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FATORES DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NAS EDIFICAÇÕES REZENDE, Marco Antônio Penido (1); ABIKO, Alex Kenya (2) (1) Departamento de Tecnologia da Arquitetura e do Urbanismo da Escola de Arquitetura da UFMG, mapere@arq.ufmg.br (2) Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP, alex.abiko@poli.usp.br RESUMO O objetivo do trabalho foi estudar os principais fatores determinantes da inovação na tecnologia construtiva das edificações brasileiras. O marco teórico foi a Teoria de Sistemas e Produtos Complexos e a Teoria Neo-Schumpeteriana sobre inovação. A partir dessas teorias foi feita uma revisão da literatura que levou ao estabelecimento de 17 fatores fundamentais no processo de inovação. Esses fatores foram utilizados para a compreensão do processo de introdução da estrutura metálica no Estado de Minas Gerais revelando-se bastante eficazes. Espera-se que os resultados dessa pesquisa sejam úteis não só ao planejamento governamental para o setor mas também para o planejamento estratégico das próprias empresas. Palavras-chave: inovação e edificações; inovação e tecnologia construtiva; estrutura metálica e inovação 1.INTRODUÇÃO Este artigo apresenta alguns dos resultados e conclusões da pesquisa realizada para tese de doutoramento do primeiro autor. Objetiva compreender e sistematizar os principais fatores determinantes da inovação tecnológica na construção das edificações brasileiras. Dentro do universo da produção acadêmica a elaboração do trabalho justifica-se por três motivos principais: a) para a compreensão do processo de inovação foram utilizadas – de forma inédita no país - novas teorias; b) foi estudada uma inovação do subsetor ainda pouco analisada: a introdução da estrutura metálica. c) ainda não havia sido feito um estudo que apresentasse de forma sistemática os fatores determinantes da inovação tecnológica na construção das edificações brasileiras. Do ponto de vista de desdobramentos e efeitos multiplicadores positivos sobre o desenvolvimento econômico e social, o estudo também justifica-se amplamente uma vez que seus resultados poderão ser úteis tanto para o planejamento governamental, como para empresas construtoras traçarem com maior precisão as suas estratégias de atuação. 1.2 Método Do ponto de vista do trabalho científico, a realidade nunca é dada mas sim, construída (BUNGE, 1973; VARGAS, 1994). Portanto, antes de discutir a “realidade”, era necessário construir um arcabouço teórico que permitisse o exame dessa “realidade” e que ajudasse inclusive a determinar quais de seus aspectos deveriam ser considerados para atingir o objetivo proposto. Após alguns meses de revisão bibliográfica, chegou-se à teoria Neo-Schumpeteriana, como fundamento básico para o trabalho, e à teoria dos Produtos e Sistemas Complexos como complemento à primeira. A teoria Neo-Schumpeteriana se tornou especialmente útil aos objetivos deste trabalho, porque, ao indagar sobre o crescimento econômico, rompe com a tradição dos economistas clássicos e neoclássicos para os quais o avanço tecnológico e científico é sempre dado como disponível e somente o capital e o trabalho são considerados fundamentais ao crescimento econômico. Para a teoria Neo- Schumpeteriana a inovação e o desenvolvimento tecnológico e científico são fatores fundamentais para se alavancar o crescimento econômico. Por isso irá estudar mais detalhadamente a sua geração e difusão, tornando-se muito útil para a compreensão desses processos. Essa deve ser a razão de sua utilização em alguns trabalhos internacionais sobre inovação no setor da construção civil embora tenha sido citada em apenas um trabalho nacional (AMORIM, 1995) e realmente estudada em profundidade – sob o ponto de vista de sua aplicabilidade ao estudo da inovação no setor – em dois outros ( REZENDE e ABIKO, 2001; REZENDE, 2003) A teoria de Produtos e Sistemas Complexos começou a se estruturar no final do século passado e defende que existe uma categoria de produtos e sistemas com um processo de inovação tão diferente dos demais produtos industriais, que é necessária a criação de um novo escopo teórico para estudá-los. Essa teoria começou a ser utilizada por Winch (1998) para modelar o processo de inovação nas edificações, com certo sucesso. Definido o marco teórico, ainda havia outra opção importante a se fazer: a escolha da abrangência da pesquisa em relação ao setor da construção civil. A particularidade dos processos construtivos e dos tipos de empreendimento do setor da construção civil tem levado os estudiosos a tradicionalmente dividi-lo em três subsetores, cada qual com características próprias: a) construção pesada – relacionada à construção de infra-estrutura viária e urbana, obras de arte e de saneamento; b) construção industrial − relacionada à montagem de indústrias, sistemas de geração e transmissão de energia e telecomunicações, sistemas de exploração de recursos naturais; c) construção de edificações - relacionada ao planejamento e construção de edifícios residenciais, comerciais, institucionais e reformas (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO - FJP, 1984; FARAH, 1996). Além de obter uma uniformidade na pesquisa (o que poderia justificar a opção por qualquer um dos três subsetores), a decisão de trabalhar unicamente com o subsetor “edificações” e não com todo o setor da construção civil se deu pelo interesse em analisar o subsetor envolvido com a questão da habitação e também tido como o mais “atrasado” dos três (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO,1984). 1.2.1 Estudo genérico ou específico? Estabelecidos os aspectos mais genéricos do trabalho e sobretudo o marco teórico, foi possível voltar à literatura sobre edificações e construir algumas hipóteses sobre o seu processo de inovação. Para aprofundar este estudo e a compreensão dessas hipóteses, dois caminhos seriam possíveis: a) tomando-se por base dados de levantamentos já feitos sobre o subsetor edificações verificar a consistência dessas hipóteses, ou b) estudar, em maior detalhe, um processo de inovação significativo no subsetor, verificar que fatores foram importantes nesse processo e contrapô-los às hipóteses elaboradas. No caso da primeira solução, os dados existentes sobre o subsetor passam a ser um aspecto chave. O último levantamento sistemático feito sobre o subsetor parece ser o do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo – IPT, que foi publicado em 1988. Portanto, além de ser um estudo de mais de quinze, não pôde incluir os reflexos da estabilização da economia que só aconteceu a partir de 1994. Mas, mesmo que se restringisse a pesquisa até aquela data, havia outro problema. Para o estudo do processo de inovação seria necessária a coleta de mais dados sobre cada uma das inovações introduzidas no subsetor, o que tornava essa opção ainda mais problemática. Sua grande vantagem seria a visão do subsetor com um todo. Mas será que essa visão seria realmente