Buscar

AULA FATORES DA INOVAÇÃO TECNOLOGICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FATORES DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NAS EDIFICAÇÕES 
REZENDE, Marco Antônio Penido (1); ABIKO, Alex Kenya (2) 
(1) Departamento de Tecnologia da Arquitetura e do Urbanismo da Escola de Arquitetura da UFMG, 
mapere@arq.ufmg.br 
(2) Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP, 
alex.abiko@poli.usp.br 
 
RESUMO 
O objetivo do trabalho foi estudar os principais fatores determinantes da inovação na tecnologia 
construtiva das edificações brasileiras. O marco teórico foi a Teoria de Sistemas e Produtos 
Complexos e a Teoria Neo-Schumpeteriana sobre inovação. A partir dessas teorias foi feita uma 
revisão da literatura que levou ao estabelecimento de 17 fatores fundamentais no processo de 
inovação. Esses fatores foram utilizados para a compreensão do processo de introdução da estrutura 
metálica no Estado de Minas Gerais revelando-se bastante eficazes. Espera-se que os resultados dessa 
pesquisa sejam úteis não só ao planejamento governamental para o setor mas também para o 
planejamento estratégico das próprias empresas. 
Palavras-chave: inovação e edificações; inovação e tecnologia construtiva; estrutura metálica e 
inovação 
1.INTRODUÇÃO 
Este artigo apresenta alguns dos resultados e conclusões da pesquisa realizada para tese de 
doutoramento do primeiro autor. 
Objetiva compreender e sistematizar os principais fatores determinantes da inovação tecnológica na 
construção das edificações brasileiras. 
Dentro do universo da produção acadêmica a elaboração do trabalho justifica-se por três motivos 
principais: a) para a compreensão do processo de inovação foram utilizadas – de forma inédita no país 
- novas teorias; b) foi estudada uma inovação do subsetor ainda pouco analisada: a introdução da 
estrutura metálica. c) ainda não havia sido feito um estudo que apresentasse de forma sistemática os 
fatores determinantes da inovação tecnológica na construção das edificações brasileiras. 
Do ponto de vista de desdobramentos e efeitos multiplicadores positivos sobre o desenvolvimento 
econômico e social, o estudo também justifica-se amplamente uma vez que seus resultados poderão ser 
úteis tanto para o planejamento governamental, como para empresas construtoras traçarem com maior 
precisão as suas estratégias de atuação. 
1.2 Método 
Do ponto de vista do trabalho científico, a realidade nunca é dada mas sim, construída (BUNGE, 
1973; VARGAS, 1994). Portanto, antes de discutir a “realidade”, era necessário construir um 
arcabouço teórico que permitisse o exame dessa “realidade” e que ajudasse inclusive a determinar 
quais de seus aspectos deveriam ser considerados para atingir o objetivo proposto. 
 Após alguns meses de revisão bibliográfica, chegou-se à teoria Neo-Schumpeteriana, como 
fundamento básico para o trabalho, e à teoria dos Produtos e Sistemas Complexos como complemento 
à primeira. 
A teoria Neo-Schumpeteriana se tornou especialmente útil aos objetivos deste trabalho, porque, ao 
indagar sobre o crescimento econômico, rompe com a tradição dos economistas clássicos e 
neoclássicos para os quais o avanço tecnológico e científico é sempre dado como disponível e somente 
o capital e o trabalho são considerados fundamentais ao crescimento econômico. Para a teoria Neo-
Schumpeteriana a inovação e o desenvolvimento tecnológico e científico são fatores fundamentais 
para se alavancar o crescimento econômico. Por isso irá estudar mais detalhadamente a sua geração e 
difusão, tornando-se muito útil para a compreensão desses processos. Essa deve ser a razão de sua 
utilização em alguns trabalhos internacionais sobre inovação no setor da construção civil embora tenha 
sido citada em apenas um trabalho nacional (AMORIM, 1995) e realmente estudada em profundidade 
– sob o ponto de vista de sua aplicabilidade ao estudo da inovação no setor – em dois outros ( 
REZENDE e ABIKO, 2001; REZENDE, 2003) 
A teoria de Produtos e Sistemas Complexos começou a se estruturar no final do século passado e 
defende que existe uma categoria de produtos e sistemas com um processo de inovação tão diferente 
dos demais produtos industriais, que é necessária a criação de um novo escopo teórico para estudá-los. 
Essa teoria começou a ser utilizada por Winch (1998) para modelar o processo de inovação nas 
edificações, com certo sucesso. 
Definido o marco teórico, ainda havia outra opção importante a se fazer: a escolha da abrangência da 
pesquisa em relação ao setor da construção civil. A particularidade dos processos construtivos e dos 
tipos de empreendimento do setor da construção civil tem levado os estudiosos a tradicionalmente 
dividi-lo em três subsetores, cada qual com características próprias: a) construção pesada – relacionada 
à construção de infra-estrutura viária e urbana, obras de arte e de saneamento; b) construção industrial 
− relacionada à montagem de indústrias, sistemas de geração e transmissão de energia e 
telecomunicações, sistemas de exploração de recursos naturais; c) construção de edificações - 
relacionada ao planejamento e construção de edifícios residenciais, comerciais, institucionais e 
reformas (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO - FJP, 1984; FARAH, 1996). Além de obter uma 
uniformidade na pesquisa (o que poderia justificar a opção por qualquer um dos três subsetores), a 
decisão de trabalhar unicamente com o subsetor “edificações” e não com todo o setor da construção 
civil se deu pelo interesse em analisar o subsetor envolvido com a questão da habitação e também tido 
como o mais “atrasado” dos três (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO,1984). 
1.2.1 Estudo genérico ou específico? 
Estabelecidos os aspectos mais genéricos do trabalho e sobretudo o marco teórico, foi possível voltar à 
literatura sobre edificações e construir algumas hipóteses sobre o seu processo de inovação. 
Para aprofundar este estudo e a compreensão dessas hipóteses, dois caminhos seriam possíveis: 
a) tomando-se por base dados de levantamentos já feitos sobre o subsetor edificações verificar a 
consistência dessas hipóteses, ou 
b) estudar, em maior detalhe, um processo de inovação significativo no subsetor, verificar que fatores 
foram importantes nesse processo e contrapô-los às hipóteses elaboradas. 
No caso da primeira solução, os dados existentes sobre o subsetor passam a ser um aspecto chave. O 
último levantamento sistemático feito sobre o subsetor parece ser o do Instituto de Pesquisas 
Tecnológicas de São Paulo – IPT, que foi publicado em 1988. Portanto, além de ser um estudo de mais 
de quinze, não pôde incluir os reflexos da estabilização da economia que só aconteceu a partir de 
1994. Mas, mesmo que se restringisse a pesquisa até aquela data, havia outro problema. Para o estudo 
do processo de inovação seria necessária a coleta de mais dados sobre cada uma das inovações 
introduzidas no subsetor, o que tornava essa opção ainda mais problemática. Sua grande vantagem 
seria a visão do subsetor com um todo. Mas será que essa visão seria realmente representativa do 
processo do subsetor ou conformaria um trabalho extremamente genérico onde, do ponto de vista da 
confirmação das hipóteses, a fragilidade da base empírica, por apresentar dados incompletos, acabaria 
por comprometer todo o trabalho? 
Diante desse risco, a opção foi de trabalhar de acordo com a segunda solução, ou seja, escolher um 
processo de inovação do subsetor, de preferência mais recente (mais representativo da situação atual), 
e estudá-lo em profundidade. É evidente que a generalização das hipóteses para todo o subsetor fica, 
nesse caso, comprometida. Mas esse resultado, embora mais “modesto”, é também mais seguro. Além 
disso, abrirá caminho para a elaboração de outros estudos específicos, até que se obtenham da soma 
desses diversos estudos hipóteses mais definitivas. 
