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G L O S S Á R I O DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 3a e d i ç ã o 0 50 100 150 200 250 300 M ilh õe s de h ec ta re s África Ásia Australásia Europa América do Norte América do Sul Regiões Desertificação Desmatamento Superpastejo Cultivos GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 1 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 2 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 3 BRENO MACHADO GRISI GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS (3ª edição revisada e ampliada) ILUSTRADO COM FOTOS, QUADROS, FIGURAS E GRÁFICOS JOÃO PESSOA 2007 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 4 Breno Machado Grisi Endereço eletrônico: brenogrisi@yahoo.com.br Blog: http://brenogrisi-ecologiaemfoco.blogspot.com Capa: no sentido horário começando com o (i) mapa resumido dos biomas brasileiros (informação/divulgação do Ministério do Meio Ambiente); (ii) pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa), pássaro da Mata Atlântica (foto de documento sobre a Mata Atlântica, sem dados da publicação); (iii) captação e armazenamento do dióxido de carbono (foto de documento sobre iniciativa de estudos do IPCC – International Panel on Climate Change,); (iv) gráfico representativo da desertificação mundial; (v) carvoaria na amazônia, uma das causas do desflorestamento (foto reproduzida de Collins, M. (ed.) (1990) The last rain forests. London, Mitchell Beazley Publ., 200p.) GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 5 HOMENAGEIO os “Severinos, Josés, Marias”... das caatingas do Nordeste, “botânicos”, “zoólogos”, “ecólogos” anônimos que puseram nomes em todas as plantas e praticamente todos os animais desse bioma brasileiro e sempre souberam usufruir dos limitados recursos da Natureza ao seu alcance, mesmo sem ter um mínimo conhecimento teórico hoje propiciado pela ecologia e ciências ambientais. DEDICO às crianças brasileiras cujos pais desprovidos de recursos, não poderão lhes dar a oportunidade de se beneficiarem com os resultados práticos da ciência e tecnologia GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 6 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 7 “O objetivo da ciência não é o de abrir portas para a sabedoria infinita, mas o de estabelecer limites para o erro infinito” Bertolt Brecht GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 8 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 9 Agradecimentos: a todos que tiveram oportunidade de testar os termos inseridos nas duas primeiras edições e cujas sugestões estimularam-me na busca da melhoria do presente trabalho. Agradeço em particular, aos Mestres que testando as edições anteriores “na linha de frente” dos estudos em ecologia, ajudaram-me a entender que o objetivo final de quem tenta contribuir para o conhecimento das ciências que lidam com o meio ambiente, está sempre muito distante para ser alcançado. GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 10 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 11 apresentação ão há nenhuma pretensão aqui de apresentar uma enciclopédia ou dicionário tecnológico com todos os termos ecológicos. Neste aspecto é interessante lembrar o que diz o “The New Fowler’s Modern English Usage” (um clássico da língua inglesa) sobre o que seja um GLOSSÁRIO, em oposição a um Dicionário e a um Vocabulário: “um glossário é uma lista alfabética de palavras difíceis que são usadas num assunto ou texto específico; é usualmente de comprimento modesto; nele é selecionado o que se julga ser obscuro, enquanto num vocabulário, tudo é julgado como obscuro; e um dicionário é um trabalho mais ambicioso, embora tenha termos com semelhanças a de um glossário”. O objetivo maior é definir claramente alguns dos termos mais comuns de ecologia e ciências ambientais. São também focalizados termos que, embora de emprego comum em outras ciências (geologia, botânica, oceanografia etc), estão relacionados direta ou indiretamente com as características ambientais do ser vivo, ou melhor dizendo, relacionados com as “ciências ambientais”. A ecologia, que se originou como ciência no início do século XX, comparada com outras disciplinas das ciências biológicas, como a botânica e a zoologia, cujos estudos iniciaram-se com os gregos (Aristóteles, 384 a 322 a.C., era um observador perspicaz da Natureza), pode ser considerada como disciplina novíssima. Suponhamos que se cada século vivido por nós do mundo ocidental correspondesse a 10 anos; a botânica e a zoologia, por exemplo, estariam hoje com mais de “230 anos de existência”, enquanto a ecologia estaria prestes a completar seu “1o aninho de vida”. Daí a possível explicação à tendência de se introduzir tantos termos, devido às novas descobertas e necessidade de definí-las ou conceituá-las. A vivência ou confirmação dos fenômenos e processos descritos como novos, fixarão os termos introduzidos, fazendo-os comuns e desejavelmente, fáceis de serem entendidos. Os termos aqui incluídos foram selecionados a partir de conceituações feitas pelos autores de livros e artigos relacionados na bibliografia consultada e apresentada no final do glossário. Neste aspecto, não haveria como negar que a obra maior de referência aqui utilizada foi o livro dos ecólogos M.Begon, C.R.Townsend e J.L.Harper (nas edições 2a, N GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 12 do ano 1990 e 4a, de 2006), que constam da bibliografia. Muitos desses termos foram modificados em sua definição, para facilitar seu entendimento ou complementar sua conceituação, visando atender aqueles que estudam ecologia ou que estão interessados no conhecimento das ciências ambientais. Outra obra de consulta freqüente, constando da Bibliografia, foi a de R.E. Ricklefs (“The economy of nature”), que em sua quinta edição (2007) inclui uma nova seção de grande utilidade (“Data Analysis Update”, ou Atualização de Análise de Dados). Considero ser o presente trabalho, apenas mais uma obra simples de referência, direcionada para principiantes, devendo ser complementada com consultas a outras mais específicas, para os mais avançados e que figuram na “Bibliografia Utilizada para o Glossário”. Hoje em dia, são muitos os sites disponíveis na Internet e que podem ser de grande utilidade para enriquecer conhecimento e elucidar dúvidas; devendo o leitor no entanto, ser cuidadoso com relação às fontes de consulta. Este glossário, mesmo em sua terceira edição, considero ser uma experiência incipiente, devendo por isso ser melhorado e ampliado futuramente. Neste sentido, solicitam-se aos consulentes em geral, críticas e sugestões. GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 13 Aos consulentes Quando determinado termo tiver sinônimos ou corresponder a termos similares, com mesmo significado ecológico, estes figuram com um sinal de igualdade. Exemplo: • HABITAT HABITAT = ECOTOPO = BIOTOPO A definição é dada no termo mais comum: HABITAT. • ACIDÓFILO (ACIDOFÍLICO, ACIDOFILIA) ACIDOFÍLICO e ACIDOFILIA são termos derivados ou relacionados ao termo ou verbete de entrada ACIDÓFILO. Alguns termos estão definidos em outros, no qual foram necessariamente inseridos. Exemplo: • CARNÍVORO (Ver CADEIA ALIMENTAR) No verbete CADEIA ALIMENTAR o termo carnívoro é definido. Alguns outros termos são usualmente utilizados como denominações compostas, mas o nome principal vem em primeiro lugar e o complemento vem logo após vírgula: • AUTOTRÓFICO, LAGO Embora raros, aparecem verbetes (termos de entrada) em inglês, ou outra língua, por serem às vezes mais conhecidos sob a denominação original; ou o termo em português ainda não está bem definido ou não se consagrou seu uso. Estes são os casos, por exemplo, de: • “FITNESS” O termo (sem equivalente preciso em português) é definido em “fitness”. • “GUILD” O termo (sem equivalente preciso em português) é definido em “guild”. GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 14 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 15 A “a-” e “an-” Prefixo de origem grega indicando “ausência; falta; sem”. Ex.: acromático (sem coloração; despigmentado); anaeróbio (que vive na ausência de oxigênio). Alguns termos de entrada virão a seguir. “ab-” e “ad-” Prefixos latinos. “Ab-” significa “do lado oposto ou afastado do eixo”; referindo-se, por exemplo em botânica, à face inferior da folha (abaxial). “Ad-” quer dizer “que se encontra do lado do eixo ou próximo a ele”; referindo-se no caso botânico à face superior da folha (adaxial), lembrando a palavra aderir. ABALOS SÍSMICOS (EM REPRESAS) Nas represas com grandes massas de água, geralmente ocupando áreas extensas, a alta pressão hidrostática pode gerar acomodações das camadas do subsolo, gerando abalos sísmicos. A parte da geofísica que estuda os terremotos e a propagação das ondas (elásticas) sísmicas é a Sismologia. (Ver ESCALA DE RICHTER) ABIOSSÉSTON (Ver SÉSTON) ABIÓTICO Sem vida. Diz-se do meio ou do elemento (substância, composto...) desprovido de vida. Fatores abióticos ou componentes abióticos de um ecossistema: são os fatores ambientais físicos desse ecossistema (clima, por exemplo) ou químicos (inorgânicos como a água, o oxigênio e orgânicos, como os ácidos húmicos etc). (Ver BIÓTICO) ABISSAL (Ver ZONA ABISSAL; e APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ABISSOBENTÔNICO (ou ABISSOBÊNTICO ou ABISSALBENTÔNICO ou ABISSALBÊNTICO) (Ver ZONA