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Anotações de Aula Filosofia da Educação

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Filosofia da Educação
Aula 001
Paideia – como os gregos chamavam a educação – significa o “cultivo da humanidade”
Filosofia da educação pensa o ser humano quanto a suas possibilidades pedagógicas, a possibilidade de se explorar o que há de melhor nos seres humanos. Essa é a ideia da educação. 
Origens da Filosofia
No primeiro momento, nos interessa o inicio da filosofia e sua caracterização. Ideias filosóficas possuem ligação com o meio social onde foram fundadas. Portanto, é primeiro essencial entender a filosofia para em seguida entender sua ligação com a educação. 
Antiguidade Oriental: trata-se do antigo oriente (Egito, Mesopotâmia, Persas). São primeiras sociedades mais complexas – primeiras civilizações. Elas se caracterizam por pensamento mítico, narrativa mítica – uma explicação da realidade com base na crença em Deuses e forças da natureza. Há também convicção de que Deuses teriam ordenado o mundo. Tudo era explicado através do sobrenatural – fenômenos naturais e humanos. 
Grécia Antiga: antiguidade clássica. Foi onde surgiu filosofia da maneira que se vê hoje. Ocorreram mudanças sociais e políticas que fizeram que discursos míticos se transformassem em racionais. Política passa a fazer parte do debate racional. Alguns pensadores passam também a tentar explicar a existência humana de maneira racional. Isso não quer dizer que se tira totalmente a credibilidade do mítico, mas aqui se passa a valorizar mais a inteligência humana. 
Surgimento da filosofia: se da a partir do momento que homem tenta explicar racionalmente sua existência. Desenvolvimento de explicações racionais acerca da Physis (natureza). Physis também pode ser entendida como totalidade daquilo que tem vida, de tudo. Perguntavam-se coisas como “qual era a origem de tudo?”, “como se deu a criação?”. Surge associada a argumentação, contra argumentação, discussão. Acontece num contexto histórico bem definido – Grécia Antiga. 
Caracterização inicial da filosofia 
Atenas, meados do século V A.C. – Atenas se destaca culturalmente e politicamente e passa a ser centro das reflexões filosóficas. Acontece o esgotamento (muitas teses, que às vezes se contradiziam até) teórico das filosofias da natureza e consolidação da democracia ateniense. A democracia ateniense estabeleceu o domínio da palavra na política – debate e opinião. Há também uma mudança no horizonte da filosofia. Inicialmente, ela se preocupava com a physis. Aqui, tem-se a preocupação com a formação e caráter do ser humano. 
Cultura democrática: regras como produto do debate entre cidadãos e aretê (excelência humana, virtude) acessível mediante a paideia. O esgotamento teórico das filosofias da natureza propicia também o pensamento do homem pensado politicamente, isso é, com capacidade de atingir sua excelência. Os temas que dizem respeitos aos seres humanos passam a ser projetados no plano principal das reflexões filosóficas. Physis não foi deixada de lado, mas ser humano passou a ser mais importante. 
Sofistas – grupo de pensadores atenienses que atuavam como professores e ensinavam a arte da oratória. Eram mal vistos por Platão e Sócrates, mas tiveram grande importância. Acreditavam que a aretê era importante. Valorizam a retorica e a atuação politica do cidadão. São caracterizados pelo relativismo cultural e epistemológicos – rejeitam ideias de que existam princípios morais e leis universalmente válidas, isso é, variam de sociedade para sociedade. 
Filosofia socrática – figura central na historia da filosofia. É proposta dialógica (método do diálogo) de investigação sobre o ser da sociedade. Discordava dos Sofistas, já que acreditava que esses tinham pouca preocupação com a verdade. Ele preocupava com ideias da própria natureza humana. Através do diálogo se estabelece um dialogo onde diferentes pessoas criam uma discussão e várias pessoas davam opinião sobre mesmo assunto. Sócrates então fazia questões para que pessoas chegassem a conclusões e que pudessem levar a uma ideia universal sobre o assunto. 
Aretê socrática – identificação de fundamentos éticos e universalmente válidos. 
Michel Foucault – examina cultura filosófica antiga com objetivo de atingir problematização ética e politica dos tempos atuais. Ele faz leitura muito rica dos filósofos gregos – cuidado de si e conhecimento de si – busca da verdade através de técnicas. Conhecer a si mesmo é uma maneira de cuidar de si mesmo. 
Atividade 001
Filosofia socrática x Filosofia sofista sob prisma pedagógico
Sofistas instruíam cidadãos na arte de expor ideias e argumentação. Tinham papel importante em Atenas porque formava cidadãos. Não acreditavam em verdades universais. 