Dessa forma, esse caminho, embora “mais lento” e trabalhoso, poderá levar – na medida em que se 
façam novas pesquisas – a resultados maisconsistentes. Ao mesmo tempo, o resultado da presente 
pesquisa já irá fornecer um bom ponto de partida para esse processo, cumprindo assim a sua função. 
Aliás, é importante lembrar que vários autores1 têm privilegiado exatamente esse caminho na busca 
da construção de suas teorias. 
1.2.2 Escolha da inovação a ser estudada 
Definida a opção pelo “estudo mais aprofundado”, tornou-se necessário escolher a inovação a ser 
estudada. 
Dentre as várias opções pensadas, destacou-se a estrutura metálica. Em primeiro lugar, por envolver 
vários aspectos da construção, exigindo uma certa amplitude de transformações no processo de 
produção para que se faça de maneira adequada; em segundo lugar, por se tratar de uma inovação 
tecnológica relativamente recente no subsetor e ainda pouco estudada; por fim, por ter sido uma 
inovação introduzida aqui muito depois que em outros países, o que permite estudar que 
particularidades do subsetor brasileiro levaram a essa opção tardia. 
O estado de Minas Gerais está entre os pioneiros na introdução da estrutura metálica com perfis 
soldados no país. Nos anos 80, aí se constroem alguns dos primeiros edifícios em estrutura metálica 
soldada do país e, nos anos 90, há um substancial aumento da utilização desse tipo de estrutura no 
Estado. Desde os anos 80, as empresas mineiras de construções metálicas começam a construir em 
vários outros estados do país, como Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro etc. É também em Minas onde se 
instala a única siderúrgica criada exclusivamente para a produção de perfis para construção civil, a 
AÇOMINAS. Portanto, não haveria como estudar a introdução da estrutura metálica soldada no país, 
sem estudar como se deu esse processo em Minas. Por isso, diante da impossibilidade de se fazer uma 
pesquisa mais rigorosa em todo o país, a estratégia utilizada foi delimitar geograficamente a sua 
abrangência ao Estado de Minas Gerais. 
1.2.3 Método da pesquisa 
As pesquisas nas áreas de ciências sociais e de ciências sociais aplicadas (administração, economia, 
direito etc ) têm utilizado cada vez mais o “estudo de caso” como técnica de pesquisa, sobretudo 
quando se busca analisar fenômenos sociais complexos, como é o caso da inovação tecnológica. Esse 
método de pesquisa, inicialmente muito criticado, começou a ter uma aceitação progressiva, sobretudo 
depois do trabalho de Yin (1984), que foi um dos primeiros a sistematizar de forma objetiva a sua 
metodologia e defender a necessidade e a importância do estudo de caso como método para a 
compreensão de fenômenos complexos. Segundo esse autor, quando o fenômeno a ser analisado 
envolve muitos agentes e forças, quando não é possível isolar esses fenômenos em laboratórios e 
quando as perguntas a serem feitas se referem mais a “como” e “por que” do que o “quanto”, o estudo 
de caso se torna o método de pesquisa mais adequado. Roesch (1999) sintetiza bem as características e 
qualidades do estudo de caso como estratégia de pesquisa: “permite o estudo de fenômenos em 
profundidade dentro do seu contexto; é especialmente adequado ao estudo de processos e explora 
fenômenos com base em vários ângulos” (ROESCH, 1999). 
Tanto na área de engenharia civil como na de arquitetura, vários trabalhos feitos poderiam ser 
classificados como estudos de caso, embora nem sempre esclareçam essa opção. Formoso et al (2000) 
têm desenvolvido uma pesquisa mais sistemática da aplicação da metodologia de estudos de casos 
nessas áreas e um bom número de trabalhos já começa a explicitá-la como é o caso dos trabalhos de 
Rosseto (1998), Barros Neto (1999) e Rezende (2003) entre outros. 
Portanto, o método da pesquisa será o do “Estudo de Caso” baseado em Yin (1984), que para o 
desenvolvimento da pesquisa considera importante definir: a) se o estudo de caso será único ou 
múltiplo; b) as questões do estudo; c) suas proposições, se houver; d) suas unidades de análise; e) a 
ligação lógica entre os dados e as proposições; f) o critério para interpretar os resultados da pesquisa. 
De acordo com essas definições, este estudo trata de um único estudo de caso: a introdução e difusão 
da estrutura metálica nas edificações do Estado de Minas Gerais. As questões do estudo (que fatores 
 
1
 Em seu estudo sobre metodologia científica, Roesch (1999) cita, entre outros, Eckstein (1975), Yin (1981), 
Eisenhart (1991) e Walton (1995). 
provocam a inovação) e as conseqüentes proposições (apresentação dos principais fatores e suas inter-
relações) foram feitas a partir da contraposição entre o marco teórico com a revisão sobre a literatura 
de inovação (e portanto já têm uma método próprio.) A unidade de análise são as empresas de 
construção de estrutura metálica de edificações. É o “movimento” dessas empresas (e de seus 
fornecedores e demais agentes interessados no processo) buscando conquistar o mercado que constitui 
o foco central da pesquisa. Finalmente, a ligação entre os dados a serem levantados e as proposições 
está na própria origem da escolha do estudo de caso, que foi constituído exatamente no sentido de 
fornecer uma base empírica para a análise das proposições levantadas. 
Em se tratando da pesquisa propriamente dita, a questão que se colocava era como recuperar todo o 
processo de introdução e difusão da estrutura metálica nas edificações do estado, não só retratando 
como esse processo aconteceu, mas buscando sobretudo compreender a sua dinâmica (determinar os 
agentes e fatores mais importantes nesse processo, assim como a forma e o porquê de sua atuação). 
Como não foi identificada qualquer pesquisa anterior sobre o tema, buscaram-se com os agentes 
(empresas, pesquisadores, fornecedores, associações etc.) que atuam nesse processo as informações 
necessárias. Foram utilizados basicamente três tipos de fontes. 
a) Entrevistas 
Segundo Roesh (1999), “a pesquisa em profundidade é a técnica fundamental da pesquisa qualitativa”. 
A mesma autora comenta que para Elton Mayo, o fundador da Escola de Ciências Humanas da 
Administração, a entrevista era considerada como o método básico das Ciências Sociais. Nesta 
pesquisa - onde não havia muitas outras fontes de dados - ela se tornou ainda mais importante. 
Buscou-se entrevistar todas as pessoas citadas pelos agentes (empresas, pesquisadores, fornecedores, 
associações etc.) como importantes nesse processo. Cada entrevistado era, na verdade, também uma 
fonte de determinação de novas pessoas a serem entrevistadas. Criou-se dessa forma um sistema de 
convergência recíproca, onde o nome de algumas pessoas aparecia diversas vezes, mostrando-se a 
importância de sua participação e, ao mesmo tempo, evitando-se que quem tivesse alguma forma de 
participação não fosse lembrado. A forma de entrevista utilizada ajuda a esclarecer melhor esse 
processo. Ela foi definida como uma forma aberta, semi-estruturada (ROESCH, 1999), onde se 
buscou: 
a) perceber a visão que o entrevistado tinha do processo como um todo; 
b) fazer com que o entrevistado relatasse a sua participação e/ou de sua empresa no processo e a 
forma como compreendia essa participação; 
c) fazer com que o entrevistado relatasse a participação dos demais agentes envolvidos com o 
processo; 
d) abrir espaço para que o entrevistado revelasse os aspectos que considerou peculiares e importantes 
no processo. 