ABISSOBENTÔNICA; e APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ABISSOPELÁGICO (ou ABISSALPELÁGICO) (Ver ZONA ABISSOPELÁGICA; e APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ABROLHO Denominação dada geralmente, a rochedo que aflora acima d’água, no mar, formando por vezes, ilhas, como o do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no litoral sul da Bahia (a 70 km da costa), entre Caravelas (sul da Bahia) e São Mateus (norte do Espírito Santo). O parque assenta-se sobre cinco formações rochosas, constituindo-se nas ilhas de Santa Bárbara, Siriba, Redonda, Sueste e Guarita, dispostas em arco, denunciando, sua provável origem de borda de cratera vulcânica. De julho a novembro as baleias jubarte ali procriam. Inúmeros são os peixes que habitam nos seus exuberantes recifes de corais (parus, barracudas, badejos, garoupas, meros, enguias, arraias ...); e lá vivem também golfinhos e aves marinhas (ver fotos que seguem do site ibama.gov.br: no sentido horário começando com a vista aérea dos abrolhos, anêmona, ave marinha e peixe-pedra). GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 16 (Ver RECIFES) “ABS − ALKYLBENZENE SULPHONATE” O sulfonato de alquilbenzeno (sigla em inglês, “ABS”) é uma substância surfactante (tensoativa) usada como detergente. Cinqüenta por cento dos detergentes (líquido ou em pó) comercializados nos E.U.A. e europa ocidental contêm o “ABS”; sendo este muito procurado por ter eficiente propriedade de limpeza e produção de espuma. Não é imediatamente biodegradável e é altamente tóxico aos organismos aquáticos. ABSCISÃO Processo natural em que duas partes de um organismo se separam. Aplica-se este termo ao processo de queda de partes de plantas (folhas, flores, frutos ...) por ação de substância estimuladora (abscisina). O ácido abscísico (ABA, sigla em inglês) é também um potente inibidor de crescimento, auxiliando a induzir e prolongar a dormência de gemas vegetativas. Além disso, o ABA é inibidor de germinação de semente e exerce papel importante no fechamento de estômatos. ABSENTEÍSMO Refere-se ao comportamento de certos animais que nidificam a uma certa distância de sua área de vivência (onde estão seus outros descendentes), levando alimento para os filhotes, dedicando-lhes um mínimo de cuidado. ABSORÇÃO Movimento de íons e água para dentro da raiz da planta; se ocorre como resultado de processos metabólicos da raiz (contra um gradiente) é dita ativa; e se é resultado de forças que “puxam” a água a partir da corrente transpiratória gerada pelas folhas, é dita passiva. ABUNDÂNCIA Este termo é geralmente usado para designar uma estimativa grosseira de densidade, quando se deseja informação superficial e mais rápida sobre determinada situação de uma planta ou animal (como por exemplo na seguinte classificação: 1) muito raro; 2) raro; 3) ocasional; 4) abundante; 5) muito abundante). (Ver ABUNDÂNCIA RELATIVA; DENSIDADE; DENSIDADE ECOLÓGICA; e ESPÉCIE RARA) GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 17 ABUNDÂNCIA RELATIVA Refere-se à abundância de um determinado organismo, relacionando-se com o tempo (ex.: animais vistos por hora) ou como porcentagem (ex.: porcentagem de quadrados ou pontos de amostragem ocupados por determinada espécie de planta ou animal fixo). (Ver ABUNDÂNCIA; DENSIDADE; e DENSIDADE ECOLÓGICA) AÇÃO BACTERIOSTÁTICA (Ver ANTIBIOSE; e EFEITOS ANTIMICROBIANOS) AÇÃO DEPENDENTE / INDEPENDENTE DA DENSIDADE (Ver DENSIDADE) AÇÃO FUNGISTÁTICA (Ver ANTIBIOSE; e EFEITOS ANTIMICROBIANOS) ACARICIDA Diz-se da substância que mata ácaros e carrapatos (acarinos, da classe dos aracnídeos, do filo dos artrópodes). ACAROFITISMO Simbiose ácaro-planta. A planta que serve como hospedeira de ácaro é um organismo acarófito. ACASALAMENTO ou COPULAÇÃO EXTRA-PAR (Ver EXOCRUZAMENTO) “ACCESSIBILITÉ” Termo importado do francês, usado em fitossociologia referindo-se às condições prevalecentes num certo local e que podem influenciar na possibilidade de um propágulo ali se estabelecer. ACEIRO Remoção de parte de uma vegetação feita para evitar a propagação do fogo ou como trilha. Qualquer remoção de vegetação em torno de construção, ao longo de cercas etc. ACETIFICAÇÃO Conversão por bactérias aeróbias, de etanol para ácido acético. ACICULIFOLIADA (Ver FLORESTA ACICULIFOLIADA) ACIDENTAL (ou CASUAL) Diz-se geralmente de uma espécie vegetal que normalmente não ocorre numa certa comunidade ou habitat. ÁCIDO ABSCÍSICO e ABSCISINA (Ver ABSCISÃO) ACIDOBIÔNTICO (Ver ACIDÓFILO) ACIDÓFILO (ACIDOFÍLICO, ACIDOFILIA) ACIDÓFILO = ACIDOBIÔNTICO Organismo que medra em ambiente ácido (em pH abaixo de 7). O oposto, ou seja, o organismo que não consegue viver em tal pH é chamado de acidófobo (ou acidofóbico). Usa-se o termo acidotrófico para designar aquele que se alimenta de substâncias ácidas (ou microrganismo que vive de substrato ácido). (Ver “alcali-”; e “-filia” / “-filo”) ACIDÓFOBO (Ver ACIDÓFILO) ACIDÓLISE Em ambientes (alguns deles frios) onde a decomposição da matéria orgânica não é total, formam-se ácidos orgânicos que reduzem o pH das águas, tornando capaz a complexação do ferro e alumínio, pondo-os em solução. Nestes ambientes com pH <5, ocorre a acidólise (ao invés de hidrólise), constituindo-se no processo dominante de decomposição dos minerais primários no solo. As rochas que sofrem acidólise total (ex. de reação com pH <3: KAlSi3O8 + 4H+ + 4H2O → 3H4SiO4 + Al3+ + K+) geram solos constituídos praticamente apenas dos minerais primários mais insolúveis, tal como ocorre nos espodossolos (alguns dos antigos podzólicos). (Ver LATOLIZAÇÃO; e SILICATOS) ACIDOTRÓFICO (Ver ACIDÓFILO) ACLIMAÇÃO (ou ACLIMATAÇÃO) (Ver ADAPTAÇÃO) ACLIMATAÇÃO (ou ACLIMAÇÃO) (Ver ADAPTAÇÃO) GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 18 ACLIVE CONTINENTAL (Ver TALUDE (e TALUDE CONTINENTAL); e APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ACONDICIONAMENTO DE NICHO (Ver NICHO ECOLÓGICO) ACREÇÃO Um aglomerado ou deposição de material, ocorrendo geralmente no processo de sedimentação. ACRIDOFAGIA Hábito de comer gafanhotos (estes acrídeos são insetos ortópteros heterometabólicos). Acridófago é aquele que come gafanhotos, como alguns seres humanos africanos. ACRODENDRÓFILO Que vive no topo de árvores. (Ver “-cola”) ACTINOMICETO Denominação não-taxonômica dada a um tipo de bactéria filamentosa, apresentando certas características que a põem entre a bactéria e o fungo verdadeiro. ACTINORRIZA Tipo de actinomiceto (bactérias filamentosas do gênero Frankia) que vive em simbiose com raízes de certas plantas, como a Casuarina. ACTÓFILO (ACTOFILIA) Organismo que vive sobre rochas costeiras. AÇUDE Reservatório de água, natural ou feito pelo homem a partir de represamento de um rio ou condução de água vinda de outro local. Serve de abastecimento d’água (manancial) e para irrigação. ACUMULAÇÃO (ou GRAU DE ACUMULAÇÃO) (Ver GRAU DE ACUMULAÇÃO) ADAPTAÇÃO ADAPTAÇÃO = ADAPTAÇÃO ECOLÓGICA Capacidade que tem determinado ser vivo (ou determinado elemento constituinte morfológico ou fisiológico do organismo do ser vivo) de ajustar-se a um ambiente, devendo-se entender que “ajustar- se” é uma conseqüência do passado. A adaptação envolve mudança genética, ao passo que a aclimatação geralmente não envolve. Às plantas de clima frio, do hemisfério norte por exemplo, atribui-se uma reação de robustecimento (termo usado entre os horticultores, do inglês “hardening” = robustecimento, endurecimento), em que os vegetais, inaptos a lidarem com a friagem no verão, já em outubro (no outono) adquirem tolerância ao abaixamento da temperatura. Tal tolerância ao resfriamento, depende do estádio de desenvolvimento da planta. A adaptação vai além da mera tolerância às flutuações ambientais; estende-se à participação ativa na periodicidade (Ver RELÓGIO BIOLÓGICO) como um meio para coordenar e regular funções vitais. A figura seguinte mostra a adaptação morfológica de folhas do carvalho negro (Quercus nigra) à luz (COLINVAUX, 1986). Obs.: 1) A: folha de plântula de Q. nigra. B: Folha de um ramo à sombra, próximo do solo. C, D e E: folhas, progressivamente, para o alto da árvore. 