Sócrates propõe conhecimento da finalidade da vida humana. Propõe conhecimento da humanidade para que ser humano possua excelência. Enfatiza longo caminho mediante teses e diálogos para se chegar a verdades universais. 
Aula 002
Filósofos Pré-socráticos – ideia era explica a natureza
A partir de Sócrates e Sofistas – conversão temática – projeta em primeiro plano das reflexões temas com relação ao ser humano
Ideias Socráticas, platônica e de outros filósofos são estudados por Foucault. Em sua ultima fase de sua trajetória, dedica-se ao estudo da filosofia grega porque as colocações feitas antigamente servem como fonte importante para pensarmos nos problemas presentes. Foucault identifica dois pontos fundamentais: cuidado de si e conhecimento de si, presente dos diálogos de Platão. 
Cuidado de si – pensar em modificações possíveis no próprio ser humano. 
Conhecimento de si – subordinado ao cuidado de si. Conhecer a si mesmo significa conhecer a própria natureza humana e dela extrair a aretê. 
OBS. Sócrates nada nos deixou de escrito. O que se sabe sobre ele é vindo de Platão. Ele escreve suas obras em formas de dialogo para manter a proposta dialógica de Sócrates. Platão foi discípulo de Sócrates e ficou chocado quando Sócrates foi condenado pelo tribunal ateniense por não crer em seus Deuses e por “desviar” a juventude ateniense. Sócrates incomodava. Platão então segue sua proposta escrevendo cerca de 25 diálogos (livros). 
Essas perspectivas de conhecer para se modificar é algo que instaura possibilidade pedagógica. Serve de base para filosofia da educação. 
Cuidado de si na filosofia platônica 
Vínculos entre educação, ética e política: critica a insuficiência da educação praticada em Atenas e identificação da necessidade de ocupar-se consigo, com a alma para o bom governo da cidade. Para Platão, humano deve conhecer profundamente a realidade para pedagogicamente melhorar suas virtudes e exercer poder na sociedade. Ética, política e cuidado de si não se separam na filosofia platônica. 
Dualismo Ontológico na filosofia platônica: ontologia vem de ‘estudo do ser’. Para Platão, há dois níveis de realidade - o plano das ideias (superior) e plano sensível (inferior). Mundo das ideias é mundo dos conceitos, serem em si, que são imutáveis e puros. No Mundo sensível estamos submetidos ao devir (ideias mutáveis, mudanças), coisas são reproduções do mundo das ideias. O termo ideia na época de Platão é diferente do sentido moderno. A ideia é algo que existe por si mesmo. Platão ilustra o dualismo ontológico com a Alegoria da Caverna. Com alegoria, quer dizer que muitas vezes ficamos no plano das ideias e deixamos de adquirir conhecimento que se deve obter pela via da razão. Para Platão, todos os seres humanos são constituídos por três faculdades na alma: apetitiva (desejos), colérica (defesa e agressividade) e racional. “Senhor de si é aquele que governa a si mesmo com a razão.”
Cuidado de si é a supremacia da faculdade racional no ser humano. Governo de si é governo da razão. 
O que é o governo na cidade? Equivale ao governo dos que tem conhecimento racional da realidade. É o governo dos que adquiriram conhecimento das ideias em si. Aqueles que permanecem no nível da cólera devem ser os guardas da cidade e quem está nos planos do apetite devem ser os trabalhadores. É uma ideia marcadapelos preconceitos na época. 
Cuidado de si na filosofia da era helenística 
Fim das cidades-estados autônomas: verticalização da vida sociopolítica e desaparecimento do homem-cidadão. Vida dos debates acabava e gregos passaram a ser governados pelo império macedônico. Reflexão filosófica é então transferida do cidadão para o individuo. 
Escolas filosóficas da época helenística eram: cinismo, ceticismo, epicurismo, estoicismo. Pensavam na perspectiva do individuo, interioridade, da ataraxia (imperturbabilidade da alma). Cuidado de si aparece como serenidade, como imperturbabilidade diante dos acontecimentos exteriores. 
Atividade 002
Vínculos da educação e politica na filosofia platônica 
Aula 003
Filosofia – inicio no séc. VI A.C. como estudo da natureza. Em meados do século V A.C. estudos passam a ser relacionados a vida e relações e nesse contexto surge a filosofia da educação. Para Platão a busca filosófica devia se centrar na busca pelo desenvolvimento pleno dos seres humanos – domínio da razão. 
Nas escolas da época a helenística a noção de conhecimento de si não é mais vinculada ao homem cidadão porque a politica havia sumido para dar lugar ao império. Filósofos defendiam que indivíduos deviam buscar apraxia.