Como já se disse, as entrevistas foram um fator muito importante na pesquisa, e muitas delas foram 
feitas mais de uma vez, no sentido de checar os dados e as impressões dos entrevistados. Outro 
aspecto importante nas pesquisas foi o cruzamento de dados fornecidos pelos entrevistados, 
permitindo uma boa visão final da inovação em estudo. 
b) Registros existentes nas empresas, associações e instituições 
Outra fonte importante de dados foram os dossiês de apresentação e a memória técnica registrados nas 
próprias empresas (tanto construtoras quanto fornecedoras)e associações de classe2. 
c) Estudos específicos 
Foram pesquisadas também – de forma mais detalhada - as três empresas que tiveram a participação 
mais significativa no mercado durante esse período. Esse estudo envolveu um histórico de cada 
empresa e de sua atuação no mercado, contrapondo os resultados efetivamente alcançados e a visão de 
sua diretoria sobre eles. 
 
2
 Entre as associações de classe destacaram-se a Associação Brasileira da Construção Metálica – ABCEM e a 
Associação Mineira da Construção Metálica – AMICEM. 
2. HIPÓTESES 
2.1. A teoria Neo-Schumpeteriana e o processo de inovação 
A teoria Neo-Schumpeteriana (NELSON e WINTER, 1982; DOSI, 1988; FREEMAN e SOETE, 
1997) permite uma nova compreensão do processo de inovação nas edificações . Essa compreensão 
permite superar a dicotomia usualmente apresentada entre a tecnologia ou o mercado e a economia 
como os fatores preponderantes no processo de inovação que perpassa a maioria dos trabalhos 
desenvolvidos sobre o tema. Com esse conceito a tecnologia ganha um desenvolvimento e autonomia 
próprios, mas sem desconhecer os vínculos com a economia, a sociedade e o mercado. Dessa maneira, 
ao invés de se considerar apenas isoladamente cada um dos fatores (desenvolvimento tecnológico x 
mercado), é possível compreender melhor a interação entre eles e também o próprio processo de 
inovação. 
Sob o ponto de vista da construção civil, não se trata de negar todas as questões e especificidades do 
subsetor mas sim, de acrescentar a elas a tecnologia. Ou seja, o grau de desenvolvimento tecnológico e 
sua trajetória passam a ser tão importantes na análise da inovação quanto as formas de acumulação de 
capital, a organização da mão-de-obra ou outras características do subsetor. 
Tomemos, a título de exemplo, a análise das diversas tentativas de mudanças mais amplas no processo 
de construção de edificações ocorridas no Brasil nas últimas décadas. Segundo a visão até então 
vigente, elas fracassaram sobretudo devido a problemas socioeconômicos e às inter-relações 
características do subsetor. O que está se propondo é que o limite do desenvolvimento tecnológico 
também foi um fator ligado ao fracasso dessas tentativas. Em outras palavras, elas não fracassaram 
somente por causa da especificidade do processo construtivo das edificações em si, da questão 
fundiária, das mudanças econômicas ou de qualquer outro fator levantado anteriormente, mas também 
porque as tecnologias utilizadas não estavam evoluídas o suficiente. E, quando se diz isto, o que se 
quer destacar não são os problemas técnicos; mas o fato de que nenhuma das tecnologias estava 
evoluída o bastante para apresentar uma diminuição de custos ou um aumento de qualidade suficientes 
para levarem à difusão dessas tecnologias. 
Com base em uma análise crítica da bibliografia3, propõem-se 17 fatores como primordiais para a 
inovação na tecnologia construtiva das edificações brasileiras. Esses fatores são apresentados a seguir. 
1. Mudanças no produto edificação - as inter-relações da tecnologia construtiva com o seu produto, 
a edificação, se dão de forma tão intensa e recíproca, que às vezes se torna difícil saber se a inovação 
começou pelas novidades na edificação ou na tecnologia construtiva. De fato, mesmo historicamente é 
possível constatar que até o séc. XIX, as inovações na tecnologia construtiva e no produto edificação 
eram até mesmo geradas dentro de um mesmo universo de conhecimentos (BENÉVOLO,1976; 
GIEDION,1982; REZENDE,2003). Somente no século XIX o conhecimento sobre o edificar foi 
dividido em duas grandes áreas do saber - correspondentes, hoje, a aproximadamente as áreas dos 
projetos e concepções arquitetônicos e da tecnologia construtiva - tendo cada uma desde então uma 
certa autonomia em relação à outra. (BENÉVOLO,1976; GIEDION,1982). Entretanto essa divisão 
não impede que mesmo hoje continue havendo uma grande inter-relação entre as duas, advinda 
inclusive da questão básica da grande vinculação entre o produto - neste caso a edificação - e o seu 
processo de produção, neste caso, a tecnologia construtiva. Evidentemente nem todas as mudanças no 
produto edificação irão gerar mudanças na tecnologia construtiva. Mas um dos elementos importantes 
da inovação na tecnologia construtiva são as transformações que ocorrem no produto edificação ao 
longo do tempo. 
2. Necessidades dos clientes / usuários – os clientes ou usuários podem ter novas solicitações em 
relação à execução das obras, como por exemplo a exigência de um prazo mais curto ou um menor 
impacto ambiental. Essas solicitações podem levar a mudanças na tecnologia construtiva. É importante 
lembrar que se trata, nesse caso, de necessidades em relação à tecnologia construtiva e não, ao produto 
em si. No caso de necessidades em relação ao produto, a influência será sobre o produto e depois, em 
alguns casos, indiretamente sobre a tecnologia construtiva, como foi visto no item anterio. 
 
3
 Não há como negar também a influência de contatos com empresários do subsetor e a própria vivência do 
primeiro autor como construtor nessa proposições 
 Por outro lado, a própria construtora pode ser vista aqui também como uma usuária da tecnologia 
construtiva, gerando também necessidades não satisfeitas, como por exemplo necessidade de 
componentes com maior facilidade de armazenamento ou transporte. 
3. Paradigma tecnológico – representa o limite tecnológico vigente, dentro do qual a tecnologia 
construtiva irá se desenvolver (DOSSI, 1988). Mudanças no paradigma tecnológico poderão permitir 
mudanças mais radicais na tecnologia construtiva. 
4. Situação econômica – embora também influenciem boa parte dos demais fatores citados, os fatores 
econômicos têm uma influência direta sobre a tecnologia construtiva. Eles podem levar à adoção ou 
ao abandono de inovações tecnológicas, na medida em que interferem diretamente no custo da mão-
de-obra e dos demais insumos e na própria demanda do subsetor. 
Dentre os aspectos econômicos, cabe destacar a política econômica adotada pelo governo. Kandir 
(1983) viu nas políticas adotadas até então, um do motivos da instabilidade do mercado habitacional. 
Ao mesmo tempo, existem alguns aspectos mais evidentes de sua influência como a facilidade ou não 
na importação de produtos e o preço da moeda local em relação ao dólar que podem ser decisivos na 
viabilização da introdução de novos produtos, equipamentos e/ou tecnologias. 
Retornando à questão mais ampla da economia como um todo, a crise econômica dos anos 80, ao 
provocar a busca por menores custos, e a estabilização da moeda (fim da inflação elevada), ao 
valorizar os ganhos com as atividades produtivas em relação às financeiras, favoreceram a introdução 
de melhorias na tecnologia construtiva (FARAH, 1996; AMORIM, 1995; BARROS, 1996; PICCHI, 
1993; ABIKO, SILVA, SOUZA, 1992) 
 
5. Novas formas organizacionais – novas formas de estruturar e organizar a produção já são, em si, 
uma mudança na tecnologia construtiva. Além de permitir maior eficiência, diminuição de custos e/ou 
aumento de qualidade, podem levar a mudanças em vários outros aspectos da tecnologia. Por outro 
lado, novas formas de construir podem exigir novas formas organizacionais (AMORIM, 1995). 
