Buscar

CTPS Multas e Indenizações (Parte 3)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

RETENÇÃO INDEVIDA E EXTRAVIO DA CARTEIRA DE TRABALHO. 
MULTAS E INDENIZAÇÕES – PARTE 3 
 
Como adiantamos no texto anterior (Retenção indevida e extravio da Carteira de 
Trabalho. Multas e indenizações – Parte 2),a maioria das lides envolvendo a Carteira de 
Trabalho e Previdência Social (CTPS) trata da falta de anotações do contrato de 
trabalho, ou, como também verificamos no texto imediatamente antecedente (Retenção 
indevida e extravio da Carteira de Trabalho. Multas e indenizações – Parte 1), da 
inserção, nesse documento, de anotações desabonadoras da conduta do empregado. Em 
ambos os casos – sobretudo no segundo –, o ato ilícito do empregador pode causar dano 
ao empregado, não só prejuízo contratual, mas, dano reflexo (ou “ricochete”), material e 
moral. Por outro lado, pode ocorrer de o empregador reter indevidamente a CTPS ou 
mesmo extraviá-la. Nesse caso, as consequências para o empregado são ainda mais 
drásticas. 
 Retenção indevida ou extravio da CTPS: ilícito civil, penal e trabalhista 
Com certeza, a retenção indevida ou extravio da CTPS, por culpa do empregador, pode 
causar dano muito mais grave do que a hipótese tratada nos textos anteriores. E não se 
trata apenas de ilícito trabalhista ou civil, mas, também, penal, a teor dos artigos 1º e 3º, 
da Lei 5.553/68,prevê: 
Art. 1º A nenhuma pessoa física, bem como a nenhuma pessoa jurídica, de direito 
público ou de direito privado, é lícito reter qualquer documento de identificação 
pessoal, ainda que apresentado por fotocópia autenticada ou pública-forma, inclusive 
comprovante de quitação com o serviço militar, título de eleitor, carteira profissional, 
certidão de registro de nascimento, certidão de casamento, comprovante de 
naturalização e carteira de identidade de estrangeiro. (…) 
Art. 3º Constitui contravenção penal, punível com pena de prisão simples de 1 (um) a 
3(três) meses ou multa de NCR$ 0,50 (cinquenta centavos) a NCR$ 3,00 (três cruzeiros 
novos), a retenção de qualquer documento a que se refere esta Lei. 
Parágrafo único. Quando a infração for praticada por preposto ou agente de pessoa 
jurídica, considerar-se-á responsável quem houver ordenado o ato que ensejou a 
retenção, a menos que haja , pelo executante, desobediência ou inobservância de 
ordens ou instruções expressas, quando, então, será este o infrator. 
Ainda que não seja situação corriqueira, pode surgir no cotidiano das relações de 
trabalho. De fato, há no Poder Judiciário demandas tratando desse problema e a decisão 
abaixo (noticiada pelo site jusbrasil) ilustra bem esse quadro: 
Empregado de consórcio na cidade de Dianópolis, Tocantins, será indenizado pela 
perda da carteira de trabalho na empresa. A decisão do juiz Márcio Brito esclareceu 
que, "se o trabalhador tem o dever de zelar pela sua identidade de trabalhador, tal 
responsabilidade é dobrada em relação a um terceiro que recebe este documento para 
qualquer finalidade, sobretudo o empregador, partícipe da relação de trabalho e 
responsável por lançar todas as anotações necessárias para registrar a história de tal 
relação jurídica". O empregado ingressou com ação na Vara do Trabalho de 
Dianópolis, Tocantins, na qual pedia indenização por um acidente de trabalho e pelo 
extravio de sua carteira de trabalho, que depois de entregue ao funcionário da 
empresa, desapareceu. Ele alega dano moral e material. Na carteira, cinco contratos 
de trabalho estavam anotados, entre outras anotações funcionais do trabalhador. 
Baseada na negligência da empresa com causa do extravio da CTPS do empregado, a 
sentença do juiz Márcio Brito, ressaltou que "a CTPS é o documento mais importante 
da vida do trabalhador e, por conseguinte, da relação de emprego". Segundo ele, a 
CLT dedica ao tema um capítulo inteiro, o 1º, com 44 artigos. A carteira de trabalho é 
o registro histórico da vida do trabalhador e já na sua abertura apresenta um texto 
educativo com o seu significado, a obrigatoriedade para o exercício de qualquer 
emprego e o registro de todos os elementos caracterizadores da relação de trabalho. 
"É, portanto, um instrumento de múltiplas utilidades, um atestado de bons 