A cultura medieval cristã
Cristianismo surge na fronteira do império romano e se expande ao ponto de com o tempo o império romano se desfazer e cristianismo continuar. Era uma instituição plena de poder. O saber filosófico se desenvolveu antes do cristianismo e aqui surge um conhecimento inspirado nos textos sagrados. Surge aqui a dificuldade de integrar a fé cristã com a razão. Em que medida é possível falar numa filosofia cristã? 
Filosofia buscava a razão e cristianismo baseava-se na verdade revelada na palavra de Deus. Houve conciliação? 
Historicamente, estava-se ingressando na idade média europeia, que vai do século V D.C. até XV D.C. O cristianismo é o elemento preponderante na vida do ser humano. Tudo era feito condicionado à visão cristã de mundo. Ele fundamentada a totalidade das relações, comportamento e explicações sobre as coisas. E onde ficavam os conhecimentos filosóficos?
Cristianismo e Filosofia
Filosofia = razão
Cristianismo = fé (revelação), Deus criador.
Relações entre razão e fé são as relações entre o saber revelado e o saber racional. Houve redefinição conceitual de temas consagrados na filosofia antiga (natureza, moral, etc.) e apresentação de novos problemas a especulação racional. Entre os próprios estudiosos da filosofia há muitas contradições quanto a essa questão. Porém, muitos entendem que a filosofia medieval não se caracterizou como filosofia porque se tratava mais de teologia. Fato é que hoje se desenvolveu sim uma filosofia medieval que se pôs em dialogo com a antiga filosofia e colocou novos temas para discussão. Porém, essas discussões eram condicionadas a dogmas (verdade que não se questiona) cristãos. Contudo, dentro desse cenário, há uma discussão sobre o Deus criador, natureza, moral, etc. 
No início, muitos pensadores cristãos, porem, desconsideravam as especulações filosóficas anteriores como inválidas. Davam como real somente o que estava escrito. O que pensadores medievais não faziam era equacionar conhecimento racional com a verdade revelada. A verdade revelada era suficiente e dispensava conhecimento razão. 
Felizmente, essa recusa não perpetuou e pouco a pouco o cristianismo realizou um dialogo com a filosofia grega. 
 
Justino – pensador medieval importante – “revelação cristã implanta ordem no caos da especulação filosófica” – Caos aqui não é uma bagunça, já que para ele o pensamento filosófico produziu conteúdo interessante no campo da ética, educação, politica. Porém, essas teses muitas vezes se anulavam entre si. Não havia um critério para o que era verdade ou não. Pra Justino, a revelação trouxe esse critério. 
Filosofia cristã se desenvolveu, portanto, no limite da fé e com apropriação da herança filosófica grega por pensadores cristãos. 
Aula 004
Idade média – conflito de ideias – filosofia grega antiga x saber revelado nos textos sagrados
Educação da idade média também é permeada pelo pensamento cristão. 
Santo Agostinho (354-430) – marca inicio da filosofia medieval – filosofia pertencente a patrística, ou seja, primeiros esforços cristãos em conciliar cristianismo com filosofia. “Cidade de Deus” é um exemplo de suas obras. Para ele, há necessidade de complementar razão e fé. Não dispensa a capacidade racional porque ela é uma manifestação divina no homem. Alguns temas relevantes são tratados por Agostinho: origem do mal, memoria, felicidade, vontade, natureza do tempo, etc. Realiza uma investigação sobre as relações dos seres imperfeitos com o Deus supremo. 
Um tema muito tratado por ele com mais importância era a origem do mal. 
Agostinho tinha um problema, um questionamento central. Se Deus é pleno de bondade, por que existe o mal no mundo? Como explicar o mal a partir da crença em Deus? Agostinho tenta explicar com uso da filosofia. O ser humano, sendo a imagem e semelhança de Deus, é dotado, entre outras coisas, de livre arbítrio e assim cria o mal. O mal é uma criação dos seres humanos, e não de Deus. Para Agostinho, o mal é um desvio do ser. Há também as verdades eternas. Verdades Eternas são comunicadas aos homens por Deus através da razão. Era preciso a luz divina para que se possuísse conhecimento. 
Tomás de Aquino (1225) – século XIII D.C. – período da escolástica. Século XIII era um período de muita mudança na Europa. Antes sociedade era profundamente feudal e agrícola. Em seguida há mudanças sociais, politicas e culturais – renascimentos urbano, comercial, surgimento dos mercadores (burgueses). Tudo favorecia uma revalorização da razão. Há emancipação da razão no tocante da fé. Contudo, nada feria os dogmas cristãos. Investigações racionais adquiriam autonomia perante a fé, preservados os pressupostos cristãos. Para Tomás há objetos de teologia revelada e há objetos racionais. Por exemplo, santa trindade é uma verdade revelada. Porém, há verdades que são somente da razão humana. Tomás busca vias racionais para demonstração da existência de Deus, isso é, procura demonstrar que a existência de Deus pode ser provada pelos humanos. Apropria-se do pensamento e teses de Aristóteles. Uma das teses é a do primeiro motor imóvel, desenvolvida por Aristóteles e retomada por Tomas com viés cristão. Teses mais famosas retomadas por Tomás são:
Primeiro motor imóvel – para Tomás, todos seres que se movem e se modificam são transformados por um primeiro motor que não muda jamais – que é Deus.
