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DIREITO CONSTITUCINAL WWW.PROVASDAOAB.COM.BR Instruções: A presente apostila é composta de questões práticas de Direito Constitucional extraídas dos Exames Unificados aplicados pela Organizadora FGV com suas respectivas respostas. Sugerimos que tente respondê-las sem a consulta aos gabaritos, servindo estes apenas para conferência e correção. Confira as respostas e revise as questões que por ventura você tenha errado, pois esta é uma ótima maneira de aprender e fixar os conteúdos estudados. Bons Estudos e Boa prova! Equipe ProvasdaOab.com.br DIREITO CONSTITUCIONAL QUESTÕES DE SEGUNDA FASE 1 QUESTÃO 1: O Congresso Nacional aprovou e o Presidente da República sancionou projeto de lei complementar modificando artigos do Código Civil, nos termos do art. 22, I da CRFB. Três meses após a entrada em vigor da referida lei, o Presidente da República editou medida provisória modificando novamente os referidos artigos do Código Civil com redação dada pela lei complementar. Analise a constitucionalidade dos atos normativos mencionados. COMENTÁRIOS: Os atos normativos mencionados na questão são constitucionais. De início, é importante fixar que a Constituição Federal, em seu art. 62, III, proíbe a edição de medidas provisórias sobre matérias que o próprio texto constitucional reserva à lei complementar. Todavia, no caso em discussão, a lei complementar sancionada não cuidava de matéria reservada, pela Constituição, à lei complementar. A hipótese, portanto, é de lei formalmente complementar, mas que cuida de matéria típica de lei ordinária (ou seja, lei complementar com status de lei ordinária). Em situações assim, não há vedação a que uma medida provisória modifique a lei complementar, pois a proibição constitucional, repita-se, é no sentido de proibir que uma medida provisória trate de matéria reservada à lei complementar, e o Código Civil é matéria de lei ordinária, não de lei complementar. SEGUNDA FASE EXAME UNIFICADO 2010.2 CAPÍTULO 2 2 Deveria o candidato abordar, ainda, a inexistência de hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. Embora ainda haja divergência na doutrina sobre o assunto, a maioria dos autores, e também o STF (no RE 14629, por exemplo), aderem ao entendimento de que não há hierarquia entre essas duas espécies de leis. As diferenças entre elas são apenas de procedimento (a lei complementar exige maioria absoluta para a sua aprovação e a lei ordinária exige maioria simples) e de cabimento (para certas matérias, a Constituição exige expressamente lei complementar; quando ela não faz essa exigência, a hipótese é de lei ordinária). Não havendo hierarquia entre tais modalidades legislativas, nada impede que uma lei ordinária modifique uma lei que seja apenas formalmente complementar, ou seja, uma lei que, apesar de ser complementar, não tratou de matéria reservada a tal espécie legislativa. QUESTÃO 2: Uma lei estadual foi objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) ajuizada junto ao STF. Supondo que o Tribunal tenha se pronunciado, neste caso, pela Inconstitucionalidade parcial sem redução de texto, explique o conceito acima, apontando quais os efeitos da declaração de inconstitucionalidade neste caso. COMENTÁRIOS: A declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto consiste em decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal que reconhece a inconstitucionalidade não do texto da lei, mas apenas de um dos seus significados ou de uma de suas hipóteses de aplicação, mantendo o texto intacto. No dizer de Gilmar Ferreira Mendes, “constata-se, na declaração de nulidade sem redução de texto, a expressa exclusão, por 3 inconstitucionalidade, de determinadas hipóteses de aplicação do programa normativo sem que se produza alteração expressa no texto legal.” (Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2010, p.1428) A declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto tem os mesmos efeitos que qualquer decisão tomada em sede de controle abstrato de normas: eficácia erga omnes (eficácia contra todos) e efeito vinculante (não restrito à parte dispositiva, mas também à fundamentação da decisão), este último em relação aos órgãos do Judiciário e da Administração Pública federal, estadual e municipal, conforme expressa previsão do art. 28 da Lei 9868/99. QUESTÃO 3: O Conselho Federal da OAB ajuizou, junto ao STF, Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), tendo por objeto um artigo de uma lei federal em vigor desde 2005, sendo manifesta a pertinência temática do dispositivo impugnado com o exercício da advocacia. O STF entende que o referido dispositivo legal é inconstitucional, mas por fundamento distinto do que fora apresentado pelo Conselho Federal da OAB na ADI, tendo o STF inclusive declarado a inconstitucionalidade desse mesmo dispositivo no julgamento de um caso concreto, em Recurso Extraordinário (RE). Com base nas informações acima, responda: I. o STF pode julgar a ADI procedente a partir de fundamento diverso do que fora apresentado pelo Conselho Federal da OAB? Justifique. II. o STF pode julgar a ADI procedente em relação também a outro dispositivo da mesma lei, mesmo não tendo este dispositivo sido objeto da ADI? Justifique. COMENTÁRIOS: I - O Supremo Tribunal Federal não está limitado aos fundamentos expostos pelo autor da ADI. Nas ações de controle de constitucionalidade, a causa de pedir (causa petendi) é aberta, de 4 modo que o fundamento invocado pela parte não vincula o STF, que pode acolher o pedido (declarar inconstitucional/constitucional a norma discutida) com base no fundamento que entender pertinente, ainda que não conste da causa de pedir exposta na petição inicial. II – Em princípio, não. O Supremo Tribunal Federal está, em regra, adstrito ao pedido formulado pela parte que propôs a ADI. Assim, se a parte autora pede a declaração de inconstitucionalidade do art. “a” da Lei “X”, não pode o STF declarar inconstitucional os arts. “a”, “b” e “c” da Lei “X”, pois agir de tal modo implicaria extrapolar os limites do pedido inicial e assim infringir os princípios da inércia da jurisdição e da iniciativa das partes. Todavia, há uma exceção a tal regra. É que, muitas vezes, duas normas mantêm entre si uma relação de dependência, de maneira que a declaração de inconstitucionalidade de uma delas acarreta, inevitavelmente, a declaração de inconstitucionalidade da outra. Diante de tais casos, pode o STF utilizar-se da chamada declaração de inconstitucionalidade “por arrastamento” ou “por atração”, declarando a inconstitucionalidade de norma que não foi impugnada pela parte autora, quando ela se mostrar dependente da norma questionada na petição inicial. QUESTÃO 4: Em 2005, o STF julgou procedente ADC ajuizada pelo Procurador-Geral da República visando à declaração de constitucionalidade de uma lei federal que estava sendo questionada em diversos processos judiciais pelo país, gerando uma controvérsia judicial em torno da sua adequação ao texto constitucional. Nas eleições ocorridas em outubro de 2010, um determinado partido político conseguiu, pela primeira vez em sua história, eleger um parlamentar, no caso um deputado federal, graças à coligação partidária firmada com um parti do político 5 de maior expressão e base eleitoral. O diretório nacional do referido partido político pretende, no próximo ano, após o início da sessão legislativa, ajuizar uma ADI contra a mencionada lei federal, a partir de argumentos que não foram enfrentados pelos ministros do STF em 2005. Analise a pretensão do parti do político, considerando os seguintes tópicos: I. A legitimidade para a propositura da ação. II. A possibilidade de o STF declarar a inconstitucionalidade da lei(com ou sem modulação dos efeitos). COMENTÁRIOS: I – Partidos políticos com representação no Congresso Nacional são um dos legitimados para a propositura tanto da Ação Direta de Inconstitucionalidade quanto da Ação Direta de Constitucionalidade, conforme se depreende da leitura do art. 103 da Constituição Federal, na redação dada pela EC/45. Inclusive, os partidos políticos, ao lado do Presidente da República, da Mesa do Senado Federal, da Mesa da Câmera dos Deputados, do Procurador da República e do Conselho Federal da OAB/AL são legitimados universais e não precisam demonstrar pertinência temática entre a matéria discutida na ADI e seus fins institucionais. No caso em questão, o fato do partido político ter representação apenas na Câmara dos Deputados e não no Senado Federal em nada interfere em sua legitimidade, pois segundo entendimento do STF basta ter representação em uma das casas do Congresso Nacional. II - Mesmo já tendo se pronunciado pela constitucionalidade da lei discutida em Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) proposta anteriormente, o Supremo Tribunal Federal pode considerar a lei inconstitucional por ocasião do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta pelo partido político. Isso porque o julgamento anterior não vincula o próprio STF, que pode, diante de novos argumentos, alterar 6 seu posicionamento, até porque pensar o contrário importaria em “engessamento” da interpretação constitucional. Ao declarar a inconstitucionalidade de uma norma, o STF pode fazê-lo com ou sem m o d u l a ç ã o d e e f e i t o s . N o r m a l m e n t e , a d e c l a r a ç ã o d e inconstitucionalidade