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QUESTOES COMENTADAS II FASE FGV DIREITO CONSTITUCIONAL

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Prévia do material em texto

DIREITO 
CONSTITUCINAL
WWW.PROVASDAOAB.COM.BR
Instruções:
A presente apostila é composta de questões práticas de Direito Constitucional 
extraídas dos Exames Unificados aplicados pela Organizadora FGV com suas 
respectivas respostas. 
Sugerimos que tente respondê-las sem a consulta aos gabaritos, servindo estes 
apenas para conferência e correção. Confira as respostas e revise as questões que por 
ventura você tenha errado, pois esta é uma ótima maneira de aprender e fixar os 
conteúdos estudados.
Bons Estudos e Boa prova!
Equipe ProvasdaOab.com.br
DIREITO CONSTITUCIONAL 
QUESTÕES DE SEGUNDA FASE 
1
 
 QUESTÃO 1: 
O Congresso Nacional aprovou e o Presidente da República sancionou 
projeto de lei complementar modificando artigos do Código Civil, nos termos do 
art. 22, I da CRFB. Três meses após a entrada em vigor da referida lei, o 
Presidente da República editou medida provisória modificando novamente os 
referidos artigos do Código Civil com redação dada pela lei complementar. 
Analise a constitucionalidade dos atos normativos mencionados. 
 
COMENTÁRIOS: 
Os atos normativos mencionados na questão são constitucionais. 
De início, é importante fixar que a Constituição Federal, em seu art. 
62, III, proíbe a edição de medidas provisórias sobre matérias que o 
próprio texto constitucional reserva à lei complementar. Todavia, no 
caso em discussão, a lei complementar sancionada não cuidava de 
matéria reservada, pela Constituição, à lei complementar. A hipótese, 
portanto, é de lei formalmente complementar, mas que cuida de 
matéria típica de lei ordinária (ou seja, lei complementar com status 
de lei ordinária). Em situações assim, não há vedação a que uma 
medida provisória modifique a lei complementar, pois a proibição 
constitucional, repita-se, é no sentido de proibir que uma medida 
provisória trate de matéria reservada à lei complementar, e o Código 
Civil é matéria de lei ordinária, não de lei complementar. 
SEGUNDA FASE 
EXAME UNIFICADO 2010.2 
CAPÍTULO 2
2
Deveria o candidato abordar, ainda, a inexistência de hierarquia 
entre lei complementar e lei ordinária. Embora ainda haja 
divergência na doutrina sobre o assunto, a maioria dos autores, e 
também o STF (no RE 14629, por exemplo), aderem ao entendimento 
de que não há hierarquia entre essas duas espécies de leis. As 
diferenças entre elas são apenas de procedimento (a lei 
complementar exige maioria absoluta para a sua aprovação e a lei 
ordinária exige maioria simples) e de cabimento (para certas 
matérias, a Constituição exige expressamente lei complementar; 
quando ela não faz essa exigência, a hipótese é de lei ordinária). 
Não havendo hierarquia entre tais modalidades legislativas, nada 
impede que uma lei ordinária modifique uma lei que seja apenas 
formalmente complementar, ou seja, uma lei que, apesar de ser 
complementar, não tratou de matéria reservada a tal espécie 
legislativa. 
 QUESTÃO 2: 
Uma lei estadual foi objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 
ajuizada junto ao STF. Supondo que o Tribunal tenha se pronunciado, neste caso, 
pela Inconstitucionalidade parcial sem redução de texto, explique o conceito 
acima, apontando quais os efeitos da declaração de inconstitucionalidade neste 
caso. 
 
COMENTÁRIOS: 
A declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de 
texto consiste em decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal que 
reconhece a inconstitucionalidade não do texto da lei, mas apenas de 
um dos seus significados ou de uma de suas hipóteses de aplicação, 
mantendo o texto intacto. 
No dizer de Gilmar Ferreira Mendes, “constata-se, na declaração 
de nulidade sem redução de texto, a expressa exclusão, por 
3
inconstitucionalidade, de determinadas hipóteses de aplicação do 
programa normativo sem que se produza alteração expressa 
no texto legal.” (Curso de Direito Constitucional. São Paulo: 
Saraiva, 2010, p.1428) A declaração de inconstitucionalidade parcial 
sem redução de texto tem os mesmos efeitos que qualquer decisão 
tomada em sede de controle abstrato de normas: eficácia erga omnes 
(eficácia contra todos) e efeito vinculante (não restrito à parte 
dispositiva, mas também à fundamentação da decisão), este último 
em relação aos órgãos do Judiciário e da Administração Pública 
federal, estadual e municipal, conforme expressa previsão do art. 28 
da Lei 9868/99. 
QUESTÃO 3: 
O Conselho Federal da OAB ajuizou, junto ao STF, Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADI), tendo por objeto um artigo de uma lei federal em 
vigor desde 2005, sendo manifesta a pertinência temática do dispositivo 
impugnado com o exercício da advocacia. O STF entende que o referido 
dispositivo legal é inconstitucional, mas por fundamento distinto do que fora 
apresentado pelo Conselho Federal da OAB na ADI, tendo o STF inclusive 
declarado a inconstitucionalidade desse mesmo dispositivo no julgamento de um 
caso concreto, em Recurso Extraordinário (RE). Com base nas informações 
acima, responda: 
I. o STF pode julgar a ADI procedente a partir de fundamento diverso do 
que fora apresentado pelo Conselho Federal da OAB? Justifique. II. o STF pode 
julgar a ADI procedente em relação também a outro dispositivo da mesma lei, 
mesmo não tendo este dispositivo sido objeto da ADI? Justifique. 
 
COMENTÁRIOS: 
I - O Supremo Tribunal Federal não está limitado aos 
fundamentos expostos pelo autor da ADI. Nas ações de controle de 
constitucionalidade, a causa de pedir (causa petendi) é aberta, de 
4
modo que o fundamento invocado pela parte não vincula o STF, que 
pode acolher o pedido (declarar inconstitucional/constitucional a 
norma discutida) com base no fundamento que entender pertinente, 
ainda que não conste da causa de 
pedir exposta na petição inicial. 
II – Em princípio, não. O Supremo Tribunal Federal está, em 
regra, adstrito ao pedido formulado pela parte que propôs a ADI. 
Assim, se a parte autora pede a declaração de inconstitucionalidade 
do art. “a” da Lei “X”, não pode o STF declarar inconstitucional os 
arts. “a”, “b” e “c” da Lei “X”, pois agir de tal modo implicaria 
extrapolar os limites do pedido inicial e assim infringir os princípios 
da inércia da jurisdição e da iniciativa das partes. 
Todavia, há uma exceção a tal regra. É que, muitas vezes, duas 
normas mantêm entre si uma relação de dependência, de maneira 
que a declaração de inconstitucionalidade de uma delas acarreta, 
inevitavelmente, a declaração de inconstitucionalidade da outra. 
Diante de tais casos, pode o STF utilizar-se da chamada declaração de 
inconstitucionalidade “por arrastamento” ou “por atração”, 
declarando a inconstitucionalidade de norma que não foi impugnada 
pela parte autora, quando ela se mostrar dependente da norma 
questionada na petição inicial. 
QUESTÃO 4: 
Em 2005, o STF julgou procedente ADC ajuizada pelo Procurador-Geral da 
República visando à declaração de constitucionalidade de uma lei federal que 
estava sendo questionada em diversos processos judiciais pelo país, gerando uma 
controvérsia judicial em torno da sua adequação ao texto constitucional. Nas 
eleições ocorridas em outubro de 2010, um determinado partido político 
conseguiu, pela primeira vez em sua história, eleger um parlamentar, no caso um 
deputado federal, graças à coligação partidária firmada com um parti do político 
5
de maior expressão e base eleitoral. O diretório nacional do referido partido 
político pretende, no próximo ano, após o início da sessão legislativa, ajuizar uma 
ADI contra a mencionada lei federal, a partir de argumentos que não foram 
enfrentados pelos ministros do STF em 2005. Analise a pretensão do parti do 
político, considerando os seguintes tópicos: 
I. A legitimidade para a propositura da ação. 
II. A possibilidade de o STF declarar a inconstitucionalidade da lei(com ou 
sem modulação dos efeitos). 
 
COMENTÁRIOS: 
I – Partidos políticos com representação no Congresso Nacional 
são um dos legitimados para a propositura tanto da Ação Direta de 
Inconstitucionalidade quanto da Ação Direta de Constitucionalidade, 
conforme se depreende da leitura do art. 103 da Constituição Federal, 
na redação dada pela EC/45. Inclusive, os partidos políticos, ao lado 
do Presidente da República, da Mesa do Senado Federal, da Mesa da 
Câmera dos Deputados, do Procurador da República e do Conselho 
Federal da OAB/AL são legitimados universais e não precisam 
demonstrar pertinência temática entre a matéria discutida na ADI e 
seus fins institucionais. No caso em questão, o fato do partido político 
ter representação apenas na Câmara dos Deputados e não no Senado 
Federal em nada interfere em sua legitimidade, pois segundo 
entendimento do STF basta ter representação em uma das casas do 
Congresso Nacional. 
II - Mesmo já tendo se pronunciado pela constitucionalidade da 
lei discutida em Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 
proposta anteriormente, o Supremo 
Tribunal Federal pode considerar a lei inconstitucional por 
ocasião do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 
proposta pelo partido político. Isso porque o julgamento anterior não 
vincula o próprio STF, que pode, diante de novos argumentos, alterar 
6
seu posicionamento, até porque pensar o contrário importaria em 
“engessamento” da interpretação constitucional. Ao declarar a 
inconstitucionalidade de uma norma, o STF pode fazê-lo com ou sem 
m o d u l a ç ã o d e e f e i t o s . N o r m a l m e n t e , a d e c l a r a ç ã o d e 
inconstitucionalidade de uma norma traz como consequência a sua 
nulidade ab initio, ou seja, apagam-se todos os efeitos que ela 
produziu desde a sua entrada em vigor. Todavia, “tendo em vista 
razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, 
poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de 
seus membros, restringir os efeitos” da declaração de 
inconstitucionalidade e decidir que ela só tenha eficácia a partir de 
seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. 
(art. 27 da Lei 9.868/99). 
QUESTÃO 5: 
 
