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o tempo das catedrais - georges duby

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o 'TEMPO
DAS CATEDRAIS
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I
A,;Arte f a Sqciedad~
I
980-1420
Eri~~do <Ie armas, ~oura~ado, 0 Ocid~nte do seculo X:i vjve em temor
Como nao haveda de tremer pel ante a n~tureza, desconhecida, assus-
tadora? Nao se enconha nos textos qualquer sinal certo duma vaga de
tenor que tivesse desabado bruscamente no ano mil.. Pelo menos, e
mais claro que certos cristaos esperaIam com inquieta~ao 0 milenio da
Pa,ixao, no ana 1033" 0 aniveIsalio da morte de Deus ~ontava mais do
qU'e <> do nascimento, numa cultura que'tanto valoI"dava a lembI~n~a
dos de.funtos e a visita aos tumulos:, Eesta data que, ~mi.sua hist6ria,
RilU1Glaber mostla prece'dida por,todo urn cortejo de prodigios: «Acre-
ditava-se que a ordeTIa~ao das' esta.;:6es e dos elementos, que reinava desde
o pIincfpio dos s6culos, retomara para semple ao caci~ e que era o! fim
dc(hoinerp,>) Sabe-'se, ~m todo 0 caso,que' ondas de telIO! percort'iam
del longe em longe urn povo vulneravel, brotavam aqui, propagavam-se
a16m e suscitavam migra.;:i5es desordenadas; 'arrastando POI vezes aldeias
inteilas pala uma aventura se~ saida !
P Na origem destes abalos e desta ansiedade reside it espera do] fim
Ms;tetppos, ,«'Omundo envelhece»; f6rmula banal no pidmbulo das c~ltas
cicii1doa9il.oMas todos 'dese)<i:iiam"pr:ever,oriiqmento'da : tormental em
.qu'e' se'abism'ara'o' u'niveIso;;Os,sabio's pr:escr'utam, ,:come'sse fim" a Esed,
! - .' ;••.::-n·4'·.····':.:i .• · ~~;.~ •.•. ~...(••. ,..'\ ...• , •.• ';." '. "';'.: ,,··il····,; -~','."•.'~'•., -:,~"'" .;~:.•' .. 'f I.,' ,-,. ' •...• ,,<ro••• '1 'It '. ',' (~., ~ \:"', .• '.- .I~;;,~~tl;igm1tml~gir&~~§~~~&~~~~~~~[~~i{air~s~::~~~d~~fd:~~1M;~llbi6f~~~'
••• ·-;'F :" ·~~~•.-...r;; •.1_'·\~·#··\~'I;il '.' ;'~ ..•..;L-:" ~ •.~~).}>-.':.~".J;;' ·.: ..,t:···~ji~;R·~'.l:..;.~'~,{V,.;,.~~1\'.; ,-.J."J'. I~:>H},I; ri,._~·\r. ~i' ".1'1' g < j', .
'IE': extremldades ~aa',terra ~«quando "os 'mIl anos ;torem ',cumpndos»','!Soble Jesta
)~i~I,~p~b'di91i0":se~:b\a~eifarri~6s'~pa'dres'!que-'7.~orriri~ado;ndcrls6cui6~x,,:u'i~ga\;ai'n"l;
,::';?l':';«a~~\;p(h)~;~'lntirii~~*igreT~~;\ie"!p'~rfS;'~q{[e':6~~Xnticd~t(WSbbrcivjiill/ii~:..fiUl 'do ,;
,~:{:i~~~:mii~e'~qte:~:t,filfU;~~efaP~i~iltIO'g;j'\ 'a':',~'i~gi1ii,»t?~T6dlivia';~hl'uitotho'~e~s~,
'~l\'~"'~t"'t:~ '.•<ntii.":jl' ~", ...•~ '("·.·~··.'tr-·~'~-'P-;·7~..,.','j.r·!--·t..,·,·J:') •.,,~.t.-'".,·.· "''t.;'':;J''~kf~''l,'·\~~r.·.~....•\ ~~,:.~. I .
, 'i' ," da~'IgreJa"combatIam~'esta",asser~1l.o:;,afl1mando;'rpelo:contnino, que' (: cen··
, 'stitA,;;;'i !~qt'er~~Yf~~'atlg~tegr.~do:iat:,D'eu~-\~:1~ue:,rt[b':-p');aenee'fRo ":h~~em
; "'di~riha:?:\(?dl~~e~ia\~!h'o~a~v4Nd~iEv~ng~ihgln"~o:f:s~~{~'z~:'m'e'N9ao';ldtlmn \::datii '
;kX~i/!l~~~~~~(~~~~!~T,~rW'!;{G~~~1!~1~~~rlf~~~f:0!',i
de tena aqui e alem; e isto sela 0 plinciplO dos soflimentos» E entao
que impOItala estal' pronto para enfrentar 0 I'Osto deslumbrante de Cristo
que desce do ceu para juIgar' os vivos e os inortos Ansiosamente; 0
Ociderite do niilenio espreitava estes' prinieiros 'sintomas' '
Que sabia ele das estruturas do mundo criado? Via girarem r'egular-
mente as estrelas, regressarem as alvOladas e as primaveras, e todos os
seres nascerem e mOll'erem 1inha consciencia duma ordem instaurada
~;:.,\, por Deus, a ordem substancial com que estiio de acordo os mums das
~\~~,igrejas lomanicas e que os seus construtOles se aplicaram a significar
J..~j" Mas acontecia serem transtOlnados esses ritmos, Viam-se meteoros, come·
tas cuja traject6ria nao acompanhava 0 movimento circular do.s astros,
Do mar swgiam monstros -, como a baleia «que apareceu numa manha
de NovembI'O, ao alvorecei, semelhante a uma Uha, e foi vista continual
a sua wta ate a tezceira hOla do dia» Que pensar das calamictades, das
tOlmentas intempestivas, das erupc;:6es vulcanicas ou daquele dragao que
muitos homens ateuados ViIam no ceu da GaIia, num sabado a noite
antes do Natal, «dirigindo-se para 0 sui, lanc;:ando feixes de relampagos»?
Alterac;:6es no fogo, na agua, no ceu, nas profundidades da terra: a des ..
crir;:ao de tais anomalias forma a materia pdncipal das clonicas que os
manges entao redigiram Tinham a cuidado de registar a lembranya delas
pOI'que esses acontecimentos formavam a seus olhos uma rede de' indIcios
susceptfveis de, urn dia, iluminar 0 destino do homem, Para eles, elam
pl'essagios, Durante 0 eclipse de 1033, os homens viram-se palidos como
mortos: «urn pavor imenso enta~ se apoderou da sua alma: este espec-
taculo, compreendiam-no bern, anunciava que urn desastre lamentavel
ia cair sobre a humanidade» A prop6sito dum corneta, 0 monge Raul
Glaber intenoga-se: «Quanto a saber se era uma estrela nova que Deus
enviara ou urn astro de que ele simplesmente reforr;ara 0 brilho para
manifestar urn pressagio, e coisa que s6 pertence aquele cuja sabedor fa
regula todas as eoisas me/hor do queninguem saberi a dizer Todavia,o celto e que de cada vez que os homens veem produzitse no mundo
um prodlgio desta natureza, poueo depois cai sobre eIes qualquer coisa
de surpreendente e de terrJveI.l) Porque no pensamento selvagem que
dominava todas as consciencias, e mesmo as dos mais sabios, 0 universo
apresenta -se como uma especie de floresta misteriosa a que ninguem
pode dar a volta, PUla 0 penetrar, para nos defender'ffios dos pedgos
que contem, devemos comportal-nos como fazem os cac;:adores, seguir
pistas sinuosas, confiar em rastos e deiicar-nos guial poi urn 'jogo de .coin-
cid8ncias il6gicas A ordem do mundo repousa sobre urn tecido de lac;:os
tenues penetrado de influxos magicos Tudo 0 que os sentidos percebem
e sinal: a palavl a, 0 rUrdo, 0 gesto, 0 reltimpago E e desenredando pacien-
temente 0 novelo complexo destes simbolos que 0 'homem conse'gue pro ..
gredir pouco a pouco,' mover-se na mata espessa onde a' natureza 0
aprisiona
Osprodiiios nascem no cOI'a~o do misterio, 0 essencia,l e. disceix:.ir
quem os susciia entre as forc;:asam?fguas, ocultas so~ as aparenclas, Ser'ao
as potencias sataT!icas, aque~as\,~tl:~odos senten1 agltarer;:-s.e sob a terTa
e' nos 'silvados, pI'ontas it saltai,' e que a decorar;ao romaruca ~epresenta
como criatmas bestiais, com alguma coisa da mulher' e do repttl? «Quem
nlio sabe que as guerras, os fmac6es, as mortalidades, todos os m~l~s,
em verdade, que se abatem sobre 0 genero humane, chegam pelo mIlllS-
terio dos deri16nios?» A evangelizar;:ao envolvera as Crenr;as profundas
do sec~lo XI num certo numer:o de irnagens e de formulas, mas nao
vencera verdadeiramente as representac;:6es mentais onde a fe instintiva do
povo procurava desde sempr~ a explicar;ao do inconhecivei Esses. mitos,
construfdos sobre a oposir;:ao da noite e do dia, da morte e da VIda, da
carne e do esphito, mostravam 0 universo como urn. ca,mpo fechado, 0
de um duelo entIe 0 bem e 0 mal, entle Deus e os exercltos rebeides qu~
negam a sua ordem e a confundem- Levavam a recon,h~cer nas cala.ml-
dades, fractums dos ritmos costumeiros, as der~'otas da,s forr;:as ~enetlca~
e vit6rias de Satanas, do Inimigo, que urn anJo mantlvera ~aptlvo «ate
que os mil anos fossem passados», mas que agora se :ibertava, que atacava
e Ievava a toda a parte a confusao, como os cavaleuos saqueadores galo-
pando pelos campos e alruinando as messes prome:ida~ .