2) Os círculos desenhados nas folhas realçam a superfície do limbo, importante na absorção da luz, comparada com os lobos da folha; estes se acentuam à medida que as folhas reduzem a superfície do limbo, ou seja, à medida em que elas vão estar em maior contato com a luz (no topo das árvores). Em muitos ecossistemas observa-se uma redução da intensidade clorofílica nas folhas de sombra (do estrato inferior) para as de sol (do estrato superior) (na figura, de A para E, reduzindo a intensidade da cor verde). (Ver FATOR LIMITANTE) A B C D E GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 19 ADAPTAÇÃO ECOLÓGICA (Ver ADAPTAÇÃO) ADELFOFAGIA Diz-se geralmente de larvas que se alimentam de outras larvas ou de ovos de animais que lhes são relacionados taxonomicamente (às vezes da mesma espécie). ADELFOPARASITA Um organismo que parasita um hospedeiro que se lhe relaciona taxonomicamente, em oposição ao aloparasita. ADESÃO Atração molecular que mantém duas substâncias dissimilares, juntas, como a que ocorre entre a água e partículas minerais do solo. (Ver ADSORÇÃO; e COESÃO) ADIABÁTICO Aplica-se este termo, por exemplo, a uma massa de ar que se eleva, reduzindo-se sua pressão e se expandindo adiabaticamente na atmosfera, ou seja, sem perda nem ganho de temperatura. E em assim sendo, sua temperatura cairá ao tempo em que se expande para ocupar maior volume. ADITIVOS ALIMENTARES Substâncias, naturais ou sintéticas, adicionadas aos alimentos processados, com diversos propósitos (conservar, complementar com vitaminas ou aminoácidos, melhorar o sabor, cor ou textura ou alterar outras características, como o pH; ou evitar sua oxidação (antioxidantes) ou que não adquira umidade (antiumectantes) ou que a adquira (umectantes). Tais aditivos são submetidos à rigorosa análise toxicológica, antes de se permitir seu uso na indústria alimentícia. ADSORÇÃO Ligação, geralmente temporária, de íons ou compostos à superfície de sólidos. (Ver ADESÃO; e COESÃO) ADUBAÇÃO ORGÂNICA Uso de material orgânico (partes de plantas, dejetos animais etc) para fertilizar um solo, fornecendo a um cultivo, os nutrientes necessários a uma boa produtividade. (Ver COMPOSTAGEM; e FERTILIZANTE) ADUBAÇÃO VERDE Procedimento recomendado na agroecologia e hoje bastante utilizado na prática agrícola em geral, de incorporar ao solo matéria orgânica proveniente de um cultivo (geralmente os remanescentes deixados após a colheita do produto agrícola desejado), com a finalidade de melhorar as condições nutricionais e edáficas do solo; ao tempo em que se evita sua erosão e degradação de suas propriedades. Utiliza-se esta expressão também quando se deseja referir-se ao enriquecimento em nitrogênio que as leguminosas proporcionam ao solo, pela simbiose de suas raízes com bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico. AERÓBIO Organismo que respira aerobiamente. (Ver RESPIRAÇÃO AERÓBIA) AEROSSOL Pequena partícula (< 0,001 mm) sólida ou líquida, em suspensão no ar ou gás. Exemplo: aerossóis marinhos, que são partículas contendo sais marinhos, que conduzidas pelo vento, atingem a grandes distâncias da costa. AFITAL (Ver ZONA AFITAL) AFLATOXINAS Substâncias tóxicas, cancerígenas, produzidas por fungos (Aspergillus flavus) que proliferam em grãos de amendoim, trigo ou milho, mal armazenados. Alguns invertebrados marinhos (ostras, mexilhões) também podem concentrar aflatoxinas em suas carnes. AFÓTICO (Ver ZONA AFÓTICA) AGENTE LARANJA (Ver DIOXINAS) AGENTE POLUIDOR (Ver POLUENTE) AGREGAÇÃO Agrupamento de indivíduos de uma mesma população, ou de várias populações, em resposta às diferenças de habitat ou em resposta às mudanças diárias ou estacionais, ou como resultado de processos reprodutivos ou como resultado de atrações sociais (nos animais superiores). Em algumas populações GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 20 (inclusive a de seres humanos) ocorre uma agregação num determinado local do seu habitat escolhido como área de dormida. Ao aumento de densidade de predador em locais (ou manchas de habitat da presa) onde se concentre maior número de presa, dá-se o nome de resposta de agregação. No processo de agregação vale considerar o “egoísmo dentro da manada” (tradução literal do inglês “selfish herd”, sem equivalência precisa em português); segundo W.D.Hamilton, em algumas populações animais com certa organização racional, os novos indivíduos são admitidos no grupo ocupando inicialmente a borda, ou seja, o “território perigoso”. Em certas agregações, a periferia é mais suscetível ao ataque de predadores. AGRESTE Ecossistema de transição entre a mata úmida e a caatinga, no estado da Paraíba, possuindo portanto espécies vegetais comuns desses ecossistemas. Alguns autores subdividem o agreste em sublitorâneo e da borborema. No primeiro ocorrem: marmeleiro, Crotalum sp; juazeiro, Zizyphus joazeiro; além de bromeliáceas e cactáceas, como o facheiro, Cereus jamacaru. No agreste da borborema ocorrem: catingueira, Caesalpinia pyramidalis; umbuzeiro, Spondias tuberosa; baraúna, Schinopsis brasiliensis; angico, Anadenanthera macrocarpa; e o pau d’arco Tabebuia sp, além de outras. AGRICULTURA DE SUBSISTÊNCIA Uso de energia (energia solar, de tração animal e do próprio homem) visando uma produção agrícola apenas suficiente para gerar alimento e recursos para o sustento do próprio agricultor e sua família. Raramente há produção de excedente para a comercialização ou para armazenar, como suprimento para “tempos mais difíceis”. AGRICULTURA ITINERANTE Tipo de sistema agrícola (“shifting cultivation”, em inglês), primitivo, adotado historicamente nos ecossistemas de floresta tropical, em que o ser humano derruba trecho da floresta, queimando-o como preparo da terra para o cultivo de subsistência, obtendo durante poucos anos (4 a 6 ) alimento e posteriormente, abandonando essa área que se tornou improdutiva. Passa então a ocupar novo trecho de floresta e assim por diante. A área inicial abandonada, onde se estabeleceu vegetação secundária, após cerca de 20 anos, poderá ser novamente utilizada para o cultivo. Na amazônia os indígenas ainda praticam a agricultura itinerante, plantando milho, mandioca etc, assim como muitos agricultores ditos civilizados usam este sistema, também conhecido por “slash-and-burn” (em inglês; sendo também usada a expressão “clear cutting”). As queimas de pastagens, principalmente em Rondônia, feita para controlar as “ervas daninhas” que nelas proliferam, são também consideradas como sério problema ecológico. AGROCLIMATOLOGIA O estudo do clima em relação à produtividade de plantas e animais de importância na agropecuária. (Ver BIOCLIMATOLOGIA) AGROECOLOGIA Aplicação de princípios ecológicos nas ciências agronômicas. (Ver BIOAGRONOMIA) AGROECOSSISTEMA (Ver AGROSSISTEMA) AGROFLORESTA O sistema agroflorestal baseia-se na reconstituição do complexo sistema florestal original, nele inserindo-se algum tipo de cultivo ou diferentes tipos de cultivo, de maneira a manter o sistema economicamente produtivo, preservando a biodiversidade e as características, o mais próximo possível, do sistema original natural. A combinação deste sistema com diversidade de atividades antrópicas (agrícola, agroflorestal, extrativista, pesca e caça) é que pode se constituir em garantia de sucesso ecológico e econômico na obtenção de melhor qualidade de vida ambiental, estando aqui inserido o ser humano. Tem sido agora comum encontrar-se na amazônia, por exemplo, o plantio de árvores frutíferas nativas, entre parcelas de plantio de mandioca. No nordeste brasileiro, procedimento similar é encontrado na caatinga. Nas fotos que seguem (do site: www.biosferadacaatinga.org.br; autor: Pieter Vranckx) vê-se sistema agroflorestal na caatinga, em período chuvoso (à esquerda, com cultivos de banana, milho, mandioca, palma ...) e em período seco (à direita, com cultivo de palma, Opuntia sp). GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 21 AGROINDÚSTRIA Atividade industrial baseada no beneficiamento de produto obtido da agricultura e/ou pecuária. Exemplos: usina de cana-de-açúcar, destilarias de álcool, óleos vegetais, laticínios, frigoríficos e matadouros, fecularias, curtumes, sucos e conservas, bebidas, têxteis. (Ver ECOLOGIA INDUSTRIAL) AGRONOMIA Conjunto de ciências e princípios aplicados à agricultura. (Ver AGROECOLOGIA) AGROSSISTEMA AGROSSISTEMA = AGROECOSSISTEMA = ECOSSISTEMA AGRÍCOLA Sistema ecológico introduzido e manipulado pelo homem, constituído por seres vivos (componente biótico) em interação com o ambiente (componente abiótico). No caso específico de cultivo introduzido em floresta, dá-se o nome de agrofloresta. (Ver AGROFLORESTA; AQÜICULTURA; e ECOSSISTEMA) AGROSTOLOGIA Estudo das gramíneas. AGROTÓXICO (Ver PESTICIDA) ÁGUA BRUTA Água, geralmente para abastecimento, antes de receber qualquer tratamento. ÁGUA CAPILAR Água existente nos poros do solo, aderindo às partículas como uma película e que sob a influência de “forças capilares” (decorrentes de um gradiente de potencial de água) disponibiliza-se à absorção pelas raízes das plantas e pela microbiota. ÁGUA DE PERCOLAÇÃO ÁGUA DE PERCOLAÇÃO = ÁGUA INTERSTICIAL Água, geralmente de precipitação pluvial, que penetra no solo, ou seja, nos seus espaços ou interstícios. As raízes de muitas plantas se beneficiam somente dessa água. ÁGUA DURA (Ver DUREZA DA ÁGUA) ÁGUA HIGROSCÓPICA Vapor d’água adsorvido às partículas do solo. ÁGUA INTERSTICIAL (Ver ÁGUA DE PERCOLAÇÃO) ÁGUA MOLE (Ver DUREZA DA ÁGUA) ÁGUA POTÁVEL Água de boa qualidade, adequada para o consumo humano, satisfazendo aos padrões de potabilidade determinados pelo Ministério da Saúde. A Resolução CONAMA nº 20, de 18/06/86 estabelece nove classes para as águas doces, salobras e salinas do Território Nacional. Quanto às águas doces há as seguintes classes e respectivas destinações: I-Classe especial destinada: a) ao abastecimento doméstico sem prévia ou com simples desinfecção; b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas. GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 22 II-Classe 1 destinada: a) ao abastecimento doméstico após tratamento simplificado; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho); d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e) à criação natural e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à alimentação humana. III-Classe 2 destinada: a) ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação de contato primário (esqui aquático, natação e mergulho); d) à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas; e) à criação natural e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à alimentação humana. IV-Classe 3 destinada: a) ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional; b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; c) à