A Constituição de determinado estado da federação, promulgada em 1989, 
ao dispor sobre a administração pública estadual, estabelece que a investidura em 
cargo ou emprego público é assegurada aos cidadãos naturais daquele estado e 
depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e 
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, 
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre 
nomeação e exoneração. 
Em 2009 foi promulgada pela Assembléia Legislativa daquele estado (após a 
derrubada de veto do Governador), uma lei que permite o ingresso em 
determinada carreira por meio de livre nomeação, assegurada a estabilidade do 
servidor nomeado após 3 (três) anos de efetivo exercício. 
Considerando-se que a Constituição estadual arrola o Governador como um 
dos legitimados para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade em 
âmbito estadual (art. 125, §2° da CRFB), e considerando-se que o Governador 
pretende obter a declaração de inconstitucionalidade da referida lei estadual, 
responda: 
7
I. o que ocorreria se logo após o ajuizamento da ação direta de 
inconstitucionalidade de âmbito estadual, ajuizada pelo Governador do Estado 
junto ao Tribunal de Justiça (nos termos do art. 125, §2° da CRFB) e antes do 
julgamento, fosse ajuizada pelo Conselho Federal da OAB uma ação direta de 
inconstitucionalidade junto ao STF, tendo por objeto esta mesma lei? Explique. 
II. poderia o Presidente da República ajuizar ação direta de 
inconstitucionalidade 
junto ao STF contra o dispositivo da Constituição estadual? Explique. 
 
COMENTÁRIOS: 
I – Na hipótese trazida na questão, a ação direta de 
inconstitucionalidade proposta perante o Tribunal de Justiça ficaria 
suspensa até o julgamento da ação direta de inconstitucionalidade 
proposta no Supremo Tribunal Federal. 
A t r a m i t a ç ã o p a r a l e l a d e d u a s a ç õ e s d i r e t a s d e 
inconstitucionalidade, uma no Supremo Tribunal Federal e outra em 
Tribunal de Justiça, só se revela possível, no ordenamento jurídico 
brasileiro, quando o ato normativo impugnado for estadual, como é a 
situação trazida na questão. Em casos tais, mesmo acentuando a 
autonomia dos pronunciamentos jurisdicionais federal e estadual, o 
Supremo Tribunal Federal tem decidido, com base nos princípios da 
primazia da Constituição Federal e conseqüente primazia de sua 
guarda, e da prejudicialidade total ou parcial do julgamento do 
Supremo com relação ao dos Tribunais de Justiça, que uma vez 
proposta a Ação Direta de Inconstitucionalidade no plano federal, 
haverá o impedimento ou a suspensão da tramitação da ação 
congênere perante o Tribunal de Justiça (Reclamação n.° 425/RJ, Rel. 
Ministro Néri da 
Silveira, j. 27.05.1993, DJU 22.10.1993). Ao final, se declarada a 
inconstitucionalidade do ato normativo impugnado, a retirada da 
norma estadual do sistema ocasionará a perda de objeto da ação no 
plano estadual. Acaso, ao revés, for a norma declarada constitucional, 
a ação proposta perante o Tribunal de Justiça prosseguirá, já que 
nada impede que a norma estadual seja declarada inconstitucional 
8
perante a Constituição Estadual, lembrando que se está a tratar aqui 
de parâmetros de controle de teor (conteúdo normativo) diverso. 
II – Sim. O Presidente da República é um dos legitimados 
u n i v e r s a i s p a r a a p r o p o s i t u r a d a A ç ã o D i r e t a d e 
Inconstitucionalidade. Vale ainda pontuar que uma emenda estadual, 
como qualquer espécie legislativa, necessita estar em harmonia com 
as disposições da Constituição Federal, não podendo com ela 
conflitar, notadamente em relação àquelas normas de observância 
obrigatória. Assim, todo e qualquer norma estadual que se mostrar 
em descompasso com a Constituição Federal poderá ser objeto de ADI 
a ser proposta pelo Presidente da República, com fulcro no art. 103, I, 
da Carta Magna. 
 
 
9
QUESTÃO 1 
O Procurador-Geral da República ajuizou uma ação direta de 
inconstitucionalidade contra a lei estadual X e uma ação declaratória de 
constitucionalidade tendo por objeto a lei federal Y – ambas ajuizadas com 
pedido de medida cautelar. Considerando-se o exposto, responda 
fundamentadamente: 
a) Diante da ambivalência das ações de constitucionalidade e 
inconstitucionalidade, se o STF indeferir a cautelar na ADI, pode um juiz, no 
exame de um caso concreto (controle difuso), declarar a inconstitucionalidade da 
lei X? (Valor: 0,65) 
b) Se o STF deferir a cautelar na ADC, pode um juiz, no exame de um caso 
concreto, declarar a inconstitucionalidade da lei Y, mas por outros fundamentos, 
que não aqueles que deram causa à ação? (Valor: 0,6) 
 
RESPOSTAS 
A) Sim. A medida cautelar em ADI, ao contrário da decisão final 
de mérito, não possui caráter ambivalente, ou seja, o fato do STF ter 
indeferido a cautelar na ADI não significa que o referido Tribunal 
tenha, em caráter provisório e com efeitos vinculantes, assentado a 
constitucionalidade da lei impugnada. Assim, diante de tal decisão, 
todos os juízes e Tribunais do país continuam habilitados a, em seus 
julgamentos, afastar a lei impugnada no caso concreto, por reputá-la 
inconstitucional. 
IV EXAME DA ORDEM 
UNIFICADO
CAPÍTULO 3
10
B) Não, não pode. Isso porque a cautelar deferida na ADC 
importa na suspensão do julgamento de todos os processos que 
tenham por objeto a discussão da constitucionalidade ou não da lei 
questionada na ADC (art. 21 da Lei 9868/99). Assim, como os 
processos devem ficar suspensos até a decisão final proferida pelo 
STF na ADC, não é possível que um juiz decida,em feito da sua 
competência, pela inconstitucionalidade da lei em referência. 
QUESTÃO 2 
Determinado Partido Político com representação no Congresso Nacional 
ajuíza Ação Direta de Inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal 
para questionar a íntegra de uma lei estadual. Em relação ao cenário acima, 
comente, justificadamente, as consequências jurídicas das seguintes hipóteses, 
considerando sua ocorrência antes do julgamento da ADI: 
a) a lei estadual impugnada é revogada; (Valor: 0,5) 
b) o Partido Político deixa de ter representação no Congresso Nacional 
(Valor: 0,75) 
 RESPOSTAS 
A) No caso de revogação da lei estadual questionada na ADI, 
ocorre a perda superveniente do objeto da referida ação. Como 
consequência disso, a ação deve ser tida por prejudicada e julgada 
sem resolução do mérito. Eventuais questões acerca das relações 
jurídicas formadas durante o período de vigência da lei devem ser 
resolvidas por meio do controle 
difuso de constitucionalidade. 
B) Na hipótese do partido político autor da ADI perder a 
representação no Congresso Nacional antes do término do 
julgamento, deve a ação prosseguir, por se tratar de 
11
processo de caráter objetivo. Na ADI 2618/PR, o STF fixou o 
entendimento de que a legitimidade do partido político para propor a 
ADI deve ser aferida no momento da propositura da ação, pouco 
importando a perda superveniente de legitimidade, por ausência de 
representantes no Congresso Nacional. 
 
QUESTÃO 3 
Suponha que o STF tenha reconhecido em diversos julgados (recursos 
extraordinários) a incompatibilidade de uma lei ordinária do Estado Y, em vigor 
desde 1999, com uma emenda constitucional promulgada no ano seguinte. À 1ª 
Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado Y foi distribuído um recurso de 
apelação cível em que a incompatibilidade da referida lei com a emenda 
constitucional é questão prejudicial. Diante desses fatos, responda: 
a) As decisões proferidas pelo STF, reconhecendo a referida 
incompatibilidade entre lei e emenda constitucional, devem ser encaminhadas ao 
Senado? Explique. (Valor: 0,7) 
b) A 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado Y tem competência 
para deixar de aplicar a lei estadual incompatível com a emenda constitucional? 
Explique. (Valor: 0,55) 
RESPOSTAS 
A) Não. É importante observar que, no caso referido na questão, 
há incompatibilidade entre uma lei que entrou em vigor no ano de 
1999 e uma emenda constitucional promulgada no ano seguinte 
( 2 0 0 0 ) . E m s i t u a ç õ e s a s s i m , n ã o h á p r o p r i a m e n t e 
inconstitucionalidade, mas simples revogação, pois a emenda 
constitucional, ao entrar em vigor, revogou implicitamente todas as 
normas que fossem com ela incompatíveis. Tratando-se de revogação, 
e não de inconstitucionalidade, não há que se falar em comunicação 
ao Senado Federal, pois tal comunicação somente deve ser feita no 
12
caso de decisões definitivas do STF, em sede de controle difuso, que 
declarem a inconstitucionalidade da norma, conforme se depreende 
da leitura do art. 52, X, da Constituição Federal 
B) Sim, pelo mesmo motivo mencionado na resposta anterior, ou 
seja, a situação envolve declaração de revogação de norma, e não de 
inconstitucionalidade. De todo modo, ainda que se tratasse de 
declaração de inconstitucionalidade, a 1ª Câmara Cível teria 
competência para deixar de aplicar a lei estadual questionada, pois o 
fato de já existirem precedentes do STF no mesmo sentido é motivo 
para excepcionar a cláusula de reserva de plenário, também chamada 
de full bench (art. 97, CF), conforme prevê o art. 481, parágrafo único, 
do CPC. 
 