Causa e Efeito – para tudo que existe é preciso que haja primeiramente uma causa e a causa inicial é Deus. 
Ser necessário – todas as coisas que existem poderiam não existir, mas para que existam é necessário pelo menos um ser – Deus.
Ser perfeito – há vários níveis de perfeição que remetem a perfeição de Deus.
Inteligência ordenadora – universo tão bem ordenado só pode ter sido criado por uma inteligência ordenadora, que é Deus. 
 
No contexto de transformações modifica-se também a educação. Há inicio da fase escolástica. Escolástica é uma palavra que nos remete a filosofia praticada nas escolas. Nesse momento há surgimento das universidades europeias (sob dependência do catolicismo) que permitem expansão dos estudos e acontecimento de debates filosóficos. Há expansão da escolaridade e pedagogia. Mais pessoas (filhos de burgueses) começam a frequentar esses lugares também. 
Aula 005
Sociedades humanas se modificam com o tempo devido a mudanças econômicas, políticas e culturais. Por isso, a filosofia e a busca pelo conhecimento também se modificam. 
O início da Filosofia se deu por curiosidade pelos temas do universo, mais tarde seguidos pelos temas relacionados ao ser humano e questões educacionais, éticas e políticas. É a Filosofia da época de Platão e Sócrates (voltadas à democracia) e mais em seguida das escolas do período helenístico (voltadas ao ser humano, já quedemocracia não mais existia). 
Durante a idade média, houve tentativa de conciliação da Filosofia com a fé cristã e a verdade revelada. 
Na Europa dos séculos XVI, XVII e XVIII há várias mudanças radicais que influenciam muito na filosofia da educação. É o período renascentista. Nesse período surge a cultura moderna com o renascimento cultural e revolução científica. É a época de figuras históricas como Francis Bacon e René Descartes. 
É o período de secularização do pensamento porque aquela cultura antes profundamente crista se transforma em direção secular (que não é religioso). Pessoas deixaram de acreditar que Deus era o centro de tudo. A razão se emancipou na explicação de fenômenos naturais e humanos. Nesse sentido se identifica a revolução cientifica, com Galileu e Newton, por exemplo, onde o conhecimento era buscado através de observações concretas. 
Fala-se também em cultura renascentista para se referir à transformação na mente humana. O renascimento cultural é uma mudança de pensamento e de mundo marcado pelo antropocentrismo, racionalismo, naturalismo (natureza não é mais explicada pelo sobrenatural, mas sim por ela própria), experimentalismo (observação e razão) e individualismo. A ideia de Deus não foi abandonada, mas ser humano passa a ser visto como ser capaz de exercer seu poder no mundo. 
Além disso, o comércio se desenvolveu na época e a classe burguesa ascendeu. Burgueses gastavam muito com obras e investiam no intelecto. A produção artística e intelectual teve grande produção na época. 
É nesse universo que nasce uma figura central na filosofia moderna – René Descartes. Ele recusa os supostos saberes da tradição e acumulados pelo senso comum com o passar dos anos. Prefere a consulta à própria razão para fins de conhecimento seguro. Propunha-se a esclarecer qual é o uso correto da razão para chegar a verdades uteis e que não pudessem ser contestadas. O conhecimento deveria facilitar a vida humana. A filosofia de Descartes é anti-dominática (recusa o que não pode ser submetido a razão). Pratica o ceticismo metodológico que coloca em duvida o dado como verdadeiro. O ceticismo para ele é um método para se chegar à verdade e faz então um exercício filosófico onde coloca em dúvida sua própria existência e a de tudo. Chega então à conclusão de que uma dúvida não se pode ter – a dúvida de que sempre duvidamos – “penso, logo existo” é sua primeira certeza. Nisso há constatação de que homem é uma substância pensante capaz de conhecer a realidade a partir de si mesmo. 
Outra figura de destaque é Francis Bacon. Para ele, conhecimento vem das experiências – do que vemos, ouvimos, tocamos e etc. Para ele, primeiramente há experiência que utiliza métodos próprios e em seguida o conhecimento é elaborado racionalmente. O conhecimento só poderia ser atingido pela experiência cientifica. O projeto baconiano é um saber público e verificável. Propõe saber humano sobre a natureza – “saber é poder” – homens devem conhecer a natureza para utilizá-la a seu favor e tornar a vida do ser humano mais confortável. 