Mas POl' que nao pensar, em oposir;ao, que tats smats sac lanr;ado!\
pelo proprio Deus? POI um Deus violento, pronto a inflamar'se de, c6lera,
como fazem os reis da tena quando se sentem trafdos ou d~saflados, e
que no entanto nao deixa de amal os seus filhos e quer advertI-los, po-l os
em guarda, que recusa feli-Ios imprevistamente e quer ~ar,.lhes urn pr~zo
para que se preparem pala os seus golpes mais. terrfvels 0 ho~em Vlve
esmagndo sob 0 podel divino, mas deve contlOuar.a ser conflante 0
crindor deu-Ihe olhos para vel', ouvidos para oliviI'. Fala-lhe, como Jes~s
falava aos disclpulos, pOI parabolas Usa de metUfolas O,b~CUI~S,cUJO
sentido escondido compete ao cristao penetrar, Pelas mOdl.ftcar;oes con-
ccrtadas que introduz na ordem c6smica, Deus faz a humantdade a. gr~r;a
de a desperlaI Celtas vozes ameal;adOlas agcm como um~ pltr;reUa
repreensao Taotos flagelos que feriam os campos do ana mIl, a tnun-
dac;:ao, a gueua, a peste ou a fome, desenvolviam--se natur~lmen,te n~m~
civiIiza~1iodesarrriada per ante os desvios do cIima, us agressoes ~loI6~lcas,
e absolutamente incapaz de reprimir as explos6es da sua pr~pna palXao
Inexplicaveis, conslderavam-nas sinais anunciadores do di~ d~ Ira, as adver-
tenciasde que fala 0 Ev'angelho de ~ateus Logo, por mcttac;:5es a fazer
penit~n~~~io' que tudo 0 qu~ permit~ coi1heC,er.~,espfrito do seculo XI
vem dc' tex'tos que foram' escritos nos mostetros,Estes testemunhos sac
pois influenciado,s por uma, etica part.icular: ,ema~all1. ~() ho~ens que. a
,voca~fici inclina~a no pe'ssi~ismo ~ a sltuar na I~nu.ncI~ t~dos o~ m,~del()s:
. : da 'sua'conduta Os mongesexoltavam naturalm~nte a,pI1ya~oes, que eles
propriosse tinh~m' consentido, e os prod!gios que relatav~m trazialIl un;
~ ,.~.. ~.:.~'l~,:!",;,;,~",: .. ;,:,:,:.': .~.? ," , I. \. i '1.'
J~~l~;r::i~~,;\:,\h~;;:[Ji;;:ii(;'1~(i,;i;,};,;\C?' .i ;':. ,,/ ,,{ ; ;~'l~I,;,'•.', .::.
reforco aos seus discUlsOS Deus manifesta que esta initado Veem-se mul-.
. tiplicar os prenuncios dum regresso iminente do Cristo 'vingador, Pala
> entI"ar na sala do banquete onde 0 seu Rei vai introduii.la, a humanidade/
deve vestir a pressa 0 trajo nupcial; ai de quem nao se tiver adomado:
com ele Que todos pensem pais em lavar-se das suas maculas e, pela
l'enuncia volunfaria aos prazeres do mundo, desarmar a braco do 10do-
-Poderoso, Assim, e cvidente que as grandes reunioes de povo, que na
G{ilia do SuI obraram para estabelecer a paz de Deus, foram assembleias
de penitencia colectiva Na AquiUinia, 0 mal dos ardentes grassava; ele
manifestava a impaciencia divina; trouxeram-se, para limoges, «solene-
mente de todas as partes, os .cOIPOSe as relfquias dos santos; tirou-se do
seu sepulc]'o 0 corpo de S Marcial, patrono da Galia; 0 mundo foi entao
penetrado POl' uma grande alegria, e 0 mal, pOI toda a parte, cessou as
suas devastacoes, enquanto 0 duque e os grandes concluiam juntos um
pacto de paz e de justir;a>} 0 re,stabelecimento da concordia desempe-
nhava 0 seu papel no movimento de ascese que as sinais precursol es do
Ultimo Dia estimulavam Nilo ordenavam os juramentos pela paz de Deus
que se renunciasse as alegrias do combate? No mesmo momenta em que
propunha aos cavaleiros, como penitencia mais apropriada ao seu estado,
a abstinencia pedodica que e a tregua, a Igreja refor-cava as instrucoes
do jejum. Comecava a considerar que os seus padres, modelos de vida
crista, tinham de dal 0 exemplo da pobreza, da castidade, renunciar ao
luxo cavaleiresco e despedir as suas concubinas, isto e, viver como monges
Para acalmar a c61era de Deus, para se plepararem pala a Pal usia que
se sentia proxima, era predso extirpar os fermentos de pecado e, por
consequencia, respeital melhor as ploibicoes fundamentais Satamls man-
tern os seus escravos plisioneiros par meio de quatm cobicas. Sedu-los
pela came, pela gueIIa, pelo ouro e pela mulhel Que as homens, cujo
julgamento se plepara, saibam repelir estas tentac5es Or?, renunciar ~s
riquezas, depar as armas, viver na continencia, jejuar, faziam-no as mon-
ges desde ha seculos 0 que a Igreja passou a recomendar desde entao
a todo 0 pavo cristao, foi que as imitasse, que se impusesse as mesmas
regras de pobreza, de castidade, de paz e de abstinencia, e que voltasse
as costas como eles a tudo 0 que no mundo {; carnal Para a Jerusalem
nova, 0 genero humano, enfim todo ele convertido, poderia caminhar
entao com seguranca.
Pelsuadido pelo seu clero da iminencia do fim dos tempos, 0 seculo XI
colacou 0 seu ideal- aqueJe que as obras de arte tiveram por missao
representar ,- nos proprios princfpios do monaquismo. No seio dos grandes
espacos mal desblavados, entre popu]acoes cUIvadas ao peso da sua mlseda
e que os espasmos duma ansiedade latente agitavam, erguiam·se ao lado
dos castelos, onde velavam os soldados do seculo, outIas fortalezas, lugales
de asilo e de esperanca,e 0 assalto dos exercitos demoniacos quebrava-se
contI a as suasdefesas Bram os mosteiros A cidade terrestre, pensava-se,
assenta sobre duas' colunas E defendida pol' duas milfcias associadas: a
ordem dos que-usam as armas e a ordem dos que oram ao Eterno. Ma~
onde se' podera OJal melhor do que nos refugios de pureza que as muralhas
do claustro' profegem?Em todas as abadias do Oeidente', multidoes de
Abel ofereciam ao Senhol os unicos sacrificios que the elam verdadeil a-
mente agradaveis. Mais do {].ue os reis de.caidos da Europa, mais do que
os bispos e os padres, tinham 0 poder de desarmal a ira do Senhor Bram
os mestres do sagrado, A cavalada acampava no meio da cristandade
latina e mantinha-a fiImemente sob a sua fOIca Todavia,' no dominio
do espirito, no imenso dominie da angustia e dos terrores religiosos - no
dominio, portanto, da criaCao artistica - era aos monges que pertencia
entao 0 pIeno imperio
Uma sociedade que tanto valor dava as fOlmulas e :'aos gestos e que
o invisivel fazia tr-emei' pl'ecisava de ritos pala repelir as medos e para
estabelecer Iigacoes com as forcas sobrenaturais: precisava dos sacramento:>
e, pOl' consequencia, dos padres Mais necessarias ainda, no entanto, lhe
pareciam sem duvida as oracoes·, cujo .canto continuo se elevava como 0
fumo do incenso para 0 trono de Deus como uma ofe-renda permanente,
urn IouVOl e a implor acao da sua clemencia PI ecisava POItanto dos
monges
A primeira missilo destes consistia em lezar pal ela. Nesse tempo,
o individuo nao contava, perdia-3e no seio dum grupo onde as iniciativas
de cada urn se fundiam imediatamente em acr;oes e responsabilidade
comuns, Do mesmo modo que a vinganca duma famflia ela feita de
concerto POI toda a Iinhagem reunida e que as desfonas atingiam nao s6
o agl essor, mas todos as do seu parentesco, assim todo 0 poVO ~Iistao se
seotia solidario per ante a mal e perante Deus, ma.culado pelo cnme deste
ou daquele dos seus membr-os, purificado pelas abstinencias de alguns A
maior parte dos homens considenivam·,se demasiado fracos ou demasia~o
ignaros para se salvarem a sl propdos Pelo menos esperavam a seu propllo
resgate dum sacriffcio consentido par outros, de que aproveitaria a
comunidade inteil'a e que se reflectiria sobre todos, Estes agentes de
redenciio colectiva eram os monges 0 mosteiro intervinha como urn
argao de compensar;iio espititual Captava 0 perdiio divino e distribuia·o
em seu redor Sem duvlda os manges eram os primeiros a tirar pIOveito
dos seus pr6prios meritos Garihava~ par a si propdos e~ primeilO lugar
o feudo invisivel que I'ecompensaria no ceu os seus seIVIC;OS.Outros que
nao eles, no entento, participavam em tais gra~as, e tanto mais lal gamente
quanto'mais se situassem nU1}1aproximi~ade estleita em relac;ao il. cornu··
nidacle' monastica, Os manges t"rabalhavam pdmeiramente para a salvar;ao
dos seus parentes segundo a carne~ POI' isso a oblac;ao dectiancas, colo-·
cadas n.uma abadia afim' de qtietoda a sua 'vida OIassem pelos irmaos que
tinham fica do no seculo,' . . .tao espalhado nasfamilias
,~i\',~:';~"j',\; ;;,i~' : ;;}"i:;/~~Y~:'r::"!;;~r;r~:~~!fl?;~~.t,~~:;~1~~!f.~.;7",:,',;,•.1.~~Z.~t\J'.n,;}~;~~,!~,f
l:\~~·:\>l':~~:~ !. '
!irlw',{!; :'
;, nobles .Os monges trabalhavam em,seguida paia' a salvas:ao dosseiis ",
iHnaos segundo 0 espirito:'-, e numerosos laicos se ligavam, para iss6 a uin:/
mosteiro, pela doas:ao dos' seus corpas, pela, homenagemvassalica I,OU ':;"
introduzindo-se numa lias associa~5es de preces cuja rec!e se desenvolvia "
em ledorde cada santuario Os'monges tlabalhavam fimilmente para a
salva<;ao dos benfeitores - 0 que fazia afluir as esmolas as suas maos.
