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Anotac¸o˜es sobre conjuntos Rodrigo Carlos Silva de Lima ‡ rodrigo.uff.math@gmail.com ‡ 1 Suma´rio 1 Conjuntos 4 1.1 Definic¸o˜es ba´sicas e operac¸o˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.2 Axiomas ZFC para teoria dos conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.2.1 Axioma da existeˆncia do conjunto vazio . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.2.2 Axioma da extensa˜o e igualdade de conjuntos . . . . . . . . . . . 6 1.2.3 Axioma da compreensa˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.2.4 Intersec¸a˜o de conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.2.5 Axioma do par . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.2.6 Axioma da unia˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.2.7 Definic¸a˜o da unia˜o de dois conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.2.8 Relac¸a˜o de inclusa˜oSubconjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.2.9 O vazio e´ subconjunto de todo conjunto . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.2.10 Subconjunto pro´prio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.2.11 Nenhum conjunto e´ elemento de si mesmo. . . . . . . . . . . . . . 12 1.2.12 Conjunto universo U . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.2.13 Axioma da poteˆncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 1.2.14 Propriedades da unia˜o de conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 1.2.15 Conjunto das partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.2.16 Subconjuntos , igualdade e lo´gica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.2.17 Intersec¸a˜o de conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.2.18 Se A ⊂ B enta˜o A ∩ C ⊂ B ∩ C, e A ∩ C ⊂ B. . . . . . . . . . . . . 17 1.2.19 Conjuntos disjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.2.20 Produto cartesiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.2.21 Na˜o vale que (A× B) ∪ (C×D) = (A ∪ C)× (B×D). . . . . . . 22 2 SUMA´RIO 3 1.2.22 Na˜o vale que [ ⋃ k∈L Gk] \ [ ⋃ k∈L Fk] = ⋃ k∈L (Gk \ Fk). . . . . . . . . . . . . 22 1.2.23 [ ⋃ k∈L Gk] \ [ ⋃ k∈L Fk] ⊂ ⋃ k∈L (Gk \ Fk) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 1.2.24 E \ F = E ∩ Fc. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 1.2.25 Diferenc¸a sime´trica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 1.3 Propriedades das operac¸o˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 1.3.1 Leis de De Morgan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 1.4 Partic¸o˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 1.5 Conjuntos ordenados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 1.5.1 ⋃ y∈Y (B ∩ Iy) = B ∩ ( ⋃ y∈Y Iy) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 1.5.2 B \ (B ∩A) = B ∩ (R \A) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 1.6 Conjuntos crescentes e decrescentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 1.7 Conjuntos e func¸o˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Capı´tulo 1 Conjuntos 1.1 Definic¸o˜es ba´sicas e operac¸o˜es O objetivo aqui e´ dar noc¸o˜es intuitivas sobre teoria dos conjuntos e na˜o apresentar uma formulac¸a˜o rigorosa. Enta˜o o nosso objetivo e´ a teoria ingeˆnua dos conjuntos. m Definic¸a˜o 1. Usaremos como uma primeira aproximac¸a˜o de um conjunto a ideia de colec¸a˜o de objetos que sa˜o chamados seus elementos, um conjunto sendo visto como uma entidade u´nica . • Denotamos, geralmente, conjuntos por letras maiu´sculas A,B,C · · · e ele mentos por letras minu´sculas. • Para dizer que a e´ um elemento de A escrevemos a ∈ A, nesse caso dizemos que a pertence a` A , para dizer que a na˜o e´ elemento de A escrevemos a /∈ A, nesse caso dizemos que a na˜o pertence a` A. • Iremos considerar a existeˆncia e unicidade de um conjunto que na˜o possui elementos, denotaremos tal conjunto como ∅ ou {} e diremos que e´ o conjunto vazio . 4 CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 5 • Podemos denotar um conjunto escrevendo seus elementos entre chaves {, }, ou dando a propriedade que seus elementos satisfazem. A notac¸a˜o entre chaves sera´ chamada de notac¸a˜o de lista. • Um conjunto A fica definido, determinado ou caracterizado quando se da´ uma regra que permita decidir se um objeto arbitra´rio x e´ ou na˜o elemento de A. Podemos definir alguns conjuntos assumindo uma propriedade P e tomar {x | x possui propriedade P}. • Algumas vezes um conjunto A pode ser definido com elementos de outro conjunto E que satisfazem certa propriedade P, podemos denotar A da se guinte maneira A = {x ∈ E | x possui propriedade P}. • No item acima, se nenhum elemento de E possui a propriedade P, enta˜o A e´ o conjunto vazio . • Diferenciamos um elemento x do conjunto {x} cujo u´nico elemento e´ x, sendo entes de natureza distintas. Enta˜o temos por exemplo com x = ∅ que ∅ e´ diferente de {∅}. Apresentamos uma lista de axiomas para teoria dos conjuntos chamada de ZFC . Em ZFC, as duas primeiras letras se referem aos nomes dos matema´ticos Ernst Zermelo e Abraham Fraenkel, sendo C para denotar o axioma da escolha, choice em ingleˆs. Tal sistema e´ um dos modos propostos para formular a teoria dos conjuntos sem paradoxos que poderiam ser obtidos na teoria ingeˆnua dos conjuntos. Tal sistema e´ considerado como fundamentac¸a˜o mais comum da matema´tica. CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 6 1.2 Axiomas ZFC para teoria dos conjuntos 1.2.1 Axioma da existeˆncia do conjunto vazio Axioma 1 (Axioma da existeˆncia). Existe um conjunto que na˜o possui elementos . 