
Pietro Ubaldi Profecias
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homens práticos podem gritar que isto é utopia. Mas, aqui operam elementos imponderáveis que eles ignoram. J Os homens práticos não compreenderam o atual momento histórico e o que está agora acontecendo. Acreditam que por intermédio do progresso científico e mecânico, eles possam apoderar-se das forças da natureza para escravizá-las aos seus fins. E eles não compreendem que a natureza é muito mais inteligente que o homem, que deve a sua vida a esta sabedoria, que ele possui. E então acontece que, quando o homem faz mau uso dos poderes entregues em suas mãos para que, livremente experimentando, possa evolver, e o faz para atingir somente o seu próprio gozo egoístico, então, aquela inteligência da natureza revolta-se, porque a sua sabedoria quer que a lei não seja violada. E de fato, é exatamente isso o que está acontecendo, e somente assim é que podemos explicá-lo. A ciência acabou, assim, por construir com a bomba Profecias Pietro Ubaldi 89 atômica o meio para destruir a humanidade. Isto vem nos provar que a orientação materialista de nosso tempo nos deu uma ciência errada desde o começo e que, por conseguinte, não podia chegar a outras conclusões. Aquela orientação é o micróbio do egoísmo, que é o câncer do destrucionismo. A vida, vendo que estava sendo traída sua finalidade mais importante, que é a de evolver, revolta-se e destrói tudo o que a impede neste caminho. O homem deve compreender que ele se acha perante uma inteligência e uma lógica que têm suas leis invioláveis. A natureza não quer o tipo biológico do homem que está engordando no bem-estar, servido pela máquina. A natureza logo que atinge um bem-estar de sobra, o utiliza para acrescer a população de modo que ele produza fruto, não como gozo, mas para dar vida a um número maior de seres. Ou por outro modo, desencadeia guerras e revoluções, para que aquele bem-estar sirva para destruir o velho e construir o novo, evolvendo. A natureza quer que o homem cumpra o trabalho do seu próprio progresso. Por isso quando ele fizer uso errado dos segredos que arrancou à natureza, esta destrói os frutos de tais descobertas, exterminando a humanidade que as produziu, e infligindo-lhe uma lição tão poderosa, que volte ao caminho certo e não mais deseje iniciar novamente semelhantes aventuras. Assim se explica como a ciência moderna, pela razão de que ela foi posta a serviço do egoísmo, que tudo quer explorar para seu gozo e sem mais altos fins espirituais e morais, chegou a produzir, como resultado, somente o fruto da destruição. Isto nos deixa claro que, para a vida, são da maior importância os valores morais. Descuidar deles significa errar nos seus pontos mais fundamentais e ter, por isso, depois, que pagar até o último ceitil. Acontece, assim, que a vida se revolta e procura, com a sua sabedoria, destruir o que se desenvolve negativamente, no sentido retrógrado aos valores do espírito, como é o estabelecer-se um bem-estar material a cargo da evolução, que na nossa fase, primeiro deve ser espiritual. Então, a sabedoria da vida, para nosso bem, nos impede o passo e nos pára no caminho errado. Aqui, a natureza opera como nas doenças físicas: procura isolar, circunscrevendo a zona infectada e, se não consegue, destrói o doente para que ele recomece a vida num outro organismo. Entretanto, ainda antes de chegar a estas últimas conseqüências, o homem já se arrisca a ser dominado pela máquina. Ele corre o perigo de que este novo ser, criado por suas próprias mãos, tome predomínio sobre ele, não como simples simbiose de conviventes, mas a máquina como dona e o homem como seu criado. Isto porque o homem quer fazer dela somente um meio a serviço da própria preguiça, abdicando ao mando diretor do seu "eu" espiritual superior. A diferença parece sutil, mas é profunda. O homem quer ser dono da máquina. Mas o dono não deve ser o "eu" inferior, material, egoísta, e involuído do homem, mas sim o seu espírito, para atingir fins espirituais superiores. Diferença cheia de conseqüências, porque, se não fizermos assim, o instrumento máquina, em lugar de criado, revoltar-se-á, contra seu dono que o criou, e que não sabe dominá-lo para os fins a que se destinou e que a vida exige. A máquina acabará assim, por escravizar a ela mesma o dono que abdicou seus poderes de direção. E que acontece quando numa casa o chefe não dirige mais e então aparece o criado para substituí-lo nas funções diretivas? Dá-se uma degradação, um retrocesso até o inferior plano evolutivo Profecias Pietro Ubaldi 90 do criado, que assim nivela tudo na própria inferioridade. Esta é uma lei da vida, isto é, que quando quem está mais no alto se enfraquece, os inferiores surgem para mandar. Então, como o criado torna-se patrão e este criado daquele, assim o instrumento torna-se diretor e este o seu instrumento. Se o homem não souber reagir, dominando espiritualmente os seus novos poderes, ele ficará preso às suas novas exigências mecânicas e, tanto mais ele se deixe prender, tanto menos será para ele possível desprender-se e voltar a ser o senhor. A máquina é uma criatura que parece viva, mas que é cega e, com a mesma indiferença, tanto nos protege a vida como pode nos dar a morte. Repete ela e multiplica o impulso recebido pela vontade e inteligência do homem, mas nada inicia por si própria. Nada possui da consciência espiritual do homem, é amoral e pode fazer indiferentemente o bem ou o mal, conforme o impulso que o homem lhe der. A máquina sozinha não sabe manter-se viva, não tem assimilação ou recâmbio, mas somente a autonomia que lhe foi dada pelo impulso recebido e, esgotado este, ela pára. Quando pelo funcionamento ela restitui todo o alento animador que recebeu do homem, volta a ser o que ela era antes: matéria morta, inerte. A máquina não evolve. Se bem dirigida, ela pode representar uma ajuda à evolução humana: se mal dirigida pode ser um empecilho. A máquina não é vida e não ascende sozinha. Ela é só um espelho da inteligência do homem que lhe deu a vida. Ele pode fazê-la funcionar em harmonia com a ordem universal e, então, a vida a sustentará. Mas o homem, que é livre, poderá fazê-la funcionar também contra esta ordem e então a vida destruirá a máquina. No primeiro caso temos muitos instrumentos úteis: o carro, o avião, o rádio, etc. No segundo, temos as máquinas de guerra e em primeiro plano, a bomba de hidrogênio. A conclusão destas afirmações é que, pela sua própria natureza, a nossa civilização mecânica sempre mais propende para a supressão dos valores morais que, ao contrário, deveriam ser os dirigentes, e tende a regredir por conseguinte, à autodestruição, porque a vida elimina tudo o que opera contra ela. Eis como se explica que numa hora assim apocalíptica, presenciemos a uma fatal derrocada espiritual e moral, neste terreno das funções diretivas. Eis porque, hoje, a humanidade mostra uma tão grande inconsciência. Perante tão terríveis perspectivas, o homem prefere continuar com seus ridículos e velhos jogos: aturdir-se nos gozos para esquecer, amontoar dinheiro, tornar-se politicamente poderoso, fabricar armas. Velhos expedientes que não salvaram a humanidade, que não impediram o desencadeamento da tempestade nas horas trágicas das grandes voltas da História. Tudo será inútil. Ficará somente uma defesa: ser conforme à Lei, isto é, ser justo. Isto porque, como fala a citada Mensagem: "não está longe o dia em que somente uma será a divisão entre os homens: justos e injustos". J Agora, no plano universal, exposto neste quadro, deve aplicar-se a nossa ação positiva neste nosso tempo. Entramos no terreno prático.