representativa do processo do subsetor ou conformaria um trabalho extremamente genérico onde, do ponto de vista da confirmação das hipóteses, a fragilidade da base empírica, por apresentar dados incompletos, acabaria por comprometer todo o trabalho? Diante desse risco, a opção foi de trabalhar de acordo com a segunda solução, ou seja, escolher um processo de inovação do subsetor, de preferência mais recente (mais representativo da situação atual), e estudá-lo em profundidade. É evidente que a generalização das hipóteses para todo o subsetor fica, nesse caso, comprometida. Mas esse resultado, embora mais “modesto”, é também mais seguro. Além disso, abrirá caminho para a elaboração de outros estudos específicos, até que se obtenham da soma desses diversos estudos hipóteses mais definitivas. Dessa forma, esse caminho, embora “mais lento” e trabalhoso, poderá levar – na medida em que se façam novas pesquisas – a resultados maisconsistentes. Ao mesmo tempo, o resultado da presente pesquisa já irá fornecer um bom ponto de partida para esse processo, cumprindo assim a sua função. Aliás, é importante lembrar que vários autores1 têm privilegiado exatamente esse caminho na busca da construção de suas teorias. 1.2.2 Escolha da inovação a ser estudada Definida a opção pelo “estudo mais aprofundado”, tornou-se necessário escolher a inovação a ser estudada. Dentre as várias opções pensadas, destacou-se a estrutura metálica. Em primeiro lugar, por envolver vários aspectos da construção, exigindo uma certa amplitude de transformações no processo de produção para que se faça de maneira adequada; em segundo lugar, por se tratar de uma inovação tecnológica relativamente recente no subsetor e ainda pouco estudada; por fim, por ter sido uma inovação introduzida aqui muito depois que em outros países, o que permite estudar que particularidades do subsetor brasileiro levaram a essa opção tardia. O estado de Minas Gerais está entre os pioneiros na introdução da estrutura metálica com perfis soldados no país. Nos anos 80, aí se constroem alguns dos primeiros edifícios em estrutura metálica soldada do país e, nos anos 90, há um substancial aumento da utilização desse tipo de estrutura no Estado. Desde os anos 80, as empresas mineiras de construções metálicas começam a construir em vários outros estados do país, como Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro etc. É também em Minas onde se instala a única siderúrgica criada exclusivamente para a produção de perfis para construção civil, a AÇOMINAS. Portanto, não haveria como estudar a introdução da estrutura metálica soldada no país, sem estudar como se deu esse processo em Minas. Por isso, diante da impossibilidade de se fazer uma pesquisa mais rigorosa em todo o país, a estratégia utilizada foi delimitar geograficamente a sua abrangência ao Estado de Minas Gerais. 1.2.3 Método da pesquisa As pesquisas nas áreas de ciências sociais e de ciências sociais aplicadas (administração, economia, direito etc ) têm utilizado cada vez mais o “estudo de caso” como técnica de pesquisa, sobretudo quando se busca analisar fenômenos sociais complexos, como é o caso da inovação tecnológica. Esse método de pesquisa, inicialmente muito criticado, começou a ter uma aceitação progressiva, sobretudo depois do trabalho de Yin (1984), que foi um dos primeiros a sistematizar de forma objetiva a sua metodologia e defender a necessidade e a importância do estudo de caso como método para a compreensão de fenômenos complexos. Segundo esse autor, quando o fenômeno a ser analisado envolve muitos agentes e forças, quando não é possível isolar esses fenômenos em laboratórios e quando as perguntas a serem feitas se referem mais a “como” e “por que” do que o “quanto”, o estudo de caso se torna o método de pesquisa mais adequado. Roesch (1999) sintetiza bem as características e qualidades do estudo de caso como estratégia de pesquisa: “permite o estudo de fenômenos em profundidade dentro do seu contexto; é especialmente adequado ao estudo de processos e explora fenômenos com base em vários ângulos” (ROESCH, 1999). Tanto na área de engenharia civil como na de arquitetura, vários trabalhos feitos poderiam ser classificados como estudos de caso, embora nem sempre esclareçam essa opção. Formoso et al (2000) têm desenvolvido uma pesquisa mais sistemática da aplicação da metodologia de estudos de casos nessas áreas e um bom número de trabalhos já começa a explicitá-la como é o caso dos trabalhos de Rosseto (1998), Barros Neto (1999) e Rezende (2003) entre outros. Portanto, o método da pesquisa será o do “Estudo de Caso” baseado em Yin (1984), que para o desenvolvimento da pesquisa considera importante definir: a) se o estudo de caso será único ou múltiplo; b) as questões do estudo; c) suas proposições, se houver; d) suas unidades de análise; e) a ligação lógica entre os dados e as proposições; f) o critério para interpretar os resultados da pesquisa. De acordo com essas definições, este estudo trata de um único estudo de caso: a introdução e difusão da estrutura metálica nas edificações do Estado de Minas Gerais. As questões do estudo (que fatores 1 Em seu estudo sobre metodologia científica, Roesch (1999) cita, entre outros, Eckstein (1975), Yin (1981), Eisenhart (1991) e Walton (1995). provocam a inovação) e as conseqüentes proposições (apresentação dos principais fatores e suas inter- relações) foram feitas a partir da contraposição entre o marco teórico com a revisão sobre a literatura de inovação (e portanto já têm uma método próprio.) A unidade de análise são as empresas de construção de estrutura metálica de edificações. É o “movimento” dessas empresas (e de seus fornecedores e demais agentes interessados no processo) buscando conquistar o mercado que constitui o foco central da pesquisa. Finalmente, a ligação entre os dados a serem levantados e as proposições está na própria origem da escolha do estudo de caso, que foi constituído exatamente no sentido de fornecer uma base empírica para a análise das proposições levantadas. Em se tratando da pesquisa propriamente dita, a questão que se colocava era como recuperar todo o processo de introdução e difusão da estrutura metálica nas edificações do estado, não só retratando como esse processo aconteceu, mas buscando sobretudo compreender a sua dinâmica (determinar os agentes e fatores mais importantes nesse processo, assim como a forma e o porquê de sua atuação). Como não foi identificada qualquer pesquisa anterior sobre o tema, buscaram-se com os agentes (empresas, pesquisadores, fornecedores, associações etc.) que atuam nesse processo as informações necessárias. Foram utilizados basicamente três tipos de fontes. a) Entrevistas Segundo Roesh (1999), “a pesquisa em profundidade é a técnica fundamental da pesquisa qualitativa”. A mesma autora comenta que para Elton Mayo, o fundador da Escola de Ciências Humanas da Administração, a entrevista era considerada como o método básico das Ciências Sociais. Nesta pesquisa - onde