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ESTRUTURA E FUNÇÃO DE LIPÍDEOS LIPÍDEOS Compostos orgânicos caracterizados por sua alta solubilidade em solventes orgânicos e por serem praticamente insolúveis em água. Moléculas hidrofóbicas São encontrados em todos os tecidos, mas principalmente nas membranas celulares e nas células de gordura. Principais funções • Reserva energética e combustível celular • Componentes estruturais de membranas • Isolantes térmicos/Manutenção da temperatura • Proteção contra choques mecânicos • Precursores de hormônios Classificação 1. Ácidos graxos 2. Triacilgliceróis 3. Fosfolipídeos 4. Esfingolipídeos 5. Ceras 6. Esteróides 7. Derivados de lipídeos ÁCIDOS GRAXOS São ácidos monocarboxílicos alifáticos - possuem uma longa cadeia constituída de átomos de carbono e hidrogênio (hidrocarbonetos) e um grupo terminal, característico de ácidos orgânicos, denominado carboxila. R C O OH Cadeia hidrocarbonada Apresentam número par de átomos de carbono sem ramificações. Nomenclatura Nomes triviais - derivados das fontes onde são encontrados em abundância. Nomes químicos – substituição do sufixo “o” do hidrocarboneto pelo sufixo “oico”. SaturadosInsaturados Nomenclatura Os ácidos graxos são representados por um sistema que pode utilizar números ou letras para indicar os átomos de carbono. Sistema - C 20:4 (5, 8, 11, 14) Sistema - C 20:4 -6 1 1 ÁCIDOS GRAXOS Classificação de ácidos graxos Grau de saturação da cadeia lateral: - saturados - insaturados monoinsaturados poliinsaturados Número de carbonos (tamanho da cadeia): Necessidade na dieta :- essenciais - não essenciais -cadeia curta (até 10C) -cadeia média (12-16C) -cadeia longa (>16C) Grupo Carboxila ( Região Polar) Cadeia hidrocarbonada (Região Apolar) Ácido Graxo Saturado Ácido Graxo Insaturado Cadeia hidrocarbonada (Região Apolar) Grupo Carboxila (Região Polar) ÁCIDOS GRAXOS SATURADOS E INSATURADOS ÁCIDOS GRAXOS INSATURADOS Devido à presença das duplas ligações – isomeria geométrica cis/trans Os ácidos graxos trans são muito comuns em produtos industrializados. A hidrogenação parcial produz uma mistura de isômeros cis e trans. Em excesso, são tão prejudiciais quanto os ácidos graxos saturados – elevação do colesterol sanguíneo. Na natureza a maioria dos ácidos graxos estão na forma cis. CIS TRANS ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS São poliinsaturados não sintetizados pelas células de organismos animais. Adquiridos através da alimentação. Existem 2 classes de ácidos graxos essenciais: Ômega-3 (ácido linolênico) Ômega-6 (ácido linoléico) ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS O ácido linoléico é precursor do ácido araquidônico. O ácido linolênico é precursor de outros ácidos graxos ω-3 importantes. Deficiência na ingestão torna os derivados essenciais. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS São determinadas pelo comprimento da cadeia de carbonos e pelo grau de insaturação da cadeia. Solubilidade Quanto maior a cadeia do ácido graxo e mais saturado menor é a solubilidade em água Ponto de fusão -Tamanho da cadeia (quanto maior a cadeia maior o ponto de fusão). -Grau de insaturação (quanto mais saturado maior o ponto de fusão). - Isomeria (isômero trans tem maior ponto de fusão). O ponto de fusão dos ácidos graxos diminui com o número de insaturações e aumenta com o comprimento da cadeia. 20:4 18:3 18:2 18:1 16:1 20:0 18:0 16:0 14:0 12:0 Carbon Atoms/ Double Bonds mp (°C) Common Name -49 -11 -5 16 -0.5 77 71 63 58 44 arachidonic acid linolenic acid linoleic acid oleic acid palmitoleic acid arachidic acid stearic acid palmitic acid myristic acid lauric acid S a tu ra te d U n sa tu ra te d Átomos de C/ ligações duplas Nome Comum Ponto de fusão S a tu r a d o In sa tu ra d o Ácido láurico Ácido mirístico Ácido palmítico Ácido esteárico Ácido araquídico Ácido palmitoleico Ácido oleico Ácido linoleico Ácido linolênico Ácido araquidônico AG saturado 12 a 24C - sólidos AG insaturado 12 a 24C - líquidos Ligação dupla cis produz uma dobra rígida na cadeia determinando a formação de agregados menos compactos e menos estáveis. Ácidos graxos saturados - flexíveis e distentidos podendo associar-se extensamente entre si por meio de interações hidrofóbicas. Desfazer os arranjos ordenados dos ácidos graxos insaturados consome menos energia do que nos ácidos graxos saturados Ponto de fusão menor do que os AG saturados de mesmo tamanho de cadeia. Óleos e gorduras O estado físico é que diferencia um óleo de uma gordura. Óleos: líquidos à temperatura ambiente (baixo ponto de fusão). (ácidos graxos insaturados) Gorduras: semi-sólidos, sólidos