
apostila de quimica organica Thiago Viana
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perfil de energia plota a energia livre do sistema em função do progresso da reação, também chamado de coordenada de reação. Entende-se por coordenada de reação a variação na geo- metria das estruturas dos reagentes à medida que a reação se processa. Para cada etapa indi- vidual na reação existe um estado de transição, que como dito anteriormente é o arranjo de maior energia representando as moléculas reagentes para aquela determinada etapa. Para as reações que ocorrem em mais de uma etapa, os intermediários são as moléculas ou íons que são formados e depois reagem ainda no decurso da reação total. A diferença de energia entre o estado de transição e os reagentes é denominada energia livre de ativação (\u394G\u2021) e determina a velocidade da reação. Já a diferença de energia entre os reagentes e os produtos é a variação de energia livre (\u394G) referente à reação, que determina a sua posição no equilí- C B r \u3b4+ \u3b4\u2212 106 brio. É importante ressaltar que se o produto tiver uma energia inferior a dos reagentes, o \u394G assume valores negativos e a reação se processará espontaneamente no sentido da formação dos produtos. Essa reação é dita exergônica. Por outro lado, se a energia do produto for maior do que a dos reagentes, o \u394G será positivo e o processo é denominado endergônico. A energia livre de uma reação química é definida pela equação \u394G = \u394H - T\u394S, onde o \u394H é a variação de entalpia e \u394S é a variação de entropia para a reação. O termo da entalpia é uma determinação da estabilidade da molécula e é determinada pela força da ligação química na estrutura. O termo da entropia especifica a mudança na ordem (probabilidade) associada com a reação. Finalmente, a energia livre da reação \u394G determina a posição do equilíbrio para uma determinada reação: \u394G = -RT ln K, onde K é a constante de equilíbrio para a reação: Um processo reacional envolvendo várias etapas também tem uma energia livre total da reação determinada pela diferença de energia entre os reagentes e os produtos. Contudo, cada etapa elementar corresponde a uma reação química a parte e, portanto, terá uma energia livre, uma energia livre de ativação, um estado de transição e um complexo ativado correspondente às variações químicas que ocorre nessa etapa do processo. A etapa com o estado de transição de maior energia é chamada de etapa determinante da velocidade de reação, pois somente ultrapassando essa energia de ativação que os reagentes podem ser convertidos nos produtos. A etapa determinante, com isso define a velocidade com que os reagentes se transformam nos produtos. As etapas no processo que antecedem a etapa determinante da velocidade da reação participam da lei da velocidade da reação, pois contribuem para barreira de energia total do sistema. Já as etapas posteriores não têm relação com a velocidade da reação. Cabe ressaltar que não necessariamente a primeira etapa será sempre a determinante da velocidade de reação. \u2206G 1 \u2206G 2 \u2206G Estado de transição 1 [ ] Estado de transição 1 [ ] Intermediário C Energia livre 107 Os dados termodinâmicos proporcionam uma maneira de expressar quantitativamente a estabilidade, medida pela energia livre (\u394G). Entretanto, ela não determina diretamente a velocidade da reação. Agora se faz necessário explorar a relação existente entre a estrutura e a reatividade. A descrição quantitativa da reatividade é denominada cinética química. Os dados de experimentos cinéticos podem providenciar informações detalhadas sobre o mecanismo de reação. A velocidade de uma reação pode ser determinada pela diminuição da concentração dos reagentes ou pelo aumento da concentração dos produtos a uma determi- nada temperatura em função do tempo. A extensão da reação é muitas vezes medida espec- troscopicamente, pois essas técnicas espectroscópicas providenciam uma maneira rápida e contínua de monitorar as variações das concentrações. Esses dados são incorporados em uma equação matemática conhecida como equação da velocidade. Essa equação correlaciona a velocidade com a concentração dos reagentes envol- vidos na etapa lenta da reação e de todas as etapas a precedem, através de uma constante de proporcionalidade chamada de constante de velocidade específica (k). Portanto, a velocidade de uma reação poderá ser expressa matematicamente da seguinte maneira: velocidade = k [A] [B]... Cada concentração tem um expoente chamado de ordem de reação relativo a um determinado componente. A ordem cinética global da reação é a soma de todos os expoentes na equação da velocidade. Em uma reação de primeira ordem, por exemplo, a velocidade varia em função da concentração de um único reagente. Quando a velocidade da reação é proporcional a concentração de dois reagentes ou ao quadrado da concentração de um rea- gente, essa reação é dita de segunda ordem. Quando os experimentos cinéticos mostram essa dependência simples, pode-se usualmente deduzir que, em um nível molecular, somente uma molécula participa do estado de transição para uma reação de primeira ordem e duas se combinam para formar o estado de transição de uma reação de segunda ordem. Essas deduções são chamadas de molecularidade da reação. As situações mais comuns para a cinética das reações orgânicas são mostradas na tabela a seguir. \u2206G 2 \u2206G [E T 2] \u2206G 3 [E T 3] Etapa 2 Etapa 3 Produtos E + F Energia livre Intermediário C 108 Expressão da velocidade Ordem Molecularidade Provável reação k [A] Primeira 1 A\u2192 [ ]\u2021 k [A][B] Segunda 2 A + B\u2192 [ ]\u2021 k [A][A] ou [A]2 Segunda 2 A + A ou 2A \u2192 [ ]\u2021 É importante notar que a velocidade da reação e a constante da velocidade não são as mesmas coisas. A velocidade da reação é uma determinação da quantidade de reagentes que reagem em um determinado período de tempo. Já a constante de velocidade é um número para uma reação específica sob condições específicas que correlaciona a concentração dos reagentes com a velocidade com que eles são consumidos. Para exemplificar, vamos considerar a reação do etóxido de sódio (um ânion \u2013 alcóxido metálico - obtido pela desprotonação do etanol) com um cloreto de ácido, o cloreto de etano- íla. O mecanismo dessa reação é processo simples de adição do etóxido à carbonila, seguido de eliminação do íon cloreto com um intermediário tetraédrico. A cinética dessa reação é de segunda ordem ou bimolecular, sendo portanto de primeira ordem para cada reagente. A formação do intermediário é a etapa determinante da velocidade da reação, portanto, o estado de transição da transformação dos reagentes no intermediário é o de maior energia. Etapa Lenta \u2206G1 \u2206G2 \u2206G [E T 2] [E T 1] Energia livre Etapa Lenta Observações Cinéticas Dedução Mecanística 109 Um fator importante a se destacar é a variação da velocidade de uma determinada reação quando ocorre uma modificação na temperatura. Um aumento da temperatura aumenta a energia cinética das moléculas e com isso mais colisões irão acontecer e também ocorrerá uma maior probabilidade de colisões entre moléculas com energia suficiente para efetivar a reação. O gráfico mostrado a seguir ilustra como a energia média das moléculas varia com a temperatura. Para uma reação específica com energia de ativação \u394G\u2021, um maior número de moléculas com energia suficiente para superar a barreira de energia ocorre em temperaturas mais elevadas. A maior área sob a curva, que representa o número total de moléculas, ocorre quando a temperatura é maior (T3). Isso quer dizer que nessa temperatura a maior parte das moléculas possui energia suficiente para superar a energia de ativação. Um catalisador aumenta a velocidade da reação mediante a diminuição da energia de ati-