
SHAW Introdução à Química dos Colóides e Superfícies (1975)
Pré-visualização50 páginas
o ângulo de contato entre o líquido e a parede do capilar. Em tubos capilares estreitos pode, pois, ocorrer condensação a pressões mais baixas que as pressões de vapor de saturação normais. Zsigmondy (1911) sugeriu que esse fenômeno podería aplicar-se também a sólidos porosos. A elevação capilar do líquido nos poros de um sólido é usualmente tão acentuada que os poros estarão ou completamente preenchidos por líquido condensado sob o efeito capilar, ou então completamente vazios. Segundo o comportamento ideal, a uma certa pressão inferior à pressão de condensação normal todos os poros menores que um tamanho 82 Introdução à química dos colóides e de superfícies Figura 5.7. Isoterma de adsorção escalonada para a adsorção de crip- tônio, a 90K, sobre negro de carvão (recoberto por grafita a 3 000K)72. (Cortesia de The Canadian Journal of Chemistry) Figura 5.8. A histerese na adsorção física determinado estarão preenchidos com o líquido, e os demais estarão vazios. Pro vavelmente é mais correto imaginar um fdme monomolecular adsorvido sobre as paredes dos poros antes de iniciar-se a condensação sob o efeito da capilaridade. Através de uma modificação correspondente do diâmetro dos poros, poderemos chegar, a partir da isoterma de adsorção, a uma estimativa da distribuição dos tamanhos dos poros (que terá apenas significado estatístico, por causa das formas mais complexas dos poros). A condensação capilar não pode explicar a adsorção de camadas multimo- leculares em superfícies planas ou convexas; embora a condensação capilar seja fora de dúvida um aspecto importante da adsorção física sobre sólidos porosos, ela não apresenta uma explicação completa do fenômeno. A teoria da condensação capilar nos fornece uma explicação satisfatória do fenômeno da histerese de adsorção, observada freqtien temente em sólidos porosos. A histerese de adsorção ocorre quando a isoterma de dessorpção não coincide com a isoterma de adsorção (Fig. 5.8). Uma explicação possível para esse fenômeno é dada em termos da histerese do ângulo de contato. Na adsorção, quando o líquido avança sobre uma superfície seca, o ângulo de contato é geralmente maior do que na dessorpção, quando o líquido retrocede de uma superfície úmida. Depreende-se da equação de Kelvin que a pressão abaixo da qual um líquido evapora de um determinado capilar será, nessas circunstâncias, menor do que a pressão requerida para a condensação capilar. A interface sólido-gás i 83 Uma outra teoria da histerese de adsorção considera a presença de dois tipos de poros, cada qual com uma-distribuição de tamanhos. Os poros do primeiro tipo se apresentam em forma de V, énchendo-se e esvaziando-se reversivelmente. O segundo tipo apresenta um orifício de entrada estreito e um interior relativamente volumoso. Esses poros com uma forma de garrafa podem encher-se completa mente quando é atingido um valor de p/p0 correspondente ao interior relativamente amplo do poro; mas, uma vez preenchidos, esses poros retêm o líquido até o valor de p/p0 se reduzir a um valor abaixo do correspondente à entrada estreita do poro. Equações da isoterma Foram feitas numerosas tentativas no sentido de desenvolver expressões matemáticas a partir dos mecanismos de adsorção propostos, e que se adaptassem às diferentes isotermas experimentais. As três equações de isotermas usadas com mais íreqüência são as equações devidas a Langmuir, a Freundlich, e a Brunauer, Emmett e .Teller (BET). 