dessedentação de animais. V-Classe 4 destinada: a) à navegação; b) à harmonia paisagística; c) aos usos menos exigentes. Para as águas de Classe Especial, os coliformes totais deverão estar ausentes em qualquer amostra. No quadro que segue estão representados os valores das principais fontes de água da Terra (COLINVAUX, 1986). RESERVATÓRIO VOLUME DE ÁGUA (X 106 km3) TOTAL (%) Oceanos 1322,0 97,21 Gelo glacial 29,2 2,15 Lençol freático 8,4 0,62 Água retida no solo 0,067 0,005 Água doce dos lagos 0,125 0,009 Mares em terra e lagos salgados 0,104 0,008 Rios e riachos 0,001 0,0001 Atmosfera (nuvens e vapor no ar) 0,013 0,001 ÁGUA RESIDUÁRIA Água de despejo, contendo resíduo com potencialidade para poluir. ÁGUA SUBTERRÂNEA (Ver LENÇOL FREÁTICO) AGUDO (EFEITO AGUDO / DOENÇA AGUDA) Efeito / doença que ocorre em curto espaço de tempo, por exposição à determinada substância tóxica / agente causador de doença, podendo ocorrer morte ou recuperação rápida. No caso de doença, citam-se como exemplos, a febre tifóide e o sarampo. (Ver CRÔNICO) AIA (AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL) (Ver IMPACTO AMBIENTAL) ALBEDO Relação entre a energia (solar ou eletromagnética) incidente e a refletida. É de importância ecológica, uma vez que participa do fluxo energético. Como exemplo de seus valores, geralmente representados em porcentagem, um solo arenoso tem um albedo de 25 a 30 e uma floresta de 5 a 10. “alcali-” “alcali-” = “basi-” Prefixo de origem árabe, significando “soda”, ou seja, qualquer substância de sabor cáustico ou acre e que tem sido utilizado para indicar meio ou ambiente alcalino ou básico (com pH acima de 7). Se um organismo tem afinidade por este meio ou ambiente, ele é dito alcalófilo (ou alcalifílico) ou ainda basófilo (ou basofílico); e se não o tolera é dito alcalófobo ou basófobo. Planta incapaz de tolerar solo alcalino ou básico é dita basífuga. (Ver ACIDÓFILO) ALDEÍDOS Compostos orgânicos que contêm o grupo -CHO ligado a hidrocarbono. Certos aldeídos poluentes têm cheiro desagradável, como os derivados da exaustão do diesel, irritando nariz e olhos. Alguns são venenosos. ALDRIN (Ver ORGANOCLORADO) ALELO Um ou outro gene, de um mesmo par de cromossomos, chamados de homólogos, responsáveis por uma mesma característica hereditária. (Ver EQUILÍBRIO DE HARDY-WEINBERG) GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 23 ALELOPATIA Termo geralmente usado para indicar a inibição do desenvolvimento de uma população, através de substâncias químicas inibidoras produzidas por plantas. Um exemplo é o ácido úsmico, produzido por liquens, que inibe plântulas de coníferas e que tem efeito antibiótico sobre fungos. (Ver ANTIBIOSE) ALELOQUÍMICOS São produtos ditos semioquímicos, que viabilizam mudança comportamental em indivíduos de outra espécie. (Ver FEROMÔNIOS; e PESTICIDA) ALGICIDA Agente químico que mata alga. ALGÍVORO (ALGIVORIA) Organismo que se alimenta de algas. ALGOLOGIA (Ver “fico-”) ALIMENTOS GENETICAMENTE MODIFICADOS (Ver TRANSGÊNICOS) ALISSOLOS (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) ALITIZAÇÃO (Ver SILICATOS) ALLEE (Ver PRINCÍPIO DE ALLEE) ALLEN (Ver REGRAS ECOGEOGRÁFICAS) “alo-” Prefixo significando “outro”. Há inúmeros termos com este prefixo, como por exemplo: alocórico, alomônio, aloquímico, aloparasita, alóctone etc. ALOCAÇÃO REPRODUTIVA (Ver ESFORÇO REPRODUTIVO) ALOCÓRICO (ALÓCORE) Ocorrendo em duas ou mais comunidades dentro de uma determinada região geográfica. (Ver “-coria”) ALÓCTONE ALÓCTONE = INVASOR Organismo alóctone, também chamado de “invasor”, é aquele que se origina em outro local e é transportado para determinado ambiente na forma vegetativa ou de esporo. Animais que foram inadvertidamente introduzidos pelo ser humano em ambientes que lhes são estranhos, são também alcunhados de “invasores”. As “plantas invasoras” de cultivos, assim chamadas pelos ecólogos e conhecidas na linguagem agronômica como “ervas daninhas”, são em muitos casos, organismos alóctones. (Ver AUTÓCTONE) ALOGAMIA (Ver EXOCRUZAMENTO) ALOMETRIA Estudo das mudanças de proporções das partes de um organismo no decorrer do seu crescimento. A “lei alométrica” tem sido aplicada com sucesso nos aspectos relacionados ao metabolismo, problemas de dose-resposta, diferenças raciais e história evolutiva. (Ver RELAÇÃO ALOMÉTRICA) ALOMÔNIO (Ver FEROMÔNIO) ALOPARASITA Um organismo que parasita um hospedeiro que não se lhe relaciona taxonomicamente, em oposição ao adelfoparasita. (Ver ADELFOPARASITA) ALOPATRIA Caso em que duas espécies, intimamente relacionadas, descendentes de um ancestral comum (portanto, do mesmo gênero), embora vivendo geograficamente separadas, apresentam convergência de GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 24 caractéres, isto é, têm características (morfológicas, fisiológicas, ecológicas ou de comportamento) similares. O isolamento geográfico (ou uma barreira topográfica ou espacial qualquer) pode resultar numa especiação alopátrica. (Ver SIMPATRIA) ALOQUÍMICO Um composto secundário produzido por plantas, como parte de seu mecanismo de defesa contra herbívoros; age como uma toxina ou como um redutor de digestibilidade. ALOTRÓFICO, LAGO (Ver AUTOTRÓFICO, LAGO) ALPINO (ou ALPESTRE) e SUBALPINO Os organismos que vivem em altitudes elevadas (a 1000 m ou mais de altitude) são geralmente denominados de alpinos ou alpestres. O termo subalpino, em fitogeografia, refere-se às plantas que vivem no alto das montanhas; dá-se a essa comunidade vegetal também o nome de orófila (fala-se que orófito é um vegetal da montanha). ALQUILBENZENO (Ver “ABS − ALKYLBENZENE SULPHONATE”) ALTRUÍSMO e EGOÍSMO (ou MALEVOLÊNCIA) Alguns autores usam estas expressões (em inglês respectivamente, “altruism” e “selfishness” ou “spitefulness”) nos estudos sobre interações sociais entre certas espécies (como em insetos sociais). No altruísmo a espécie recipiente recebe o benefício da espécie doadora. Esta última terá seu “fitness” reduzido. No egoísmo o “fitness” do doador aumenta. (Ver JOGO DO FALCÃO-POMBO) “ALTWASSER” (Ver MEANDROS) ALUVIÃO Deposição de material, nas margens ou várzeas de rios, proveniente do próprio rio. Os solos de aluvião são geralmente, férteis e produtivos. Uma vegetação que ocorra em áreas sob influência dos cursos d’água, lagoas e assemelhados, geralmente arbustiva ou herbácea, é dita vegetação aluvial. (Ver ELUVIÃO) AMBIENTALISMO DA EMANCIPAÇÃO Talvez seja esta expressão a mais adequada para traduzir a expressão norte-americana “emancipatory environmentalism” ou ecologia do bem-estar humano; é uma aproximação de caráter mais ambientalista, holística, para o planejamento econômico, professado pelo ecólogo norte-americano Barry Commoner e pelo economista alemão Ernst Friedrich Schumacher. Estes, enfatizaram a necessidade de se introduzir processos produtivos que trabalhassem com a Natureza e não contra ela, priorizando o uso de produtos orgânicos e os recicláveis. AMBIENTALISTA (Ver ECOLOGISMO; e ECOFEMINISMO) AMBIENTE (Ver MEIO AMBIENTE) AMEAÇADO DE EXTINÇÃO Alguns autores aplicam este termo para espécies que, embora não estejam ainda sob risco de extinção, poderão estar se não forem adotadas medidas urgentes para sua proteção. (Ver ESPÉCIE EM VIA DE EXTINÇÃO; e “IUCN”) AMENSALISMO Tipo de interação ecológica na qual uma das populações é inibida e a outra não é afetada. Ex.: uma população pode produzir toxina que inibirá outra população, mas a população produtora não é afetada diretamente pela supressão da população competidora. (Ver INTERAÇÃO ECOLÓGICA) AMETABÓLICO (ou AMETÁBOLO) Diz-se do inseto que se desenvolve sem metamorfose, ou seja, a larva ao eclodir do ovo já tem a forma do imago ou adulto (ex.: pulga, piolho). (Ver HOLOMETABÓLICO; e HEMIMETABÓLICO) AMONIFICAÇÃO Processo de formação de amônia, que no solo, ocorre a partir da degradação de aminoácidos realizada por bactérias específicas, como as dos gêneros Pseudomonas, Clostridium e Penicillium. Na água, o gás de amônia tem alta solubilidade, formando-se íons NH4+ e íons OH- a partir das seguintes reações: NH4OH ↔ NH4 + OH- ou NH3 + H2O ↔ NH4 + OH-. Quando uma substância que forneça íon GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 25 de hidrogênio é adicionada a uma solução de amônia, há liberação de íon de amônia, pela reação: NH3 + H+ → NH4+. (Ver NITRIFICAÇÃO; e DESNITRIFICAÇÃO) AMPLITUDE ECOLÓGICA AMPLITUDE ECOLÓGICA = LIMITE DE TOLERÂNCIA = TOLERÂNCIA AMBIENTAL Amplitude de condições ambientais, nas quais um organismo pode viver e prosperar. O termo “tolerância” será melhor usado quando se desejar referir-se aos extremos dentro dos quais um organismo pode sobreviver. (Ver LEI DA TOLERÂNCIA) ANABOLISMO Fase inicial do metabolismo, onde ocorre síntese de substâncias que se constituirão na estrutura celular de um organismo. É uma fase de assimilação, construtiva. (Ver CATABOLISMO; e METABOLISMO) ANÁDROMO ANÁDROMO = PIRACEMA Organismo, geralmente peixe, que sobe o rio em direção às cabeceiras, para a desova. Algumas espécies realizam a piracema todos os anos, de outubro a maio. Denomina-se catádromo o peixe que desce o rio, em direção ao mar, para a desova. Os termos potamódromo e oceanódromo dizem respeito aos organismos que só se movimentam (ou migram) nos rios e nos oceanos, respectivamente. (Ver DEFESO) ANAERÓBIO Organismo que respira anerobiamente. (Ver RESPIRAÇÃO ANAERÓBIA) ANÁLISE DE VIABILIDADE