6. Novos materiais, componentes e insumos – essa tem sido uma das maiores origens de mudanças 
na tecnologia construtiva. Os produtos que chegam ao canteiro de obras
 
são, cada vez mais, 
industrializados. A história de desenvolvimento do setor é a história da substituição de produtos mais 
artesanais e trabalhados no próprio canteiro por produtos cada vez mais industrializados (LEMOS, 
1989; FARAH, 1996). A introdução do cimento, assim com a dos materiais plásticos e, mais 
recentemente, das paredes em gesso acartonado são exemplos dessetipo de modificação que, na 
maior parte das vezes, não significa – ou não deveria significar – a simples introdução de um novo 
material mas sim, a adoção de técnicas e materiais compatíveis com essa inovação. 
O tipo de produto irá determinar o tipo de processo de inovação a ser adotado. Dessa forma, há desde 
produtos que têm um processo de inovação muito semelhante ao dos demais produtos industrializados 
e que são voltados – além das construtoras – para o cliente final, como no caso das cerâmicas ou das 
tintas, até produtos mais parecidos com um típico Produto Complexo (PoSCo) como no caso dos 
elevadores ou das paredes de gesso acartonado (WINCH, 1998). 
7. Mão-de-obra – as características da mão-de-obra influenciam todo o processo de inovação 
tecnológica – por exemplo, a falta de trabalhadores na Europa do pós-guerra influenciou 
decisivamente a opção pelas construções industrializadas. Modificações em suas características podem 
ser decisivas para mudanças na tecnologia a ser utilizada. Ao mesmo tempo, determinados tipos de 
inovações só se tornam possíveis se há modificações em suas características. 
A liberdade política de organização, a legislação trabalhista e a formação educacional e cultural 
exercem influência direta sobre a mão-de-obra (AMORIM, 1995; WERNA, 1993; ABIKO, SILVA, 
SOUZA, 1992) 
.Merece destaque também a grande segmentação entre a mão-de-obra operacional (oficiais e 
ajudantes) e a gerencial (engenheiros), as quais apresentam características bem diferenciadas e 
portanto exigem tratamentos diferenciados no caso de processos de inovação. No Brasil, além da 
grande importância da mão-de-obra operacional no processo de inovação (FARAH, 1996), alguns 
estudos tem identificado no nível gerencial o entrave maior no desenvolvimento do setor 
(MCKINSEY, 1999). 
 8. Novas ferramentas, equipamentos e máquinas – a introdução de novos equipamentos pode 
provocar mudanças incrementais ou mesmo mais radicais, dependendo do tipo de equipamento 
introduzido. 
No Brasil, as betoneiras e as serras elétricas podem ser citadas como exemplos de equipamentos que, 
por diminuírem custos e permitirem um aumento de qualidade, se tornaram obrigatórios até mesmo 
em pequenas obras. 
Com relação a esse fator, vale a pena lembrar ainda a existência e utilização das empresas de aluguel 
de equipamentos, as quais têm um lógica de atuação distinta da de empresas que adquirem 
equipamentos para o aumento de sua capacidade produtiva e podem servir de entrave ao processo de 
inovação (BALL,1988; REZENDE, 2003) 
9. Perspectivas de lucro – vários autores (MANSFIELD, 1965; DOSI, 1988; FREEMAN e SOETE, 
1997) citam a perspectiva de lucro como um fator decisivo no processo de inovação. De fato, a 
possibilidade de maiores lucros com a inovação – seja através da diminuição dos custos, ou seja 
através da obtenção de uma melhor, ou nova, qualidade - tem-se mostrado como fator primordial ao 
longo da história das mais importantes inovações (UTERBACK, 1996; FREEMAN e SOETE, 1997). 
A construção de edificações não é uma exceção. 
Durante muitos anos, os ganhos maiores com a comercialização do produto e a vinculação com a terra 
urbana foram citados como causas fundamentais – e de certa forma insuperáveis - de um suposto 
desinteresse do setor pela inovação. Ball (1988) e a própria história de desenvolvimento do setor 
(FARAH, 1996) demonstram como essas visões são unilaterais. Sem negar, a importância desses 
aspectos é preciso compreender que a perspectiva de lucros é um fator importante pois, a princípio, 
quanto maior a possibilidade de lucros, maior a possibilidade de sucesso da inovação. Diz-se “a 
princípio” porque, no processo de inovação, todos esses fatores que estão sendo estudados atuam ao 
mesmo tempo, sendo portanto impossível vincular o processo a um só deles. Por exemplo, uma 
inovação com perspectivas de bons lucros mas que apresente alto custo de implantação ou exija mão-
de-obra especial pode ter um processo mais lento que o de outra com perspectivas de menores lucros 
mas que não demande modificações na mão-de-obra. 
10. Concorrência / vantagem competitiva – a possibilidade de se ampliar o mercado de atuação na 
medida em que se oferecem produtos com qualidade diferenciada (ou custos menores ) é também um 
aspecto significativo no processo de inovação. Se, para os primeiros inovadores, a busca de uma 
vantagem competitiva pode ser o fator decisivo, para os mais tradicionais, o receio de ser ultrapassado 
pela concorrência pode ser o aspecto mais importante. Dessa forma, a necessidade de “ganhar” – ou, 
pelo menos, não perder – clientes leva as empresas a inovar. 
11. Problemas ou melhorias nas tecnologias existentes – problemas nas tecnologias existentes 
podem levar ao aperfeiçoamento das mesmas ou até ao surgimento de novos insumos (produtos para 
construção). Podem ainda ser feitas modificações visando à melhoria de performance da tecnologia 
existente (SLAUGHTER, 1998; TATUM, 1987;). Esses tipos de modificações são em geral criadas 
pelas próprias construtoras (SLAUGHTER, 1998; AMORIM, 1995). 
12. Mediadores da inovação – Winch (1998) trouxe para o processo de inovação na construção o 
conceito de “mediadores da inovação” (“innovation brockers”). Esses agentes atuariam no processo de 
inovação, no sentido de criarem um “campo neutro” onde os novos produtos poderiam ser analisados e 
discutidos com uma certa isenção em relação aos fornecedores e demais agentes envolvidos. Por esse 
motivo, teriam a vantagem de serem aceitos por todos os demais agentes da cadeia produtiva como 
dignos de confiança, tornando-se assim um elo importante no processo de inovação. O papel de 
“medidores da inovação” é em geral desempenhado por institutos de pesquisa ou universidades, com 
financiamento governamental ou privado. No Brasil, um exemplo desse tipo de agente seria o Instituto 
de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo -IPT. 
13. Trajetória tecnológica – a trajetória tecnológica (NELSON & WINTER,1982), ou seja, o tipo de 
tecnologia utilizada pelo subsetor, as razões dessa opção e as rotinas decisórias e de produção criadas a 
partir dessas opções influenciam nas novas opções e na criação das tecnologias das empresas do 
subsetor. 
A partir de seu próprio conceito percebe-se que a trajetória tecnológica sofre grande influência da 
cultura empresarial e local e da estrutura social. Portanto, a influência da cultura e da sociedade está 
sendo considerada atuando não de forma direta sobre a tecnologia construtiva mas sim, de forma 
indireta, como por exemplo sobre a trajetória tecnológica. 
14. Normas / legislação – as normas e legislação podem facilitar o processo de inovação tanto ao 
apresentarem novas necessidades a serem satisfeitas, quanto ao se basearem mais nos resultados a 
serem obtidos das construções (avaliação de desempenho) do que nas características dos materiais e 
componentes utilizados. 