1.2.2 Axioma da extensa˜o e igualdade de conjuntos Axioma 2 (Axioma da extensa˜o). Dois conjuntos sa˜o iguais⇔ possuem os mesmos elementos . Um conjunto e´ determinado pelos seus membros. Se cada elemento de um conjunto X e´ elemento de um conjunto Y e cada elemento de Y e´ um elemento do conjunto X enta˜o, X e Y sa˜o o mesmo conjunto, o que denotamos por X = Y. Tal axioma tambe´m chamado de axioma da extensionalidade ou determinac¸a˜o . Em sı´mbolos ∀ x∀ y(∀ z(z ∈ x↔ z ∈ y)→ x = y). Se dois conjuntos X e Y sa˜o iguais denotamos tal fato por X = Y. Caso A = B, A e B conjuntos, enta˜o A e B sa˜o simbolos para representar o mesmo conjunto. Z Exemplo 1. Conjuntos da forma A = {1, 2, 3} e B = {3, 2, 1}, sa˜o iguais pois conte´m os mesmos elementos, na˜o importa enta˜o a ordem em que se escreve na notac¸a˜o em lista. Os conjuntos A = {1, 2, 3} e B = {1, 1, 2, 3} tambe´m sa˜o iguais, pois ambos possuem apenas os elementos 1, 2 e 3, na˜o importa se repetimos um elemento. Usando o axioma da extensa˜o podemos provar que existe apenas um conjunto sem elementos. b Propriedade 1. Existe apenas um conjunto sem elementos. ê Demonstrac¸a˜o. Suponha que A e B sa˜o conjuntos sem elementos, vamos mostrar que A = B . Vale que ∀ x ∈ A⇒ x ∈ B, CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 7 pois se na˜o fosse assim, haveria x ∈ A tal que x /∈ B, pore´m A na˜o possui elementos, enta˜o fica provado por absurdo . De outro modo: uma proposic¸a˜o de implicac¸a˜o com antecedente falso ( x ∈ A) e´ uma proposic¸a˜o verdadeira. m Definic¸a˜o 2 (Conjunto vazio ∅). Existe portanto um u´nico conjunto que na˜o possui elementos, o chamamos de conjunto vazio e denotamos por ∅. 1.2.3 Axioma da compreensa˜o Axioma 3 (Axioma da compreensa˜o ). Seja P(x) uma propriedade de x . Para cada conjunto A existe um conjunto B tal que x ∈ B ⇔ x ∈ A e vale P(x) . Para cada propriedade P temos um axioma que garante a existeˆncia de um conjunto B tal que os elementos de B sa˜o determinados como elementos de A que satisfazem a propriedade P. b Propriedade 2 (Unicidade de conjunto definido pelo axioma da compre ensa˜o). Para cada conjunto A existe apenas um conjunto B tal que x ∈ B⇔ x∈ A e vale P(x). ê Demonstrac¸a˜o. Se B ′ e´ outro conjunto tal que x ∈ B ′ ⇔ x ∈ A e vale P(x), enta˜o x ∈ B⇔ x ∈ B ′ , logo B = B ′ pelo axioma da extensa˜o . Agora podemos introduzir um nome para o u´nico conjunto B definido com ele mentos de A que satisfazem P(x). m Definic¸a˜o 3. Denotamos por {x ∈ A | P(x)} o u´nico conjunto de todos x ∈ A tais que P(x) vale . b Propriedade 3. {x ∈ ∅|P(x)} = ∅. ê Demonstrac¸a˜o. {x ∈ ∅|P(x)} = ∅ e´ o conjunto de todos x ∈ ∅ tais que vale P(x) pore´m ∅ na˜o possui elementos e daı´ {x ∈ ∅|P(x)} e´ vazio . CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 8 1.2.4 Intersec¸a˜o de conjuntos b Propriedade 4. Se A e B sa˜o conjuntos, enta˜o existe um conjunto simboli zado por A ∩ B, tal que x ∈ A ∩ B ⇔ x ∈ A e x ∈ B . Tal conjunto e´ chamado de intersec¸a˜o de A e B . ê Demonstrac¸a˜o. Considere a propriedade P(x), x ∈ B. Pelo axioma da compreensa˜o existe um conjunto A ∩ B tal que x ∈ A ∩ B⇔ x ∈ A e vale P(x), isto e´, x ∈ B. 1.2.5 Axioma do par Axioma 4 (Axioma do par). Para cada A e B conjuntos existe um conjunto C tal que x ∈ C ⇔ x = A ou x = B, isto e´ , A ∈ C e B ∈ C e nenhum outro elemento . b Propriedade 5. O conjunto C definido na propriedade anterior e´ u´nico . ê Demonstrac¸a˜o. Suponha outro conjunto C ′ = {A,B} enta˜o C ′ e C possuem os mesmos elementos , logo sa˜o o mesmo conjunto. m Definic¸a˜o 4 (Par na˜o ordenado). Definimos o par na˜o ordenado de A e B como o conjunto contendo exatamente A e B como elementos e o denotamos por {A,B} . Se A = B o denotamos por {A}. Z Exemplo 2. Se A = ∅ = B enta˜o {∅} = {∅, ∅}, sendo um conjunto tal que ∅ ∈ {∅}, x ∈ {∅}⇔ x = ∅ . {∅} possui um u´nico elemento , que e´ o conjunto vazio . Observamos tambe´m que {∅} 6= ∅, CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 9 pois ∅ ∈ {∅} e ∅ /∈ ∅, pois ∅ na˜o possui elementos. Z Exemplo 3. Se A = ∅ e B = {∅} enta˜o ∅ ∈ {∅, {∅}} e {∅} ∈ {∅, {∅}} . Temos que ∅ e {∅} sa˜o os u´nicos elementos de {∅, {∅}} . Temse que ∅ 6= {∅, {∅}} e {∅} 6= {∅, {∅}} . 