não havia muitas outras fontes de dados - ela se tornou ainda mais importante. Buscou-se entrevistar todas as pessoas citadas pelos agentes (empresas, pesquisadores, fornecedores, associações etc.) como importantes nesse processo. Cada entrevistado era, na verdade, também uma fonte de determinação de novas pessoas a serem entrevistadas. Criou-se dessa forma um sistema de convergência recíproca, onde o nome de algumas pessoas aparecia diversas vezes, mostrando-se a importância de sua participação e, ao mesmo tempo, evitando-se que quem tivesse alguma forma de participação não fosse lembrado. A forma de entrevista utilizada ajuda a esclarecer melhor esse processo. Ela foi definida como uma forma aberta, semi-estruturada (ROESCH, 1999), onde se buscou: a) perceber a visão que o entrevistado tinha do processo como um todo; b) fazer com que o entrevistado relatasse a sua participação e/ou de sua empresa no processo e a forma como compreendia essa participação; c) fazer com que o entrevistado relatasse a participação dos demais agentes envolvidos com o processo; d) abrir espaço para que o entrevistado revelasse os aspectos que considerou peculiares e importantes no processo. Como já se disse, as entrevistas foram um fator muito importante na pesquisa, e muitas delas foram feitas mais de uma vez, no sentido de checar os dados e as impressões dos entrevistados. Outro aspecto importante nas pesquisas foi o cruzamento de dados fornecidos pelos entrevistados, permitindo uma boa visão final da inovação em estudo. b) Registros existentes nas empresas, associações e instituições Outra fonte importante de dados foram os dossiês de apresentação e a memória técnica registrados nas próprias empresas (tanto construtoras quanto fornecedoras)e associações de classe2. c) Estudos específicos Foram pesquisadas também – de forma mais detalhada - as três empresas que tiveram a participação mais significativa no mercado durante esse período. Esse estudo envolveu um histórico de cada empresa e de sua atuação no mercado, contrapondo os resultados efetivamente alcançados e a visão de sua diretoria sobre eles. 2 Entre as associações de classe destacaram-se a Associação Brasileira da Construção Metálica – ABCEM e a Associação Mineira da Construção Metálica – AMICEM. 2. HIPÓTESES 2.1. A teoria Neo-Schumpeteriana e o processo de inovação A teoria Neo-Schumpeteriana (NELSON e WINTER, 1982; DOSI, 1988; FREEMAN e SOETE, 1997) permite uma nova compreensão do processo de inovação nas edificações . Essa compreensão permite superar a dicotomia usualmente apresentada entre a tecnologia ou o mercado e a economia como os fatores preponderantes no processo de inovação que perpassa a maioria dos trabalhos desenvolvidos sobre o tema. Com esse conceito a tecnologia ganha um desenvolvimento e autonomia próprios, mas sem desconhecer os vínculos com a economia, a sociedade e o mercado. Dessa maneira, ao invés de se considerar apenas isoladamente cada um dos fatores (desenvolvimento tecnológico x mercado), é possível compreender melhor a interação entre eles e também o próprio processo de inovação. Sob o ponto de vista da construção civil, não se trata de negar todas as questões e especificidades do subsetor mas sim, de acrescentar a elas a tecnologia. Ou seja, o grau de desenvolvimento tecnológico e sua trajetória passam a ser tão importantes na análise da inovação quanto as formas de acumulação de capital, a organização da mão-de-obra ou outras características do subsetor. Tomemos, a título de exemplo, a análise das diversas tentativas de mudanças mais amplas no processo de construção de edificações ocorridas no Brasil nas últimas décadas. Segundo a visão até então vigente, elas fracassaram sobretudo devido a problemas socioeconômicos e às inter-relações características do subsetor. O que está se propondo é que o limite do desenvolvimento tecnológico também foi um fator ligado ao fracasso dessas tentativas. Em outras palavras, elas não fracassaram somente por causa da especificidade do processo construtivo das edificações em si, da questão fundiária, das mudanças econômicas ou de qualquer outro fator levantado anteriormente, mas também porque as tecnologias utilizadas não estavam evoluídas o suficiente. E, quando se diz isto, o que se quer destacar não são os problemas técnicos; mas o fato de que nenhuma das tecnologias estava evoluída o bastante para apresentar uma diminuição de custos ou um aumento de qualidade suficientes para levarem à difusão dessas tecnologias. Com base em uma análise crítica da bibliografia3, propõem-se 17 fatores como primordiais para a inovação na tecnologia construtiva das edificações brasileiras. Esses fatores são apresentados a seguir. 1. Mudanças no produto edificação - as inter-relações da tecnologia construtiva com o seu produto, a edificação, se dão de forma tão intensa e recíproca, que às vezes se torna difícil saber se a inovação começou pelas novidades na edificação ou na tecnologia construtiva. De fato, mesmo historicamente é possível constatar que até o séc. XIX, as inovações na tecnologia construtiva e no produto edificação eram até mesmo geradas dentro de um mesmo universo de conhecimentos (BENÉVOLO,1976; GIEDION,1982; REZENDE,2003). Somente no século XIX o conhecimento sobre o edificar foi dividido em duas grandes áreas do saber - correspondentes, hoje, a aproximadamente as áreas dos projetos e concepções arquitetônicos e da tecnologia construtiva - tendo cada uma desde então uma certa autonomia em relação à outra. (BENÉVOLO,1976; GIEDION,1982). Entretanto essa divisão não impede que mesmo hoje continue havendo uma grande inter-relação entre as duas, advinda inclusive da questão básica da grande vinculação entre o produto - neste caso a edificação - e o seu processo de produção, neste caso, a tecnologia construtiva. Evidentemente nem todas as mudanças no produto edificação irão gerar mudanças na tecnologia construtiva. Mas um dos elementos importantes da inovação na tecnologia construtiva são as transformações que ocorrem no produto edificação ao longo do tempo. 2. Necessidades dos clientes / usuários – os clientes ou usuários podem ter novas solicitações em relação à execução das obras, como por exemplo a exigência de um prazo mais curto ou um menor impacto ambiental. Essas solicitações podem levar a mudanças na tecnologia construtiva. É importante lembrar que se trata, nesse caso, de necessidades em relação à tecnologia construtiva e não, ao produto em si. No caso de necessidades em relação ao produto, a influência será sobre o produto e depois, em alguns casos, indiretamente sobre a tecnologia construtiva, como foi visto no item anterio. 3 Não há como negar também a influência de contatos com empresários do subsetor e a própria vivência do primeiro autor como construtor nessa proposições Por outro lado, a própria construtora pode ser vista aqui também como uma usuária da tecnologia construtiva, gerando também necessidades não satisfeitas, como por exemplo necessidade de componentes com maior facilidade de armazenamento ou transporte. 