Estas laz5es fizeram multiplicar POl' toda a parte os mosteiros (mosteiros
de homens: existiam POllCOScOilventos de monjas nesta cuItura masculina
que ainda punha a quesUio; tern as mulheres alma?)' e foram elas qU~ os
tomaram tao prosperos Esta fun<;ao primordial justificava tambem. a
afectas:ao duma parte impOItante dos rendimentos moniisticos a empreendi-
mentos de decora<;ao Porque nao se louva 0 Senhor somente com orac;:5es,
mas pela oferenda da beleza, por ornamentos, pela 01dena<;ao arquitectulal
mais apropriada para figurar a omnipotencia dum Deus eterno .. 0 recuo
do poder monarquico e os movirnentos da sociedade transferilam pOItanto
para as abadias as antigas missoes reais de consagrac;:ao e todas as molas da
criac;:ao artistica Foram as fun<;oes liturgicas que os monges desempe-
nhavam para 0 coniunto do povo que suscitaram no se.culo XI a fJorac;:ao
da al te sacra
Em segundo lugar, os mosteiros tinham-se tornado conservatorios de
reliquias: nenhum laico teria ousado guardar em sua posse os restos dos
COIPOSsantos, essas ossadas providas de poderes tao fOlmidaveis e por
quem 0 misterio estabelecia a sua presenc;:a no seio do universo vjslvel
S6 ao rei competia possuf-Jos, ou entao a homens purissimos As
comunidades de padres que de gela~ao em gera~ao veiavam pelos reli-
carios, mas que se iam abandonando aos costumes do seculo, tinham sido
progressivamente substitufdas pO! comunidades de monges Todos os
mosteiros er'am plOpriedadc dum santo que nao pelmitia que neles se
tocasse e que lanc;:ava 0 fogo de Deus sobre os violadores dos se·us
direitos Ai tinha Icsidencia corpolalmente pelos vestfgios da sua existencia
terlestre Era junto das suas rcHquias que convinha plcstal,·lhe home ..
nagcm, solicitar 0 seu socono nas plovac;:oes, em tal ou tal doen<;a cuio
curso cle govclOa au na espela da morte, A maior palte das abadias
erguiam·sc sobre a sepultura dum mar LiI: ou dum evangelizador, dum
desscs her6is das lutas contra 0 mal e as trcvas Soble um tumulo Sobre.,
tumulos Em Saint-Germain d'AuxeIIe, <<oapequena igieia, contavillll-se,!:
vinte e dois altaiesl>~ e Raul Glabel, que pos em OIdem os epitWos dos ,)'
santos, «ornou da mesma maneil a os sermlcros de algumas i:eligiosas' perso~,~
nagenSl> Ordenadores do curto das reHquias que se' desenlolava' ~~ re'4or,:'\'
dos sarc6fagos, os manges serviam de intermediarIos necessfuiosentre '0,1
mundo subtet rll.~eo dos' m~rtos e 0 da vid~ tellestie Tal e;'il. asu~: ouint';
fun<;ao essencial, que marcou plofundamente as formas ait!stiCas'::Imp6r~!,;
tava .com efeito dispor em redO! das reHquias ornamentos'dig~os das s.IHi;;':
virtudes Foi tambem POt que' se conyer teu n'um 'relicario'que, 'a'igreja:~
" ,,: 68 '" ',':,;/'.f;i~~i{i~
,f~I{I~ W~~C~~/~!t~~~~~~:~t{~?;~~?:'(:~'~1~~,'~r'l~).: ':~"j,' .. ~';.'
./~'<:1~;\'.:~::)::ffi.\~~:~·:\:~:<:';:f';:''':I': :!,~,:~',; ,,' •
moniistica se cobriu ent~o de esplendores, E esta d~coras:ao, aplicad.a aos
despojos ;dos'saritos,' aparen1p.va-se natUIalmente com, a arte funer{lI1a
.' A~atens:8.o:que: a;cF!stll.ridade~~s~culo XI da ••~ a morte; trad~z , a
vit6riei' ci~"cleri~as',lindas :do"fundo do. povo, que os tr'JUufos do feud,alismo
reVigOIalam, 'que as impuseram "8.gente da Igleia, elevando-as asslm a;e
aos nfveis' superiores da cultura onde de novo encontraram ex~ressao
s6lida As lendas que constituem a trama ctas can90es de gesta gelmrnaram
todas pelto de necr6poleS,' nos Alyscamps d'Arles, em V~z:Iay sob:e 0
tumuI6 de Giralt de Roussillon, numa altura ern que se modlfl.cava 0 IItual
cristao dos funerais. Este, ailtigamente, confiava muito ~impl~s:nente a
miseric6rdia do Senhor a despojo do pecador A;, cavalana eXlgI~ ag~ra
dos padres que intelviessem -para sacralizar 0 cad~ver,. Nas cenm6mas
fUnebres introduziram-se nessa epoca as gestos do rncensamento, as f6r-
mulas da absolyicao, pela qual 0 sacerd6cio afitmava 0 seu pod:r de
perdoar ele pr6prio as faltas Para 0 corpo defunto, ate.que ressu~cI~asse,
nenhuma morada pare cia mais pmpfcia a salvac;:aodo que a PIOXlffilda?e
dos reIicarios a vizinhanc;:a do com onde a orac;:ao, ao longo de todo dla,
era lan<;ada ~ara 0 Deus-juiz, Os maiores prfncipes alcanc;:avam fazer-se
entenar no proprio interior das igrejas monasticas Em redo:' destas
alargaram-se imensos cemiterios, onde as melhores lugar'es, e mals car os,
confinavam com 0 mum do santuario Sobre estas sepulturas, a comu-
nidadc denamava as benesses dum servic;:o funerario cuia clescente
amplidao invadia as litul'gias Dia apos dia, lia-se n~ necrol6gio ,0 nome
daqueles, cada vez em maior numero" pO'r quem :a ser especmlmente
cantado 0 ofielo Enfim, 0 mosteiro acolhia os monbundos Espalhou-se
no seculo XI a habito, entre os cavaleiros do Ocidente, d~ se «COnV~I-
terem», de mudarem a sua vida no Ieito de morte e revestl~'em 0 ha~lto
de S .. Bento Na hOIa da mOlte, agrcgavam-se a grande familia monastlca,
a essa Jinhagem espiritual que nao deveria extinguil'-se nunca, que, como
todos os parentescos, se preocupava com a salvas:ao dos seus, defuntos e
que olalia por eles em tad os os steulos dos seclllos ~o dla do J~f~o
Final alinhado entre os seus irmaos monges, 0 lessuscltado consegulrla
talve~ esconder aos olhos do Etel no uma tunica menos branca do, que
esturiam as deles Porque foram concebidas como tumulos coJectIvos,
po\que se via nclas uma passagem intelmedia entle as espessulas da terra
c 0 esplendor do ceu, as abaciriis ador oar am -se com todas as belezas do
IDundq
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defendidas, cheias de riquezas,' as' abadias haviam sido saqueadas, incen-
diadus pelos bandos nOlmandos, sarracenos e hungaws, e os monges
tinham fugido em desordem, Rompendo contra vontade a clausUIa,
encontraram-se brutalmente mergulhados no imperio do Maligno, ab'an-
donados sem defesa as tenta~5es do seculo ' A maior parte reagrupou-se
nas provfncias tefilgios, menos expostas as agress5es pagas, Ap6s uma
longa eufmcia, a comunidade de NoilmoutieI, fugindo' cada vez mais para
diante a frente dos Vikings, acabara POl' transferir para Toumus, no
Saone, as leliquias do seu' santo padroeiro, S, FiJiberto, Pade enta~
erguer nesse Jugal' calmo urn dos mais belos ediffcios'da nova aIte, Mas
entao os mosteiros CUIvavam"se so.b urn outro jugo, 0 do feudaIismo,
Os reis que antigainente os protegiam deixavam-nos escapar das maos
No ana mil, na "diocese de Noyon, situada embo;a muito pelto das
residencias dosCapetos, 0 rei de Fran9a s6 mantinha sob a sua protec~ao
uma das sete abadias; todas as outras tinham passado para 0 padroado
dos senhores que exerciam localmente, a titulo privado, os poderes de
justi9a, POI' outro Iado, multiplas linhagens nobres, de pzincipes mas
tambem de caste15es menoles, fundaram nessa epoca mosteiros para bene-
ficiarem das suas ora90es, para af porem alguns dos fiIhos, para a{
enterrarem os seus mortos, Cada um deles considefava essa casa como seu
bem pr6priei, e a sOlte comum dos leligiosos veio a sel, bem depressa,
dependerem, como os camponeses rendeiros, como os escravos domesricos,
dum pat! im6nio familiar Viviam na submissao a urn amo que por vezes as
maltratava e explorava sem vergonha A Venera9ao dos fieis, as oferendas
depostas junto dos lelicarios s6 a clc aproveitavam, Acontecia muitas vezes
delapidar os bens do altar, alimentar com eles as mamhas e as mulheres
e reduzir os Crades a viverem miseramente com 0 pouco que Ihes deixava
No mclhor caso, tin ham os monges de consentir ceder em feudo aos
cavaleilos do sell patrono uma Iarga parte do seu dominio Por m,'s
independente que fosse, todo 0 abade, todo 0 pdor el'a obligado a
plcitear contra os nobres da vizinhan~a que contestavam os diteitos do
santo I inhade fazel guerr a contr a eIes Esta posi9ao entre as tur bu-,
lencias feudais engendrava a desordem, os relaxamentos, Como aplicar a
legm, fazel respeitar a clausura, pOllpar aos religiosos as maculas do
sangue vcrtido nos combates, do ouro e da carne? E como mante-Ios
instrufdos?