QUESTÃO 4 
Mévio, advogado com longos anos de carreira, resolve concorrer a vaga de 
magistrado surgida no Tribunal de Justiça K, tendo apresentado o seu currículo 
para a Ordem dos Advogados do Brasil, que o incluiu na lista de advogados. 
Mesma situação ocorreu com a lista escolhida pelo Tribunal de Justiça. 
À luz das normas constitucionais, responda aos itens a seguir: 
A) Qual é o percentual de vagas destinada aos advogados nos Tribunais de 
Justiça? (Valor: 0,35) 
B) Quais são os ritos de escolha realizados pela OAB e pelo Tribunal de 
Justiça? (Valor: 0,6) 
C) De quem é a competência para nomeação? (Valor: 0,3) 
RESPOSTAS 
A) A Constituição Federal, em seu art. 94, destinada 1/5 (um 
quinto) das vagas dos Tribunais Regionais Federais, Tribunais de 
13
Justiça Estaduais e Tribunal de Justiça do Distrito Federal a 
membros do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, 
e a advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com 
mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em 
lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas 
classes. Diante de tal disposição, é válido concluir que 1/10 ou 10% 
das vagas dos referidos Tribunais são destinadas apenas a 
advogados. 
B) A Seccional Estadual da OAB elabora lista sêxtupla e a partir 
dessa lista o Tribunal de Justiça elaborará lista tríplice, a ser 
encaminhada ao Governador do Estado, para livre escolha e 
nomeação. 
C) Como afirmado acima, a competência para a nomeação, neste 
caso, é do Governador do Estado. Em se tratando de Tribunal Federal 
(TRF, por exemplo), a competência seria do Presidente da República. 
 
14
QUESTÃO 1 
Com o objetivo de incrementar a arrecadação tributária, projeto de lei 
estadual, de iniciativa 
parlamentar, cria uma gratificação de produtividade em favor dos Fiscais de 
Rendas que, no exercício de suas atribuições, alcancem metas previamente 
estabelecidas. O projeto é aprovado pela Assembleia Legislativa e, em seguida, 
encaminhado ao Governador do Estado, que o sanciona. Com base no cenário 
acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos 
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) Indique a inconstitucionalidade formal que a lei apresenta e informe se a 
sanção da Chefia do 
Poder Executivo teve o condão de saná-la. (Valor: 0,65) 
b) Supondo que a lei seja questionada perante o STF por meio de ADI, de 
que forma poderia o Sindicato dos Fiscais de Rendas daquele Estado atuar no 
feito em defesa da lei? Teria legitimidade para interposição de embargos 
declaratórios contra a decisão final adotada na ADI? (Valor: 0,60) 
RESPOSTAS 
A) A lei estadual que criou a gratificação mencionada no 
enunciado acima possui vício formal consistente na ausência de 
iniciativa do Poder Legislativo para propor projeto de lei que verse 
sobre aumento de remuneração de cargos públicos. Tal modo de 
proceder contraria o disposto no art. 61, §1º, II, “a”, da Constituição 
Federal, que atribui a iniciativa de tais projetos ao Presidente da 
República e, por força do princípio da simetria, ao Governador do 
Estado, no âmbito dos estados-membros. O fato do Chefe do Poder 
V EXAME DA ORDEM 
UNIFICADO
CAPÍTULO 4
15
Executivo ter sancionado a lei não convalida o vício, conforme atual 
jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal, estando a 
Súmula n.º 05 daquele Tribunal superada atualmente. 
B) O Sindicato dos Fiscais de Rendas pode requerer seu ingresso 
no feito na condição de amicus curiae, uma espécie de intervenção 
assistencial passível de ser realizada por entidades que tenham 
representativa adequada para se manifestar sobre a questão de 
direito relativa à controvérsia constitucional sob discussão. O 
instituto do amicus curiae tem previsão no art. 7º, §2º, da Lei 
9.868/99, o qual prevê:“O relator, considerando a relevância da 
matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho 
irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, 
a manifestação de outros órgãos ou entidades.”). Admitido no feito, o 
amicus curiae pode manifestar-se por escrito e fazer sustentação oral, 
mas não temlegitimidade para interpor recurso, conforme 
precedentes do Supremo Tribunal Federal (ADI 2.591-ED/DF, Rel. 
Min. Eros Grau). 
 
QUESTÃO 2 
O Tribunal de Contas da União (TCU), acolhendo representação contendo 
fortes indícios de irregularidades em procedimento licitatório realizado por 
entidade submetida à sua fiscalização, determina, cautelarmente, a suspensão do 
certame e fixa prazo para que o gestor responsável apresente defesa. Após regular 
instrução do processo, o TCU rejeita as razões de defesa, confirma a medida 
acautelatória e aplica multa sancionatória ao administrador público responsável 
pelas irregularidades. Com base no cenário acima, responda aos itens a seguir, 
empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal 
pertinente ao caso. 
16
a) É juridicamente possível a suspensão cautelar do procedimento licitatório 
por decisão do TCU? (Valor: 0,65) 
b) Supondo que, contra a aplicação da multa sancionatória, não tenha sido 
interposto qualquer recurso administrativo, qual é a providência a ser adotada 
para sua execução? (Valor: 0,60) 
RESPOSTAS 
A) Sim. Com base na teoria dos poderes implícitos, segundo a 
qual, para cada competência outorgada pela Constituição Federal, 
haveria um leque de poderes implícitos conexos a ela, necessários ao 
seu efetivo desempenho, o Supremo Tribunal Federal reconhece ser 
possível a suspensão cautelar do procedimento licitatório pode 
decisão do TCU. Isso porque, se a Constituição atribui ao TCU a 
competência de assinalar prazo para que o órgão ou entidade adote as 
providências necessárias ao exato cumprimento da lei (art. 71, IX, 
CF), deve lhe ser reconhecida a competência de suspender 
cautelarmente atos ilegais de tais órgãos ou entidades, enquanto não 
adotadas as providências para adequá-los ao que prescreve o texto 
legal. No âmbito da jurisprudência do Supremo, tal entendimento 
restou consolidado a partir do julgamento do MS 24510/DF, Relatora 
Ministra Ellen Gracie. Em seu voto, a Ministra destacou que referida 
competência do TCU também encontra fundamento nos arts. 4º e 113, 
§1º e 2º, da Lei 8.666/93. 
B) A multa aplicada pelo TCU constitui título executivo 
extrajudicial, nos termos do art. 71, §3º, da CF, e sua execução 
compete à Advocacia Geral da União, a qual deve ingressar com a 
respectiva ação de execução para obter a satisfação do crédito. 
 
