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Ética a Nicômaco - Livro IV - Esquema de estudo

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Livro IV da Ética a Nicômacos
Capítulo 1: A liberalidade
“Aparentemente é a observância do meio termo em relação às riquezas, pois as pessoas liberais são louvadas (...) em relação a dar e obter riquezas – especialmente a respeito de dá-las. Por ‘riquezas’ entendemos todas as coisas cujo valor é mensurável pelo dinheiro” (p. 71).
O Livro IV trata de diversas virtudes (seu meio termo, excesso e falta). A primeira, liberalidade, é definida pelo trecho acima. Não se deve, contudo, confundir liberalidade com liberalismo�, pois este está mais associado à prodigalidade.
“...a prodigalidade e a avareza são o excesso e a falta em relação ao uso da riqueza; sempre atribuímos a avareza às pessoas que se preocupam mais do que devem com a riqueza (...) pródiga é a pessoa que tem um único defeito – o de esbanjar suas posses; pródiga, portanto, é a pessoa que está sendo arruinada por sua própria culpa” (p. 71)
Em relação à liberalidade, a prodigalidade é o excesso e a avareza é a falta. Enquanto o avarento se preocupa demais com a riqueza, o pródigo esbanja sem se preocupar com o futuro (ver, p.ex., a parábola do filho pródigo). Essa última situação é a que ocorre com os países liberalistas que gastam mais do que arrecadam.
“As coisas destinadas ao uso podem ser bem ou mal usadas, e a riqueza está entre as coisas úteis. (...) Ora: gastar e dar parecem caracterizar o uso da riqueza, enquanto obter e guardar parecem constituir mais uma simples posse (...) fazer benefícios é mais característico da excelência moral do que recebê-los (...) Além disto, as pessoas liberais são talvez as mais louvadas entre todas as dotadas de excelência moral, pois elas são úteis e o são porque dão”. (pp. 71-72)
A utilidade da riqueza: a pessoa liberal é útil porque dá. Aristóteles adverte, logo no início do parágrafo, que a riqueza é útil, o indivíduo deve saber usá-la bem. Este parágrafo foi usado erroneamente como fundamentação para o liberalismo, pois justifica que o governo usa o dinheiro público com liberalidade, o que de fato não é. Deve-se ter o cuidado, também, de não associar este trecho à teoria utilitarista, “uma concepção que avalia o caráter ético de uma atitude a partir do ponto de vista de suas consequências ou resultados”. Assim, “o útil (useful) é entendido como aquilo que contribui para o bem-estar geral”. (MARCONDES, 2009, p. 116). 
Para maiores informações sobre Liberalismo e Utilitarismo, consultar: 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à Filosofia. 3ed. São Paulo: Moderna, 2003. pp. 245-259
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da Filosofia: Dos pré-socráticos a Wittgenstein. 13ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2010. pp. 201-211.
___________. Textos básicos de ética: de Platão a Foucault. 4ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009. pp. 116-120.
“As pessoas liberais, (...) darão porque dar é nobilitante, e darão acertadamente, pois darão os valores certos, às pessoas certas e no momento certo, com as demais qualificações concomitantes com o ato de dar acertadamente; elas agirão assim com prazer ou sem sofrimento, porquanto o que é conforme à excelência moral é agradável e isento de sofrimento, e de forma alguma é penoso” (p. 72)
Aqui Aristóteles inicia a relação de algumas das características das pessoas liberais: elas dão, com prazer, pelos motivos certos, analisando as circunstâncias (o que, a quem, quando, etc.).
