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Resumo Legislação Comercial

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Resumo – Legislação Comercial
Aula 1 – Evolução histórica do Direito Comercial
- Direito Comercial: é um conjunto de normas jurídicas que regulam a empresa quanto a sua organização e ao seu exercício.
- Fases do Direito Comercial: subjetiva-corporativista; objetiva e Direito Empresarial.
- Fase Subjetiva-corporativista: é aquela na qual o Direito Comercial é entendido como um direito fechado, classista e privativo, em princípio, das pessoas matriculadas nas corporações de mercadores. Nessa fase que nasceram os títulos de créditos (que são de fundamental importância para o desenvolvimento e dinamização das relações comerciais. 
- Fase objetiva: O Direito Comercial era extensivo a todos que praticassem determinados atos previstos em lei, tanto no comércio e na indústria como em outras atividades econômicas, independentes de classe.
- Direito Empresarial: a atividade negocial não se caracterizaria mais pela prática de atos de comércio, mas pelo exercício profissional de qualquer atividade econômica organizada, exceto a atividade intelectual, para a produção ou circulação de bens ou serviços. 
- Fases do Direito Comercial no Brasil: fase luso-brasileira e fase brasileira.
- Fase luso-brasileira: criação da Junta Comercial e criação do Banco do Brasil
- Fase brasileira: promulgação do Código Comercial em 1850, leis especiais sobre as Sociedades por Cotas de Responsabilidade Limitada em 1919, e o Novo Código Civil.
- Assuntos não disciplinados pelo novo Código Civil: falência, concordata, títulos de créditos em espécie, entre outros.
Aula 2 – Empresário – Registro – Escrituração
- Elementos que caracterizam a figura do empresário: a iniciativa e o risco. O poder da iniciativa lhe pertence exclusivamente, é ele quem decide o destino da empresa e o ritmo de sua atividade.
- Requisitos básicos para condição de empresário: capacidade jurídica (deve estar em pleno gozo de sua capacidade jurídica – deve ser maior de 18 anos, e ter discernimento necessário), ausência de impedimento legal para o exercício da empresa (não pode ser médico quem não tiver o curso superior em medicina, por exemplo, ou não pode ser sócio de uma sociedade empresarial juízes, membros do Ministério Público, militares, etc), efetivo exercício profissional da empresa (só será considerado empresário aquele que o fizer profissionalmente e não esporadicamente, que o fizer em nome próprio e não em nome de outros, e o fizer com o intuito de lucro e não graciosamente), e registro obrigatório (a empresa deve ser registrada para ganhar personalidade jurídica).
- a empresa que não possui personalidade jurídica (que não é registrada) não pode obter CNPJ, não pode emitir nota fiscal nem duplicata, entrando na sonegação fiscal.
- Para o empresário rural, o registro é facultativo, mas se o fizer, receberá tratamento legal idêntico àquele dispensado ao empresário sujeito à registro.
- Funções do Departamento Nacional de Registro do Comércio como Órgão Central: Supervisão, orientação, coordenação e normatização, no plano técnico; e supletiva no plano administrativo.
- Funções das Juntas Comerciais como Órgãos Locais: Execução e administração dos serviços de registro.
- Documentos necessários para requerer o arquivamento de constituição de empresa: Instrumento original de constituição (contrato social, por exemplo) assinado pelo titular, pelos administradores, sócios ou procuradores; certidão criminal do registro, comprovando que não há impedimento legal dos sócios; ficha cadastral; comprovante de pagamento das custas; e prova da identidade dos titulares e administradores da empresa. O contrato deve estar vistado por advogado, com nome e registro OAB.
- Obrigação do empresário e da sociedade empresarial: manter a escrituração, ter seus livros autenticados, conservar os registros enquanto não prescreverem, e levantar anualmente o balanço patrimonial e o resultado econômico. Devem ser feito em idioma e moeda corrente, e o único instrumento obrigatório é o livro Diário. 
- Livro de Registro de Duplicatas: deve ser escriturado quando se adota o regime de vendas com prazo superior a 30 dias.
- Os estabelecimentos industriais, atacadistas, varejistas e os que mantêm atividade enquadrada no regime de pagamento de imposto por estimativa deverão adotar os seguintes livros: registro de entradas e registro de saídas; egistro de utilização de documentos fiscais e termos de ocorrências; registro de inventário; e registro de apuração de ICMS. 
- No caso de estabelecimentos industriais, deve ser adotados também os livros de controle de produção e de estoque e o livro de apuração do IPI.
- Os atacadistas devem possuir o livro de controle de produção e de estoque.
- o livro de registro de apuração do ICMS é facultativo no caso de contribuinte enquadrado no sistema de pagamento de imposto por estimativa.
- Princípio da regularidade do exercício profissional: a prática profissional da empresa só se caracteriza quando regular. O Direito só reconhece a empresa quando iniciada conforme a lei.
- Escrituração da empresa: consiste em seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em concorrência com a respectiva documentação e levantar anualmente o balanço patrimonial e o resultado econômico. 
- A lei assegura tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e os efeitos daí decorrentes.
Aula 3 – Estabelecimento Empresarial – Nome Empresarial – Marca
- Estabelecimento Empresarial: é o conjunto de bens necessários ao desenvolvimento de sua atividade econômica.
- Composição do estabelecimento empresarial: bens corpóreos – instalações, equipamentos, utensílios, veículos, etc; e bens incorpóreos – marcas, patentes, ponto comercial, etc.
- Em caso de desapropriação do imóvel em que o empresário mantêm o seu estabelecimento empresarial, a indenização deve ser correspondente ao valor do fundo de empresa por ele criado. Na sucessão por morte, o estabelecimento empresarial deve ser considerado não apenas pelo valor do simples somatório do preço dos bens singularmente considerados que o compõem, mas pelo valor desses bens agregado ao valor decorrente da situação peculiar em que se encontram, reunidos para possibilitar o pelo desenvolvimento de uma atividade empresarial.
- No caso de venda do estabelecimento empresarial, deve ser dito que os débitos anteriores, desde que contabilizados, são de responsabilidade do adquirente, mas o devedor primitivo continua solidariamente obrigado a honrar a dívida pelo prazo de uma ano.
- Ao vender um estabelecimento, se há alguma dívida (tipo um empréstimo) em nome do estabelecimento, para se eximir da responsabilidade de quitar a dívida, o vendedor deve registrar o contrato de venda na Junta Comercial.
- O estabelecimento empresarial pode ser descentralizado: o empresário pode manter filiais, sucursais ou agências, depósitos em prédios isolados, unidades administrativas e até estabelecimento virtual, que se distingue do estabelecimento empresarial apenas pelo meio de acessibilidade.
