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MATERIAL DIDÁTICO DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS – USO DO QFD U N I V E R S I DA D E CANDIDO MENDES CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 Impressão e Editoração 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br SUMÁRIO UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................. 03 UNIDADE 2 – O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS ........................ 06 UNIDADE 3 – A GESTÃO DO PORTFÓLIO .......................................................... 11 3.1 Processos de desenvolvimento de novos produtos .......................................... 15 UNIDADE 4 – MÉTODOS E FERRAMENTAS PARA DESENVOLVER NOVOS PRODUTOS ............................................................................................................ 20 UNIDADE 5 – DESDOBRAMENTO DA FUNÇÃO QUALIDADE – QFD ............... 22 5.1 Definição e estrutura ......................................................................................... 23 5.2 QFD das quatro fases ....................................................................................... 25 5.3 QFD estendido .................................................................................................. 28 5.4 QFD das quatro ênfases ................................................................................... 34 5.5 Matriz das matrizes ........................................................................................... 43 5.6 Benefícios do QFD ............................................................................................ 50 UNIDADE 6 – APLICAÇÕES DO QFD ................................................................... 56 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 58 3 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO Atualmente, a velocidade das informações e as novas tecnologias estabeleceram um ambiente globalizado de alta concorrência, onde preço, prazo, qualidade e flexibilidade precisam ser atendidos. As empresas devem trabalhar continuamente para que o cliente esteja satisfeito e volte a comprar o seu produto. Neste ambiente, as pessoas ganham maior importância, pois precisam ser atendidas rapidamente, com o produto certo. Assim, o gerenciamento orientado para o cliente é a solução para a sobrevivência das empresas no mercado. A qualidade e a satisfação do cliente são pontos essenciais, e, neste sentido, é preciso entender o que é um cliente. Um cliente não é alguém a ser contestado; pelo contrário, ele deve ser encarado como parceiro. O cliente é uma pessoa que traz suas necessidades. E o trabalho da organização é lidar com ele, e fornecer lucro, tanto para o cliente quanto para a empresa (SONDA; RIBEIRO; ECHEVESTE, 2000). A atenção a consumidores e clientes no processo de Gestão da Qualidade encontrou no QFD sua forma mais adequada de implantação, tanto em termos conceituais quanto operacionais (principalmente este último). Agregada à Análise de Valor, essa estratégia pode definir tanto o que o cliente quer como o que ele considera realmente importante. O desdobramento da função qualidade (QFD) é um método estruturado no qual as exigências do consumidor são traduzidas em especificações técnicas apropriadas para cada estágio do desenvolvimento do serviço e do processo produtivo. O processo QFD é usualmente entendido como a percepção e o entendimento da voz do consumidor. O QFD já se encontra bem documentado na literatura da área da qualidade, principalmente pela disponibilidade de textos pioneiros como os de Akao (1996 e outros) e Clausing (1993 e outros). Foi exatamente Akao, aliás, quem propôs a divisão operacional do QFD em duas etapas. 1. Fase de projeto – envolve atividades que procuram traduzir as características da qualidade determinadas por clientes e consumidores em itens de operação de produtos e serviços. Essa fase gera três processos interativos: Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 4 (1) do ambiente externo para a fábrica (fluxo de informações relativas ao mercado migra para a organização); (2) do ambiente de projeto para a área operacional da empresa (decisões para viabilizar itens operacionais de produtos e serviços); e, por fim, (3) considerando-se todos os ambientes, avalia-se se as características foram efetivamente obtidas. 2. Fase de garantia da qualidade – envolve atividades que visam garantir o repasse, para produtos e serviços, de especificidades determinadas por clientes e consumidores. Essa fase amplia o emprego do QFD para toda a organização, já que requer a análise de todas as atividades que, de algum modo, possam influenciar produtos e serviços, independentemente de por quem, como, onde ou por que elas são executadas. É interessante observar que essas etapas tornam o QFD uma estratégia que transcende o simples esforço pela qualidade. De fato, nota-se um direcionamento de toda a organização para o mercado – o que se revela uma decisão estratégica de amplo alcance. O QFD trabalha com elementos vitais para a organização, como o cliente (que inicia o processo ao definir o que é qualidade em determinados produtos e serviços, segundo sua visão), uma estrutura de operação (o QFD é, antes de tudo, um processo de implantação que utiliza uma sequência lógica de operação, com atividades bem definidas e esquematizadas) e as próprias funções da empresa, para as quais se requer uma forma de atender, plenamente, características específicas de demanda. O QFD envolve ferramentas próprias em seu processo de implantação. As mais conhecidas são as que trabalham com coleta e análise preliminar de dados de mercado e as matrizes de processamento dessas informações – que transformam itens de demanda em elementos da qualidade de projeto ou qualidade de conformação. O QFD trouxe vantagens para a Gestão da Qualidade por ser uma nova filosofia de trabalho (prioridade aos clientes), uma nova metodologia para organizar Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 5 e analisar dados de mercado e estratégias e ferramentas – caso, por exemplo, da conhecida “Casa da Qualidade”. As restrições a seu uso apontam mais para uma possível complexidade na utilização das matrizes de tratamento das informações, na necessidade de estimar muitos parâmetros e no emprego de modelos subjetivos de avaliação de posições de mercado. O emprego de algumas técnicas específicas pode minimizar essas restrições. O uso de lógica difusa para determinar parâmetros da matriz básica da casa da qualidade, por exemplo, parece ser uma estratégia promissora na área. O QFD, porém, sofre dos mesmos problemas usuais da área de projeto, que envolve a histórica dificuldade de o consumidor expressar corretamente o que deseja e da empresa entender o que ele está dizendo. A Análise de Valor, por sua vez, é uma metodologia que pode ser vista como um complemento ao QFD. De fato,se o QFD identifica características de demanda e as transforma em características de produtos e serviços, a Análise de Valor confere a elas um nível de prioridade e de atenção. A metodologia da Análise de Valor, quando aplicada à Gestão da Qualidade, investe principalmente na adequação. As informações por si só mostram a importância de um estudo direcionado para o QFD, portanto, vamos ao trabalho! Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 6 UNIDADE 2 – O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS Atualmente, é notória a necessidade das empresas de desenvolver produtos que não somente venham a atender às necessidades do segmento de mercado a que se destinam, mas também que venham a fazer frente à concorrência. Essa necessidade pode ser relacionada ao desempenho e rentabilidade organizacional em função de forças competitivas, tais como a ameaça de novos concorrentes e a concorrência acirrada entre os competidores, ameaças de produtos substitutos e poder de decisão dos clientes (MIGUEL, 2008). Hoje em dia, as frequentes mudanças do mercado incluem fatores como a introdução de novos produtos e a variabilidade desses produtos em termos tecnológicos ou mercadológicos. No entanto, somente a mera introdução de novos produtos no mercado não é suficiente. Para destacar essa afirmativa, pesquisas mostram que uma grande parte dos produtos lançados no mercado dos países desenvolvidos fracassou; para cada 100 ideias de produtos, somente 4 obtiveram o sucesso esperado, ou seja, uma taxa de 1 sucesso para cada 25 ideias. Nesse sentido, um dos fatores de sucesso essenciais na introdução de novos produtos está relacionado à eficácia no oferecimento de produtos no mercado. Embora essa possa ser considerada uma condição necessária, não é suficiente, pois, além disso, é preciso que haja um meio adequado, interno às empresas, que propicie tal eficácia de forma eficiente, ou seja, de modo mais rápido, com menor consumo de recursos e com custos reduzidos. Isso significa, então, desenvolver os produtos corretos e desenvolvê-los corretamente. Dessa forma, as empresas devem considerar um processo organizacional adequado para o desenvolvimento de novos produtos, esse processo é, geralmente, obtido por meio de uma estrutura de desenvolvimento, caracterizada como um mapa, um modelo ou um processo conceitual para guiar o projeto de um novo produto, desde o estágio de geração da ideia até o lançamento no mercado. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 7 Desenvolver um produto consiste então em um processo pelo qual uma empresa transforma as oportunidades de mercado aliadas às possibilidades técnicas em dados para a produção e a oferta de um produto comercial. Adicionalmente à estrutura de desenvolvimento, uma extensa quantidade de atividades e tarefas deve ser conduzida, desde a concepção inicial do produto até seu lançamento no mercado. Para dar suporte a essas atividades, diversos métodos e técnicas têm sido sugeridos. Assim sendo, o desenvolvimento de produtos pode ser sintetizado por três vertentes principais: a) uma carteira de desenvolvimento de novos produtos, também denominada portfólio de produtos em desenvolvimento; b) um processo estruturado de desenvolvimento de produtos, também chamado de modelo de referência para desenvolver novos produtos, com fases, estágios e pontos de decisão, incluindo as atividades típicas de desenvolvimento; e, c) um conjunto de diferentes métodos e técnicas que podem ser empregados durante o desenvolvimento de um novo produto. Dentre os diversos benefícios decorrentes do desenvolvimento de novos produtos, Clark e Wheelwright (1993) enfatizam a melhoria no posicionamento mercadológico e a renovação ou melhoria organizacional. Para alcançar esses benefícios, uma organização necessita gerir seu desenvolvimento de produtos de forma eficaz e eficiente. No entanto, o contorno sobre o que compreende a gestão de desenvolvimento de produtos não é simples de ser delineado. A gestão de desenvolvimento de produtos é um campo vasto de conhecimento que pode ser visto sob diferentes ângulos, como apontado por Cheng (2000). Esse sistema constitui-se de uma série de processos, cujas atividades podem ser estruturadas em três dimensões principais: 1. avaliação do desenvolvimento de produtos (que engloba a avaliação de desempenho e a identificação dos fatores contribuintes de sucesso no desenvolvimento de novos produtos); Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 8 2. estratégica – empresa ou projeto (nos níveis do processo de desenvolvimento e da organização para o desenvolvimento); e, 3. operacional – projeto (nos níveis do processo de desenvolvimento e organização do grupo de desenvolvimento) (CHENG, 2000). Basicamente, essas três dimensões podem ser agrupadas nos níveis estratégico e organizacional. Conforme Cooper (1993), existem, na verdade, dois caminhos a serem seguidos por uma empresa para que consiga alcançar sucesso no desenvolvimento de novos produtos: desenvolver os projetos certos e também desenvolvê-los corretamente. O primeiro está relacionado a um nível estratégico (seleção dos projetos a serem desenvolvidos) e o segundo a um nível operacional no processo de desenvolvimento de produtos (maneira pela qual esses projetos serão desenvolvidos). A figura abaixo ilustra esses dois caminhos e ambos estão sob a ótica do que se compreende por gestão de desenvolvimento de produtos. Na verdade, a gestão de desenvolvimento de produtos é relativamente complexa devido a sua natureza dinâmica e de interação com as demais atividades de uma organização (MIGUEL, 2008). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 9 Gestão do Portfólio e do desenvolvimento de produtos Fonte: Adaptado de Cooper et al. (1998). O nível estratégico compreende o alinhamento das metas e objetivos da empresa, considerando as particularidades do seu negócio com o conjunto de projetos em desenvolvimento, relacionando esse conjunto com a capacidadede desenvolvimento da organização. Além disso, é também uma tentativa constante de articular as necessidades do mercado com as competências tecnológicas e organizacionais, permitindo continuidade no negócio da empresa (CHENG, 2000). Nesse caso, o termo que é geralmente empregado na literatura é gestão de portfólio (ver MEYER, 1997; COOPER et al., 1997a, 1997b, 2000 apud MIGUEL, 2008), no sentido de existir uma preocupação nas empresas em gerir o conjunto de projetos que deve ser desenvolvido. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 10 O nível organizacional é voltado para a condução dos projetos específicos, ou seja, é responsável pelo desenvolvimento propriamente dito, conduzindo e gerenciando o projeto do produto. Esse nível concentra esforços no processo em si e também na utilização de métodos e ferramentas que deem suporte a este processo, visando a sua organização. Nesse sentido, existem diversos modelos de desenvolvimento que buscam a condução desse processo, destacando-se dentre eles a estrutura do funil de Clark e Wheelwright (1993) e a estrutura genérica do stage-gate, proposta por Cooper (1993). Outras variantes também podem ser encontradas na literatura, como, por exemplo em Duncan (1996). (MIGUEL, 2008). Mais à frente falaremos desses processos de desenvolvimento. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 11 UNIDADE 3 – A GESTÃO DO PORTFÓLIO De acordo com Cooper et al. (1998), a gestão do portfólio é um processo de decisão dinâmico, pelo qual um conjunto de novos projetos de produtos é constantemente atualizado e revisado. Nesse processo, novos projetos são avaliados, selecionados, e priorizados. São verificados aqueles projetos que estrategicamente são vitais para serem executados, seja pelo aspecto tecnológico ou mercadológico (ver lado esquerdo na ilustração anterior - Gestão do Portfólio e do desenvolvimento de produtos). O processo de decisão de portfólio engloba uma série de outros processos de tomada de decisão. Inclui revisões periódicas do portfólio de todos os projetos, ou seja, visualiza-se todo o conjunto de projetos, comparando os projetos entre si. Também se tomam decisões do tipo siga/interrompa para projetos individuais, além de desenvolver uma nova estratégia de produtos para o negócio, completada pela decisão de alocação estratégica de recursos (COOPER et al., 1998). Nesse contexto, Cheng (2000) estabelece três objetivos para a gestão de portfólio: a) alinhamento estratégico dos projetos de desenvolvimento com a estratégia do negócio (CLARK; WHEELWRIGHT, 1993; COOPER et al., 1998); b) maximização do valor do portfólio levando em consideração os recursos disponíveis (COOPER et al., 1998); e, c) balanceamento entre projetos sob critérios diversos (COOPER et al., 1998). É importante destacar que existem diferenças entre os processos de desenvolvimento de novos produtos no que tange à extensão tanto para o produto quanto para o processo. Nesse sentido, Clark e Wheelwright (1993) classificam os projetos conforme mostrado abaixo: Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 12 Tipos de projetos de desenvolvimento Fonte: Clarck; WheelWright, 1993 apud MIGUEL, 2008, p. 36) Vale a pena destacar os projetos tipo plataforma e os derivativos mostrados acima. Os projetos derivativos, híbridos ou melhorias são também denominados projetos de sustentação, que variam desde versões de custo reduzido de um produto existente até projetos de melhoria de um processo de produção existente. Como sugerido pelo posicionamento desse tipo de projeto na figura, tais projetos incluem mudanças incrementais no produto com