 4, sendo que o grau 0 indica 
que não há aumento de tônus durante a movimentação passiva e que o grau 4, o 
mais alto, as partes afetadas estão rígidas tanto nos movimentos de flexão quanto 
de extensão (ANDRÉ, 2006). 
A Escala de Oxford é usada para avaliar o grau de eficiência do músculo 
em uma escala que varia entre 0 e 5 (LÁZARO, 2004). 
A Escala Visual Analógica (EVA), avalia a intensidade da dor do paciente. 
É uma linha horizontal de 10 centímetros com as extremidades indicando “ausência 
de dor” e “pior dor possível”, também pode ser determinado em um valor numérico, 
com, numa escala em centímetros. (SBED, 2008) 
 
38 
 
As técnicas que foram aplicadas durante o tratamento foram registradas 
através de fotografias com a máquina digital Sony modelo Cyber-shot DSC – S730. 
 
 
3.4 Procedimentos para coleta de dados 
 
 
Os procedimentos de coleta de dados foram divididos em etapas para 
melhor esclarecimento dos mesmos. A primeira fase foi o encaminhamento do 
projeto para avaliação do Comitê de Ética desta instituição (CEP-UNESC). Após a 
aprovação do comitê, protocolo 70/2009 (Anexo I), foi realizado contatos com os 
pacientes, com os responsáveis pelo local de estudo para agendamentos e 
encontros feitos por via telefone. 
Os pacientes foram convidados para uma reunião onde foi apresentada a 
proposta de pesquisa e também foram coletadas as assinaturas dos Termos de 
Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B). Houve também a orientação aos 
pacientes quanto à coleta de dados, datas e horários que deveriam comparecer aos 
encontros. 
Após estes procedimentos foi iniciada a fase de preparação da coleta, com 
a organização de todos os materiais que foram utilizados para a avaliação dos 
pacientes e organização do local que foi feito o atendimento aos mesmos. 
Em seguida, foi iniciada a coleta propriamente dita dos dados. Foram 
realizadas 10 sessões com duração de quarenta minutos cada. Na primeira sessão, 
foi realizada a avaliação dos pacientes, na Clínica de Fisioterapia da UNESC. Os 
outros 8 (oito) dias seguintes foram tratamentos na piscina terapêutica da UNESC, 
três vezes por semana no período de um mês. 
No 10º dia, foi realizada a reavaliação, com os mesmos procedimentos 
usados na avaliação dos pacientes que concluíram o tratamento para possível 
comparação com a avaliação inicial. 
O protocolo de tratamento foi divido em fases, sendo que a segunda e a 
terceira sessão os exercícios eram feitos de forma passiva e ativa, da quarta até a 
sexta sessão os exercícios já foram feitos de forma isométrica e na sétima e oitava 
sessão os exercícios foram progredidos com alternância rápida de movimentos e 
uso de flutuadores deresistência. 
 
39 
 
3.5 Procedimentos para análise de dados 
 
 
Os dados apresentados durante o tratamento foram comparados com a 
literatura, organizados e agrupados em forma de tabela, gráficos e figuras, 
mostrando os resultados obtidos pelos pacientes após a realização do tratamento, 
para melhor entendimento e compreensão dos efeitos encontrados no final do 
tratamento. Os resultados obtidos durante o estudo e com base na literatura 
pesquisada serão discutidos os resultados do tratamento obtidos através de 
estatísticas descritivas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 
 
 
 No presente capítulo, serão apresentados, analisados e discutidos os dados 
coletados na pesquisa, comparando-os com a literatura utilizada no estudo. 
 