de uma norma traz como consequência a sua nulidade ab initio, ou seja, apagam-se todos os efeitos que ela produziu desde a sua entrada em vigor. Todavia, “tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos” da declaração de inconstitucionalidade e decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. (art. 27 da Lei 9.868/99). QUESTÃO 5: A Constituição de determinado estado da federação, promulgada em 1989, ao dispor sobre a administração pública estadual, estabelece que a investidura em cargo ou emprego público é assegurada aos cidadãos naturais daquele estado e depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Em 2009 foi promulgada pela Assembléia Legislativa daquele estado (após a derrubada de veto do Governador), uma lei que permite o ingresso em determinada carreira por meio de livre nomeação, assegurada a estabilidade do servidor nomeado após 3 (três) anos de efetivo exercício. Considerando-se que a Constituição estadual arrola o Governador como um dos legitimados para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade em âmbito estadual (art. 125, §2° da CRFB), e considerando-se que o Governador pretende obter a declaração de inconstitucionalidade da referida lei estadual, responda: 7 I. o que ocorreria se logo após o ajuizamento da ação direta de inconstitucionalidade de âmbito estadual, ajuizada pelo Governador do Estado junto ao Tribunal de Justiça (nos termos do art. 125, §2° da CRFB) e antes do julgamento, fosse ajuizada pelo Conselho Federal da OAB uma ação direta de inconstitucionalidade junto ao STF, tendo por objeto esta mesma lei? Explique. II. poderia o Presidente da República ajuizar ação direta de inconstitucionalidade junto ao STF contra o dispositivo da Constituição estadual? Explique. COMENTÁRIOS: I – Na hipótese trazida na questão, a ação direta de inconstitucionalidade proposta perante o Tribunal de Justiça ficaria suspensa até o julgamento da ação direta de inconstitucionalidade proposta no Supremo Tribunal Federal. A t r a m i t a ç ã o p a r a l e l a d e d u a s a ç õ e s d i r e t a s d e inconstitucionalidade, uma no Supremo Tribunal Federal e outra em Tribunal de Justiça, só se revela possível, no ordenamento jurídico brasileiro, quando o ato normativo impugnado for estadual, como é a situação trazida na questão. Em casos tais, mesmo acentuando a autonomia dos pronunciamentos jurisdicionais federal e estadual, o Supremo Tribunal Federal tem decidido, com base nos princípios da primazia da Constituição Federal e conseqüente primazia de sua guarda, e da prejudicialidade total ou parcial do julgamento do Supremo com relação ao dos Tribunais de Justiça, que uma vez proposta a Ação Direta de Inconstitucionalidade no plano federal, haverá o impedimento ou a suspensão da tramitação da ação congênere perante o Tribunal de Justiça (Reclamação n.° 425/RJ, Rel. Ministro Néri da Silveira, j. 27.05.1993, DJU 22.10.1993). Ao final, se declarada a inconstitucionalidade do ato normativo impugnado, a retirada da norma estadual do sistema ocasionará a perda de objeto da ação no plano estadual. Acaso, ao revés, for a norma declarada constitucional, a ação proposta perante o Tribunal de Justiça prosseguirá, já que nada impede que a norma estadual seja declarada inconstitucional 8 perante a Constituição Estadual, lembrando que se está a tratar aqui de parâmetros de controle de teor (conteúdo normativo) diverso. II – Sim. O Presidente da República é um dos legitimados u n i v e r s a i s p a r a a p r o p o s i t u r a d a A ç ã o D i r e t a d e Inconstitucionalidade. Vale ainda pontuar que uma emenda estadual, como qualquer espécie legislativa, necessita estar em harmonia com as disposições da Constituição Federal, não podendo com ela conflitar, notadamente em relação àquelas normas de observância obrigatória. Assim, todo e qualquer norma estadual que se mostrar em descompasso com a Constituição Federal poderá ser objeto de ADI a ser proposta pelo Presidente da República, com fulcro no art. 103, I, da Carta Magna. 9 QUESTÃO 1 O Procurador-Geral da República ajuizou uma ação direta de inconstitucionalidade contra a lei estadual X e uma ação declaratória de constitucionalidade tendo por objeto a lei federal Y – ambas ajuizadas com pedido de medida cautelar. Considerando-se o exposto, responda fundamentadamente: a) Diante da ambivalência das ações de constitucionalidade e inconstitucionalidade, se o STF indeferir a cautelar na ADI, pode um juiz, no exame de um caso concreto (controle difuso), declarar a inconstitucionalidade da lei X? (Valor: 0,65) b) Se o STF deferir a cautelar na ADC, pode um juiz, no exame de um caso concreto, declarar a inconstitucionalidade da lei Y, mas por outros fundamentos, que não aqueles que deram causa à ação? (Valor: 0,6) RESPOSTAS A) Sim. A medida cautelar em ADI, ao contrário da decisão final de mérito, não possui caráter ambivalente, ou seja, o fato do STF ter indeferido a cautelar na ADI não significa que o referido Tribunal tenha, em caráter provisório e com efeitos vinculantes, assentado a constitucionalidade da lei impugnada. Assim, diante de tal decisão, todos os juízes e Tribunais do país continuam habilitados a, em seus julgamentos, afastar a lei impugnada no caso concreto, por reputá-la inconstitucional. IV EXAME DA ORDEM UNIFICADO CAPÍTULO 3 10 B) Não, não pode. Isso porque a cautelar deferida na ADC importa na suspensão do julgamento de todos os processos que tenham por objeto a discussão da constitucionalidade ou não da lei questionada na ADC (art. 21 da Lei 9868/99). Assim, como os processos devem ficar suspensos até a decisão final proferida pelo STF na ADC, não é possível que um juiz decida,em feito da sua competência, pela inconstitucionalidade da lei em referência. QUESTÃO 2 Determinado Partido Político com representação no Congresso Nacional ajuíza Ação Direta de Inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal para questionar a íntegra de uma lei estadual. Em relação ao cenário acima, comente, justificadamente, as consequências jurídicas das seguintes hipóteses, considerando sua ocorrência antes do julgamento da ADI: a) a lei estadual impugnada é revogada; (Valor: 0,5) b) o Partido Político deixa de ter representação no Congresso Nacional (Valor: 0,75) RESPOSTAS A) No caso de revogação da lei estadual questionada na ADI, ocorre a perda superveniente do objeto da referida ação. Como consequência disso, a ação deve ser tida por prejudicada e julgada sem resolução do mérito. Eventuais questões acerca das relações jurídicas formadas durante o período de vigência da lei devem ser resolvidas por meio do controle difuso de constitucionalidade. B) Na hipótese do partido político autor da ADI perder a representação no Congresso Nacional antes do término do julgamento, deve a ação prosseguir, por se tratar de 11 processo de caráter objetivo. Na ADI 2618/PR, o STF fixou o entendimento de que a legitimidade do partido político para propor a ADI deve ser aferida no momento da propositura da ação, pouco importando a perda superveniente de legitimidade, por ausência de representantes no Congresso Nacional. QUESTÃO 3 Suponha que o STF tenha reconhecido em diversos julgados (recursos extraordinários) a incompatibilidade de uma lei ordinária do Estado Y, em vigor desde 1999, com uma emenda constitucional promulgada no ano seguinte. À 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado Y foi distribuído um recurso de apelação cível em que a incompatibilidade da referida lei com a emenda constitucional é questão prejudicial. Diante desses fatos, responda: a) As decisões proferidas pelo STF, reconhecendo a referida incompatibilidade entre lei e emenda constitucional, devem ser encaminhadas ao Senado? Explique. (Valor: 0,7) b) A 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado Y tem competência para deixar de aplicar a lei estadual incompatível com a emenda constitucional? Explique. (Valor: 0,55) RESPOSTAS A) Não. É importante observar que, no caso referido na questão, há incompatibilidade entre uma lei que entrou em vigor no ano de 1999 e uma emenda constitucional promulgada no ano seguinte ( 2 0 0 0 ) . E m s i t u a ç õ e s a s s i m , n ã o h á p r o p r i a m e n t e inconstitucionalidade, mas simples revogação, pois a emenda constitucional, ao entrar em vigor, revogou implicitamente todas as normas que fossem com ela incompatíveis. Tratando-se de revogação, e não de inconstitucionalidade, não há que se falar em comunicação ao Senado Federal, pois tal comunicação somente deve ser feita no 12 caso de decisões definitivas do STF, em sede de controle difuso, que declarem a inconstitucionalidade da norma, conforme se depreende da leitura do art. 52, X, da Constituição Federal B) Sim, pelo mesmo motivo mencionado na resposta anterior, ou seja, a situação envolve declaração de revogação de norma, e não de inconstitucionalidade. De todo modo, ainda que se tratasse de declaração de inconstitucionalidade, a 1ª Câmara Cível teria competência para deixar de aplicar a lei estadual questionada, pois o fato de já existirem precedentes do STF no mesmo sentido é motivo para excepcionar a cláusula de reserva de plenário, também chamada de full bench (art. 97, CF), conforme prevê o art. 481, parágrafo único, do CPC. QUESTÃO 4 Mévio, advogado com longos anos de carreira, resolve concorrer a vaga de magistrado surgida no Tribunal de Justiça K, tendo apresentado o seu currículo para a Ordem dos Advogados do Brasil, que o incluiu na lista de advogados. Mesma situação ocorreu com a lista escolhida pelo Tribunal de Justiça. À luz das normas constitucionais, responda aos itens a seguir: A) Qual é o percentual de vagas destinada aos advogados nos Tribunais de Justiça? (Valor: 0,35) B) Quais são os ritos de escolha realizados pela OAB e pelo Tribunal de Justiça? (Valor: 0,6) C) De quem é a competência para nomeação? (Valor: 0,3) RESPOSTAS A) A Constituição Federal, em seu art. 94, destinada 1/5 (um quinto) das vagas dos Tribunais Regionais Federais, Tribunais de 13 Justiça Estaduais e Tribunal de Justiça do Distrito Federal a membros do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e a advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Diante de tal disposição, é válido concluir que 1/10 ou 10% das vagas dos referidos Tribunais são destinadas apenas a advogados. B) A Seccional Estadual da OAB elabora lista sêxtupla e a partir dessa lista o Tribunal de Justiça elaborará lista tríplice, a ser encaminhada ao Governador do Estado, para livre escolha e nomeação. C) Como afirmado acima, a competência para a nomeação, neste caso, é do Governador do Estado. Em se tratando de Tribunal Federal (TRF, por exemplo), a competência seria do Presidente da República. 