pouca ou Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 13 nenhuma alteração de processo, mudanças incrementais de processo com pouca ou nenhuma alteração do produto, ou produtos que envolvem mudança de projeto e de processo não significativas. Esses projetos geralmente requerem muito menos recursos do que projetos que trazem avanços significativos, pois eles simplesmente melhoram produtos ou processos existentes através de uma extensão na sua aplicação. Os projetos plataforma representando um novo “sistema” de solução para os clientes envolvem mudanças significativas tanto no processo de fabricação quanto no produto, ou em ambos. Eles fornecem uma base para uma família de produtos ou processos, cuja evolução levantará esses produtos e processos a outro patamar por muitos anos, e requerem significativamente mais recursos comparativamente aos projetos derivativos ou incrementais. Quando esses projetos são cuidadosamente planejados e executados, fornecem uma base significativa em termos de volume e produção e uma melhoria fundamental nos custos, qualidade e desempenho comparativamente com a geração anterior. Por essa razão eles são frequentemente referidos como “próxima geração”. Além desses dois tipos (plataforma e derivativos), os projetos de ruptura ou radicais estabelecem um novo núcleo de produtos e processos. Eles podem criar uma nova categoria de produtos nos negócios da organização ou encabeçar a entrada da organização em um novo negócio. A maior parte do foco em tais tipos de projetos está no produto, pois, frequentemente, representa uma nova aplicação ou nova função e depende, para seu sucesso, de atrair e satisfazer novos clientes. Os projetos de parceria representam um modo de condução de projeto diferente de extensas alterações de produto ou processo. Na verdade, qualquer projeto pode ser feito utilizando-se de parceria, ou seja, a organização pode formar uma aliança ou criar uma parceria com outra organização para conduzir pesquisa ou desenvolvimento avançado, para desenvolver um novo conceito de produto ou simplesmente ampliar uma linha de Produtos. Ao invés de se utilizar somente dos recursos próprios da organização, a empresa parceira frequentemente fornece recursos únicos e/ou significativos (às vezes, todos os recursos), podendo até gerenciar a execução do projeto. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 14 Os projetos de desenvolvimento devem ser escolhidos de acordo com as estratégias e pela disponibilidade de recursos que a empresa possui (MARSON, 2003). Assim, é importante classificar o tipo de projeto (por exemplo, do tipo plataforma ou derivativo) e analisar, estrategicamente, o quanto o desenvolvimento proposto é novo para a empresa, conforme ilustração abaixo. Isso pode significar a busca de competência necessária para o desenvolvimento (como no caso de um projeto de parceria) podendo, como citado anteriormente,implicar em um projeto do tipo plataforma ou derivativo. Classificação de projeto conforme o grau de novidade para a empresa e para o mercado Fonte: Griffin; Page, 1996 apud MIGUEL (2008, p. 38). As diferenças entre os desenvolvimentos de novos produtos mostrados acima implicam em maior ou menor competência da organização em desenvolvê-los e também no consumo de recursos para a(s) equipe(s) de desenvolvimento. A empresa necessita, portanto, definir sua estratégia de desenvolvimento de novos produtos a partir da estratégia de negócio da organização, tendo a necessidade de definir qual o nicho de mercado que a plataforma pretende atingir (MEYER, 1997 apud MIGUEL, 2008). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 15 Em suma, a prática de gestão de portfólio envolve a decisão sobre quais projetos devem ser acrescentados à carteira ativa de projetos de uma empresa, definição do projeto e seus objetivos, prazos e recursos necessários. Uma vez feita a análise do conjunto dos projetos a ser desenvolvido, a atenção é voltada para o desenvolvimento de cada projeto individualmente (lado direito da primeira ilustração - Gestão do Portfólio e do desenvolvimento de produtos). A fim de que isso efetivamente ocorra, geralmente as empresas adotam processos estruturados para desenvolver novos produtos. 3.1 Processos de desenvolvimento de novos produtos Grande parte da literatura dedicada à gestão de desenvolvimento de produtos é voltada para aspectos relacionados aos processos de desenvolvimento de novos produtos, ou seja, concentra-se no nível operacional. Além disso, é relatado por Griffin (1997) que as empresas com melhores práticas têm utilizado um processo formal para servir como guia aos seus processos de desenvolvimento de produto. Geralmente, este processo de desenvolvimento considera a seguinte sequência: geração de ideia, investigação, desenvolvimento do projeto, produção e lançamento. A literatura apresenta vários exemplos destes processos de desenvolvimento de novos produtos. O funil de desenvolvimento (development funnel) trata de modo integrado das atividades básicas do desenvolvimento de produto (FONSECA; ANDERY, 2001), permitindo gerar e revisar alternativas, observar a sequência de decisões críticas e avaliar natureza da tomada de decisões (CLARK; WHEELWRIGHT, 1993). A forma de funil ocorre justamente porque existe um processo de tomada de decisões que reduz o número de opções disponíveis na atividade de projeto (FONSECA; ANDERY, 2001). O processo consiste de quatro estágios compreendidos por Clark; Wheelwright (1993): conceito e desenvolvimento, planejamento do produto, Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 16 engenharia do processo e produto, produção piloto e aumento de produção (ramp- up). Essa estrutura está ilustrada abaixo. Funil de desenvolvimento de produtos Conforme pode ser observado, as ideias estão localizadas na boca do funil e, à medida que são selecionadas, avançam em direção ao desenvolvimento, após a tomada de decisão nesse sentido. Na realidade, o surgimento das ideias e o avanço em direção ao (funil de) desenvolvimento são, geralmente, impulsionados pelo mercado e pela tecnologia. Do lado do mercado, as ideias são puxadas pelas demandas de atendimento a determinado segmento de mercado ou pela necessidade gerada pelos competidores, enquanto a tecnologia também pode impulsionar as ideias em função da sua disponibilidade e viabilidade sob o ponto de vista comercial. Uma vez decidido dado desenvolvimento, essas ideias tornam-se projetos para serem desenvolvidos e vão avançando à medida que se executam as atividades relacionadas ao desenvolvimento, considerando os dados técnicos e mercadológicos, a partir das três dimensões de custo do produto, tempo para desenvolver o produto e desempenho do produto (ROSENAU, s.d. apud PHILLIPS Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 17 et al., 1999 apud MIGUEL, 2008). Para exemplificar, dentre as empresas que implantaram o funil de desenvolvimento estão a Natura (NASCIMENTO; MARX, 2001) e a Sandvik (SANTOS; PASCHOARELLI,1998). De forma análoga ao processo do funil, Duncan (1996 apud MIGUEL, 2008) apresenta quatro estágios similares, porém acrescentando um estágio “zero” denominado “exploração”. A existência desse estágio também é relevante, na medida em que uma grande atenção deve ser dada aos estágios iniciais de pré- desenvolvimento, em função de que a complexidade envolvida no desenvolvimento de produto tende a aumentar à medida que o desenvolvimento avança (GRIFFIN, 1997). Assim, a centralização de esforços nas fases iniciais, sem dúvida, trará benefícios em termos de alcançar um desenvolvimento mais eficaz (atingir o que é esperado, ou seja, alcançar o sucesso técnico e comercial) e mais eficientemente (atingir os resultados esperados de uma forma mais otimizada possível) (MIGUEL, 2008). Nesse sentido, a proposta colocada por Cooper (1993) é uma abordagem de processo útil e interessante. O autor apresenta uma estrutura denominada genericamente de stage-gate, como sendo uma abordagem que divide o processo de desenvolvimento em estágios discretos e identificáveis, tipicamente, quatro, cinco ou seis estágios. Cada um dos estágios é desenvolvido para obter as informações para que o projeto possa progredir para o estágio seguinte, antes passando