1.2.6 Axioma da unia˜o Axioma 5 (Axioma da unia˜o). Para cada conjunto S, existe um conjunto U tal que x ∈ U⇔ x ∈ A para algum A ∈ S b Propriedade 6. Um conjunto definido pelo axioma da unia˜o e´ u´nico . ê Demonstrac¸a˜o. Seja U ′ outro conjunto tal que x ′ ∈ U ⇔ x ∈ A para algum A ∈ S, daı´ cada elemento de U ′ e´ elemento de U , pois a definic¸a˜o de um elemento pertencer a U e´ a mesma que para U ′, da mesma forma todo elemento de U e´ elemento de U ′ pela definic¸a˜o, portanto U e U ′ possuem os mesmos elementos logo sa˜o conjuntos iguais. m Definic¸a˜o 5. O conjunto U definido pelo axioma da unia˜o e´ denotado por⋃ S. Dizemos que S e´ um sistema de conjuntos ou uma colec¸a˜o de conjuntos. Z Exemplo 4. Seja S = {∅, {∅}}, seus elementos sa˜o A1 = ∅ , A2 = {∅} o u´nico desses que possui elemento e´ A2 enta˜o formamos U com esse elemento U = {∅}. b Propriedade 7. ⋃ ∅ = ∅. ê Demonstrac¸a˜o. Vamos provar que ⋃ ∅ e´ vazio . Suponha que na˜o, enta˜o existe A ∈ ∅ tal que x ∈ A, o que e´ absurdo pois ∅ na˜o possui elemento. CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 10 1.2.7 Definic¸a˜o da unia˜o de dois conjuntos m Definic¸a˜o 6 (Unia˜o de dois conjuntos). Se M e N sa˜o conjuntos x ∈⋃ {M,N} ⇔ x ∈ M ou x ∈ N, o conjunto ⋃{M,N} e´ chamado de unia˜o de M e N e denotado por M ∪N. 1.2.8 Relac¸a˜o de inclusa˜oSubconjuntos m Definic¸a˜o 7 (Relac¸a˜o de inclusa˜oSubconjuntos). Dizemos que A e´ subcon junto de B, e denotamos tal fato como A ⊂ B quando ∀ a ∈ A tem se a ∈ B. A negac¸a˜o de A ⊂ B e´: existe a ∈ A tal que a /∈ B, nesse caso escrevemos A 6⊂ B, em palavras, existe um elemento a ∈ A que na˜o e´ elemento de B, enta˜o para mostrar que na˜o vale a inclusa˜o basta mostrar tal elemento . Se A ⊂ B enta˜o podemos ler tambe´m como: • A e´ parte de B. • A esta´ incluı´do em B . • A esta´ contido em B . Um subconjunto de A tambe´m pode ser chamado de parte de A. $ Corola´rio 1. x ∈ A⇔ {x} ⊂ A. $ Corola´rio 2 (Reflexividade). A ⊂ A. 1.2.9 O vazio e´ subconjunto de todo conjunto $ Corola´rio 3. ∅ ⊂ B ∀ conjunto B. O conjunto vazio e´ subconjunto de qualquer conjunto B, pois se na˜o fosse existiria algum elemento a no vazio tal que a /∈ B, CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 11 o que e´ absurdo pois o conjunto vazio na˜o possui elementos. b Propriedade 8 (Transitividade da relac¸a˜o de inclusa˜o). Se A ⊂ B e B ⊂ C enta˜o A ⊂ C. ê Demonstrac¸a˜o. Dado qualquer a ∈ A temse a ∈ B e daı´ por B ⊂ C temse a ∈ C, como a e´ arbitra´rio temse A ⊂ C. Z Exemplo 5. 1. {∅} ⊂ {∅, {∅}} e tambe´m {{∅}} ⊂ {∅, {∅}} 2. {x ∈ A | P(x)} ⊂ A, pois todo elemento de {x ∈ A | P(x)} pertence a A por definic¸a˜o . 3. Se A ∈ S enta˜o A ⊂ ⋃ S. Seja x ∈ A vamos mostrar que x ∈ ⋃ S, pelo axioma da unia˜o x ∈ ⋃ S ⇔ x ∈ A para algum A ∈ S, enta˜o a propriedade vale. b Propriedade 9 (Propriedade antisime´trica). A ⊂ B e B ⊂ A ⇔ A = B . A condic¸a˜o de se A ⊂ B e B ⊂ A enta˜o A = B e´ dita propriedade antisime´trica . ê Demonstrac¸a˜o. ⇒). Se temos A ⊂ B e B ⊂ A enta˜o todo elemento de A e´ elemento de B e todo elemento de B e´ elemento de A.⇐) . Se A = B enta˜o todo elemento de A e´ elemento de B, logo A ⊂ B , tambe´m, todo elemento de B e´ elemento de A logo B ⊂ A. 1.2.10 Subconjunto pro´prio m Definic¸a˜o 8 (Subconjunto pro´prio). Quando A ⊂ B e temse B 6⊂ A dizemos que A e´ subconjunto pro´prio Axioma 6 (Axioma da regularidade). Todo conjunto X na˜o vazio, possui um elemento Y, tais que X e Y sa˜o conjuntos disjuntos . CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 12 ∀ x[∃y(y ∈ x)→ ∃y(y ∈ x∧ ¬∃z(z ∈ x∧ z ∈ y)]. Z Exemplo 6. Seja X = {∅, {∅}}. Os elementos de X sa˜o Y1 = ∅ e Y2 = {∅}. X e Y2 = {∅} possuem um elemento em comum ∅, pore´m X e Y1 = ∅ na˜o possuem elemento em comum, logo sa˜o disjuntos. 1.2.11 Nenhum conjunto e´ elemento de si mesmo. b Propriedade 10. Nenhum conjunto e´ elemento de si mesmo. ê Demonstrac¸a˜o. Seja A um conjunto. Pelo axioma do Par, existe o conjunto {A}. Pelo axioma da regularidade, existe elemento de {A} disjunto dele. Como o u´nico elemento de {A} e´ A, enta˜o A ∩ {A} = ∅, pore´m temos que A ∈ {A} e daı´ na˜o podemos ter A ∈ A, pois se assim fosse, tanto {A} teria o elemento A, tanto quanto A (de A ∈ A) e daı´ na˜o valeria A ∩ {A} = ∅, pois conjuntos disjuntos na˜o possuem elemento em comum. $ Corola´rio 4. Na˜o podemos ter X = {X}, pois daı´ X seria elemento de si mesmo. b Propriedade 11. Dados conjuntos X e Y, na˜o podemos ter X ∈ Y e tambe´m Y ∈ X . ê Demonstrac¸a˜o. Pelo axioma do Par, existe o conjunto {X, Y}. Pelo axioma da regularidade, existe elemento de {X, Y} disjunto dele. Como od u´nico elemento de {C, Y} sa˜o X e Y, suponha sem perda de generalidade que seja X, enta˜o X∩ {X, Y} = ∅, pore´m temos que Y ∈ {Y, X} e daı´ na˜o podemos ter Y ∈ X, pois se assim fosse, tanto {Y, X} teria o elemento Y, tanto quanto X e daı´ na˜o valeria X ∩ {X, Y} = ∅, pois conjuntos disjuntos na˜o possuem elemento em comum. 1.2.12 Conjunto universo U CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 13 m Definic¸a˜o 9 (Conjunto universo U). Em algumas aplicac¸o˜es de teoria dos conjuntos, fixamos um conjunto U e nos focamos apenas em seus subconjuntos. O conjunto U va´ria por tema de estudo sendo chamado de conjunto universal o conjunto {x | x ∈ U, x satisfaz P}, onde P e´ uma propriedade, pode ser denotado por {x | x satisfaz P}, quando o conjunto universo U e´ conhecido pelo contexto . Z Exemplo 7 (Va´riel muda). Na notac¸a˜o de conjunto a va´riavel e´ muda, independe se usamos x, y, z ou outra varia´vel para denotar o conjunto {x | x ∈ U, x satisfaz P} = {z | z ∈ U, z satisfaz P}. 