14 QUESTÃO 1 Com o objetivo de incrementar a arrecadação tributária, projeto de lei estadual, de iniciativa parlamentar, cria uma gratificação de produtividade em favor dos Fiscais de Rendas que, no exercício de suas atribuições, alcancem metas previamente estabelecidas. O projeto é aprovado pela Assembleia Legislativa e, em seguida, encaminhado ao Governador do Estado, que o sanciona. Com base no cenário acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Indique a inconstitucionalidade formal que a lei apresenta e informe se a sanção da Chefia do Poder Executivo teve o condão de saná-la. (Valor: 0,65) b) Supondo que a lei seja questionada perante o STF por meio de ADI, de que forma poderia o Sindicato dos Fiscais de Rendas daquele Estado atuar no feito em defesa da lei? Teria legitimidade para interposição de embargos declaratórios contra a decisão final adotada na ADI? (Valor: 0,60) RESPOSTAS A) A lei estadual que criou a gratificação mencionada no enunciado acima possui vício formal consistente na ausência de iniciativa do Poder Legislativo para propor projeto de lei que verse sobre aumento de remuneração de cargos públicos. Tal modo de proceder contraria o disposto no art. 61, §1º, II, “a”, da Constituição Federal, que atribui a iniciativa de tais projetos ao Presidente da República e, por força do princípio da simetria, ao Governador do Estado, no âmbito dos estados-membros. O fato do Chefe do Poder V EXAME DA ORDEM UNIFICADO CAPÍTULO 4 15 Executivo ter sancionado a lei não convalida o vício, conforme atual jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal, estando a Súmula n.º 05 daquele Tribunal superada atualmente. B) O Sindicato dos Fiscais de Rendas pode requerer seu ingresso no feito na condição de amicus curiae, uma espécie de intervenção assistencial passível de ser realizada por entidades que tenham representativa adequada para se manifestar sobre a questão de direito relativa à controvérsia constitucional sob discussão. O instituto do amicus curiae tem previsão no art. 7º, §2º, da Lei 9.868/99, o qual prevê:“O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades.”). Admitido no feito, o amicus curiae pode manifestar-se por escrito e fazer sustentação oral, mas não temlegitimidade para interpor recurso, conforme precedentes do Supremo Tribunal Federal (ADI 2.591-ED/DF, Rel. Min. Eros Grau). QUESTÃO 2 O Tribunal de Contas da União (TCU), acolhendo representação contendo fortes indícios de irregularidades em procedimento licitatório realizado por entidade submetida à sua fiscalização, determina, cautelarmente, a suspensão do certame e fixa prazo para que o gestor responsável apresente defesa. Após regular instrução do processo, o TCU rejeita as razões de defesa, confirma a medida acautelatória e aplica multa sancionatória ao administrador público responsável pelas irregularidades. Com base no cenário acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. 16 a) É juridicamente possível a suspensão cautelar do procedimento licitatório por decisão do TCU? (Valor: 0,65) b) Supondo que, contra a aplicação da multa sancionatória, não tenha sido interposto qualquer recurso administrativo, qual é a providência a ser adotada para sua execução? (Valor: 0,60) RESPOSTAS A) Sim. Com base na teoria dos poderes implícitos, segundo a qual, para cada competência outorgada pela Constituição Federal, haveria um leque de poderes implícitos conexos a ela, necessários ao seu efetivo desempenho, o Supremo Tribunal Federal reconhece ser possível a suspensão cautelar do procedimento licitatório pode decisão do TCU. Isso porque, se a Constituição atribui ao TCU a competência de assinalar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei (art. 71, IX, CF), deve lhe ser reconhecida a competência de suspender cautelarmente atos ilegais de tais órgãos ou entidades, enquanto não adotadas as providências para adequá-los ao que prescreve o texto legal. No âmbito da jurisprudência do Supremo, tal entendimento restou consolidado a partir do julgamento do MS 24510/DF, Relatora Ministra Ellen Gracie. Em seu voto, a Ministra destacou que referida competência do TCU também encontra fundamento nos arts. 4º e 113, §1º e 2º, da Lei 8.666/93. B) A multa aplicada pelo TCU constitui título executivo extrajudicial, nos termos do art. 71, §3º, da CF, e sua execução compete à Advocacia Geral da União, a qual deve ingressar com a respectiva ação de execução para obter a satisfação do crédito. 17 QUESTÃO 3 Um fazendeiro descobriu que sua mulher o havia traído com um cidadão de etnia indígena que morava numa reserva próxima à sua fazenda. No mesmo instante em que tomou ciência do fato, o fazendeiro dirigiu-se à reserva indígena e disparou três tiros contra o índio, que, no entanto, sobreviveu ao atentado. Com base nesse cenário, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) A quem compete julgar esse caso? (Valor: 0,45) b) Qual é o fundamento do art. 109, XI, da Constituição da República? (Valor: 0,40) c) Caso o juiz federal entendesse ser incompetente para julgar esse caso e encaminhasse os autos ao juiz de direito e este também entendesse ser incompetente, a quem caberia decidir qual o juízo competente? Por quê? (Valor: 0,40) RESPOSTAS A) A competência para julgar esse caso é do Tribunal do Júri da Comarca da Justiça Estadual em que se consumou o delito, por se tratar de crime doloso contra a vida. A circunstância da vítima ser indígena não desloca a competência para o Tribunal do Júri da Justiça Federal, pois para tanto seria necessário que o caso estivesse relacionado com a disputa de direitos indígenas, conforme preceitua o art. 109, XI, da Constituição Federal, o que não ocorre na hipótese. B) A justificativa para atribuir-se à Justiça Federal a competência para julgar causas que envolvam disputa sobre direitos indígenas reside no fato de que a União é responsável a cultura O Presidente da República ajuizou ação direta de inconstitucionalidade contra o art. 5º da lei federal X, de 2005. Essa lei tem sido declarada totalmente inconstitucional pelo STF em reiteradas decisões, todas em sede de controle difuso. Com base nesse cenário e à luz da jurisprudência do 18 STF, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. C) O Advogado-Geral da União está obrigado a defender a constitucionalidade da lei X? Explique. (Valor: 0,8) D) Ao julgar essa ADI, pode o STF declararAR inconstitucionalidade de outro(s) dispositivo(s) da lei X, além do art. 5º? Explique. (Valor: 0,45) RESPOSTAS C) Não. É verdade que a função do Advogado-Geral da União, no âmbito do controle de constitucionalidade concentrado, é a de defender o ato normativo impugnado, atuando como uma espécie de “curador” da lei. Todavia, nos casos em que o ato questionado já houver sido declarado inconstitucional pelo STF de maneira reiterada, ainda que em sede de controle difuso, dispensa-se o AGU de tal incumbência, podendo ele opinar pela inconstitucionalidade da lei. Tal entendimento baseia-se na jurisprudência do STF, firmada no julgado da ADI 1616, Rel. Ministro Maurício Correia. D) Sim. Embora em princípio o Supremo Tribunal Federal esteja adstrito ao pedido formulado na petição inicial da ADI, ele pode declarar a inconstitucionalidade de outros artigos não mencionados na Inicial quando houver interdependência do texto legal impugnado com outros dispositivos. É a chamada inconstitucionalidade por arrastamento. QUESTÃO 4 O Presidente da República ajuizou ação direta de inconstitucionalidade contra o art. 5º da lei federal X, de 2005. Essa lei tem sido declarada totalmente inconstitucional pelo STF em reiteradas decisões, todas em sede de controle 19 difuso. Com base nesse cenário e à luz da jurisprudência do STF, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) O Advogado-Geral da União está obr igado a defender a constitucionalidade da lei X? Explique. (Valor: 0,8) b) Ao julgar essa ADI, pode o STF declarar a inconstitucionalidade de outro(s) dispositivo(s) da lei X, além do art. 5º? Explique. (Valor: 0,45) RESPOSTAS A) Não. É verdade que a função do Advogado-Geral da União, no âmbito do controle de constitucionalidade concentrado, é a de defender o ato normativo impugnado, atuando como uma espécie de “curador” da lei. Todavia, nos casos em que o ato questionado já houver sido declarado inconstitucional pelo STF de maneira reiterada, ainda que em sede de controle difuso, dispensa-se o AGU de tal incumbência, podendo ele opinar pela inconstitucionalidade da lei. Tal entendimento baseia-se na jurisprudência do STF, firmada no julgado da ADI 1616, Rel. Ministro Maurício Correia. B) Sim. Embora em princípio o Supremo Tribunal Federal esteja adstrito ao pedido formulado na petição inicial da ADI, ele pode declarar a inconstitucionalidade de outros artigos não mencionados na Inicial quando houver interdependência do texto legal impugnado com outros dispositivos. É a chamada inconstitucionalidade por arrastamento. 