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2ª Prova Antropologia Filosófica

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PROVA 02
Questão
	Leia atentamente o segundo parágrafo do prefácio da Antropologia de um ponto de vista pragmático, de Kant. 
	Exponha o sentido pragmático de algum dos aspectos expostos por Kant no livro Segundo (“O sentimento de prazer e desprazer”) ou no livro Terceiro (“Da faculdade de desejar”) que lhe tenha parecido conter um sentido pragmático.
A Antropologia� de Kant tem como característica seu enfoque pragmático. Isto é evidenciado desde o prefácio e representa a intenção do autor em examinar como o homem usa suas faculdades (de conhecer, desejar e de prazer e desprazer) para alcançar a felicidade.
Essa felicidade é conquistada pela autonomia do homem, quando ele deixa de apenas sofrer as ações da natureza sobre si e passa a ser agente da história, dominando essa natureza, sua própria natureza, e utilizando-a em seu benefício. Disso resulta o caráter tanto pragmático quanto empírico dos estudos antropológicos de Kant.
No livro Terceiro, “Da faculdade de desejar”, Kant procura analisar a relação do homem com seus apetites (desejos), inclinações, paixões e afecções. Esses fenômenos são, empiricamente, mais fáceis de serem observados e, por isso, talvez sejam os que melhor representem o ideal pragmático da Antropologia.
É interessante destacar como a análise de Kant inter-relaciona os conceitos de apetite, inclinação, paixão e afecção. Logo no início do livro Terceiro, o autor define o termo apetite, usado para designar os desejos do homem. Esses desejos fazem parte da própria natureza humana, de modo que o indivíduo não escolhe tê-los. Porém – e é isso que interessa à Antropologia –, o homem pode usar a razão para saber como lidar com seus desejos.
Uma das formas de fazer isso é compreendendo que os desejos habitualmente cultivados geram as inclinações. Neste ponto, se o indivíduo não conseguir saciar o seu desejo e, tampouco, discipliná-lo através do uso da razão, as inclinações o dominarão e se transformarão em paixões. 
Por paixão, não se consideram os sentimentos amorosos, como são popularmente denominados; mas sim hábitos incontroláveis que subjugam o indivíduo de modo duradouro, privando-o da liberdade e, consequentemente, da autonomia necessária à felicidade. Portanto, as paixões têm aspecto negativo, podendo, possivelmente, serem consideradas obsessões do indivíduo. Por isso, qualquer inclinação que resulte em paixão, mesmo aquelas que parecem boas, são, na verdade, más: moral e pragmaticamente.
Finalmente, são apresentadas as afecções: rompantes emocionais avassaladores e rápidos, que impedem o uso pleno da razão, como, por exemplo, um momento de ira do indivíduo. Assim, o que distingue paixões e afecções é justamente o caráter durativo: enquanto as paixões são cultivadas dia-a-dia, as afecções surgem num instante e desaparecem logo em seguida. Contudo, ambas são prejudiciais ao indivíduo por limitarem suas funções racionais e levarem o indivíduo a agir segundo o que a sua natureza determina.
Portanto, embora aqui apresentado de maneira sintética, o estudo aprofundado da faculdade de desejar como Kant expõe realmente parece refletir a vida cotidiana dos homens na sociedade. Os argumentos desenvolvidos estão profundamente alinhados com os objetivos da Antropologia e, por isso, nos incitam a concordar com eles, ainda que reconhecendo as limitações teóricas e práticas de tais ideais.
� Em todo o texto, a palavra Antropologia (escrita com maiúscula e em itálico) se refere ao título do livro de Kant: Antropologia de um ponto de vista pragmático.

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