1.2.13 Axioma da poteˆncia Axioma 7 (Axioma da poteˆncia). Para cada conjunto S, existe um conjunto P tal que x ∈ P ⇔ x ⊂ S. Tal conjunto P e´ chamado de conjunto das partes de S, denotado por P(S) . b Propriedade 12. O conjunto das partes e´ u´nico. ê Demonstrac¸a˜o. 1.2.14 Propriedades da unia˜o de conjuntos m Definic¸a˜o 10 (Unia˜o). Ja´ definimos unia˜o de conjuntos ao apresentar axioma da unia˜o, aqui relembramos a definic¸a˜o da unia˜o de dois conjuntos e demonstra CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 14 mos propriedades sobre unia˜o. Dados dois conjuntos A e B, definimos a unia˜o A ∪ B como o conjunto A ∪ B = {x ∈ A ou x ∈ B} e´ o conjunto formado por elementos dos dois conjuntos A e B. Lembrando que o "ou"usado em matema´tica, na˜o e´ exclusivo, isto e´ se x ∈ A e x ∈ B enta˜o x ∈ A ou x ∈ B, o "ou"usado em matema´tica na˜o exclui a possibilidade das duas proposic¸o˜es ligadas pelo conectivo lo´gicou "ou", serem verdadeiras. $ Corola´rio 5. Vale que A ⊂ A ∪ B pois ∀ x ∈ A temse x ∈ A ∪ B. $ Corola´rio 6. Vale que A = A ∪ ∅ pois A ⊂ A ∪ ∅ e A ∪ ∅ ⊂ A. $ Corola´rio 7 (Idempoteˆncia da unia˜o). A ∪A = A. $ Corola´rio 8. A ∪ B = B ∪A. b Propriedade 13. Dados A e B, seja X com as propriedades • A ⊂ X, B ⊂ X. • Se A ⊂ Y e B ⊂ Y enta˜o X ⊂ Y. Nessas condic¸o˜es X = A ∪ B, a unia˜o A ∪ B e´ o menor conjunto com subcon juntos A e B. ê Demonstrac¸a˜o. A primeira condic¸a˜o implica que A ∪ B ⊂ X. A segunda condic¸a˜o com Y = A ∪ B implica X ⊂ A ∪ B. Das duas segue que A ∪ B = X. CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 15 b Propriedade 14 (Associatividade da unia˜o de conjuntos). Sendo A, B e C conjuntos quaisquer, vale que (A ∪ B) ∪ C = A ∪ (B ∪ C). ê Demonstrac¸a˜o. Vamos mostrar que (A ∪ B) ∪ C ⊂ A ∪ (B ∪ C) inicialmente, depois a outra inclusa˜o . Seja x ∈ (A ∪ B) ∪ C. Se x ∈ C enta˜o x ∈ B ∪ C e daı´ x ∈ A ∪ (B ∪ C). Se x /∈ C enta˜o x ∈ A∪B, nessa condic¸a˜o se x /∈ B enta˜o x ∈ A e daı´ x ∈ A∪ (B∪C), se x ∈ B enta˜o x ∈ A ∪ (B ∪ C), enta˜o a inclusa˜o vale em qualquer dos casos. 1.2.15 Conjunto das partes m Definic¸a˜o 11 (Conjunto das partes). Dado um conjunto A, denotamos por P(A) o conjunto (que iremos supor que existe), cujos elementos sa˜o os subconjun tos de A. $ Corola´rio 9. Dado um conjunto A, enta˜o P(A) nunca e´ vazio pois ∅ e´ sub conjunto de A e ∅ ∈ P(A), ale´m disso P(A) possui pelo menos dois elementos pois A ⊂ A enta˜o A ∈ P(A). Z Exemplo 8. • Se A = ∅ enta˜o P(A) = {∅}, pois o u´nico subconjunto do vazio e´ ele mesmo, se houvesse outro subconjunto ele teria um elemento, mas o vazio na˜o possui elementos. • Se A = {1} enta˜o P(A) = {∅, 1}. m Definic¸a˜o 12 (Nu´mero de elementos de um conjunto). Para simbolizar o nu´mero de elementos de um conjunto A usamos |A|. O intuito aqui na˜o e´ dar uma definic¸a˜o rigorosa do nu´mero de elementos de um conjunto, tal tentativa e´ CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 16 feita no texto sobre conjuntos enumera´veis . b Propriedade 15. Seja |A| = n enta˜o |P(A)| = 2n. ê Demonstrac¸a˜o. Por induc¸a˜o sobre n, se n = 1, enta˜o A = {a1} possui dois subconjuntos que sa˜o ∅ e {α1}. Suponha que um conjunto qualquer B com n elementos tenha |P(B)| = 2n, vamos provar que um conjunto C com n + 1 elementos implica |P(C)| = 2n+1. Tomamos um elemento a ∈ C, C \ {a} possui 2n subconjuntos (por hipo´tese da induc¸a˜o), sk de k = 1 ate´ k = 2n, que tambe´m sa˜o subconjuntos de C, pore´m podemos formar mais 2n subconjuntos de C com a unia˜o do elemento {a}, logo no total temos 2n + 2n = 2n+1 subconjuntos de C e mais nenhum subconjunto, pois na˜o temos nenhum outro elemento para unir aos subconjuntos dados. 1.2.16 Subconjuntos , igualdade e lo´gica b Propriedade 16. Sejam X e Y subconjuntos de um conjunto universo U, P e Q propriedades que definem X e Y em U respectivamente, enta˜o 1. x satisfaz P ⇒ x satisfaz Q⇒ X ⊂ Y. 2. x satisfaz P ⇔ x satisfaz Q⇒ X = Y. ê Demonstrac¸a˜o. 1. Seja a ∈ X enta˜o a satisfaz a propriedade P e daı´ a satisfaz Q, sendo elemento de U enta˜o a ∈ Y, como a foi tomado arbitra´rio em X temos X ⊂ Y. 2. Usamos duas vezes a implicac¸a˜o anterior, o que nos garante X ⊂ Y e Y ⊂ X dai X = Y. 1.2.17 Intersec¸a˜o de conjuntos m Definic¸a˜o 13 (Intersecc¸a˜o). Dados dois conjuntos A e B, definimos a CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 17 Intersecc¸a˜o A ∩ B como o conjunto A ∩ B = {x ∈ A e x ∈ B} e´ o conjunto formado pelos elementos que pertencem aos dois conjuntos A e B. $ Corola´rio 10. A ∩ B = B ∩A. b Propriedade 17. A ∩ B ⊂ A, pois a ∈ A ∩ B⇒ a ∈ A e a ∈ B. $ Corola´rio 11. A ∩ ∅ = ∅ pois A ∩ ∅ ⊂ ∅. b Propriedade 18. A ∩ B e´ o menor subconjunto de A e B. Seja X com • X ⊂ A e X ⊂ B • Se Y ⊂ A e Y ⊂ B enta˜o Y ⊂ X. Nessas condic¸o˜es X = A ∩ B. ê Demonstrac¸a˜o. Da primeira condic¸a˜o temos que X ⊂ A ∩ B. Da segunda tomando Y = A ∩ B, que satisfaz Y ⊂ A e Y ⊂ B, enta˜o A ∩ B ⊂ X logo pelas duas incluso˜es A ∩ B = X. 1.2.18 Se A ⊂ B enta˜o A ∩ C ⊂ B ∩ C, e A ∩ C ⊂ B. b Propriedade 19. Se A ⊂ B enta˜o A ∩ C ⊂ B ∩ C, e A ∩ C ⊂ B. ê Demonstrac¸a˜o. Se x ∈ A ∩ C daı´ x ∈ A de onde segue que x ∈ B, ale´m disso x ∈ C logo x ∈ B ∩ C. CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 18 1.2.19 Conjuntos disjuntos m Definic¸a˜o 14 (Conjuntos disjuntos). A e B sa˜o conjuntos disjuntos se A∩B = ∅. Neste caso na˜o existe elemento que pertenc¸a aos dois conjuntos, isto e´, na˜o existe x tal que x ∈ A e x ∈ B, pois caso contra´rio ele na˜o seria vazio . b Propriedade 20. Sejam A,B ⊂ E. enta˜o A ∩ B = ∅⇔ A ⊂ Bc. ê Demonstrac¸a˜o. Temos que E = B ∪ Bc onde B ∩ Bc = ∅.