“A pessoa liberal não irá tampouco buscar dinheiro em fonte errada (...) não estará sempre pedindo (...) Ela buscará dinheiro nas fontes certas (...) não como algo nobilitante, mas como um dever (...) Ela também não será negligente com seus próprios bens (...) E ela se absterá de dar indiscriminadamente (...) É bem característico da pessoa liberal dar até excessivamente (...) a liberalidade não está no grande número de presentes, e sim na disposição da alma de quem dá, e isto é proporcional às posses de quem dá. (...) Não é fácil para uma pessoa liberal ser rica, pois ela não tem vocação para ganhar e guardar, e sim para gastar, nem dá valor à riqueza em si, e sim como um meio de dar” (pp.72-73)
Outras características da pessoa liberal: ela busca dinheiro em suas próprias posses, cuidando delas com o zelo necessário a fim de não se preocupar demais tornando-se avarento nem a esbanjar, pois precisa delas para ajudar os outros. Além disso, a liberalidade não está na quantidade do que se dá, mas na qualidade da intenção em praticar esse ato.
“...é liberal quem gasta de acordo com suas posses e com objetivos certos...” (p.73)
O liberal é o meio termo entre dar e obter riquezas corretamente: tanto um ato quanto outro precisam estar de acordo com a virtude moral. Por isso, ele não pode obter riquezas de modo errado com a justificativa de que gastará com os objetivos certos.
“A prodigalidade é o excesso em relação a dar e a não obter, enquanto a avareza é a falta em relação a dar e o excesso em relação a obter (...) não é fácil dar a todos se não se obtém de ninguém; as pessoas exaurem rapidamente suas posses, se são simples particulares, quando se excedem em dar, e é a estas que se aplica o nome de pródigas, embora uma pessoa desta espécie seja aparentemente muito melhor que uma pessoa avarenta. De fato, ela se cura facilmente com a idade e a pobreza (...) É por isto que não se atribui a tais pessoas um mau caráter...” (pp. 73-74)
Retomando o assunto sobre a prodigalidade e a avareza, Aristóteles afirma que o pródigo honesto é melhor que o avarento: o pródigo tem as características das pessoas liberais, pois se preocupa em dar, ajudando às pessoas. Se adquirisse o hábito de obter e gastar do modo correto poderia se tornar uma pessoa liberal. Porém, a pessoa avarenta só se preocupa consigo e acaba não beneficiando ninguém.
“...em sua maioria as pessoas pródigas também obtêm recursos em fontes erradas, e sob este aspecto são como as avarentas. (...) às vezes elas transformam em ricos homens que deveriam continuar a ser pobres, e não dão coisa alguma a pessoas de caráter respeitável, e dão mais a aduladores e a quem lhes proporciona outro prazer qualquer. Por esta razão muitos homens pródigos são concupiscentes (...)” (p.74)
As pessoas pródigas podem se assemelhar às avarentas em alguns aspectos: se obtiverem recursos em fontes erradas e gastarem com quem não devem.
“A avareza, ao contrário, é incurável (...) e é mais arraigada na natureza humana que a prodigalidade (...) ela também é mais difundida e se apresenta sob vários aspectos, pois parece haver muitas espécies de avareza. Ela consiste em duas coisas – deficiência em dar e excesso em obter – e não aparece completa em todas as pessoas, sendo que às vezes as duas situações aparecem separadas: algumas pessoas se excedem em obter, e outras são avessas a dar (...) aquelas pessoas que ganham muito em fontes erradas, e cujos ganhos não são justos (...) não são chamados de avarentos, mas de maus, ímpios e injustos” (pp. 74-75)
Neste último trecho do capítulo 1, Aristóteles trata da avareza, considerando-a pior que a prodigalidade. Divide-a em dois tipos:
Os que são avessos a dar: considerados os “sovinas”, “miseráveis” ou “mãos fechadas”, são pessoas que não dão nem cobiçam as posses alheias. Dentre essas, há as que cuidam do dinheiro para que não falte e não venham a praticar atos degradantes para obtê-lo e as que não tiram dos outros para que não sejam furtadas também. 
Os que se excedem em obter: são os “sórdidos”, que praticam juros abusivos, negócios escusos e quaisquer outros meios para ganhar mais.
Entre os tipos das letras “a” e “b”, os ganhos obtidos são pequenos; contudo, os que obtêm grandes ganhos injustamente (como os tiranos, que saqueiam cidades e templos) não são avarentos, mas ímpios.