 
4.1 Análise dos casos 
 
 
a) Paciente 1 
 
 Paciente S.R.S, sexo feminino, 53 anos, com hemiplegia no hemicorpo 
direito, apresenta queixa principal de dificuldades para movimentar o braço direito. 
Há 3 anos apresentou AVE e apresenta histórico familiar de AVE. Paciente 
hipertensa fumou durante 30 anos e só parou depois que ocorreu o AVE. Apresenta 
espasticidade grau 3 na escala de Ashworth Modificada no hemicorpo direito. 
 
 
b) Paciente 2 
 
 Paciente J. A. V, sexo masculino, 60 anos, com hemiplegia no hemicorpo 
esquerdo, apresenta queixa principal fraqueza e dificuldades para movimentar a 
mão esquerda. No mês de maio deste ano apresentou AVE e não apresenta 
histórico familiar com a patologia. Apresenta espasticidade grau 2 na escala de 
Ashworth Modificada no hemicorpo esquerdo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
4.2 Análises de dados com relação à Goniometria 
 
 
 Com relação à goniometria do lado acometido (direito), o paciente 1 
apresentou ganho de 10º no movimento de flexão de ombro, 2º em extensão, 6º em 
abdução do ombro, 2º em adução, 5º em flexão da coluna, 1º em extensão da 
coluna e 2º em inclinação lateral, conforme observamos no gráfico I. 
 
Gráfico I. Goniometria Paciente 1 
28
1614
26 22
28
45
68
58
29
50
24
74
68
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Fle
xã
o 
-
 
Om
bro
Ex
ten
sã
o 
-
 
Om
bro
Ab
du
çã
o 
-
 
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ão
 
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Om
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Fle
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o 
-
 
Co
lun
a
Ex
ten
sã
o 
-
 
Co
lun
a
Inc
lina
ção
 
La
ter
al
G
ra
u
s
Antes
Depois
 
Fonte: Dados da pesquisadora, 2009 
 
 A evolução nos movimentos apresentados pelo paciente 1 foi representativa 
pelo número de sessões que foram realizadas, no total 8 sessões. 
 
 O paciente 2 apresentou ganho de 8º no movimento de flexão de ombro, 1º 
em extensão do ombro, 2º em abdução do ombro, 1º em adução do ombro, 3º em 
flexão da coluna, 1º em extensão da coluna e a inclinação lateral não apresentou 
melhora conforme observamos no gráfico 2. 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
Gráfico 2. Goniometria Paciente 2 
130
146
183232
40
56
134
122
18
3333
41
59
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Fle
xã
o 
-
 
Om
bro
Ex
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sã
o 
-
 
Om
bro
Ab
du
çã
o 
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Om
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uç
ão
 
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Om
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Fle
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Co
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a
Ex
ten
sã
o 
-
 
Co
lun
a
Inc
lina
ção
 
La
ter
al
G
ra
u
s
Antes 
Depois
 
Fonte: Dados da pesquisadora, 2009 
 
 As evoluções apresentadas pelo paciente não foram tão representativas 
comparando com a do paciente 1, mesmo tendo grau 2 de espasticidade pela escala 
de Ashworth e tempo de lesão menor que a paciente 1. 
Um dos objetivos que o Bad Ragaz apresenta é o aumento da amplitude de 
movimento do hemicorpo afetado, usando as propriedades físicas da água como 
flutuação, turbulência, pressão hidrostática, tensão superficial e capacidade térmica 
(GAMA, 2004). 
As maiores consequências da espasticidade ocorrem principalmente no 
membro superior. O padrão flexor do membro superior gera deformidade em 
adução, discreta protração da articulação escapuloumeral, flexão dos dedos e 
rotação interna. No entanto o Bad Ragaz atua para que esses déficits influenciados 
pela espasticidade sejam minimizados ou controlados, iniciando o mais cedo 
possível o tratamento (JAKAITIS, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
4.3 Análises dos dados em relação ao Índice de Barthel 
 
 
 Na primeira avaliação do paciente 1, ele apresentou escore do índice de 
Barthel de 77 pontos, o que indicava que o paciente era considerado parcialmente 
dependente, segundo a escala. Após as sessões, o paciente 1 apresentou na 
reavaliação escore de 85 pontos, já sendo considerado independente, apresentando 
uma melhora de sete pontos na avaliação. O paciente 2 apresentou uma pontuação 
de 83 pontos na avaliação, o que já é considerado independente segundo a escala, 
na reavaliação a sua pontuação subiu para 87 pontos como é possível se observar 
no gráfico 3. 
 