17
QUESTÃO 3 
Um fazendeiro descobriu que sua mulher o havia traído com um cidadão de 
etnia indígena que 
morava numa reserva próxima à sua fazenda. No mesmo instante em que 
tomou ciência do fato, o fazendeiro dirigiu-se à reserva indígena e disparou três 
tiros contra o índio, que, no entanto, sobreviveu ao atentado. Com base nesse 
cenário, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos 
apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) A quem compete julgar esse caso? (Valor: 0,45) 
b) Qual é o fundamento do art. 109, XI, da Constituição da República?
(Valor: 0,40) 
c) Caso o juiz federal entendesse ser incompetente para julgar esse caso e 
encaminhasse os autos ao juiz de direito e este também entendesse ser 
incompetente, a quem caberia decidir qual o juízo competente? Por quê? (Valor: 
0,40) 
RESPOSTAS 
A) A competência para julgar esse caso é do Tribunal do Júri da 
Comarca da Justiça Estadual em que se consumou o delito, por se 
tratar de crime doloso contra a vida. A circunstância da vítima ser 
indígena não desloca a competência para o Tribunal do Júri da 
Justiça Federal, pois para tanto seria necessário que o caso estivesse 
relacionado com a disputa de direitos indígenas, conforme preceitua 
o art. 109, XI, da Constituição Federal, o que não ocorre na hipótese. 
B) A justificativa para atribuir-se à Justiça Federal a competência 
para julgar causas que envolvam disputa sobre direitos indígenas 
reside no fato de que a União é responsável a cultura O Presidente da 
República ajuizou ação direta de inconstitucionalidade contra o art. 
5º da lei federal X, de 2005. Essa lei tem sido declarada totalmente 
inconstitucional pelo STF em reiteradas decisões, todas em sede de 
controle difuso. Com base nesse cenário e à luz da jurisprudência do 
18
STF, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos 
jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 
C) O Advogado-Geral da União está obrigado a defender a 
constitucionalidade da lei X? 
Explique. (Valor: 0,8) 
D) Ao julgar essa ADI, pode o STF declararAR inconstitucionalidade de 
outro(s) dispositivo(s) da lei X, além do art. 5º? Explique. (Valor: 0,45) 
RESPOSTAS 
C) Não. É verdade que a função do Advogado-Geral da União, no 
âmbito do controle de constitucionalidade concentrado, é a de 
defender o ato normativo impugnado, atuando como uma espécie de 
“curador” da lei. Todavia, nos casos em que o ato questionado já 
houver sido declarado inconstitucional pelo STF de maneira 
reiterada, ainda que em sede de controle difuso, dispensa-se o AGU 
de tal incumbência, podendo ele opinar pela inconstitucionalidade da 
lei. Tal entendimento baseia-se na jurisprudência do STF, firmada no 
julgado da ADI 1616, Rel. Ministro Maurício Correia. 
D) Sim. Embora em princípio o Supremo Tribunal Federal esteja 
adstrito ao pedido formulado na petição inicial da ADI, ele pode 
declarar a inconstitucionalidade de outros artigos não mencionados 
na Inicial quando houver interdependência do texto legal impugnado 
com outros dispositivos. É a chamada inconstitucionalidade por 
arrastamento. 
QUESTÃO 4 
O Presidente da República ajuizou ação direta de inconstitucionalidade 
contra o art. 5º da lei federal X, de 2005. Essa lei tem sido declarada totalmente 
inconstitucional pelo STF em reiteradas decisões, todas em sede de controle 
19
difuso. Com base nesse cenário e à luz da jurisprudência do STF, responda aos 
itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a 
fundamentação legal pertinente ao caso. 
a) O Advogado-Geral da União está obr igado a defender a 
constitucionalidade da lei X? Explique. (Valor: 0,8) 
b) Ao julgar essa ADI, pode o STF declarar a inconstitucionalidade de 
outro(s) dispositivo(s) da lei X, além do art. 5º? Explique. (Valor: 0,45) 
RESPOSTAS 
A) Não. É verdade que a função do Advogado-Geral da União, no 
âmbito do controle de constitucionalidade concentrado, é a de 
defender o ato normativo impugnado, atuando como uma espécie de 
“curador” da lei. Todavia, nos casos em que o ato questionado já 
houver sido declarado inconstitucional pelo STF de maneira 
reiterada, ainda que em sede de controle difuso, dispensa-se o AGU 
de tal incumbência, podendo ele opinar pela inconstitucionalidade da 
lei. Tal entendimento baseia-se na jurisprudência do STF, firmada no 
julgado da ADI 1616, Rel. Ministro Maurício Correia. 
B) Sim. Embora em princípio o Supremo Tribunal Federal esteja 
adstrito ao pedido formulado na petição inicial da ADI, ele pode 
declarar a inconstitucionalidade de outros artigos não mencionados 
na Inicial quando houver interdependência do texto legal impugnado 
com outros dispositivos. É a chamada inconstitucionalidade por 
arrastamento. 
20
QUESTÃO 1 
Suponha que tramite perante a Câmara dos Deputados Proposta de Emenda 
à Constituição da República estabelecendo a obrigatoriedade de Estados, 
Municípios e Distrito Federal indexarem a remuneração de seus servidores 
públicos de acordo com o salário mínimo. Considerando a situação hipotética, 
analise os itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a 
fundamentação legal pertinente ao caso: 
a) a constitucionalidade da referida PEC; (Valor: 0,6) 
b) a possibilidade de provimento jurisdicional que avalie a 
constitucionalidade da PEC ainda no curso do processo legislativo. (Valor: 0,65) 
RESPOSTAS 
a) Proposta de emenda àConstituição Federal que pretendesse 
indexar a remuneração dos servidores públicos dos Estados, Distrito 
Federal e Municípios ao salário mínimo, que é fixado por norma 
federal, seria inconstitucional por violação à forma federativa do 
Estado, pois implicaria grave intromissão na autonomia dos demais 
entes federativos. Assim, tal proposta infringiria o disposto o no art. 
60, §4º, I, da Constituição Federal, o qual não admite qualquer 
proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa do Estado. 
b) A proposta de emenda à Constituição pode, sim, ser objeto de 
controle jurisdicional de constitucionalidade ainda no curso do 
processo legislativo, por meio de mandado de segurança em que 
VI EXAME DA ORDEM 
UNIFICADO
CAPÍTULO 5
21
parlamentar federal sustente o direito líquido e certo que possui ao 
devido processo legislativo. 
Assim, se a própria Constituição, por meio de cláusula pétrea, 
proíbe que certas opções do Poder Constituinte Originário possam ser 
desfeitas ou revistas pelo Poder Constituinte Derivado, pode o 
parlamentar que se veja sujeito a participar da tramitação de uma 
proposta de emenda vazada nesses termos buscar tutela jurisdicional 
perante o Supremo Tribunal Federal. Nesse sentido, confira-se o 
precedente firmado no julgamento do Mandado de Segurança 24.642/
STF, o qual recebeu a seguinte ementa: 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSO LEGISLATIVO: 
CONTROLE JUDICIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. 
I. - O parlamentar tem legitimidade ativa para impetrar mandado 
de segurança com a finalidade de coibir atos praticados no processo 
de aprovação de leis e emendas constitucionais que não se 
compatibilizam com o processo legislativo constitucional. 
Legitimidade ativa do parlamentar, apenas. 
II. - Precedentes do STF: MS 20.257/DF, Ministro Moreira Alves 
(leading case), RTJ 99/1031; MS 21.642/DF, Ministro Celso de 
Mello, RDA 191/200; MS 21.303-AgR/DF, Ministro Octavio Gallotti, 
RTJ 139/783; MS 24.356/DF, Ministro Carlos Velloso, "DJ" de 
12.09.2003. 
III. - Inocorrência, no caso, de ofensa ao processo legislativo, 
C.F., art. 60, § 2º, por isso que, no texto aprovado em 1º turno, houve, 
simplesmente, pela Comissão Especial, correção da redação 
aprovada, com a supressão da expressão "se inferior", expressão 
dispensável, dada a impossibilidade de a remuneração dos Prefeitos 
ser superior à dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. IV. - 
Mandado de Segurança indeferido. (STF, Pleno, Rel. Ministro Carlos 
Veloso, DJ 18/06/2004) 
 
22
QUESTÃO 2 
Marco Antônio, titular, desde 2006, de mandato de Senador pelo Estado X, 
pretende se reeleger, em 2014, para o Senado, mas dessa vez como Senador pelo 
Estado Y, governado pela sua esposa, 
Maria, eleita em 2010 e que pretende a reeleição em 2014. Como Marco 
Antonio irá concorrer, em 2014, ao cargo de Senador pelo Estado Y, Paulo, filho 
de Marco Antonio e Maria, decidiu que naquele ano irá se candidatar ao cargo de 
Senador pelo Estado X. Diante desse quadro, responda: 
a) Pode Marco Antonio se candidatar ao cargo de Senado pelo Estado Y, em 
2014? (Valor: 0,75) 
b) Pode Paulo se candidatar ao cargo de Senador pelo Estado X, em 2014? 
(Valor: 0,5) 
RESPOSTAS 
a) Não, pois sua candidatura esbarraria no óbice previsto no art. 
14, §7º, da Constituição Federal, que assim dispõe: “São inelegíveis, 
no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes 
consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do 
Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do 
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro 
dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato 
eletivo e candidato à reeleição.” Assim, como Maria é Governadora do 
Estado Y, Marco Antônio, seu esposo, não pode se candidatar ao 
Senado pelo mesmo Estado, a menos que ele já fosse titular de 
mandato pelo Estado Y e pretendesse apenas se reeleger, o que não é 
o caso, pois a questão afirma que Marco Antônio já é Senador por 
outro Estado (o Estado X). 
b) Sim. A candidatura de Paulo, filho de Maria, ao cargo de 
Senador do Estado X é perfeitamente possível, pois a vedação contida 
no art. 14, §7º, da Constituição alcança apenas os cônjuges e parentes 
dos Chefes do Poder Executivo (Presidente, Governador Prefeito). No 
23
caso, o vínculo de parentesco de Paulo, no Estado X, é com Marco 
Antônio, que é Senador. 
 
QUESTÃO 3 
O Prefeito do Município WK apresenta projeto de lei que outorga reajustes a 
determinadas categorias de servidores públicos, que veio a sofrer emendas pelos 
parlamentares ampliando os benefícios para outras categorias não acolhidas no 
projeto do Chefe do Executivo, com aumento de despesas, em previsibilidade 
orçamentária. A Constituição Estadual prescreve que nessa matéria a iniciativa é 
exclusiva do Chefe do Executivo, repetindo normas da Constituição Federal. A lei 
foi votada por maioria e sancionada pelo Prefeito. A legitimidade prevista para o 
controle de constitucionalidade repete, no plano local, aquela inscrita na 
Constituição Federal. Responda fundamentadamente: 
a) A emenda parlamentar ao projeto de lei seria possível? (Valor: 0,65) 
b) Existiria algum meio de controle de constitucionalidade da lei votada pela 
Câmara? (Valor: 0,4) 
c) Teria o Prefeito legitimidade para propor a eventual ação direta de 
inconstitucionalidade, mesmo tendo sancionado o projeto? (Valor: 0,2) 
RESPOSTAS 
a) Não, pois o art. 63, I, da Constituição Federal, aplicável por 
força do princípio da simetria ao processo legislativo dos Estados, do 
DF e dos Municípios, proíbe emenda parlamentar que implique 
aumento de despesa em projetos de lei de iniciativa do Chefe do Poder 
Executivo, como é o caso de projeto de lei que verse sobre a 
remuneração de servidores da administração direta e indireta (art. 
61, §1º, II, “a”, da CF). 
24
b) Sim. Além do controle difuso, sempre possível, seria viável 
discutir a constitucionalidade da lei municipal por meio de ação 
direta de constitucionalidade estadual, a ser proposta perante o 
Tribunal de Justiça. Isso porque a Constituição do Estado, no ponto 
relativo à iniciativa do Poder Executivo para propor projetos de lei 
que verse sobre remuneração de servidores da administração pública, 
repete em seu texto norma da Constituição Federal. Assim, é possível 
propor ADI Estadual perante o Tribunal de 
Justiça, sob a alegação de descumprimento da norma da 
Constituição Estadual. 
c) Sim. No controle de constitucionalidade estadual, a 
Constituição do Estado-membro tem certa liberdade para elencar os 
legitimados para a propositura da ADI Estadual, sendo-lhe vedado, 
apenas, atribuir a legitimação a um único órgão (art. 125, §2º, CF). Na 
situação retratada na questão, também por simetria ao que ocorre 
com o Presidente no plano federal, poderia o Chefe do Poder 
Executivo Municipal (Prefeito) propor ADI perante o Tribunal de 
Justiça. A circunstância do Prefeito ter sancionado o projeto de lei em 
nada repercute nessa possibilidade, pois é entendimento pacífico do 
Supremo Tribunal Federal que a sanção do Chefe do Poder Executivo 
não convalida vício do processo legislativo, estando superado, há 
muito tempo, o antigo entendimento do próprio STF a respeito do 
assunto, sedimentado na Súmula 5 do referido Tribunal. 
 
