
SHAW Introdução à Química dos Colóides e Superfícies (1975)
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individuais de espalhamento existentes na partícula, isto é, proporcional ao seu volume e também à sua massa; a intensidade total da luz espalhada é propor cional ao quadrado da massa da partícula. Consequentemente, numa dispersão aleatória contendo n partículas de massa m, a quantidade total de luz espalhada é proporcional a nm2 ; e como nm é proporcional à concentração c da fase dispersa Uma outra maneira (equivalente) de abordar assunto é a assim chamada teoria da flutuação, na qual a luz espalhada é tratada como uma consequência das desu- luz total dispersada oc cm. 34 Introdução à química dos colóides e de superfícies niformidades aleatórias da concentração, e portanto do índice dc refração. e que se deve ao movimento molecular aleatório (veja p. 16). Empregando essa teoria, a relação acima poderá ser escrita segundo a forma quantitativa desenvolvida por Debye37 para soluções macromoleculares diluídas. ou seja. Hc T Hc %lim c -* 0 1 ---- b 2Bc\u201e M 1 M (3.3) onde i é a turbidez da solução, M a massa molar do soluto e H uma constante dada por 327t3ttQ / dnV 3 « W (3.4) expressão em que n0 é o índice de refração do solvente, n o índice de refração da solução; 10 é o comprimento de onda in vacuo (isto é, 20 = iü, onde 2 é o com primento de onda da luz na solução), r é calculado a partir da intensidade da luz espalhada segundo um ângulo conhecido (geralmente 90° ou 0°). A soma dos produtos, Rdo), sobre o ângulo sólido 4n leva à relação T (3.5) onde R [definido na Eq. (3.2)] passa a se referir ao espalhamento primário, em volume unitário de solução. Portanto sendo K dado por Kc _ 1 n <\u2022 -»0 2n2n20 / dnV = U / (3.6) (3.7) e dn/dc medido com exatidão mediante um refratômetro diferencial. Ao contrário do que ocorre com a pressão osmótica, as medições de espa lhamento da luz se tornam mais fáceis à medida que o tamanho das partículas aumenta. Para partículas esféricas, o limite superior da aplicabilidade da equação de Debye é uma partícula de diâmetro de cerca de 2/20, (ou seja 20 nm a 25 nm, para 20 de ~ 600 nm, ou 2água ~ 450 nm; ou, uma massa molecular relativa da ordem de 107). Para partículas assimétricas, esse limite superior é mais baixo. Entretanto, modificando convenientemente a teoria, é possível estudar, por métodos baseados em espalhamento da luz, partículas muito maiores. Em sistemas poli- dispersos, obtém-se uma massa molecular relativa, média de massas. Partículas grandes A teoria do espalhamento da luz se torna bem mais complicada quando uma ou mais dimensões da partícula excedem o valor de aproximadamente 2/20. Partículas desse tipo não podem mais ser consideradas como fontes puntuais de luz espalhada, e devemos levar em conta a interferência destrutiva provocada Propriedades ópticas 35 Feixe (o ) destrutiva (b) Figura 3.3. (a) Espalhamenlo em uma partícula relativamente grande. (b) Radiação espalhada por uma partícula esférica (.v = 0,8. m = 1,25) \u2014 veja texto c Fig. 3.2 para explicação por ondas de luz espalhada provenientes de pontos diferentes sobre a mesma partícula. Essa interferência destrutiva será nula quando 0 = 0°. Ocorrerá extinção quando duas ondas luminosas são espalhadas por pontos situados em lados opostos de uma partícula esférica de diâmetro á/4 (ou, quando a diferença de trajetória for 21/2). A radiação que envolverá essa partícula será, portanto, assimé trica, espalhando-se maior quantidade de luz para diante do que para trás. Quando partículas de índice de refração bastante diferente do índice de refração do meio em que essas estão suspensas apresentarem uma dimensão superior a 2/4, aproximadamente, será também possível a extinção em ângulos intermediários; podem assim ser observados máximos e mínimos de espalha- mento em diferentes ângulos. A localização desses máximos e mínimos dependerá do