⇒). Suponha por absurdo que A∩B = ∅ e na˜o vale A ⊂ Bc, enta˜o existe a ∈ A tal que a /∈ Bc e por isso a ∈ B, mas daı´ A ∩ B 6= ∅ absurdo.⇐). Suponha a ∈ A ∩ B enta˜o a ∈ A ⊂ Bc e a ∈ B o que e´ absurdo pois B e Bc sa˜o disjuntos. $ Corola´rio 12. Vale que A ∪ B = E⇔ Ac ⊂ B. Pois A ∪ B = E⇔ Ac ∩ Bc = ∅⇔ pelo resultado anterior Bc ⊂ (Ac)c︸ ︷︷ ︸ A ⇔ Ac ⊂ B. $ Corola´rio 13. Sejam A,B ⊂ E. A ⊂ B⇔ A ∩ Bc = ∅. Sabemos que A ∩W = ∅⇔ A ⊂Wc por resultado que ja´ mostramos, tomando W = Bc temos o resultado que desejamos. CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 19 Z Exemplo 9. Deˆ exemplo de conjuntos A,B,C tais que (A ∪ B) ∩ C 6= A ∪ (B ∩ C). Sejam A = B 6= ∅ e C tal que C ∩A = ∅. Enta˜o (A ∪ B) ∩ C = A ∩ C = ∅ 6= A ∪ (B ∩ C) = A ∪ ∅ = A. b Propriedade 21. Se A,X ⊂ E tais que A ∩ X = ∅ e A ∪ X = E enta˜o X = Ac. ê Demonstrac¸a˜o. Pelo que ja´ mostramos A∩X = ∅ enta˜o X ⊂ Ac. De A∪X = E temos Ac ⊂ X, como temos Ac ⊂ X e X ⊂ Ac enta˜o temse a igualdade X = Ac. b Propriedade 22. Se A ⊂ B enta˜o B ∩ (A ∪ C) = (B ∩ C) ∪A ∀ C. Se existe C tal que B ∩ (A ∪ C) = (B ∩ C) ∪A enta˜o A ⊂ B. ê Demonstrac¸a˜o. Vamos mostrar a primeira afirmac¸a˜o. Seja x ∈ B ∩ (A ∪ C), enta˜o x ∈ B e x ∈ A ∪ C. Se x ∈ A enta˜o x ∈ (B ∩ C) ∪ A e terminamos, se x /∈ A enta˜o x ∈ B e x ∈ C e terminamos novamente pois e´ elemento de B ∩ C. Agora a outra inclusa˜o. Se x ∈ (B ∩ C) ∪ A enta˜o x ∈ A ou x ∈ B ∩ C. Se x ∈ A terminamos. Se x /∈ A enta˜o x ∈ B ∩ C e daı´ pertence a` B ∩ (A ∪ C) como querı´amos demonstrar. Agora a segunda propriedade. Suponha por absurdo que A 6⊂ B enta˜o existe x ∈ A tal que x /∈ B, tal x pertence a` (B∩C)∪A pore´m na˜o pertence a` B∩ (A∪C) portanto na˜o temos a igualdade, absurdo!. b Propriedade 23. Vale que A = B⇔ (A ∩ Bc) ∪ (Ac ∩ B) = ∅. ê Demonstrac¸a˜o.⇐). Se (A ∩ Bc) ∪ (Ac ∩ B) = ∅ enta˜o A ∩ Bc = ∅ e Ac ∩ B = ∅, logo por resultados que ja´ provamos A ⊂ B da primeira relac¸a˜o e B ⊂ A da segunda, portanto A = B.⇒). Se A = B enta˜o A ∩ Bc = Ac ∩ B = ∅. CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 20 b Propriedade 24. Vale que (A \ B) ∪ (B \A) = (A ∪ B) \ (A ∩ B). ê Demonstrac¸a˜o. Vamos provar as duas incluso˜es. Seja x ∈ (A \ B) ∪ (B \ A). Tal unia˜o e´ disjunta, pois se houvesse um em ambos conjuntos, enta˜o pelo primeiro x ∈ A, x /∈ B pelo segundo x ∈ B, x /∈ A absurdo. Se x ∈ A\B logo x ∈ A, x /∈ B portanto x ∈ A∪B e x /∈ A∩B logo x ∈ (A∪B)\(A∩B), o caso de x ∈ (B\A) tambe´m implica inclusa˜o por simetria (trocar A por B na˜o altera). Se x ∈ A ∪ B \ A ∩ B enta˜o x ∈ A ou x ∈ B e x /∈ A ∩ B logo x /∈ A e B simultaneamente,isso significa que x ∈ A ou x ∈ B exclusivamente logo x ∈ (A\B)∪ (B \A). b Propriedade 25. Se (A ∪ B) \ (A ∩ B) = (A ∪ C) \ (A ∩ C) enta˜o B = C, isto e´, vale a lei do corte para A∆B = A∆C. ê Demonstrac¸a˜o. Suponha que B 6= C, suponha sem perda de generalidade que x ∈ B, x /∈ C. Vamos analisar casos. Se x /∈ A enta˜o x /∈ (A ∪ C) \ (A ∩ C) pore´m x ∈ (A ∪ B) \ (A ∩ B). Se x ∈ A enta˜o x /∈ A ∪ B \ (A ∩ B) e x ∈ (A ∪ C) \ (A ∩ C), portanto na˜o vale a igualdade dos conjuntos. Logo devemos ter B = C. m Definic¸a˜o 15 (Conjuntos disjuntos). Dois conjuntos A e B sa˜o ditos disjuntos quando A ∩ B = ∅. m Definic¸a˜o 16 (Diferenc¸a de conjuntos). Dados dois conjuntos A e B, defini mos A \ B como o conjunto A \ B = {x ∈ A , x /∈ B} CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 21 m Definic¸a˜o 17 (Complementar). Sendo A subconjunto de B definimos o com plementar de A em relac¸a˜o a B como o conjunto Ac : B \A. Normalmente fixamos o conjunto B. b Propriedade 26 (Idempoteˆncia do complementar). Vale que (Ac)c = A. ê Demonstrac¸a˜o. x ∈ A⇔ x /∈ Ac ⇔ x ∈ (Ac)c. b Propriedade 27. Vale que B = A ∪Ac. ê Demonstrac¸a˜o. Ja´ sabemos que A ∪Ac ⊂ B, mostramos a outra inclusa˜o, se x ∈ B e x ∈ A terminamos, se na˜o x ∈ Ac daı´ vale a outra inclusa˜o . 1.2.20 Produto cartesiano m Definic¸a˜o 18 (Produto cartesiano). Dados A e B o produto cartesiano A×B e´ o conjunto formado pelos pares ordenados (a, b), tais que a ∈ A e b ∈ B. b Propriedade 28. Valem as seguintes propriedades do produto cartesiano . 1. (A ∩ B)× C = (A× C) ∩ (B× C). 2. (A \ B)× C = (A× C) \ (B× C). 