Logo que 0 Ocidente escapou aos lumultos e aos desastres, os senhorcs
tinharn-se dedicado, como tare fa mais urgente, a reslaurar os 6rgaos da
olac;iio colectiva A iniciativa viera de certos pIlncipesVotadosa velhice,
preocupados com conciliar amigos, no ceu" esforc;avam~se 'por fazer
rcgrcssar 11 regra os mosleilos fundados peIos antepassados OU os que
tinham subtlafdo ao padroado dos reis Este primeiro movimento de
reforma comc9ara muito cedo, nos ptimeiros anos do seculo X Eneon'
tt3.va-se em pleno avan90 em 980; celca de 1130, atingidos todos os seus
objectivos, termina As fun90es pI imordiais assumidas pelas comunidades
{t~~~~1~'f:Jiff:Z~~,~1;~f\:~:~:~1/?/r:;:\Y:;::-\;~<;ir::}:,.;,
"
. . 'da hist6ria crista explicam que 0 espirito r~foI-
monastlcas neste peuodo ',',' '. .' 'badias A Igreja secular flcou
mador se tenha desenvolvido pnme:I? n~s a. "t' 'aI' '0 ,que fez com, " ;. "1' XII pnslOnella no empOl" ,
ate ao prlnCtplO do seClIa , , b" ' pol' toda a parte os monges
, d' t ssem aos lSPOSeque os abades se a Ian a , torque os selvi~os que prestavam
triunfassem, Porque eram malS san os,r~ d Antes de 1130, os maiores
u Deus ganhavam c1alam~nte emo;uar~n~e:' cadinhos da nova arte nao
centres da cultu.ra do OClden,te, 0;mosteiros instalados no campo, no
sao pois catedrals, mas mostelIoS , tfnuo das te.cnicas agdcolas
d 'io 'que 0 pIOgresSO concentro dum omm" d t dos as exigencias e as estIutmas
vivificava, estavam m.aIs bem a af ~as 0 seu primado rcsulta sobretudo
duma sociedade essenclaImente rura, . 'do muito mais cedo,- 't' - monastlcas terem Sl
do facto de as Illstl U1~oes _ ue as tinham pOl momentos conom--
renovadas, pur'gad~s .das l.nfeq;~es q bades ascenderam -a santidade antes
pido. Na Idade Me,dla OClden~a, ~~ ~o ue estes a escola, deixaram mais'
dos bispos, IeOrgantzara~ mals ce qI s mais aburldantes aumentavam
depressa de dissipar rendlmentos que esmo at" para a gl6ria de Deus,
incessantemente Empregaram-nos em recons [UlI,
a sua igreja e 'em adorna-la,. t onasticos foi geralmente obra dum
A rcfOlm.a dos estabeleclmen o~e:do elo rigor dos seus costumes e
homem especlalmente dotad~, con " P feudais que queriam con tar
. ue POl' lSSOos puncrpes .pela sua energw, e q 'quI' e alem a indisciplina A suanvidaram a extnpar a ,com bans monges co . d 'homens de urn lado para outro,
, - d 'izurao fazla an ar esses . - fmlssao e lcorgan Y _ bara de introduZlI nao ossem
Mas, desejando que as cone~c;?~s q~~ ~~~serva[ a dircc9aO das multipIas
efemeras, esfor9ava-se de ordlllaIlo p. . urn corpo que ele dirigia,
d E t s agregavam,se aSSlm ncasas lenova as s a .- is bem pretegidos contra
b contravam pela lIIl1ao, ma • .cujos mem r os se en , t' lal mente conh a a ingerencla
o retorno das fon;:as dissolventes e par ~~~ont:i.neamente a congt ega9ao,
dos poder es Jaicos Da refOlma na~ceum certos tr ac;os da arte sacr a, Em
isto e uma estrutur a de que depen e[I~ e a delimitaz nacda9ao
, .' d da arte ap Icavam-s ' Itempos os hlstona ores I do Poitou duma csco a.' " , falavam duma esco a ' dromanlca. provlll,Clas, d' ( gue entre as monumentos 0
Provenc;al. Ora, 0 parentesco que se IS Ill, 'd de do que das liga~5es
1 't menos da proxlm1 a ,sceulo XI resu ta mut 0 t a outra da cdstandade, untam
espirituais, aquelas que, de uma pon af 'ma e que pOl' isso ficavam em, d d or uma mesma re' or ,mosteuos epura os P "d'" 't's manifestavam a ahanc;a cons-
. f t 'dade Os seus Ulgen e Ih t'estrelta ra ernl . omando-as de decora~ao seme an e
tlUindo igl'ejas do mesmo tlpo, . Citemos aquela que nasceuna
'Estas congrega~5es foram numse~ots,avsanneou 0 'grupo meditenaniCo
I-de Ricardo de am·. . 1-Lorena l a ac~ao , . do M 'selha muitos mostclIoS cata aes,
que reuniu sob a eglde de S. Yftor d ~Vall 'ano abade de S Benigno, em" E' G ilherme e OPI , .sardos e toscanos IS u , d' hama ..o a conduzir ao cammho
"1001 duque da Norman la c " . b d'DIJon; e~ , a . em 1003,' funda FIuttuana, na lom ~I, la
iecto os monges de Fe~amp, , ': ", ',: t ema dgidez: diziam--no eXlgenteo triunfo deste mestre ,est,!-vana sua ex I
. I ':.
iii"[ii'fh'i "
'!~~'):,i'"t.· "f/~t~" ; super regula, para al6m da regra; «niortifica~ao da carne, abjec~ao do
~f1:1' COIPO, I'Oupas vis, uma alimental;aoparcimoniosa», impunha aos Jrades
iJ!',P 0 a~cetism() ligOIOSO que os manteria em estado de perfeita l>ureza Sobre~!~!~' .' 0 elXO que as suas. primeiras tentativas tinham tra~ado, entre a Italia do
;'!g !~i Norte e as malgens da Mancha,' floriram lamos: de Fecamp, a reforma
":., •.••:>.:.,.:..:•.. f.,:.",.'.,:." ~ ','" Cctheglou a s(ain t-oRueln
d
_de. Rouen, Bemay, Jumi<':ges, Saint-Michel-au-peril-
, ( - co. a-mer que· 0 ao mvoca na hora de morTer, porque e ao ucanjo
:;~.,.;..:i,. ~~::J.~.. , qbued~abe a dtard'a de pesar as almas perante 0 tribunal de Deus), essas
. ., a alas aon e Guilherme, 0 Conquistador, e Lanfranco foram buscar
"'[fl :~:1de po is de 1066, com que prover a Inglateria de bons bispos e ondc s~
"ti formaram os maiores sabios do ano 1100, entre as quais Santo Anselmo'
i' Dijon inadiou sobre Beze, Septfontaines, Saint·Michel de Tonnene Saint:
;;; ,--Germain d'Auxerre, onde Raul Glaber foi mange; Fruttuari; sabre
Santo Ambr6sio de Milao, sobre Santo Apolimirio de Ravena Quando
morreu, em 1031, Guilherme era 0 umco abade de quarenta mosteiros
oude or avam mais de mil e duzentos religiosos
Acima de todas as congrega~5es do seculo XI, elgue-se, soberana, a
ordem de Cluny, Esta abadia fora instituida em 910 com independencia
total: nenhuma intrusao permilida, nem das polencias temporais nem
mesmo dos bispos; 0 seu fundador tinha-a, com esta intent;ao directamentc
ligado a igreja de Roma: os mesmos padroeiros, S., Pedro 'e S Paulo, a
protegiam. Esta segrega~ao perfeita, 0 privilegio que os monges conser-
valam de designarem eles pr6prios 0 seu abade ao abrigo de qualquet
pressao exterior, fez 0 triunfo da instituicao cluniacense Em 980 era
muito respeitada, mas ainda de illadiacao diserela: 0 seu abate, M~'icuJ,
reCllsara-se a reformal Fecamp e Saint-Maur-des-Fosses,. e deixava 0 seu
discipulo, Guilherme de Volpiano, trabalhar em seu lugal 0 imperio de
Cluny foi construido por Santo Odilon depois do ano mil, Conjugando
casas modeslas mas numerosas, reuniu-as em redor da pcssoa de um
s6 abade, duma certa concepciio ela vida mowbticll, II orda duniacenlis,
e por fim de Iiberdades palticulares que com 0 auxilio da Santa 56 assegu·
Imam a tod,as as filiais as imunidades perante os cRste16es, a isencao
perante os blSPOS A ordem estendeu·,se de urn Jado e OUtIO da frontcira
que sepalava 0 Ieino de Flanca e 0 Imphio, sobre a Borgonha a
Provenca e a Aquitania Instalou-se pois em regi6es do Ocidente ~ue
escapavam mais completamente a tutela dos soberanos, na ten a de eleicao
da pulverizat;ao feudal e da paz de Deus, em provincias enfim onde a.