à temperatura ambiente (elevado ponto de fusão). (ácidos graxos saturados) HIDROGENAÇÃO É a adição de hidrogênio nas insaturações dos ácidos graxos, permitindo transformar óleos em gorduras. Ex: transformação de óleos vegetais em margarina; Principais lipídeos que contém AG Ácidos graxos livres são pouco encontrados nos organismos, geralmente estão ligados a um álcool, que pode ser o glicerol ou a esfingosina. Principais lipídeos que contém AG Lipídeos de armazenamento TRIACILGLICERÓIS (ou triglicerídeos) - Constituídos por 3 moléculas de ácidos graxos esterificadas a uma molécula de glicerol. - São os lipídeos mais abundantes no transporte e armazenamento de ácidos graxos. g li ce ro l Ácido graxo Ácido graxo Ácido graxo compostos apolares - regiões polares de seus precursores (OH do glicerol e COOH dos ácidos graxos) desaparecem na formação das ligações éster. Constituem moléculas muito hidrofóbicas, que podem ser armazenadas nas células de forma praticamente anidra. As gorduras animais e os óleos vegetais são misturas de triacilgliceróis, que diferem na sua composição em ácidos graxos e também no seu ponto de fusão. Triacilgliceróis de gorduras animais – ricos em AG saturados (sólidos à temperatura ambiente) Triacilgliceróis de origem vegetal – ricos em AG insaturados (líquidos à temperatura ambiente) Saponificação Os triacilgliceróis podem ser hidrolisados liberando ácidos graxos e glicerol. Se esta hidrólise é feita em meio alcalino, formam-se sais de ácidos graxos – sabões e glicerol. Lipídeos estruturais FOSFOLIPÍDEOS Glicerofosfolipídeos São derivados do glicerol que contem fosfato na sua estrutura. O glicerofosfolipídeo mais simples é o ácido fosfatídico, composto por uma molécula de glicerol esterificada a 2 ácidos graxos e a um grupo fosfato no carbono 3. •Os diferentes glicerofosfolipídeos originam-se da esterificação ao grupo fosfato de grupos polares (neutras ou carregadas). Ligação da esfingosina à um ácido graxo - ceramida Esfingolipídeos FOSFOLIPÍDEOS Formados por uma molécula de ácido graxo, a esfingosina (um aminoálcool de cadeia longa) ou um de seus derivados, e uma cabeça polar alcoólica. Esfingomielinas – fosfocolina ou fosfoetanolamina como cabeças polares. POLAR APOLAR GLICOLIPÍDEOS Cerebrosídeos – a ceramida liga-se a um açúcar que pode ser glicose ou galactose. Gangliosídeos – a ceramida liga-se a oligo e polissacarídeos mais complexos. Exemplo de gangliosídeos: antígenos do sistema sanguíneo ABO GLICOLIPÍDEOS Galactolipídeos/sulfolipídeos Predominam nas membranas dos tilacóides nos cloroplastos das células vegetais. Doisácidos graxos e um ou mais resíduos de galactose unidos à uma molécula de glicerol. Também pode haver grupos sulfato ligados à galactose. As ceras (animais e vegetais) são formadas por ácidos graxos e álcoois de cadeia longa. São mais resistentes à hidrólise e decomposição, portanto servem como fatores de proteção e impermeabilizantes de superfícies. CERAS ESTERÓIDES São lipídeos que apresentam um núcleo comum – ciclopentanoperidrofenantreno. 4 anéis fundidos, 3 com seis átomos de carbono e 1 com cinco. O núcleo esteróide é quase plano e rígido e os anéis fundidos não permitem rotação entre as ligações C-C. Os esteróis - esteróides com função alcoólica - são a principal subclasse dos esteróides -Esterol mais importante dos tecidos animais. -Componente das membranas biológicas – regula fluidez. -Precursor dos demais esteróides: Hormônios esteróides: Corticosterona, cortisol, aldosterona, progesterona, andrógenos e estrógenos. Vitamina D Ácidos biliares. COLESTEROL COLESTEROL Cabeça polar (C3) Núcleo esteroidal Cadeia alquila lateral Molécula anfipática – polar (grupo OH) e corpo apolar (núcleo esteróide + cadeia lateral). C3 - Ligação dos ácidos graxos – éster de colesterol (forma de armazenamento e transporte) Plantas superiores contêm fitosteróis, que é uma mistura de composição variável, constituída de três componentes: campesterol, sitosterol e estigmasterol. Fungos e leveduras contêm esterois do tipo ergosterol, que são precursores da vitamina D. DERIVADOS DE LIPÍDEOS VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS – A, D, E, K EICOSANÓIDES - Prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos (derivados do ácido araquidônico 20:4 (Δ5,8,11,14). TERPENOS – moléculas derivadas do isopreno. Geraniol (feromômio) Fitol (cloforila) Β-catoreno Licopeno Substâncias odoríferas MEMBRANAS BIOLÓGICAS http://www.youtube.com/watch?v=2FE206MtIUA http://www.youtube.com/watch?v=xuifkcmyrTM FUNÇÕES DA MEMBRANA Delimitação do volume celular (separa o conteúdo intracelular do meio extracelular ou do lúmen da organela); Permeabilidade seletiva – transporte de moléculas para dentro ou fora da célula ou organela; Comunicação celular (recepção e transmissão de informações); Reconhecimento celular; Flexibilidade - Permite a modificação da forma e do tamanho da célula ou organela; Servir como ponto de fixação de enzimas e estruturas de sustentação. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DAS MEMBRANAS Grande variedade de composição: Lipídeos Proteínas Carboidratos LIPÍDEOS DA MEMBRANA Principais responsáveis pela estrutura e fluidez das membranas. Os principais lipídeos constituíntes das membranas são: glicerofosfolipídeos, esfingolipídeos e colesterol. Glicerofosfolipídeos g li ce ro l Ácido graxo Ácido graxo PO4 Álcool es fi n g o si n a Ácido graxo PO4 Álcool Esfingolipídeos FOSFOLIPÍDEOS Glicerofosfolipídeos e esfingomielinas (esfingolipídeo) são os componentes mais abundantes. Colesterol É o terceiro lipídeo mais abundante das membranas eucarióticas. Diminui a fluidez da membrana. Em plantas – fitoesteróis. DISPOSIÇÃO DE LIPÍDEOS ANFIPÁTICOS EM MEIO AQUOSO Lipídeos anfipáticos em meio aquoso Agregados Estruturas plurimoleculares Maximização das interações hidrofóbicas entre as cadeias carbônicas Grupos polares em contato com o solvente Interação com o solventeisolamento da água O tipo de estrutura formada é determinado pelo tipo de lipídeo anfipático (estrutura). BICAMADA LIPÍDICA É a estrutura lipídica básica de todas as membranas biológicas. Extremamente estáveis Parte polar – Interações iônicas dos grupos carregados polares com a água; Parte apolar – isolada da água - Interações hidrofóbicas das cadeias hidrocarbônicas. Fluidez das membranas As membranas lipídicas são fluidas, não rígidas e muito flexíveis. O grau de fluidez do interior da bicamada depende da composição da membrana (natureza dos lipídeos – tamanho e insaturações). aumento de insaturações – menor estabilidade aumentam a fluidez da membrana. Ácidos graxos saturados e/ou de cadeia longa – menor fluidez BICAMADA LIPÍDICA Lipídeos da membrana podem se movimentar dentro da monocamada da qual fazem parte: Difusão lateral, rotação e flexão (maior mobilidade no centro da bicamada do que na periferia) - movimentos rápidos. Movimento transverso/ flip-flop (migração das moléculas lipídicas entre as bicamadas exige que a porção polar atravesse o centro hidrofóbico da bicamada) – movimentos lentos e raros. BICAMADA LIPÍDICA Resultados Grande estabilidade e fluidez onde as moléculas movem-se livremente dentro da monocamada mas não mudam facilmente para a monocamada adjacente. Distribuição assimétrica dos lipídeos – as duas monocamadas são constituídas por lipídeos diferentes. PROTEÍNAS DA MEMBRANA As proteínas são responsáveis pelas funções específicas associadas a cada tipo de membrana (ex: transporte, receptores, funções enzimáticas, reconhecimento, etc). Integrais/intrínsecas – imersas na bicamada lipídica associando-se fortemente com as cadeias apolares dos lipídeos através de interações hidrofóbicas. Periféricas/extrínsecas – ligam-se à superfície das membranas por pontes de hidrogênio ou interações iônicas estabelecidas com os grupos polares dos lipídeos. Interações das proteínas de membrana com a bicamada lipídica Tem uma orientação definida na membrana. Proteínas podem difundir-se apenas lateralmente. A membrana apresenta uma distribuição assimétrica de proteínas. Alto grau de organização funcional relacionado com a localização das proteínas. CARBOIDRATOS DA MEMBRANA São cadeias de oligossacarídeos associados a proteínas e lipídeos (glicoproteínas e glicolipídeos) constituindo o glicocálix. As cadeias são muito hidrofílicas e projetam-se para o lado externo das membranas. Estrutura muito variada - dezenas de resíduos de açúcares organizados em cadeias ramificadas. Funções de proteção química e mecânica das superficies celulares; especificidade, reconhecimento e adesão celular; ação como receptor. ESTRUTURA DE MEMBRANAS BIOLÓGICAS MODELO DO MOSAICO FLUIDO Modelo do mosaico fluido - Singer e Nicolson (1970) Explica várias propriedades características da membrana: Fluidez Flexibilidade que permite mudanças de forma Capacidade de se auto-selar Impermeabilidade. Arranjo em bicamada lipídica; Proteínas (intrínsecas) ficam mergulhadas na bicamada; Proteínas (extrínsecas) ficam fracamente ligadas à superfície; A bicamada lipídica é fluida e as proteínas e os lipídeos mudam de posição continuamente, como se fossem peças de um mosaico. MEMBRANAS E TRANSPORTE http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=1960
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