- Nome empresarial: individualiza e assinala a espécie de responsabilidade patrimonial do empresário ou da sociedade empresarial.
- Tipos de nomes empresariais: Firma (tem como base o nome civil do empresário ou dos sócios da sociedade empresarial. É a assinatura do empresário) e Denominação (tanto pode ter como base o nome civil quanto outra expressão), pois o representante legal deve usar sua assinatura civil sobre o nome empresarial da sociedade, escrito, impresso ou carimbado).
- Firma deve possuir o nome dos sócios e denominação não precisa.
- Firma de empresário individual: pode abreviar seu nome ou não, e se quiser, pode agregar o ramo da atividade. Exemplos: Antonio Silva Pereira; A.S.Pereira; Silva Pereira; S.Pereira Livros Técnicos...
- Firma de sociedade em nome coletivo: estão autorizadas a adotar somente firma social, que podeter como base o nome civil de um, alguns ou todos os sócios, por extenso ou abreviados. Se não constar o nome de todos os sócios, é obrigatória a utilização de “e companhia” ou “& Cia”. Exemplo, sociedade composta por Antonio Silva, Benedito Pereira e Carlos Souza, podem optar por: Antonio Silva, Benedito Pereira & Carlos Souza; Pereira, Silva & Souza; A.Silva, B.Pereira&Souza Livros Técnicos; Antonio Silva & Cia; etc.
- A sociedade em nome coletivo só pode ser constituída por pessoa física, não sendo admitida a participação de outras sociedades.
- Sociedade em Comandita Simples: só pode compor nome empresarial por meio de firma, constando nome civil de sócios comanditados. Os sócios comanditários não podem ter seus nomes na firmação do nome empresarial, pois não tem responsabilidade ilimitada pelas obrigações da sociedade. É obrigatório o uso a expressão “& Cia “ para fazer referencia aos sócios dessa categoria.
- Sociedade Limitada: está autorizada a funcionar sob firma ou denominação. 
- Sociedade Anônima: só pode adotar denominação na qual deve constar referência ao objeto social.
- Situações em que a alteração do nome empresarial se torna obrigatória: saída, retirada ou morte de sócio cujo nome civil constava na firma social; alteração da categoria de sócio, quanto à responsabilidade pelas obrigações sociais, se o nome civil dele integrava o nome empresarial; alienação do estabelecimento por ato entre vivos; e se alterar o tipo de sociedade (exemplo, de Ltda para anônima, ou vice e versa).
- Marcas: destinam-se a individualizar os produtos ou serviços de uma empresa. Registro obtido pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial).
- Exemplos de marcas: Coca Cola; Forno de Minas Pão de Queijo.
- Natureza das marcas, quanto à origem: marca brasileira (regularmente depositada no Brasil, por pessoa domiciliada no país) e marca estrangeira (regularmente depositada no Brasil, por pessoa não domiciliada no país).
- Natureza das marcas, quanto ao uso: marcas de produtos ou serviços (usadas para distinguí-los de outros idênticos, semelhantes ou afins, de origens diversas, como Lazag – Roupas, Embratur – Turismo); marcas coletivas (usadas para identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade) e marcas de certificação (se destinam a atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, natureza, ao material utilizado e à tecnologia empregada.
- Natureza das marcas, quanto a apresentação: marca nominativa (constituída por uma ou mais palavras); marca figurativa (constituída por desenho, imagem, figura ou qualquer forma estilizada de letra e número), marca mista (constituída pela combinação de letras e figuras); e marca tridimensional (constituída de forma plástica de produto ou de embalagem, cuja forma tenha capacidade distintiva entre si mesma e esteja dissociada de qualquer efeito técnico).
- O prazo de validade do registro de marca é de 10 anos, contados a partir da data de concessão. Esse prazo é prorrogável, a pedido do titular, por pedidos iguais e sucessivos. Se não for prorrogado, o registro será extinto e a marca estará disponível.
Aula 4 – Formação da Sociedade Empresarial
- As pessoas jurídicas são divididas em dois grupos: Pessoas jurídicas de direito público (como a União, Estados, Municípios, Distrito Federal, Territórios) e Pessoas jurídicas de direito privado (todas as demais, como bancos comerciais, sociedades empresariais, universidades provadas, etc).
- Estatais: Pessoas jurídicas de direito privado, cujo capital é formado, totalmente ou majoritariamente, por recursos provenientes do poder público, que engloba a sociedade de economia mista, da qual particulares também participam, porem minoritariamente. Exemplo: Banco do Brasil, Petrobrás.
- Fundações e associações: Podem ser pessoas jurídicas de direito privado não-estatais (como FGV, Fundação Roberto Marinho, etc) ou pessoas jurídicas de direito público quando estatais (como Fundação Oswaldo Cruz, Fundação Universidade Regional de Blumenau).
- Sociedades rurais sem registro na Junta Comercial: sociedades não empresariais com escopo lucrativo.
- O que caracteriza a pessoa jurídica de direito privado não estatal como sociedade simples ou empresária é o modo de explorar seu objeto. O objeto social explorado sem empresarialidade (sem organizar profissionalmente os fatores de produção) faz a sua classificação como simples, enquanto a exploração empresarial do objeto social caracteriza a sociedade como empresária.
- Exemplos de sociedades simples: Legião da Boa Vontade, Consórcio Intermunicipal Lagos de São João, clubes sociais, Santas Casas.
- Sociedade empresária: nasce em decorrência do contrato social ou estatuto, que surge quando devidamente registrada na Junta Comercial.
- Pessoa jurídica não se confunde com as pessoas que compõem a sociedade. Ela tem personalidade jurídica distinta da de seus sócios.
- Conseqüências da aquisição da personalidade jurídica: a sociedade é capaz de direitos e obrigações (pode contratar e se obrigar); tem individualidade (não se confunde com a pessoa dos sócios que a constituem); tem patrimônio próprio que responde ilimitadamente por seu passivo; e pode modificar sua estrutura jurídica (adotando outro tipo de sociedade ou sua estrutura econômica (pela retirada, substituição ou ingresso dos sócios).
- Tipos de Sociedades Empresariais: Sociedade em Nome Coletivo (N/C); Sociedade em Comandita Simples (C/S); Sociedade em Comandita por Ações (C/A); Sociedade em Conta de Participação (C/P); Sociedade Limitada (LTDA) e Sociedade Anônima ou Companhia (S/A)
- Formas de classificação das sociedades empresariais: Quanto à responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais; quanto ao regime de constituição e dissolução; e quanto às condições para alienação da participação societária.
- Classificação das sociedades quanto à responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais: Sociedade Ilimitada; Sociedade Mista; e Sociedade Limitada.