QUESTÃO 4
 
O Senador da República Valdecir foi preso em flagrante por crime 
inafiançável. Os responsáveis pela prisão comunicaram o fato ao Poder 
Judiciário, que manteve a prisão. 
25
a) Diante do fato descrito, pode ser tomada alguma medida para que o 
Senador seja posto em liberdade? (Valor: 0,65) b) Em caso positivo, que medida 
seria e com que fundamento? Em caso negativo, justifique sua Resposta. (Valor: 
0,6) 
RESPOSTAS 
a) Sim. Nota-se que houve manifesta ilegalidade na manutenção 
da prisão do Senadorpor decisão judicial, pois, de acordo com o art. 
53, §2º, da Constituição Federal, quando um parlamentar é preso em 
flagrante delito de crime inafiançável, deve o Auto de Prisão ser 
remetido à casa legislativa a qual pertence o Parlamentar, a qual, em 
vinte e quatro horas, decidirá sobre a manutenção ou não da prisão. 
Trata-se de uma das imunidades formais das quais desfrutam os 
congressistas. 
b) A medida a ser tomada, neste caso, seria a impetração de 
Habeas Corpus perante o Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “b” e 
“d” da Constituição Federal) 
26
QUESTÃO 1
No mês de março, um projeto de emenda constitucional foi rejeitado logo no 
primeiro turno de votação, realizado na Câmara dos Deputados. Em agosto do mesmo 
ano, esse projeto de emenda foi novamente posto em votação na Câmara dos 
Deputados. Na sequência, determinado Deputado Federal, contrário ao projeto de 
emenda e decidido a impedir sua tramitação, afirmou que iria acessar o Poder 
Judiciário. Discorra sobre a possibilidade de o Poder Judiciário exercer controle sobre 
a tramitação da emenda, bem como sobre a possível medida cabível no caso em tela. 
(Valor: 1,25)
RESPOSTA
O Poder Judiciário pode exercer o controle judicial prévio da 
constitucionalidade de atos normativos nos casos em que há ofensa ao 
processo legislativo previsto na Constituição Federal.
Com efeito, dispõe a Constituição Federal, no art. 60, §5o, que “
Assim, se a proposta de emenda à Constituição já foi recusada em 
março, ela não poderia mais ser proposta naquele mesmo ano, somente 
podendo ser reapresentada na próxima sessão legislativa, a se iniciar no 
dia 02 de fevereiro do ano seguinte.
Diante da inobservância de regra constitucional que disciplina o 
processo legislativo, o Deputado Federal mencionado na questão poderia 
ingressar com um Mandado de Segurança perante o Supremo Tribunal 
Federal, alegando que foi ferido seu direito líquido e certo de somente 
participar de um processo legislativo conforme a Constituição e 
questionando, incidentalmente, a constitucionalidade da reapresentação 
da proposta de emenda constitucional.
VII EXAME DA ORDEM 
UNIFICADO
CAPÍTULO 6
27
Ter-se-ia, assim, pela via do Mandado de Segurança, um controle 
judicial prévio, na modalidade incidental, de proposta de emenda à 
Constituição.
QUESTÃO 2
Erasmo, cidadão residente e eleitor do Estado “A”, viveu sua infância no Estado 
“B”, pelo qual possui grande apreço. Por entender que certo Deputado Federal, no 
exercício de sua função, e no âmbito territorial do Estado “B”, praticou ato lesivo ao 
patrimônio público do ente ao qual está vinculado, Erasmo propôs ação popular em 
vara federal da seção judiciária de “B”. O Deputado Federal, em sua contestação, alega 
a incompetência do juízo de 1o grau, com o fundamento de que possui foro 
privilegiado, e a ilegitimidade ativa de Erasmo.legislativa.”A matéria constante de 
proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova 
proposta na mesma sessão A sessão legislativa, como se sabe, compreende a reunião 
anual do Congresso Nacional, dividida em dois períodos legislativos. O primeiro, de 
02 de fevereiro a 17 de julho, e o segundo, de 1o de agosto a 22 de dezembro.
Responda aos questionamentos a seguir, empregando os argumentos jurídicos 
apropriados e apresentando a fundamentação legal pertinente ao caso.
A) Qual o órgão competente para conhecer a ação popular ajuizada em face do 
Deputado Federal? (Valor: 0,65)
B) Segundo a jurisprudência dos tribunais superiores, Erasmo teria legitimidade 
ativa para ajuizar a ação popular na seção judiciária de “Z”? (Valor: 0,60)
RESPOSTAS
A) A ação popular, nos termos do art. 5o, LXIII, da Constituição 
Federal, pode ser proposta por qualquer cidadão e objetiva “
Ainda que o ato impugnado tenha sido praticado por Deputado 
Federal, a competência para processar e julgar a ação popular é do juiz de 
1o grau, pois o rol de competências do Supremo Tribunal Federal, 
previsto no art. 102 da Constituição Federal, é taxativo e nele não se inclui 
julgar ação popular contra ato de Deputado Federal. Não é de se falar, 
portanto, em foro por prerrogativa de função, exclusivo para 
procedimentos de natureza criminal.
28
A Lei que disciplina a ação popular é expressa quanto à competência 
do Juízo de 1o grau:
Nesse mesmo sentido, caminha a jurisprudência do decidiu o 
Supremo Tribunal Federal. Confira-se:
“AÇÃO ORIGINÁRIA. QUESTÃO DE ORDEM. AÇÃO POPULAR. 
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: NÃO-
O C O R R Ê N C I A . P R E C E D E N T E S .

 1. A competência para julgar ação popular contra ato de qualquer 
autoridade, até mesmo do Presidente da República, é, via de regra, do 
juízo competente de primeiro grau. Precedentes.
2. Julgado o feito na primeira instância, se ficar configurado o 
impedimento de mais da metade dos desembargadores para apreciar o 
recurso voluntário ou a remessa obrigatória, ocorrerá a competência do 
Supremo Tribunal Federal, com base na letra n do inciso I, segunda parte, 
do artigo 102 da Constituição Federal.
3. Resolvida a Questão de Ordem para estabelecer a competência de 
um dos juízes de primeiro grau da Justiça do Estado do Amapá. 