3. Paradigma tecnológico – representa o limite tecnológico vigente, dentro do qual a tecnologia construtiva irá se desenvolver (DOSSI, 1988). Mudanças no paradigma tecnológico poderão permitir mudanças mais radicais na tecnologia construtiva. 4. Situação econômica – embora também influenciem boa parte dos demais fatores citados, os fatores econômicos têm uma influência direta sobre a tecnologia construtiva. Eles podem levar à adoção ou ao abandono de inovações tecnológicas, na medida em que interferem diretamente no custo da mão- de-obra e dos demais insumos e na própria demanda do subsetor. Dentre os aspectos econômicos, cabe destacar a política econômica adotada pelo governo. Kandir (1983) viu nas políticas adotadas até então, um do motivos da instabilidade do mercado habitacional. Ao mesmo tempo, existem alguns aspectos mais evidentes de sua influência como a facilidade ou não na importação de produtos e o preço da moeda local em relação ao dólar que podem ser decisivos na viabilização da introdução de novos produtos, equipamentos e/ou tecnologias. Retornando à questão mais ampla da economia como um todo, a crise econômica dos anos 80, ao provocar a busca por menores custos, e a estabilização da moeda (fim da inflação elevada), ao valorizar os ganhos com as atividades produtivas em relação às financeiras, favoreceram a introdução de melhorias na tecnologia construtiva (FARAH, 1996; AMORIM, 1995; BARROS, 1996; PICCHI, 1993; ABIKO, SILVA, SOUZA, 1992) 5. Novas formas organizacionais – novas formas de estruturar e organizar a produção já são, em si, uma mudança na tecnologia construtiva. Além de permitir maior eficiência, diminuição de custos e/ou aumento de qualidade, podem levar a mudanças em vários outros aspectos da tecnologia. Por outro lado, novas formas de construir podem exigir novas formas organizacionais (AMORIM, 1995). 6. Novos materiais, componentes e insumos – essa tem sido uma das maiores origens de mudanças na tecnologia construtiva. Os produtos que chegam ao canteiro de obras são, cada vez mais, industrializados. A história de desenvolvimento do setor é a história da substituição de produtos mais artesanais e trabalhados no próprio canteiro por produtos cada vez mais industrializados (LEMOS, 1989; FARAH, 1996). A introdução do cimento, assim com a dos materiais plásticos e, mais recentemente, das paredes em gesso acartonado são exemplos dessetipo de modificação que, na maior parte das vezes, não significa – ou não deveria significar – a simples introdução de um novo material mas sim, a adoção de técnicas e materiais compatíveis com essa inovação. O tipo de produto irá determinar o tipo de processo de inovação a ser adotado. Dessa forma, há desde produtos que têm um processo de inovação muito semelhante ao dos demais produtos industrializados e que são voltados – além das construtoras – para o cliente final, como no caso das cerâmicas ou das tintas, até produtos mais parecidos com um típico Produto Complexo (PoSCo) como no caso dos elevadores ou das paredes de gesso acartonado (WINCH, 1998). 7. Mão-de-obra – as características da mão-de-obra influenciam todo o processo de inovação tecnológica – por exemplo, a falta de trabalhadores na Europa do pós-guerra influenciou decisivamente a opção pelas construções industrializadas. Modificações em suas características podem ser decisivas para mudanças na tecnologia a ser utilizada. Ao mesmo tempo, determinados tipos de inovações só se tornam possíveis se há modificações em suas características. A liberdade política de organização, a legislação trabalhista e a formação educacional e cultural exercem influência direta sobre a mão-de-obra (AMORIM, 1995; WERNA, 1993; ABIKO, SILVA, SOUZA, 1992) .Merece destaque também a grande segmentação entre a mão-de-obra operacional (oficiais e ajudantes) e a gerencial (engenheiros), as quais apresentam características bem diferenciadas e portanto exigem tratamentos diferenciados no caso de processos de inovação. No Brasil, além da grande importância da mão-de-obra operacional no processo de inovação (FARAH, 1996), alguns estudos tem identificado no nível gerencial o entrave maior no desenvolvimento do setor (MCKINSEY, 1999). 8. Novas ferramentas, equipamentos e máquinas – a introdução de novos equipamentos pode provocar mudanças incrementais ou mesmo mais radicais, dependendo do tipo de equipamento introduzido. No Brasil, as betoneiras e as serras elétricas podem ser citadas como exemplos de equipamentos que, por diminuírem custos e permitirem um aumento de qualidade, se tornaram obrigatórios até mesmo em pequenas obras. Com relação a esse fator, vale a pena lembrar ainda a existência e utilização das empresas de aluguel de equipamentos, as quais têm um lógica de atuação distinta da de empresas que adquirem equipamentos para o aumento de sua capacidade produtiva e podem servir de entrave ao processo de inovação (BALL,1988; REZENDE, 2003) 9. Perspectivas de lucro – vários autores (MANSFIELD, 1965; DOSI, 1988; FREEMAN e SOETE, 1997) citam a perspectiva de lucro como um fator decisivo no processo de inovação. De fato, a possibilidade de maiores lucros com a inovação – seja através da diminuição dos custos, ou seja através da obtenção de uma melhor, ou nova, qualidade - tem-se mostrado como fator primordial ao longo da história das mais importantes inovações (UTERBACK, 1996; FREEMAN e SOETE, 1997). A construção de edificações não é uma exceção. Durante muitos anos, os ganhos maiores com a comercialização do produto e a vinculação com a terra urbana foram citados como causas fundamentais – e de certa forma insuperáveis - de um suposto desinteresse do setor pela inovação. Ball (1988) e a própria história de desenvolvimento do setor (FARAH, 1996) demonstram como essas visões são unilaterais. Sem negar, a importância desses aspectos é preciso compreender que a perspectiva de lucros é um fator importante pois, a princípio, quanto maior a possibilidade de lucros, maior a possibilidade de sucesso da inovação. Diz-se “a princípio” porque, no processo de inovação, todos esses fatores que estão sendo estudados atuam ao mesmo tempo, sendo portanto impossível vincular o processo a um só deles. Por exemplo, uma inovação com perspectivas de bons lucros mas que apresente alto custo de implantação ou exija mão- de-obra especial pode ter um processo mais lento que o de outra com perspectivas de menores lucros mas que não demande modificações na mão-de-obra. 10. Concorrência / vantagem competitiva – a possibilidade de se ampliar o mercado de atuação na medida em que se oferecem produtos com qualidade diferenciada (ou custos menores ) é também um aspecto significativo no processo de inovação. Se, para os primeiros inovadores, a busca de uma vantagem competitiva pode ser o fator decisivo, para os mais tradicionais, o receio de ser ultrapassado pela concorrência pode ser o aspecto mais importante. Dessa forma, a necessidade de “ganhar” – ou, pelo menos, não perder – clientes leva as empresas a inovar. 