- Sociedade Ilimitada: todos os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais. É o caso da Sociedade em Nome Coletivo (S/C).
- Sociedade Mista: uma parte dos sócios tem responsabilidade ilimitada e outra parte dos sócios tem responsabilidade limitada. São dessa categoria as Sociedades em Comandita Simples (C/S) (sócio comanditado responde ilimitadamente e sócio comanditário responde limitadamente), e Sociedade em Comandita por Ações (C/A) (sócios diretores tem responsabilidade ilimitada e demais acionistas respondem limitadamente).
- Sociedade Limitada: todos os sócios respondem de forma limitada pelas obrigações sociais. É o caso das Sociedades Limitadas (Ltda) e Anônima (S/A).
- Classificação das sociedades quanto ao regime de constituição e dissolução: Sociedades Contratuais e Sociedades Institucionais
- Sociedades Contratuais: ato regulamentar é o contrato social. Para dissolução, não basta a vontade majoritária dos sócios. São sociedades contratuais: Sociedade em Nome Coletivo (N/C), Sociedade em Comandita Simples (C/S) e Sociedade Limitada (Ltda).
- Sociedades Institucionais: ato regulamentar é o estatuto social. Podem ser dissolvidas por vontade da maioria societária. São sociedades institucionais: Sociedade Anônima (S/A) e Sociedade em Comandita por Ações (C/A) 
- Classificação das sociedades quanto às condições de alienação da participação societária: Em algumas sociedades os atributos individuais do sócio interferem com a realização do objeto social. Se classificam em Sociedades de pessoas e sociedades de capital.
- Sociedades de pessoas: sócios têm direito de vetar o ingresso de estranho no quadro associativo. Se enquadram as Sociedades em Nome Coletivo (N/C) e Sociedade em Comandita Simples (C/S)
- Sociedades de capital: vigora o princípio da livre circulabilidade da participação societária. Se enquadram as Sociedades Anônimas (S/A) e Sociedades em Comanditapor Ações (C/A)
- Na Sociedade Limitada (Ltda) o contrato social definirá a existência ou não e a extensão do direito de veto ao ingresso de novos sócios.
- As sociedades institucionais são sempre de capital, enquanto as contratuais podem ser de capital ou de pessoas. A sociedade limitada tem natureza de sociedade de pessoas, a menos que o contrato social lhe confira natureza de sociedade de capital.
- Se a empresa tiver com o capital da sociedade integralizado, no caso de penhora de bens, os bens dos sócios não podem ser penhorados. 
- Se o capital da empresa ainda não estiver totalmente integralizado, os sócios respondem solidariamente até o valor que falta para integralizar o capital.
Aula 5 – Sociedades Contratuais – Sociedade Limitada
- Sociedades constituídas por Contrato Social: Sociedade em nome coletivo, em comandita simples e limitada.
- Dissolução da sociedade: podem ocorrer em decorrência da vontade dos sócios ou por decisão judicial.
- Para ter validade, o contrato social deve se formada por agentes capazes (menores podem fazer parte, desde que devidamente representado ou assistido e não tenha poderes de administração e que o capital esteja totalmente integralizado), deve ser uma atividade lícita. Todos os sócios devem contribuir para a formação do capital social e todos participarão dos resultados, positivos ou negativos. Não é permitido indenizar um dos sócios em caso de falência, porque seria equivalente à exclusão daquele sócio das perdas sociais. 
- Cláusulas contratuais obrigatórias: tipo de sociedade; atividade a ser explorada; capital da sociedade e prazo de integralização e cotas pertencentes a cada sócio; qualificação dos sócios; nomeação do administrador; nome empresarial; sede e foro; e prazo de duração (determinado ou indeterminado).
- As decisões que tenham que ser tomadas por meio de voto, o que decide é a quantidade de cotas e não o numero de votos. O numero de votos só é importante quando há empates entre a mesa quantidade de cotas, aí vence a opção que tem maior numero de pessoas.
- Sociedade em Nome Coletivo: todos os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais. Qualquer um dos sócios pode ser nomeado administrador e ter seu nome aproveitado na composição do nome empresarial.
- Sociedade em Comandita Simples: sócio comanditado responde ilimitadamente e sócio comanditário responde limitadamente).
- Sociedade em Conta de Participação: quando duas ou mais pessoas se associam para um empreendimento comum, ficando um ou mais sócios em posição de evidencia e outro ou outros sócios em posição oculta.
- Sociedade Limitada: todos os sócios respondem de forma limitada pelas obrigações sociais. A designação LIMITADA deve constar de forma expressa no contrato social, senão a responsabilidade dos sócios passa a ser ilimitada.
- Sociedade Limitada: garante aos seus sócios a limitação da responsabilidade, separando o patrimônio da sociedade do patrimônio dos sócios (cada sócio só responde pela parcela do capital que integralizar, como ocorre na Sociedade Anônima – se o capital não estiver totalmente integralizado, os sócios assumem a responsabilidade solidária entre si pelo montante que faltar para a complementação do capital).
- Sociedade em Nome Coletivo: só podem ser formadas por pessoas físicas.
- No caso do sócio de uma empresa Limitada não recolher os tributos de acordo com a legislação, se fez por engano e não teve a intenção de sonegar, a sociedade deve arcar com a quitação da dívida, mas se for comprovado que ele agiu de má fé, ele deve assumir a dívida sozinho.
Aula 6 – Sociedade por Ações
- Sociedade Anônima: Regida pela Lei 6404/76
- Objetivo fundamental das Sociedades Anônimas: Tendência à produção em grande escala.
- Fator mais importante para as Sociedades Anônimas: mercado de ações, considerado uma forma de captar recursos para a empresa
- Sociedade Anônima: Capital se divide em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que adquirir. 
- Sociedade Anônima: independente do seu objeto social, será sempre considerada uma sociedade empresarial, em nenhuma hipótese pode ser constituída como Sociedade Anônima uma sociedade não empresarial (sem fins lucrativos).
- Empresas constituídas sob a modalidade de sociedade anônima: Companhia Aberta (disponibiliza suas ações para negociação no mercado através da Bolsa de Valores) ou Companhia Fechada (ações pertencem somente aos acionistas constantes no estatuto social e não são negociadas no mercado de ações).
- Na Sociedade Anônima, a avaliação de bens para integralização do capital deve ser feita por três peritos ou por empresa especializada, e após a apresentação do laudo deve ser aprovado por assembléia.
- Direitos dos Acionistas, que não poderão ser privados, nem pelo estatuto nem pela assembléia geral: participar dos lucros sociais; participar do acervo da Companhia, em caso de liquidação; fiscalizar a gestão dos negócios sociais; ter preferência para subscrição de ações, e retirar-se da sociedade nos casos previstos em Lei.