comprimento de onda; com luz incidente branca é possível, num sistema mono- disperso adequado, observar seqüências de cores espectrais (conhecidas como \u201cespectros de Tyndall de ordem superior\u201d). Mie (1908) elaborou uma teoria quantitativa geral para o espalhamento da luz por partículas esféricas. A intensidade da luz espalhada em vários ângulos está relacionada a m, à relação entre os índices de refração das partículas e do meio, e ao parâmetro38 x = 2nr/À. A teoria de Mie foi ampliada por Gans, para permitir a inclusão de certas formas não-esféricas. Os aspectos mais gerais da teotfa de Mie foram confirmados por La Mer et al.39 medindo a variação angular da luz espalhada por sóis monodispersos de'enxofre contendo partículas de raio 300 a 600 nm. Uma vez que a luz espalhada para diante (0o), não sofre interferência da mesma partícula, sua intensidade é proporcional ao quadrado da massa da par tícula. Medindo a luz espalhada por uma dispersão ou solução coloidal, em função de ângulos e de concentração, e extrapolando até ângulo nulo e concentração zero, é possível calcular o tamanho de partículas relativamente grandes, empre gando a equação de Debye. Essa extrapolação, o gráfico de Zimm (Fig. 3.4)40, pode ser feita colocando num gráfico Kc/Re contra sen2 0/2 + kc, onde k é uma constante arbitrária escolhida para dar um espaçamento conveniente entre os pontos no gráfico. Kc 1 36 Introdução à química dos colóides e de superfícies Figura 3.4. Um gráfico de Zimm Partículas pequenas demais para exibirem uma série de máximos e mínimos de acordo com a variação angular da luz espalhada são freqüentemente estudadas medindo a dissimetria do espalhamento (definida geralmente como a relação entre a luz espalhada segundo ângulo de 45° e a espalhada segundo ângulo de 135°). A dissimetria do espalhamento é uma medida do tamanho das partículas com referência ao comprimento de onda. Conhecendo-se o tamanho das par tículas ou moléculas, este pode ser relacionado com a relação axial (razão entre os eixos) de uma partícula de forma de bastão, ou com o espiralar de macro- moléculas lineares flexíveis. MICROSCOPIA ELETRÔNICA E MICROSCOPIA DE CAMPO ESCURO (ULTRAMICROSCOPIA) Poder de resolução As partículas coloidais são geralmente pequenas demais para permitirem uma observação microscópica direta. O poder de resolução de um microscópio óptico (isto é, a menor distância de separação entre dois objetos ainda distinguíveis um do outro) é limitado principalmente pelo comprimento de onda A da luz uti lizada para a iluminação. O limite de resolução ô é dado pela expressão 5 = A/2n sen <x, ' (3.9) onde a é a abertura angular (metade do ângulo segundo o qual a lente objetiva focaliza o objeto), n é o índice de refração do meio situado entre o objeto e a lente objetiva, e n sen a. a abertura numérica da lente objetiva, para um dado meio de imersão. A abertura numérica de um microscópio óptico é usualmente menor do que a unidade. Com objetivas de imersão em óleo é possível atingir aberturas numéricas de até 1,6; para luz de comprimento de onda de 600 nm, isso permitiría um limite de resolução de cerca de 200 nm (0,2 fim). Como a vista humana pode distinguir objetos afastados 0,2 mm (200 /im) um do outro, há pouca vantagem no uso de um microscópio óptico, ainda que bem construído, que amplifique mais do que cerca de 1 000 vezes. Ampliação maior aumenta o tamanho, mas não a nitidez da imagem. Propriedades ópticas 37 Além do problema do poder de resolução, a visibilidade de um objeto pode ser limitada por causa da falta de contraste óptico entre o objeto e o meio que o cerca. Duas técnicas para superar essas dificuldades são particularmente valiosas no estudo de sistemas coloidais. São elas a microscopia eletrônica, em que o limite de resolução é grandemente ampliado e a microscopia em campo escuro (ultramicroscopia), na qual o contraste mínimo observável se reduz acentuadamente. O