Iatinidade nao procedia duma ressurreicao artlficialinente suscitada por
arque6(ogos de corte, mas mcrguIhava profundamente as suas· ra{zesem
plena humus da hist6da·";' em sum.a, no verdadeiro' dominio da estetiea
I'Omllnica Progressivamentc, a influencia c1uniacense chegou 'a Espanha,
ao longo do caminho de Santiago, estabeIeceu·seno grande mosteil'o real,
de San Juan de" la' Pefia, pelo qual a Igleja ,ib6dca' adoptou os litos
romenos, Em 1077, 0 rei de Inglatena confiava a Cluny 0 mosteilO 'de'
Lewes; dois anos mais tarde, 0 I ei de Franl;a, 0' mosteiro padsiense de
Saint-Martin-des-Champs Desta maneira, a congregac;ao, implantava-se. em
iegi5es submetidas a' arte 1nonarqui~a, Asseguiava tambem p~I'a SI oS
favores .dos'maioressobe:i-iinos "do Ocidente Do rei .deCastela, recebeu
pe~a;'de aura mur,;uIrilamis, D8 iei de Inglatena, pe~as de prata Foram
estas moedas que serviram para reconstIuh a abacial, para ~odel~l.l~e
urn activo digno do ·imenso corpo de que era a cabe<;a TodavIa, a 19reJa
de .Cluny nao era nem imperial nem real. Era aut6noma. E. se os I
monges cluniacenses celebravam em Afonso de Castela, em Hennque d,e
InglatelTa, os vel'dadeiros fundadores do monumento, todo 0 empreen~l-
mento foi conduzicio pelo abade Hugo, amigo do imperador, conseIhelIo
do papa e, sem contestacao, 0 guia da cristandadc no seu tempo
Os monges reformados de Lorena aceitavam a tu~ela dos se~s
bispos, de prelados que, pe1a vontade do impelador, aco~te~la serem entao
os menos maus da Eumpa, Em compensa<;ao, naspmvlllclas onde Cluny
se instalava, as intrus6es do feudalismo tinham vici~do a tal po.nto as.
engrenagens centrais da Igreja secular, que 0 movlII:ento clunrace~se
se afirmou lesolutamente aritiepiscopal. Desagregou as dIOceses no precrso
momento ern que a independencia dos caste15es desagregava os condados
o tliunfo de Cluny significa na hist6ria das instituit;5es urn refluxo do
episcopado, 0 esboroamento maior do sistema carolingio que ?ase~va 0
Estado na autoridade conjunta do bispo e do conde, urn e outro hscahzados
peJo soberano Este triunfo significa na hist6ria da ,cultl1la e das s~as
expressoes 0 lecuo da escola .catedlal, 0 enfraqueclment~ ~as te~soes
humanistas que encontravam a sua enelgia na leitura dos classlcos latInOS,
isto e a Iegressao da estetica imp'erial No plano do espirito, das atitudes
IeIigi~sas e da ,cria~ao altfstica, as conquistas de Cluny correspondeI? as
conquistas do feudalismo. Umas e oUtl as conjugam-se ~ara destIUII as
antigas bases Na area das vit6rias cluniacenses- que nao ptua de alar-
gal-se e que coincide exactamente com 0 do~i~io privil~gi~do ~as formas
de arte a que .chamamas mmanicas - as tradlcoes earolmg1as dlssolvem·se
e apagam ..se, deixando as for<;as indfgenas, surgidas do substrato romano,
toda a Iiberdade de desenvolvimento ,
Com os progressos da economia Iural, com a instalar,;ao do fe~d~ltsmo,
o triunfo de Cluny, que Ihes conespondc, representa 0 fae,to malS lmp~r·
tante da hist6ria eUlop,eia do scculo XI Foi total. 0 brspo Ada~b~r,ao
escreve urn poema inteiro para mostral ao rei de Fran9a que as. vltol.las
desta milfcia vestlda de preto, posta em toda a parte e que ludo lilvadlIa,
<lrruinavam, em veldade~ 0 seli poder Uma tal. vitoria rc~ulta:a d~
qualidade; excepcional dos quatro. abades que, dUI~nte dOl~.' secuIos,
assurriirari1 sucessivamente a di['ec~ao do gl ande mosteuo Apolava~se no
rigorda'regra, numa propaganda'habil Fllndaya~s~ m~is solidamente na
perfeita acllipta¢ao duma instituil;ao religiosa as' fun~oes que 0 m,undo.
i :laico esp~~ ava! queela desempenhasse. «Sa~ei, esc~~ve F-.aul Glabe,r. que
,,,"esle'2onveri'to nao tem igual no mundoromano, sobretud0 parallbertar
'as"'" c'airamsob' 0 senh9iio .,dodem6nio'. 0.-li'se consuma tao
" :'1 ; : :~:
. :; i ~(:\:-}~~~?-~
frequenlemente 0 sacri.ficio' T ' ",' ";;:':'
sem que esta incessante rela;:'VI lcant~, que quase nao s'e passa urn s6~'d
dem6nios malditos Neste m ato,permlla arr~ncal uma alma ao podel:.'d
d ,os elIa earn efelto eu p " ", f " , ',>e urn uso, permitido PI"" ,.' rop1Jo Ul testemuil, . e a grande malOlla das ':,.'.<
seJam celebradas missas sem inte' . - d' n:on~es, que quer 'qir
a hora do r'epouso' nela _ rrup~a?" esde a pnmel1a hora do dia ai'
ra~ao, que julgali~m~s sv:~P::J'otsantaf'~Ignldad:, tanta piedade, tanta ven~~
o JCWl e nao horn ens E C'I "',
manges capturaram 0 afieio do adre' _» .m, uny, os
do sacerd6do, associava-se as ab Pt' , ',a consa~ra~ao eu~aI1stlea, fun~ao
A 'd' , s menClas pr6pnas da p 'f - "m Jgmdade dos prelados I, r0 Issaa monastica:'
mais evidente mesmo a su:ecu :le~.tOIl~ava-se desde logo mais sensive] e
par a a universalidade do mo su o~' ma<;aa 0 tdunfo clunia.cense tendia',
d naqUlsmo Com que os bi d Apu eram sonhar no rheio da 'd' spas e quitania ", s epr emIas e das angUsti "aproxlmava a data do milenio da P '- CI a~, enquanto se
esse foi talvez 0 instl'u'men to d . ,arxao uny soubera rgualmente ~ e
, eCISIVOdas sua 't"
deseJo, duma cristandade selvagem em ue s VIoI1as~,responder ao
eonflUlam para a culto dos m t E q todas as pratJcas reEgiosas ,
grande abadia borgonhesa fOI~~OS: ~ paljtebalguma melhor do que na i,-
. " Jamals ce e radas as ce' , ,laIlas, as mlssas, os tiinticos f' '" Ilmomas fune-
comunidade dos monges par~ os t'~~tJns de amversano que reuniam a
som~ras haviam sido evocadas ;~~ ~al:o~fam tal_ ou ta! defunto, cujas
reqUlntados que e'ram servidos ' ' 0 pao, 0 vmho e os pratos
I ' a mesa dos principes Fe umaeenses 'que inventaram J' t·. 2 oram os abades, un ar a de Novembro n . I' .a ,comemOlaCao de todos os defunt Af' ' uma so Itur gJa,
podia libertar·.se mais cedo d t os lImaram que a alma em pena
. os ormentos do alemem sua mteneao as ora<;5es presc it E se se ordenassem
submetidos a sua autoridade r .a~ lm redol das eentenas de priorados
espn !tua desenvolvel amento que visava cristianizal d t' , m. urn empreendi ..
popular, eonciliando a mensage~l desEU v<:z em pmfundldade, a religiao
f' J a SCrItura que promet 'ma, e as crenvas na sobreviveneia do' , e a resSunelcao
Europa quiselam POItanto Iep , s mo.rto~ Os malOres senhores da
f CI Ousar no cemlteIJo do mo t' A b .( e uny, em que culminou a al te d . I X s elfO. aSllica
suas estruturas e Com os se 0 sccu 0 I e que pretendla com as
. us ornamentos represent . ,todos as martos ao som da t' b ar a ressul'rel~ao de
s rom etas sob a luz da Pa 'urn solo que uma multidao d t' I f rUSia, rompeu dee umu os ecundava
No seeuJo XI, os monges da Euro .
vias distintas Urna toma u 'f' 'a ,pa proglldem para Deus POl' duas
bizantino e 0 dominl'o d m I mer rJO antes tra<;ado pelo eristianismo
os seus glandes ex't ' .na proximidade da indecisa fran' , , 1 os s!tua-se por essa raza0
Jatinidade do helenismo T' bJadque s~para, atraves cia HaHa central a
, ' rans or a eVldenteme t d' "o suI. Estende-se a Sicilia eat ' , n e, essa frontClIa par a
dos senhores normandos v- s e~ rernldades da peninsula, onde os filhos
.' ao nessa epoea concr avcnturas, que eles
conquistararn poueo a pouco a Bizanc)o e ao IsHio, anexando-a ao
Ocidente e implantando em Bari uma catedral romaniea N~stas .tegi5es,
o monge fugiu Y~rdadeiramente do mundo. Alcan<;ou a deserto Como no
Sinai, como' na Capad6cia, foi anichar-se numa gruta Nu, coberto de
piolhos, co~ total desprezo do seu cor po, vive de nada, do que a bondade
de Deus concede aOs lidos dos campos e as aves do ceu.