20 QUESTÃO 1 Suponha que tramite perante a Câmara dos Deputados Proposta de Emenda à Constituição da República estabelecendo a obrigatoriedade de Estados, Municípios e Distrito Federal indexarem a remuneração de seus servidores públicos de acordo com o salário mínimo. Considerando a situação hipotética, analise os itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso: a) a constitucionalidade da referida PEC; (Valor: 0,6) b) a possibilidade de provimento jurisdicional que avalie a constitucionalidade da PEC ainda no curso do processo legislativo. (Valor: 0,65) RESPOSTAS a) Proposta de emenda àConstituição Federal que pretendesse indexar a remuneração dos servidores públicos dos Estados, Distrito Federal e Municípios ao salário mínimo, que é fixado por norma federal, seria inconstitucional por violação à forma federativa do Estado, pois implicaria grave intromissão na autonomia dos demais entes federativos. Assim, tal proposta infringiria o disposto o no art. 60, §4º, I, da Constituição Federal, o qual não admite qualquer proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa do Estado. b) A proposta de emenda à Constituição pode, sim, ser objeto de controle jurisdicional de constitucionalidade ainda no curso do processo legislativo, por meio de mandado de segurança em que VI EXAME DA ORDEM UNIFICADO CAPÍTULO 5 21 parlamentar federal sustente o direito líquido e certo que possui ao devido processo legislativo. Assim, se a própria Constituição, por meio de cláusula pétrea, proíbe que certas opções do Poder Constituinte Originário possam ser desfeitas ou revistas pelo Poder Constituinte Derivado, pode o parlamentar que se veja sujeito a participar da tramitação de uma proposta de emenda vazada nesses termos buscar tutela jurisdicional perante o Supremo Tribunal Federal. Nesse sentido, confira-se o precedente firmado no julgamento do Mandado de Segurança 24.642/ STF, o qual recebeu a seguinte ementa: EMENTA: CONSTITUCIONAL. PROCESSO LEGISLATIVO: CONTROLE JUDICIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. I. - O parlamentar tem legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança com a finalidade de coibir atos praticados no processo de aprovação de leis e emendas constitucionais que não se compatibilizam com o processo legislativo constitucional. Legitimidade ativa do parlamentar, apenas. II. - Precedentes do STF: MS 20.257/DF, Ministro Moreira Alves (leading case), RTJ 99/1031; MS 21.642/DF, Ministro Celso de Mello, RDA 191/200; MS 21.303-AgR/DF, Ministro Octavio Gallotti, RTJ 139/783; MS 24.356/DF, Ministro Carlos Velloso, "DJ" de 12.09.2003. III. - Inocorrência, no caso, de ofensa ao processo legislativo, C.F., art. 60, § 2º, por isso que, no texto aprovado em 1º turno, houve, simplesmente, pela Comissão Especial, correção da redação aprovada, com a supressão da expressão "se inferior", expressão dispensável, dada a impossibilidade de a remuneração dos Prefeitos ser superior à dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. IV. - Mandado de Segurança indeferido. (STF, Pleno, Rel. Ministro Carlos Veloso, DJ 18/06/2004) 22 QUESTÃO 2 Marco Antônio, titular, desde 2006, de mandato de Senador pelo Estado X, pretende se reeleger, em 2014, para o Senado, mas dessa vez como Senador pelo Estado Y, governado pela sua esposa, Maria, eleita em 2010 e que pretende a reeleição em 2014. Como Marco Antonio irá concorrer, em 2014, ao cargo de Senador pelo Estado Y, Paulo, filho de Marco Antonio e Maria, decidiu que naquele ano irá se candidatar ao cargo de Senador pelo Estado X. Diante desse quadro, responda: a) Pode Marco Antonio se candidatar ao cargo de Senado pelo Estado Y, em 2014? (Valor: 0,75) b) Pode Paulo se candidatar ao cargo de Senador pelo Estado X, em 2014? (Valor: 0,5) RESPOSTAS a) Não, pois sua candidatura esbarraria no óbice previsto no art. 14, §7º, da Constituição Federal, que assim dispõe: “São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.” Assim, como Maria é Governadora do Estado Y, Marco Antônio, seu esposo, não pode se candidatar ao Senado pelo mesmo Estado, a menos que ele já fosse titular de mandato pelo Estado Y e pretendesse apenas se reeleger, o que não é o caso, pois a questão afirma que Marco Antônio já é Senador por outro Estado (o Estado X). b) Sim. A candidatura de Paulo, filho de Maria, ao cargo de Senador do Estado X é perfeitamente possível, pois a vedação contida no art. 14, §7º, da Constituição alcança apenas os cônjuges e parentes dos Chefes do Poder Executivo (Presidente, Governador Prefeito). No 23 caso, o vínculo de parentesco de Paulo, no Estado X, é com Marco Antônio, que é Senador. QUESTÃO 3 O Prefeito do Município WK apresenta projeto de lei que outorga reajustes a determinadas categorias de servidores públicos, que veio a sofrer emendas pelos parlamentares ampliando os benefícios para outras categorias não acolhidas no projeto do Chefe do Executivo, com aumento de despesas, em previsibilidade orçamentária. A Constituição Estadual prescreve que nessa matéria a iniciativa é exclusiva do Chefe do Executivo, repetindo normas da Constituição Federal. A lei foi votada por maioria e sancionada pelo Prefeito. A legitimidade prevista para o controle de constitucionalidade repete, no plano local, aquela inscrita na Constituição Federal. Responda fundamentadamente: a) A emenda parlamentar ao projeto de lei seria possível? (Valor: 0,65) b) Existiria algum meio de controle de constitucionalidade da lei votada pela Câmara? (Valor: 0,4) c) Teria o Prefeito legitimidade para propor a eventual ação direta de inconstitucionalidade, mesmo tendo sancionado o projeto? (Valor: 0,2) RESPOSTAS a) Não, pois o art. 63, I, da Constituição Federal, aplicável por força do princípio da simetria ao processo legislativo dos Estados, do DF e dos Municípios, proíbe emenda parlamentar que implique aumento de despesa em projetos de lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo, como é o caso de projeto de lei que verse sobre a remuneração de servidores da administração direta e indireta (art. 61, §1º, II, “a”, da CF). 24 b) Sim. Além do controle difuso, sempre possível, seria viável discutir a constitucionalidade da lei municipal por meio de ação direta de constitucionalidade estadual, a ser proposta perante o Tribunal de Justiça. Isso porque a Constituição do Estado, no ponto relativo à iniciativa do Poder Executivo para propor projetos de lei que verse sobre remuneração de servidores da administração pública, repete em seu texto norma da Constituição Federal. Assim, é possível propor ADI Estadual perante o Tribunal de Justiça, sob a alegação de descumprimento da norma da Constituição Estadual. c) Sim. No controle de constitucionalidade estadual, a Constituição do Estado-membro tem certa liberdade para elencar os legitimados para a propositura da ADI Estadual, sendo-lhe vedado, apenas, atribuir a legitimação a um único órgão (art. 125, §2º, CF). Na situação retratada na questão, também por simetria ao que ocorre com o Presidente no plano federal, poderia o Chefe do Poder Executivo Municipal (Prefeito) propor ADI perante o Tribunal de Justiça. A circunstância do Prefeito ter sancionado o projeto de lei em nada repercute nessa possibilidade, pois é entendimento pacífico do Supremo Tribunal Federal que a sanção do Chefe do Poder Executivo não convalida vício do processo legislativo, estando superado, há muito tempo, o antigo entendimento do próprio STF a respeito do assunto, sedimentado na Súmula 5 do referido Tribunal. QUESTÃO 4 O Senador da República Valdecir foi preso em flagrante por crime inafiançável. Os responsáveis pela prisão comunicaram o fato ao Poder Judiciário, que manteve a prisão. 