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* * Emergências Psiquiátricas CAMILA CRISTINA ABREU ENF.ª PROF. MESTRE. CRISTIANA CONTIERI SILVA * * Definição Qualquer situação na qual exista risco significativo e iminente de morte ou de lesão grave provocado por sentimentos, pensamentos, obsessões e ações que colocam em risco a integridade da própria pessoa, de outras, do ambiente e da sociedade. Exige intervenção terapêutica iminente – minutos ou horas. * * Epidemiologia Índice de mulheres é pouco maior que o dos homens Em geral são adultos jovens, solteiros, separados ou viúvos 20% são suicidas 10% são violentos 40% necessitam de hospitalização 5% representados por idosos Entre crianças e adolescentes, a maioria tem 13 anos ou mais e é predominantemente do sexo feminino * * Causas das Emergências Psiquiátricas Elas são causadas por vários fatores associados como: Fatores biológicos: onde estão envolvidas várias estruturas do sistema nervoso central, como o próprio sistema nervoso autônomo e neurotransmissores (serotoninérgicos, gabaminérgicos e noradrenérgicos). Fatores genéticos: herança de nossos parentes. Fatores psicológicos: perdas pessoais, financeiras, morte de familiar, acidentes, etc... Fatores sociais: isolamento social, mudança de cidade ou país, onde deixam os amigos, interação social prejudicada com falta de comunicação, etc... Fatores espirituais: onde a busca do ``EU`` fica afetada, onde o indivíduo não tem nenhuma perspectiva na vida e nem acredita que vai conseguir algo bom. * * Objetivos do atendimento Intervir de imediato nas situações de crise em que a pessoa põe em risco sua integridade física ou de qualquer outra pessoa ao seu redor Estabilização do quadro onde sintomas devem ser abordados e controlados. Estabelecimento de uma hipótese diagnostica que é um referencial para a avaliação da evolução do paciente Exclusão de uma causa orgânica. Encaminhamento * * Estabilização do quadro Abordagem + Controle: Em primeiro momento utilizamos a contenção verbal. Em seguida a contenção física simultaneamente com a contenção química (medicamentosa). Os demais processos de atendimento da enfermagem vão se desenvolvendo a seguir (história, exame físico do paciente, etc) * * Hipóteses diagnósticas É considerada como a idéia do que está acontecendo: é uma hipótese provisória, na verdade sem muita importância, pois o enfermeiro vai cuidar do paciente e não da doença. É realizado para uma referência da condução do atendimento, onde vamos excluir um quadro orgânico ou vamos verificar a presença de uma doença psiquiátrica como um surto psicótico de um esquizofrenico, um transtorno de humor, ou de ansiedade, ou de personalidade. * * Exclusão de causas orgânicas Para excluirmos as causas orgânicas são realizados: Exames laboratoriais e exames de imagem. E após: -História do paciente; -Exame físico; -Exame Psíquico: (consciência, atenção, sensopercepção, orientação e memória). * * Encaminhamento Raramente o atendimento de emergência se encerra em si mesmo. Estabilização do Quadro + Controle de risco – Sequência do tratamento com o encaminhamento para tratamento psicosocial e espiritual. Ex: CAPS – Centro de Atenção Psicossocial ou internação do paciente, cajo haja risco de vida para si ou para outros. * * Equipe e local de atendimento A equipe precisa ter conhecimento cientifico para o atendimento de pacientes em crise, conhecimentos psicofarmacológicos, de transtornos mentais, técnicas de comunicação e abordagem terapêutica e técnicas de contenção. O local deve ser reservado, adequado, seguro e deve facilitar o acesso de outros profissionais de saúde e de seguranças ao local de atendimento. Evitar exposição física e moral. * * Situações de Emergências Psiquiátricas Comportamento suicida ( Tentativas de suicídio, risco de suicídio, etc...) Agitação e agressividade ( psicoses, delirium,etc... ) Transtorno de ansiedade. Transtornos do humor. Emergências associadas ao álcool ou drogas (etilismo, síndromes de abstinência, etc...) * * O Comportamento suicida: É considerada uma das mais graves emergências psiquiátricas. OMS define comportamento suicida quando o individuo tem pensamentos de se matar e realiza tentativas de suicídio ou o suicídio já foi efetivado. Etiologia : interação entre fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais, culturais, espirituais e do meio ambiente. 