(STF/AO 859 QO / AP - Julgamento em 11/10/2001)
B) Sim. Todo e qualquer cidadão tem legitimidade para a propositura 
da ação popular, independentemente de ser eleitor de Estado “A” ou “B”, 
de município “A” ou “B”. Para provar a condição de cidadão, basta a 
apresentação de título de eleitor. A condição de eleitor, assim, 
documentada no título de eleitor, apresenta- se apenas como prova do 
exercício da cidadania, não havendo qualquer restrição quanto ao 
domicílio eleitoral do eleitor. Anular ato lesivo ao patrimônio público ou 
de entidade de que o Estado participe, àmoralidade administrativa, ao 
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural”
 Art. 5o Conforme a origem do ato impugnado, é competente para 
conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a 
organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que 
interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.
29
O Superior Tribunal de Justiça já decidiu nesse sentido, conforme se 
extrai da ementa do REsp 1242800/MS, julgado em 14/06/2011, cujos 
trechos mais elucidativos são transcritos a seguir:
(...)
4. Note-se que a legitimidade ativa é deferida a cidadão. A afirmativa 
é importante porque, ao contrário do que pretende o recorrente, a 
legitimidade ativa não é doeleitor, mas do cidadão.
5. O que ocorre é que a Lei n. 4717/65, por seu art. 1o, § 3o, define que 
acidadania será provada por título de eleitor.
6. Vê-se, portanto, que a condição de eleitor não é condição de
legitimidade ativa, mas apenas e tão-só meio de prova documental da 
cidadania, daí porque pouco importa qual o domicílio eleitoral do autor 
da ação popular. Aliás, trata-se de uma exceção à regra da liberdade 
probatória (sob a lógica tanto da atipicidade como da não-taxatividade 
dos meios de provas) previsto no art. 332, CPC.
7. O art. 42, p. único, do Código Eleitoral estipula um requisito
para o exercício da cidadania ativa em determinada circunscrição 
eleitoral, nada tendo a ver com prova da cidadania. Aliás, a redação é 
clara no sentido de que aquela disposição é apenas para efeitos de 
inscrição eleitoral, de alistamento eleitoral, e nada mais.
8. Aquele que não é eleitor em certa circunscrição eleitoral não
necessariamente deixa de ser eleitor, podendo apenas exercer sua 
cidadania em outra circunscrição. Se for eleitor, é cidadão para fins de 
ajuizamento de ação popular.
9. O indivíduo não é cidadão de tal ou qual Município, é "apenas" 
cidadão,bastando, para tanto, ser eleitor.(...)
30
QUESTÃO 3
Em determinado Estado da federação, vieram a público denúncias de 
irregularidadespraticadas em obra pública, com graves indícios de desvio de dinheiro 
do Erário. Tício, deputado estadual, pretende instalar Comissão Parlamentar de 
Inquérito para apuração das denúncias, com base em previsão constante da 
Constituição estadual. Considerando a situação acima descrita, responda aos 
questionamentos a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e 
apresentando a fundamentação legal pertinente ao caso.
A) É possível que a Constituição Estadual preveja a criação da Comissão 
Parlamentar de Inquérito no plano estadual? (Valor: 0,45)
B) É possível o ajuizamento de ação em que se questione a constitucionalidade 
de norma de Constituição Estadual perante a Constituição da República, de modo a 
invalidar aquela? O Governador do Estado tem legitimidade para fazê-lo? (Valor: 
0,80)
RESPOSTAS
A) Sim. Num Estado Federal, os Estados-membros têm autonomia 
para se auto-organizarem, o que inclui a possibilidade de elaborar suas 
próprias constituições, fruto do Poder Constituinte Decorrente outorgado 
pelo art. 25 da própria Constituição Federal (Os Estados organizam-se e 
regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os 
princípios desta Constituição).
Segundo entendimento consolidado do Supremo Tribunal Federal, as 
Constituições Estaduais podem, sim, prever a existência de Comissões 
Parlamentares de Inquérito, por força do princípio da simetria, devendo, 
inclusive, adotar, o mesmo modelo fixado na Constituição Federal. Nesse 
sentido, foi a decisão proferida pelo STF na ADI 3619/SP, Relator 
Ministro Eros Grau, julgada em 01/08/2006: “A Constituição do Brasil 
assegura a um terço dos membros da Câmara dos Deputados e a um terço 
dos membros do Senado Federal a criação da comissão parlamentar de 
inquérito, deixando porém ao próprio parlamento o seu destino.
 2. A garantia assegurada a um terço dos membros da Câmara ou do 
Senado estende-se aos membros das assembléias legislativas estaduais 
criação e instauração das comissões parlamentares de inquérito constitui 
31
matéria a ser compulsoriamente--- garantia das minorias. O modelo 
federal de observada pelas casas legislativas estaduais.”
B) Sim. O Poder Constituinte Decorrente, responsável pela 
elaboração das constituições estaduais, é condicionado e limitado 
juridicamente pelas normas previstas na Constituição Federal. Assim, é 
possível que uma norma da Constituição Estadual tenha sua 
constitucionalidade questionada em face da Constituição Federal, o que, 
aliás, é fato corriqueiro na rotina do Supremo Tribunal Federal. Exemplo 
disso são as diversas ADI ́s que discutem a constitucionalidade de normas 
da constituições estaduais.
Os Governadores são legitimados para a propositura da ADI, 
conforme prevê o art. 103, V, da Constituição Federal, mas para tanto 
devem demonstrar pertinência temática, requisito consistente na 
demonstração de um interesse de agir específico por parte do autor da 
ação.
QUESTÃO 4
Renata, servidora pública estadual, ingressou no serviço público antes da edição 
da Constituição da República de 1988, e é regida pela Lei X, estatuto dos servidores 
públicos do Estado-membro. Sobre a situação funcional de Renata, responda 
justificadamente:
A) O que ocorrerá com a Lei X caso ela não tenha sido editada conforme os 
trâmites do processo legislativo previstos pela atual Constituição? (Valor: 0,40)
B) É possível que Renata questione, em ação individual, por meio de controle 
difuso, a inconstitucionalidade formal da Lei X perante a constituição revogada? 
(Valor: 0,40)
C) Tendo em vista que Renata já estava inserida em um regime jurídico, é 
possível afirmar que a mesma tem direito adquirido a não ser atingida pela 
Constituição de 1988 no que tange à sua situação funcional? (Valor: 0,45)
RESPOSTAS
A) A Lei X continuará válida mesmo que não tenha sido feita de 
acordo com os procedimentos previstos pela atual Constituição. Isso 
32
porque a entrada em vigor de uma nova Constituição não afeta a parte 
formal dos atos normativos já vigentes, pois se aplica ao processo 
legislativo o princípio do tempus regit actum. Em outras palavras, para 
que o fenômeno da recepção ocorra basta que haja compatibilidade entre 
o conteúdo da norma infraconstitucional e os preceitos da nova 
Constituição, pouco importando a compatibilidade formal.
B) Sim. É possível submeter a Lei “X” a controle difuso de 
constitucionalidade, tendo como parâmetro de controle o texto da 
Constituição já revogada. É que se a referida lei sofre de 
inconstitucionalidade formal,por ter sido produzida em desacordo com o 
procedimento previsto à época de sua edição, tem-se caso de 
inconstitucionalidade ab initio (=desde o início), o que torna a Lei X 
inconstitucional desde a sua criação.
C) Não. Inexiste direito adquirido diante de uma nova Constituição, 
já que ela inaugura um novo regime jurídico, fornecendo um fundamento 
de validade distinto para todas as demais normas vigentes. O Poder 
Constituinte Originário, responsável pela fundação de uma nova ordem 
constitucional, é juridicamente ilimitado, de modo que as normas 
infraconstitucionais pré-existentes de maneira alguma podem configurar 
óbice à produção dos efeitos por ele desejados. Ademais, é remansosa a 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que não há 
direito adquirido a regime jurídico (cf. RE 565528 AgR/RJ, 2a Turma, Rel. 
Ministro Gilmar Mendes, julgado em 14/08/2012).
33
QUESTÃO 1 
Uma agência reguladora federal editou, recentemente, uma portaria proibindo 
aos médicos prescrever a utilização de medicamentos que não tenham similar 
nacional. A Associação Brasileira de Profissionais da Saúde, entidade de âmbito 
nacional constituída há mais de dois anos, propôs uma Arguição de 
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) contra aquela medida.
A respeito da situação acima, responda aos itens a seguir, utilizando os 
argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
A) É possível a propositura da ADPF contra a portaria emitida pela agência 
reguladora federal? (Valor: 0,40)
RESPOSTA: Sim. Na ADPF, é possível questionar qualquer ato 
normativo, mesmo que infralegal (como é o caso da Portaria), desde que 
ele fira preceito fundamental previsto na Constituição, a exemplo do 
direito ao livre exercício da profissão, e que não haja outro instrumento 
de controle concentrado de constitucionalidade apto a questão (requisito 
da subsidiariedade, art. 4o, §1o da Lei 9.882/99). No caso em apreço, não 
seria cabível a ADI (ação direta de Inconstitucionalidade), porque tal ação 
somente pode ser proposta quando estiver em jogo ato normativo 
primário, muito menos ADC (Ação Direta de Constitucionalidade) nem 
ADO (Ação Direta de Constitucionalidade por Omissão), por não serem as 
suas hipóteses, revelando-se, portanto, cabível a ADPF.
B) A Associação tem legitimidade para a propositura daquela ADPF? (Valor: 
0,40)
VIII EXAME DA ORDEM 
UNIFICADO
CAPÍTULO 7
34
RESPOSTA: Sim. A título de premissa, firme-se que os legitimados 
para a propositura da ADPF são os mesmos da ADI (art. 2o da Lei 
9.882/99) e entre eles se incluem as “entidades de classe de âmbito 
nacional”, situação em que se enquadra a “Associação Brasileira de 
Profissionais de Saúde”. Em relação a tais entidades, o Supremo Tribunal 
Federal criou, em sua jurisprudência, um requisito a mais para aferir-lhe 
a legitimidade, qual seja, a pertinência temática, isto é, a exigência de uma 
concreta relação entre os fins institucionais da entidade e o assunto 
subjacente à norma impugnada. No caso em tela, está presente a 
pertinência temática, já que a norma impugnada restringe direito da 
categoria representada pela associação.
C) Pode um Estado instituir uma ADPF no plano estadual? Nesse caso, qual o 
instrumento jurídico apto à criação do instituto? (Valor: 0,45)RESPOSTA: Sim. Relativamente ao controle de constitucionalidade 
no âmbito estadual, a Constituição Federal previu apenas, no art. 125, 
§2o, que “ representação de inconstitucionalidade de leis ou atos 
normativos estaduais ou municipais em face Cabe aos Estados a 
instituição da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação 
para agir a um único órgão.” Diante de tal previsão, a doutrina reconhece 
certa margem de liberdade para que os Estados-membros possam dar o 
devido formato à sua jurisdição constitucional, observando, pelo 
princípio da simetria, o modelo adotado no âmbito federal. Com nessas 
premissas, é que seria possível a adoção de ADPF no plano estadual, 
d e s d e q u e t a l a ç ã o e s t i v e s s e p r e v i s t a n a C o n s t i t u i ç ã o 
Estadual,instrumento adequado a autorizar a sua criação.
QUESTÃO 2
Maria alugou um prédio comercial no centro da cidade “P”, capital do estado “K”, 
para que o Estado estrangeiro W ali instalasse sua representação consular. Foram 
estabelecidos aluguéis de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) mensais. Passados dois 
anos de vigência do contrato, em razão de dificuldades financeiras no continente onde 
35
se localiza o Estado W, o mesmo deixa de pagar aluguéis para Maria, que, 
inconformada, busca a orientação de um profissional da advocacia para melhor 
defender seus interesses. O advogado contratado explica que proporá a ação em Vara 
Cível do Município “P”, cabendo eventual recurso de apelação para o Tribunal de 
Justiça do Estado K. Responda, justificadamente, se a orientação do advogado 
contratado por Maria está na direção correta ao apontar os órgãos jurisdicionais 
competentes para a matéria em primeiro e em segundo graus de jurisdição. (Valor: 
1,25)
RESPOSTA: A orientação dada pelo advogado de Maria não está 
correta. Isso porque, de acordo com o art. 109, II, da Constituição 
Federal, compete aos juízes federais julgar as causas que envolvam Estado 
estrangeiro ou organismo internacional e pessoa domiciliada no Brasil. 
Assim, a ação que Maria pretende propor contra o Estado estrangeiro W 
deve ser ajuizada na Justiça Federal. E mais: eventual recurso interposto 
em face da sentença que julgar o caso será analisado diretamente pelo 
Superior Tribunal de Justiça, por ser o caso de recurso ordinário 
constitucional, previsto no art. 105, II, “c”, da Constituição Federal.
QUESTÃO 3
Em 2010 foi aprovada emenda à Constituição do Estado “X”, acrescentando 
dispositivo que permite que o Governador do Estado edite medida provisória, com 
força de lei, com eficácia imediata, devendo ser convertida em até 30 dias. Com base 
neste dispositivo, em 15 de dezembro de 2011, o Governador do Estado editou medida 
provisória majorando as alíquotas mínima e máxima do Imposto sobre Transmissão 
"Causa Mortis" e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos - ITCMD, visando à cobrança 
do imposto com as novas alíquotas em 2012. Não tendo sido apreciada nos primeiros 
vinte dias de vigência, a medida provisória entrou em regime de urgência, e foi 
finalmente aprovada pela Assembleia Legislativa.
A partir da hipótese apresentada, responda justificadamente aos 
questionamentos a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e 
apresentando a fundamentação legal pertinente ao caso.
36
A) O dispositivo da Constituição do Estado X que confere ao Governador 
competência para editar medida provisória viola a Constituição da República? (Valor: 
0,40)
RESPOSTA: Não. Os Estados possuem autonomia, podendo se auto-
organizar da maneira que entenderem pertinente, desde que respeitados, 
é claro, os limites estabelecidos pelo Poder Constituinte Originário. 
Relativamente ao tema da medida provisória, inexiste proibição geral dos 
Estados adotarem-na. Pelo contrário: a Constituição Federal, na medida 
em que proíbe os Estados- membros de se utilizarem de medida 
provisória para regular a exploração e concessão dos serviços locais de 
gás canalizado, pressupõe que seja possível a eles se utilizar de tal 