As montanhas do Lido, da Toscania, da Calabr ia estao entao
povoadas de anacoretas, de ermiter-ios dispersos em pequenos grupos,
onde discfpulos, em redor dum mestre, se submetem as macera<;oes salva-
doras Poueo a pouco, estas cOlonias de solitarios reunem·se em fedelaeoes,
como a ordem das Camaldulas que -S Romualdo fundou Muitos homens
nao'itaIianos se dei?Cam fascinar por esta forma feroz de penitencia 0
imperador OHio III fora ate Junto de S Nilo, outro campeao cia mortifi-
cac;:ao; com 0 bispo de Worms, Francao, instalou-se «em glande segredo,
usando cilicio e descaleo, numa gruta pr.6xima da igreja de Cristo, empre-
ganda-se na oraeao, no jejuII) e nas vigilias», Este estilo de vida monastica,
proposic;:ao de uma absoluta recusa do mundo, da absoluta pobreza, da
eela e do silencio, excluia evidentemente 'qualquer' criac;:ao artistica - pelo
men os enquanto nao se instalasse, como aconteceu em Pomposa, no exito
tempolal. Ora esse estilo de vid; eonheeeu um favor crescente ao longo de
todo 0 seculo XI, em virtude do que nele podia seduzir 0 mundo cava lei-
resco, a'quilo que supunha de herofsmo fisico, de dominio de si proprio, 0
seu gosto pela proeza, Propagou-se pouco a pouco, implantou-se no eorac;:ao
do Oeidente, quando Bruno fundou a Cal tuxa e Esteviio de MUIet a
ordemde Grandmont Com ele comceou a elguer-se uma vori.tade de
auster/dade contra a estetica roma-niea, preparando-a pala se prestar as
inflexoes da arte eistelciense, Mas 0 seu verdadeiro triunfo foi posterior
a 1130 Antes, a monaquismo ocidcntal no seu eonjunto eaminhou pela
outra via, aquela que no seculo VI fora abeIta POl' Bento de Nlllsia
A regra bcneditina difundira-se a pal tir do Monte Cassino, a par tir da
abadia de Fleury-sur-Loire que afirmava conservar as reliquias do mestle,
e sobrctudo pela InglateIIa que os monges dest~ observancia haviam
evangelizado Os refor madores carolingios tinham-na imposto it maior
par te dos mosteiros da Europa
Esta via apraximava·se da p~imeila pal llma mesma vontade de
isolamento e de renuncia e pela sua indiferenva pela a.cc;:1iomissiomiria,
Contudo, dois pi indpiosas afastavam: 0 espfrito comuniUirio e a mode-
meao Cada mosteiro beneditino abriga uma sociedade de tipo familiar
dirigida firmemente por urn padre, 0 abade, investido de todos os poderes
e carregado de todas' as responsabilidades do paleI' familias da Roma
antigaOs monges sac irmaos e"as regras diseiplinares' que quebram neles
toda a iniciativa pessoalmostlam-:se mais estritas -ainda do que' as que
saldam num s6 cor po' os grupos do parentesco calna!. S Bento baseia
na virtude da obediencia 0 conjtmto das suas injune5es «A obediencia
eumpiida sem demor~ e 0 prirnelr~ 81BU donosso estado de humildade,, i '
~~fC/"'R<"'"cia '. tu~ i::~::~:":;:~~\~I~T:~"':~~~~'~:1J:~tl~f~b
i!:' obediencia para combater~s sob 0 estandalte de Cristo,nosso vei:dadeiro. i
i~' rei» Armas, cqmbate; estandiu te:>a familia rnomisti.ca apresent~~seconio .
j,
I,~:~:~::\.' t{, uma S'cola, isto. e, \com'o mna' milicia; sujeita: a alito~jdade .milit~r 'du~ ';'!
_ .,. chefe Os religiosos alistavam-se, no pleno sentido da palavI a; POl' profissao
if ~ i escIita analoga a que subscreviam os soldados do Baixo ImpeIio EspiIito
1J' i" de grupo, ombro a ombro: nenhum Jugal para Ii solidao, nem mesmo
;;; ~,pa.~~ .0 abade, qjue!'come, dorine, reza no meio dos seus filhos, verdadeiros
,i ~t~lTIllClanos, a e e 19ados por urn las;o mais apertado do que a dedicaciio
~1 ),tj?' do vassalo e de que nao podem evadir-se. . ,n A cstabilidade, a condena~ao da vagabundagem e de toda a veleidade
de indcpendencia constituem outl'as viltudescardeais na etica beneditina'
A comunidade, pOI consequencia, implanta··se, a maneira de todas as
famflias feudais, num patrirn6nio, num dominio fundiario em que se
cnl'afza. Nenhum dos seus membros tern bens individuais Pode, sem
hesitas:ao, dizel-se pobre. Mas, na verdade, a sua pobreza nao difere
daquela em que pelmane.cem os filhos de cavaleiros, cujo pai e rico mas
que nno dispoem de nenhum peculio Parece··se mais com ados gueneiros
c1omesticos que os maiores senhores de castelos alimentam na sua toca
e que de seu s6 tern as aIm as Como os membros da milicia do mundo 0
mongc participa numa fortuna colectiva de que tira subsistencia e'. 0
robusto desafogo em que vive entao a nobreza rUIal Porque podc surgir
como uma casa semelhante as comunidades familiures da aristocracia 0
mosteiro beneditino conseguiu tacilmente inser ir-se nos quadros sociai.~
cia Alta Idade Media, acolher tantos jovens nobres e todos os senhores
jil velhos que desejavam acabar os seus dias a sombra 'de Deus. Dma
tal situa<;:ao temporal concilia-se com ° espirito de model'as:ao que marca
os preceHos de S. Bento, uma vontade de equilibrio, uma Ieten~ao, urn
sentido da rnedida, uma sugeza feita de born senso, que fizeram no
Ocidente a fortuna desta «pequena Iegra para principiante» «Nao dese-
jamos estabelccel nada de lUde nem de pesadol), disscra a mestrc, quc
assim se afasturu delibcladamente dos hcr6is do ascetismo Limitura as
tempos de jejum e propusera uma moral simples contra os cxcessos de
misticismo Considcruva que para bem fazelem 0 seu .Gombate, os soldados
de Cristo precisavam de estur convenientcmente aHmentados, vestidos,
rcpousados, Que 0 monge csquc~a 0 seu corpo em vez de se obstinar em
vencc-lo Que explole convenientcmcntc a teua da sua casa' u fim de
extrair dela as mais abundantes colheitas e ofere eel assim a Deus mais
opulentos sacriffcios ' .
Cluny seguiit a regra beneditina, mas intclpretava-a a sua maneira
Das inflexoes que os costumes cluniacenses impuseramao ensino do mestre
decorrem os maispr?fundos caHlcteres d~ nova arteci~ny,c6me~0l:lpor
ocupar lugal sem hesltar nas estluturas hierarquizadas ,que desdc oS primei~;.·.
10S seculos da cristandade latina colocavam os sel vidol es de Deus no: mais .