O Iluminismo
Aparece com forte vigor na filosofia também. O Iluminismo não é uma escola filosófica, mas é uma espécie de movimento filosófico marcado por algumas características como a recusa à tradição e a busca de conhecimento pela razão. Pode-se dizer que está de acordo com o inicio da idade moderna. Há convicção de que todas as sociedades humanas progridem para uma mesma forma, organizada de forma racional, com conhecimento acessível e produzido por todos. É a noção de progresso. 
Nesse sentido, como é pensada a educação? É pensada como algo universal, isso é, todos devem ter acesso a educação. O s seres humanos se emancipam através da educação. Isso aparece na literatura de Comenius que possui tese de que a humanização se realiza pela educação para todos. Educação serviria para avanço dos seres humanos e da própria humanidade. 
Noção de emancipação também aparece na obra de Immanuel Kant. Ele possui um texto muito famoso chamado “O que é esclarecimento?” onde define esclarecimento como processo de emancipação racional e ética da humanidade. 
Aula 006
Cultura Moderna marca transformações importantes no modo como seres humanos concebem a vida, a cultura e principalmente o conhecimento. 
A educação passou a ser vista como meio para que o ser humano pudesse obter emancipação total e assim fazer com que mundo também evoluísse. 
Porém, o uso da razão não criou novos mitos também? A primeira crítica a esse projeto é o filosofo Jean-Jacques Rousseau. Ele desenvolveu críticas à sociedade de seu momento. Parte da hipótese de um ser humano indisposto a qualquer agressividade. Para ele, homem não é naturalmente bom ou mal, mas que a partir de sua essência se identifica com o outro com base na alegria ou no sofrimento. Pra Rousseau homens são naturalmente dispostos à convivência pacífica. É o contrário do que pensa Thomas Hobbes, por exemplo, que diz que “o homem é o lobo do homem”. 
Para Rousseau, a vida moderna civilizada com desigualdade, propriedade privada e etc. desperta a competição, vaidade, cobiça e etc. no ser humano. Com isso, Rousseau propõe como solução um contrato social onde haja soberania do coletivo e do que é do interesse de todos sobre o que é individual. 
Em “O Emílio” ou “Da Educação”, Rousseau contribui para a reflexão pedagógica. O Emílio é um personagem e através dele, Rousseau trata a possibilidade de educação desde o nascimento. Trata-se de uma educação voltada para preservação da natureza humana, pacífica e sem disposição para inveja e luta pelo poder. Pela primeira vez, dá-se importância a infância, ou seja, na criança que tem necessidades próprias de sua idade e assim merece um processo educacional diferenciado. Várias teorias pedagógicas se desenvolveram posteriormente com base nessas ideias de Rousseau. Ele não pôde colocar suas ideias em prática porque foi muito condenado por governantes, professores e outras pessoas da época. 
Há teses contemporâneas de que as noções de progresso e de esclarecimento não rompem plenamente com o prisma mitológico, permitindo assim a produção de novos mitos. Um exemplo é a própria ideia de progresso, de que tudo vai melhorar, de que sempre caminhamos ao progresso – muitos acontecimentos vão contra essa ideia de progresso, como por exemplo, as duas grandes guerras. As próprias ideias de Bacon de que saber é poder são destruídas pelo fato de que o homem muitas vezes usou seu conhecimento para o mal, como por exemplo, a criação de bombas. O progresso passa então a ser visto como um mito. 
Aqui cabe também falar de Utopia. A palavra, pela sua origem, significa “lugar que não existe”. Ela é consagrada no pensamento filosófico por Thomas More, que publicou um livro chamado “Utopia”. Em seu livro, Utopia era um lugar imaginário, totalmente organizado e igualitário. Sua obra foi uma crítica ao seu tempo, ao século XVI onde se iniciava o capitalismo. A partir da Utopia de More, a palavra passou a ser utilizada para se referir a realidades que não existem. Utopia pode ser concebida de duas perspectivas. Há autores que dizem que as Utopias são tradicionais – a partir do discurso imaginário, se ratifica o que já existe, já que não propõe caminhos para se chegar à perfeição do imaginário. Outro ponto de vista é compreender a Utopia como crítica social que podem resultar em propostas revolucionárias. 
As Utopias, em qualquer uma das perspectivas apontam para insatisfação. Essa insatisfação revela que a visão Iluminista de progresso não se cumpriu de modo pleno até o momento. 
