Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Sociais Aplicadas Departamento de Direito Ciência Politica I Brenda Borba dos Santos Neris Professor: Rodrigo Suassuna A teoria das formas de governo Aristóteles 3 BOBBIO, Noberto. A teoria das formas de governo. 10ª ed. Brasília, D.F:UnB, 1998. Cap. III – “Aristóteles”. Aristóteles expôs a teoria clássica das formas de governo em Política. Esta é dividida em oito livros sendo o primeiro referente a origem do Estado, o segundo as críticas as teorias políticas anteriores (com isso também dada por Platão, o qual foi mestre de Aristóteles), o terceiro e quarto trata das classificações de governo, o quinto das mudanças da constituições (abrindo um parênteses para mencionar que no ponto de vista Aristotélico, Constituição e Estado são a mesma coisa. Aristóteles diz que a “a constituição é a estrutura que da ordem à cidade”, além de atender a ideia de que existem diversas constituições como será demostrado mais a frente), o sexto estuda as diferentes formas de democracia e de oligarquia, e os dois livros finais são referentes as melhores formas de constituição. Em Política, Aristóteles formula a teoria das seis formas de governo. Uma teoria simples, de fácil entendimento, a qual é baseada principalmente nos critérios de “quem” e “como” se governa. Nos critérios de “quem” possui-se a monarquia, que por definição é “governo de um só”, porém, Aristóteles trata como “governo bom de um só”, tem-se também a aristocracia, que é o “governo dos melhores”, há também a politia, esta seria uma forma de governo de todos, porém, mais especificadamente, um “governo de muitos” bom. Parte-se então há uma divisão não só mais de “quem”, mas que “como”. Esses governos supracitados são chamados por Aristóteles de governos “bons”, e se para Aristóteles existe a ideia de bom, também existira a ideia de mau. Os governos maus seriam claramente uma oposição direta aos governos bons. Em contradição com a monarquia o autor cita a tirania, forma de governo de um que diferentemente da monarquia não seria um governo bom, em contraste com a aristocracia há a oligarquia, um forma de “governo de poucos”, assim como a aristocracia, porém que não é boa. E por ultimo, em oposição a politia, Aristóteles põe a democracia, normalmente conhecia como “governo de todos”. Desse modo, em síntese, há três formas de governos considerados bons: Monarquia, aristocracia e politia. E há também três formas de governo más, os quais seriam formas degradadas dos governos bons: Tirania, oligarquia e democracia. Esse seria o critério de “como” se governa. Os governos são considerados bons e maus a partir de outro critério dado por Aristóteles, o interesse comum e o interesse pessoal. Os governos bons visam o interesse comum – prática politica, e os governos maus visam o interesse pessoal. Além disso, entre essas formas de governo, Aristóteles cria uma hierarquia. Onde a monarquia seria a melhor forma de governo, e oposta a esta estaria a Tirania, no lugar da pior, da mesma maneira, a aristocracia estaria em segundo lugar e o seu oposto na mesma posição entre as piores formas de governo. A politia seria a que menos se diferenciaria da democracia, sendo estas nem a melhor, nem a pior forma de governo. No entanto, o pensamento aristotélico não se deu apenas com a divisão de seis formas de governo. O filósofo dividiu cada forma de governo em “espécies particulares”. Por exemplo, a monarquia foi subdividida em: monarquia dos tempos heroicos (baseada na hereditariedade), de Esparta (poder supremo), Tiranos eletivos (eleitos por um período ou perpétuo), e a monarquia dos bárbaros. Especificou-se ainda mais a monarquias dos bárbaros em duas categorias. Primeiro a monarquia despótica que possui por características o poder exercido de modo tirânico, porém ainda sim legítimo, pelo fato de ser aceito. A grande diferença dessa forma de governo para a Tirania é explicada pelo fato de que o tirânico governa contra a vontade de povo, o que não acontece nesse caso. O autor se volta então a uma explicação mais detalhada do que seria a politia. Esta forma deveria ter em vista o interesse comum, todavia a explicação de Aristóteles para esse termo, não se faz dessa maneira. A politia, para o filosofo, seria uma mistura de oligarquia e democracia. Porém, viu-se no principio do texto que a oligarquia e a democracia seriam formas más de governo, desse modo, o autor chegou a conclusão de que se duas formas más, chegam a uma forma boa, este tipo de governo não existiria na pratica, fazendo parte apenas do ideário de Aristóteles. Por conseguinte, há uma distinção entre a oligarquia e a democracia por um critério