11. Problemas ou melhorias nas tecnologias existentes – problemas nas tecnologias existentes podem levar ao aperfeiçoamento das mesmas ou até ao surgimento de novos insumos (produtos para construção). Podem ainda ser feitas modificações visando à melhoria de performance da tecnologia existente (SLAUGHTER, 1998; TATUM, 1987;). Esses tipos de modificações são em geral criadas pelas próprias construtoras (SLAUGHTER, 1998; AMORIM, 1995). 12. Mediadores da inovação – Winch (1998) trouxe para o processo de inovação na construção o conceito de “mediadores da inovação” (“innovation brockers”). Esses agentes atuariam no processo de inovação, no sentido de criarem um “campo neutro” onde os novos produtos poderiam ser analisados e discutidos com uma certa isenção em relação aos fornecedores e demais agentes envolvidos. Por esse motivo, teriam a vantagem de serem aceitos por todos os demais agentes da cadeia produtiva como dignos de confiança, tornando-se assim um elo importante no processo de inovação. O papel de “medidores da inovação” é em geral desempenhado por institutos de pesquisa ou universidades, com financiamento governamental ou privado. No Brasil, um exemplo desse tipo de agente seria o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo -IPT. 13. Trajetória tecnológica – a trajetória tecnológica (NELSON & WINTER,1982), ou seja, o tipo de tecnologia utilizada pelo subsetor, as razões dessa opção e as rotinas decisórias e de produção criadas a partir dessas opções influenciam nas novas opções e na criação das tecnologias das empresas do subsetor. A partir de seu próprio conceito percebe-se que a trajetória tecnológica sofre grande influência da cultura empresarial e local e da estrutura social. Portanto, a influência da cultura e da sociedade está sendo considerada atuando não de forma direta sobre a tecnologia construtiva mas sim, de forma indireta, como por exemplo sobre a trajetória tecnológica. 14. Normas / legislação – as normas e legislação podem facilitar o processo de inovação tanto ao apresentarem novas necessidades a serem satisfeitas, quanto ao se basearem mais nos resultados a serem obtidos das construções (avaliação de desempenho) do que nas características dos materiais e componentes utilizados. Normas e legislação que se prendam demasiadamente às características dos produtos existentes ou que se preocupem em descrever mais as características dos produtos a serem utilizados do que o desempenho necessário tendem a dificultar o processo de inovação4. 15. Associações de classe – as associações de classe atuam como importantes divulgadores de novas tecnologias e também como local para troca de informação entre os profissionais. A importância que podem ter depende muito da articulação que se estabelece em torno da inovação. 16. Custo para implantação da inovação – o custo para implantação exerce uma influência no sentido inversamente proporcional para a introdução da inovação. Em geral, quanto maior o custo da nova tecnologia, maior a dificuldade para sua de introdução. 17. Ação governamental – Há quatro tipos de ações principais do governo em relação às inovações tecnológicas em geral: 1) no financiamento de pesquisas; 2) no preparo de mão-de-obra qualificada;3) nas diversas questões relativas à normalização e regulamentação, sobretudo nas voltadas à proteção do consumidor e do meio ambiente; 4) enquanto importante consumidor/comprador de inovações (FREEMAN e SOETE, 1997; GREGERSEN, 1995; PAVITT, 1991). No caso brasileiro percebe-se que a ação governamental é importante e deve ser considerada pois, retomando cada um desses tipos de ações temos: 1) do ponto de vista da pesquisa, o governo além de financiar, por meio das agências específicas várias pesquisas na área, mantém alguns dos principais institutos de pesquisa como por exemplo, entre outros o Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, o IPT, ou o Núcleo Orientado à Inovação da Edificação – NORIE da UFRGS; 2) em relação a preparação da mão-de-obra qualificada também há uma atuação significativa por meio das Universidades Públicas Federais e Estaduais, não só na graduação como também por meio da pós-graduação; 3) a importância das normas e regulamentações no processo de inovação tecnológica das edificações já foi vista. Cabe aqui destacar a importância da ação governamental no estabelecimento de várias dessas normas como o novo código do consumidor, ou as várias legislações municipais sobre as características das habitações; 4) finalmente com relação a utilização do poder de compra do governo, cabe destacar a importância de programas como o QUALIHAB5 da Cia. De Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo - CDHU-SP. Além dessas atuações ainda pode haver um tipo de ação mais direta do governo conjugando uma política de financiamento com uma de desenvolvimento tecnológico como aconteceu na Europa do pós-guerra mais genérica, ou incentivando algum tipo de opção tecnológica mais específica como por exemplo o uso de estruturas de aço, ou de materiais com menor impacto sobre o meio-ambiente. 3. HIPÓTESES X PESQUISA DE CAMPO São discutidos a seguir resultados da pesquisa de campo contrapostos às hipóteses apresentadas anteriormente. 1) Mudanças no produto edificação: Esse primeiro fator diz respeito às necessidades criadas a partir de modificações no próprio produto edificação. Durante o período estudado, ocorreram modificações no produto. Os anos 80 foram os anos em que a chamada arquitetura “pós-moderna” começou a se expandir no país. Entretanto, não se identificou 4 A questão das relações entre normalização e inovação é complexa, e não se pretende esgotar o seu debate aqui. A tendência atual parece ser não só buscar normas baseadas no desempenho, como elaborar normas específicas para as novas tecnologias. Ver CIB. Working with performance approach in building. Roterdam: CIB., 1982.. e CIB. Importance of technical approval in civil contruction. Roterdam: CIB,1994 5 Bem resumidamente, esse é um programa onde a CDHU-SP só compra de empresas que tenham obtido um determinado patamar de desenvolvimento da Qualidade qualquer vínculo entre essas mudanças e a introdução das estruturas metálicas. Enquanto a arquitetura dos anos 80 e 90 se tornou mais flexível e aberta a mudanças – e esse aspecto pode, de alguma forma, ter facilitado a introdução de inovações – os primeiros edifícios se fizeram dentro da tradicional arquitetura moderna. Lembre-se ainda que, no resto do mundo, o surgimento da estrutura metálica se deu simultaneamente com a arquitetura moderna, não havendo qualquer incompatibilidade, entre elas; ao contrário, pode-se dizer que a arquitetura moderna até mesmo facilitou a utilização da estrutura metálica. Resumindo, não foi possível identificar mudanças no produto edificação que fossem significamente responsáveis pela introdução ou aceleração da difusão da estrutura metálica, exceto por um aspecto – difícil de quantificar – de maior “abertura” à novidade advindo da arquitetura pós-moderna no período de difusão (anos 90). 