DE POPULAÇÃO A análise de viabilidade de uma população, conhecida originalmente em inglês como “PVA − Population Viability Analysis”, é uma estimativa das probabilidades de extinção de uma população, a partir de análises do processo de extinção que incorporam ameaças, identificáveis, à sobrevivência de uma população. Utiliza-se nesta análise um modelo de simulação para computador denominado de VORTEX. Este é uma ferramenta que explora a viabilidade de populações sujeitas a inúmeros fatores que as põem em risco (perda de habitat, super-captura, competição ou predação por espécies introduzidas, etc.). Neste programa são simulados: processos de nascimento e morte, de transmissão de genes através de gerações, em que se procura verificar ao acaso o número de filhotes que cada fêmea gera anualmente e qual dos dois alelos de um locus gênico é transmitido de cada um dos pais para cada descendente. Um exemplo de sua aplicação pode ser visto no trabalho de um dos seus pioneiros em usá-lo: “Lacy, R.C. (1993). VORTEX: a computer simulation model for population viability analysis. Wildlife Research, 20(1): 45-65”. Este autor afirma que o VORTEX é particularmente recomendado para investigar espécies animais com baixa fecundidade e longo período de vida, como mamíferos, aves e répteis. ANÁLISE DE VULNERABILIDADE DE UMA POPULAÇÃO Análise geralmente feita sobre populações ou espécies sob risco de extinção, quanto às suas chances de se extinguirem. Melhor metodologia é aplicada num programa para computação (VORTEX) e que analisa a viabilidade de populações sujeitas às interações determinísticas e processos ao acaso; sendo este aspecto tratado no termo ANÁLISE DE VIABILIDADE DE POPULAÇÃO. (Ver ANÁLISE DE VIABILIDADE DE POPULAÇÃO; e ESPÉCIE EM VIA DE EXTINÇÃO) ANÁLISE DO FATOR CHAVE Estimativa do número de indivíduos de uma espécie presentes numa área em determinado tempo da “estatística vital da população” em que são computadas as condições anteriormente presentes, adicionadas principalmente dos processos de nascimento, menos mortes ocorridas, mais imigrantes e menos emigrantes. Daí se inferem as mudanças ocorridas no tamanho da população. ANÁLOGOS (Ver ESTRUTURAS ANÁLOGAS e ESTRUTURAS HOMÓLOGAS) ANDROCÓRICO (ANDROCORE) Dispersão pela ação humana. (Ver “-coria”) ANELAMENTO Remoção dos tecidos vegetais do câmbio e floema de uma árvore (ou arbusto), causada muitas vezes pelo pastejo de caprinos ou por esquilos, coelhos e outros roedores, provocando morte da planta, uma vez que o fluxo de carboidratos entre as folhas e as raízes é interrompido. GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 26 ANEMOCORIA (Ver “-coria”) ANEMOFILIA (Ver “-filia” / “-filo”) ANILHAMENTO Tipo de marcação usada para identificar um animal em estudo. Muito útil, por exemplo, para estudo de aves migratórias, em que se coloca um anel numa das patas, contendo informações (numéricas) de sua origem. “ANIMALIA” (Ver REINO) ANÓXICO Sem oxigênio. ANTAGONISMO ANTAGONISMO = INTERFERÊNCIA Termo que reúne as categorias de interação ecológica: “competição, comensalismo, parasitismo e predação (ou predatismo)” e em que uma das espécies em interação se beneficia. Aplica-se o termo antagonismo mútuo ou ainda predação recíproca ao caso em que indivíduos de duas espécies diferentes competem entre si, como as do exemplo clássico descrito, que vivem preferencialmente em farinha de trigo (os coleópteros Tribolium confusum e T. castaneum; adultos e larvas destas espécies, predam ovos e pupas, reciprocamente. Antagonismo, em termos gerais, é oposto a sinergismo. (Ver COEFICIENTE DE INTERFERÊNCIA; e SINERGISMO) ANTAGONISMO MÚTUO Refere-se à ação negativa recíproca, geralmente entre duas espécies, na competição interespecífica ou na predação mútua. (Ver ANTAGONISMO; e PREDAÇÃO MÚTUA) ANTAGONISTAS (Ver ANTAGONISMO; e RECURSOS ANTAGONISTAS) ANTIBIOSE Produção de substância, por determinado indivíduo ou população, danosa a outro indivíduo ou outra população com a qual compete. A antibiose diz respeito tanto a organismos superiores quanto a microrganismos; neste último caso cita-se como exemplo clássico a ação da penicilina, produzida pelo mofo (que ocorre no pão) e inibidora do desenvolvimento de bactérias (ação bacteriostática). Se a substância impedir desenvolvimento de fungo, a ação é fungistática. (Ver ALELOPATIA; e EFEITOS ANTIMICROBIANOS) ANTIMICROBIANOS (Ver EFEITOS ANTIMICROBIANOS) ANTRÓPICO Relativo ao ser humano. Quando por exemplo, nos referimos ao “meio antrópico”, queremos dizer tudo que diz respeito ao homem, ou seja, os fatores sociais, econômicos e culturais, em interação com o ambiente em que ele vive. ANTROPOCÊNTRICO Considerando o homem como o ser mais importante do Universo, interpretando tudo em função de sua existência. (Ver ECOCÊNTRICO) ANTROPOGÊNICO Refere-se à antropogenia ou antropogênese, ou seja, que diz respeito à origem e desenvolvimento da espécie humana. Há circunstâncias em que se usa este termo para indicar algo “de origem humana ou causado pelo homem” (ver EXTINÇÃO ANTROPOGÊNICA). (Ver ANTRÓPICO) ANTRÓPICO Relativo ao homem, em termos daquilo que lhe pertence e relativo às suas ações e modificações que ele causa à Natureza. (Ver EXTINÇÃO ANTROPOGÊNICA) APA (Ver ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL) APARTE (Ver “CULL”) GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 27 APOSEMATISMO Embora pouco usado, este termo diz respeito a uma reação importante no reino animal, que é o fato de algumas espécies realçarem cores, às vezes berrantes e brilhantes, que servem de advertência para possíveis predadores. Alguns destes animais são extremamente venenosos (rãs da amazônia) e outros têm sabor apenas desagradável. (Ver CAMUFLAGEM; CRÍPTICO; DEFESA QUÍMICA; MIMETISMO; e MIMETISMO MÜLLERIANO (ou de MÜLLER)) “APOSTA, CERCANDO UMA ou “APOSTANDO DOS DOIS LADOS” (Ver “BET HEDGING”) APTIDÃO (Ver “FITNESS”) AQUECIMENTO GLOBAL (Ver EFEITO ESTUFA) AQÜICULTURA Cultivo de organismos aquáticos, de água salgada ou doce (de ostras, ostreicultura; peixes, piscicultura; camarões, caranguejos e siris, carcinicultura etc). Ao cultivo de organismos marinhos dá-se o nome de maricultura. AQÜÍFERA(O) Denomina-se aqüífera a rocha permeável à água, retendo-a ou permitindo sua passagem para o lençol freático ARAUCÁRIA (Ver FLORESTA ACICULIFOLIADA) ARBORICIDA Um agente químico que mata árvore. (Ver BIOCIDA) ARCHAEA (Ver ÁRVORE FILOGENÉTICA UNIVERSAL; e DOMÍNIOS DOS MICRORGANISMOS) ÁREA BASAL Área seccional transversal de árvores, comumente medida à altura do peito (Ver D.A.P. − DIÂMETRO À ALTURA DO PEITO) ou cobertura de uma determinada área ocupada por gramíneas. Para calcular esta área, mede-se o perímetro da árvore à altura do peito; a área basal da circunferência assim delimitada é deduzida a partir das fórmulas: r = P / 2.π, onde r é o raio e P o perímetro medido. Logo, a área basal, delimitada pela circunferência traçada à altura do peito, será: Área = π.r2. A área basal é o melhor indicador da densidade de uma vegetação. A visão de uma determinada área em que se efetuou a medição de área basal seria semelhante à de uma “vista aérea” de um trecho da mata, como se as árvores (com mais de 10 cm de perímetro) tivessem sido cortadas (a 1,30 m do solo); conforme esquematizada a seguir uma área de 400 m2 (20 m X 20 m). Alguns exemplos de valores de área basal da região central da amazônia (LONGMAN & JENÍK, 1987) são apresentados no quadro seguinte: ALTURA MÉDIA DA COPA (m) NÚMERO DE INDIVÍDUOS/ha ÁRVORES PALMEIRAS ÁREA BASAL (m2/ha) 35,4 - 23,7 50 0 7,1 25,9 - 16,7 315 0 14,6 14,5 - 8,4 760 15 5 5,9 - 3,6 2765 155 2 3 - 1,7 5265 805 1 Obs.: (segundo LONGMAN & JENÍK, 1987) GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 28 1) Para efeito de comparação, uma floresta natural nas montanhas da Europa central tem uma área basal total de árvores entre 40 e 50 m2/ha. 2) Cálculos de área basal (e de classes de diâmetro de árvores) de diferentes estudos, podem não ser comparáveis. ÁREA DE DORMIDA (Ver AGREGAÇÃO) ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) Categoria de unidade de conservação do Grupo II do SNUC. Área, constituída por terras públicas ou privadas, contendo ecossistema que se deseje proteger de interferência humana e que para isso é disciplinado o uso do solo. (Ver SNUC − SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO; e UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO (ARIE) Categoria de unidade de conservação do Grupo II do SNUC. Área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional. Entre outras atividades não predatórias, é permitido o exercício do pastejo equilibrado e a colheita limitada de produtos naturais, desde que devidamente controlados pelos órgãos supervisores e fiscalizadores, sendo no entanto proibidas quaisquer atividades que possam por em risco a conservação dos ecossistemas, a proteção especial à espécie de biota localmente rara e a harmonia da paisagem. (Ver SNUC − SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO; e UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) ÁREA DE TENSÃO ECOLÓGICA (Ver ECOTONO) ÁREAS ESPECIAIS Denominação dada pelo IBGE - Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, às Unidades de Conservação. (Ver UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO A definição de regras para identificação de áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade, no âmbito das atribuições