- Sociedade em Comandita por Ações: Tem o capital dividido por ações, e rege-se pelas normas da Sociedade Anônima. Somente o acionista tem qualidade para administrar a sociedade, e como diretor, responde ilimitadamente pelas obrigações sociais. Os diretores são nomeados na constituição da sociedade (no estatuto) e somente poderão ser destituídos por deliberação dos acionistas que representem no mínimo dois terços do capital social. Após a sua saída, o diretor continua responsável pelo prazo de dois anos pelas obrigações sociais contraídas sob sua administração.
- Tipos de ações: Preferenciais (dão preferência aos acionistas no pagamento dos dividendos e também em caso de liquidação da empresa em relação as ações ordinárias – em caso de falência, os possuidores de ações preferenciais tem maiores chances de recuperar parte de seus investimentos do que os possuidores de ações ordinárias) ou Ordinárias (dão direito de voto ao acionista, o que não ocorre nas ações preferenciais. O possuidor de ação ordinária não são responsáveis pelas dívidas da empresa)
Aula 7 – Títulos de Crédito
- Atributos dos títulos de crédito: Negociabilidade (o credor, portador de um título de crédito, pode negociá-lo antes do vencimento da obrigação, oferecendo-o como garantia em empréstimo bancário, ou pagar seus próprios credores com o título, endossando-o) e Executividade (possibilitam a execução imediata do valor devido)
- Características do título de crédito: Cartularidade (Só é credor do título de crédito quem detiver a posse do original); Literalidade (o que não se encontra expressamente consignado no título de crédito não produz consequências jurídico-cambiais); e Autonomia (obrigações representadas por um mesmo título de credito são independentes entre si).
- Classificação dos títulos de crédito: quanto ao modelo; quanto à estrutura; quanto às hipóteses de emissão; quanto à circulação; e quanto ao conteúdo. 
- Classificação dos títulos de crédito quanto ao modelo: modelo livre (não precisam observar um padrão estabelecido – exemplo, Letras de Cambio e Nota Promissória) ou modelo vinculado (Exemplo, o cheque, que somente será vinculado se lançado no formulário próprio fornecido, por talão, pelo próprio banco sacado).
- Classificação dos títulos de crédito quanto à estrutura: Ordem de pagamento (o saque cambial origina três situações jurídicas distintas – a quem dá a ordem, a do destinatário da ordem e a do beneficiário da ordem, como exemplo, Letra de Cambio, Cheque e Duplicata Mercantil) ou promessa de pagamento (apenas duas situações jurídicas decorrem do saque cambial – a de quem promete pagar e a do beneficiário da promessa, exemplo a nota Promissória).
- Classificação dos títulos de crédito quanto às hipóteses de emissão: Causais (só podem ser emitidos se ocorrer o fato que a le elegeu como causa possível para sua emissão – exemplo: Duplicata Mercantil, que somente podeser emitida para representar a obrigação decorrente da compra e venda mercantil) ou não causais (são produzidos sem que a sua motivação não tenha previsão na lei – exemplo: Letra de Cambio, cheque e Nota Promissória).
- Classificação dos títulos de crédito quanto à circulação: Ao portador (não identificam seu credor) ou nominativos (seu credor é identificado).
- Classificação dos títulos quanto ao conteúdo: Propriamente ditos (dão direito à prestação de coisas que se gasta, como dinheiro, mercadorias); Destinados à aquisição de direitos reais sobre coisas determinadas (Exemplo: Warrant, Conhecimento de Frete); Títulos que atribuem a qualidade de sócio (Exemplo, ações da Sociedade Anônima, que permitem ao titular praticar certos atos ou exercer determinadas funções); ou Impropriamente ditos (conferem ao titular o direito de reclamar certos serviços – exemplo: bilhetes de passagem, entradas para teatro e cinemas).
- Efeitos do saque de um título de crédito: Aceite (sacado concorda ema colher a ordem de pagamento incorporada pelo título de crédito, por ser ato de sua livre vontade); o Endosso (opera a transferência do crédito representado por título à ordem. Resulta da simples assinatura do credor do título no seu verso, podendo ser feita sobre a expressão “Pague-se a Fulano” ou simplesmente “Pague-se”) e o Aval (garantia de pagamento firmada por terceiro, em favor do devedor principal)
- A nota promissória é o único título de crédito que não é ordem de pagamento e sim, promessa incondicional de pagamento, e não comporta aceite. 
Aula 8 – Espécies de título de crédito: Letra de Câmbio e Nota Promissória
- Nota Promissória: uma promessa de pagamento que uma pessoa faz em favor de outra. São títulos formais de crédito.
- Letra de Câmbio: título de crédito mais completo.
- Mecanismo da Letra de Câmbio: sacador emite a Letra de Câmbio, entregando-a ao tomador (credor) para que este receba do sacado (devedor).
- Letra de Câmbio: é o saque de uma pessoa contra outra, em favor de terceiro. É uma ordem de pagamento à vista ou a prazo. Quando for a prazo, o sacador deve aceitá-la, firmando nela sua assinatura de reconhecimento (o aceite).
- Aceite: assinatura dada na letra de câmbio à prazo, no momento de sua aceitação.
- Se o sacado, ao receber a Letra de Câmbio para o aceite, não a devolver, retendo-a indevidamente, está sujeito à prisão administrativa. Basta requerer ao juiz.
- Uma das características dos títulos de crédito: circulabilidade (pode ser transmitido a outro, o qual passará a ser o credor do título).
- Transferência da Letra de Cambio para terceiro: se faz pelo endosso. 
- Endossante: Quem transmite o título por meio de endosso.
- Endossatário: quem recebe o título endossado.
- Se o sacador inserir a expressão “não à ordem”, a letra não poderá circular por meio de endosso.
- Não há limite para o numero de endossos. Quando o proprietário do título o endossa, torna-se coobrigado solidário no pagamento.
- O pagamento do título deve ser efetuado pelo devedor no dia do vencimento.
- Pagamento do título: pode ser à vista (no ato de sua apresentação) ou em dia certo (no dia do vencimento indicado no título, a tempo certo da vista (há tantos dias a partir da data do aceite) ou a tempo certo da data (tantos dias contados da data da emissão do título)).
- Resgate da Letra de Câmbio: feito através do pagamento, e para que ocorra, é indispensável a sua apresentação (porque o título é circular e o devedor não tem como saber quem é o último portador da cambial).
- Se o título não for pago no seu vencimento, poderá ser efetuado o protesto e a cobrança judicial do crédito (ação cambial), mas é necessário que o credor esteja representado por advogado. 