antecedentes", destaca. A defesa do empregador alegou que foi emitida segunda via, o 
que o isenta de ter que indenizar o empregado, porém a sentença destacou que "a 
simples emissão de uma segunda via da CTPS com anotação do último contrato de 
trabalho não é capaz de resgatar todas as utilidades deste documento que se confunde 
com a própria imagem do trabalhador perante o mercado de trabalho, o comércio, as 
instituições bancárias, o mercado imobiliário, a família, os amigos, etc". A decisão, que 
faz referência à jurisprudência de outros tribunais e do TST, determinando a 
indenização do empregado por danos morais no valor correspondente a 10 vezes o 
salário recebido na empresa. 
(Decisão proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região, em 24/05/2010) 
Normalmente, esse tipo de contenda ocorre nas seguintes situações: a empresa retém a 
CPTS do empregado, para anotações, em prazo maior do que 48h, que é o permitido por 
lei; encerra suas atividades, muda de endereço, mas, não a devolve ao empregado. Pode 
ocorrer por negligência do empregador ou de seus prepostos, também por acidente, 
causando extravio do documento, até mesmo má-fé. 
O empregador, conforme art. 29 da CLT, não pode reter a CTPS por mais de 48 horas, 
devendo ser compelido a devolvê-la, quando menos, pelas vias administrativas (artigos 
36 a 39 da CLT), com anotações pertinentes (art. 29, §§ 1º a 6º, da CLT), sem prejuízo 
da multa prevista no art. 53 da CLT e, caso não cumpra a obrigação, multa do art. 54 da 
CLT. 
 A CTPS como requisito essencial ao exercício de trabalho 
A CTPS é requisito essencial ao exercício de qualquer labor (art. 13º da CLT). Sem ela, 
o empregado está impossibilitado de exercer atividade profissional. O empregador que a 
retém indevidamente, ou dá causa ao seu extravio, impõe dano ao trabalhador, 
sobretudo pelo impedimento de conseguir novo emprego, o que se agrava em face da 
natureza alimentar do trabalho (danos materiais). 
Sem dúvida, esse ato ilícito (art. 186 do Código Civil), sobremaneira grave, causa 
consternação, contrariedade, descontentamento (danos morais). Aliás, o impedimento ao 
trabalho, por si só, causa dissabor. 
Imagine-se a hipótese em que o trabalhador possua registros de outros empregos na 
CTPS, como, inclusive, ocorreu na decisão judicial supramencionada, elemento 
comprobatório de experiência – como exige o mercado – primordial para conseguir 
novo trabalho. 
Retendo a CTPS do trabalhador, o empregador está, também por outro aspecto, 
causando dano: impedindo que obtenha direitos sociais que dependam de anotações 
lançadas naquele documento (por exemplo, previdenciários). 
O extravio desse documento causa danos difíceis de serem reparados, ou mesmo 
irreparáveis. Em muitos casos, somente a conversão em perdas e danos resolve a 
quaestio. 
Sem a CTPS é imensa a dificuldade de provar o período de trabalho, para fins de 
aposentadoria. Em grande parte dos casos, empresas relativas aos registros mais antigos, 
lançados na CTPS, nem existem mais. Nessas situações, o empregado teria de propor 
demanda judicial, com a finalidade de provar exercício do trabalho, para completar o 
período de contribuição e obter respectiva aposentadoria. 
Se o empregado não possuir outro documento relativo aos empregos lançados na CTPS 
extraviada, ou não conseguir, junto aos principais órgãos governamentais que cuidam da 
espécie (Ministério do Trabalho e Previdência Social), ao menos algum indício, 
dependeria exclusivamente de prova testemunhal, o que sempre é complicado e 
praticamente impossível em relação a empregos muito antigos. Ainda que consiga 
provar, toda essa via crucis é danosa por si só. 
A propósito, o empregado não é obrigado asolicitar outra CTPS senão nas condições 
descritas no art. 21 da Consolidação das Leis do Trabalho. E mesmo que obtenha a 
segunda via, o problema principal ainda persiste: a perda dos registros lançados na 
CTPS anterior e os percalços que terá de percorrer para comprová-los por outros meios. 
 Retenção indevida ou extravio da CTPS: indenização por danos materiais e 
morais 
A todo agravo cabe reparação,conforme descrito no art. 5º, V, da Constituição Federal. 
A par da obrigação contratual (e legal) de devolver a CTPS, devidamente anotada, a 