instrumento normativo em outras situações, pois do contrário seria 
desnecessária a proibição mencionada. Assim, é possível ao Governador 
editar medida provisória, desde que tal possibilidade esteja prevista na 
Constituição Estadual e sejam respeitadas as mesmas restrições 
concernentes às medidas provisórias previstas na CF/88.
B) A alteração das alíquotas pela medida provisória editada pelo Governador é 
constitucional? (Valor: 0,40)
RESPOSTA: O Governador poderia alterar a alíquota mínima, mas 
não a alíquota máxima do ITCMD, pois a Constituição Federal prevê que 
Resolução do Senado Federal é que fixará a alíquota máxima para tal 
tributo (art. §1o, IV, da CF/88). Há, portanto, inconstitucionalidade 
formal a viciar a medida provisória editada pelo Governador.
C) As novas alíquotas podem ser cobradas em 2012? (Valor: 0,45)
RESPOSTA: Não, pois a medida provisória não foi convertida em lei 
antes do término do exercício financeiro anterior ao da cobrança da nova 
alíquota, incidindo, assim, a regra do art. 62, §2o, da Constituição 
Federal, que é de observância obrigatória pelos Estados, por se tratar de 
uma garantia fundamental dos contribuintes.
37
QUESTÃO 4
Caio e Tício, servidores públicos federais, foram surpreendidos com o advento de 
uma Emenda Constitucional que alterou o sistema previdenciário dos servidores, 
aumentando a idade mínima para aposentadoria e a forma de cálculo dos proventos. 
Caio já havia completado todos os requisitos para a aposentadoria (idade e tempo de 
contribuição), mas optou por permanecer em atividade. Tício ainda não havia 
preenchido todos os requisitos: apesar de já possuir a idade mínima, faltava-lhe um 
ano de contribuição.
A esse respeito, responda, justificadamente, aos itens a seguir:
A) As novas normas são aplicáveis a Caio e Tício, no que diz respeito à idade para 
aposentadoria e à forma de cálculo dos proventos? (Valor: 0,80)
RESPOSTA: As novas normas são aplicáveis a Tício, pois na época de 
sua edição ele ainda não havia adquirido o direito à aposentadoria, 
possuindo apenas mera expectativa quanto isso, de modo que novas 
normas editadas podem alcançá-lo sem que haja qualquer invalidade. Já 
Caio não pode ser atingido pelas novas disposições, pois ele já havia 
adquirido o direito de se aposentar, pois reunia todas as condições para 
exercer tal direito na época em que a Emenda Constitucional em 
referência entrou em vigor. Vale pontuar que nem mesmo Emenda pode 
violar direito adquirido, diante da proteção que os direitos e garantias 
individuais receberam do texto constitucional, que os alçou à categoria de 
cláusula pétrea.
B) Alguns anos depois, já aposentados, Caio e Tício recebem a notícia de que foi 
editada lei federal que, majorando seus proventos de aposentadoria, modificou a sua 
forma de composição. É válida a lei que altera a composição da remuneração dos 
aposentados, quanto ao seu valor e a fórmula de cálculo? (Valor: 0,45)
RESPOSTA: É possível que a lei altera a forma de cálculo da 
aposentadoria de alguém contanto que preserve o seu valor, ou seja, que 
não haja a redução dos proventos. Com efeito, o que a Constituição 
assegura é apenas a irredutibilidade, e não a maneira como vão ser 
compostos os proventos de aposentadoria. Por isso que se costuma dizer 
38
que não há direito adquirido à regime jurídico, às regras relativas à forma 
como se compõe a aposentadoria. O que importa, nada obstante eventual 
mudança nessa composição, é que o valor não seja reduzido.
39
QUESTÃO 1
José, em um evento de confraternização na empresa em que trabalha, ouviu 
de Roberto, alterado pela ingestão de bebida alcoólica, que este detinha um cargo 
em comissão no Tribunal de Contas daUnião, ao qual nunca comparecera, exceto 
para a retirada do contracheque, ao final de cada mês.José se dirige, no dia 
seguinte, aoTribunal de Contas da União e solicita cópia dos 
assentamentosfuncionais relativos a Roberto, a fim de instruir uma ação judicial. 
O pedido administrativo foidirigido ao Ministro Presidente daquela Corte de 
Contas, que resolveu negá-lo. Consternado, Joséimpetrou Habeas Data em face 
do Presidente do Tribunal de Contas da União.Considerando a situação acima 
descrita, responda justificadamente aos itens a seguir.
A) Qual o Juízo ou Tribunal competente para julgamento do Habeas Data 
impetrado porJosé? (Valor: 0,40)
RESPOSTA: A competência para julgar o Habeas Data é fixada 
tomando como critério o órgãoque negou as informações, o qual, 
neste caso, foi o Tribunal de Contas da União. De acordo com oart. 
102, “d”, da Constituição Federal, a competência para julgar Habeas 
Data proposto em face doTribunal de Contas da União é do Supremo 
Tribunal Federal.
B) O dispositivo de lei que exige, para impetração do Habeas Data, 
demonstração da recusaao acesso às informações, à luz do princípio da 
inafastabilidade de jurisdição, é constitucional? (Valor: 0,40)
IX EXAME DA ORDEM 
UNIFICADO
CAPÍTULO 8
40
RESPOSTA: Sim. Na verdade, o dispositivo legal que fixa como 
requisito para a impetração doHabeas Data a negativa de 
fornecimento de informações ou a omissão em prestá-las, na 
searaadministrativa, diz respeito apenas à comprovação do interesse 
de agir, condição exigida emqualquer ação judicial e que não implica 
ofensa ao princípio da inafastabilidade da jurisdição. Ajurisprudência 
do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça é 
remansosa no sentido da constitucionalidade da previsão legal em 
tela.
C) A pretensão de José, nesse caso, pode ser veiculada por Habeas Data? 
(Valor: 0,45)
RESPOSTA: Não. O Habeas Data é o remédio ou a garantia 
constitucional adequada para ter acesso ou retificar informações 
pessoais relativas ao impetrante, e não a terceiros, conforme 
sedepreende da própria leitura do texto constitucional (art. LXXII, 
“a”, da CF).
QUESTÃO 2
Instituto destinado a dar maior eficiência aos comandos constitucionais, a 
medida provisória possibilita que, em situações excepcionais, o Presidente da 
República edite norma com força de Lei Ordinária. A avalanche de medidas 
provisórias, porém, vem atravancando o trâmite dos projetos de lei, o que 
motivou nova orientação do então presidente da Câmara dos Deputados: a pauta 
não fica travada em relação a matérias que não podem, em tese, ser objeto de 
medida provisória. Em relação ao tema medida provisória, responda, 
fundamentadamente, aos seguintes itens.
A) Quais os limites para sua edição? (Valor: 0,40)
41
RESPOSTA: Os limites para a edição das medidas provisórias 
estão estampados no art. 62 da Constituição Federal e podem ser 
divididos em limites materiais, relativos ao conteúdo, e limites 
temporais, concernentes à entrada em vigor e prazo para a vigência, e 
limites circunstanciais, que dizem respeito a certas situações que 
inviabilizam a edição das MP´s. Configuram limites materiais (art. 62, 
§1º, da CF) a vedação de edição de MP´s que versem sobre: 
nacionalidade, direitospolíticos, cidadania, partidos políticos e 
direito eleitoral; direito penal, processual penal e processual civil; 
organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e 
as garantias de seus membros; planos plurianuais, diretrizes 
orçamentárias, orçamento e créditos adicionais esuplementares, 
ressalvado o disposto no art. 167, §3º, da CF; que vise a detenção ou o 
seqüestro de bens, de poupança popular ou de qualquer outro ativo 
financeiro; matéria reservada a lei complementar; já disciplinada em 
projeto de lei aprovado pelo Congresso e pendente de sanção ou veto 
pelo Presidente da República. Já os limites circunstanciais impõem 
que MP´s que instituam ou majorem impostos respeitem o princípio 
da anterioridade em matéria tributária e que haverá apenas uma 
prorrogação, por período, da vigência de medida provisória que, no 
prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua 
votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional (art. 62, §2º 
e 7º, da CF).
Por fim, em matéria de limites circunstanciais, tem-se que “É 
vedada a reedição, na mesma sessãolegislativa, de medida provisória 
que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por 
decurso de prazo.” (art. 162, §10, da CF).
B) É possível Constituição Estadual prever edição de medida provisória pelo 
Governador doEstado? Nesse caso, a norma constitucional estadual poderia 
estabelecer limites diferentesdaqueles previstos na Constituição da República 
Federativa do Brasil? (Valor: 0,45)
42
RESPOSTA: É possível que a Constituição Estadual contenha 
normas que autorizem oGovernador de Estado a editar medidas 
provisórias. Isso porque o modelo de separação de poderestraçado na 
Constituição Federal pode ser adotado, por simetria e naquilo que 
couber, pelo PoderConstituinte Decorrente, responsável pela 
elaboração das constituições estaduais. De todo modo, é importante 
estabelecer que o modelo delineado na Constituição Federal deve ser 
seguido à risca pelo Constituinte Estadual, não podendo haver 
inovações quanto aos limites no âmbito dos Estados-membros.
C) É possível o controle jurisdicional dos requisitos de relevância e urgência 
da medida provisória? (Valor: 0,40)
RESPOSTA: De início, o Poder Judiciário adotava uma postura de 
autocontenção na análise dos requisitos de relevância e urgência, 
afirmando que tais requisitos não podiam ser objeto de controle de 
constitucionalidade, sob pena de ferimento ao princípio da separação 
de poderes. Todavia, a jurisprudência do STF sofreu uma pequena 
alteração e hoje o que se entende é que, em casos excepcionais, onde a 
urgência e relevância estiverem nitidamente descaracterizadas, é 
possível que o Poder Judiciário exerça o controle jurisdicional de tais 
requisitos.
QUESTÃO 3
A Lei Orgânica do Município “Y”, que integra o Estado “X”, ao dispor sobre 
ingresso na administração pública municipal, e em observância aos princípios da 
eficiência e da moralidade, estabeleceu que os cargos, empregos e funções 
públicas seriam acessíveis aos brasileiros naturais do Estado “X”, que tivessem 
residência no Município “Y”, e que seriam investidos nos cargos mediante 
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo 
43
com anatureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, 
ressalvadas asnomeações para cargo em comissão. Contra esse dispositivo da Lei 
Orgânica foi ajuizada, junto ao Tribunal de Justiça, uma Ação Direta de 
inconstitucionalidade, nos termos do Art. 125, § 2º da CRFB, alegando violação a 
dispositivo da Constituição estadual que, basicamente, reproduz o Art.37 da 
CRFB. O Tribunal de Justiça conheceu da ação, mas julgou improcedente o 
pedido,entendendo que, respeitados os limites constitucionais, o Município pode 
criar regras próprias, noexercício da sua capacidade de auto-organização.A partir 
do caso apresentado, responda justificadamente aos itens a seguir.
A) O Município tem autonomia para criar a regra citada no enunciado, 
conforme entendeu oTribunal de Justiça? (Valor: 0,40)
RESPOSTA: Não, tendo em vista que a autonomia municipal para 
elaborar sua Lei Orgânica nãopode violar conteúdos constitucionais, 
como o princípio da isonomia (art. 5º), a proibição de criar distinção 
entre brasileiros (art. 19, III) e o livre acesso aos cargos públicos 
mediante concurso público (art. 37, I, da CF).
B) A ADI estadual pode ter por objeto dispositivo de Lei Orgânica? (Valor: 
0,45)
RESPOSTA: Sim. O controle de constitucionalidade no âmbito 
dos Estados-membros, visando à proteção das constituições 
estaduais, pode ter por objeto qualquer ato normativo estadual 
emunicipal, inclusive leis orgânicas. É importante ressaltar que as 
leis orgânicasdevem estar em harmonia tanto com a Constituição da 
República quanto com a Constituição do Estado-Membro aque 
pertence o município, conforme previsão do art. 29 da CF.
C) Dessa decisão do Tribunal de Justiça, cabe Recurso Extraordinário ao 
STF? (Valor: 0,40)
44
RESPOSTA: Sim. O STF tem jurisprudência pacificada no sentido 
d e q u e , m e s m o n o c a s o d e c o n t r o l e c o n c e n t r a d o d e 
constitucionalidade no âmbito estadual, é possível interpor Recurso 
Extraordinário em face do acórdão que julgar a ADI, sempre que 
desse julgamento resultarwww.provasdaoab.com.br eventual 
violação a normas da Constituição da República. Ademais, o 
dispositivo violado e que se encontra na Constituição do Estado é 
norma de observância obrigatória por parte dos entes federativos, o 
que reforça o cabimento do recurso extraordinário no caso em 
exame.
QUESTÃO 4
O Brasil assinou tratado internacional, discutido e votado no âmbito da 
Organização Mundial doComércio, que regulamentava novas formas de controle 
sobre o comércio exterior. Ao invés de a função ser exercida pelo Ministério da 
Fazenda, como preceitua o Art. 237 da Constituição Federal, o texto do tratado 
veda qualquer possibilidade de controle interno do comércio internacional pelos 
países signatários. A partir do fato acima, responda aos itens a seguir.
A) De acordo com o ordenamento constitucional vigente, a que autoridade 
ou órgão compete promover a internalização do referido tratado internacional? 
(Valor: 0,50)
RESPOSTA: Quando o Presidente da República ou um ministro a 
quem ele tenha delegado a função assina um tratado internacional, é 
enviada uma mensagem ao Congresso Nacional, a quem compete 
resolver definitivamente sobre os tratados de que o Brasil seja 
signatário (art. 49, I, CF).
Aprovado o tratado pelo Congresso Nacional, com a edição de 
decreto legislativo, segue-se a sua ratificação pelo Presidente da 
45
República e a posterior publicação do decreto presidencial, quando 
então o tratado estará em vigor no ordenamento jurídico interno. 
Esse é o procedimento padrão para a internalização dos tratados 
internacionais.
B) Uma vez internalizado o tratado em questão, com que hierarquia ele 
passa a integrar o ordenamento jurídico pátrio? (Valor: 0,25)
RESPOSTA: O tratado em questão, como não versa sobre direitos 
humanos, tem status de lei ordinária.
C) Qual (is) princípio(s) de Interpretação Constitucional deve(m) nortear a 
resolução do conflito entre o texto do tratado e o texto constitucional? (Valor: 
0,50)
RESPOSTA: O princípio da supremacia da constituição é o 
princípio que deverá resolver eventualconflito entre o texto do 
tratado e o texto da Constituição, resolvendo-se em prol da 
prevalência desta a controvérsia.
46
QUESTÃO 1
 