25 a) Diante do fato descrito, pode ser tomada alguma medida para que o Senador seja posto em liberdade? (Valor: 0,65) b) Em caso positivo, que medida seria e com que fundamento? Em caso negativo, justifique sua Resposta. (Valor: 0,6) RESPOSTAS a) Sim. Nota-se que houve manifesta ilegalidade na manutenção da prisão do Senadorpor decisão judicial, pois, de acordo com o art. 53, §2º, da Constituição Federal, quando um parlamentar é preso em flagrante delito de crime inafiançável, deve o Auto de Prisão ser remetido à casa legislativa a qual pertence o Parlamentar, a qual, em vinte e quatro horas, decidirá sobre a manutenção ou não da prisão. Trata-se de uma das imunidades formais das quais desfrutam os congressistas. b) A medida a ser tomada, neste caso, seria a impetração de Habeas Corpus perante o Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “b” e “d” da Constituição Federal) 26 QUESTÃO 1 No mês de março, um projeto de emenda constitucional foi rejeitado logo no primeiro turno de votação, realizado na Câmara dos Deputados. Em agosto do mesmo ano, esse projeto de emenda foi novamente posto em votação na Câmara dos Deputados. Na sequência, determinado Deputado Federal, contrário ao projeto de emenda e decidido a impedir sua tramitação, afirmou que iria acessar o Poder Judiciário. Discorra sobre a possibilidade de o Poder Judiciário exercer controle sobre a tramitação da emenda, bem como sobre a possível medida cabível no caso em tela. (Valor: 1,25) RESPOSTA O Poder Judiciário pode exercer o controle judicial prévio da constitucionalidade de atos normativos nos casos em que há ofensa ao processo legislativo previsto na Constituição Federal. Com efeito, dispõe a Constituição Federal, no art. 60, §5o, que “ Assim, se a proposta de emenda à Constituição já foi recusada em março, ela não poderia mais ser proposta naquele mesmo ano, somente podendo ser reapresentada na próxima sessão legislativa, a se iniciar no dia 02 de fevereiro do ano seguinte. Diante da inobservância de regra constitucional que disciplina o processo legislativo, o Deputado Federal mencionado na questão poderia ingressar com um Mandado de Segurança perante o Supremo Tribunal Federal, alegando que foi ferido seu direito líquido e certo de somente participar de um processo legislativo conforme a Constituição e questionando, incidentalmente, a constitucionalidade da reapresentação da proposta de emenda constitucional. VII EXAME DA ORDEM UNIFICADO CAPÍTULO 6 27 Ter-se-ia, assim, pela via do Mandado de Segurança, um controle judicial prévio, na modalidade incidental, de proposta de emenda à Constituição. QUESTÃO 2 Erasmo, cidadão residente e eleitor do Estado “A”, viveu sua infância no Estado “B”, pelo qual possui grande apreço. Por entender que certo Deputado Federal, no exercício de sua função, e no âmbito territorial do Estado “B”, praticou ato lesivo ao patrimônio público do ente ao qual está vinculado, Erasmo propôs ação popular em vara federal da seção judiciária de “B”. O Deputado Federal, em sua contestação, alega a incompetência do juízo de 1o grau, com o fundamento de que possui foro privilegiado, e a ilegitimidade ativa de Erasmo.legislativa.”A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão A sessão legislativa, como se sabe, compreende a reunião anual do Congresso Nacional, dividida em dois períodos legislativos. O primeiro, de 02 de fevereiro a 17 de julho, e o segundo, de 1o de agosto a 22 de dezembro. Responda aos questionamentos a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e apresentando a fundamentação legal pertinente ao caso. A) Qual o órgão competente para conhecer a ação popular ajuizada em face do Deputado Federal? (Valor: 0,65) B) Segundo a jurisprudência dos tribunais superiores, Erasmo teria legitimidade ativa para ajuizar a ação popular na seção judiciária de “Z”? (Valor: 0,60) RESPOSTAS A) A ação popular, nos termos do art. 5o, LXIII, da Constituição Federal, pode ser proposta por qualquer cidadão e objetiva “ Ainda que o ato impugnado tenha sido praticado por Deputado Federal, a competência para processar e julgar a ação popular é do juiz de 1o grau, pois o rol de competências do Supremo Tribunal Federal, previsto no art. 102 da Constituição Federal, é taxativo e nele não se inclui julgar ação popular contra ato de Deputado Federal. Não é de se falar, portanto, em foro por prerrogativa de função, exclusivo para procedimentos de natureza criminal. 28 A Lei que disciplina a ação popular é expressa quanto à competência do Juízo de 1o grau: Nesse mesmo sentido, caminha a jurisprudência do decidiu o Supremo Tribunal Federal. Confira-se: “AÇÃO ORIGINÁRIA. QUESTÃO DE ORDEM. AÇÃO POPULAR. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: NÃO- O C O R R Ê N C I A . P R E C E D E N T E S . 1. A competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Presidente da República, é, via de regra, do juízo competente de primeiro grau. Precedentes. 2. Julgado o feito na primeira instância, se ficar configurado o impedimento de mais da metade dos desembargadores para apreciar o recurso voluntário ou a remessa obrigatória, ocorrerá a competência do Supremo Tribunal Federal, com base na letra n do inciso I, segunda parte, do artigo 102 da Constituição Federal. 3. Resolvida a Questão de Ordem para estabelecer a competência de um dos juízes de primeiro grau da Justiça do Estado do Amapá. (STF/AO 859 QO / AP - Julgamento em 11/10/2001) B) Sim. Todo e qualquer cidadão tem legitimidade para a propositura da ação popular, independentemente de ser eleitor de Estado “A” ou “B”, de município “A” ou “B”. Para provar a condição de cidadão, basta a apresentação de título de eleitor. A condição de eleitor, assim, documentada no título de eleitor, apresenta- se apenas como prova do exercício da cidadania, não havendo qualquer restrição quanto ao domicílio eleitoral do eleitor. Anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, àmoralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural” Art. 5o Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município. 29 O Superior Tribunal de Justiça já decidiu nesse sentido, conforme se extrai da ementa do REsp 1242800/MS, julgado em 14/06/2011, cujos trechos mais elucidativos são transcritos a seguir: (...) 4. Note-se que a legitimidade ativa é deferida a cidadão. A afirmativa é importante porque, ao contrário do que pretende o recorrente, a legitimidade ativa não é doeleitor, mas do cidadão. 5. O que ocorre é que a Lei n. 4717/65, por seu art. 1o, § 3o, define que acidadania será provada por título de eleitor. 6. Vê-se, portanto, que a condição de eleitor não é condição de legitimidade ativa, mas apenas e tão-só meio de prova documental da cidadania, daí porque pouco importa qual o domicílio eleitoral do autor da ação popular. Aliás, trata-se de uma exceção à regra da liberdade probatória (sob a lógica tanto da atipicidade como da não-taxatividade dos meios de provas) previsto no art. 332, CPC. 7. O art. 42, p. único, do Código Eleitoral estipula um requisito para o exercício da cidadania ativa em determinada circunscrição eleitoral, nada tendo a ver com prova da cidadania. Aliás, a redação é clara no sentido de que aquela disposição é apenas para efeitos de inscrição eleitoral, de alistamento eleitoral, e nada mais. 8. Aquele que não é eleitor em certa circunscrição eleitoral não necessariamente deixa de ser eleitor, podendo apenas exercer sua cidadania em outra circunscrição. Se for eleitor, é cidadão para fins de ajuizamento de ação popular. 9. O indivíduo não é cidadão de tal ou qual Município, é "apenas" cidadão,bastando, para tanto, ser eleitor.(...) 30 QUESTÃO 3 Em determinado Estado da federação, vieram a público denúncias de irregularidadespraticadas em obra pública, com graves indícios de desvio de dinheiro do Erário. Tício, deputado estadual, pretende instalar Comissão Parlamentar de Inquérito para apuração das denúncias, com base em previsão constante da Constituição estadual. Considerando a situação acima descrita, responda aos questionamentos a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e apresentando a fundamentação legal pertinente ao caso. A) É possível que a Constituição Estadual preveja a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito no plano estadual? (Valor: 0,45) B) É possível o ajuizamento de ação em que se questione a constitucionalidade de norma de Constituição Estadual perante a Constituição da República, de modo a invalidar aquela? O Governador do Estado tem legitimidade para fazê-lo? (Valor: 0,80) RESPOSTAS A) Sim. Num Estado Federal, os Estados-membros têm autonomia para se auto-organizarem, o que inclui a possibilidade de elaborar suas próprias constituições, fruto do Poder Constituinte Decorrente outorgado pelo art. 25 da própria Constituição Federal (Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição). Segundo entendimento consolidado do Supremo Tribunal Federal, as Constituições Estaduais podem, sim, prever a existência de Comissões Parlamentares de Inquérito, por força do princípio da simetria, devendo, inclusive, adotar, o mesmo modelo fixado na Constituição Federal. Nesse sentido, foi a decisão proferida pelo STF na ADI 3619/SP, Relator Ministro Eros Grau, julgada em 01/08/2006: “A Constituição do Brasil assegura a um terço dos membros da Câmara dos Deputados e a um terço dos membros do Senado Federal a criação da comissão parlamentar de inquérito, deixando porém ao próprio parlamento o seu destino. 