Em 1923, na Alemanha, surge um grupo de estudiosos (Theodor Adorno, Hebert Marcuse, Max Horkheimer, Walter Benjamin) com conhecimentos profundos sobre política, sociologia, etc. Juntos criam a Escola de Frankfurt, que estudam a sociedade contemporânea. Eles identificam que a civilização contemporânea é caracterizada pela Barbárie, ou seja, o ideal somente não só não se cumpriu, mas foi totalmente o contrário. Para esses estudiosos, abarbárie rege a sociedade. 
Para esses teóricos, principalmente Adorno e Horkheimer em “A Dialética do Esclarecimento”, o desenvolvimento da razão é regido pela pretensão de domínio sobre a natureza, resultando no domínio sobre os próprios seres humanos. Para eles, a razão foi desenvolvida, porém de forma instrumentalizada, ou seja, como instrumento de domínio sem pressupostos éticos e noção de bem comum. É a reificação (coisificação) dos seres humanos e sua redução a objetos.
Para esses teóricos, culto a ciência resultou num novo tipo de mito de que a ciência fornece uma verdade definitiva. Teóricos entendem que é preciso vincular a ciência à verdade ética novamente. 
Indústria Cultural: teoria também criada pela Escola de Frankfurt de que tudo é transformado em mercadoria e de que essa indústria tem suportes tecnológicos que nos fazem acreditar devemos consumir para estar de acordo com essa indústria. 
Aula 007
Filósofos, desde a Grécia antiga, pensavam em ideias eternas, relativas ao ser humano. Em diferentes épocas filósofos pensavam no ser e o devir, ou seja, naquilo que é próprio do ser humano e transformações de tudo. Essa discussão atravessa a histórica do pensamento filosófico. Porém, filósofos também pensam a realidade de sua época. Contudo, na medida em que se progride em sociedade, a busca pelo ser estável ainda continua. 
A concepção filosófica iluminista articula ser e devir. O devir, transformações históricas, levariam ao ser pleno de uma civilização. Porém, sociedade do séc. XX desafia essa ideia de que o esclarecimento traz evolução. 
Alguns estudiosos desafiam o pensamento iluminista quanto a ideia de esclarecimento. Faziam uma critica muito radical ao que se pode chamar de cultura ocidental. 
Nadificação vem da palavra nada. Filosoficamente, a palavra ‘nada’ é pensada desde a concepção do mundo – ‘por que existe o universo e não o nada?’ Na filosofia contemporânea, o falar do nada voltou a tona. 
Jean-Paul Sartre – é um pensador ateu. Diz que ser humano inicialmente é nada, isso é, não somos bons, não somos mal, não somos nada! Conforme nossa vida vai passando, vamos escolhendo o nosso ser e assim escolhemos um sentido para nosso ser. 
Friedrich Nietzsche – Anterior a Sartre. Faz critica ao projeto filosófico clássico, à moralidade cristã e à civilização contemporânea. Muitos outros filósofos também fazem isso, uma critica a sociedade contemporânea. Filosofia desde o inicio buscava conhecimento racional sobre a realidade e Nietzsche rejeita isso. Entende que pretensão humana a uma verdade única e explicar o que está além do campo de observação constitui um projeto filosófico responsável por grande parte das coisas que ele critica no século XIX. Uma frase famosa de Nietzsche é “Deus está morto”. Com isso, Nietzsche está afirmando que os valores desmoronaram, isto é, que filosofia antiga buscava por um conjunto de valores universais que, segundo Nietzsche, não existem e são criações de um projeto filosófico que em seguida foi incorporado pelo cristianismo. Nietzsche diz que plano das ideias de Platão, por exemplo, é metafísico (está além do que se pode observar) e é um prejuízo para humanidade, pois humanos passam a acreditar em valores que não existem na pratica e renunciam o melhor de si, sua potencia, sua força, em nome de um mundo metafísico. Com “Deus está morto”, Nietzsche quer dizer que na sua época, século XIX, essa moral do bem desabou. Temos um momento de Niilismo, ou nadificação. Niilismo é a destituição de valores. Nietzsche entende que cristianismo e projeto platônico sempre favoreceram a moral dos fracos. Contudo, no momento Niilista acontece a transvaloração de todos os valores. Nietzsche propõe que no lugar dos valores morais que desabaram nada entrou no lugar. Nietzsche fala da transvaloração como uma forma de potencia de vida, que o próprio ser humano instaure valores com base na sua força. Nietzsche propõe a ideia do além do homem, ou super-homem Nietzscheniano, isto é, o homem capaz de afirmar sua potencia e vitalidade sobre o mundo. Isso fica bem pouco definido, assim como isso aconteceria. Nietzsche somente aponta a esse projeto de homem, mas não como aconteceria essa afirmação do homem. 