2) Necessidade dos clientes / usuários: O segundo fator refere-se às necessidades dos clientes ou dos usuários da construção. O empreendedor da primeira obra executada manifestou interesse em ter um domínio da tecnologia, pois imaginava que, sendo um pioneiro, poderia ter vantagens competitivas. Nesse sentido, a necessidade do empreendedor (cliente) de obter vantagem competitiva por meio do domínio tecnológico pioneiro, poderia ser citada como um aspecto importante na introdução da tecnologia6. Do ponto de vista dos clientes, uma necessidade freqüentemente citada tanto por eles quanto pelas empresas de construções metálicas foi o tempo de execução. Esse foi um fator importante para a escolha da tecnologia em boa parte das obras. Uma outra necessidade que a estrutura metálica ajudou a solucionar foi a de organização e equacionamento do canteiro de obras em pequenas áreas. Do ponto de vista dos usuários, ou seja, daqueles que compraram salas ou apartamentos, não se identificam, segundo os empreendedores, preferências ou rejeição pela estrutura metálica. Concluindo, as necessidades dos clientes foram um fator importante para a introdução das inovações. 3) Paradigma tecnológico: A introdução dessa tecnologia fez-se dentro do paradigma tecnológico vigente. Aliás é uma inovação que já havia sido criada em outros países e que apenas não estava sendo ainda utilizada no Brasil. Portanto o paradigma tecnológico vigente permitiu, sem problemas, a introdução desse tipo de inovação. 4) Situação econômica: Embora o primeiro prédio em estrutura metálica tenha sido iniciando em 1975, o desenvolvimento da efetiva utilização dessa nova tecnologia pela firma pioneira só se deu durante a década de 80. Já a sua maior disseminação ocorreu na década de 90. Como as modificações que começaram a ocorrer no setor – primeiro, por causa da crise nos anos 80 e, depois, pela estabilização da moeda – se fizeram na direção de uma maior racionalização, menor desperdício e maior planejamento das obras, elas influenciaram positivamente na introdução da estrutura metálica. 5) Novas formas organizacionais: Dizer que novas formas organizacionais foram implantadas somente por causa dessa tecnologia seria exagero. Entretanto não há como negar que essa tecnologia exige um cumprimento o mais fiel possível dos cronogramas estabelecidos, sob pena de se perder um de seus grandes diferenciais: a rapidez de execução. Ao mesmo tempo é uma tecnologia que, sendo mais industrializada em relação ao concreto armado (moldado in loco), se adapta muito bem a um planejamento e controle de qualidade mais rigorosos na obra. Dessa forma, a nova cultura que estava se implantando na construção civil nos anos 80 e 90 – maiores planejamento e organização em busca de menores custos e melhor qualidade – foi, de certa forma, favorável à introdução da estrutura metálica. 6 Essa “necessidade” talvez se enquadre melhor como “vantagem competitiva”, na medida em que este é um fator citado à parte. De fato, essa questão será retomada quando da análise da vantagem competitiva. Na verdade esse fator foi aqui mencionado apenas por se tratar de uma necessidade do empreendedor e não, da construtora de estrutura metálica em si. 6) Novos materiais, componentes e insumos: Uma forma de se analisar a questão é tomando a nova tecnologia de estruturas como um novo insumo para a tecnologia mais geral da construção. Nesse sentido, todo o processo de inovação dar-se-ia a partir da introdução de um novo insumo, qual seja a estrutura metálica. Esse novo insumo exige modificações em vários aspectos da tecnologia usual e, portanto, um preparo para sua introdução. A necessidade de modificações foi um fator que atuou negativamente para a introdução desse novo insumo. Uma outra questão é a contribuição de novos insumos para o próprio desenvolvimentoda estrutura metálica. Nesse aspecto, uma modificação importante foi a introdução da solda e do parafuso de alta resistência nas conexões metálicas. Foram inovações decisivas no processo estudado (REZENDE, 2003) 7) Mão-de-obra: A inexistência de mão-de-obra - tanto operacional como gerencial - capacitada foi um problema para a implantação dessa nova tecnologia. Novos engenheiros contratados pela construtora pioneira tiveram sua formação efetuada dentro da própria empresa, tanto como estagiários, quanto já como engenheiros. É importante lembrar que, segundo depoimento dos pioneiros, até os anos 80, os cursos de engenharia não ofereciam uma formação suficiente para a construção em estrutura metálica. Portanto, era na própria empresa que esse aprendizado tinha de se efetivar. Com o crescimento da empresa, foi possível também viabilizar viagens de alguns de seus funcionários ao exterior para aperfeiçoamento. Já a formação da mão-de-obra operacional se deu de duas formas. Muitos empregados vieram de empresas em que se exigia o trabalho de soldador, como, por exemplo, empresas de vagões7. Nesse caso, todo o esforço se fazia apenas no sentido de se trabalharem as especificidades da estrutura metálica em relação aos demais tipos de produtos. Já outros empregados se formaram nas próprias empresas, onde se promoveram cursos ministrados por fabricantes de eletrodos e equipamentos de solda. Foi se formando assim uma mão-de-obra capaz de produzir estruturas metálicas para edificações, feitas não a partir de perfis mas sim, de chapas. 8) Novas ferramentas, equipamentos e máquinas A questão da utilização de novos equipamentos é um ponto polêmico em relação a essa tecnologia. Os defensores da necessidade de um completo novo sistema tecnológico junto com a estrutura metálica advogam também a necessidade de novos equipamentos. Já os que defendem a possibilidade de implantação da nova tecnologia em conjunto com a tecnologia convencional argumentam que a utilização de novos equipamentos só iria onerar custos, não sendo portanto necessária. A necessidade de novos equipamentos não foi um fator que impediu a empresa pioneira de atuar. Ainda com relação à utilização de novos equipamentos, um aspecto digno de nota é a necessidade de importação de vários deles - feita pela maior parte das firmas - para dar início à fabricação e montagem da estrutura metálica (nesse caso utilizados para todos os tipos de construções como galpões, postos, fábricas etc.) 9) Perspectivas de lucro: A questão da lucratividade pela utilização da estrutura metálica ainda não está totalmente equacionada. Enquanto os fabricantes de estrutura metálica garantem que elas são a opção mais barata, as construtoras habituadas ao concreto armado afirmam o contrário. A situação também varia muito conforme o tipo de construção, de terreno e de solução arquitetônica, tornando a tarefa ainda mais complexa. O fato é que a lucratividade da estrutura metálica não pode ser medida só pelos custos da obra pois, para empresas que dependem da velocidade da obra para iniciar sua atuação, o tempo passa 7 As dificuldades enfrentadas por um grande fabricante de vagões contribuíram significativamente, em determinado período, para a composição da mão-de-obra da empresa pioneira. Além de vários outros profissionais, um dos mestres de fábrica (profissional chave no gerenciamento da produção dos perfis soldados) que trabalhou na empresa havia integrado o quadro de funcionários daquele fabricante. a ser um fator fundamental. Para esse tipo de situação, as perspectivas de lucro são fundamentais na opção pela estrutura metálica. Além disso, a simples diminuição do tempo da obra pode significar uma diminuição no tempo de retorno de investimento, pagamento de juros menores no caso de financiamentos ou até mesmo maiores ganhos em caso de inflação mais acelerada. Em todos esses casos a perspectiva de maior obtenção de lucros foi um fator importante para introdução da tecnologia. 