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al., 2014). São em geral plantas escandentes, raramente prostradas, com folhas palmatinérvias e lâminas foliares frequentemente simples, lobadas a compostas, em geral com gavinhas simples ou ramificadas. Flores unisse- xuais, pentâmeras, com hipanto, sépalas unidas na base, pétalas soldadas ou livres; flores estaminadas com 1 a 5 estames livres ou unidos, com anteras variáveis na forma, com uma ou duas tecas, retas, curvadas ou con- tortas; flores pistiladas com ovário ínfero, tricarpelar, unilocular a plurilocular, 1 a 3 estiletes e óvulos 1-nu- merosos, pêndulos ou dispostos horizontalmente. Frutos secos ou carnosos, em geral bacóides (Nee, 2007; Gomes-Klein et al., 2010). Muitas espécies da família são exóticas, porém domesticadas e cultivadas devido a sua importância alimentar, como Sechium edulis (Jacq.) Sw. (chuchu), Cucumis sativus L. (pepino), Cucurbita pepo L. (abóbora), Cucumis anguria L. (maxixe), Citrullus lanatus (Thunb.) Matsum & Nakai (melancia), por exemplo (Gomes-Klein et al., 2014). Há ainda inúmeras outras de interesse farmacológico pela presença de compostos bioativos (Schaefer & Renner, 2011), e com utilidades medicinais diversas, além de toxicidade registrada (Lima et al., 2010). Há grande dificuldade na identificação dos táxons da família em função da carência de exemplares coletados férteis ou contendo flores de ambos os sexos nas coleções dos herbários e também em função da grande variação na morfologia de suas estruturas vegetativas (Gomes-Klein, 1996). O Cerrado representa 23% de todo o território brasileiro, o segundo maior bioma do país. Trata-se de um complexo vegetacional que engloba formações florestais, savânicas e campestres, com flora diferenciada dos biomas adjacentes e distribuição fortemente influenciada pela incidência de queimadas, pelo pastejo e outros fatores antrópicos (Ribeiro & Walter, 2008). Segundo Gomes-Klein et al. (2014), até o momento, há registros de cerca de 16 gêneros e 42 espécies da família Cucurbitaceae no ambiente Cerrado. Apodanthera villosa C.Jeffrey Risco de extinção: VU B1ab(i,ii,iii,iv)+2ab(i,ii,ii i,iv) \uf0fc Avaliador(a): Raquel Negrão Data: 29-09-2014 Biomas: Cerrado; Caatinga Justificativa: A espécie caracterizada como trepadeiras de até 5 m de altura (Jeffrey, 1992) é popularmente conhecida como batata-de-teiú e suas raízes são utilizadas na medi- cina popular como antiofídico (Vilar, 2004; Lima, 2013). Endêmica do estado da Bahia e restrita à porção norte da Chapada Diamantina, apresenta ocorrência em localida- des do Morro do Chapéu (Klein & Santana, 2009; Klein et al., 2013) e de Piemonte de Diamantina (CNCFlora, 2013). É encontrada em solo arenoso crescendo na base de arbustos espinhosos expostos ao sol (Machado, 2009), em afloramentos rochosos, vegetação disturbada e pânta- nos, vegetação arbustiva-arbórea em solo com muito hú- mus e em Campos Rupestres com afloramentos de areni- to (CNCFlora, 2013). Apresenta EOO de 147 km², AOO de 24 km² e está sujeita a até dez situações de ameaça. A agricultura, o aumento da frequência de incêndios de origem antrópica nos Campos Rupestres no período que precede a temporada de chuvas para formação de pasta- gem e o pastejo não sustentado nessas áreas recobertas por afloramentos, solos rasos, arenosos e pobres em nutrien- tes representam ameaças para essa espécie e seus hábitats (Lobão, 2006). Essas ameaças implicam declínio contínuo de EOO, AOO, de qualidade do hábitat e do número de subpopulações. Assim, são necessárias medidas de con- trole das ameaças incidentes e investimentos no manejo adequado das atividades desenvolvidas na região, evitando o comprometimento da qualidade do hábitat da espécie. 96 | Livro vermelho da flora do Brasil \u2013 Plantas raras do Cerrado Referências CNCFlora. 2013. Base de Dados do Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <www.cncflora. jbrj.gov.,br>. Acesso em 12/11/2013. Gomes-Klein, V. L. 1996. Cucurbitaceae do Estado do Rio de Janeiro: Subtribo Melothriinae E. G. O. Muell et F. Pax. Arquivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 34 (2): 93-172. Gomes-Klein, V.L., Lima, L.F.P.; Gomes-Costa, G. A.; Medeiros, E.S. 2014. Cucurbitaceae In: Forzza, R.C. et al. (orgs.). Lista de espécies da flora do Brasil. Rio de Ja- neiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponí- vel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em 09/10/2014. Gomes-Klein, V. L.; Ramos, C. M.; Araujo, D. S. D.; Fon- tella-Pereira, J. 2010. 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P.; Barbosa, C. E. S.; Pereira, F. C.; Vilanova-Costa, C. A. S. T.; Ribeiro A. S. B. B.; Silva, H. D.; Azevedo, N. R.; Gomes-Klein, V. L.; Silveira-Lacerda, E. P. 2010. Siolmatra brasiliensis (Cogn.) Baill., Cucurbitaceae, Acute Toxicity in Mice. Ver. Bras. Farmacogn. (Impresso) ISSN 0102-695X. Lobão, J.S.B. 2006. Análise socioambiental no munici\u301pio de Morro do Chapéu-BA baseado em geotecnologias. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 232 p. Machado, M.C. 2009. Apodanthera caudiciform Cucum- bers of Bahia, Brazil. Cactus and Succulent Journal. BioOne, 81(3):147-149. Nee, M. 2007. Flora da Reserva Ducke, Amazonas, Brasil: Cucurbitaceae. Rodriguésia, 58(3):703-707. Ribeiro, J.F. & Walter, B.M.T. 2008. As principais fitofi- sionomias do bioma Cerrado. In: Sano, S.M., Almeida, S.P. & Ribeiro, J.F. Cerrado: ecologia e flora. Planaltina; Em- brapa Cerrados, p. 153-154. Shaefer, H; Renner, S.S. 2011. 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Fruto é capsular sep- tícida com sementes frequentemente aladas, pilosas ou glabras (Zickel, 1993; Pirani & Castro, 2011). A família possui distribuição predominante pantropical. Inclui 20 gêneros e possui cerca de 250 espécies (The Plant List, 2013). No Brasil ocorrem apenas dois gêneros: Lamanonia e Weinmannia, totalizando 10 espécies (Zickel, 2014). Geralmente essas espécies são elementos das florestas de