2. A garantia assegurada a um terço dos membros da Câmara ou do Senado estende-se aos membros das assembléias legislativas estaduais criação e instauração das comissões parlamentares de inquérito constitui 31 matéria a ser compulsoriamente--- garantia das minorias. O modelo federal de observada pelas casas legislativas estaduais.” B) Sim. O Poder Constituinte Decorrente, responsável pela elaboração das constituições estaduais, é condicionado e limitado juridicamente pelas normas previstas na Constituição Federal. Assim, é possível que uma norma da Constituição Estadual tenha sua constitucionalidade questionada em face da Constituição Federal, o que, aliás, é fato corriqueiro na rotina do Supremo Tribunal Federal. Exemplo disso são as diversas ADI ́s que discutem a constitucionalidade de normas da constituições estaduais. Os Governadores são legitimados para a propositura da ADI, conforme prevê o art. 103, V, da Constituição Federal, mas para tanto devem demonstrar pertinência temática, requisito consistente na demonstração de um interesse de agir específico por parte do autor da ação. QUESTÃO 4 Renata, servidora pública estadual, ingressou no serviço público antes da edição da Constituição da República de 1988, e é regida pela Lei X, estatuto dos servidores públicos do Estado-membro. Sobre a situação funcional de Renata, responda justificadamente: A) O que ocorrerá com a Lei X caso ela não tenha sido editada conforme os trâmites do processo legislativo previstos pela atual Constituição? (Valor: 0,40) B) É possível que Renata questione, em ação individual, por meio de controle difuso, a inconstitucionalidade formal da Lei X perante a constituição revogada? (Valor: 0,40) C) Tendo em vista que Renata já estava inserida em um regime jurídico, é possível afirmar que a mesma tem direito adquirido a não ser atingida pela Constituição de 1988 no que tange à sua situação funcional? (Valor: 0,45) RESPOSTAS A) A Lei X continuará válida mesmo que não tenha sido feita de acordo com os procedimentos previstos pela atual Constituição. Isso 32 porque a entrada em vigor de uma nova Constituição não afeta a parte formal dos atos normativos já vigentes, pois se aplica ao processo legislativo o princípio do tempus regit actum. Em outras palavras, para que o fenômeno da recepção ocorra basta que haja compatibilidade entre o conteúdo da norma infraconstitucional e os preceitos da nova Constituição, pouco importando a compatibilidade formal. B) Sim. É possível submeter a Lei “X” a controle difuso de constitucionalidade, tendo como parâmetro de controle o texto da Constituição já revogada. É que se a referida lei sofre de inconstitucionalidade formal,por ter sido produzida em desacordo com o procedimento previsto à época de sua edição, tem-se caso de inconstitucionalidade ab initio (=desde o início), o que torna a Lei X inconstitucional desde a sua criação. C) Não. Inexiste direito adquirido diante de uma nova Constituição, já que ela inaugura um novo regime jurídico, fornecendo um fundamento de validade distinto para todas as demais normas vigentes. O Poder Constituinte Originário, responsável pela fundação de uma nova ordem constitucional, é juridicamente ilimitado, de modo que as normas infraconstitucionais pré-existentes de maneira alguma podem configurar óbice à produção dos efeitos por ele desejados. Ademais, é remansosa a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que não há direito adquirido a regime jurídico (cf. RE 565528 AgR/RJ, 2a Turma, Rel. Ministro Gilmar Mendes, julgado em 14/08/2012). 33 QUESTÃO 1 Uma agência reguladora federal editou, recentemente, uma portaria proibindo aos médicos prescrever a utilização de medicamentos que não tenham similar nacional. A Associação Brasileira de Profissionais da Saúde, entidade de âmbito nacional constituída há mais de dois anos, propôs uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) contra aquela medida. A respeito da situação acima, responda aos itens a seguir, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. A) É possível a propositura da ADPF contra a portaria emitida pela agência reguladora federal? (Valor: 0,40) RESPOSTA: Sim. Na ADPF, é possível questionar qualquer ato normativo, mesmo que infralegal (como é o caso da Portaria), desde que ele fira preceito fundamental previsto na Constituição, a exemplo do direito ao livre exercício da profissão, e que não haja outro instrumento de controle concentrado de constitucionalidade apto a questão (requisito da subsidiariedade, art. 4o, §1o da Lei 9.882/99). No caso em apreço, não seria cabível a ADI (ação direta de Inconstitucionalidade), porque tal ação somente pode ser proposta quando estiver em jogo ato normativo primário, muito menos ADC (Ação Direta de Constitucionalidade) nem ADO (Ação Direta de Constitucionalidade por Omissão), por não serem as suas hipóteses, revelando-se, portanto, cabível a ADPF. B) A Associação tem legitimidade para a propositura daquela ADPF? (Valor: 0,40) VIII EXAME DA ORDEM UNIFICADO CAPÍTULO 7 34 RESPOSTA: Sim. A título de premissa, firme-se que os legitimados para a propositura da ADPF são os mesmos da ADI (art. 2o da Lei 9.882/99) e entre eles se incluem as “entidades de classe de âmbito nacional”, situação em que se enquadra a “Associação Brasileira de Profissionais de Saúde”. Em relação a tais entidades, o Supremo Tribunal Federal criou, em sua jurisprudência, um requisito a mais para aferir-lhe a legitimidade, qual seja, a pertinência temática, isto é, a exigência de uma concreta relação entre os fins institucionais da entidade e o assunto subjacente à norma impugnada. No caso em tela, está presente a pertinência temática, já que a norma impugnada restringe direito da categoria representada pela associação. C) Pode um Estado instituir uma ADPF no plano estadual? Nesse caso, qual o instrumento jurídico apto à criação do instituto? (Valor: 0,45)RESPOSTA: Sim. Relativamente ao controle de constitucionalidade no âmbito estadual, a Constituição Federal previu apenas, no art. 125, §2o, que “ representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face Cabe aos Estados a instituição da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.” Diante de tal previsão, a doutrina reconhece certa margem de liberdade para que os Estados-membros possam dar o devido formato à sua jurisdição constitucional, observando, pelo princípio da simetria, o modelo adotado no âmbito federal. Com nessas premissas, é que seria possível a adoção de ADPF no plano estadual, d e s d e q u e t a l a ç ã o e s t i v e s s e p r e v i s t a n a C o n s t i t u i ç ã o Estadual,instrumento adequado a autorizar a sua criação. QUESTÃO 2 Maria alugou um prédio comercial no centro da cidade “P”, capital do estado “K”, para que o Estado estrangeiro W ali instalasse sua representação consular. Foram estabelecidos aluguéis de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) mensais. Passados dois anos de vigência do contrato, em razão de dificuldades financeiras no continente onde 35 se localiza o Estado W, o mesmo deixa de pagar aluguéis para Maria, que, inconformada, busca a orientação de um profissional da advocacia para melhor defender seus interesses. O advogado contratado explica que proporá a ação em Vara Cível do Município “P”, cabendo eventual recurso de apelação para o Tribunal de Justiça do Estado K. Responda, justificadamente, se a orientação do advogado contratado por Maria está na direção correta ao apontar os órgãos jurisdicionais competentes para a matéria em primeiro e em segundo graus de jurisdição. (Valor: 1,25) RESPOSTA: A orientação dada pelo advogado de Maria não está correta. Isso porque, de acordo com o art. 109, II, da Constituição Federal, compete aos juízes federais julgar as causas que envolvam Estado estrangeiro ou organismo internacional e pessoa domiciliada no Brasil. Assim, a ação que Maria pretende propor contra o Estado estrangeiro W deve ser ajuizada na Justiça Federal. E mais: eventual recurso interposto em face da sentença que julgar o caso será analisado diretamente pelo Superior Tribunal de Justiça, por ser o caso de recurso ordinário constitucional, previsto no art. 105, II, “c”, da Constituição Federal. QUESTÃO 3 Em 2010 foi aprovada emenda à Constituição do Estado “X”, acrescentando dispositivo que permite que o Governador do Estado edite medida provisória, com força de lei, com eficácia imediata, devendo ser convertida em até 30 dias. Com base neste dispositivo, em 15 de dezembro de 2011, o Governador do Estado editou medida provisória majorando as alíquotas mínima e máxima do Imposto sobre Transmissão "Causa Mortis" e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos - ITCMD, visando à cobrança do imposto com as novas alíquotas em 2012. Não tendo sido apreciada nos primeiros vinte dias de vigência, a medida provisória entrou em regime de urgência, e foi finalmente aprovada pela Assembleia Legislativa. A partir da hipótese apresentada, responda justificadamente aos questionamentos a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e apresentando a fundamentação legal pertinente ao caso. 36 A) O dispositivo da Constituição do Estado X que confere ao Governador competência para editar medida provisória viola a Constituição da República? (Valor: 0,40) RESPOSTA: Não. Os Estados possuem autonomia, podendo se auto- organizar da maneira que entenderem pertinente, desde que respeitados, é claro, os limites estabelecidos pelo Poder Constituinte Originário. Relativamente ao tema da medida provisória, inexiste proibição geral dos Estados adotarem-na. Pelo contrário: a Constituição Federal, na medida em que proíbe os Estados- membros de se utilizarem de medida provisória para regular a exploração e concessão dos serviços locais de gás canalizado, pressupõe que seja possível a eles se utilizar de tal instrumento normativo em outras situações, pois do contrário seria desnecessária a proibição mencionada. Assim, é possível ao Governador editar medida provisória, desde que tal possibilidade esteja prevista na Constituição Estadual e sejam respeitadas as mesmas restrições concernentes às medidas provisórias previstas na CF/88. B) A alteração das alíquotas pela medida provisória editada pelo Governador é constitucional? (Valor: 0,40) RESPOSTA: O Governador poderia alterar a alíquota mínima, mas não a alíquota máxima do ITCMD, pois a Constituição Federal prevê que Resolução do Senado Federal é que fixará a alíquota máxima para tal tributo (art. §1o, IV, da CF/88). Há, portanto, inconstitucionalidade formal a viciar a medida provisória editada pelo Governador. C) As novas alíquotas podem ser cobradas em 2012? (Valor: 0,45) RESPOSTA: Não, pois a medida provisória não foi convertida em lei antes do término do exercício financeiro anterior ao da cobrança da nova alíquota, incidindo, assim, a regra do art. 62, §2o, da Constituição Federal, que é de observância obrigatória pelos Estados, por se tratar de uma garantia fundamental dos contribuintes. 