O Congresso Nacional aprovou e o Presidente da República sancionou 
projeto de lei complementar modificando artigos do Código Civil, nos termos do 
art. 22, I da CRFB. Três meses após a entrada em vigor da referida lei, o 
Presidente da República editou medida provisória modificando novamente os 
referidos artigos do Código Civil com redação dada pela lei complementar. 
Analise a constitucionalidade dos atos normativos mencionados. 
 
Comentários: 
 Os atos normativos mencionados na questão são constitucionais. 
De início, é importante fixar que a Constituição Federal, em seu art. 
62, III, proíbe a edição de medidas provisórias sobre matérias que o 
próprio texto constitucional reserva à lei complementar. 
 Todavia, no caso em discussão, a lei complementar sancionada 
não cuidava de matéria reservada, pela Constituição, à lei 
complementar. A hipótese, portanto, é de lei formalmente 
complementar, mas que cuida de matéria típica de lei ordinária (ou 
seja, lei complementar com status de lei ordinária). Em situações 
assim, não há vedação a que uma medida provisória modifique a lei 
complementar, pois a proibição constitucional, repita-se, é no sentido 
de proibir que uma medida provisória trate 
de matéria reservada à lei complementar, e o Código Civil é 
matéria de lei ordinária, não de lei complementar. 
OAB 
2010.3 – DIREITO 
CONSTITUCIONAL - FGV
CAPÍTULO 9
47
 Deveria o candidato abordar, ainda, a inexistência de hierarquia 
entre lei complementar e lei ordinária. Embora ainda haja 
divergência na doutrina sobre o assunto, a maioria dos autores, e 
também o STF (no RE 14629, por exemplo), aderem ao entendimento 
de que não há hierarquia entre essas duas espécies de leis. As 
diferenças entre elas são apenas de procedimento (a lei 
complementar exige maioria absoluta para a sua aprovação e a lei 
ordinária exige maioria simples) e de cabimento (para certas 
matérias, a Constituição exige expressamente lei complementar; 
quando ela não faz essa exigência, a hipótese é de lei ordinária). 
 Não havendo hierarquia entre tais modalidades legislativas, 
nada impede que uma lei ordinária modifique uma lei que seja apenas 
formalmente complementar, ou seja, uma lei que, apesar de ser 
complementar, não tratou de matéria reservada a tal espécie 
legislativa. 
 
 
QUESTÃO 2 
Uma lei estadual foi objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 
ajuizada junto ao STF. Supondo que o Tribunal tenha se pronunciado, neste caso, 
pela inconstitucionalidade parcial sem redução de texto, explique o conceito 
acima, apontando quais os efeitos da declaração de 
inconstitucionalidade neste caso. 
 
Comentários: 
 A declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de 
texto consiste em decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal que 
reconhece a inconstitucionalidade não do texto da lei, mas apenas de 
um dos seus significados ou de uma de suas hipóteses de aplicação, 
mantendo o texto intacto. 
 No dizer de Gilmar Ferreira Mendes, “constata-se, na declaração 
de nulidade sem redução de texto, a expressa exclusão, por 
48
inconstitucionalidade, de determinadas hipóteses de aplicação do 
programa normativo sem que se produza alteração expressa no texto 
legal.” (Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2010, p.
1428) A declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de 
texto tem os mesmos efeitos que qualquer decisão tomada em sede de 
controle abstrato de normas: eficácia erga omnes (eficácia contra 
todos) e efeito vinculante (não restrito à parte dispositiva, mas 
também à fundamentação da decisão), este último em relação aos 
órgãos do Judiciário e da Administração Pública federal, estadual e 
municipal.
 
QUESTÃO 3 
O Conselho Federal da OAB ajuizou, junto ao STF, Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADI), tendo por objeto um artigo de uma lei federal em 
vigor desde 2005, sendo manifesta a pertinência temática do dispositivo 
impugnado com o exercício da advocacia. O STF entende que o referido 
dispositivo legal é inconstitucional, mas por fundamento distinto do que fora 
apresentado pelo Conselho Federal da OAB na ADI, tendo o STF inclusive 
declarado a inconstitucionalidade desse mesmo dispositivo no julgamento de um 
caso concreto, em Recurso Extraordinário (RE). Com base nas informações 
acima, responda: 
I. o STF pode julgar a ADI procedente a partir de fundamento diverso do 
que fora apresentado pelo Conselho Federal da OAB? Justifique. 
II. o STF pode julgar a ADI procedente em relação também a outro 
dispositivo da mesma lei, mesmo não tendo este dispositivo sido objeto da ADI? 
Justifique. 
 
Comentários: 
 I - O Supremo Tribunal Federal não está limitado aos 
fundamentos expostos pelo autor da ADI. Nas ações de controle de 
constitucionalidade, a causa de pedir (causa petendi) é aberta, de 
49
modo que o fundamento invocado pela parte não vincula o STF, que 
pode acolher o pedido (declarar inconstitucional/constitucional a 
norma discutida) com base no fundamento que entender pertinente, 
ainda

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