Gráfico 3. Índice de Barthel 
77
8385
87
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Pacte 1 Pacte 2
Es
co
re
Antes
Depois
 
Fonte: Dados da pesquisadora, 2009 
 
 
Dos pacientes com sequelas de AVE, entre 30% a 60 % deles relatam um 
persistente comprometimento nos movimentos do membro superior, afirmando não 
conseguir usar o membro afetado nas AVD´s (TREVISAN, 2007). 
Na Fisioterapia Aquática, a flutuabilidade e a turbulência podem ser 
aproveitadas para facilitar funções iniciais, principalmente em membros superiores. 
Os pacientes que apresentam ombro doloroso se beneficiam do desprendimento 
realizado na piscina, pois os movimentos se tornam mais livres e sem dor, fazendo 
com que a motivação do paciente seja bem mais significativa (CAMPION, 2000) 
 
 
44 
 
4.4 Análises de dados em relação ao Protocolo de Desempenho Físico de Fulg-
Meyer 
 
 
 Nesta avaliação, o paciente 1 apresentou escore de 19 pontos no protocolo 
de Fulg-Meyer, na reavaliação apresentou escore de 27 pontos. Uma melhora de 8 
pontos no escore, porém a pontuação máxima do protocolo em MMSS é de 66 
pontos e mesmo com o escore final de 27, o paciente 1 se classifica como nível 
severo na avaliação. 
 
O paciente 2 apresentou na avaliação escore de 48 pontos, na reavaliação a 
pontuação foi de 61. Com essa pontuação o paciente se classifica como nível 
marcante na avaliação, como pode ser observado no gráfico 4. 
 
Gráfico 4. Fugl-Meyer 
19
48
27
61
0
10
20
30
40
50
60
70
Pacte 1 Pacte 2
Es
co
re
Antes
Depois
 
Fonte: Dados da pesquisadora, 2009 
 
 A mais comum consequência de um AVE é a espasticidade, que leva a perda 
da movimentação seletiva, afetando principalmente o membro superior. Conforme a 
extensão da lesão do paciente, ele não realiza de forma isolada a movimentação da 
mão, punho e cotovelos, comprometendo principalmente a realização de 
movimentos finos em membros superiores (JAKAITIS, 2007). 
 Muitos pacientes com sequelas de AVE recuperam a marcha independente, 
mas falham na recuperação do uso funcional do membro superior, este é o efeito 
 
45 
 
mais incapacitante do AVE, sendo uma das condições mais tratadas na Fisioterapia 
(PAGE, 2001; TREVISAN, 2007). 
 
 
4.4 Análises dos dados do teste de Habilidade Motora de Membros Superiores 
(THMMS) 
 
 
 Na avaliação do teste THMMS, o paciente 1 apresentou escore de 7 
pontos na Habilidade em executar os movimentos do teste e na qualidade 
apresentou escore de 4 pontos. Após a reabilitação, apresentou escore de 16 pontos 
na habilidade e na qualidade o escore passou para 10 pontos,como é possível 
observar no gráfico 5. Com o tratamento através do Conceito Bad Ragaz pode-se 
notar que o paciente apresentou uma evolução não só nas habilidades como 
também na qualidade em que os movimentos passaram a ser executados, de uma 
forma mais correta melhorando a sua qualidade de vida. 
 