97% dos que cometeram suicídio são portadores de transtornos mentais que poderiam ser diagnosticados precocemente onde poderiam receber intervenções para evitar o ato suicida * * Fatores de risco Transtornos mentais Sexo masculino Idoso Solteiro e divorciado Antecedente de abuso sexual, maus-tratos e traumas físicos Desesperança Doenças crônicas História de tentativa e suicídio em familiares * * Avaliação do Comportamento Suicida História relatada pelo paciente e por acompanhantes. Nunca minimize a tentativa, por mais que a atitude pareça menos lesiva, não a considere de menor risco. Assistir o paciente e seus familiares, oferecendo-lhes apoio e oportunidade para expressarem seus sentimentos e pensamentos sobre a experiência vivenciada. Auxiliar o paciente a normalizar seu estado emocional (situação induzida por estresse) através da escuta terapêutica, isso reduz a ideação suicida. * * Durante a Avaliação do Comportamento suicida observar: O paciente continua com ideação suicida após a tentativa? Quais são os problemas atuais do paciente que poderiam ter desencadeado a tentativa? Identificar fatores de risco e de proteção. Existe algum diagnóstico psiquiátrico associado? Obs: Prestar atenção no relato de como ele lidou com outras situações de crise em sua vida e ao apoio recebido. Nunca deixar o paciente sozinho. * * Agitação e agressividade É um estado de tensão, inquietação e hiperatividade manifestado por um estado psicomotor, onde ocorrem sintomas de agressividade que podem variar desde um comportamento ameaçador até uma agitação psíquica e motora. O Comportamento violento é um dos fatores que mais contribuem para o estigma da doença mental. A Avaliação do risco e o tratamento são partes fundamentais do plano terapêutico, onde o enfermeiro deve ter postura profissional, fazer um rápido reconhecimento da situação, fazer um manejo do ambiente e entrar com a contenção verbal. O diagnóstico diferencial e a intervenção de forma adequada são cruciais para a reversão desses estados. * * * * Sinais e Fatores de risco de agitação e agressividade * * Manejo da Agitação e agressividade Deve-se manter integridade física da equipe assistencial, do paciente e de terceiros e atentar-se ao ambiente. A Abordagem do profissional durante a contenção verbal (manter-se calmo, não elevar tom de voz., não dar as costas para o paciente, ficar sempre de frente mantendo as mãos na frente). Apesar da Abordagem Verbal nesse momento ser quase sempre ineficaz, ela nunca deve deixar de ser tentada. Simultaneamente fazer a Contenção física e a Contenção química: tranquilização rápida – haloperidol Ev ou diazepam Ev dependendo do caso. * * Transtornos de Ansiedade Estado emocional que se apresenta com sintomas físicos, emocionais e comportamentais. Passa a ser patológica quando a reação é desproporcional à situação que a desencadeia ou quando não existe um objeto que a direcione. Transtorno de ansiedade são os transtornos mentais mais prevalentes na psiquiatria. Mais comum em mulheres. * * Transtorno de ansiedade Quadro clínico Os Sintomas são divididos em físico e psíquicos: Sintomas Físicos: taquicardia, sudorese fria, taquipneia, piloereção, midríase, náusea, desconforto abdominal, contratura muscular, formigamento, hiperventilação, sensação de sufocamento Sintomas Psíquicos: tensão, nervosismo, apreensão, mal-estar definido, sensação de estranheza, dificuldade de concentração, insegurança, despersonalização e desrealização * * Tipos de transtorno de ansiedade Transtorno de pânico: ataques de ansiedade espontâneos e inesperados associados a vários sintomas, como falta de ar, taquicardia e medo intenso de morrer Transtorno de ansiedade generalizada: preocupação excessiva e persistente, acompanhada de vários sintomas físicos que causam comprometimento significativo do funcionamento social e ocupacional Transtorno de estresse pós-traumático: ansiedade decorrente de situação ou evento estressante de natureza catastrófica com grande impacto e sofrimento psíquico * * Tipos de transtorno de ansiedade Transtorno dissociativo ou conversivo: perda parcial ou total das funções normais de integração das lembranças, da consciência, da identidade e das sensações corporais. Transtorno fóbico: medos irracionais ou excessivos em relação a objeto, situação