do Ministério do Meio Ambiente, são regulamentadas no Decreto no 5.092, de 21/05/2004. A avaliação e identificação dessas áreas e as ações prioritárias far-se-ão considerando-se os seguintes conjuntos de biomas: I – Amazônia; II – Cerrado e Pantanal; III – Caatinga; IV – Mata Atlântica e Campos Sulinos; e V – Zona Costeira e Marinha. Detalhes da instituição e aplicações de tal decreto podem ser vistos em PAZ et al. (2006). (Ver UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) AREIA (Ver TEXTURA DO SOLO) ARENA (Ver TERRITORIALIDADE) ARESTA CONTINENTAL (Ver TALUDE (e TALUDE CONTINENTAL); e APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ARGILA É uma pequena partícula do solo (tamanho inferior a 2 μm), predominantemente coloidal e cristalina, formada a partir de produtos solúveis de minerais primários, em cuja composição química participa em sua maioria oxigênio (70 a 85% do volume) e mais íons de hidroxila, alumínio e sílica; em alguns tipos de argila ocorrem também íons de ferro, zinco, magnésio e potássio. Sua estrutura constitui- se de planos com átomos de O sustentados por átomos de Al e Si, formando ligações iônicas, que assim atuam como atrativos de átomos com cargas positivas e negativas. Citam-se os seguintes tipos (clássicos) de argila: montmorilonita (nome derivado de cidade francesa, de onde foi pela primeira vez descrita), tida como pegajosa, com relação camada de alumínio e sílica de 2 : 1, entre cujas camadas a água penetra facilmente; ilita ou mica hidratada (nome derivado de Illinois, do levantamento de solos daquele lugar nos E.U.A.) com estrutura similar à da montmorilonita, com relação também de 2 : 1, mas com íons de potássio que tornam as camadas aderentes de maneira a dificultar a penetração de água; caolinita (nome derivado do chinês “kao-ling”, que significa montanha elevada, de onde proveio esta fina argila usada na fabricação da porcelana chinesa), com relação alumínio e sílica de 1 : 1, onde os íons de Al3+ não são substituídos pelos de Si4+, ou os de Mg2+ não o são pelos de Al3+, daí sua CTC (seus sítios negativos) ser GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 29 baixa, com forte ligação do H ao O, sendo portanto resistente à penetração de água (não incha e por isso é utilizada na confecção de potes de barro); vermiculita com estrutura similar a da ilita, com camadas fracamente aderidas entre si por moléculas hidratadas de magnésio, facilmente hidratável, porém menos do que a montmorilonita, mas com alta CTC, sendo por isso muito usada em plantas envasadas (como nos estudos de MVA). (Ver TEXTURA DO SOLO) ARGILOMINERAIS (Ver SILICATOS) ARGISSOLOS (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) ARIDEZ (Ver ÍNDICE DE ARIDEZ) ÁRIDO (REGIÃO ou CLIMA) (Ver DESERTO) ÁRIDO-ATIVA, PLANTA Planta que utiliza mecanismos fisiológicos de resistência à seca, tais como aumento na eficiência de absorção (condução) e de economia (transpiração) de água. ÁRIDO-PASSIVA, PLANTA Planta que sobrevive nos períodos de seca graças à produção de estruturas resistentes, como sementes e componentes morfo-anatômicos especiais. ÁRIDO-TOLERANTE, PLANTA Planta que resiste à seca sem danos citoplasmáticos. ARIE (Ver ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO) ARQUEBACTÉRIAS (Ver DOMÍNIOS DOS MICRORGANISMOS) ARQUIBÊNTICA (ou ARQUIBENTÔNICA ou ARQUIBENTAL) (Ver ZONA ARQUIBÊNTICA) ARREICA (Ver REGIÃO ARREICA / ENDO... / EXO...) ARRIBAÇÃO ARRIBAÇÃO = ARRIBAÇÃ = AVE DE ARRIBAÇÃO = AVOANTE Fenômeno ou ave, columbiforme, que migra para certos locais do nordeste brasileiro, para a desova. ARRIBADA, ALGAS DE É muito comum nos locais adjacentes a bancos de algas, que algas foliares (Sargassum spp e outras), fixas sobre rodolitos e sob ação de correntes mais fortes, se desloquem até as praias, produzindo o fenômeno denominado de arribada. Diz-se também arribada, quando se refere à migração das tartarugas, durante a baixa-mar, para a desova. (Ver ARRIBAÇÃO) ARROIO (Ver CÓRREGO) ÁRVORE EMERGENTE Numa vegetação, geralmente em ecossistema de floresta, dá-se este nome à arvore cuja copa destaca-se acima das demais. Numa floresta tropical, como a da amazônia ou da mata atlântica, com árvores em geral de 30 a 40 m de altura, tal tipo de árvore (algumas chegando aos 50 m), estando mais exposta à radiação e ventos, certamente transpiram mais do que as outras árvores, podendo tender à deciduidade. ÁRVORE FILOGENÉTICA UNIVERSAL Com o uso do seqüenciamento pelo rRNA (ácido ribonucleico ribossômico, o 16S ou o 18S) e a partir de métodos de seqüenciamento macromoleculares relacionados, pesquisadores da biologia molecular organizaram os seres vivos partindo de um ancestral comum (a “raiz da árvore”) e daí ramificando-se em três grandes domínios: “archaea” e “bacteria” (procariotos) e “eukarya” (eucariotos). As “archaea” são consideradas como os organismos mais primitivos, estando entre estes procariotos os microrganismos hipertermofílicos, os metanogênicos e os halofílicos extremos. Nos “eukarya” figuram desde os protozoários, como também os fungos, as plantas e os animais. ASBESTO Fibra natural, de amianto (silicato de magnésio, MgSiO4), utilizada na fabricação de diversos artigos, tais como telhas, isolantes térmicos usados em construção, embreagem e freios de automóveis GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 30 etc. Suas fibras, microscópicas, se inaladas, causam (em alguns anos de contato direto) a asbestose (doença pulmonar). Contatos curtos podem causar mesotelioma, uma forma fatal de câncer. ASBESTOSE (Ver ASBESTO; e SILICOSE) ASCAREL Grupo de substâncias orgânicas (bifenilas policloradas), conhecidas também como “PCBs − Polichlorinated biphenyl”, resultado da mistura de compostos clorados em vários graus, de acordo com a sua finalidade. Um deles, oleoso, é usado para dissipar calor em capacitores elétricos e transformadores. É insolúvel em água e resistente à biodegradação, acumulando-se ao longo da cadeia alimentar, sendo altamente tóxico e podendo causar problemas (por ingestão ou contato) gástricos, danos renais e hepáticos, defeitos congênitos, bronquite, aborto, lesões na pele e tumores. ASSEMBLÉIA Um ajuntamento de organismos sociais objetivando uma atividade em grupo (de insetos, peixes ...). ASSIMILAÇÃO ASSIMILAÇÃO = ENERGIA METABOLIZADA No caso dos autótrofos (produtores primários) a “assimilação” corresponde à produtividade primária bruta. Nos heterótrofos (consumidores) refere-se à energia metabolizada, ou seja: ingestão de alimentos - egestão = assimilação; é portanto, a “produção dos consumidores”; ou em outras palavras, esta assimilação pode ser dada pela relação alimento absorvido : alimento ingerido. Em ecologia usa-se a expressão eficiência de produção que é a porcentagem da energia assimilada (An) que é incorporada como nova quantidade de biomassa (Pn), ou: EP = Pn/An X 100. Alguns autores preferem distinguir a eficiência de produção bruta, como sendo a porcentagem de alimento ingerido por um organismo e que é usado no seu crescimento e reprodução e a eficiência de produção líquida, que é a porcentagem de alimento assimilado por um organismo e que é usado com o mesmo propósito; tal eficiência é também conhecida como coeficiente de eficiência de assimilação. (Ver TAXA DE ASSIMILAÇÃO LÍQUIDA) ASSOCIAÇÃO INTERESPECÍFICA Refere-se às diferentes espécies que vivem muito próximas ou que geralmente ocorrem juntas. ASSOCIAÇÃO VEGETAL É um tipo de comunidade vegetal, de composição definida, apresentando uma fisionomia uniforme e crescendo em condições de habitat uniforme. Caracteriza-se pela presença de um ou mais dominantes que lhes são peculiares. Alguns autores acham conveniente atribuir nomes às diversas associações vegetais, de acordo com os seus dominantes peculiares, como por exemplo, a associação Caesalpinia - Zizyphus - Schinopsis brasiliensis (espécies vegetais da caatinga, ocorrendo as duas últimas em “baixadas” e a primeira, próxima a córregos e rios e que muitas vezes são encontradas formando tais associações características). É comum usar-se o sufixo “-etum” para designar uma associação, combinado ao nome genérico da espécie dominante. Ex.: “avicennietum”, comunidade de manguezal dominada por planta do gênero Avicennia. Ao índice da freqüência de co-ocorrência de duas espécies dá-se o nome de coeficiente de associação, que é calculado como o número de amostras no qual ambas as espécies ocorrem, dividido pelo número de amostras no qual poderia se esperar que ocorressem por acaso. (Ver CONSOCIAÇÃO) ASSOCIES Um estádio intermediário e não-estável no desenvolvimento de uma associação; referindo-se também a um estádio numa sucessão ecológica. ASSOREAMENTO Deposição geomórfica, nos sedimentos de rios, lagos etc. ATERRAMENTO DE SEDIMENTO (Ver SEDIMENTAÇÃO) ATERRO SANITÁRIO Disposição do lixo de uma cidade, numa depressão ampla, em camadas sucessivas, cada uma recoberta por solo e depois compactada. O “chorume” resultante da decomposição no aterro sanitário, poderá atingir o lençol freático e por isso, embora pareça uma solução econômica, poderá ser um problema ecológico. ATMOSFERA ATMOSFERA = ATMOSFERA TERRESTRE = HOMOSFERA GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 31 Conjunto de várias camadas externas ao nosso planeta e que atinge os 1.000 km de altitude. Sua composição química é homogênea, daí também ser conhecida como homosfera. Seus componentes de destaque são (por volume, em %): Componente químico Quantidade (%) Nitrogênio (N2) 78,08 Oxigênio (O2) 20,84 Argônio (A) 0,93 Dióxido de carbono (CO2) 0,033* Neônio (Ne) 0,0018 Hélio (He) 0,0005 Criptônio (Kr) 0,0001 Xenônio (Xe) 0,00009 Hidrogênio (H) 0,00005 Monóxido de dinitrogênio (N2O) 0,00005 Metano (CH4) 0,00002 * Obs.: em 1880 a quantidade estimada era 0,028 % e em 1968 era 0,031 %, tendo ocorrido um aumento de 60 % da era pre-industrial para a industrial. Em 2004 foram registrados 379 ppm de CO2. A atmosfera subdivide-se nas seguintes camadas: Troposfera (0 - 10 km de altitude); mais espessa no equador do que nos polos. Tropopausa (com 3 km ou mais). Estratosfera (15 - 30 km). Estratopausa (30 - 40 km). Mesosfera (40 - 80 km). Mesopausa (80 - 90 km). Segue-se a termosfera ou heterosfera, com composição química variável (com camadas de N2, O, He e H), chegando a atingir os 10.000 km de altitude. (Ver OZONOSFERA) ATOL Refere-se a um tipo de recife, com tendência circular, formado geralmente em torno de uma laguna. O Atol das Rocas, a 200 km da costa do Rio Grande do Norte, originou-se provavelmente de vulcão truncado pela erosão marinha, por aglomeração de algas calcárias. (Ver ABROLHO) ATRAZINA (Ver ORGANOCLORADO) ATRIBUTOS DA POPULAÇÃO ATRIBUTOS DA POPULAÇÃO = PROPRIEDADES DO GRUPO POPULACIONAL Referem-se àquelas características inerentes à população e não ao indivíduo da população, tais como a natalidade, longevidade, mortalidade, potencial biótico enfim. São como se fossem “padrões”, devendo-se no entanto considerar-se o “fitness” do indivíduo. (Ver “FITNESS”) “AUFWUCHS” (Ver PERIFITON) AUDITORIA AMBIENTAL Avaliação sistemática, documentada, periódica e objetiva da performance de um empreendimento, do manejo e dos equipamentos em relação ao impacto sobre o ambiente, objetivando facilitar o manejo e o controle das práticas ambientais e estimar a obediência às exigências regulamentares. AULÓFITA Planta não-parasita que vive dentro de uma cavidade existente em outra planta. AUSTRALIANA, REGIÃO (Ver REGIÕES ZOOGEOGRÁFICAS) AUTOCORIA (Ver “CORIA”) AUTÓCTONE AUTÓCTONE = INDÍGENO Organismo originado em determinado local e que em certo estádio de desenvolvimento da comunidade ele cresce, multiplica-se, contribuindo assim para o metabolismo da comunidade. (Ver ALÓCTONE) GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 32 AUTODEPURAÇÃO Purificação natural de um sistema aquático, mormente efetuado a partir de atividade microbiana (bactérias, fungos, protozoários, algas), dependendo de diversos fatores ambientais, sendo a oxigenação um dos mais importantes. AUTOÉCIO (Ver o sufixo “-ÉCIO”) AUTOECOLOGIA AUTOECOLOGIA = AUTECOLOGIA Uma das subdivisões da ecologia, que estuda o organismo individual ou indivíduos de determinada espécie em relação ao ambiente. (Ver SINECOLOGIA) AUTOLIMITAÇÃO Quando a densidade de predadores aumenta, em determinado local, mesmo que o suprimento de alimento (presas) exista em abundância, chegar-se-á a um ponto em que algum outro tipo de recurso poderá faltar, como local para nidificação, local seguro de refúgio ou para dormida etc. Embora o modelo de Lotka-Volterra considere que um grande número de presas seja sempre suficiente para manter sempre um grande número de predadores, o mais provável é que em certo nível de densidade populacional, um mecanismo, como por exemplo, o de “interferência mútua”, estabeleça limites ao seu crescimento. AUTOPARASITA (Ver HPERPARASITA) AUTOPELÁGICO (Ver PELÁGICO) AUTORRALEAMENTO (Ver LEI DA POTÊNCIA DOS TRÊS MEIOS) AUTORREGULAÇÃO (ou AUTO REGULAÇÃO) AUTORREGULAÇÃO = REGULAÇÃO DE UMA POPULAÇÃO Refere-se à tendência de uma população em diminuir de tamanho quando atinge um nível particularmente mais alto e de aumentar de tamanho quando abaixo desse nível. A autorregulação pode ocorrer como resultado de um ou mais processos “dependentes da densidade” agindo sobre as taxas de natalidade (e/ou imigração) e/ou de mortalidade (e/ou emigração). AUTOTRÓFICO, LAGO Um lago onde praticamente toda a matéria orgânica nele existente é originária do próprio lago; em oposição, fala-se em lago alotrófico, que recebe matéria orgânica das áreas circundantes. (Ver DISTRÓFICO; EUTRÓFICO; e OLIGOTRÓFICO) AUTÓTROFO Organismo que obtém energia da luz (fotoautótrofo) ou da oxidação de compostos inorgânicos ou íons (quimioautótrofo) e adquire carbono parcial ou totalmente do CO2. Algumas algas fotossintetizadoras requerem um ou mais fatores de crescimento, embora sua fonte principal de carbono continue sendo CO2 e são denominadas fotoauxótrofos. (Ver HETERÓTROFO) AUXOTROFIA Diz-se da dependência dos organismos a um ou mais nutrientes, como por exemplo a aminoácidos e vitaminas. Alguns autores especificam que esta dependência não existe no “tipo selvagem” de, por exemplo, microrganismo (conhecido como protótrofo, ou seja, que se nutre de uma única fonte de alimento); também se aplica este termo às linhagens de microrganismos que não conseguem sintetizar um ou mais fatores essenciais ao crescimento. (Ver AUTÓTROFO) AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA) (Ver IMPACTO AMBIENTAL) AVE DE ARRIBAÇÃO (Ver ARRIBAÇÃO) AVE MIGRATÓRIA (Ver ARRIBAÇÃO) AVOANTE (ver ARRIBAÇÃO) AXÊNICO (Ver CULTURA AXÊNICA) AZODRIN (Ver ORGANOFOSFORADO) GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 33 B BACHARACH (Ver ESCALA DE BACHARACH) “BACKGROUND” Termo muito utilizado na língua inglesa para designar diversos efeitos, tais como: 1) Refere-se à concentração de determinado poluente na ausência da fonte poluidora, que antes ali ocorria. 2) Diz também respeito ao nível de radiação proveniente de fontes naturais ou de outras fontes além daquelas que estejam sendo medidas e são usadas como dados de referência contra as quais sejam comparadas para efeito de informação ao público. 3) Algumas vezes refere-se à concentração de determinada substância a alguma distância da fonte e portanto, sem sua influência direta. Em português aplica-se o termo equivalente “ruído de fundo” para designar possíveis interferências nas medições, por exemplo, de material radioativo. Alguns autores usam o termo “ruído ambiental” (do inglês “environmental ‘noise’”) referindo-se a “sinais estranhos” que tendem a mascarar processos bióticos. (Ver RADIAÇÃO DE FUNDO) BACTÉRIA (e “BACTERIA”) (Ver ÁRVORE FILOGENÉTICA UNIVERSAL; e DOMÍNIOS DOS MICRORGANISMOS) BACTERICIDA Substância que elimina bactérias. (Ver EFEITOS ANTIMICROBIANOS; e PESTICIDA) BACTERIOCLOROFILA Pigmento, quimicamente diferente da clorofila, que ocorre nas cianobactérias, tendo pico de absorção de luz entre 800 nm e 890 nm, que é a faixa dos raios infravermelhos. BACTERIOFAGIA (Ver BACTERÍVORO; e FAGO) BACTERIOLÍTICO (Ver EFEITOS ANTIMICROBIANOS) BACTERIOPLÂNCTON (Ver APÊNDICE V − PLÂNCTON: TIPOS E CATEGORIAS DE TAMANHO) BACTERIOSTASE (Ver ANTIBIOSE) BACTERIOSTÁTICO(A) (Ver ANTIBIOSE; e EFEITOS ANTIMICROBIANOS) BACTERÍVORO Organismo (como certos protozoários) que se alimenta de bactérias. Acredito ser esta denominação mais apropriada para definir o organismo que se alimenta de bactérias do que bacteriófago, que alguns autores (principalmente os de língua inglesa) aplicam ao fago. (Ver FAGO; e “-voria”) BAIXA-MAR BAIXA-MAR = MARÉ BAIXA Altura mínima da maré, correspondendo ao limite inferior do estirâncio. (Ver APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) BAKER (Ver REGRA DE BAKER) GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 34 BALANÇO DE CALOR É um balanço do conteúdo energético ou teor de calor de um organismo (“heat budget”, em inglês), que é geralmente expresso por uma equação que se refere à taxa de troca de calor desse organismo (com o ambiente) em termos de ganhos e perdas (pela radiação, condução, convecção e evaporação ou transpiração) somados ao calor interno que é gerado pela metabolização dos alimentos; ou seja: Troca do conteúdo de calor = metabolismo – evaporação ± radiação ± condução ±convecção. Obs.: 1) o símbolo mais ou menos (±) é utilizado porque radiação, condução e convecção pode acrescentar ou retirar calor do organismo em questão. 