10) Concorrência / Vantagem competitiva: Embora a busca de vantagem competitiva tenha sido, um fator determinante no caso da execução da primeira obra, esse aspecto parece não ter se repetido com a mesma intensidade nas demais obras. Por outro lado, retomando a questão da vantagem competitiva, não enquanto vantagem competitiva em si mas como uma certa “pressão” para se igualar aos concorrentes (como já explicou anteriormente) tem-se que a maior parte das construtoras continua adotando o concreto armado como estrutura, e portanto não existe – nesse sentido - uma pressão no mercado. 11) Problemas ou melhorias nas tecnologias existentes: Enquanto os perfis metálicos usinados foram utilizados desde o final do século XIX nos EUA e, logo depois, na Europa, o mesmo não aconteceu no Brasil. Aqui os perfis são formados com chapas soldadas. É verdade que as primeiras construções feitas na década de 50, ainda em arrebite, utilizaram perfis, quer da CSN, quer importados diretamente dos EUA (no caso de Brasília). Entretanto, nos anos 70 a CSN diminuiu a sua produção de perfis (que apresentavam abas inclinadas e não, retas, o que dificultava a execução das construções), chegando mesmo a interromper a fabricação de vários deles. A solução foi fabricar os perfis a partir das chapas fornecidas pelas siderúrgicas. Isso exigiu da empresa pioneira um conhecimento tecnológico ainda mais sofisticado, que foi gerado a partir do estudo de livros e manuais importados e da experiência com a construção de galpões em estrutura metálica e construções convencionais. A utilização da solda e a fabricação de perfis exigiam a importação de equipamentos e o preparo de uma mão-de-obra – tanto operacional como gerencial – muito específica, como já se viu. Nesse caso as empresas de construção metálica tiveram um papel ativo buscando solucionar problemas, e inclusive adaptar tecnologias mais convencionais à estrutura metálica. Esse foi portanto um fator de desenvolvimento tecnológico importante. 12) Mediadores da inovação: Nesse caso específico - sobretudo na implantação da inovação - não se identificou a atuação importante de “mediadores” no processo de inovação. A maior parte das pesquisas e estudos foi feita pelos próprios construtores ou pelas siderúrgicas. Para o segundo momento de difusão (a partir de meados do anos 80) as universidades tiveram uma atuação mais significativa desenvolvendo algumas pesquisas e formando profissionais capacitados para atuação junto à estrutura metá.lica. 13) Trajetória tecnológica: Como já foi comentado, o desenvolvimento da tecnologia de construções metálicas faz-se por meio da prática da construção de galpões, postos, fábricas e obras afins. Essas construções foram fundamentais no sentido de desenvolver e estabelecer uma competência tecnológica nessa área. A estrutura metálica apresentou um desenvolvimento particular na construção civil porque, embora exigisse das construtoras um novo domínio tecnológico para executar as demais partes da obra, sua construção sempre ficava a cargo de firmas especializadas. Ao contrário do que acontecia, por exemplo, com o concreto armado, a estrutura metálica não era executada diretamente pela construtora. Eram os construtores de galpões, fábricas e obras afins que edificavam as estruturas metálicas. Se esse aspecto não assegurava aos construtores tradicionais a inexistência de problemas de compatibilidade, ao menos assegurava-lhes uma certa tranqüilidade do ponto de vista da execução da estrutura em si. É evidente que a trajetória tecnológica de todas as construtoras, com ampla experiência em concreto armado e nenhuma em estruturas metálicas, pesou desfavoravelmente em relação à estrutura metálica. Não é à toa que a empresa pioneira no Estado, mesmo sendo tipicamente uma empresa construtora de galpões,atuava em boa parte das obras como a única construtora que vendia a execução não só da estrutura mas de todo o prédio. Entretanto, essa não é uma característica que viria se firmar como padrão nos anos seguintes. 14) Normas / legislação: A revisão ampla das normas para cálculo e construção em estrutura metálica, que eram ainda da década de 50, (NBR-850) foi um importante passo para o desenvolvimento do setor. Sua efetivação só se deu depois que a SIDERBRÁS centralizou a ação de dois profissionais que ficaram responsáveis por sua elaboração, levada a termo em 1986. Como se sabe, a norma técnica é um importante balizador para o uso dos produtos. A publicação da nova norma foi portanto um importante – e fundamental – fator para a difusão do uso de estruturas metálicas nas edificações. 15) Associações de classe: A Associação Brasileira de Construtores em Estrutura Metálica - ABCEM, fundada em 1974, teve e tem importante atuação para o desenvolvimento da estrutura metálica em todo o país. Composta pelos principais fabricantes de estruturas metálicas e pelas siderúrgicas, ela é segundo definição da própria Associação, “a entidade de classe que congrega e representa o setor de construção metálica no Brasil. Reúne ainda associações regionais e escritórios de projetos de engenharia e arquitetura de todo o país”. Atua na divulgação da estrutura metálica não só de forma ampla, por meio de participação em eventos, feiras e publicações, como também através de contatos diretos com empresários e com o governo. Em 1988 foi fundada a Associação Mineira de Construtores em Estrutura Metálica - AMICEM , que agrupa os principais construtores de estrutura metálica de Minas e tem atuação regional semelhante à da ABCEM. Resumindo, tanto a ABCEM como a AMICEM tiveram importante papel na divulgação do produto e no “lobby”, junto ao governo e às instituições, para a sua difusão. 16) Custos para implantação da inovação: A maior parte das empresas de construções metálicas que vieram a se dedicar à construção de edificações já faziam outros tipos de construções (galpões, postos, fábricas etc.), sendo a construção edificações um mercado a mais para essas empresas. Portanto, grande parte dos custos para a implantação da inovação já havia sido absorvida pelos outros tipos de construções, não sendo este um fator que atuou de forma desfavorável à difusão do produto. 