ou atividade específicos, que geram perturbação na vida do paciente causada pela esquiva consciente Transtorno obsessivo-compulsivo: caracterizado essencialmente por ideias obsessivas ou por comportamento compulsivos recorrentes. Obsessões: contaminação, dúvida, simetria, compulsões, lavagem, verificação, contagem * * Tratamento Na anamnese e exame físico avaliar: Sintomas, sinais , curso e intensidade e Fatores desencadeantes Causas clinicas de ansiedade ( febre, desidratação, hipóxia, etc...) Avaliação de fatores de melhora e/ou piora. Uso de substâncias. Considerar genética familiar. Exames laboratoriais (confirmar ou excluir doenças clínicas): Hemograma, eletrólitos, glicemia, uremia, creatinina, ECG, entre outros. Tratamento medicamentoso – Benzodiazepínicos * * Emergências associadas ao álcool e drogas Mudança de comportamento devido à ingestão recente de considerável quantidade de álcool Tais quadros podem precipitar sintomas psiquiátricos como tentativa de suicídio e homicídio, agitação psicomotora, síndromes psicóticas, maníacas, depressivas, entre outras Situações no serviço de emergência: - intoxicação aguda pelo álcool ou drogas - síndrome da abstinência do álcool ou drogas. * * Intoxicação aguda O paciente apresenta marcha instável, fala pastosa, diminuição da atenção, labilidade emocional, faces avermelhadas, agressividade, incapacidade de julgamento, euforia, depressão, até outras manifestações de comprometimento social e ocupacional. Sinais físicos: tremores leves, halitose, irritação nasal, irritação na conjuntiva, taquicardia ou arritmias, agitação psicomotora, inquietação e agressividade. Intoxicação autolimitada – taxa de eliminação do álcool no organismo é de aproximadamente 10 a 30 mg%/h * * Tratamento Objetivo do tratamento é a preservação das funções vitais até os níveis de álcool no sangue diminuírem Exame físico completo e exames complementares Na anamnese: obter informações sobre ingesta de álcool, tipo de bebida ingerida, quantidade e período de ingesta. A maioria dos casos não querer tratamento medicamentoso Manutenção do paciente em ambiente calmo, com monitoramento dos SSVV Administração de soro fisiológico ou de glicose hipertônica > Paciente desidratado ou hiperglicêmico, respectivamente. * * Fenomenologia relacionada aos níveis plasmáticos de álcool * * Síndrome de Abstinência do Álcool Sinais e sintomas aparecem após algumas horas do último consumo e geralmente atingem o seu pico entre 24 e 36 horas. Inicio pode ser com sintomas psíquicos de insônia, irritabilidade e piora das funções cognitivas 90% dos casos apresentam quadros de tremores, insônia, agitação e inquietação motora Parâmetros clínicos mais comuns: tremores de língua e extremidades taquicardia, náusea, vômitos, sudorese, alteração de humor agitação psicomotora, cefaleia, insônia, fraqueza, alucinações e convulsões. * * Síndrome de abstinência do álcool SAA classificada em Leve: pico de sintomas no primeiro dia - Moderada: pico no terceiro dia Grave: Pico no sexto dia, podendo evoluir com delirium tremens e convulsões * * SAA leve - tratamento Esclarecimento sobre a SAA para o paciente e família Repouso relativo Dieta leve ou restrita e hidratação adequada Observar alteração da orientação temporoespacial e/ou nível da consciência Farmacoterapia: Tiamina 300 mg/dia; diazepam 20 a 40 mg/dia * * SAA moderada e grave - tratamento Diazepam 10 a 20 mg/h ou clordiazepóxido 50 a 100 mg/h Repouso absoluto Redução do estímulo audiovisual Monitorização da glicemia, eletrólitos e hidratação Dieta leve ou jejum Monitorização da evolução sintomatológica Administrar tiamina (aumentar dose em caso de confusão mental, ataxia , nistagmo; Convulsões tratadas com benzodiazepinicos * * Delirium tremens Alteração do nível de consciência, despersonalização, humor disfórico, oscilando entre apatia e agitação intensa. Ocorre após 72 h da última ingestão de álcool em cerca de 3% dos pacientes com SAA grave Pode durar de 2 a 10 dias Além dos sedativos, associar haloperidol. Evitar hidratação indiscriminada, administração de glicose e clorpromazina * * Contenção física Envolve a técnica usada de forma adequada, para segurar, conduzir e restringir os movimentos físicos do paciente devido ao grau de risco que apresenta para si e os demais que convivem com ele, em consequência das suas