qualitativo ao invés de um quantitativo, assim sendo, a oligarquia é o governo dos ricos, e a democracia o governo dos pobres, pois por via de regra, os pobres são mais numerosos. Consequentemente, a fusão da oligarquia e da democracia, seria a união entre ricos e pobres, e o regime conseguinte desta fusão, levaria a mais assegurada “paz social”, e o fim da “luta dos que não possuem contra dos proprietários”. Tem- se então, três meio de se promover essa fusão: Conciliando procedimentos que seriam incompatíveis: no sistema oligárquico, há uma penalização aos ricos que não participam da atividade politica, caso que não ocorre na democracia, porém nos dois casos não há nenhuma premiação à participação dos pobres. A solução aristotélica para este fato seria penalizar os ricos não participante e premiar os pobres participante. Adotando-se um “meio termo” entre as disposições extremas dos dois regimes: Do mesmo modo que não governo oligárquico, somente os ricos que possuem renda bem elevada podem votar, o oposto é concebido pelo governo democrático, ou seja, qualquer um, inclusive não proprietário de terras, poderia votar. A solução de Aristóteles para o caso é a diminuição da renda limite imposta pela oligarquia. Recolhendo-se o melhor dos dois sistemas legis lativos: nas oligarquias a condição de eleição é a rende elevada, na democracia o sorteio. Para Aristóteles a melhor resolução do problema é conservar as eleições porem retirar a condição de renda. O autor finaliza o capitulo, da crença aristotélica no “meio-termo”, demonstrando com citações do filosofo, que os melhores governados são os indivíduos de classe media, pois estes tendem a se rebelar menos e estes provem de um mistura, desse modo, são mais estáveis, e a estabilidade é que torna um bom governo. A teoria das formas de governo Políbio 4 BOBBIO, Noberto. A teoria das formas de governo. 10ª ed. Brasília, D.F:UnB, 1998. Cap. IV – “Políbio”. Políbio é dono da terceira obra fundamental para a teoria das formas de governo: História. Políbio era um historiador, e foi o escritor da primeira grande história de Roma. No Livro VI o historiador se limita a fazer uma exposição detalhada da constituição romana, descrevendo as diversas funções públicas. Para Políbio, o sucesso ou fracasso de todas as ações tem como explicação a constituição de um povo. Antes de consideração a constituição romana, Políbio tece três teses: a de que existem seis formas de governo (três boas e três más); a um ciclo infinito onde uma forma de governo sucede a outra; e por ultimo, além das seis formas de governo, há uma sétima, que seria a melhor de todas as três, como uma união das três melhores (que ele irá exemplificar como a forma de governo romana). Com a primeira tese Políbio retorna ao classicismo das formas de governo, com a segunda o ciclismo exposto por Platão, e sua última tese concorda com a teoria do governo misto de Aristóteles. A primeira tese de Políbio se difere de Aristóteles, por este usar democracia num conceito positivo, ou seja, como um governo bom, e no lugar da democracia de Aristóteles, o historiador usa “oclocracia”. Diferentemente de Aristóteles, os critérios de Políbio se voltam mais a O Político de Platão. Sendo os critérios dois: o paradoxo entreo governo da força e o governo do consenso, e o governo ilegal e o legal. Em seguida o autor demonstra a teoria dos ciclos apresentada de forma cronológica por Políbio. O ciclo das formas de governo se daria pela seguinte ordem cronológica: monarquia, tirania, aristocracia, oligarquia, democracia e oclocracia. Deve-se ter em mente a tendência degenerativa da teoria de Políbio. Um governo só se ergue pela ‘falência’ de outro, sendo este pior do que o anterior, sendo, no entanto uma alternância entre governos bons e maus. O autor faz também uma observação quanto à naturalidade em que a ordem se segue para Políbio, é quase como uma premeditação de que é certo algo ocorrer. Seria natural aos governos serem “transformados” em outros. Para Políbio os governos “bons” também seriam considerados “maus”, pois teriam constituições retas, e estas são instáveis. A melhor solução é o governo misto, que não possui uma constituição simples e uniforme. O governo “misto” defendido por Políbio seria a combinação das três formas clássicas de governo, tem-se então a monarquia – um rei, sendo controlado pelo povo – democracia, que por sua vez é controlado pelo senado – aristocracia. Ainda sim, porém, tanto o autor quando Políbio não consideram o governo misto uma forma estável para sempre, no entanto, as mudanças provindas dos governos mistos serão mais graduais dos que as dos governos “retos”.
Compartilhar