por um ponto de decisão denominado de gate, que precede cada estágio. De acordo com Cooper (1993), os gates servem como pontos de verificação de controle da qualidade, atuando como pontos de decisão se o projeto continua ou deve ser suspenso ou cancelado. Os gates são predefinidos e especificam um conjunto de atividades a ser cumprido para o estágio em análise, utilizando uma série de critérios ou outputs. Geralmente, a avaliação nos gates é conduzida por gerentes seniores ou por um comitê de projetos. Abaixo temos o fluxo para uma abordagem genérica do stage-gate: Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 18 Fonte: Cooper (1993 apud MIGUEL, 2008). Os estágios de desenvolvimento são os seguintes (COOPER, 1993): investigação preliminar – uma rápida investigação e verificação do escopo do projeto; investigação detalhada – investigação em mais detalhes, podendo conduzir à elaboração de um plano de negócios, incluindo definição e justificativa do projeto e também um plano de projeto; desenvolvimento – atividade de projeto e desenvolvimento do produto propriamente dita, que compreende a definição das especificações do produto e do processo e construção dos protótipos, bem como especificação dos meios de controle e determinação dos custos; validação e teste – testes em laboratório, na própria planta industrial ou no mercado, para verificar e validar o novo produto proposto, sua produção e marketing; Produção elançamento – início da produção, marketing e comercialização do produto. Como já citado, melhores práticas para desenvolvimento de produto podem ser apoiadas pela implementação da abordagem do stage-gate (GRIFFIN, 1997). Para citar como exemplo, as seguintes empresas implantaram o stage-gate e suas variantes (PHILLIPS et al., 1999 apud MIGUEL, 2008): Bombardier Aerospace Group, Kodak, General Electric, Lucas Industries plc, Rolls-Royce plc e Motorola. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 19 Os autores fazem uma comparação entre os processos de stage-gate dessas organizações a partir da proposição de um stage-gate genérico com quatro estágios. O trabalho conclui que, apesar de serem diferenciados em alguns detalhes, os processos das empresas seguem a proposição do stage-gate genérico. Embora o conteúdo do trabalho não permita uma conclusão mais incisiva, os autores (PHILLIPS et al, 1999 apud MIGUEL, 2008) afirmam que empresas que trabalham com estrutura matricial multifuncional tendem a ser mais próximas da estrutura genérica que considera quatro estágios de desenvolvimento, enquanto que as organizações com estrutura de desenvolvimento mais funcional tendem a utilizar uma quantidade maior de estágios com revisões formais periódicas dentro dos estágios. Miguel (2008) cita como modelo de referência para o desenvolvimento de novos produtos, um trabalho importante, recentemente publicado na forma de livro, de Rozenfeld et al. (2006 apud MIGUEL, 2008). Nessa obra, os autores apresentam um modelo detalhado para o desenvolvimento de novos produtos, baseado em três macroprocessos (pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pós-desenvolvimento) e respectivos estágios, atividades e ferramentas utilizadas nesse processo. A figura abaixo ilustra esse processo. A obra de Rozenfeld et al. (2006 apud MIGUEL, 2008) cobre uma importante lacuna para a área de desenvolvimento de produtos, enquanto que o presente livro busca complementar esses e outros trabalhos anteriores no sentido de apresentar uma aplicação prática relacionada ao desenvolvimento de novos produtos. Fonte: Miguel (2008). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 20 UNIDADE 4 – MÉTODOS E FERRAMENTAS PARA DESENVOLVER NOVOS PRODUTOS A realização de cada um dos estágios de desenvolvimento, tomando o stage-gate como referência, envolve a aplicação de métodos e técnicas apropriados, que dependem do setor industrial e do negócio da organização. Vamos apresentar alguns métodos e técnicas usados no desenvolvimento de novos produtos, destacando adiante o desdobramento da função qualidade (QFD), método este que proporciona o suporte ao desenvolvimento de novos produtos em muitas empresas. Diversos métodos e técnicas têm sido utilizados no desenvolvimento de novos produtos, tais como mapas de preferência, sistemas CAD / CAM / CAE (computer aided design / computer aided manufacturing / computer aided engineering, respectivamente, projeto auxiliado por computador, manufatura auxiliada por computador e engenharia auxiliada por computador), DFM / DFA (design for manufacturing / design for assembly, respectivamente, projeto para a manufatura e projeto para a montagem), QFD (quality function deployment ou desdobramento da função qualidade), DOE (design of experiments ou planejamento de experimentos), FTA (fault tree analysis ou árvore de análise de falhas), FMEA (failure mode and effects analysis ou análise dos modos de falhas e seus efeitos), VE/VA (value engineering / value analysis, respectivamente, engenharia de valor e análise de valor), dentre outros. A seguir, temos uma breve descrição de alguns métodos e técnicas utilizados no processo de desenvolvimento de produto e suas respectivas definições. DFM/DFA – métodos que levam em consideração a função, forma, material, fabricação e a montagem de cada componente de modo a desenvolver um produto funcional simples, minimizando os custos do produto em relação à manufatura e à montagem; DOE – consiste numa série de ferramentas estatísticas voltadas para o planejamento e avaliação de experimentos; dentre as ferramentas podem ser citadas a análise de variância (ANOVA) e arranjos ortogonais. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 21 FMEA – método analítico para identificar e documentar de forma sistemática falhas em potencial, de maneira a eliminá-las ou reduzir a probabilidade de ocorrência. FTA – método analítico para identificar as possíveis razões e analisar possíveis falhas em sistemas componentes e processos. QFD – método para traduzir os requisitos dos clientes em especificações (características da qualidade) de um produto. VE/VA – método analítico para avaliar a distribuição dos custos por valor de cada função do produto/componente. Os métodos e técnicas mostrados acima podem ser aplicados em somente um determinado estágio de desenvolvimento de produto (tomando o processo do stage-gate como referência) ou em vários deles. Dentre os métodos que podem transitar pelos diversos estágios do processo de desenvolvimento está o QFD, que será detalhado a seguir por, dentre outros motivos, ser um método estruturado que acomoda um outro conjunto de técnicas dentro dele (CHENG, 2000). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 22 UNIDADE 5 – DESDOBRAMENTO DA FUNÇÃO QUALIDADE – QFD O QFD é uma ferramenta multifuncional que permite às organizações priorizarem as demandas dos consumidores, desenvolverem respostas inovadoras para suas necessidades, que são confiáveis e de custo efetivo. E, ainda, direcionar uma implementação bem sucedida, envolvendo todos os departamentos: marketing, pesquisa e desenvolvimento, produção, controle de qualidade, vendas e serviços, etc. (KING, 1987). Segundo Akao (1996), o QFD consiste em converter as demandas dos consumidores em características de qualidade e em desenvolver um projeto de qualidade para um produto acabado, desdobrando as relações entre demandas e características. Este desdobramento começa com a qualidade de cada componente funcional e se estende para a qualidade de cada parte ou processo. A qualidade total do produto será entendida através de uma rede de relações. Segundo Gustafsson e Johnson (1997 apud MIGUEL, 2008), o QFD é uma ferramenta que pode auxiliar as empresas a vencerem a lacuna que existe entre a satisfação do cliente e o desenvolvimento de qualidade em produtos e processos. O QFD auxilia as empresas a serem competitivas, na medida em que acelera o desenvolvimento do produto considerando explicitamente as demandas do cliente. Ouvir os clientes é essencial, no entanto, nem sempre é fácil traduzir para os produtos ou serviços os desejos dos consumidores, pois muitas vezes a linguagem utilizada não se adapta diretamente às especificaçõestécnicas. O QFD contribui para vencer essas dificuldades. Na realidade, o QFD é um método de gerenciamento interfuncional para auxiliar na garantia da qualidade de processos, produtos e serviços. Em relação à redução de custos, o QFD tem sua tônica no planejamento do processo, sendo assim, o produto final sai com pouca ou quase nenhuma chance de perda ou retrabalho face a problemas de projeto, pois decisões de mudança podem Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 23 ser realizadas ainda na fase de projeto, tendo uma forte ligação com o desenvolvimento das estratégias de marketing. 