37 QUESTÃO 4 Caio e Tício, servidores públicos federais, foram surpreendidos com o advento de uma Emenda Constitucional que alterou o sistema previdenciário dos servidores, aumentando a idade mínima para aposentadoria e a forma de cálculo dos proventos. Caio já havia completado todos os requisitos para a aposentadoria (idade e tempo de contribuição), mas optou por permanecer em atividade. Tício ainda não havia preenchido todos os requisitos: apesar de já possuir a idade mínima, faltava-lhe um ano de contribuição. A esse respeito, responda, justificadamente, aos itens a seguir: A) As novas normas são aplicáveis a Caio e Tício, no que diz respeito à idade para aposentadoria e à forma de cálculo dos proventos? (Valor: 0,80) RESPOSTA: As novas normas são aplicáveis a Tício, pois na época de sua edição ele ainda não havia adquirido o direito à aposentadoria, possuindo apenas mera expectativa quanto isso, de modo que novas normas editadas podem alcançá-lo sem que haja qualquer invalidade. Já Caio não pode ser atingido pelas novas disposições, pois ele já havia adquirido o direito de se aposentar, pois reunia todas as condições para exercer tal direito na época em que a Emenda Constitucional em referência entrou em vigor. Vale pontuar que nem mesmo Emenda pode violar direito adquirido, diante da proteção que os direitos e garantias individuais receberam do texto constitucional, que os alçou à categoria de cláusula pétrea. B) Alguns anos depois, já aposentados, Caio e Tício recebem a notícia de que foi editada lei federal que, majorando seus proventos de aposentadoria, modificou a sua forma de composição. É válida a lei que altera a composição da remuneração dos aposentados, quanto ao seu valor e a fórmula de cálculo? (Valor: 0,45) RESPOSTA: É possível que a lei altera a forma de cálculo da aposentadoria de alguém contanto que preserve o seu valor, ou seja, que não haja a redução dos proventos. Com efeito, o que a Constituição assegura é apenas a irredutibilidade, e não a maneira como vão ser compostos os proventos de aposentadoria. Por isso que se costuma dizer 38 que não há direito adquirido à regime jurídico, às regras relativas à forma como se compõe a aposentadoria. O que importa, nada obstante eventual mudança nessa composição, é que o valor não seja reduzido. 39 QUESTÃO 1 José, em um evento de confraternização na empresa em que trabalha, ouviu de Roberto, alterado pela ingestão de bebida alcoólica, que este detinha um cargo em comissão no Tribunal de Contas daUnião, ao qual nunca comparecera, exceto para a retirada do contracheque, ao final de cada mês.José se dirige, no dia seguinte, aoTribunal de Contas da União e solicita cópia dos assentamentosfuncionais relativos a Roberto, a fim de instruir uma ação judicial. O pedido administrativo foidirigido ao Ministro Presidente daquela Corte de Contas, que resolveu negá-lo. Consternado, Joséimpetrou Habeas Data em face do Presidente do Tribunal de Contas da União.Considerando a situação acima descrita, responda justificadamente aos itens a seguir. A) Qual o Juízo ou Tribunal competente para julgamento do Habeas Data impetrado porJosé? (Valor: 0,40) RESPOSTA: A competência para julgar o Habeas Data é fixada tomando como critério o órgãoque negou as informações, o qual, neste caso, foi o Tribunal de Contas da União. De acordo com oart. 102, “d”, da Constituição Federal, a competência para julgar Habeas Data proposto em face doTribunal de Contas da União é do Supremo Tribunal Federal. B) O dispositivo de lei que exige, para impetração do Habeas Data, demonstração da recusaao acesso às informações, à luz do princípio da inafastabilidade de jurisdição, é constitucional? (Valor: 0,40) IX EXAME DA ORDEM UNIFICADO CAPÍTULO 8 40 RESPOSTA: Sim. Na verdade, o dispositivo legal que fixa como requisito para a impetração doHabeas Data a negativa de fornecimento de informações ou a omissão em prestá-las, na searaadministrativa, diz respeito apenas à comprovação do interesse de agir, condição exigida emqualquer ação judicial e que não implica ofensa ao princípio da inafastabilidade da jurisdição. Ajurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça é remansosa no sentido da constitucionalidade da previsão legal em tela. C) A pretensão de José, nesse caso, pode ser veiculada por Habeas Data? (Valor: 0,45) RESPOSTA: Não. O Habeas Data é o remédio ou a garantia constitucional adequada para ter acesso ou retificar informações pessoais relativas ao impetrante, e não a terceiros, conforme sedepreende da própria leitura do texto constitucional (art. LXXII, “a”, da CF). QUESTÃO 2 Instituto destinado a dar maior eficiência aos comandos constitucionais, a medida provisória possibilita que, em situações excepcionais, o Presidente da República edite norma com força de Lei Ordinária. A avalanche de medidas provisórias, porém, vem atravancando o trâmite dos projetos de lei, o que motivou nova orientação do então presidente da Câmara dos Deputados: a pauta não fica travada em relação a matérias que não podem, em tese, ser objeto de medida provisória. Em relação ao tema medida provisória, responda, fundamentadamente, aos seguintes itens. A) Quais os limites para sua edição? (Valor: 0,40) 41 RESPOSTA: Os limites para a edição das medidas provisórias estão estampados no art. 62 da Constituição Federal e podem ser divididos em limites materiais, relativos ao conteúdo, e limites temporais, concernentes à entrada em vigor e prazo para a vigência, e limites circunstanciais, que dizem respeito a certas situações que inviabilizam a edição das MP´s. Configuram limites materiais (art. 62, §1º, da CF) a vedação de edição de MP´s que versem sobre: nacionalidade, direitospolíticos, cidadania, partidos políticos e direito eleitoral; direito penal, processual penal e processual civil; organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e as garantias de seus membros; planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais esuplementares, ressalvado o disposto no art. 167, §3º, da CF; que vise a detenção ou o seqüestro de bens, de poupança popular ou de qualquer outro ativo financeiro; matéria reservada a lei complementar; já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso e pendente de sanção ou veto pelo Presidente da República. Já os limites circunstanciais impõem que MP´s que instituam ou majorem impostos respeitem o princípio da anterioridade em matéria tributária e que haverá apenas uma prorrogação, por período, da vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional (art. 62, §2º e 7º, da CF). Por fim, em matéria de limites circunstanciais, tem-se que “É vedada a reedição, na mesma sessãolegislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.” (art. 162, §10, da CF). B) É possível Constituição Estadual prever edição de medida provisória pelo Governador doEstado? Nesse caso, a norma constitucional estadual poderia estabelecer limites diferentesdaqueles previstos na Constituição da República Federativa do Brasil? (Valor: 0,45) 42 RESPOSTA: É possível que a Constituição Estadual contenha normas que autorizem oGovernador de Estado a editar medidas provisórias. Isso porque o modelo de separação de poderestraçado na Constituição Federal pode ser adotado, por simetria e naquilo que couber, pelo PoderConstituinte Decorrente, responsável pela elaboração das constituições estaduais. De todo modo, é importante estabelecer que o modelo delineado na Constituição Federal deve ser seguido à risca pelo Constituinte Estadual, não podendo haver inovações quanto aos limites no âmbito dos Estados-membros. C) É possível o controle jurisdicional dos requisitos de relevância e urgência da medida provisória? (Valor: 0,40) RESPOSTA: De início, o Poder Judiciário adotava uma postura de autocontenção na análise dos requisitos de relevância e urgência, afirmando que tais requisitos não podiam ser objeto de controle de constitucionalidade, sob pena de ferimento ao princípio da separação de poderes. Todavia, a jurisprudência do STF sofreu uma pequena alteração e hoje o que se entende é que, em casos excepcionais, onde a urgência e relevância estiverem nitidamente descaracterizadas, é possível que o Poder Judiciário exerça o controle jurisdicional de tais requisitos. QUESTÃO 3 A Lei Orgânica do Município “Y”, que integra o Estado “X”, ao dispor sobre ingresso na administração pública municipal, e em observância aos princípios da eficiência e da moralidade, estabeleceu que os cargos, empregos e funções