Gráfico 5. Teste de Habilidade Motora de Membro Superior Paciente 1 
7
4
16
10
0
5
10
15
20
Habilidade Qualidade
Es
co
re Antes
Depois
 
Fonte: Dados da pesquisadora, 2009 
 
 
 O paciente 2 apresentou na avaliação um escore de 43 pontos na habilidade 
e 36 pontos na qualidade em que o movimento é efetuado. Na reavaliação o escore 
passou para 48 pontos na habilidade e 41 pontos na qualidade do movimento 
executado, como é possível observa no gráfico 6. O paciente apresentou uma 
 
46 
 
melhora significativa representado no teste THMMS, porque as maiores dificuldades 
que o paciente apresentava era nos movimentos de punho e dedos, sendo mais 
difícil uma melhora na parte mais distal dos membros superiores. 
 
Gráfico 6. Teste de Habilidade Motora de Membro Supeior Paciente 2 
43
36
48
41
0
10
20
30
40
50
60
Habilidade Qualidade
Es
co
re Antes
Depois
 
Fonte: Dados da pesquisadora, 2009 
 
 A paciente 1 apresenta AVE há 3 anos e procurou a Fisioterapia 7 meses 
depois de ter ocorrido o AVE e possui espasticidade grau 3 segundo a Escala de 
Ashworth Modificada. O paciente 2 apresentou o AVE há cinco meses e depois de 3 
meses procurou a Fisioterapia, apresenta espasticidade grau 2 segundo a escala de 
Ashworth e suas sequelas são mais concentradas na parte distal de membros 
superiores, principalmente em cotovelo e mão, alterando totalmente a motricidade 
fina do paciente. Apesar de a paciente 1 ter procurado a Fisioterapia mais tarde e 
apresentar maior grau de espasticidade do que o paciente 2, ela apresentou maior 
evolução, isso talvez possa ser explicado pela idade, porque o paciente 2 tem 7 a 
mais ou porque as sequelas que o paciente 2 apresenta são mais difíceis de serem 
recuperadas. 
 A hemiplegia ou hemiparesia são os sinais clínicos mais evidentes do AVE, 
apesar de o grau e o tamanho da lesão determinar o grau da função motora, a 
presença de acometimento sensorial soma-se a disfunção motora, fazendo com que 
esses pacientes apresentem problemas na coordenação motora e na força muscular 
(OLIVEIRA, 2009). 
 Devido à neuroplasticidade, que pode começar de um a dois dias após o AVE 
podendo se prolongar por meses, os pacientes podem recuperar algumas 
habilidades que haviam sido perdidas com o AVE (CARDOZO, 2009). 
 
47 
 
4.5 Análise da força muscular segundo a escala de Oxford 
 
 
 O paciente 1 continuou com o mesmo escore de força muscular, sendo o 
escore da paciente 3 pontos e continuando o mesmo no final do tratamento. O 
paciente 2 apresentou melhora na força muscular, passando de 3 pontos para 4 
pontos no final do tratamento. 
 O Bad Ragaz aproveita as propriedades físicas da água permitindo a função 
anatômica e fisiológica normal das articulações e músculos, possibilitando a 
reeducação muscular, fortalecimento, tração/alongamento, relaxamento e inibição do 
tônus (MORAES, 2005). 
 Para ganho de força muscular, pelo Bad Ragaz pode-se conseguir uma 
radiação dos músculos mais fortes para os mais fracos, favorecendo a evolução do 
paciente (BRIGANTE, 2000). 
 As vantagens oferecidas pelo Bad Ragaz como resistência suave, maior 
amplitude de movimento e alternância de velocidades fazem do método uma 
excelente opção para ganho de força muscular (FELIX, 2007). 
 
 
4.6 Análises da dor por meio da escala visual analógica (EVA) 
 
 
 O paciente 1 não apresentava queixas de dor tanto em repouso quanto 
durante a realização dos exercícios. Apenas o paciente número 2 relatava dor e 
desconforto quando dormia e quando realizava alguma atividade acima de 90º de 
flexão de ombro no hemicorpo acometido. No inicio do tratamento, a dor era 
considerada grau 5, (segundo a EVA), após todas as sessões a dor passou a ser 
considerada grau 3 (segundo a EVA). 
 A água aquecida tem a capacidade de diminuir a dor e o espasmo muscular, 
além do mais, a força de flutuação ou empuxo, fornece a sensação de alivio nas 
articulações pela redução da sobrecarga no corpo (FÉLIX, 2007). 
 