Normas e legislação que se prendam demasiadamente às características dos produtos existentes ou que 
se preocupem em descrever mais as características dos produtos a serem utilizados do que o 
desempenho necessário tendem a dificultar o processo de inovação4. 
15. Associações de classe – as associações de classe atuam como importantes divulgadores de novas 
tecnologias e também como local para troca de informação entre os profissionais. A importância que 
podem ter depende muito da articulação que se estabelece em torno da inovação. 
16. Custo para implantação da inovação – o custo para implantação exerce uma influência no 
sentido inversamente proporcional para a introdução da inovação. Em geral, quanto maior o custo da 
nova tecnologia, maior a dificuldade para sua de introdução. 
17. Ação governamental – Há quatro tipos de ações principais do governo em relação às inovações 
tecnológicas em geral: 1) no financiamento de pesquisas; 2) no preparo de mão-de-obra qualificada;3) 
nas diversas questões relativas à normalização e regulamentação, sobretudo nas voltadas à proteção do 
consumidor e do meio ambiente; 4) enquanto importante consumidor/comprador de inovações 
(FREEMAN e SOETE, 1997; GREGERSEN, 1995; PAVITT, 1991). No caso brasileiro percebe-se 
que a ação governamental é importante e deve ser considerada pois, retomando cada um desses tipos 
de ações temos: 1) do ponto de vista da pesquisa, o governo além de financiar, por meio das agências 
específicas várias pesquisas na área, mantém alguns dos principais institutos de pesquisa como por 
exemplo, entre outros o Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da 
Universidade de São Paulo, o IPT, ou o Núcleo Orientado à Inovação da Edificação – NORIE da 
UFRGS; 2) em relação a preparação da mão-de-obra qualificada também há uma atuação significativa 
por meio das Universidades Públicas Federais e Estaduais, não só na graduação como também por 
meio da pós-graduação; 3) a importância das normas e regulamentações no processo de inovação 
tecnológica das edificações já foi vista. Cabe aqui destacar a importância da ação governamental no 
estabelecimento de várias dessas normas como o novo código do consumidor, ou as várias legislações 
municipais sobre as características das habitações; 4) finalmente com relação a utilização do poder de 
compra do governo, cabe destacar a importância de programas como o QUALIHAB5 da Cia. De 
Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo - CDHU-SP. 
Além dessas atuações ainda pode haver um tipo de ação mais direta do governo conjugando uma 
política de financiamento com uma de desenvolvimento tecnológico como aconteceu na Europa do 
pós-guerra mais genérica, ou incentivando algum tipo de opção tecnológica mais específica como por 
exemplo o uso de estruturas de aço, ou de materiais com menor impacto sobre o meio-ambiente. 
3. HIPÓTESES X PESQUISA DE CAMPO 
São discutidos a seguir resultados da pesquisa de campo contrapostos às hipóteses apresentadas 
anteriormente. 
1) Mudanças no produto edificação: 
Esse primeiro fator diz respeito às necessidades criadas a partir de modificações no próprio produto 
edificação. 
Durante o período estudado, ocorreram modificações no produto. Os anos 80 foram os anos em que a 
chamada arquitetura “pós-moderna” começou a se expandir no país. Entretanto, não se identificou 
 
4
 A questão das relações entre normalização e inovação é complexa, e não se pretende esgotar o seu debate aqui. 
A tendência atual parece ser não só buscar normas baseadas no desempenho, como elaborar normas específicas 
para as novas tecnologias. Ver CIB. Working with performance approach in building. Roterdam: CIB., 1982.. e 
CIB. Importance of technical approval in civil contruction. Roterdam: CIB,1994 
5
 Bem resumidamente, esse é um programa onde a CDHU-SP só compra de empresas que tenham obtido um 
determinado patamar de desenvolvimento da Qualidade 
qualquer vínculo entre essas mudanças e a introdução das estruturas metálicas. Enquanto a arquitetura 
dos anos 80 e 90 se tornou mais flexível e aberta a mudanças – e esse aspecto pode, de alguma forma, 
ter facilitado a introdução de inovações – os primeiros edifícios se fizeram dentro da tradicional 
arquitetura moderna. 
Lembre-se ainda que, no resto do mundo, o surgimento da estrutura metálica se deu simultaneamente 
com a arquitetura moderna, não havendo qualquer incompatibilidade, entre elas; ao contrário, pode-se 
dizer que a arquitetura moderna até mesmo facilitou a utilização da estrutura metálica. 
Resumindo, não foi possível identificar mudanças no produto edificação que fossem significamente 
responsáveis pela introdução ou aceleração da difusão da estrutura metálica, exceto por um aspecto – 
difícil de quantificar – de maior “abertura” à novidade advindo da arquitetura pós-moderna no período 
de difusão (anos 90). 
2) Necessidade dos clientes / usuários: 
O segundo fator refere-se às necessidades dos clientes ou dos usuários da construção. O empreendedor 
da primeira obra executada manifestou interesse em ter um domínio da tecnologia, pois imaginava 
que, sendo um pioneiro, poderia ter vantagens competitivas. Nesse sentido, a necessidade do 
empreendedor (cliente) de obter vantagem competitiva por meio do domínio tecnológico pioneiro, 
poderia ser citada como um aspecto importante na introdução da tecnologia6. 
Do ponto de vista dos clientes, uma necessidade freqüentemente citada tanto por eles quanto pelas 
empresas de construções metálicas foi o tempo de execução. Esse foi um fator importante para a 
escolha da tecnologia em boa parte das obras. Uma outra necessidade que a estrutura metálica ajudou a 
solucionar foi a de organização e equacionamento do canteiro de obras em pequenas áreas. 
Do ponto de vista dos usuários, ou seja, daqueles que compraram salas ou apartamentos, não se 
identificam, segundo os empreendedores, preferências ou rejeição pela estrutura metálica. 
Concluindo, as necessidades dos clientes foram um fator importante para a introdução das inovações. 
3) Paradigma tecnológico: 
A introdução dessa tecnologia fez-se dentro do paradigma tecnológico vigente. Aliás é uma inovação 
que já havia sido criada em outros países e que apenas não estava sendo ainda utilizada no Brasil. 
Portanto o paradigma tecnológico vigente permitiu, sem problemas, a introdução desse tipo de 
inovação. 
4) Situação econômica: 
Embora o primeiro prédio em estrutura metálica tenha sido iniciando em 1975, o desenvolvimento da 
efetiva utilização dessa nova tecnologia pela firma pioneira só se deu durante a década de 80. Já a sua 
maior disseminação ocorreu na década de 90. 
Como as modificações que começaram a ocorrer no setor – primeiro, por causa da crise nos anos 80 e, 
depois, pela estabilização da moeda – se fizeram na direção de uma maior racionalização, menor 
desperdício e maior planejamento das obras, elas influenciaram positivamente na introdução da 
estrutura metálica. 
5) Novas formas organizacionais: 
Dizer que novas formas organizacionais foram implantadas somente por causa dessa tecnologia seria 
exagero. Entretanto não há como negar que essa tecnologia exige um cumprimento o mais fiel possível 
dos cronogramas estabelecidos, sob pena de se perder um de seus grandes diferenciais: a rapidez de 
execução. Ao mesmo tempo é uma tecnologia que, sendo mais industrializada em relação ao concreto 
armado (moldado in loco), se adapta muito bem a um planejamento e controle de qualidade mais 
rigorosos na obra. Dessa forma, a nova cultura que estava se implantando na construção civil nos anos 
80 e 90 – maiores planejamento e organização em busca de menores custos e melhor qualidade – foi, 
de certa forma, favorável à introdução da estrutura metálica. 