Capítulo 2: A magnificência
“...a magnificência (...) também é uma forma de excelência moral relacionada com a riqueza. À semelhança da liberalidade ela não se aplica a todos os atos relacionados com a riqueza,mas somente àqueles que têm a ver com gastos, e sob este aspecto ela ultrapassa a liberalidade em amplitude, pois como sugere o próprio nome ela consiste em um dispêndio consentâneo com seus objetivos e em grande escala. (...) a pessoa magnificente é liberal, mas a pessoa liberal não é necessariamente magnificente. A deficiência em relação a esta disposição da alma é chamada mesquinhez; o excesso é chamado vulgaridade, mau gosto, etc., sem alusão à importância gasta com objetivos certos, e sim ao dispêndio ostentatório nas circunstâncias erradas e de maneira errada...” (pp. 75-76)
A relação entre liberalidade e magnificência: Ambas são formas de virtude moral relacionadas à riqueza, mas a magnificência tem a ver com gastos e é, portanto, mais ampla que a liberalidade, pois implica gastos com objetivos certos e em grande escala. Assim, a pessoa magnificente é liberal, mas o contrário não é necessariamente verdadeiro. Possivelmente, a diferença esteja na escala de gastos: liberal – pequenos; magnificente – grandes.
O excesso e a falta: A falta é a mesquinhez, quando a pessoa faz cálculos exagerados sobre seus gastos, gasta pouco e se lamenta de ter gasto demais; o excesso é a vulgaridade ou mau gosto não em relação ao valor gasto com os objetivos certos, mas ao gasto ostentatório em circunstâncias e de maneira errada, “fazer para aparecer”.
“A pessoa magnificente é como um artista, pois ela pode ter uma visão do que é conveniente e gasta grandes somas com bom gosto. (...) Os gastos de uma pessoa magnificente são grandes e adequados; seus resultados, portanto, também devem sê-lo (...) com o mesmo dispêndio [em relação à pessoa liberal] a pessoa magnificente chegará a um resultado magnífico (...) porquanto um grande resultado desperta a admiração dos espectadores, e a circunstância de inspirar admiração é característica da magnificência); finalmente, a excelência de um resultado está em sua grandiosidade. A magnificência é um atributo de gastos da espécie que chamamos meritórios...” (p. 76)
Características da pessoa magnificente: ela sabe escolher em que gasta (gastos meritórios como os relacionados a eventos religiosos ou ao espírito público) e sempre gasta grandes somas que despertam a admiração das pessoas. 
“...a proporção dos gastos deve ser julgada com referência à pessoa que gasta, ou seja, à sua posição e às suas posses; o desembolso deve ser proporcional aos recursos da pessoa, e compatível não somente com o resultado esperado mas também com quem dispende...” (p. 77)
O volume de gasto deve ser proporcional às posses da pessoa magnificente e ela não deve gastar mais do que pode, pois só o “dispêndio certo é conforme à excelência moral”. Por isso, afirma que uma pessoa pobre não pode ser magnificente, porque não é devido gastar mais do que o limite de suas posses.
“Entre as ocasiões mais convenientes no âmbito privado para o exercício da magnificência estão aquelas que ocorrem apenas uma vez – por exemplo, casamentos e outras do mesmo gênero –, ou quaisquer outras que interessem à cidade inteira ou às pessoas que ocupam posições de destaque nela, bem como a acolhida a hóspedes estrangeiros e sua despedida, e presentes oferecidos primeiro ou em retribuição; a pessoa magnificente não gasta consigo, mas com objetivos de interesse público, e os presentes têm alguma semelhança com oferendas votivas.” (p. 77)
Em qualquer tipo de gasto (público ou privado) o magnificente sempre busca o bem-estar da coletividade. Aristóteles menciona até a decoração da casa como sendo de benefício para a cidade.
