
Angela Maria La Sala Batà Medicina Psico Espiritual
Pré-visualização45 páginas
desarmonia entre forma e vida. O que une forma e vida... é a alma no homem e o Si humano. Quando é falho o alinhamento entre estes dois fatores, alma e forma, vida e expressão, sujeito e objeto, insinua-se a doença..." (p. 27). A harmonia entre "vida e forma", entre alma e personalidade, pode ser alcançada somente quando se der o alinhamento e a integração de todos os aspectos do homem, ou melhor, podemos dizer que toda vida é uma passagem da desarmonia para a harmonia, da desordem para a ordem, da multiplicidade para a unidade. Isso nos indica, em certo sentido, o programa a ser desenvolvido, o caminho a ser seguido para o nosso amadurecimento interior, meta esta que toda a humanidade, mesmo inconscientemente, tende a alcançar através de crises e sofrimentos, até que a consciência, desperta, não assuma o direcionamento das energias que compõem a nossa personalidade e não cumpra voluntária e conscientemente o trabalho de harmonização e de integração. Em nível diverso, a psicologia profunda também persegue este objetivo e procura levar o homem para a completa auto-realização, orientando-o ao longo do caminho do conhecimento integra de si mesmo e da superação dos conflitos interiores. A esta altura, torna-se necessário dizer que a origem da doença não é somente psicológica e subjetiva, mesmo que a maioria das doenças tenha sempre um componente psíquico. Existem outras causas que as doutrinas esotéricas reportam ao Carma individual e também coletivo de toda a humanidade. Tal assunto é extremamente amplo e, para dizer a verdade, ainda um pouco obscuro e complexo, pois o aspecto esotérico das doenças e o seu estudo é algo ainda muito novo para o estágio atual de evolução da humanidade, tanto como a própria medicina psicossomática, que mesmo tendo muitos adeptos e seguidores entre os médicos, ainda é hostilizada e mesmo ignorada pela maioria. Faz pouco que o pensamento dos homens começou a se orientar nessa direção, por isso somente uma minoria começa a se fazer sensível às energias sutis e ao mundo, das causas e significados, oculto sob as aparências fenomênicas. Portanto, tudo o que se exprime a esse respeito será necessariamente parcial e incompleto, sendo apresentado sobretudo como um argumento sobre o qual refletir e meditar. Nessa matéria, nada mais fácil do que recair na superstição e na atitude anticientífica, o que pode levar a um ocultismo e a um fenomenismo nocivos, que devem ser evitados a qualquer custo, pois estes, ao invés de nos guiar para a luz e para um progresso efetivo, nos levariam para trás, provocando a nossa regressão a estágios evolutivos há muito superados. Hoje, as doutrinas esotéricas também devem ser difundidas como uma ciência, como um conjunto de conhecimentos baseados em pesquisas sérias e no estudo de aspectos e manifestações que, se não agora, certamente no futuro, poderão ser verificados e experimentados cientificamente. Eis por que, juntamente com o estudo dos enunciados e explicações esotéricas e espirituais referentes às doenças do homem, é oportuno levar em consideração também tudo aquilo que foi observado pela medicina psicossomática e, além disso, procurar traçar um paralelo entre esta última e a medicina esotérica, destacando, na medida do possível, as analogias e os pontos de contato entre as duas. O dever do estudioso do esoterismo, hoje, é o de estar no mundo e não o de abstrair-se dele, e de levar ao mundo o conhecimento e a luz que ele possui, tornando-se intérprete das verdades ocultas e traduzindo-as em termos compreensíveis e aceitáveis. É útil, portanto, saber até que ponto chegaram as pesquisas e experimentações da medicina psicossomática e acompanhar os progressos \u2014 contínuos, embora lentos \u2014 da ciência em direção ao descobrimento da verdadeira natureza do homem. Devemos, portanto, considerar, mesmo que rapidamente, os pontos de vista da medicina psicossomática. A medicina psicossomática, conforme dissemos, reconhece o peso das influências emotivas e psíquicas sobre a saúde e divide os doentes em três categorias, conforme está escrito no tratado Medicina psicossomática de Weiss e English (ed. Astrolábio): 1º grupo: Todos os que, não sendo loucos e tampouco neuróticos, apresentam uma doença que nenhuma alteração orgânica definida pode explicar. A medicina psicossomática se interessa sobretudo por esse primeiro grupo. São os casos puramente "funcionais" da medicina prática. 2º grupo: Todos os pacientes que apresentam distúrbios parcialmente provocados por fatores emotivos, mesmo que se verifiquem alterações orgânicas. Este segundo grupo é mais importante do que o primeiro do ponto de vista do diagnóstico e da terapia, pois o fator psicogênico pode provocar, nesse caso, danos muito mais graves, devido à presença também de uma doença orgânica. 3º grupo: Todos os distúrbios geralmente considerados de domínio essencialmente somático, mas que implicam também o sistema nervoso vegetativo, como, por exemplo, a hemicrania, a asma, a hipertensão essencial etc. Com base nessa subdivisão esquemática, é possível deduzir que no pensamento dos médicos está se delineando também um outro problema muito importante, ou seja, o da eventual relação entre distúrbio psicológico e alteração anatômica. Em geral, os médicos psicossomáticos distinguem as doenças como sendo orgânicas e funcionais. As primeiras são as que apresentam alterações celulares e lesões anatômicas, as segundas são as que não apresentam alterações celulares nem lesões anatômicas e, portanto, devem ser consideradas "psicogênicas". A concepção de doença que vem se transmitindo desde o século XIX poderia ser indicada da seguinte maneira: Alteração celular - lesão anatômica - distúrbio funcional. No século XX esta fórmula sofreu uma mudança e passou a ser expressa da seguinte maneira: Distúrbio funcional - alteração celular - lesão anatômica. Nada se sabe ainda, do ponto de vista científico, quanto ao que poderia preceder o distúrbio funcional, mas no futuro talvez se possa apontar um distúrbio psicológico como responsável por uma alteração funcional, através de uma determinada relação comprovável cientificamente. A fórmula citada acima poderia, então, ser expressa da seguinte maneira: Distúrbio psicológico - deficiência funcional - alteração celular - lesão anatômica. A medicina psicossomática admite esta relação como uma hipótese bastante provável e, mesmo considerando a relação entre estado emocional e órgão físico ainda misteriosa, não afasta a possibilidade de que um fator psíquico venha, com o passar do tempo, a influir até mesmo sobre a matéria física e a produzir até mesmo uma lesão anatômica. Isto é extremamente importante, pois nos traz de volta ao problema que mencionamos no início, ou seja, à misteriosa relação que une a psique ao corpo, o espírito à matéria. Do ponto de vista esotérico, o homem é considerado uma unidade complexa, constituída de vários aspectos ou "veículos" subordinados a um centro de consciência de origem espiritual, o qual é chamado Si, Alma ou Eu Superior, sendo considerado o Verdadeiro Homem. O corpo físico é o mais exterior destes veículos, sendo tido somente como um instrumento de expressão e de experiência do Si no plano material. Portanto, não há uma "cisão" entre o espírito e a matéria, mas somente uma graduação de nível vibratório, pois todos os aspectos do Si, inclusive o veículo físico, emanaram do próprio Si para poderem se exprimir. Voltaremos mais detalhadamente a este ponto num dos próximos capítulos. Portanto, o problema da relação entre vida e forma, se considerado do ponto de vista das doutrinas esotéricas, pode ser facilmente