 
 
 
48 
 
5 CONCLUSÃO 
 
Após os resultados avaliados, concluiu-se que os objetivos pré-
selecionados foram atingidos durante o estudo. 
AVE é um resultado de uma insuficiência neurológica repentina e 
específica, sendo a principal causa de incapacidades cognitivas e físicas, podendo 
muitas vezes levar ao óbito. 
A hemiplegia é a consequência mais comum de um AVE, e sua 
recuperação depende de alguns fatores como o local e a extensão da lesão, a idade 
do paciente, a neuroplasticidade, motivação do paciente e a realização de 
Fisioterapia. 
Os membros superiores são os mais atingidos em um AVE, adquirindo um 
padrão flexor e limitando principalmente a realização das AVD´s, muitas vezes pela 
perda de movimentos seletivos e discriminativos. Essas sequelas podem levar a 
uma déficit funcional, fraqueza muscular, deficiências de tônus e incapacidades, 
portanto quanto mais cedo for iniciada a Fisioterapia, melhor será o prognóstico 
apresentado pelo paciente. 
A Fisioterapia Aquática é um ótimo recurso de tratamento para pacientes 
com sequelas de AVE, principalmente o Bad Ragaz, pelo fato de estimular a 
atividade aperfeiçoada em específicos padrões de movimentos. 
Entre as principais diferenças entre o tratamento em solo e na água, é 
que na Fisioterapia Aquática, os pacientes são capazes de mover as extremidades 
em maiores amplitudes de movimento, favorecendo o alongamento, fortalecimento, 
reeducação muscular e oferecendo uma resistência proporcional a cada paciente. 
Além de ajudar a elevar a auto-estima, proporcionando um bem estar e maior 
segurança para o paciente durante o tratamento, pelo fato do paciente poder ver 
com clareza quando apresenta uma evolução. 
A dificuldade encontrada para a realização desta pesquisa foi em 
encontrar indivíduos que se enquadrassem nos critérios de inclusão do estudo e 
apresentassem características parecidas no quadro clínico da doença. Devido a 
problemas operacionais o número da amostra foi reduzido e as características dos 
pacientes eram distintas, pois um paciente apresentava mais sequelas em membros 
superiores do que o outro. 
Após a aplicação do Bad Ragaz os pacientes da amostra apresentaram 
 
49 
 
ganho de ADM principalmente nos movimentos de flexão do ombro e abdução. 
Apresentaram evoluções nos escores dos testes específicos realizados, Índice de 
Barthel, THMMS, Fulg-Meyer, indicando evolução durante as realizações das AVD´s. 
Quanto à força muscular, apenas o paciente 2 que apresentava uma 
espasticidade e sequelas mais leves, apresentou melhoras, mesmo com o número 
de sessões sendo considerado pouco para obter grandes evoluções. 
Ambos pacientes relataram estar satisfeitos com o tratamento, além de 
uma melhora na auto-estima e na realização das AVD´s em casa. 
Sugere-se a realização de novas pesquisas com pacientes apresentando 
sequelas de AVE e com o Bad Ragaz, porém com um maior número de sessões e 
com uma amostra maior, principalmente se os pacientes apresentaram quadro 
clínico semelhante, para que possa ser demonstrado e divulgado os benefícios que 
a Fisioterapia Aquática pelo Bad Ragaz pode proporcionar aos pacientes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
50 
 
REFERÊNCIAS 
 
ANDRÉ, Charles. Manual do AVC. 2 edição. Rio de Janeiro: Livraria e Editora 
Revinter, 2006. 
 
 
BARBETTA, Pedro Alberto. Estatística aplicada às ciências sociais.

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