3. Se A ⊂ A ′ e B ⊂ B ′ enta˜o A× B ⊂ A ′ × B ′. ê Demonstrac¸a˜o. 1. Tomamos (x, y) ∈ (A ∩ B)× C, enta˜o x ∈ A e x ∈ B, y ∈ C, logo (x, y) ∈ A× C e (B× C) provando a primeira inclusa˜o, agora a segunda. CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 22 (x, y) ∈ (A× C) ∩ (B× C) enta˜o x ∈ A e B, y ∈ C logo (x, y) ∈ (A ∩ B)× C. 2. Sendo (x, y) ∈ (A \ B) × C enta˜o x ∈ A, x /∈ B e y ∈ C logo (x, y) ∈ (A × C) e na˜o pertence a` B×C pois para isso seria necessa´rio x ∈ B o que na˜o acontece. Agora a outra inclusa˜o, se (x, y) ∈ (A×C) \ (B×C) enta˜o x ∈ A e y /∈ C pore´m x na˜o pode pertencer a` B pois esta˜o sendo retirados elementos de B× C enta˜o vale a outra inclusa˜o. 3. Seja (x, y) ∈ A×B enta˜o pelas incluso˜es A ⊂ A ′ e B ⊂ B ′ temos x ∈ A ′ e y ∈ B ′ portanto (x, y) ∈ A ′ × B ′. 1.2.21 Na˜o vale que (A× B) ∪ (C×D) = (A ∪ C)× (B×D). b Propriedade 29. Na˜o vale em geral que (A× B) ∪ (C×D) = (A ∪ C)× (B×D). ê Demonstrac¸a˜o. Seja por exemplo A = B, C = D, enta˜o a igualdade que queremos mostrar que na˜o vale em geral e´ (A×A) ∪ (C× C) = (A ∪ C)× (A× C). Suponha que A e C sejam finitos, disjuntos e que possuam cada um n elementos. Enta˜o (A×A)∪ (C×C) possui 2n2 elementos e (A∪C)× (A×C) possui (2n)2 = 4n2 elementos, logo a identidade na˜o vale. 1.2.22 Na˜o vale que [ ⋃ k∈L Gk] \ [ ⋃ k∈L Fk] = ⋃ k∈L (Gk \ Fk). 1.2.23 [ ⋃ k∈L Gk] \ [ ⋃ k∈L Fk] ⊂ ⋃ k∈L (Gk \ Fk) • Vale [ ⋃ k∈L Gk] \ [ ⋃ k∈L Fk]︸ ︷︷ ︸ A ⊂ ⋃ k∈L (Gk \ Fk)︸ ︷︷ ︸ B . CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 23 Seja x ∈ A enta˜o x ∈ Gj para algum j e x /∈ ⋃ k∈L Fk, portanto x /∈ Fk, ∀ k ∈ L em especial x /∈ Fj,, daı´ x ∈ Gj \ Fj e portanto x ∈ ⋃ k∈L (Ek \ Fk). A igualdade na˜o vale em geral pois, [ {1}︸︷︷︸ G1 ∪ {2}︸︷︷︸ G2 ] \ [ {2}︸︷︷︸ F1 ∪ {1}︸︷︷︸ F2 ] = ∅, se a identidade fosse va´lida, terı´amos [G1 ∪G2] \ [F1 ∪ F2] = [G1 \ F1] ∪ [G2 \ F2] = [{1} \ {2}] ∪ [{2} \ {1}] = {1, 2} 6= ∅. b Propriedade 30. 1. (A ∪ B)× C = (A× C) ∪ (B× C). 2. C× (A ∪ B) = (C×A) ∪ (C× B). ê Demonstrac¸a˜o. 1. Seja (x, y) ∈ (A ∪ B) × C, temos que y ∈ C se x ∈ A enta˜o (x, y) ∈ (A × C), se x ∈ B enta˜o (x, y) ∈ (B×C) enta˜o vale (A ∪ B)×C ⊂ (A×C) ∪ (B×C). Agora a outra inclusa˜o. Temos que (A × C) ⊂ (A ∪ B) × C pois um elemento do primeiro e´ da forma (x, y) com x ∈ A e y ∈ C que pertence ao segundo conjunto, o mesmo para (B× C). 2. Seja (x, y) em C × (A ∪ B), enta˜o x ∈ C e y ∈ A ou B, se y ∈ A enta˜o (x, y) ∈ C × A e daı´ pertence a (C × A) ∪ (C × B), se y ∈ B caı´mos no mesmo caso (x, y) ∈ C× B e daı´ pertence a (C×A) ∪ (C× B). Agora a outra inclusa˜o . Se (x, y) ∈ (C×A) ∪ (C× B) enta˜o x ∈ C e y ∈ A ou y ∈ B , logo (x, y) ∈ C× (A ∪ B). b Propriedade 31. Vale que 1. ( n⋃ k=1 Ak)× C = n⋃ k=1 (Ak × C),∀ n ∈ N. CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 24 2. C× ( n⋃ k=1 Ak) = n⋃ k=1 (C×Ak),∀ n ∈ N. ê Demonstrac¸a˜o. Provamos por induc¸a˜o sobre n, para n = 1 a propriedade vale trivialmente para ambos casos. Supondo a validade para n, vamos provar para n+ 1, 1. ( n+1⋃ k=1 Ak)× C = ( n⋃ k=1 Ak︸ ︷︷ ︸ A ∪An+1︸︷︷︸ B )× C = = (A ∪ B)× C = (A× C) ∪ (B× C) = (( n⋃ k=1 Ak)× C) ∪ (An+1 × C) = = n⋃ k=1 (Ak × C) ∪ (An+1 × C) = n+1⋃ k=1 (Ak × C). Como querı´amos provar. 2. C× ( n+1⋃ k=1 Ak) = C× (An+1︸︷︷︸ A ∪ n⋃ k=1 Ak︸ ︷︷ ︸ B ) = = (C×A) ∪ (C× B) = (C×An+1) ∪ (C× n⋃ k=1 Ak) = (C×An+1) ∪ ( n⋃ k=1 [C×Ak]) = = n⋃ k=1 (C×Ak), como querı´amos provar . b Propriedade 32. Vale que ( n⋃ k=1 Ak)× ( m⋃ j=1 Bj) = n⋃ k=1 m⋃ j=1 (Ak × Bj). ê Demonstrac¸a˜o. Usamos os resultados anteriores ( n⋃ k=1 Ak)× ( m⋃ j=1 Bj︸ ︷︷ ︸ C ) = n⋃ k=1 (Ak × C) = n⋃ k=1 (Ak × [ m⋃ j=1 Bj]) = n⋃ k=1 [ m⋃ j=1 (Ak × Bj)]. CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 25 b Propriedade 33. Vale que (S1 × T1) ∩ (S2 × T2) = (S1 ∩ S2)× (T1 ∩ T2). ê Demonstrac¸a˜o. Vamos provar as duas incluso˜es de conjunto. Seja z ∈ (S1 × T1) ∩ (S2 × T2) enta˜o z = (x, y) onde (x, y) ∈ (S1 × T1) e (x, y) ∈ (S2 × T2) logo x ∈ S1 e S2 e y ∈ T1 e T2 logo (x, y) ∈ (S1 ∩ S2)× (T1 ∩ T2). Seja agora z ∈ (S1 ∩ S2) × (T1 ∩ T2) logo z = (x, y) com x ∈ S1 e S2, y ∈ T1 e T2, (x, y) ∈ S1 × T1 e S2 × T2 enta˜o segue a outra inclusa˜o . b Propriedade 34. Vale que (A× B)c ⊃ Ac × Bc. ê Demonstrac¸a˜o. Seja z ∈ Ac × Bc enta˜o z = (x, y), x ∈ Ac e y ∈ Bc, por isso x /∈ A e y /∈ B o que garante (x, y) /∈ A× B e daı´ (x, y) ∈ (A× B)c. b Propriedade 35. Vale que (A× B)c = (Ac × Bc) ∪ (Ac × B) ∪ (A× Bc). ê Demonstrac¸a˜o. 1.2.24 E \ F = E ∩ Fc. Z Exemplo 10. Vale que E \ F = E ∩ Fc, pois x ∈ E \ F ⇔ x ∈ E, x /∈ F, logo x ∈ Fc. x ∈ E ∩ Fc ⇔ x ∈ E e x /∈ F. 1.2.25 Diferenc¸a sime´trica m Definic¸a˜o 19 (Diferenc¸a sime´trica). Dados dois conjuntos A e B, a diferenc¸a sime´trica entre eles e´ o conjunto denotado por A∆B, dado por A∆B = (A ∪ B) \ (A ∩ B). CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 26 $ Corola´rio 14. A∆A = ∅, pois A∆A = (A ∪A) \ (A ∩A) = A \A = ∅. A∆∅ = A, pois A∆∅ = (A ∪ ∅) \ (A ∩ ∅) = A \ ∅ = A. b Propriedade 36. A∆B = {a} ⇔ A e B diferem pelo elemento a. ê Demonstrac¸a˜o.⇒). Se A∆B = {a} enta˜o a ∈ A∪B e a /∈ A∩B, podemos supor que a ∈ B e a /∈ A. Se houvesse outro elemento b 6= a, b ∈ B e b /∈ A enta˜o b ∈ A∪B e b /∈ A∩B, portanto b ∈ A∆B, o que na˜o ocorre, da mesma maneira se fosse b ∈ A e b /∈ B. Com isso concluı´mos que B = A ∪ {a}, A ⊂ B.