alto grau dn escala social Aceitou completamente a rique~a, a optilanc'in
i : .i. ; t~:.; . ~
{~~~·~i8~,~? ~it:;~~::'~~~i~::~~~:~Z( ~f .A.~ J"\ . .':. j " ;
~'-"X!;,;~gi:'1.~iiHf'i':~~;i;;;:;-:L:;.,~; "':: '{ ~" ,"
que e~' cada urn dos pIion~dos da con.grega~ao a vaga continua das
esmolas' 'alimenti. hrIga com efeito qu~ mnguem melho!. do que ela p~dc
em:pieg~I:;e'ssa·~(;riquezas.·!Na()~s .~oris~gra ela i~t~iran:-en\.e ao ,seIvl~o
'de'Deus? Porque haveria de recusa-Ias? E porqu~ ea pIlmelra das aI~as
do Eterno, POI' que nao aceitaria que os seus fillios, como os cavalerIOs
do s6culo vivessero como senhores, fossem sustentados pelo trabalho
dos eamp~neses, que quer Deus que alimente os gueneiros e. os h.:>mens
de ora~ao? S., Bento previla que os monges poriaro eIes pr6pnos ~aos ao
trabalho, que levatiam e colheriam nos seus campos. Para se, pumrern, e
pOI'que a ociosidade abre a poita as tenta~oes Em. Cluny t,rIUnfaram os
'preconceitos nobili{uios q~e considera:,am. co.mo meonvenrente par~ 0
homem verdadeiramente bvre penal' a manelIa dos camponeses,. VIum
o labol Fisico como urn castigo, quase uma macula, em to do 0 caso
uma indignidade,e afirmavam que Deus, pol' essa mesma razao, tinha
cdado os escravos. Os monge~ cluniacenses s6 efectuavam trabalhos
simb6licos. Como senhores, eram servidos pelos Ie~deiIOs qu~ cultivavam
as seus dominios, pOl' edados ,encalTegados dos seIvr~os grosserI'Os.Homens
de lazeres, estes monges nao eram, no entanto, hom~ns de est~do. S Bento
descurara com efeito as actividades propriamente rntelectuars ~reocupa-
va-se com 0 alimento da alma e nao com as conquistas do espidto: ~ ,sua
regra previa que 0 mosteiro pudesse acolhel iletrados. Os benedrtrnos
anglo-sax5es, cujos eonselhos inspiraram ~o sec~lo VIII a reform a da
Igreja franca, tinharn pleenchido este vazlO e ferto da ~scola, pelo con-
trado urn dos pHares da vida monastica: pOIque 0 latrm era pa.ra des
lingu~ totalmente estrangeiIa, Ham Virgilio Por iss~ os moste~ros da
Galia e da Germania se tOlnaram na epoca caroling~a focos ~nlhant~s
oa eultma imperiaL Muitos ainda 0 elam no ano mrl, nos parses mals
fi6is a tradi(,':uo monarquica, na Baviera, na Suabia, na Catalu~ha As
melhores bibliotecas, os meshes mais ousados enco~travam-se no. se.cul0 X.I
em Saint-Gall ou em Reichenau, no Monte Casslllo, na abadlll do Bee,
em Ripoll Mas nao em Cluny .' ,.
Na ordern c1uniacense prosseguia com derto 0 movJmento d~ Ieacs;ao
contI a 0 trabalho intelectual que, pOI preocupa~ao de austendade, $e
puseru em marcha emcertas abadias do Imperio no limial ~o s6cul~ l~
Nao se' fora ao ponto de fechar as escolas nem os UIllHinos de l!vros,
mas pretendia.~seconcentIlir os 'cxerdciosna leituJa ;d.os Padres, em
ptit.neiio..lugar na de Greg6ri(). Magno, De~ois do ano m~l, as ab~des de
,Cluny, naocessar a~ de afast.a~os seus. fJlho~ dos .c1.asslcospaga?s:, de
p5-)os . em' guarda contra' osnsc9s de Illfw;:ao,esplIl~u~1 que COI!la 0
morigequando se compraziil n?s. poemas de Rollla Q~e uma tal ~e?con:
. fi~n9a paxri' 'c·om.as' (llIC~O/~( da' Artlguidad~ t()n.-h~dOrnl~~d9 o. m~~o;onde
" se fo;jou aestetic~ .rom~nica,' aiu<ia ,t~~vez a c~mpI.eender 0, que' dtstH)gue ::;,
'csta; da :estetica imperial, detodos os, «renascrme~!9S», e, d~ ~uav?ntad~ ,:;0
ide'hu:na~is~o~ Das 'tras ades{do'trivium, naoparecl,am n~essanas ~o ;ii:;
.' "mO;iig'rine~J' ret6Iica~:: ·?e.qu~ :;~elyiria .a eloq~.an.~i~,':~queqJ. vive r;~ '; {~':
:~t:~~~~;i~11jtjl~hlll':'i[;-,~1~j~~!~fi;,.~:...'.:2?;lj:;:;,: ;b~.\:,:,::),}::11~\
silencio e se exprime quase sempre POl gestos? - d' 'I" '.', " . nem a la ectlca ClenCla '
do racJOCInlo,. tota,lmente inutil no retiro claustral cnde ninguem ~ncontra .-
com q~em dlscutlr nem a quem pelsuadir. S6' a gIam;HicaconveriJ.;· a
.
'~ Iforma~ao, Mas devera ele por isso expOI-se as seduroes nociva's 'das
., elms profan ? N- Ih ' y~~i . ,as. ao . e, basta, para conhecei a sentido das palavras
~ , latrnas, e~pregar r~pertorl?S, como as Etimologias de Isidoro de Sevilha?
(~ Com a aJud.a de tals compllac;oes, onde 0 conteudo das obras litenirias se
~i; en contra felto em bocados e despojado dos seus atractivos, que 0 fjIho de
~'~)~...S. Bento, nos tramos do cla~stIO, prossiga sozinho a longa ruminac;ao de
)}jt algun~ textos sant,os, que os lmyrima pouco a pouco na memoria Porque
DaO e, pelas subtllezas da razao, nem abandonando-se aos encantos da
bela Imguagem qu~ ,se .pode progredir no verdadeiro conhecimento, 0
mo~ge vota-se a~ sllenclO, march,a para 0 ceu e para a luz divina Vera
mals cedo 0 bnlho dela se delxar aflorar na cons.ciencia pelo .
espontfmeo da lemblanc;a tal vocabulo tal imagem A . t : - b Jog~, , m Ul<;ao rotara
natur a,lmente da associac;ao dessas palavr as e da iluminac;ao dos simbolos
Tal fOl 0 quadro mental ~ue rodeou no seculo XI 0 nascimento da pintura
da escultura e da arqllltectura momisticas Nenhumas razoes h'
metod . ' f" ' nen um
0, pouqUlsslmas re erenclas aos textos cliissicos, Mas' a Escritula
t?da eia rememOIada, cada uma das suas palavras considerada como um
smal ,de Deus, conservado por isso como um tesouro, pesado, tacteado,
expe.Ilmentado, ate que, da sua aproximac;ao fortuita .com' urn outro
surglssc bruscamente a luz Urn pensamento que se m 'd'd" f ' . , ' ove segun ° as
Ivelsas. ace~as da remlnlscencla, mas que procura ordenal-se na coesao
duma slmb6hca, a da liturgia
Po:'que', e este e ° trac;o fundamental do estilo cJuni~cense de vida
monast!ca, tudo converge pala 0 servi~o de Deus par a a 0 D' ,. 6' d f" ,pus el, para as
ceOm nlas 0 0 IctO, e todos os 1etoques que a oldo cl . , 'f, , Unlauen Sl 5 ez ao
texto da '. regra b~nedltJna concorriam para engrandecer essi1 un~1io
S Bento Ja a conslderava essencial Apontal a como missao especffica do
~~ng~ cantar a gl6da de Deus, c consagrara a ordena<;ao dos ritos
htur gicos doze dos capitulos da sua regIa Para ele 0 ob' t' d
profissao mom'tstica era celebral em comunidade e p'ar b JeCf,IV,Od
a
t d _ .' ' a ene ,CIO e
a 0 0 pov.o a Ola<:ao pubhca Se 0 mosteiro abrigava uma escola era
para se preparar, pa~a esta acc;~o Nela realizavam·se em plenitude as
voca?oes de o~edl~~c~a e de humlldade Nela aprofundava·se a experi~ncia
de ~Ida ,colectlva, ?OlS que nada reunia melhoI 0 glUpO dos fr'ades que 0
ceIl~oOlal do O~fcIO e porque na Iitulgia se vinham atarem feixes todas
as lIquezas col'hldas durante as leituras e durante as medita<;5es solitarias
Mas Cluny mostr~u.se nest~ ponto mnis exigente Em primeiro Jugar
alon~ando ~ dura<;ao do servl<:o A recita<:iio do salt6rio em cada semana'
U leltma ntmada ~e alguns extlactos da Bfblin,' os monges, segundo ~
texto da, regIa, deVlam consagrar menos tempo do que a outras ~cupa~oes
t~n:porals Segundo os costumes cluniacenses, pelo contrario 0 offcio
dIVIno chegou a preenchei sete horas por dia ordinaria e mais' ainda em
" ,~.;'
;~.~.•",; ~':t~.~.:
;r;.~~~~;~[~~~}j;'::~
"
dias solenes, Cantar durante tanto tempo torna-se urn trabalho esrna-
gador-o'que justificou 0 abandorlOdO,trabalho manual eo conforto
em que aordem instalou os sew; 'religiosos Cluny ap!icou-se, por outro lado,
a desviar para 0 oficiO divino, para que resplande.cesse a gl6ria de Deus,
o gosto dos ador'DoS, a propensao para 0 luxe que 0 espfrito cavaleuesco
continha em sL Que fazer de todas as riquezas que as dominios mais
bem geridos produziam cada dia em maior abundflOcia e que, de toda a
cristaridade, a devor;:ao dos ofieis fazia afluir pala a abadia, que fazer das
moedas de O\lro, dos lingotes de prata que os cavaleilOs de Cristo, vence,~
dores ,do Islao dedicavam ao mosteiro? Deviam servir para tomar as
cerim6nias mai's sumptuosas, Todas as casas cluniacenses fOlmaram assim
comouma vasta o'ficina onde monges artistas se aplicaram a adomar a
.casa do SenhoI', e foi esta vontade detel minada qu~ suscitou a eclosao de
que Raul G1aber se maravilha, a (werdadeira emula~ao que levava cada
comunidade crista a possuir uma igreja mais sumptuoS(i que ados vizi-
nhos», que fez «0 pr6prio mundo sacudir-se para despojar a sua vetustez
e revestiI'-se por todo 0 lado qe urn branco manto de igrejas}) Mas estes
ediffcios novos, as decora<;oes com que foram cobeI'tos, a profusao de
ourivesada que vem rodear os altares, nao constitufam de facto senao
o inv6lucro, perfeitamente ajustado para a canter, duma obr a de arte
muito mais ampla que se renovava quotidianamente nos faustos disci-
plinados da liturgia
Ao lango do ano, estes clesenvolviam-se como uma especie de bailado
muito lento cujo papel ela mimar 0 destino do homem e 0 desenrolar do
tempo, desde a Cria<:ao ate ao Ultimo Dia A participa<;ao corporal da
comunidade monasticn exprimia ..se em primeilO lugar' pOI uma malcha,
semelhante a do povo de Deus que Moises conduziu para a 1er ra
Prometida e que Cristo leva consigo para a Jerusalem do Cell Uma
procissao Este rito fundamental governara na epoca caroHngia a planta
dos novoS conjuntos abaciais, incitara, pOI exemplo, os construtores de
Saint.Riquier a construil tr~s igrejas separadas POI alguma distt\.ncia: em
procissao, a famIlia dos monges visitava·as uma ap6s outr a, tal como,
fnvorecido pela intui<;1io dos slmbolos anal6gicos, 0 espJrito, animado
pelo desejo de Deus, se transporta de uma para outla das tr~s pessoas
divinas Semelhantemcnte,ris necessidades cia litur gia processional impu,
seram que se acrescentassem 'as estiuturas da basflicanovas colaterais, que
se desenvolvesse 0 deambulat6rio em ledor do COI'O, que se dispusessem
muitiplas said as, 'esugedu que se profongasse 0 compr imento .da nave
Em Cluny, na telceira ,igleja' que S Hugo edificoti.' este, para melhor
figureir as longulssimos caminhos' que separalam 0 homem da sua ~alva9ao,
quis :que fosse marcado um vasto intervalo' entre 0 p6rtico, lugar de
, inicit\~a6- as Ji.lZes,e 0 ponto central onde se cumpre a sacriflcio, onde
... ' :",' .', .,':', .. ". .