2) O balanceamento perfeito entre ganhos e perdas determina que a troca de calor do organismo seja 0 (zero). BALANÇO HÍDRICO Balanço da entrada e saída de água num determinado compartimento ambiental (lago ou bacia hidrográfica qualquer). Refere-se este termo também, em ecofisiologia vegetal, ao balanço ou valores de economia de água de uma planta, ou seja, sua capacidade de absorção de água, suas perdas pela transpiração; enfim seus mecanismos de manutenção deste imprescindível componente da matéria viva. BALANÇO NUTRICIONAL Ganho e perda de nutrientes por comunidades. Estando as comunidades em equilíbrio dinâmico, “a entrada (ou ganho) de nutrientes = a saída (ou perda)”. Quando a entrada é superior à saída há um acúmulo de nutrientes, muitas vezes em forma de necromassa. As comunidades em sucessão ecológica têm tipicamente a representação: entrada - saída = armazenamento. A figura seguinte (extraída de BEGON et al., 1990) ilustra alguns componentes representativos do balanço nutricional de um ecossistema terrestre e um aquático. Observar na figura que: a) FBN = fixação biológica do nitrogênio (N2 atmosférico). b) Os dois ecossistemas estão ligados pelo fluxo de água, que é uma importante “saída” de nutrientes do ecossistema terrestre e uma importante “entrada” no ecossistema aquático. BANCO DE GERMOPLASMA Determinada área de um ecossistema preservada para fins de estoque de espécies vegetais e animais. Diz-se também de locais onde são preservadas sementes, ou sêmen, para fins futuros, de multiplicação. Estes propágulos são colocados em recipientes herméticos e em baixa temperatura, podendo ser armazenados por dezenas de anos. O CENARGEN – Centro Nacional de Recursos Genéticos, da EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em Brasília, vem realizando trabalhos nesse sentido. BANDO, ANDAR EM (Ver “FLOCKING”) FBN desnitrificação FBN e desnitrificação dissolução e emissão de gases perda por aerossóis emissão e absorção de gases fluxo de água do lençol freático intemperização de rocha e solo água p/ o lençol freático precipitações úmida e seca perda p/ e liberação do sedimento precipitações úmida e seca fluxo de água fluxo de água p/ rios e estuários GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 35 BANHADO (Ver CAMPOS SULINOS; e PRADARIAS) BARLAVENTO e SOTAVENTO Em relação a um obstáculo, uma montanha por exemplo, barlavento é o lado de onde vem o vento e sotavento é o lado da montanha protegido do vento. (Ver SOMBRAS DE CHUVA) “baro-” Prefixo de origem grega significando “peso; gravidade” e que é usado no sentido de “pressão atmosférica” como prefixo de muitos termos, como por exemplo: barômetro (aparelho que mede a pressão atmosférica); e muitos outros termos, em que a um organismo ou a uma ação ou situação se atribui a propriedade relacionada à pressão em geral ou atmosférica: barosensível (que não tolera pressão hidrostática elevada; barocórico (cujo propágulo se dispersa graças a seu peso); barotropismo (orientação em resposta a estímulo de pressão) e muitos outros. BARÓFILO Termo geralmente utilizado para indicar microrganismo que prefere viver sob alta pressão. É conhecida uma espécie de bactéria, do gênero Spirillum, que cresce bem mais rápido sob pressão entre 300 e 600 atm, do que sob 1 atm. Observe que a unidade “atm” deve ser substituída por Pa (Pascal) (1 atm = 101.325 Pa = 0,1013MPa) (ver APÊNDICE II − SI − SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES). BARREIRA AMBIENTAL (Ver BARREIRA ECOLÓGICA; e SIMPATRIA) BARREIRA DE CHUVA BARREIRA DE CHUVA = SOMBRA DE CHUVA Interrupção de precipitação pluvial (ou de precipitação atmosférica) no lado de sotavento de uma cadeia montanhosa ou serras. No estado da Paraíba, por exemplo, é sabido que a serra da Borborema (em Campina Grande) constitui-se em barreira para a chuva que poderia cair nas microrregiões dos carirís, deste Estado. Esta serra alonga-se paralelamente às microrregiões do brejo e litoral paraibanos. BARREIRA ECOLÓGICA (ou BARREIRA AMBIENTAL) Obstáculo, limite ou um impedimento qualquer (de origem natural ou antrópica) que impeça a dispersão de população ou populações de organismos, isolando-os e assim, dificultando ou impedindo suas interações com outros organismos. (Ver SIMPATRIA) BARREIRAS (SÉRIE ou FORMAÇÃO) São assim chamados os terrenos da série Barreiras, formações terciárias, ocorrendo do Amapá ao Rio de Janeiro, sendo bastante típica a falésia da ponta do Cabo Branco, no ponto mais oriental do Brasil, em João Pessoa (PB). As barreiras são geralmente arenitos friáveis; há algumas que são argilosas. BASES TROCÁVEIS (Ver CÁTIONS TROCÁVEIS; e SATURAÇÃO DE BASES) “basi-” (Ver “alcali-”) “BASKING RANGE” (Ver FAIXA DE AQUECIMENTO AO SOL) BASÓFILO (ou BASIFÍLICO) (Ver “alcali-”) Denominação comum no sul do Brasil, das extensões de terra inundadas por rios, semelhante às várzeas e propícias à agricultura. Na foto ao lado vê-se o ratão-do- banhado (Myocastor coypus), um roedor miocastorídeo, num trecho desse ecossistema (foto do site www.wikipedia.org). Na Natureza, o banhado garante a existência de ecossistemas vizinhos, como as lagoas, fornecendo-lhes água durante a seca e retendo-a durante a cheia (ação de tamponamento). GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 36 “bati-” Prefixo de origem grega que significa “profundo”. Utilizado em diversos termos, referindo-se à zona ou local de profundidade aquática, como em batimetria (medição do relevo no fundo de oceanos... usando-se batímetro); batiplâncton (plâncton da região batipelágica ou seja, de grande profundidade oceânica) etc. (Ver APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) BATIPELÁGICO(A) (Ver ZONA BATIPELÁGICA) BATRACOTOXINAS (Ver DEFESA QUÍMICA) “BCF − BIOCONCENTRATION FACTOR” (Ver FATOR DE BIOCONCENTRAÇÃO) “benti-” (ou “bento-”) Prefixo de origem grega significando “fundura; profundidade”. É usado em referência ao leito ou sedimento de fundo de rio, lago e oceano. São muitos os termos em que se usa tal prefixo, como por exemplo: bentófita (planta que vive no leito de um corpo de água ou rio); bentopleustófita (planta que vive livremente no leito de um lago e que pode ser carregada pelas correntes de água); bentopotâmico (que vive em leito de rio ou córrego); e muitos outros. (Ver BENTOS) BENTOPELÁGICO(A) (Ver ZONA BENTOPELÁGICA; APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) BENTOS Organismos aderidos ou em repouso sobre o fundo de habitats aquáticos ou vivendo nos sedimentos de fundo. (Ver “benti-”; NÉCTON; NEUSTON; PLÂNCTON; e PLEUSTON) BERGER-PARKER (Ver ÍNDICE DE BERGER-PARKER) BERGMAN (Ver REGRAS ECOGEOGRÁFICAS) “BET HEDGING” Em inglês significa literalmente “cercando uma aposta; ou apostando dos dois lados”. Refere-se, no ciclo vital de um organismo, à redução do risco de mortalidade ou falha reprodutiva, pela adoção de uma estratégia ou de estratégias simultâneas, ou diluindo tais riscos no tempo e no espaço. A reprodução contínua, perene, ao invés de anual, seria um exemplo. “BHC − BENZENE HEXACHLORIDE” (ou HEXACLORETO DE BENZENO) (Ver ORGANOCLORADO) BHOPAL, TRAGÉDIA DE Cidade da Índia onde, em 1984, ocorreu o que talvez tenha sido o pior acidente industrial do mundo. Cerca de 45 Mg (megagrama = tonelada) do gás isocianato de metila, altamente tóxico, usado na fabricação de carbamato (pesticida) vazaram e pelo menos 2.500 pessoas morreram. Cerca de 20.000 pessoas sofreram de cegueira, infecções renais e hepáticas, esterilidade, tuberculose e outros problemas sérios. A indústria de pesticidas responsável era americana, a Union Carbide. BICADA, ORDEM DE (ou DOMINÂNCIA DE) Do inglês “peck order” é a hierarquia de dominância existente principalmente entre as aves, sendo um comportamento de ordem social (agressivo ou não) em que um indivíduo domina outro de posição hierárquica inferior e assim por diante. Há geralmente um domínio físico, ou seja, uma ave de maior posição dominante bica a que lhe está imediatamente abaixo e esta, por sua vez, bica outra ave que vem abaixo nessa dita ordem (ou “rank”). BIFENILAS POLICLORADAS (ou “PCBs” ou ASCAREL) (Ver ASCAREL) BÍFERO Que floresce e frutifica duas vezes ao ano. Alguns autores também usam este termo para significar “que produz duas safras por estação”. BIOACUMULAÇÃO (Ver BIOMAGNIFICAÇÃO) BIOAGRONOMIA Parte das ciências biológicas onde se estuda a aplicação de princípios biológicos e ecológicos, visando a melhoria da produção das plantas de interesse econômico. (Ver AGROECOLOGIA) GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 37 BIOCENOLOGIA (ou CENOBIOLOGIA) Estudo qualitativo e quantitativo de biocenoses (ou comunidades). BIOCENOSE BIOCENOSE = COMUNIDADE Termo usado por autores russos e europeus em geral, equivalente à comunidade. Refere-se ao conjunto da fitocenose, zoocenose e ecotopo. (Ver COMUNIDADE) BIOCICLO (Ver BIOSFERA) BIOCIDA Um agente químico tóxico ou letal para um organismo. (Ver ECOCIDA) BIOCLÁSTICO, GRANULADO Constituído por fragmentos de material orgânico. Granulados bioclásticos marinhos, no Brasil, são formados principalmente por algas calcárias. Os granulados bioclásticos marinhos são aqueles de composição carbonática, constituídos por algas calcárias ou por fragmentos de conchas (coquinas e areias carbonáticas). BIOCLIMATOLOGIA Estudo do clima, relacionado à flora e à fauna; geralmente dos seus efeitos sobre a biota. “BIOCONCENTRATION FACTOR − BCF” (Ver FATOR DE BIOCONCENTRAÇÃO) BIOCONVERSÃO Conversão de um substrato para um produto ou produtos, por ação enzimática ou celular. Resume-se na conversão de substrato para biomassa celular. BIÓCORO (ou BIOCÓRIO ou BIOCORE) (Ver “-coria”) BIODEGRADAÇÃO Degradação de compostos orgânicos ou inorgânicos, determinada geralmente pela ação de microrganismos. Os compostos que sofrem mineralização microbiana são denominados de biodegradáveis e os resistentes a esse fenômeno são chamados de recalcitrantes; e os não-biodegradáveis são os que não se decompõem por processos naturais. BIODEGRADÁVEL (Ver BIODEGRADAÇÃO) BIODETERIORAÇÃO Deterioração ou estrago de um material, resultante de ação biológica, geralmente de atividade microbiana. (Ver DECOMPOSIÇÃO) BIODIESEL O biodiesel é um combustível alternativo ao diesel (este último obtido do petróleo), a ser usado em veículos com motores do tipo diesel. É considerado como recurso natural renovável e biodegradável, uma vez que é obtido de reação química de óleos (vegetais) ou gorduras (de animais) com um álcool e na presença de um catalisador; sendo esta reação denominada de “transesterificação”. Os óleos de girassol, soja e mamona vêm sendo apontados como as principais fontes de biodiesel. Conforme revelado em New Scientist (13/07/06), pesquisadores da Universidade de Minnesota (E.U.A.)
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