⇐). Sendo B = A ∪ {a} com a /∈ A, temos A ∪ B = B = A ∪ {a} e A ∩ B = A portanto segue A∆B = {a}. 1.3 Propriedades das operac¸o˜es b Propriedade 37 (Distributividade). Valem as propriedades distributivas 1. A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) 2. A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C). Para memorizar essas operac¸o˜es, podemos usar a distributividade da multiplicac¸a˜o em relac¸a˜o a adic¸a˜o A(B+ C) = AB+AC e substituir em cada caso × = ∪, + = ∩ ou × = ∩, + = ∪. ê Demonstrac¸a˜o. CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 27 1. Vamos mostrar inicialmente que A∩(B∪C) ⊂ (A∩B)∪(A∩C). Vale que x ∈ A e x ∈ B∪C, supomos sem perda de generalidade que x /∈ B, x ∈ C enta˜o x ∈ A∩C e terminamos. Agora vamos mostrar que (A∩B)∪ (A∩C) ⊂ A∩ (B∪C). Vale que x ∈ A∩B ou x ∈ A∩C. Suponha sem perda de generalidadeque x ∈ A∩B, enta˜o x ∈ A e x ∈ B o que prova. Como valem as duas incluso˜es enta˜o vale a igualdade entre os conjuntos. 2. Vale A ∪ (B ∩ C) ⊂ (A ∪ B) ∩ (A ∪ C). Seja a ∈ A ∪ (B ∩ C) enta˜o a ∈ A ou a ∈ B ∩ C. Se a ∈ A enta˜o a ∈ A ∪ B e a ∈ A ∪ C logo pertence a intersec¸a˜o , se a ∈ B ∩ C enta˜o a ∈ B e a ∈ C da mesma forma o resultado segue. Vamos mostrar que (A∪B)∩ (A∪C) ⊂ A∪ (B∩C). Vale a ∈ A∪B e a ∈ A∪C. Se a ∈ A a propriedade segue. Se a ∈ B e a /∈ A enta˜o a ∈ C, pois se na˜o a /∈ A ∪ C contrariando a hipo´tese, logo a ∈ B ∩ C e segue a inclusa˜o que querı´amos mostrar. 1.3.1 Leis de De Morgan b Propriedade 38. Seja {Ak}k∈B uma colec¸a˜o qualquer de subconjuntos de um conjunto X, enta˜o ( ⋃ k∈B Ak) c = ⋂ k∈B (Ak) c. ê Demonstrac¸a˜o. x ∈ ( ⋃ k∈B Ak) c ⇔ x /∈ Ak ∀ k (caso fosse elemento de um dos conjunto seria elemento da unia˜o) ⇔ x ∈ Ack ∀ k⇔ x ∈ ⋂ k∈B (Ak) c. $ Corola´rio 15. Seja {Ak}k∈B uma colec¸a˜o qualquer de subconjuntos de um conjunto X, enta˜o ( ⋂ k∈B Ak) c = ⋃ k∈B (Ak) c, CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 28 sabemos que ( ⋃ k∈B Ack) c = ⋂ k∈B (Ack) c = ⋂ k∈B Ak agora aplicamos o complementar, de onde segue ( ⋂ k∈B Ak) c = ⋃ k∈B (Ak) c. 1.4 Partic¸o˜es b Propriedade 39. Seja o conjunto de naturais em [0, np] com p > 0 natural, enta˜o podemos escrever a partic¸a˜o [0, np] = ( n−1⋃ s=0 [sp, sp+ p− 1]) ∪ {np}. ê Demonstrac¸a˜o. Vamos mostrar que o segundo conjunto e´ unia˜o disjunta. Seja As = [sp, sp + p − 1] vamos mostrar que se As ∩ At = ∅ se s 6= t. Se s 6= t enta˜o um deles e´ maior, digamos t > s, temos dois conjuntos As = [sp, sp + p − 1] e At = [tp, tp+ p− 1] como t > s temos que t ≥ s+ 1 multiplicando por p, tp ≥ sp+ p somando 1 ao lado esquerdo tp+1 > sp+p daı´ tp > sp+p−1 logo tais conjuntos sa˜o disjuntos. Da mesma maneira np na˜o pertence a nenhum outro conjunto da unia˜o, pois caso contra´rio haveria s tal que sp + p − 1 ≥ np , (s + 1 − n)p ≥ 1 mas o valor ma´ximo de s+ 1 = n que fica n− n = 0 e a igualdade na˜o vale. Vamos mostrar agora que todo elemento do primeiro conjunto pertence ao se gundo, seja enta˜o v um nu´mero natural em [0, np], se for v = np sabemos que pertence, seja enta˜o v 6= np, fazemos a divisa˜o euclidiana de v por p, daı´ v se es creve como v = qp + r onde 0 ≤ r < p e 0 ≤ q < n enta˜o v pertence ao conjunto Aq = [qp, qp+ p− 1] que e´ um conjunto da unia˜o. Agora mostraremos que todo elemento do conjunto da direita (com unia˜o) pertence ao primeiro conjunto. Podemos ver claramente que np pertence ao primeiro conjunto, seja enta˜o u um elemento da reunia˜o, como ela e´ disjunta sabemos que existe s tal que u ∈ [sp, sp + p − 1], como u e´ inteiro, ele e´ da forma sp + r com 0 ≤ s < n e 0 ≤ r < p esse elemento seria no ma´ximo np− 1 < np e como e´ positivo ele pertence ao intervalo [0, np], enta˜o termina a demonstrac¸a˜o. CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 29 $ Corola´rio 16. Podemos escrever uma partic¸a˜o desse modo para o conjunto [p, np], basta retirar de [0, np] o conjunto [0, p− 1] [0, np] = [0, p− 1] ∪ ( n−1⋃ s=1 [sp, sp+ p− 1]) ∪ {np} daı´ [p, np] = ( n−1⋃ s=1 [sp, sp+ p− 1]) ∪ {np}. b Propriedade 40. Se A = ⋃ k∈C Bk enta˜o Bk ⊂ A. Z Exemplo 11. Deˆ um exemplo de uma sequeˆncia de conjuntos Ak tal que Ak+1 ⊂ Ak para todo k natural, cada conjunto seja infinito e ∞⋂ k=1 Ak = ∅. Seja Ak = (− 1 k , 1 k ), enta˜o temos que Ak+1 ⊂ Ak , (− 1 k+ 1 , 1 k+ 1 ) ⊂ (− 1 k , 1 k ) pois − 1 k < − 1 k+ 1 e 1 k+ 1 < 1 k cada conjunto e´ infinito. Vamos mostrar agora que na˜o existe elemento comum em todos esses conjuntos. Se y < 0 podemos conseguir n ∈ N tal que y < − 1 n , −y > 1 n , se y > 0 existe n tal que 1 n < y, daı´ conseguimos um intervalo An onde y na˜o esta´ contido. b Propriedade 41. Seja A um conjunto com n elementos, enta˜o P(A) possui 2n elementos. ê Demonstrac¸a˜o. Digamos que o nu´mero de elementos de P(A) para A com n elementos seja g(n). P(A) esta´ em bijec¸a˜o com o conjunto F(A, {0, 1}), logo contaremos CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 30 o nu´mero de elementos do conjunto F(A, {0, 1}) que e´ o conjunto de func¸o˜es de A em {0, 1}. Se A possui 1 elemento {a1}, enta˜o existem as func¸o˜es f1(a1) = 0 e f2(a1) = 1, logo g(1) = 2, suponha enta˜o que P(A) com n elementos