simples retenção indevida, o que muitas vezes ocorre por longo período, pode causar 
dano ao trabalhador. Por exemplo, se a empresa “fecha as portas” e se encontra em 
lugar incerto e não sabido. Nesses casos, é comum o empregado levar anos a fio para 
encontrar ao menos os sócios (quando consegue), o que, em geral, só é efetivado 
mediante ação judicial. De maneira ainda mais grave há dano pelo extravio desse 
documento. 
Se há culpa do empregador, ou de seus prepostos (art. 932, III, do Código Civil), há 
dever de indenizar. É o que impõe o artigo 927 do Código Civil: “Aquele que, por ato 
ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.” Em que 
medida? Conforme estudamos no artigo anterior, deve-se considerar a extensão do dano 
(princípio da restitutio in integrum, conforme art. 944 do Código Civil); a saber: 
a) lucros cessantes e danos emergentes (danos materiais): a impossibilidade de 
trabalhar, cujo prejuízo decorre sobretudo do caráter alimentar do exercício laboral; 
b) indenização por perda de uma chance: eventualmente, pode se confundir com a 
hipótese anterior, porém trata, de modo mais específico, da impossibilidade de atestar 
experiência profissional anterior, o que poderia dificultar obtenção de novo emprego. 
Mais ainda pela dificuldade de se obter direitos sociais: FGTS, seguro-desemprego e o 
mais nefasto de todos: dificuldade de comprovar tempo de contribuição para fins de 
aposentadoria; 
c) reparação de caráter pedagógico: evitar que o mau empregador pratique 
ilegalidades (conforme o ditado: “só doendo no bolso para se cumprir a lei”; 
d) danos morais: pela conduta censurável do empregador, que, agindo de forma 
culposa, demonstra descaso e desrespeito, situações que, de per si, causam 
aborrecimento, contrariedade. 
 Critérios para apuração da indenização 
Como calcular esse tipo de indenização? Não há parâmetros estanques, até porque a lei 
não os especifica. Na decisão acima indicada, condenou-se o empregador a pagar, a 
título somente de danos morais, dez vezes o salário do empregado lesado. Entretanto, 
"cada caso é um caso". 
As situações podem variar muito, mas, parece razoável se utilizar, além do salário do 
empregado, multas previstas nos artigos 49 a 56 da Consolidação das Leis do Trabalho, 
que, apesar de sanções administrativas, aplicadas pelo Ministério do Trabalho, podem 
servir como ponto de partida, por analogia, para se apurar a indenização. É o exemplo 
do artigo 52, da CLT, que prevê multa de meio salário mínimo regional pelo extravio da 
CTPS. Poderia ser aplicada, por exemplo, levando em conta a questão "tempo". É 
comum, na Justiça do Trabalho, condenação nas referidas multas (principalmente pela 
falta de anotações), diariamente, até que a obrigação seja cumprida. Seria o caso de 
encontrar o salário/dia pelo parâmetro do artigo 52, da CLT, aplicando-o pelo tempo 
total da lesão? É uma possibilidade. Porém, insista-se, as variantes são muitas. 
Realmente, várias questões devem ser consideradas, notadamente em relação aos 
direitos materiais simples: o tempo em que ficou retida a CTPS e o efetivo prejuízo 
causado (se, por exemplo, impediu recebimento de direitos sociais ou mesmo a 
obtenção de novo trabalho); se houve extravio, a idade do trabalhador e o tempo 
restante para se obter aposentadoria, entre outras questões. 
O mais importante é se observar o princípio da restituição integral (art. 944 do 
Código Civil): danos emergentes, lucros cessantes, perda de uma chance, reparação 
pedagógica, danos morais, que não se excluem, mas, se complementam. 
No texto seguinte, verificaremos as multas aplicadas pelo Ministério do Trabalho e 
também questões processuais envolvendo o tema em estudo. 
Consulte também nosso trabalho sobre responsabilidade civil nos acidentes e doenças 
do trabalho: Culpa e Risco nos Acidentes do Trabalho: Alcance do artigo 7º, XXVIII, 
da Constituição Federal 
 
 
 
 
Este artigo foi originalmente publicado no Juslaboral.Net. É expressamente proibida sua reprodução em 
blogs, sites, ou qualquer outro meio. Se estiver lendo-o em outro local, trata-se de violação dos direitos 
autorais. Por favor, comunique-nos: Contato. © Marcos Fernandes Gonçalves. Todos os Direitos 
Reservados. Para citações, consulte nossos Termos de Uso.

Outros materiais