5.1 Definição e estrutura Dentre os métodos e técnicas aplicados no desenvolvimento de produtos, o QFD (Quality Function Deloyment ou Desdobramento da Função Qualidade) vem sendo utilizado como um método relevante na fase de concepção e desenvolvimento de produto. O método foi desenvolvido no Japão no final da década de 1960. Nos anos 1980, o QFD começou a ser utilizado nos Estados Unidos da América, chegando no Brasil na década de 1990. Desde então, é crescente a quantidade de empresas que vem utilizando o QFD (MIGUEL e CARPINETTI, 1999; MIGUEL, 2003), no desenvolvimento de uma ampla variedade de produtos, como por exemplo, produtos alimentícios, embalagens, produtos siderúrgicos, dentre outros (MIGUEL; CHENG, 2001). O QFD surgiu mais diretamente relacionado às atividades de planejamento da qualidade, somente mais tarde, passou a ser encarado como um método mais específico para o processo de desenvolvimento (AKAO, 1996). Tem sido relatado que empresas com melhores práticas tem utilizado processo formal de desenvolvimento de produtos (GRIFFIN, 1997). Vários modelos formais têm sido apresentados como alternativas. Dois desses modelos (vistos anteriormente) vêm sendo bastante utilizados (CHENG, 2000): a estrutura de funil com suas variantes (CLARK e WHEELWRIGHT, 1993) e a estrutura genérica de stage-gate (COOPER, 1993). Esses modelos formais estruturam o processo de desenvolvimento, estabelecendo um macro processo que considera etapas, atividades, responsabilidades e decisões. Em cada uma dessas etapas, são utilizados diversos métodos para operacionalizar o processo de desenvolvimento. Dentre as que auxiliam todo o processo de desenvolvimento está o QFD, em função de sua característica de estruturação e por acomodar um conjunto de técnicas dentro dele (CHENG, 2000). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 24 No entanto, apesar das atividades associadas ao QFD estarem relativamente bem definidas na literatura tradicional sobre o método (por exemplo, em AKAO, 1996; CHENG et al., 1995; MIZUNO e AKAO, 1994), surgem algumas lacunas de como o método deve-se inserir no processo de desenvolvimento. Isso significa que parte do método pode ser utilizado nas etapas iniciais de investigação preliminar, onde são necessários dados de entrada do mercado e clientes, sendo que outras partes devem ser desenvolvidas na etapa seguinte de investigação detalhada (tomando como base o modelo de COOPER, 1993), como por exemplo a primeira matriz de um conjunto de matrizes deve ser desenvolvida. Estudos de Cunha (1998 apud PEIXOTO, 1998) apontam que a evolução do QFD, a partir do trabalho original de Yoji Akao, levou ao surgimento de diferentes versões dessa metodologia. Tais versões são descritas na literatura nacional e internacional. Porém, dentre essas versões, quatro se destacam, conforme enumeradas abaixo: 1. o QFD das Quatro Fases, criado por Macabe e divulgado nos EUA por Don Clausing e pela American Supplier Institute (ASI); 2. o QFD-Estendido, criado por Don Clausing a partir da versão das Quatro Fases; 3. o QFD das Quatro Ênfases, criado principalmente pelos Professores Akao e Mizuno, a partir da Union of Japanese Scientists and Engineers (JUSE) (CHENG et al., 1995 e AKAO, 1996); e, 4. a versão da Matriz das Matrizes, criado por Bob King e divulgado pela Goal/QPC, que é uma extensão da versão das quatro ênfases (KING, 1989). Deve-se, porém, relatar que existe uma linha de pesquisa que extrapola o estudo das versões do QFD. Nessa linha, que se aplica a todas as versões, está-se pesquisando a aplicação de estatística e matemática para simplificar e racionalizar o processo de desdobramento, diminuindo o tempo consumido para sua execução (KHOO & HO, 1996). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 25 Entre os autores que exploram o uso de matemática aplicada ao QFD pode- se citar: KHOO & HO (1996), RAJALA & SAVOLAINEN (1996) e YEUNG & LAU (1997) todos citados por PEIXOTO, 1998. 5.2 QFD das quatro fases Segundo CHENG et al. (1995), esta versão foi desenvolvida por Macabe, que a ensinou para Clausing, que por sua vez a ensinou ao “pessoal” da American Suplier Institute (ASI). Na literatura, essa versão é descrita por vários autores, dentre eles: ABREU (1997), CHRISTENSEN et al. (1996), HAUSER & CLAUSING (1988), KIENITZ (1995), KOO & HO (1996), SIVALOGANATHAN & EVBUOMWAN (1997) e SULLIVAN (1986 apud PEIXOTO, 1998). A versão das Quatro Fases, ilustrada na sequência, como o próprio nome indica, é composta de quatro fases, conforme segue: 1. planejamento do produto; 2. planejamento de componentes ou desdobramento de componentes; 3. planejamento de processos; 4. planejamento de produção. Segundo Kienitz (1995), cada uma dessas fases se caracteriza por uma matriz que norteia as análises. Esta matriz deve ser complementada por atividades de suporte tais como FTA, FMEA, Engenharia e Análise de Valor, estudos de confiabilidade, listas de processos requeridos, listas de parâmetros de controle, etc. A primeira fase é a confecção da casa da qualidade ou matriz da qualidade. A segunda fase refere-se a elaboração da matriz de projeto, que é composta do cruzamento da tabela das características de qualidade (entrada) com a tabela de características dos componentes (saída). A tabela das características dos componentes contém as características que cada componente deve ter para atender Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 26 as características de qualidade. Nesta tabela também se estabelecem os valores (especificações) para as características dos componentes do novo produto. A terceira fase consiste da elaboração e análise da matriz de engenharia do processo produtivo, resultante do cruzamento da tabela de características dos componentes (entrada) com a tabela decisões de processo (saída). As decisões de processo são os parâmetros de cada processo. Como resultado dessa fase deve-se obter a parte menos detalhada do planejamento dos processos, que inclui a determinação das operações a serem executadas, a definição da sequência dessas operações e a definição dos parâmetros de controle desses processos (PEIXOTO, 1998). Versão QFD das quatro fases Fonte: Peixoto (1998, p. 49).Na quarta fase se dá a elaboração e análise da matriz do planejamento operacional da produção, constituída pelo cruzamento da tabela de decisões de processo (entrada) com a tabela de decisões operacionais (saída). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 27 Segundo Kienitz (1995), esta fase se ocupa da transferência das informações geradas durante o projeto para o “chão de fabrica”. Essa transferência, porém, é melhor entendida a partir do estudo de Musetti (1995). Através do trabalho deste autor, pode-se entender que a matriz de planejamento operacional da produção é utilizada para detalhar as operações necessárias para executar os processos projetados na matriz anterior. Esse detalhamento incluí atividades como especificar os dados organizacionais, determinar as sub-operações, determinar o ferramental, determinar máquinas e equipamentos, determinar as condições de trabalho e calcular os tempos de fabricação. A quarta matriz dessa versão, então, tem por produto os documentos de transmissão de informações, que serão gerados de acordo com o nível de detalhamento necessário ao produto e à empresa. É importante frisar que a matriz de projeto e a matriz de engenharia do processo produtivo são essencialmente semelhantes à casa da qualidade, embora alguns de seus elementos possam ser suprimidos pela equipe de QFD, no momento da adaptação do QFD às necessidades do produto e da empresa. (CLAUSING, 1993). Aliás, o QFD das Quatro Fases sempre deve ser inteiramente adaptado às condições