- Requisitos essenciais (obrigatoriedades) da Letra de Câmbio: a palavra “letra” escrita no título; ordem de pagar uma quantia em dinheiro; nome do sacado (aquele que deve pagar); a época do pagamento; indicação do lugar onde se deve efetuar o pagamento; nome da pessoa a quem (ou `ordem de quem) deve ser paga; e a assinatura de quem passa a letra (o sacador).
- Processo de protesto da Letra de Câmbio: o tabelião intimará o sacado a aceitar a Letra. Se ele comparecer ao Cartório, o tabelião o identificará e ele assinará e datará no campo “aceito” e a Letra vencerá dois dias após. Só após esse prazo poderá ser protestada por falta de pagamento. Se o sacado não comparecer para aceitar, o tabelião lavra o protesto.
- Nota Promissória: título pelo qual alguém se compromete a pagar a outrem determinada quantia em dinheiro, em um certo prazo. Como é emitida pelo próprio devedor, ela passa a ser um título de crédito desde a sua emissão.
- Características da Nota Promissória: são as mesmas da Letra de Cambio – ambas são Título de Crédito.
- Nota Promissória: Título cambial, de natureza eminentemente comercial.
- Diferenças entre a Nota Promissória e a Letra de Câmbio: a Nota Promissória contem uma promessa em lugar de uma ordem. Envolve duas partes – emitente e beneficiário – em lugar das três figuras intervenientes da Letra de Câmbio: sacador, sacado e tomador. Na Nota Promissória o crédito é estabelecido por ocasião da emissão, o que não ocorre na Letra de Câmbio, cujo crédito preexiste à criação do título.
- Requisitos essenciais (obrigatórios) da Nota Promissória: denominação “Nota Promissória” no texto do título; a soma em dinheiro a pagar; o nome da pessoa a quem deve ser paga; a assinatura do emitente ou de mandatário especial; a época do pagamento; a indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento; e a indicação da data e do lugar onde a nota promissória é passada.
- Caso tenha divergência nos valores, será considerado o que estiver lançado por extenso. 
- A Nota Promissória que não indicar a data do pagamento será considerada pagável a vista.
- A Nota Promissória não pode ser emitida ao portador.
- Vencimento da Nota Promissória: pode ser a vista (quando a data não é indicada no título deve ser paga contra apresentação); a dia certo (quando traz fixado o dia de pagamento) ou a tempo certo da data (a promissória vencerá a tantos dias, ou meses, a contar da data da emissão).
- Prescrição da Nota Promissória: Três anos do credor contra o emitente e respectivo avalista e um ano do portador contra o endossante.
Aula 9 – Espécie de Títulos de Crédito: Duplicata e Cheque
- Fatura: relação de mercadorias vendidas, discriminadas por sua natureza, quantidade e valor.
- Venda a prazo: venda cujo pagamento é parcelado em período não inferior a 30 dias ou cujo preço deve ser pago integralmente em 30 dias ou mais, sempre contados a partir da data de entrega ou despacho da mercadoria.
- Duplicata: título de crédito causal, pois está sempre vinculada a uma causa que é um negócio comercial.
- Registro de Duplicatas: em livro próprio, cada duplicata emitida não pode corresponder a mais de uma fatura. Cada Duplicata Mercantil tem um número de ordem, que não coincide, necessariamente, com o número de ordem da fatura ou NF-fatura. Se não coincidirem, o número de ordem da Duplicata deverá ser sempre inferior ao da fatura ou NF-fatura.
- A Duplicata pode ser transferida por endosso, e é cabível nela a garantia do aval.
- Requisitos essenciais (obrigatórios) da Duplicata: a denominação “Duplicata”, a data de sua emissão e o número de ordem; o número da fatura ou NF fatura da qual foi extraída; a data certa do vencimento ou declaração de ser duplicata a vista; nome e domicílio do vendedor (sacador) e do comprador (sacado), sendo o comprador também identificado pelo RG, CPF, Título de Eleitor ou CTPS; a importância a pagar em algarismos e por extenso; a cláusula “a ordem”, sendo que não se admite a emissão de Duplicata Mercantil com cláusula “não a ordem”, a qual somente poderá ser inserida no título por endosso; e a declaração de reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, devendo ser assinada pelo comprador como aceite cambial.
- Motivos pelo qualo comprador pode recusar em dar o aceite na Duplicata: caso haja avaria ou não recebimento das mercadorias; caso haja defeitos e diferenças na qualidade ou quantidade das mercadorias; e caso haja divergência nos prazos ou preços ajustados.
-Protesto da Duplicata: pode ser feito no caso de falta de aceite, falta de sua devolução pelo comprador quando tiver sido enviada para aceite; ou por falta de pagamento.
- Extravio de Duplicata: o vendedor pode extrair uma Triplicata (cópia da Duplicata) que terá os mesmos efeitos, requisitos e formalidades.
- Cheque: ordem de pagamento à vista, dada a um banco ou instituição assemelhada, por alguém que tenha fundos disponíveis no mesmo, em favor próprio ou de terceiros.
- Cheque: Título de crédito mais utilizado, pela agilidade de seu mecanismo de funcionamento e pelo acesso facilitado a sua utilização. Dá segurança e facilita a circulação de valores.
- Exigências formais para emissão do cheque: emitente deve ter fundos disponíveis em poder do sacado; estar autorizado a emitir cheque sobre os fundos; e deve ser emitido contra um banco.
- Duas circunstancias em que a lei realmente autoriza a emissão de cheque: quando o emitente dos cheques deposita, antes de emiti-los, os fundos na conta de onde será feito o saque; e quando o banco, mediante um acordo prévio, dá ao cliente um limite dentro do qual este pode emitir cheques.
- Pagamento: é a execução voluntária da obrigação. Equivale a concretização, ao cumprimento da obrigação assumida quando da realização da troca do bem presente pelo bem futuro que deu origem, no caso, ao cheque.
- Espécies de Cheques: Cheque ao Portador (aquele que não está nominal a ninguém, o credor é aquele que estiver portando o título) ou Cheque Nominal (aquele que está em nome de alguém, o credor é o nome descrito a quem deve se pagar o título)
Aula 10 – Protesto de Título de crédito e ação cambial
- Protesto: ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência, o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida (exemplo, confissão de dívida).
- Protocolização: Todos os documentos apresentados serão protocolados dentro de 24 horas. 
- Intimação: enviada ao devedor, com comprovação de entrega.
- Pagamento: será feito diretamente no tabelionato, no valor igual ao declarado pelo apresentante acrescido de emolumentos e demais despesas, no prazo legal.