 
6
 
Essa “necessidade” talvez se enquadre melhor como “vantagem competitiva”, na medida em que este é um fator citado à 
parte. De fato, essa questão será retomada quando da análise da vantagem competitiva. Na verdade esse fator foi aqui 
mencionado apenas por se tratar de uma necessidade do empreendedor e não, da construtora de estrutura metálica em si. 
 
6) Novos materiais, componentes e insumos: 
Uma forma de se analisar a questão é tomando a nova tecnologia de estruturas como um novo insumo 
para a tecnologia mais geral da construção. Nesse sentido, todo o processo de inovação dar-se-ia a 
partir da introdução de um novo insumo, qual seja a estrutura metálica. 
Esse novo insumo exige modificações em vários aspectos da tecnologia usual e, portanto, um preparo 
para sua introdução. A necessidade de modificações foi um fator que atuou negativamente para a 
introdução desse novo insumo. 
Uma outra questão é a contribuição de novos insumos para o próprio desenvolvimentoda estrutura 
metálica. Nesse aspecto, uma modificação importante foi a introdução da solda e do parafuso de alta 
resistência nas conexões metálicas. Foram inovações decisivas no processo estudado (REZENDE, 
2003) 
7) Mão-de-obra: 
A inexistência de mão-de-obra - tanto operacional como gerencial - capacitada foi um problema para a 
implantação dessa nova tecnologia. 
Novos engenheiros contratados pela construtora pioneira tiveram sua formação efetuada dentro da 
própria empresa, tanto como estagiários, quanto já como engenheiros. É importante lembrar que, 
segundo depoimento dos pioneiros, até os anos 80, os cursos de engenharia não ofereciam uma 
formação suficiente para a construção em estrutura metálica. Portanto, era na própria empresa que 
esse aprendizado tinha de se efetivar. Com o crescimento da empresa, foi possível também viabilizar 
viagens de alguns de seus funcionários ao exterior para aperfeiçoamento. 
Já a formação da mão-de-obra operacional se deu de duas formas. Muitos empregados vieram de 
empresas em que se exigia o trabalho de soldador, como, por exemplo, empresas de vagões7. Nesse 
caso, todo o esforço se fazia apenas no sentido de se trabalharem as especificidades da estrutura 
metálica em relação aos demais tipos de produtos. Já outros empregados se formaram nas próprias 
empresas, onde se promoveram cursos ministrados por fabricantes de eletrodos e equipamentos de 
solda. Foi se formando assim uma mão-de-obra capaz de produzir estruturas metálicas para 
edificações, feitas não a partir de perfis mas sim, de chapas. 
8) Novas ferramentas, equipamentos e máquinas 
A questão da utilização de novos equipamentos é um ponto polêmico em relação a essa tecnologia. Os 
defensores da necessidade de um completo novo sistema tecnológico junto com a estrutura metálica 
advogam também a necessidade de novos equipamentos. 
Já os que defendem a possibilidade de implantação da nova tecnologia em conjunto com a tecnologia 
convencional argumentam que a utilização de novos equipamentos só iria onerar custos, não sendo 
portanto necessária. 
A necessidade de novos equipamentos não foi um fator que impediu a empresa pioneira de atuar. 
Ainda com relação à utilização de novos equipamentos, um aspecto digno de nota é a necessidade de 
importação de vários deles - feita pela maior parte das firmas - para dar início à fabricação e 
montagem da estrutura metálica (nesse caso utilizados para todos os tipos de construções como 
galpões, postos, fábricas etc.) 
9) Perspectivas de lucro: 
A questão da lucratividade pela utilização da estrutura metálica ainda não está totalmente equacionada. 
Enquanto os fabricantes de estrutura metálica garantem que elas são a opção mais barata, as 
construtoras habituadas ao concreto armado afirmam o contrário. A situação também varia muito 
conforme o tipo de construção, de terreno e de solução arquitetônica, tornando a tarefa ainda mais 
complexa. O fato é que a lucratividade da estrutura metálica não pode ser medida só pelos custos da 
obra pois, para empresas que dependem da velocidade da obra para iniciar sua atuação, o tempo passa 
 
7
 As dificuldades enfrentadas por um grande fabricante de vagões contribuíram significativamente, em 
determinado período, para a composição da mão-de-obra da empresa pioneira. Além de vários outros 
profissionais, um dos mestres de fábrica (profissional chave no gerenciamento da produção dos perfis soldados) 
que trabalhou na empresa havia integrado o quadro de funcionários daquele fabricante. 
a ser um fator fundamental. Para esse tipo de situação, as perspectivas de lucro são fundamentais na 
opção pela estrutura metálica. Além disso, a simples diminuição do tempo da obra pode significar uma 
diminuição no tempo de retorno de investimento, pagamento de juros menores no caso de 
financiamentos ou até mesmo maiores ganhos em caso de inflação mais acelerada. Em todos esses 
casos a perspectiva de maior obtenção de lucros foi um fator importante para introdução da tecnologia. 
10) Concorrência / Vantagem competitiva: 
Embora a busca de vantagem competitiva tenha sido, um fator determinante no caso da execução da 
primeira obra, esse aspecto parece não ter se repetido com a mesma intensidade nas demais obras. 
Por outro lado, retomando a questão da vantagem competitiva, não enquanto vantagem competitiva 
em si mas como uma certa “pressão” para se igualar aos concorrentes (como já explicou 
anteriormente) tem-se que a maior parte das construtoras continua adotando o concreto armado como 
estrutura, e portanto não existe – nesse sentido - uma pressão no mercado. 
11) Problemas ou melhorias nas tecnologias existentes: 
Enquanto os perfis metálicos usinados foram utilizados desde o final do século XIX nos EUA e, logo 
depois, na Europa, o mesmo não aconteceu no Brasil. Aqui os perfis são formados com chapas 
soldadas. 
É verdade que as primeiras construções feitas na década de 50, ainda em arrebite, utilizaram perfis, 
quer da CSN, quer importados diretamente dos EUA (no caso de Brasília). Entretanto, nos anos 70 a 
CSN diminuiu a sua produção de perfis (que apresentavam abas inclinadas e não, retas, o que 
dificultava a execução das construções), chegando mesmo a interromper a fabricação de vários deles. 
A solução foi fabricar os perfis a partir das chapas fornecidas pelas siderúrgicas. Isso exigiu da 
empresa pioneira um conhecimento tecnológico ainda mais sofisticado, que foi gerado a partir do 
estudo de livros e manuais importados e da experiência com a construção de galpões em estrutura 
metálica e construções convencionais. 
A utilização da solda e a fabricação de perfis exigiam a importação de equipamentos e o preparo de 
uma mão-de-obra – tanto operacional como gerencial – muito específica, como já se viu. 
Nesse caso as empresas de construção metálica tiveram um papel ativo buscando solucionar 
problemas, e inclusive adaptar tecnologias mais convencionais à estrutura metálica. Esse foi portanto 
um fator de desenvolvimento tecnológico importante. 
12) Mediadores da inovação: 
Nesse caso específico - sobretudo na implantação da inovação - não se identificou a atuação 
importante de “mediadores” no processo de inovação. A maior parte das pesquisas e estudos foi feita 
pelos próprios construtores ou pelas siderúrgicas. Para o segundo momento de difusão (a partir de 
meados do anos 80) as universidades tiveram uma atuação mais significativa desenvolvendo algumas 
pesquisas e formando profissionais capacitados para atuação junto à estrutura metá.lica. 