do produto e da empresa, antes de se iniciar os desdobramentos (ABREU, 1997 e LOCKAMY III & KHURANA, 1995 apud PEIXOTO, 1998). Abreu (1997) descreve a seguinte sequência temporal e lógica de aplicação do QFD das Quatro Fases: 1. identificação e compreensão das necessidades dos clientes, aqui incluídos não só os consumidores ou usuários finais, como todos os outros tipos de clientes; 2. obtenção, junto ao cliente, da importância de cada requisito e da avaliação do desempenho do produto atual da empresa e dos principais produtos concorrentes; 3. extração das características técnicas do produto (características de qualidade) que atendem aos requisitos dos clientes. Aqui também está incluída a avaliação técnica do desempenho de cada característica de qualidade, tanto para o produto atual da empresa, quanto para os principais produtos concorrentes; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 28 4. extração das características técnicas dos componentes que atendem as características técnicas do produto. Aqui deve-se determinar, também, os valores das especificações dessas características técnicas; 5. identificação dos parâmetros do processo que devem ser controlados para a obtenção de componentes com as características técnicas (e seus respectivos valores) determinados no passo anterior; 6. definição das informações que devem ser passadas ao pessoal que fabrica, de forma a garantir a manutenção da qualidade projetada no decorrer da produção em série; 7. acompanhamento da produção inicial e definição das instruções de uso ao cliente final. A seguir, vai-se relacionar as sete etapas temporais de aplicação do QFD das Quatro Fases com as quatro fases que compõem essa metodologia: a) planejamento do produto – corresponde a execução das três primeiras etapas temporais; b) planejamento de componentes ou desdobramento de componentes – corresponde à quarta etapa temporal; c) planejamento de processos – corresponde à quinta etapa temporal; d) planejamento de produção – corresponde à sexta etapa temporal. A sétima etapa temporal não corresponde diretamente a nenhuma fase do QFD das Quatro Fases, mas é consequência de todo o processo de QFD (PEIXOTO, 1998). 5.3 QFD estendido Segundo Kienitz (1995) e Clausing (1993), essa versão (que também é descrita por CLAUSING & PUGH, 1991) foi criada por Don Clausing a partir da versão das Quatro Fases, sendo uma extensão da versão anterior, em dois sentidos: Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 29 1. inclusão da tomada de decisões sobre os diversos conceitos de produto possíveis durante o desenvolvimento do produto, através da utilização do processo de seleção de conceitos de Pugh (CLAUSING, 1993); 2. desdobramento do produto em diversos níveis de agregação (sistema total, sistema, subsistema e componentes). Dessa forma, segundo Kienitz (1995), o QFD-Estendido é a execução da versão das Quatro fases, acrescida da aplicação do processo de seleção de conceitos de Pugh e dos desdobramentos através dos diversos níveis de agregação do produto. O processo de seleção de conceitos de Pugh, aqui descrito de uma forma muito sucinta, é uma matriz cujas colunas são formadas pelas descrições dos diversos conceitos possíveis (um em cada coluna) e cujas linhas são formadas pelos critérios de seleção. Um dos conceitos é eleito como “padrão” e os demais são comparados a ele, critério por critério. Essa comparação é feita através de um sistema que utiliza os sinais + (mais) e - (menos) para indicar sua posição relativa ao padrão. Aquele que obtiver uma maior quantidade de + (mais) e uma menor quantidade de - (menos) é escolhido como melhor conceito e utilizado no novo produto. Este processo tem como função, dentro dessa versão, abrir para o QFD- Estendido a possibilidade de sua utilização no desenvolvimento de produtos que utilizam tecnologia dinâmica, o que, segundo Clausing (1993), não é possível com a versão das Quatro Fases. O conceito de tecnologia dinâmica é encontrado em Clausing (1993) e Kienitz (1995). O desdobramento do produto em diversos níveis de agregação foi feito através da inclusão de novas matrizes nas fases pertinentes. Assim, segundo Clausing & Pugh (1991), a estrutura do QFD-Estendido assumiu a seguinte forma: 1. o QFD-Estendido mantém quatro fases – planejamento do produto ou especificações, projeto, planejamento de processos e planejamento de produção; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 30 2. a fase de projeto desdobrou-se em três matrizes – matriz do projeto do sistema, matriz de projeto do subsistema e matriz de projeto das partes. Além disso, passou-se a incluir um processo de seleção de conceitos de Pugh antes de cada matriz; 3. a fase de engenharia do processo produtivo desdobrou-se em três matrizes: matriz de montabilidade do sistema, matriz de montabilidade do subsistema e matriz do processo das partes. Além disso, passou-se a incluir a verificação da montabilidade de cada nível do conceito selecionado; 4. a fase de planejamento de operação da produção foi desdobrada em três matrizes: matriz de montagem operacional do sistema, matriz de montagem operacional dos subsistemas e matriz de produção das partes. Modelo do QFD-Estendido Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.brTelefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 31 Fonte: Clausing e Pugh (1995 apud PEIXOTO, 1998). Pela figura acima, percebe-se que no QFD-Estendido, o desdobramento do produto é feito em duas dimensões. Horizontalmente, desdobra-se o produto de acordo com as fases do processo de desenvolvimento do produto. Verticalmente desdobra-se o produto em vários níveis de agregação. Porém, Clausing (1993), ao inserir o QFD-Estendido em sua metodologia de desenvolvimento de produtos quebrou a estrutura demonstrada, descrevendo o QFD-Estendido conforme segue: Modelo de execução do QFD-Estendido – descrito por Clausing Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 32 Fonte: Peixoto (1998, p. 54). 1. matriz de especificação do sistema total. Aqui foi utilizada a casa da qualidade; 2. seleção do conceito do sistema total. A seleção é feita utilizando-se o processo de seleção de conceitos de Pugh; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 33 3. matriz de projeto do sistema. Essa matriz têm as características de qualidade como entrada e a tabela de requisitos do subsistema como saída (assim como no QFD das Quatro Fases, no QFD-Estendido a entrada da matriz é sempre posicionada em suas linhas, da esquerda para a direita, e a saída da matriz é sempre posicionada em suas colunas, de cima para baixo). Clausing (1993) diz textualmente que a matriz de projeto do sistema ajuda a completar as decisões sobre o sistema total (ou produto), dando a ele um nível de detalhamento maior nas suas características de qualidade que aquele obtido na casa da qualidade. Embora Clausing (1993) não escreva textualmente, pode-se perceber que tal complemento é necessário para incluir (identificar) as características técnicas do produto que só podem ser definidas após a escolha do conceito de produto; 4. matriz de projeto do subsistema. Essa matriz tem os requisitos do subsistema como entrada e as características do subsistema como saída. Durante a confecção dessa matriz são necessários alguns procedimentos complementares como a elaboração da análise do modo e efeito da falha (FMEA), a elaboração da análise árvore de falhas (FTA) e a elaboração da árvore de funções (R-FTA). Entre esses procedimentos complementares, foi também incluída a seleção do conceito do subsistema. 5. matriz de projeto das partes ou componentes. Essa matriz tem como entrada as características do subsistema definidos na fase anterior. A saída compõe-se das características dos componentes ou partes, que são suas especificações. Durante a elaboração dessa matriz também são necessários alguns procedimentos complementares, como a elaboração da árvore de funções (R-FTA) dos componentes. Entre esses procedimentos complementares, foi também incluída a seleção do conceito dos componentes. 6. matriz do processo dos componentes ou partes. Essa matriz tem as características dos componentes (definidas na matriz anterior) como entrada. Sua saída compõe-se das decisões de engenharia do processo. Essas decisões são os itens de verificação do processo, ou seja, seus parâmetros. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 34 É importante destacar que Suzaki (1993) divide os pontos de controle do processo em itens de controle e itens de verificação. Os itens de controle são as especificações da qualidade assegurada, ou seja, são os resultados do processo (presentes no produto) que devem ser controlados pelo operador no controle da qualidade. Os itens de verificação são os parâmetros do processo que devem ser controlados para garantir que o processo dê ao produto a qualidade de conformação desejada. Assim como na versão das quatro fases, o resultado final dessa matriz é o planejamento não detalhado dos processos, incluindo aqui a determinação das operações a serem executadas, a definição da sequência dessas operações e a definição dos parâmetros de controle desses processos (PEIXOTO, 1998); 7. matriz de produção dos componentes ou partes. De forma semelhante à versão das quatro fases, nessa matriz faz-se o detalhamento das operações de produção, definindo-se as informações que serão transmitidas ao pessoal de produção e orientando a elaboração dos documentos de transmissão de padrões. Assim, sua entrada é composta dos processos, com seus respectivos parâmetros, e sua saída é composta do conjunto de informações que será transmitida ao pessoal de operação. Clausing (1993), de modo complementar à Musetti (1995), descreve que a matriz de produção dos componentes deve conter pelo menos as seguintes informações: o conjunto de controle das máquinas (itens de verificação), providências para a manutenção do equipamento e treinamento dos operadores, determinação do fluxo de materiais, e o conjunto de pontos de checagem de qualidade (itens de controle). Uma variação da versão do QFD-Estendido, segundo Peixoto (1998), é o processo dos Sete Estágios, criado por Akashi Fukuhaha e descrito por Day (1993). Nesse processo, subdivide-se a casa da qualidade em três estágios de elaboração: a tabela dos requisitos dos clientes, a tabela das características de qualidade e a análise da matriz para priorização de requisitos e características. O quarto estágio corresponde a comparação dos possíveis conceitos e a síntese do melhor conceito. O quinto estágio corresponde ao desenvolvimento da matriz de planejamento dos componentes ou partes. O sexto estágio é elaborar e analisar a matriz de Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 35 planejamento do processo e o sétimo estágio é a confecção da matriz de planejamento da produção. 5.4 QFD das quatro ênfases Esta é a versão original do QFD, criada na Union of Japanese Scientists and Engineers (JUSE), pela junção e desenvolvimento da tabela de itens de garantia da qualidade, criada em 1966 na Bridgestone Tire, da matriz da qualidade, criada na Mitsubishi Heavy Industries em 1972, e do conceito de desdobramento da função qualidade no sentido restrito, criado por Shigeru Mizuno (AKAO, 1996). É o modelo utilizado pelas empresas do Japão (CHENG et al., 1995). É descrito por AKAO (1996), AKAO (1990), CHENG et al. (1995), FERREIRA & RIBEIRO (1995), RIBEIRO et al. (1997) e SILVEIRA & SELIG (1995). O modelo das Quatro Ênfases é composto, segundo Cheng et al. (1995) e Akao (1996), de dois tipos de desdobramento: o desdobramento da função qualidade no sentido restrito (QFDr); e, o desdobramento da qualidade (QD). O QFDr é o desdobramento do trabalho. Segundo Cheng et al. (1995), o objetivo do QFDr é especificar, com precisão, que funções ou trabalho humano são necessários para obter a qualidade do produto e da empresa que satisfaçam as necessidades dos clientes. Portanto, QFDr pode ser conceituado como: um processo sistemático de desdobramento dotrabalho da ação gerencial de planejamento da qualidade (gestão do Desenvolvimento do Produto) em procedimentos gerenciais e técnicos para serem cumpridos pelas áreas funcionais da empresa (...). A lógica do QFDr é “se o trabalho humano for claramente estabelecido e este for bem executado, consequentemente tem-se a qualidade do produto e da empresa” (PEIXOTO, 1998). O QD é o desdobramento do Produto. A partir dos requisitos dos clientes, busca-se identificar as características de qualidade do produto, os mecanismos que compõem o produto, os componentes desses mecanismos, os processos capazes Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 36 de gerar esses componentes e os parâmetros de controle que garantem o ajuste dos processos de fabricação. Na versão das Quatro Ênfases, o trabalho é iniciado pelo seu próprio planejamento. Essa é uma diferença entre essa versão e as outras três: o próprio QFD sistematiza o planejamento do trabalho de desenvolvimento. O planejamento é dividido em duas partes: o planejamento dos desdobramentos e o planejamento do trabalho. O primeiro se refere a uma execução antecipada de parte do QD e o segundo se refere à execução do QFDr. O planejamento dos desdobramentos é feito através da definição do modelo conceitual. O modelo conceitual é a definição das matrizes e tabelas que constituirão os desdobramentos, através da elaboração gráfica do “caminho” que o desenvolvimento deve percorrer. Nesse sentido, Cheng et al. (1995) são bastante explícitos ao dizer que o modelo conceitual é um conjunto de tabelas e matrizes sequenciadas de forma a permitir a visibilidade das relações existentes entre os componentes, mecanismos, processos, matérias-primas, etc., com a qualidade projetada para o produto. É importante frisar que a versão das Quatro Ênfases, através da elaboração do modelo conceitual, já prevê em si própria a flexibilidade necessária para a adaptação do QFD à realidade de cada produto ou empresa. As figuras abaixo ilustram modelos conceituais completos das quatro ênfases a que se refere o nome dessa versão. O planejamento do trabalho é feito através do QFDr. O QFDr é a definição das fases, processos e atividades do desenvolvimento do produto, através de desdobramentos sucessivos, utilizando o diagrama em árvore. Desdobramento, aqui, quer dizer detalhamento, ou seja, sair de um nível mais abstrato (primeiro nível de detalhamento) e atingir um nível mais específico (segundo nível). Em seguida, sair do segundo nível e atingir um terceiro nível; e assim sucessivamente. Para Cheng et al. (1995), o resultado final do QFDr são dois documentos: o padrão gerencial do desenvolvimento do produto e o plano de atividades do desenvolvimento do produto. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 37 O padrão gerencial do desenvolvimento do produto é o documento que desdobra as atividades deste processo à nível de áreas funcionais, de modo a ordenar a participação destas na obtenção da qualidade do produto. O plano de atividades do desenvolvimento do produto é o documento que detalha, para os níveis de operação, as atividades a serem executadas neste processo. Este documento compreende: “o que” será executado (as atividades); “porque” será executado (o produto da atividade); “como” será executado (métodos e técnicas empregadas); “quando” será executado (cronograma de atividades); “quem” executará (a pessoa ou departamento); e, “onde” será executado. Após planejado, o trabalho de desenvolvimento deve-se iniciar a execução dos desdobramentos, que são a essência do QD, conforme o modelo conceitual proposto. No QD, o desenvolvimento do produto é analisado sob as quatro ênfases relacionadas a seguir: 1. o desdobramento da qualidade; 2. o desdobramento da tecnologia; 3. o desdobramento de custos; e, 4. o desdobramento da confiabilidade. Desdobramento da qualidade (adaptado de AKAO, 1996, AKAO, 1990 e CHENG et al. 1995) Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 38 Desdobramento da tecnologia (adaptado de AKAO, 1996, AKAO, 1990 e CHENG et al. 1995) Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 39 Desdobramento do custo (adaptado de AKAO, 1996, AKAO, 1990 e CHENG et al. 1995) Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 40 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 41 Desdobramento da confiabilidade (adaptado de AKAO, 1996, AKAO, 1990 e CHENG et al. 1995) No desdobramento da qualidade, busca-se compreender as relações entre as diversas variáveis do