Filosofia Nietzscheniana representa um desafio a filosofia clássica e a contemporânea. Sempre se buscou por fundamento da realidade e sua causa primeira. No cristianismo a causa primeira passou a ser Deus. Nietzsche se opõe radicalmente a isso e afirma que não é uma causa primeira, mas sim um devir, a transvaloração de todos os valores. 
Giorgio Agamben – indaga sobre ‘o que é contemporâneo?’ A contemporaneidade situa-se no âmbito do não fundamento? Parou-se de buscar por um fundamento? Vanguardas artísticas do séc. XX também rompem com a tradição e buscam novos caminhos para a produção artística. Nesse campo, o rompimento com a tradição foi bom porque trouxe criações muito variadas e significativas. É nesses termos que a pergunta de Agamben faz sentido. É muito difícil definir o que é contemporâneo. Há multiplicidade de problemas que nos desafiam na atualidade, como por exemplo, a tecnologia. É nesse horizonte que acontece a discussão da filosofia da educação na era contemporânea. A educação inclui questões como cultura, economia, nova tecnologias, diferentes realidades sociais, etc. 
Século XX é um século de muitas crises. Muitos valores sólidos são colocados em interrogação e se discute se há realmente um fundamento e finalidade a essa realidade. 
Aula 008
Filosofia contemporânea – variedade de vertentes e enfrentamento de problemas da realidade contemporânea. Há perspectivas construídas mediante recursos conceituais e observação da realidade que se interseccionam com estudos sociológicos, psicológicos etc. Por esse motivo, já não trazem uma visão tão positiva da realidade e mundo em que vivemos. Elas levantam problemas na realidade que devem ser enfrentados e nesse ponto destoam das filosofias de séc. anteriores. 
Michel Foucault – Frances, 1926-1984. Possui produção muito grande e tem filosofia muito complexa sobre o real. Foucault apresenta filosofia contra a de Bacon. Bacon pensava que saber daria ao ser humano capacidade de dominar a natureza e trabalhar por seu conforto. Foucault analisa a relação por outro prisma. Para ele, os saberes humanos não são constituídos de modo neutro, mas a partir de relações de poder. Exemplo: saber da psiquiatria não é neutro, mas tem influencia na sociedade, isto é, institui poder – a partir do momento que há afirmações psiquiátricas, se divide sociedade entre aqueles que são loucos ou não. Estamos acostumados a pensar poder como algo vertical, mas Foucault pensa que poder é uma teia, isto é, relações construídas na sociedade – sala de aula, trabalho, relação entre amigos. Não há um ser humano somente que detenha o poder integralmente. Nesse prisma, as instituições são pensadas como dispositivos disciplinares que visam ditar como indivíduos devem agir em sociedade. 
Foucault não vê escola como lugar que permite pessoas atinjam seu melhor, mas sim como instituição que só disciplina – adestramento para a realidade. 
Martin Heidegger – alemão, 1889 – 1976. ‘A questão acerca da essência da técnica’ – para Heidegger, a técnica (conjunto de ações do homem sobre a natureza) converte os próprios seres humanos em matéria prima para consumo. Há predomínio de pensamento calculador e redução da humanidade à condição de matéria-prima. Pensa-se criticamente a realidade no que diz respeito à autonomia do ser humano. Exemplo: um rio não é mais uma paisagem, mas uma fonte de geração de energia. Propõe retorno ao pensamento meditativo. 
Theodor Adorno – 1903-1969 – pertencente à escola de Frankfurt. Publicou conjunto de ensaios (textos) sobre educação e emancipação onde constata que condições sócio-históricas que levaram à criação do nazismo permanecem, já que são característica da realidade contemporânea que transformam ser humanos em ‘coisas’. Vivemos em sociedade totalmente administradas. São comunidadesregidas pela indústria cultural, padronização e onde somos estimulados a nos comportar no âmbito das mercadorias. Assim, não somos livres.
Segundo Adorno, estamos na prevalência da racionalidade técnica e instrumental, desvinculada de pressupostos éticos. A razão se converteu a um cálculo lógico que pretende conduzir a determinado objetivo, sem que a finalidade ética seja discutida. Os campos de concentração, por exemplo, são exemplos nítidos de como essa razão técnica é utilizada. Propõe retomada do projeto filosófico grego antigo, onde se buscava a racionalidade com ética. 
Segundo Adorno, temos ainda a fetichização da técnica, isto é, temos uma espécie de adoração pela técnica no mundo contemporânea, como se ela não pudesse ser discutida. Assim, há empobrecimento da experiência genuinamente humana – não há pensamento, não há criatividade, uma vez que não se pode fugir da técnica. Tudo que está cercado pela técnica, não é inovador ou criativo. É necessário que isso seja uma tarefa da educação, já que no mundo contemporâneo ela se tornou algo que nos leva a barbárie, ao invés de conduzir a cultura. 