13) Trajetória tecnológica: 
Como já foi comentado, o desenvolvimento da tecnologia de construções metálicas faz-se por meio da 
prática da construção de galpões, postos, fábricas e obras afins. Essas construções foram fundamentais 
no sentido de desenvolver e estabelecer uma competência tecnológica nessa área. A estrutura metálica 
apresentou um desenvolvimento particular na construção civil porque, embora exigisse das 
construtoras um novo domínio tecnológico para executar as demais partes da obra, sua construção 
sempre ficava a cargo de firmas especializadas. Ao contrário do que acontecia, por exemplo, com o 
concreto armado, a estrutura metálica não era executada diretamente pela construtora. Eram os 
construtores de galpões, fábricas e obras afins que edificavam as estruturas metálicas. Se esse aspecto 
não assegurava aos construtores tradicionais a inexistência de problemas de compatibilidade, ao menos 
assegurava-lhes uma certa tranqüilidade do ponto de vista da execução da estrutura em si. 
É evidente que a trajetória tecnológica de todas as construtoras, com ampla experiência em concreto 
armado e nenhuma em estruturas metálicas, pesou desfavoravelmente em relação à estrutura metálica. 
Não é à toa que a empresa pioneira no Estado, mesmo sendo tipicamente uma empresa construtora de 
galpões,atuava em boa parte das obras como a única construtora que vendia a execução não só da 
estrutura mas de todo o prédio. Entretanto, essa não é uma característica que viria se firmar como 
padrão nos anos seguintes. 
14) Normas / legislação: 
A revisão ampla das normas para cálculo e construção em estrutura metálica, que eram ainda da 
década de 50, (NBR-850) foi um importante passo para o desenvolvimento do setor. Sua efetivação só 
se deu depois que a SIDERBRÁS centralizou a ação de dois profissionais que ficaram responsáveis 
por sua elaboração, levada a termo em 1986. Como se sabe, a norma técnica é um importante 
balizador para o uso dos produtos. A publicação da nova norma foi portanto um importante – e 
fundamental – fator para a difusão do uso de estruturas metálicas nas edificações. 
15) Associações de classe: 
A Associação Brasileira de Construtores em Estrutura Metálica - ABCEM, fundada em 1974, teve e 
tem importante atuação para o desenvolvimento da estrutura metálica em todo o país. Composta pelos 
principais fabricantes de estruturas metálicas e pelas siderúrgicas, ela é segundo definição da própria 
Associação, “a entidade de classe que congrega e representa o setor de construção metálica no Brasil. 
Reúne ainda associações regionais e escritórios de projetos de engenharia e arquitetura de todo o 
país”. Atua na divulgação da estrutura metálica não só de forma ampla, por meio de participação em 
eventos, feiras e publicações, como também através de contatos diretos com empresários e com o 
governo. 
Em 1988 foi fundada a Associação Mineira de Construtores em Estrutura Metálica - AMICEM , que 
agrupa os principais construtores de estrutura metálica de Minas e tem atuação regional semelhante à 
da ABCEM. 
Resumindo, tanto a ABCEM como a AMICEM tiveram importante papel na divulgação do produto e 
no “lobby”, junto ao governo e às instituições, para a sua difusão. 
16) Custos para implantação da inovação: 
A maior parte das empresas de construções metálicas que vieram a se dedicar à construção de 
edificações já faziam outros tipos de construções (galpões, postos, fábricas etc.), sendo a construção 
edificações um mercado a mais para essas empresas. Portanto, grande parte dos custos para a 
implantação da inovação já havia sido absorvida pelos outros tipos de construções, não sendo este um 
fator que atuou de forma desfavorável à difusão do produto. 
17) Ação governamental: 
Em certo sentido o desenvolvimento da utilização da estrutura metálica teve um desenvolvimento 
muito específico na medida em que no início do processo todas as grandes siderúrgicas eram estatais. 
De certa forma partiu do governo portanto o apoio para a difusão da estrutura metálica ao estruturar, o 
primeiro grupo para o estudo da viabilidade do uso do aço nas construções, e depois de forma mais 
definitiva associado a Siderbrás. 
Como foi visto no ítem relativo às normas, a atuação do governo foi nesse caso fundamental. Também 
foi significativa a sua atuação no preparo de mão-de-obra qualificada (universidades) e financiamento 
de algumas pesquisas (universidades-capes-cnpq). 
18) Um acréscimo – a motivação 
Além desses fatores que já haviam sido relacionados anteriormente como importantes em qualquer 
tipo de inovação tecnológica, há ainda um outro que não pode deixar de ser mencionado: a motivação 
interna presente na empresa pioneira. 
Não havia qualquer fator “externo” à essa construtora que a “convidasse” à inovação (só a partir dos 
anos 80 as siderúrgicas começariam a se interessar por esse mercado). Ao contrário, seu proprietário 
trabalhava incansavelmente na busca da realização de prédios em estrutura metálica, desde os anos 60, 
sem obter resultados. Portanto, entre os aspectos importantes nesse processo, foram fundamentais o 
interesse, a motivação e a persistência do proprietário da empresa, atitudes que acabaram contagiando 
os funcionários que lhe eram mais próximos. É evidente que só a motivação não bastaria para dar 
início ao processo de inovação, que só aconteceu quando houve condições objetivas no mercado para 
tal. Mas naquele momento havia uma empresa preparada e em busca dessa oportunidade. 
Portanto, esse aspecto foi importante no sentido de produzir o conhecimento e de preparar uma 
empresa para quando houvesse condições objetivas no mercado de efetivar a inovação. Esse fator teve 
uma grande importância no processo de mudança da tecnologia e, por isso, não poderia deixar de ser 
contemplado. 
4. CONCLUSÕES 
O uso da teoria Neo-Schmumpeteriana para a compreensão da inovação na tecnologia construtiva das 
edificações brasileiras revelou-se bastante útil. A partir dessa teoria foi possível dar à tecnologia um 
novo papel: um papel em que ela atua de forma ativa – e decisiva – no seu próprio desenvolvimento. 
As demais condições sociais não deixam de ter significado, mas a tecnologia passa a ser também um 
componente importante nesse processo. É no seu próprio desenvolvimento que se encontrará boa parte 
da explicação para que ela seja como é. 
Apenas com a adoção dessa perspectiva se torna possível compreender plenamente as razões do 
fracasso de algumas das tentativas de inovações mais radicais na tecnologia construtiva das 
edificações brasileiras. Essas razões estão ligadas ao limite do próprio desenvolvimento tecnológico, 
no sentido de que as tecnologias propostas não eram capazes de reduzir custos ou acrescentar 
qualidades em uma ordem de grandeza suficiente para alavancar o processo de inovação. 
Foram estudados e caracterizados, de forma mais específica, que fatores do mercado e do 
desenvolvimento tecnológico atuam nesse processo. A partir desse estudo foram encontrados 18 
fatores como determinantes principais: 
1. modificações no produto; 
2. necessidades dos clientes (usuários, empreendedores, construtores etc.) em relação à tecnologia 
construtiva; 
3. mudanças no paradigma tecnológico; 
4. situação econômica (tanto nacional como regional e local) e mudanças na política econômica; 
5. novas formas organizacionais; 
6. novos materiais, componentes ou insumos; 
7. mudanças na mão-de-obra; 
8. novas ferramentas, equipamentos e máquinas; 
9. perspectivas e obtenção de lucros; 
10. concorrência entre as empresas e busca de vantagem competitiva; 
11. problemas ou melhorias nas tecnologias existentes. 
12. atuação dos “mediadores da inovação”; 
13. trajetória tecnológica; 
14. normas / legislação; 
15.atuação das associações de classe; 
16. custo para implantação da inovação; 
17. ação do governo; 
18. motivação. 