desenvolvimento do produto para facilitar a definição das Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 42 especificações dos mecanismos e componentes, bem como determinar os parâmetros dos processos. O desdobramento da qualidade inicia-se pela elaboração da casa da qualidade (AKAO, 1996; AKAO, 1990 e CHENG et al., 1995), idêntica à descrita na versão das Quatro Fases. Em seguida, são elaboradas as seguintes matrizes: 1. requisitos dos clientes versus desdobramento da função (AKAO, 1996 e AKAO, 1990); 2. desdobramento da função versus características de qualidade (AKAO, 1996; AKAO, 1990 e CHENG et al., 1995); 3. desdobramento da função versus desdobramento dos mecanismos (CHENG et al., 1995); 4. desdobramentos dos componentes versus desdobramentos dos mecanismos (CHENG et al., 1995); 5. desdobramento dos componentes versus características de qualidade (AKAO, 1996 e AKAO, 1990). No desdobramento da tecnologia têm-se praticamente as mesmas matrizes, mas sua análise é diferenciada. Aqui busca-se identificar e remover os gargalos de engenharia. Cheng et al. (1995) definem gargalo de engenharia como um problema que não se consegue resolver com a competência tecnológica da empresa para melhoria da qualidade. As matrizes que compõem o desdobramento da tecnologia são: 1. casa da qualidade (AKAO, 1996; AKAO, 1990 e CHENG et al., 1995); 2. novas ideias (sementes) versus mecanismos (AKAO, 1996 e AKAO, 1990); 3. desdobramento da função versus requisitos dos clientes (AKAO, 1996; AKAO, 1990 e CHENG et al., 1995); 4. desdobramento da função versus características de qualidade (AKAO, 1996; AKAO, 1990 eCHENG et al., 1995); Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 43 5. desdobramento da função versus desdobramento dos mecanismos (AKAO, 1996; AKAO, 1990 e CHENG et al., 1995); 6. desdobramento dos processos versus desdobramento dos mecanismos (CHENG et al., 1995); 7. características de qualidade versus desdobramento dos mecanismos (AKAO, 1996; AKAO, 1990 e CHENG et al., 1995); 8. desdobramento dos mecanismos versus desdobramento dos componentes (AKAO, 1996; AKAO, 1990 e CHENG et al., 1995); 9. desdobramento dos componentes versus características de qualidade (AKAO, 1996 e AKAO, 1990). O desdobramento do custo consiste na definição de um custo objetivo para o produto e o rateio desse custo para as diversas variáveis. Esse desdobramento do custo utiliza o princípio da engenharia de valor, pois considera o ponto de vista do cliente na distribuição do potencial de custo às funções, aos mecanismos e componentes (AKAO, 1996; AKAO, 1990 e CHENG et al., 1995). O desdobramento da confiabilidade tem por objetivo analisar o produto atual, identificando suas falhas e quais são as variáveis que mais influenciam para que elas ocorram. A ideia é aumentar a confiabilidade do novo produto eliminando as possíveis causas das suas falhas. No desdobramento da confiabilidade utiliza-se FMEA (análise do efeito e modo da falha), como atividade complementar, para melhor compreensão das causas e efeitos das falhas de componentes e processos críticos. Os passos e matrizes que compõem este desdobramento, adaptados de Akao (1996), Akao (1990) e Cheng et al. (1995), são: 1. elaborar a árvore de falhas de produto, dando-lhe um formato de tabela (AKAO, 1996; AKAO, 1990 e CHENG et al., 1995); 2. FTA do produto versus requisitos dos clientes (AKAO, 1996; AKAO, 1990 e CHENG et al., 1995); 3. FTA do produto versus funções (AKAO, 1996 e AKAO, 1990); Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 44 4. FTA do produto versus características de qualidade (AKAO, 1996 e AKAO, 1990); 5. Fixação de metas de confiabilidade para o produto (AKAO, 1996); 6. FTA do produto versus componentes (AKAO, 1996 e CHENG et al., 1995); 7. fazer FMEA para os componentes críticos (AKAO, 1996 e CHENG et al., 1995); 8. fixação de metas de confiabilidade para os componentes (AKAO, 1996); 9. FTA do produto versus processos (AKAO, 1996); 10. fazer FMEA para os processos críticos (AKAO, 1996). Por fim, a versão das Quatro Ênfases define os documentos que transmitem para a produção os padrões estabelecidos no desenvolvimento do produto. São eles: 1. tabela de garantia de qualidade; 2. fluxograma de processo; 3. tabela de análise de processos críticos; 4. padrão técnico de processo (PEIXOTO, 1998). 5.5 Matriz das matrizes Esta versão foi criada por King e, segundo Cheng et al. (1995), divulgada nos EUA pela Goal/QPC. Na literatura é descrita por King (1989) e por Mallon & Mulligan (1993 apud PEIXOTO, 1998). A versão da Matriz das Matrizes é uma extensão da versão das Quatro Ênfases, tendo, segundo o próprio King (1989), as seguintes diferenças desta: 1. inclui o processo de seleção de conceitos de Pugh; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 45 2. o arranjo das matrizes. Algumas matrizes foram ligeiramente modificadas, embora esta versão abranja todas as matrizes da versão das Quatro Ênfases; 3. foi modificada a disposição do “modelo conceitual” que adquiriu a forma de uma matriz de matrizes, daí o nome desta versão. Convém ressaltar, porém, que Day (1993) considera a matriz de matrizes um sumário da versão das quatro ênfases, portanto não diferenciando o trabalho de King do trabalho de Akao. Essa versão de QFD se caracteriza por uma grande matriz cujas colunas são marcadas por letras de A a G e as linhas são marcadas por números 1 a 4. As matrizes do QFD ficam localizadas nas interseções das colunas com as linhas. Tem- se assim a matriz a1, a matriz a2, a matriz b1, e assim por diante. Pode-se dizer que os quatro grandes desdobramentos da versão das Quatro Ênfases estão presentes nas quatro primeiras colunas da Matriz das Matrizes. A quinta coluna é a primeira extensão desta versão de QFD: a matriz do processo de seleção de conceitos de Pugh. O detalhe é que esta versão de QFD já define antecipadamente quais serão os critérios de escolha: na linha 1 serão os requisitos dos clientes, na linha 2 serão as funções, na linha 3 serão as características de qualidade, na linha 4 serão listados a categoria dos outros critérios, ou seja, requisitos dos clientes, funções e características de qualidade. A Coluna F refere-se à ilustração de análises complementares que devem ser feitas; e a coluna G refere-se à ilustração da documentação que será utilizada na transmissão dos padrões ao pessoal da produção. Deve-se, porém, ressaltar que a coluna G é a exceção em termos de quantidade de linhas, sendo composta de seis matrizes (de G1 a G6). É importante notar que, apesar de King (1989) nada dizer sobre isso, a Matriz das Matrizes é um modelo conceitual completo que pode ser adaptado para cada empresa. A seguir serão citadas todas as matrizes que fazem parte da Matriz de Matrizes, as quais estão representadas na ilustração a seguir: Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 46 Versão do QFD criada por Bob King Fonte: PEIXOTO (1998, p. 66) Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 47 A1 – esta matriz é a casa da qualidade sem a matriz de correlações e sem a avaliação da dificuldade técnica. O desdobramento das características de qualidade deve parar no terceiro nível de detalhamento. A2 – cruzamento da tabela das características de qualidade com as funções. Compara as funções do produto com as características de qualidade. A3 – cruzamento da tabela das características de qualidade consigo mesma. É, na verdade, a matriz de correlações da casa da qualidade transformada numa matriz retangular. A4 – cruzamento das características de qualidade com os componentes ou partes. Examina as relações entre as características de qualidade e os componentes. King (1989) recomenda que sejam apenas analisadas as 3 ou 4 características chave. B1 – cruzamento das funções com os requisitos dos clientes. Identifica as relações entre os elementos das duas tabelas e determina o valor de cada função sob a ótica dos clientes. B2 – é a tabela de desdobramento do custo. Idêntica a tabela de custo objetivado do desdobramento do custo, da versão das Quatro Ênfases. B3 – tabela de detalhamento das características de qualidade. Nesta tabela somente são relacionadas as características críticas. Deve-se avançar
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