alterações psíquicas e comportamentais. Deve ser o último recurso terapêutico a ser utilizado e quando todos os outros se mostraram ineficazes ou não tiveram chance de serem aplicados. * * Técnica de contenção Procedimento deve ser realizado de forma adequada e com segurança, respeitando o cliente, explicando o motivo pelo qual está sendo contigo, independentemente de suas condições, mesmo que aparentemente não esteja compreendendo o que está sendo dito Necessário 5 pessoas da equipe de enfermagem, podendo contar com elementos de segurança adequadamente treinados, se houver * * Materiais para contenção Quarto individual com cama baixa, coberta com lençol. Este deve ser mantido preparado para receber o paciente, quando necessário Faixas de contenção confeccionadas com tecido de algodão resistente, reforçadas com costura, de forma a não provocarem garroteamento ou lesões no cliente com segurança testada e amarras para fixação na cama Lençol ou cobertor para cobrir o cliente * * Passos para a contenção física 5 pessoas colocadas em posições estratégicas Um elemento de frente para o cliente, em geral o enfermeiro, deve abordá-lo na tentativa de acalmá-lo, chamando-o pelo nome e explicando o que está sendo feito Em momento oportuno, esta pessoa dará um sinal aos demais para segurar o cliente. Cada um é responsável pela imobilização de um dos membros do paciente, evitando que ele faça uso do movimento das pernas e dos braços, o que dificultará a contenção física. Em seguida, o enfermeiro também ajudará na contenção, segurando-o por trás, pelo tórax, com cuidado para não machucá-lo Levar o paciente para o quarto de contenção, contendo, primeiramente o tórax do paciente, depois os pulsos e os tornozelos, ficando as faixas de contenção na cama * * Contenção física A contenção física pode desencadear complicações clínicas graves, como desidratação, redução da perfusão em extremidades, fraturas, depressão respiratória e até mesmo morte súbita A adequação do comportamento da equipe no manejo da situação é um aspecto fundamental para a prevenção de agressão física ou danos materiais O paciente contido deve ser constantemente observado, tanto em relação à segurança e conforto da contenção quanto a outros parâmetros, como sinais vitais e nível de consciência. Em adultos o tempo máximo de contenção é de 4 horas, com supervisão direta e contínua dos dados vitais e conforto do paciente. * * Contenção química TRANQUILIZAÇÃO RÁPIDA – Entende-se por tranquilização rápida a obtenção de redução significativa dos sintomas de agitação e agressividade sem a indução de sedação mais profunda ou prolongada. O objetivo é tranquilizar o paciente o mais rapidamente possível, reduzindo o risco de auto e heteroagressividade e de ocorrência de efeitos colaterais, mas de maneira a permitir a continuidade da investigação diagnóstica e da abordagem terapêutica. Devem ser evitados em pacientes intoxicados por outros depressores como álcool, barbitúricos ou com suspeita de traumatismo craniano. * * Contenção química * * Considerações finais A estigmatização da pessoa com transtorno mental é o maior obstáculo para assistência apropriada. Antes de assistir uma emergência psiquiátrica, é preciso analisar os sentimentos que experimentamos quando estamos frente à pessoa com transtorno mental e buscar em todos os momentos superá-los, visto que eles estão geralmente ligados a estereótipos históricos e que determinam relações arbirtrárias, legais e não profissionais * * Referências Bibliográficas SALLUM A.M.C , PARANHOS W.Y. O enfermeiro e as situações de emergência. 2ª edição. São Paulo: Ateneu, 2010 GOLIN, V., Sprovieri S.R.S. Condutas em urgências e emergências para o clínico. 2ª edição. São Paulo: Ateneu, 2012 STEFANELLI M.C, FUKUDA I.M.K, ARANTES E.V. Enfermagem psiquiátrica em suas dimensões assistenciais. Barueri SP, 2008 COSTA, N.M, SILVA K.R . Principais desafios vivenciados pela enfermagem na assistência prestada a pacientes em unidades de emergência psiquiátrica. NBC. Belo Horizonte, MG v.04, n.07, ago.de 2014 TEXEIRA A.M.F , Luis M.A.V. Distúrbios psiquiátricos, tentativas de suicídio, lesões e envenenamento em adolescentes atendidos em uma unidade de emergência,. Ribeirão Preto, 1997 SILVA M.G.B, MAXIMINO V.S Resgate em saúde mental.
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