- Caso não ocorra o pagamento, o tabelião lavrará e registrará o protesto, sendo o respectivo instrumento entregue ao apresentante.
- Motivos de requerimento do protesto: por falta de pagamento; por falta de aceite; ou por falta de devolução.
- O protesto por falta de aceite somente poderá ser efetuado antes do vencimento da obrigação e após o decurso do prazo legal para o aceite ou a devolução. Após o vencimento, o protesto sempre será efetuado por falta de pagamento.
- O cancelamento do registro do protesto será solicitado diretamente no tabelionato de protesto de títulos, por qualquer interessado, mediante apresentação do documento protestado, cuja cópia ficará arquivada.
- Efeitos jurídicos do protesto: Torna público o título; atesta a inexecução da obrigação cambial; obsta a mora do credor e comprova que diligenciou a cobrança do título; prova a impontualidade; constitui o devedor em mora; serve como critério para a fixação do termo legal da falência.
- O prazo de prescrição da letra de câmbio é de três anos, durante este prazo pode-se ter o ressarcimento sem necessidade de provar nada. Depois desse tempo, cabe a ação cambial, e comprovação de todo o processo de conhecimento do qual se originou a letra de câmbio, se é legítima ou não, etc...
Aula 11 – Contratos Mercantis
- Regimes jurídicos em que se sujeitam os contratos empresariais: administrativo, do trabalho, do consumidor e cível.
- Quando o empresário contrata com o Poder Público ou concessionária de serviço público, o contrato é Administrativo. Exemplo: se o fabricante de móveis vence licitação da prefeitura para substituir o mobiliário da repartição , o contrato que vier a assinar será administrativo. 
- Quando o outro contratante é empregado, de acordo com a CLT, o contrato é de trabalho.
- Se o consumidor (ou empresário em situação de consumidor), a relação contratual está sujeita ao Código de Defesa do Consumidor.
- Nas demais hipóteses, o contrato é civil e estará regido pelo Código Civil ou legislação especial.
- Contratos Mercantis: quando os dois contratantes são empresários.
- Contratos Cíveis: quando os empresários são iguais, sob o ponto de vista econômico (ambos podem contratar um advogado antes de assinarem o contrato, de forma que, ao fazê-lo, estejam plenamente informados sobre os direitos e obrigações contratados.
- Contrato regido pelo Código de Defesa do Consumidor: quando os empresários são desiguais (um deles está em situação de vulnerabilidade econômica frente ao outro).
- Empresa que fornece almoço para equipe de limpeza que presta serviço na prefeitura: contrato cível.
- Pessoa que contratou por dois meses 10 trabalhadores para colher a safra de milho daquele ano: contrato de trabalho.
- Empresa que fornece refeições do restaurante de um hospital estadual: contrato administrativo.
- Princípios que regem a constituição do vínculo contratual: Princípio do consensualismo e princípio da relatividade das convenções.
- Princípio do Consensualismo: contrato é consenso, encontro de vontades. 
- Princípio da Relatividade: os efeitos do contrato se circunscrevem apenas às partes que nele se obrigaram.
- Se o contrato nasceu por um encontro de vontades, ele só poderá ser desfeito pela vontade de todos os envolvidos.
- Clausulas implícitas de um contrato: irretratabilidade (não pode ser desfeito por simples vontade de uma das partes) e intangibilidade (é impossível a alteração unilateral das condições, prazos, valores e demais clausulas contratadas).
- O contrato é um negócio temporário: surge, se desenvolve e se extingue.
- Extinção do contrato: Ocorre naturalmente pelo cumprimento das obrigações dele nascidas.
- Anulação do contrato: pode ser feita por causas anteriores ou na mesma época da conclusão do contrato (exemplo, a locação de um carro em favor de um louco).
- Dissolução do contrato: pode ser feita por causas posteriores ao contrato (exemplo, execução da meta contratual).
- Se uma editora tem um contrato de edição com determinada empresa para anunciar seus produtos, e essa empresa se desfez, a extinção desse contrato pode ser classificada como uma dissolução de contrato (houve uma rescisão de contrato unilateral, e pode-se até pensar em uma forma de indenização da empresa em favor da editora, já que a empresa se desfez durante a vigência do contrato).
- Se uma empresa compra um imóvel, paga uma entrada e se compromete a pagar mais 12 parcelas para quitar o valor, e após o pagamento do sinal um outro vendedor oferece outro imóvel por um preço menor e mais facilidade para pagamento, a empresa não pode deixar de cumprir as obrigações com o primeiro vendedor, pois existe um contrato assinado, e as cláusulas do contrato são leis entre as partes e devem ser cumpridas.
Aula 12 – Contratos Mercantis – Compra e venda mercantil e contratos intelectuais
- Comércio: sucessão de contratos de compra e venda.
- Fluxo do comércio: Importador compra o produto do fabricante sediado no exterior ou não, e o revende para o atacadista, que o revende para o varejista e assim por diante.
- Contrato mercantil: na maioria das vezes, é contrato cível, sujeito às normas do Código Civil e legislação especial.
- Compra e venda mercantil: é contrato consensual, isto é, depende do consenso entre as partes, é feito do encontro das vontades do comprador e vendedor.
- Contrato mercantil, em relação ao preço: registra-se que deve ser pago em dinheiro, caso contrário, será um contrato de troca e não de compra e venda. Deve ser previsto o pagamento em moeda corrente nacional, jáque o Direito Brasileiro só admite o pagamento de uma compra e venda em moeda estrangeira quando se trata de importação ou exportação. 
- Vendas a contento: A execução do contrato pode estar subordinada ao implemento de uma condição. Exemplo, condicionar a venda à aprovação do comprador quanto à qualidade do bem.
- Compra e venda, em relação à execução: pode ser imediata (as partes devem cumprir as obrigações assumidas logo após a conclusão do contrato), diferida (comprador e vendedor estabelecem uma data futura para o cumprimento das respectivas obrigações) ou continuada (têm-se as chamadas “vendas complexas”, onde a execução do contratado se desdobra em diversos atos, como, por exemplo, no contrato de fornecimento ou de assinatura).
- Responsabilidades das partes no contrato de compra e venda mercantil: o comprador tem a obrigação de pagar o preço e o vendedor, de entregar o produto no prazo. Se o comprador não cumpre sua parte no contrato, responde pelo valor devido além das perdas e danos ou da pena compensatória e demais encargos assumidos. Se o vendedor não cumpre o seu dever, o comprador somente terá o direito de indenização por perdas e danos.
- Responsabilidade do transporte no contrato de compra e venda mercantil: em princípio, cabe ao vendedor providenciar a entrega do produto no estabelecimento do comprador, contratando os serviços de transporte por sua conta e risco.