Capítulo 3: A magnanimidade
“Considera-se magnânima a pessoa que aspira a grandes coisas e está à altura delas (...) as pessoas que aspiram a grandes coisas e não estão à altura delas são pretensiosas (...) as pessoas que aspiram a menos do que realmente merecem são pusilânimes...” (p. 78)
A pessoa magnânima reconhece seus méritos e a adequação às aspirações desejadas. Nem mais nem menos. O pretensioso pode também ser chamado de insensato. As pusilânimes não se consideram dignas de boas coisas e por isso se privam do que merecem. Ambas não são más, apenas estão erradas. O pretensioso é exibido e ignorante.
O magnânimo recebe o mérito das honrarias, mas age assim com a correta disposição da alma, não se excedendo nem ficando em falta.
Deve ser bom no mais alto grau, por ter mais méritos. Até porque uma pessoa má não merece honrarias, “pois estas são o prêmio da excelência moral”, concedida aos bons. Assim, a magnanimidade é uma espécie de coroa de todas as formas de excelência moral, pois realça a sua grandeza. A excelência de caráter é requisito para a magnanimidade. A pessoa magnânima alegra-se de receber as honrarias devidas vindas de pessoas condizentes com a excelência moral e pelos motivos justos. Tratam as honrarias com moderação sem se alegrar demais com elas e nem sofrer demais com a má sorte. O poder e a riqueza são desejáveis por causa das honrarias que agregam, mas para quem não dá tanta importância às honrarias, o resto também não faz tanta diferença. Por isso, o magnânimo pode parecer soberbo.
As pessoas que tem poder, riquezas ou são “bem nascidas” só merecem as verdadeiras e mais altas honrarias se forem conforme à excelência moral.
As pessoas magnânimas:
Não correm do perigo nem anseiam por ele. Lidam com moderação;
Fazem mais benefícios do que recebem, pois o primeiro representa superioridade;
Quando recebem benefícios, retribuem em maior proporção, para “ficar por cima”;
Não pedem nada ou quase nada;
São altivas diante de pessoas de posições elevadas, mas corteses em relação aos pobres;
Não cobiçam os bens ou posições de outras pessoas;
São displicentes e discretas, exceto quando se trata de grandes honrarias ou realizações importantes;
São pessoas de poucos, mas notáveis feitos;
Não dissimulam sentimentos;
Falam sempre a verdade, exceto quando são irônicas;
Não vivem em função dos outros, pois isso é característica de inferioridade;
Não são propensas à admiração nem ficam remoendo erros;
Falam pouco, de si e dos outros;
Preferem coisas belas sem valor a coisas valiosas e úteis, pois isso demonstra independência;
Tem cuidado com a postura (andar adequado, voz, etc.);
Capítulo 8: A espirituosidade
O repouso, o lazer e o entretenimento são necessários à vida. São espirituosas (dotadas de presença de espírito) as pessoas que gracejam com bom gosto, sabendo o que e como dizer. O excesso é o bufão vulgar que se esforça para provocar o riso a qualquer preço sem se preocupar em ser conveniente e evitar o desgosto de quem ouve. A falta é a pessoa enfadonha ou grosseira, que não fazem nem admitem gracejos.
Os espirituosos tem senso de conveniência ou tato, diferenciando uma pessoa polida de uma pessoa vulgar. Não falam o que não gostam de ouvir.
As enfadonhas são imprestáveis para o convívio social porque não anima ninguém e acham que tudo está errado. 
� Danilo Marcondes (1990, p. 151) define: “O liberalismo político considera a vontade individual como fundamento das relações sociais, defendendo portanto as liberdades individuais – liberdade de pensamento e de opinião, liberdade de culto, etc. – em relação ao poder do Estado, que deve ser limitado. Defende assim o pluralismo das opiniões e a independência entre os poderes – Legislativo, Executivo e Judiciário – que constituem o Estado. O liberalismo econômico, cujo principal teórico foi Adam Smith, considera que existem leis inerentes ao próprio processo econômico – tais como a lei da oferta e da procura – que estabelecem o equilíbrio entre a produção, a distribuição e o consumo de bens em uma sociedade, sendo que o Estado não deve interferir na economia, mas apenas garantir a livre iniciativa e a propriedade privada dos meios de produção. O liberalismo econômico defende assim a chamada ‘economia de mercado’”.
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