Por meio da análise do estudo de caso, constatou-se a aplicabilidade desses fatores como base para o 
estudo do processo de inovação. Evidentemente alguns fatores foram mais importantes que outros, 
mas mesmo aqueles que não se mostraram muito importantes no estudo de caso não revelaram uma 
inconsistência com o processo de inovação que justificasse a sua exclusão. Esse é o caso por exemplo 
dos fatores “modificações no produto” e “mediadores da inovação”. A relação entre as modificações 
no produto e a tecnologia é tão óbvia e foi identificada tantas vezes em outros estudos sobre a 
inovação que seria um contra-senso excluí-la. Já os “mediadores da inovação” são uma categoria 
relativamente nova no estudo da inovação, e ainda não há qualquer estudo no país identificando 
especificamente a sua atuação (pelo menos, não com esse nome). Entretanto, embora sejam uma 
categoria nova, o fato é que os “mediadores da inovação” já vêm atuando no mercado e no processo de 
inovação, mesmo antes que houvesse uma teoria nomeando-os. Esse é o caso, por exemplo, do 
Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo – IPT, que durante boa parte do século XX foi um 
típico mediador de inovações para as construções e é tido por VARGAS (1994) como fundamental 
para o desenvolvimento inicial da tecnologia da construção no país. Quando se constataque a atuação 
dos “mediadores da inovação” é reconhecida por estudiosos, mesmo que não se dê a eles o nome de 
“mediadores da inovação”, e que estudos internacionais têm se dedicado a mostrar sua atuação, fica 
fácil inferir que essa categoria deve continuar sendo proposta, pelo menos até que haja mais estudos 
sobre o tema. 
Por outro lado, na análise do estudo de caso, a questão da motivação presente na empresa pioneira foi 
um fator importante no processo de inovação. Irradiada a partir do interesse de seu proprietário, essa 
motivação foi fundamental no sentido de manter preparada toda uma equipe para deflagrar o processo 
de inovação quando se criaram as demais condições para sua ocorrência. Além disso, sua importância 
foi igualmente significativa na conquista das primeiras obras. Diante disso, e de sua referência na 
bibliografia sobre inovação em geral, a motivação foi incorporada também como um fator primordial 
no processo de inovação. 
Como foi discutido ao se tratar do método da pesquisa, essas afirmações não podem ser de imediato 
generalizadas para todo o setor. Mas espera-se com esse trabalho haver se iniciado um caminho seguro 
em direção a esse objetivo. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ABIKO, A.K.; SILVA, M.A.C.; SOUZA, R. O desenvolvimento tecnológico da produção de 
edificações no Brasil – evolução e ações da iniciativa privada. In: ENCUENTRO DE LAS 
INGENIERIAS CIVILES IBEROAMERICANAS, 1, Madrid, 1992. Anais. Madrid: Colegio de 
Ingenieros de Caminos, Canales y Puertos, 1992. Area 2, p.467-491. 
AMORIM, S. R. L. Tecnologia, organização e produtividade na construção. 1995. 210p. Tese 
(Doutorado) - Coordenação de Pós-graduação em Engenharia, Universidade Federal do Rio de 
Janeiro. Rio de Janeiro, 1995. 
BALL, M. Rebuilding construction: economic change in the British construction industry. 
London: Routledege, 1988. 241p. 
BARROS, M.M.B. Metodologia para implantação de tecnologias construtivas racionalizadas na 
produção de edifícios. 1996. 422p. Tese (Doutorado) - Departamento de Engenharia de Construção 
Civil - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. São Paulo, 1996. . 
BARROS NETO, J. P. Proposta de um modelo de formulação de estratégicas de produção para 
pequenas empresas de construção habitacional. 1999, 336p. Tese (Doutorado). Programa de Pós-
Graduação em Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 1999 
BENÉVOLO, L. A história da arquitetura moderna. Trad. A. M. Goldeberger Coelho. São Paulo: 
Perspectiva, 1976. 
BUNGE, M. La ciencia. Su metodo y su filosofia. Buenos Aires: Ed. Siglo Vinte, 1973. 
DOSI, G. The nature of innovative process. In: DOSI, G. et al. Technical change and economic 
theory. London: Pinter Publishers, 1988. p.221-238. 
FARAH, M.F.S. Processo de trabalho na construção habitacional, São Paulo: Annablume, 1996. 
p.1-308. 
FORMOSO et al. Notas do Mini-curso de Metodologia da Pesquisa. In: VII Encontro Nacional do 
Meio Ambiente Construído. Salvador, 2000 
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO (FJP). Diagnóstico nacional da indústria da construção. Belo 
Horizonte, 1984, 12v. 
FREEMAN, C. ; SOETE, L. The economics of industrial innovation. Cambridge: MIT, 1997. 
FREEMAN, C. ; PEREZ, C. Structural crises of adjustment: business cycles and investment behavior. 
In: DOSI, G. et al. Technical change and economic theory. London: Pinter Publishers, 1988. ch.3, 
p.38-65. 
GREGERSEN, B. The public sector as a pacer in national systems of innovation. In: LUNDVALL, R. 
et al. National systems of innovation. London: Pinter Publishers, 1995, p.129-145. 
GIEDION, S. Espacio, tiempo e arquitetura: el futuro de uma nueva tradición. Barcelona: Dossat, 
1982. 
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS. Diagnóstico tecnológico da indústria da 
construção civil. Fase 2. Relatório Final. São Paulo, 1988. 
KANDIR, A. A instabilidade do mercado habitacional. 1983. 189p. Dissertação (Mestrado) - 
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1983. 
LEMOS, C.A.C. Alvenaria burguesa: breve história da arquitetura residencial de tijolos em São 
Paulo a partir do ciclo econômico liderado pelo café. 2 ed. São Paulo: Nobel, 1989. 
MCKINSEY INSTITUTE. Produtividade no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1999. 
MANSFIELD, E. Rates of return form industrial research and development. American Economic 
Review. v.55, n.2, 1965. 
NELSON, R.R. ; WINTER, S.G. An evolutionary theory of economic change. Cambridge: Harvard 
University Press, 1982. 
PAVITT, K. What makes basic researches economically useful. Research Policy, v.20, n.2, p.109-
119, 1991. 
PICCHI, F. A. Sistemas de qualidade: uso em empresas de construção de edifícios. 1993. Tese 
(Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. São Paulo, 1993. 
REZENDE, M. A. P. ABIKO, A. K. Inovação tecnológica na construção de edificações: novas 
respostas para antigas questões. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GESTÃO DA QUALIDADE E 
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO. Fortaleza, 2001. 
REZENDE, M. A. P. Inovação tecnológica nas construções e a introdução da estrutura metálica 
em Minas Gerais. 2003, 285p. Tese (Doutorado). Programa de Engenharia de Construção Civil e 
Urbana da Escola Politécnica da USP. São Paulo, 2003. 
ROESCH, S.M.A. Projetos de estágio e de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 1999. 
ROSSETO, C. R. Adaptação estratégica oraganizacional: um estudo multi-caso na indústria da 
construção civil – setor edificações. 1998, 254p. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em 
Engenharia de Produção. Universidade Federal de Santa Catariana. Florianópolis, 1998. 
SLAUGHTER, E S. Builders as sources of construction innovation. Journal of Construction 
Engineering and Management. v.124, n. 3, p.226-231, 1998. 
TATUM, F. Process of innovation in construction firm. Journal of Construction Engineering and 
Management, v.113, n.4, p.658-657, 1987. 
UTTERBACK, J. M. Dominando a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora, 
1996. 
VARGAS, M. Para uma filosofia da tecnologia. São Paulo: Alfa Omega, 1994. 
WERNA, E. The concomitant evolution and stagnation of the Brazilian building industry. 
Construction Management and Economics. London, v.11, n.3, p.194-202, May 1993 . 
WINCH, G. Zephyrs of creative destruction: understanding the management of innovation in 
construction. Building Research & Information, v.26, n.5, 1998. 
YIN, R. K. Case study research, design and methods. Beverly Hills: Sage Publications, 1984.

Outros materiais