- Se uma empresa que revende roupas compra produtos de uma empresa Argentina e saca uma letra de câmbio no valor da compra, o vendedor pode receber a letra de câmbio como forma de pagamento, pois a letra de câmbio é um título de crédito que aperfeiçoa o contrato de compra e venda mercantil. 
- No caso anterior, se a empresa Argentina não entregar os produtos comprados, a empresa compradora só poderá ter direito à indenização por perdas e danos.
- Contratos intelectuais: agrupamento de contratos do interesse de empresários, relacionados com o chamado direitos intelectuais, isto é, com a propriedade industrial (como cessão de patentes, cessão de registro industrial, licença de uso de patente de invenção, licença de uso de marca e transferência de tecnologia) ou com o direito autoral (comercialização da marca).
- Registro dos contratos intelectuais: é feito no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).
- Cessão de direito industrial: pode ter por objeto uma patente (invenção ou modelo de utilidade) ou um registro industrial (desenho industrial ou marca). No caso da patente, o titular da patente transfere total ou parcialmente ao outro contratante os direitos relacionados na respectiva patente. Na cessão de registro industrial, o proprietário de registro de desenho industrial ou de marca transfere ao outro contratante total ou parcialmente os direitos, por ele titularizados, de exploração econômica com exclusividade daqueles bens.
- Se alguém saber da existência de um produto exclusivo que provavelmente deve ser patenteado e desejar fornecê-lo para o mercado de sua região, para conseguir comercializar o produto, o titular da patente deve transferir total ou parcialmente a esse alguém is direitos relacionados na respectiva patente. Se o produto ou a invenção não apresentar o desempenho prometido, o titular da patente pode responder por perdas e danos.
Aula 13 – Contratos Bancários
- Contratos bancários: grupos de contratos em que uma das partes é um banco ou uma instituição financeira. A função econômica do contrato deve estar relacionada ao exercício da atividade bancária deve configura ato de coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros). 
- Contrato bancário: é aquele que só pode ser praticado com um banco, e que configurariam infração à lei caso fossem praticados por pessoa física ou jurídica não autorizada a funcionar como instituição financeira.
- Crédito: matéria-prima do banco e produto por ele oferecido ao mercado.
- Atividade bancária: para ser exercida, deve ser autorizada pelo Bacen.
- Funções do Bacen: emitir moeda, executar os serviços do meio circulante, controlar o capital estrangeiro e realizar as operações de redesconto e empréstimos a instituições financeiras. Para os estrangeiros, a autorização é dada por Decreto do Presidente da República.
- Instituições financeiras: adotam sempre a forma de S/A e se submetem à regras específicas do Banco Central.
- Divisão das Operações bancárias, de acordo com a doutrina: Típicas (relacionadas com o crédito) ou atípicas (prestações de serviços acessórios aos clientes, como a locação de cofres ou a custódia de valores).
- Operações típicas: se subdividem em passivas (banco assume a posição de devedor da obrigação principal) e ativas (banco assume a posição de credor da obrigação principal).
- Alguns dos tipos de contratos bancários: contrato de depósito bancário (abertura de uma conta), contrato de abertura de crédito (quando se obtém cheque especial), mandato ao banco (quando se autoriza débitos automáticos).
- Regra do sigilo bancário: visa proteger o direito às intimidades dos que contratam com bancos. 
- Exceções da regra do sigilo bancário: no caso de investigações de crime em qualquer fase do inquérito ou processo judicial; por ordem do Poder Judiciário; por Ordem do Poder Legislativo, por requisição de autoridade fiscal, por requisição do Bacen ou CVM; e por requisição do Conselho Administrativo de Defesa Econômica. 
- Contratos bancários de operações passivas: contratos bancários onde o banco tem a função de captação de recursos de que necessita para o desenvolvimento de sua atividade, ele se torna devedor.
- Principais contratos bancários de operações passivas: depósito bancário, a conta corrente bancária e a aplicação financeira.
- Depósito Bancário: contrato bancário pelo qual o depositante entrega valores monetários a um banco, e este se obriga a restituí-los quando solicitados. É o mais banal contrato bancário. A entrega e a restituição dos recursos monetários são registradas em conta corrente e o cheque é um dos instrumentos de solicitação de restituição dos recursos depositados.
- Depósito bancário: Contrato real (só se completa com a entrega do dinheiro para o banco). Se extingue pela falta de movimentação pelo prazo de 30 anos, prazo em que o banco deve recolher ao Tesouro Nacional os recursos existentes na conta do depositante.
- Conta corrente: contrato em que o banco se obriga a receber valores entregues por correntistas ou por terceiros e proceder a pagamentos por ordem do mesmo correntista, utilizando-se desses recursos. É semelhante ao depósito bancário, já que o banco tem o dever de restituir os recursos mantidos em conta corrente quando o correntista solicitar.
- Conta corrente: contrato consensual (pode ser celebrado sem que o correntista entregue, de início, qualquer dinheiro ao banco ficando a conta a ser dotada por recursos pagos por terceiros devedores daquele).
- Aplicação financeira: contrato pelo qual o depositante autoriza o banco a empregar, em determinados mercados de capitais (ações, títulos da dívida pública e outros) o dinheiro mantido em conta de depósito. São os chamados fundos de investimentos.
- Contratos bancários de operações ativas: contratos bancários em que o banco assume, quanto à obrigação principal, a posição de credor. Por meio deles, o banco concede crédito aos seus clientes com os recursos coletados junto a outros clientes.
- Principais contratos bancários de operações ativas: mútuo bancário, abertura de crédito e crédito documentário.
- Mútuo bancário: contrato pelo qual o banco empresta ao cliente certa quantia em dinheiro. 
- A partir da entrega do dinheiro ao mutuário, este assume as obrigações: restituir o valor emprestado com a correção prevista, pagar os juros, encargos e demais taxas constantes no contrato, e amortizar o valor emprestado nos prazos estabelecidos contratualmente.
- Mútuo bancário: contrato unilateral (o banco não assume nenhuma obrigação perante o mutuário).- Abertura de crédito: contrato pelo qual o banco põe certa quantia de dinheiro à disposição do cliente, que pode ou não utilizar desses recursos. É o chamado “cheque especial”.
- Crédito documentário: contrato definido pela obrigação assumida por um banco, perante o seu cliente, no sentido de proceder a pagamentos em favor de terceiros, contra a apresentação de documentos relacionados a negócio realizado por estes dois últimos.
- Se o gerente de uma empresa precisa reformar seu estabelecimento e pede ao Banco do Brasil um empréstimo, essa relação bancária é do tipo mútuo bancário. É uma atividade bancária ativa onde o banco é o credor.