tenha g(n) elementos, logo havera´ g(n) func¸o˜es em F(A, {0, 1}), se adicionarmos 1 elemento {b} ao conjunto A, podemos ter fk(b) = 0 ou fk(b) = 1, deixamos enta˜o os outros pontos fixos pela func¸a˜o f e teremos g(n) + g(n) = 2g(n), logo g(n+ 1) = 2g(n), com condic¸a˜o inicial g(1) = 2 temse g(n) = 2n. Z Exemplo 12. Existe uma sequeˆncia de conjuntos Ak com Ak+1 ⊂ Ak com cada Ak infinito e ∞⋃ k=1 Ak = ∅. Seja Ak = {x ∈ N | x ≥ k}. Temos que cada conjunto desses e´ infinito e tambe´m Ak+1 ⊂ Ak, agora supondo por absurdo que exista um elemento y na intersec¸a˜o, ele deve ser um nu´mero natural, pois a intersec¸a˜o e´ de conjuntos de nu´meros naturais, se y pertence a intersec¸a˜o enta˜o y pertence a cada conjunto Ak, o que e´ absurdo pois y /∈ Ay+1 = {x ∈ N | x ≥ y+ 1}. Logo a intersec¸a˜o e´ vazia 1.5 Conjuntos ordenados m Definic¸a˜o 20 (Ordem). Sejam A um conjunto e x, y, z ∈ A arbitra´rios. Uma ordem em A e´ uma relac¸a˜o < que satisfaz as seguintes propriedades. Tricotomia Vale apenas uma das relac¸o˜es x < y, x = y, y < x. Transitividade Se x < y e y < z enta˜o x < z. x < y tambe´m pode ser escrito como y > x, sendo lido como x e´ menor que y CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 31 ou y e´ maior que x. Dizemos que x ≤ y quando x < y ou x = y. m Definic¸a˜o 21 (Conjunto ordenado). Um conjunto A munido de uma ordem < e´ dito um conjunto ordenado. Vamos considerar agora sempre conjuntos ordenados. Para as definic¸o˜es a seguir, considere B ⊂ A. m Definic¸a˜o 22 (Conjunto limitado superiormente). Se existe c ∈ A tal que x ≤ c ∀ x ∈ B, enta˜o B e´ dito limitado superiormente. m Definic¸a˜o 23 (Cota inferior). Qualquer c que satisfac¸a a propriedade anterior e´ chamado de cota superior de B. m Definic¸a˜o 24 (Conjunto limitado inferiormente). Se existe v ∈ A tal que v ≤ x ∀ x ∈ B, enta˜o B e´ dito limitado inferiormente. m Definic¸a˜o 25 (Conjunto limitado). Um conjunto A e´ dito limitado, quando ele e´ limitado superiormente e inferiormente. m Definic¸a˜o 26 (Cota inferior). Qualquer v que satisfac¸a a propriedade anterior e´ chamado de cota inferior de B. m Definic¸a˜o 27 (Ma´ximo). A possui ma´ximo se existe y ∈ A tal que vale x ≤ y ∀ x ∈ A. CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 32 m Definic¸a˜o 28 (Mı´nimo). A possui mı´nimo se existe z ∈ A tal que vale z ≤ x ∀ x ∈ A. m Definic¸a˜o 29 (Supremo). Seja A um conjunto limitado superiormente, toma mos o conjunto B das cotas superiores de A. Se B possui mı´nimo x, chamamos tal elemento de supremo de A, ou menor cota superior e denotamos por x = supA. m Definic¸a˜o 30 (I´nfimo). Seja A um conjunto limitado inferiormente, tomamos o conjunto B das cotas inferiores de A. Se B possui ma´ximo x, chamamos tal elemento de ı´nfimo de A, ou maior cota inferior e denotamos por x = infA. m Definic¸a˜o 31 (Propriedade do supremo). Um conjunto ordenado A e´ dito ter a propriedade do supremo, quando qualquer A ⊂ B limitado superiormente possui supremo. m Definic¸a˜o 32 (Propriedade do ı´nfimo). Um conjunto ordenado A e´ dito ter a propriedade do ı´nfimo, quando qualquer A ⊂ B limitado inferiormente possui ı´nfimo. b Propriedade 42. Sejam A um conjunto ordenado com a propriedade do supremo , B ⊂ A na˜o vazio e B limitado inferiormente. Seja C o conjunto de todas as cotas inferiores de B, enta˜o existe a = supC em A e vale a = inf B. ê Demonstrac¸a˜o. Como B e´ limitado inferiormente enta˜o existe x ∈ A tal que x ≤ y ∀ y ∈ B. Enta˜o x e´ cota inferior de B, implicando x ∈C, logo C na˜o e´ vazio. C e´ limitado superiormente por qualquer elemento de B, logo C possui supremo , sup c = a. Vale tambe´m que a ≤ y ∀ y ∈ B, pois a e´ a menor das cotas superiores, CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 33 enta˜o a e´ cota inferior de B, sendo que vale tambe´m x ≤ a ∀ x ∈ C enta˜o a e´ a menor das cotas inferiores, logo e´ o ı´nfimo de B. 1.5.1 ⋃ y∈Y (B ∩ Iy) = B ∩ ( ⋃ y∈Y Iy) ⋃ y∈Y (B ∩ Iy) = B ∩ ( ⋃ y∈Y Iy) 1.5.2 B \ (B ∩A) = B ∩ (R \A) 1.6 Conjuntos crescentes e decrescentes m Definic¸a˜o 33 (Sequeˆncia crescente de conjuntos). Uma sequeˆncia (Ak) de conjuntos e´ dita crescente se Ak ⊂ Ak+1. Denotaremos sequeˆncias desse tipo por An ↑, escrevemos An ↑ A se An ↑ e A = ∞⋃ k=1 Ak. Definimos nesses casos que A0 = ∅. m Definic¸a˜o 34 (Sequeˆncia decrescente de conjuntos). Uma sequeˆncia (Ak) de conjuntos e´ dita crescente se Ak ⊃ Ak+1. Denotaremos sequeˆncias desse tipo por An ↓, escrevemos An ↓ A se An ↑ e A = ∞⋂ k=1 Ak. CAPI´TULO 1. CONJUNTOS 34 1.7 Conjuntos e func¸o˜es b Propriedade 43. Se L e´ func¸a˜o definida em cada Ak, k ∈ B, enta˜o vale que⋃ k∈B L(Ak) = L( ⋃ k∈B Ak). ê Demonstrac¸a˜o. Seja L(x) ∈ L( ⋃ k∈B Ak), enta˜o x ∈ ⋃ k∈B Ak, daı´ x ∈ Aj para algum j ∈ B, portanto L(x) ⊂ L(Aj), enta˜o L( ⋃ k∈B Ak) ⊂ ⋃ k∈B L(Ak). Com isso fica provada a primeira inclusa˜o. Agora a outra inclusa˜o. Seja Y ∈⋃ k∈B L(Ak), enta˜o y ∈ L(Aj) para algum j, daı´ y = L(x), com x ∈ Aj, logo y = L(x) ∈ L( ⋃ k∈B Ak) e temos a segunda inclusa˜o ⋃ k∈B L(Ak) ⊂ L( ⋃ k∈B Ak).
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