
UC10 Apostila Políticas Públicas Para o Agronegócio
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225, trata da preservação e da proteção am- biental, definindo que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. d Comentário do Autor Isso significa que o meio ambiente equilibrado é considerado por lei um direito fundamental dos cidadãos, cabendo tanto ao Estado (poder público) a sua proteção, por meio de políticas públicas ambientais, e à sociedade civil (coletividade) o dever de preservar os bens ambientais. Isso serve não só para quem está vivo nos dias de hoje (gerações atuais), como também para aqueles que virão (futuras gerações). Ainda segundo a Constituição, é dever do poder público: \u2022 preservar e restaurar os processos ecológicos; \u2022 preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país; \u2022 definir, em todas as unidades da federação, espaços territoriais a serem especialmente protegidos; \u2022 exigir estudo prévio de impacto ambiental para obras ou atividades causadoras de significativa degradação do meio ambiente; \u2022 controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas que comportem risco ao meio ambiente; \u2022 promover a educação ambiental e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; \u2022 proteger a fauna e a flora brasileiras. Políticas Públicas para o Agronegócio 59 A Lei nº 8.171, que estabelece as diretrizes para a política agropecuária, determina as regras para a formulação de políticas agrícolas de proteção ao meio ambiente e de conservação dos recursos naturais. De acordo com essa lei, o poder público deve: \u2022 integrar todos os entes federativos na preservação do meio ambiente; \u2022 disciplinar e fiscalizar o uso racional do solo, da água, da fauna e da flora; \u2022 realizar zoneamentos agroecológicos que permitam estabelecer critérios para a ocupa- ção espacial das diversas atividades produtivas e novas hidrelétricas; \u2022 promover e estimular a recuperação das áreas em processo de desertificação; \u2022 desenvolver programas de educação ambiental; \u2022 fomentar a produção de sementes e mudas nativas; \u2022 coordenar programas de estímulo e incentivo à preservação das nascentes dos cursos d\u2019agua e do meio ambiente, bem como o aproveitamento de dejetos animais para a conversão em fertilizantes. Zoneamento agroecológico É um instrumento de política agrícola e gestão de riscos na agricultura que busca minimizar as incertezas relacionadas aos fenômenos climáticos e permite a cada município identificar a melhor época de plantio das culturas nos diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares. Essa lei determina, ainda, que a fiscalização e o uso racional dos recursos naturais do meio ambiente são também de responsabilidade dos proprietários, dos beneficiários da reforma agrária e dos ocupantes temporários dos imóveis rurais. 1. Novo código florestal Além da Constituição, o outro marco legal ambiental para a agropecuária é o novo código florestal (Lei nº 12.651/2012) promulgado em 2012. Esse código, que estabelece as normas de ocupação do solo e proteção da vegetação, define que a proteção ao meio ambiente natural continua sendo obrigação do proprietário rural mediante a manutenção de espaços protegidos na propriedade privada, chamados de Área de Preservação Permanente \u2013 APP e Reserva Legal \u2013 RL, que estão assim definidos: \u2022 Área de Preservação Permanente: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas; \u2022 Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa. Curso Técnico em Agronegócio 60 Fonte: Shutterstock Em termos de APPs, não houve grandes alterações referentes aos conceitos e às regras do antigo código florestal, no entanto houve maior clareza nos textos que poderiam gerar dúvidas. Consideraram-se APP as faixas marginais de qualquer curso d\u2019água natural, perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular. Assim, quando em seu texto determinou \u201ccurso d\u2019água natural perene\u201d e \u201cborda da calha do leito regular\u201d, eliminaram-se as dúvidas existentes quanto à proteção dos regos (curso d\u2019água não perene) e dos canais artificiais, e à dificuldade de delimitação da APP pelo nível mais alto da margem do curso d\u2019água. Outras áreas de proteção foram mantidas como APPs, como é o caso da proteção das encostas, dos topos de morros, das restingas, dos manguezais, das bordas de tabuleiros e das chapadas. d Comentário do Autor Ainda sobre APPs, o novo código florestal traz como novidade a determinação da proteção das veredas, que não existia no antigo código florestal, como a faixa marginal de no mínimo 50 metros a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado, e também considera o uso restrito das áreas com declividade maior que 45°, garantindo a manutenção das atividades já existentes e da infraestrutura já instalada. De acordo com o novo código florestal, as áreas de Reserva Legal \u2013 RL continuam sendo entendidas por uma obrigação legal do proprietário de preservar uma área de vegetação nativa equivalente a um percentual da sua área total. Esse percentual depende da localização e do bioma onde a propriedade está inserida, sendo de: Políticas Públicas para o Agronegócio 61 \u2022 80% nas áreas de floresta da Amazônia Legal; \u2022 35% nas áreas de cerrado da Amazônia Legal; \u2022 20% nas áreas de campos gerais da Amazônia Legal e dos demais biomas do país. j Na prática Uma propriedade rural de 150 hectares, localizada em Cristalina-GO, por pertencer ao bioma cerrado fora da Amazônia Legal, deve ter uma área de preservação como reserva legal de 20%, o que corresponde a 30 hectares. Uma das grandes novidades do novo código florestal é a permissão para o uso das APPs no cálculo da Reserva Legal. No entanto, a APP que será computada deve estar conservada ou em processo de recuperação, e o proprietário deve ter requerido essa inclusão no Cadastro Ambiental Rural \u2013 CAR. Para a implementação de suas normas e a fiscalização dos seus cumprimentos, o novo código florestal criou o Cadastro Ambiental Rural \u2013 CAR, registro público eletr\ufffd\ufffdnico (via internet) de âmbito nacional, de dados ambientais das propriedades rurais, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamentos ambiental e econômico, e combate ao desmatamento. Ficou estabelecido que o mês de maio de 2016 será o prazo limite para que todos os imóveis rurais do país estejam cadastrados do CAR. g Conteúdo complementar Não deixe de checar o conteúdo complementar \u201cCadastro Ambiental Rural \u2013 CAR\u201d disponível no AVA. 2. Plano ABC Entre os programas de governo de grande visibilidade nas políticas agrícolas de proteção ao meio ambiente está também o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC). Segundo o Ministério da Agricultura, o Plano ABC tem por finalidade a organização e o planeja- mento das ações de políticas ambientais a serem realizadas para a adoção das tecnologias de pro- dução sustentáveis, selecionadas