- Contratos bancários impróprios: os principais doutrinadores divergem sobre a necessidade ou não da participação de uma instituição financeira devidamente autorizada a funcionar pelas autoridades monetárias.
- Principais contratos bancários impróprios: alienação fiduciária em garantia, faturização, arrendamento mercantil e cartão de crédito.
- Alienação fiduciária: negócio em que uma das partes, proprietária de um bem, aliena-o em confiança para a outra, a qual se obriga a devolver-lhe a propriedade do mesmo bem nas hipóteses previstas em contrato.
- Faturização: contrato pelo qual uma instituição financeira se obrig a cobrar os devedores de um empresário, prestando a este os serviços de administração de crédito. 
- Arrendamento mercantil: locação caracterizada pela faculdade conferida ao locatário de, ao seu término, optar pela compra do bem locado.
- Cartão de crédito: instituição financeira (emissora) se obriga perante a uma pessoa física ou jurídica (titular), a pagar o crédito concedido a esta por um terceiro empresário credenciado por aquela (fornecedor).
- Cartão de crédito: contrato bancário, pois a emissora financia tanto o titular como o fornecedor.
- Cartão de crédito: forma imediata de crédito, já que cedo ou tarde, a despesa terá de ser paga, em espécie ou em cheque.
Aula 14 – Direito falimentar
- Falência: ato de decretar o fim de alguma atividade, como de uma empresa, de uma sociedade, de um império, etc.
- Falência técnica de uma empresa: quando o passivo (dívidas) é superior ao ativo (patrimônio) – quando a situação líquida é negativa.
- Insolvência: quando a falência se dá com uma pessoa física.
- Falência: procedimento judicial a que está sujeita a empresa mercantil devedora, que não paga obrigações líquidas na data de seu vencimento. Consiste na execução coletiva de seus bens. Tem por objetivo a venda forçada do patrimônio disponível, a verificação dos créditos, a liquidação do ativo e a solução do passivo.
- Pontos principais da Lei 2024/1908 (do Direito Falimentar Brasileiro): impontualidade como característica da falência; conceituação de crimes falimentares; enumeração das obrigações cujo inadimplemente demonstrava a falência.
- Diferenças entre a concordata e a recuperação judicial: a Concordata era um direito de todo empresário, independente de sua recuperação econômica ou não enquanto a recuperação judicial é um direito só dos empresários que possuem chance de recuperação econômica; a concordata só produzia efeitos em relação aos credores simples enquanto a recuperação judicial sujeita todos os credores, exceto os fiscais; na concordata o sacrifício imposto aos credores já era definido na lei e era um pedido feito por opção do devedor, enquanto que na recuperação judicial o sacrifício, se houver, deve ser limitado ao plano de recuperação, sem qualquer limitação legal, e deve ser aprovada por todas as classes de credores.
- Princípios básicos da nova Lei de Falências (11101/2005): preservação da empresa (empresa deve ser preservada sempre que possível, pois gera riqueza econômica e cria emprego e renda, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento social do país); separação dos conceitos de empresa e de empresário (a empresa é o conjunto de capital e trabalho para a produção de bens e serviços, e pode-se preservá-la, ainda que haja falência, desde que seja alienada a outro empresário ou sociedade que continue sua atividade em bases diferentes); recuperação das sociedades e empresários recuperáveis (sempre que possível, o Estado deve dar condições para que a empresa se recupere, estimulando assim a atividade empresarial); retirada do mercado de sociedades ou empresários não recuperáveis (caso haja problemas crônicos na atividade ou na administração da empresa de modo que inviabilize sua recuperação, o Estado deve promover, rápido e eficientemente, a sua retirada do mercado); e proteção aos trabalhadores (por terem como único e principal bem a sua força de trabalho, devem ser protegidos, ter preferência no recebimento de seus créditos na falência e na recuperação judicial e terem seus empregos preservados e novas oportunidades); redução do custo do crédito no Brasil (preservação das garantias e normas precisas sobre a ordem de classificação de créditos na falência); celeridade e eficiência dos processos judiciais (normais e procedimentos na falência e recuperação de empresas devem ser simples, reduzindo a burocracia); segurança jurídica (as normas relativas à falência e recuperação judicial devem ser claras e precisas); participação ativa dos credores (é desejável a participação dos credores no processo de falência); maximização do valor do ativo do falido (a lei deve estabelecer normas que assegure o máximo valor possível pelos ativos do falido, evitando a demora do processo e priorizando a venda da empresa em bloco, para evitar a perda dos bens intangíveis); e rigor na punição de crimes relacionados à falência e à recuperação judicial (é preciso punir os crimes falimentares, para evitar falências fraudulentas).
- De acordo com a Lei 11101/05 a recuperação judicial poderá ser requerida pelo devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de dois anos.
- De acordo com a Lei 11101/05, o plano de recuperação judicial deve conter: discriminação dos meios de recuperação a serem empregados e seu resumo; demonstração de sua viabilidade econômica; e laudo econômico financeiro e de avaliação de bens e ativos do devedor, subscrito por profissional habilitado ou empresa especializada.
- Princípio básico do Direito Falimentar: os credores do devedor que não possui condições de saldar, na totalidade, todas suas obrigações, devem receber um tratamento igualitário, dando-se aos que integram uma mesma categoria iguais chances de efetivação de seus créditos. 
- Alterações que ocorreram na lei e que indicam que o pedido de falência perdeu, em parte, a característica de medida coersiva utilizável na cobrança de dívida: o pedido de falência só é cabível se o valor da dívida em atraso for superior ao mínimo estabelecido em lei (40 salários mínimos); a simples apresentação do plano de recuperação, no prazo de contestação, impede a decretação da falência com base na impontualidade injustificada; amplia-se o prazo para a contestação, de 24 horas para 10 dias; a venda dos bens do falido pode ser feita desde logo e a venda dos bens perecíveis, sujeitos à desvalorização ou de conservação arriscada ou dispendiosa, pode ser feita antecipadamente. 
- Ordem de preferência para venda dos bens do falido, prevista em lei: alienação da empresa, com venda de seu estabelecimento em bloco ou isoladamente; alienação em bloco dos bens que integram o estabelecimento; e alienação parcelada ou individual dos bens.
- De acordo com a Lei 11101/05: o administrador judicial, tanto na falência quanto na recuperação judicial, deve fornecer com presteza todas as informações pedidas pelos credores interessados; a Pessoa Jurídica pode ser nomeada administrador; Durante o processo de falência, cabe ao administrador judicial, sob a fiscalização do juiz, examinar a escrituração do devedor; Dentre as atribuições do comitê de credores, no processo de recuperação judicial ou falência da empresa, está a de fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial.

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