17) Ação governamental: Em certo sentido o desenvolvimento da utilização da estrutura metálica teve um desenvolvimento muito específico na medida em que no início do processo todas as grandes siderúrgicas eram estatais. De certa forma partiu do governo portanto o apoio para a difusão da estrutura metálica ao estruturar, o primeiro grupo para o estudo da viabilidade do uso do aço nas construções, e depois de forma mais definitiva associado a Siderbrás. Como foi visto no ítem relativo às normas, a atuação do governo foi nesse caso fundamental. Também foi significativa a sua atuação no preparo de mão-de-obra qualificada (universidades) e financiamento de algumas pesquisas (universidades-capes-cnpq). 18) Um acréscimo – a motivação Além desses fatores que já haviam sido relacionados anteriormente como importantes em qualquer tipo de inovação tecnológica, há ainda um outro que não pode deixar de ser mencionado: a motivação interna presente na empresa pioneira. Não havia qualquer fator “externo” à essa construtora que a “convidasse” à inovação (só a partir dos anos 80 as siderúrgicas começariam a se interessar por esse mercado). Ao contrário, seu proprietário trabalhava incansavelmente na busca da realização de prédios em estrutura metálica, desde os anos 60, sem obter resultados. Portanto, entre os aspectos importantes nesse processo, foram fundamentais o interesse, a motivação e a persistência do proprietário da empresa, atitudes que acabaram contagiando os funcionários que lhe eram mais próximos. É evidente que só a motivação não bastaria para dar início ao processo de inovação, que só aconteceu quando houve condições objetivas no mercado para tal. Mas naquele momento havia uma empresa preparada e em busca dessa oportunidade. Portanto, esse aspecto foi importante no sentido de produzir o conhecimento e de preparar uma empresa para quando houvesse condições objetivas no mercado de efetivar a inovação. Esse fator teve uma grande importância no processo de mudança da tecnologia e, por isso, não poderia deixar de ser contemplado. 4. CONCLUSÕES O uso da teoria Neo-Schmumpeteriana para a compreensão da inovação na tecnologia construtiva das edificações brasileiras revelou-se bastante útil. A partir dessa teoria foi possível dar à tecnologia um novo papel: um papel em que ela atua de forma ativa – e decisiva – no seu próprio desenvolvimento. As demais condições sociais não deixam de ter significado, mas a tecnologia passa a ser também um componente importante nesse processo. É no seu próprio desenvolvimento que se encontrará boa parte da explicação para que ela seja como é. Apenas com a adoção dessa perspectiva se torna possível compreender plenamente as razões do fracasso de algumas das tentativas de inovações mais radicais na tecnologia construtiva das edificações brasileiras. Essas razões estão ligadas ao limite do próprio desenvolvimento tecnológico, no sentido de que as tecnologias propostas não eram capazes de reduzir custos ou acrescentar qualidades em uma ordem de grandeza suficiente para alavancar o processo de inovação. Foram estudados e caracterizados, de forma mais específica, que fatores do mercado e do desenvolvimento tecnológico atuam nesse processo. A partir desse estudo foram encontrados 18 fatores como determinantes principais: 1. modificações no produto; 2. necessidades dos clientes (usuários, empreendedores, construtores etc.) em relação à tecnologia construtiva; 3. mudanças no paradigma tecnológico; 4. situação econômica (tanto nacional como regional e local) e mudanças na política econômica; 5. novas formas organizacionais; 6. novos materiais, componentes ou insumos; 7. mudanças na mão-de-obra; 8. novas ferramentas, equipamentos e máquinas; 9. perspectivas e obtenção de lucros; 10. concorrência entre as empresas e busca de vantagem competitiva; 11. problemas ou melhorias nas tecnologias existentes. 12. atuação dos “mediadores da inovação”; 13. trajetória tecnológica; 14. normas / legislação; 15.atuação das associações de classe; 16. custo para implantação da inovação; 17. ação do governo; 18. motivação. Por meio da análise do estudo de caso, constatou-se a aplicabilidade desses fatores como base para o estudo do processo de inovação. Evidentemente alguns fatores foram mais importantes que outros, mas mesmo aqueles que não se mostraram muito importantes no estudo de caso não revelaram uma inconsistência com o processo de inovação que justificasse a sua exclusão. Esse é o caso por exemplo dos fatores “modificações no produto” e “mediadores da inovação”. A relação entre as modificações no produto e a tecnologia é tão óbvia e foi identificada tantas vezes em outros estudos sobre a inovação que seria um contra-senso excluí-la. Já os “mediadores da inovação” são uma categoria relativamente nova no estudo da inovação, e ainda não há qualquer estudo no país identificando especificamente a sua atuação (pelo menos, não com esse nome). Entretanto, embora sejam uma categoria nova, o fato é que os “mediadores da inovação” já vêm atuando no mercado e no processo de inovação, mesmo antes que houvesse uma teoria nomeando-os. Esse é o caso, por exemplo, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo – IPT, que durante boa parte do século XX foi um típico mediador de inovações para as construções e é tido por VARGAS (1994) como fundamental para o desenvolvimento inicial da tecnologia da construção no país. Quando se constataque a atuação dos “mediadores da inovação” é reconhecida por estudiosos, mesmo que não se dê a eles o nome de “mediadores da inovação”, e que estudos internacionais têm se dedicado a mostrar sua atuação, fica fácil inferir que essa categoria deve continuar sendo proposta, pelo menos até que haja mais estudos sobre o tema. Por outro lado, na análise do estudo de caso, a questão da motivação presente na empresa pioneira foi um fator importante no processo de inovação. Irradiada a partir do interesse de seu proprietário, essa motivação foi fundamental no sentido de manter preparada toda uma equipe para deflagrar o processo de inovação quando se criaram as demais condições para sua ocorrência. Além disso, sua importância foi igualmente significativa na conquista das primeiras obras. Diante disso, e de sua referência na bibliografia sobre inovação em geral, a motivação foi incorporada também como um fator primordial no processo de inovação. Como foi discutido ao se tratar do método da pesquisa, essas afirmações não podem ser de imediato generalizadas para todo o setor. Mas espera-se com esse trabalho haver se iniciado um caminho seguro em direção a esse objetivo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIKO, A.K.; SILVA, M.A.C.; SOUZA, R. O desenvolvimento tecnológico da produção de edificações no Brasil – evolução e ações da iniciativa privada. In: ENCUENTRO DE LAS INGENIERIAS CIVILES IBEROAMERICANAS, 1, Madrid, 1992. Anais. 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