a orar;:ao cOlectiva sobe para De~s;'esse espa~o desenvoivido na
pela tensao dos pila;ese, das ab6badas: 0 COlO, ' (
o acto liturgico era musical. A espiritualidade do cseculo XI flOlesce' ,
,J ,; num canto lanc;adoa'plena voz, em 'unissono; por u"inc'oro d~ homens, .
~ Nele Iealiza-se , a' unaniri:lidade que' agI'~da 'a Deus no louvor das suas
~i Crlaturas, Cada dia~ POl' sete vezes, 0 COIO dos monges cluniacensesi ," dirigia-se em procissao a igreja para cantaI os salmos e no seu canto
• ~,,1:;,.:,1':'" re:lecttia
l
m-se os trar;:os que ?is.tinguem. 0 estilo beneditino do monaquisrno
•~ onen a : a retenr;:ao, a modestia, uma lllterpletar;:ao que repIirnia qualquer
~~1tendencia para a fantasia individual. Os principios de humildade e de
obedii;ncia exaltavam em Cluny as funr;:oes do chantre, em quem' 0
abade delegava os seus poderes magistJ ais para qu{ dirigisse 0 coro e 0
disciplinasse Sem duvida, nos mosteiros do Ocidente a invenr;:ao nao
esteve exclufda da criar;:ao musical. Grandes abadias do seculo XI, como
Saint-Gall ou S Marcial de Limoges, foram, extraordinariamente vivas
os focos do que e a arte principal desse tempo, a arte liturgica, cUja~
conquistas associavam 0 poema e a melodia Na lingua gem tecnica dessas
oficinas, «trovan> significava muito exactamente dispor sobre, as modu·,
lar;:oes do cantochao textos novos, Os homens que se votaram a tal emplesatinham plena consciencia de sacralizar assim a gramatica Os seus altificios'
sujeitavam 0 vocabultuio da o~ar;:aoaos rHmos simples da melodia grcgo-
dana, perfeitamente ajustados aos do cosmos, logo ao pensamento divino
Iuntavam as palavlas da linguagem humana ao JOUVOIdos anjos Nas
escolas do secuIo XI, 0 quadlivium, 0 segundo cicio das artes liberais
resumia-se pois quase inteiramente a musica A aritmet~ca, a geometria:
a astronomia, ciencias subalter nas, nao eram mais do que servas dela
Aparecia como 0 COlOamento do ensino glamatical, em que se concen-,
trava 0 trivium Uma vez que ninguem lia em voz baixa, uma vez que
toda a vel dadeira leitura seguia os vocalizos da cantilena, e pOI'que para
atingir a perfei~1io 0 canto dos salmos cxigia que cada um dos celebrantcs
soubessc de cor 0 texto sagrado, a reflex1io sobre 0 sentido dos vocabulos
latinos e a meditar;:ao soble os tons da musiCa caminhavam, nesse tempo
a par A unica 16gica que este mcio cultural admitiu foi a das harmonia~
musicais, Quando Gerbelto se dedicavu u «tomar completamente senslveis
as difcrentes notas dispondo-as sobre 0 monoc6ldio dividindo as suas
consonancias e as suas sinfonias em fons, em meiost;ns e em sustenidos
e repartindo-os metodicamente», sem duvida reconhecla as proximidades
do que devia sel, dais seculos mais tarde, a anaIiseescolastica Mas aquilci
para que tendia 0 seu esforr;:o era captar a oldem escondida'do universe
A muska, e POl'ela a Jiturgia, foram os instiumentos de conhecimento
rnais eficazes de que disp<"Jsa' cultum do seculo' XI. As pahivras, pela sua
significa~iio simb61ica e pelas associar;:6es qi.reo seu encontro suscita no
pensamento, permitem sondarintuitivamentc; os lr'1is(eIios ,do ;mundo
Conduzem a Deus A melodia conduz a eleainda mais' dilcctamente
porque deixa distinguir Rcordos halm6nicosda criiwao, e peto meio 'qu~
. • '.. I I , ~ • .
• I • ~
."~.."
;,\i:~.;?~/::;~
ao cor~~1io humano oferece 'de se mOldar na perfeir;:ao das intenr;:Oes
divinas" No capitulo XIX da RegIa:: S:' Bento cita \> salmo:, «Cantal' ..vos-ei
em :presenr;:a dos"artjos'»~Para':ele,'? com dos monges prefigura 0 coro
d:iest~ Elimina" os'muros' que ~separam 0 ceu e a ten-a, Introduz ja no
inefavd e nas Iuzes incriadas. «Na'salmodia, diz ele, encontramo~nos na
pr:esen~a da divindad~ e dos seus anjos,» Pclo canto coral, todo 0
homem, COIpO, a:Jma e esp(rito, avan~a para a iluroinac;ao Acede a esse
UUpOl', a essa admiralio de que fala, no seculo XIII, 0 cisterciense
Bidduino de Ford, a contemplar;:ao do esplendor etemo, 0 monge nao
quer raciocinar sobre a fe, dedica-se a excita-la pelo malavilhamento
colectivo qu~ enche os celebrantes do aikio, Nao cuida de causa, nem de
efeito nero de prova mas de comunicar com 0 invislvel, e nenhuma via
Ihe p~rece mais dil'e~ta do que a experiencia do coro liturgico Quando
volta' em cada semana ua mesma hora do dia, as mesmas melodias, aos
mes~os verslculos, na~ esHi. 0 monge em estado de ,partiCipar em pr,o-
fundidade, pelo proprio acto da proferir;:ao musical, em viI tudes indiziveis
que 0 espfrito do homem nao pode atingir doutIa maneira? «Os ritos que,
segundo 0 cicIo do ano, se cumprem no oncio divino, sac sinais das mais
altas realidades; contem os sacramentos maiores e toda a majestade dos
mistcrios celestes; foram instituidos para a gl6ria do chefe da Igreja, 0
Senhor Jesus Cristo, por homens quecompreeuderam toda a sublimidade
dos misterios e souberam pIOclama,la pela palavra, pelas letr'as e pelos
ritos Entre os tesouros espirituais com que 0 Espirito Santo enriquece
a sua IgIeja, devemos cultivar com amor aquele que consiste em ganhar
inteligencia do que dizemos na ora~ao e na salmodia», e Ruperto de Deutz
acrescenta, «c nada menos que uma maneira de profetizaIll,
Na sociedade do scculo XI, os monges sao os ofidantes duma celio
m6nia de perpetuo 10nvOI, em que comungam todas as for~as criadoras
da obr a de ar te Esta, intima mente ligada a litur giiJ" C..O mais profunda-
mente a arte musical Hugo de Cluny decidiu colocar no centlo da nova
basllica nos capiteis do COIO, uma repr esentac;ao dos tons da musica
E,stcs c~nstituiam para ele as elementos duma cosmo gonia, em viI tude das
coirespondeneias secretas que, segundo Boecio, Jigam as se.te no.tas da
cscala aos sete planctas, fornecendo uma chave da harmoma unIversal
Mas acima de tudo 0 aba~e queIia propoi essas imagens a meditac;5.o dos
frades como uma especie de diaglama do misterio divino' «Tel fius impigit
Clistumque few; gens lingil»; ne'sta; inscri<;ao que acompanha a fig~la
en.contra-se defJnida a fui19UOdo terceiro tom Pelu emoc;uo que Susclta,
prepiua a alma" Inelhor do quepoder iam f~ze-Io palavras, Ie'it~r~s ou
'de'monstrar;:oes, para sentir a que' e verdadelIament,e a ressu~relr;:ao do
'Senhol~ I ' ,"
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