1. A isoterma de adsorção de Langmuir \u2014 Antes de .1916, as teorias sobre a adsorção admitiam ou um filme líquido condensado, ou uma camada gasosa comprimida, cuja densidade decresce à medida que aumenta a distância à superfície. Langmuir (1916) acreditava que por causa da rapidez com que decresciam as forças inter- moleculares com o aumento da distância, as camadas adsorvidas dificilmente teriam espessura superior a uma molécula. Esse ponto de vista é geralmente-aceito para adsorção química e para adsorção física a pressões baixas e temperaturas moderadamente elevadas. A isoterma de adsorção de Langmuir se baseia nas seguintes suposições características, a) ocorre apenas adsorção monomolecular b) a adsorção é loca lizada, e c) o calor de adsorção independe da extensão da superfície que é coberta pela adsorção. Segue-se uma derivação cinética, na qual as velocidades de adsorção e dessorção são igualadas entre si, para dar origem a uma expressão que represente tfm equilíbrio de adsorção. Seja V o volume de gás adsorvido, no equilíbrio, por unidade de massa de adsorvente, numa pressão p; e Vm o volume de gás necessário para recobrir uma unidade de massa de adsorvente com uma monocamada completa. A velocidade de adsorção depende, a) da velocidade com que as moléculas de gás colidem com a superfície sólida, e que é proporcional à pressão, b) da proba bilidade de atingir um ponto desocupado (1 \u2014 V/Vm), e c), de um termo de ativação, exp [- E/Rl onde E é a energia de ativação para a adsorção. A velocidade de dessorção depende a) da fração da superfície que é recoberta, V/Vm, e b) de um termo de ativação, exp [- E'/RT] onde E é a energia de ativação para a dessorção. Portanto ao atingir-se o equilíbrio de adsorção, tem-se p( I - V/VJ exp [ - E/RT] = k(V/VJ exp [- E'/RT], onde k é uma constante de proporcionalidade, ou seja p = k exp [A onde A/fads = £ - £ ' = calor de adsorção (negativo). 84 Introdução à química dos colóides e de superfícies Considerando o calor de adsorção, A//a(ls, como sendo independente da parcela da superfície que é recoberta k exp [Aflad/ R r ] = l/a sendo a uma constante que depende da temperatura mas não da superfície reco berta. Portanto V! V ap = ---- í\u2014'\u201d\u2014 (5.4) 0--V/VJ ou ainda, K,aP (1 + ap) P/y = P/y\u201e, + VaVm (5.5) (5.6) Um gráfico de p/V contra p deveria dar uma reta de inclinação 1 fVm e que inter cepta o eixo p/V no valor de l/aVm. A pressões baixas, a equação da isoterma de Langmuir se reduz a V = Vmap, ou seja, o volume de gás adsorvido varia linearmente com a pressão. A pressões altas, atinge-se uma camada monomolecular limitante, V = Vm. A curvatura da isoterma a pressões intermediárias depende do valor da constante a, e portanto da temperatura. O ponto mais eritieável da equação de adsorção de Langmuir é a simplificação que considera o calor de adsorção independente da fração da superfície recoberta, o que pode não ser o caso, como veremos na discussão que segue. Não obstante, muitas isotermas de adsorção experimentais correspondem razoavelmente bem à equação de Langmuir. Quando os diferentes componentes de uma mistura gasosa competem entre si pelos pontos de adsorção sobre uma superfície sólida, a equação de Langmuir passa a ter a forma genérica Jj_ = atPj v.«,i 1 + ^ (5.7) Figura 5.9. Gráficos de Langmuir para a adsorção de amônia sobre carvão mostrada na Fig. 5.1. Inclinação -- A interface sólido-gás 85 2. A isoterma de adsorção de Freundlich (ou clássica) \u2014 A variação da adsorção com a pressão pode ser representada frequentemente (espedalmente a pressões moderadamente baixas) pela equação V = kplln, (5.8) onde k e n são constantes, n geralmente maior que 1. Escrevendo na forma logarítmica log V = log k + l/n log p (5.9) ou seja, um gráfico de log V contra log p deve dar uma reta. Essa equação para a adsorção fora proposta inicialmente em bases puramente empíricas. Contudo ela pode ser derivada teoricamente, para um modelo de adsorção no qual a magnitude do calor de adsorção varia exponencialmente com a fração coberta da superfície. A equação de Freundlich é na verdade o somatório de uma distribuição de equações de Langmuir; contudo o volume de gás adsorvido não é descrito aproximando-se de um valor limite, como no caso de uma equação de Langmuir isolada. 3. A equação