públicas seriam acessíveis aos brasileiros naturais do Estado “X”, que tivessem residência no Município “Y”, e que seriam investidos nos cargos mediante aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo 43 com anatureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas asnomeações para cargo em comissão. Contra esse dispositivo da Lei Orgânica foi ajuizada, junto ao Tribunal de Justiça, uma Ação Direta de inconstitucionalidade, nos termos do Art. 125, § 2º da CRFB, alegando violação a dispositivo da Constituição estadual que, basicamente, reproduz o Art.37 da CRFB. O Tribunal de Justiça conheceu da ação, mas julgou improcedente o pedido,entendendo que, respeitados os limites constitucionais, o Município pode criar regras próprias, noexercício da sua capacidade de auto-organização.A partir do caso apresentado, responda justificadamente aos itens a seguir. A) O Município tem autonomia para criar a regra citada no enunciado, conforme entendeu oTribunal de Justiça? (Valor: 0,40) RESPOSTA: Não, tendo em vista que a autonomia municipal para elaborar sua Lei Orgânica nãopode violar conteúdos constitucionais, como o princípio da isonomia (art. 5º), a proibição de criar distinção entre brasileiros (art. 19, III) e o livre acesso aos cargos públicos mediante concurso público (art. 37, I, da CF). B) A ADI estadual pode ter por objeto dispositivo de Lei Orgânica? (Valor: 0,45) RESPOSTA: Sim. O controle de constitucionalidade no âmbito dos Estados-membros, visando à proteção das constituições estaduais, pode ter por objeto qualquer ato normativo estadual emunicipal, inclusive leis orgânicas. É importante ressaltar que as leis orgânicasdevem estar em harmonia tanto com a Constituição da República quanto com a Constituição do Estado-Membro aque pertence o município, conforme previsão do art. 29 da CF. C) Dessa decisão do Tribunal de Justiça, cabe Recurso Extraordinário ao STF? (Valor: 0,40) 44 RESPOSTA: Sim. O STF tem jurisprudência pacificada no sentido d e q u e , m e s m o n o c a s o d e c o n t r o l e c o n c e n t r a d o d e constitucionalidade no âmbito estadual, é possível interpor Recurso Extraordinário em face do acórdão que julgar a ADI, sempre que desse julgamento resultarwww.provasdaoab.com.br eventual violação a normas da Constituição da República. Ademais, o dispositivo violado e que se encontra na Constituição do Estado é norma de observância obrigatória por parte dos entes federativos, o que reforça o cabimento do recurso extraordinário no caso em exame. QUESTÃO 4 O Brasil assinou tratado internacional, discutido e votado no âmbito da Organização Mundial doComércio, que regulamentava novas formas de controle sobre o comércio exterior. Ao invés de a função ser exercida pelo Ministério da Fazenda, como preceitua o Art. 237 da Constituição Federal, o texto do tratado veda qualquer possibilidade de controle interno do comércio internacional pelos países signatários. A partir do fato acima, responda aos itens a seguir. A) De acordo com o ordenamento constitucional vigente, a que autoridade ou órgão compete promover a internalização do referido tratado internacional? (Valor: 0,50) RESPOSTA: Quando o Presidente da República ou um ministro a quem ele tenha delegado a função assina um tratado internacional, é enviada uma mensagem ao Congresso Nacional, a quem compete resolver definitivamente sobre os tratados de que o Brasil seja signatário (art. 49, I, CF). Aprovado o tratado pelo Congresso Nacional, com a edição de decreto legislativo, segue-se a sua ratificação pelo Presidente da 45 República e a posterior publicação do decreto presidencial, quando então o tratado estará em vigor no ordenamento jurídico interno. Esse é o procedimento padrão para a internalização dos tratados internacionais. B) Uma vez internalizado o tratado em questão, com que hierarquia ele passa a integrar o ordenamento jurídico pátrio? (Valor: 0,25) RESPOSTA: O tratado em questão, como não versa sobre direitos humanos, tem status de lei ordinária. C) Qual (is) princípio(s) de Interpretação Constitucional deve(m) nortear a resolução do conflito entre o texto do tratado e o texto constitucional? (Valor: 0,50) RESPOSTA: O princípio da supremacia da constituição é o princípio que deverá resolver eventualconflito entre o texto do tratado e o texto da Constituição, resolvendo-se em prol da prevalência desta a controvérsia. 46 QUESTÃO 1 O Congresso Nacional aprovou e o Presidente da República sancionou projeto de lei complementar modificando artigos do Código Civil, nos termos do art. 22, I da CRFB. Três meses após a entrada em vigor da referida lei, o Presidente da República editou medida provisória modificando novamente os referidos artigos do Código Civil com redação dada pela lei complementar. Analise a constitucionalidade dos atos normativos mencionados. Comentários: Os atos normativos mencionados na questão são constitucionais. De início, é importante fixar que a Constituição Federal, em seu art. 62, III, proíbe a edição de medidas provisórias sobre matérias que o próprio texto constitucional reserva à lei complementar. Todavia, no caso em discussão, a lei complementar sancionada não cuidava de matéria reservada, pela Constituição, à lei complementar. A hipótese, portanto, é de lei formalmente complementar, mas que cuida de matéria típica de lei ordinária (ou seja, lei complementar com status de lei ordinária). Em situações assim, não há vedação a que uma medida provisória modifique a lei complementar, pois a proibição constitucional, repita-se, é no sentido de proibir que uma medida provisória trate de matéria reservada à lei complementar, e o Código Civil é matéria de lei ordinária, não de lei complementar. OAB 2010.3 – DIREITO CONSTITUCIONAL - FGV CAPÍTULO 9 47 Deveria o candidato abordar, ainda, a inexistência de hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. Embora ainda haja divergência na doutrina sobre o assunto, a maioria dos autores, e também o STF (no RE 14629, por exemplo), aderem ao entendimento de que não há hierarquia entre essas duas espécies de leis. As diferenças entre elas são apenas de procedimento (a lei complementar exige maioria absoluta para a sua aprovação e a lei ordinária exige maioria simples) e de cabimento (para certas matérias, a Constituição exige expressamente lei complementar; quando ela não faz essa exigência, a hipótese é de lei ordinária). Não havendo hierarquia entre tais modalidades legislativas, nada impede que uma lei ordinária modifique uma lei que seja apenas formalmente complementar, ou seja, uma lei que, apesar de ser complementar, não tratou de matéria reservada a tal espécie legislativa. QUESTÃO 2 Uma lei estadual foi objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) ajuizada junto ao STF. Supondo que o Tribunal tenha se pronunciado, neste caso, pela inconstitucionalidade parcial sem redução de texto, explique o conceito acima, apontando quais os efeitos da declaração de inconstitucionalidade neste caso. Comentários: A declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto consiste em decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal que reconhece a inconstitucionalidade não do texto da lei, mas apenas de um dos seus significados ou de uma de suas hipóteses de aplicação, mantendo o texto intacto. No dizer de Gilmar Ferreira Mendes, “constata-se, na declaração de nulidade sem redução de texto, a expressa exclusão, por 48 inconstitucionalidade, de determinadas hipóteses de aplicação do programa normativo sem que se produza alteração expressa no texto legal.” (Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 1428) A declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto tem os mesmos efeitos que qualquer decisão tomada em sede de controle abstrato de normas: eficácia erga omnes (eficácia contra todos) e efeito vinculante (não restrito à parte dispositiva, mas também à fundamentação da decisão), este último em relação aos órgãos do Judiciário e da Administração Pública federal, estadual e municipal. QUESTÃO 3 O Conselho Federal da OAB ajuizou, junto ao STF, Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), tendo por objeto um artigo de uma lei federal em vigor desde 2005, sendo manifesta a pertinência temática do dispositivo impugnado com o exercício da advocacia. O STF entende que o referido dispositivo legal é inconstitucional, mas por fundamento distinto do que fora apresentado pelo Conselho Federal da OAB na ADI, tendo o STF inclusive declarado a inconstitucionalidade desse mesmo dispositivo no julgamento de um caso concreto, em Recurso Extraordinário (RE). Com base nas informações acima, responda: I. o STF pode julgar a ADI procedente a partir de fundamento diverso do que fora apresentado pelo Conselho Federal da OAB? Justifique. II. o STF pode julgar a ADI procedente em relação também a outro dispositivo da mesma lei, mesmo não tendo este dispositivo sido objeto da ADI? Justifique. Comentários: I - O Supremo Tribunal Federal não está limitado aos fundamentos expostos pelo autor da ADI. Nas ações de controle de constitucionalidade, a causa de pedir (causa petendi) é aberta, de 49 modo que o fundamento invocado pela parte não vincula o STF, que pode acolher o pedido (declarar inconstitucional/constitucional a norma discutida) com base no fundamento que entender pertinente, ainda
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