Assim, qual seria a tarefa da educação? O que é necessário após a experiência de Auschwitz (maior campo de concentração nazista)? Segundo Adorno, não podemos ignorar a existência do nazismo e dos campos de concentração, e nem colocarmos como produtos secundários da civilização. A educação deve refletir sobre isso e formar sujeitos críticos capazes de lutar contra o retorno desse tipo de barbárie. Trata-se de buscar uma educação que forme seres humanos pensantes, críticos e culturais. Deve-se unir novamente a razão e a preocupação ética. É uma perspectiva emancipatória de educação centrada na experiência reflexiva. Educação deve se voltar para necessidade de superar o impulso destrutivo da barbárie como condição para sobrevivência humana, não só em seu sentido físico, mas também da humanidade. 
Hanna Arendt – judia, alemã, 1906-1975 – ‘a essência da educação é a natalidade, fato de que seres nascem para o mundo’. A partir do momento em que se nasce, seres podem se humanizar a partir da educação. 
Aula 009
Desde o inicio, filosofia é composta por varias áreas de estudos, como por exemplo, filosofia política, filosofia estética, filosofia da educação, etc. A filosofia da beleza veio a se consolidar mais tardiamente. Mas, vale lembrar que as áreas da filosofia não são totalmente delimitadas. Uma área tem influencia nos estudos e pensamentos das outras. Sendo assim, a filosofia da educação se comunica com a ética, política, e inclusive a filosofia da estética. 
A estética – se origina na antiguidade. Filosofia surge entre os gregos e a democracia. Isso não quer dizer que povos anteriores não tenham elaborado explicações, porém, elas se baseavam no mítico. A filosofia era um esforço unicamente racional e centrado no ser humano. É nesse momento, especialmente com Platão, que a estética surge preliminarmente. A estética, aqui, ao contrário do senso comum, é a filosofia da arte e do belo. É a investigação filosófica sobre a criatividade artística e a contemplação da beleza nas obras de arte e na natureza. Mas, é possível se investigar filosoficamente a beleza? Qual é a relevância desse tipo de investigação? 
A importância de Platão na filosofia é muito grande. Tanto é que alguns estudiosos consideram que Platão ditou as pautas dos estudos filosóficos posteriores. Ele inaugurou muitos campos de investigação na filosofia. No caso da estética, há certo desprezo de Platão pelas obras de arte, ou mais profundamente, ao que elas podem revelar no tocante do conhecimento. O objetivo central de Platão era “como os seres humanos podem alcançar o conhecimento?” e seus diálogos sempre mostram isso. Era defensor o dualismo ontológico, isso é, de que há um plano das ideias, onde todas as coisas são perfeitas. Assim, Platão considera as obras em relação ao dualismo ontológico. As obras de artes, poesias, pinturas, etc. podem então nos auxiliar no conhecimento? Para Platão a beleza é algo que existe independentemente dos objetos que julgamos belos? Quando Platão pergunta se o belo existe por si mesmo, podemos entender a interrogação do seguinte modo: a beleza existiria apenas nos objetos e pessoas? Para Platão existem os seres em si e existem as ideias dos seres puros e imutáveis. Dessa maneira, também existe a ideia de beleza no plano das ideias e os objetos e seres que afirmamos ser belos reproduzem no plano sensível a Idea de beleza. Para Platão, então, existe a beleza em si e os objetos participam da ideia de beleza e tentam reproduzi-la.
Sendo assim, a arte pode nos ajudar no conhecimento? Em Platão, há desvalorização epistemológica (conhecimento científico) da arte porque para ele a obra de arte não nos auxilia no conhecimento. A obra de arte, segundo Platão, é uma imitação muito distante da realidade, isto é, do plano das ideias. Os artistas deveriam ser afastados das atividades pedagógicas, já que estão muito afastados da realidade. 
Portanto, concluímos que Platão investiga o belo e chega a conclusão de que objetos são belos porque fazem parte da ideia de belo. Ele desvaloriza o belo e a arte, por acreditar que ela está afastada do real.
O alemão Immanuel Kant também investigou a estética. Para Kant, o juízo de gosto é o julgamento acerca da beleza de um objeto (paisagem natural ou criação artística), isto é, todos são capazes de julgar a beleza nas coisas. Além disso, seria possível transformar algo que não é agradável ou belo, como por exemplo, uma tempestade, em algo belo (através de um quadro). Kant acredita que o belo está inicialmente na natureza, mas que o homem tem capacidade de utilizar a arte para tornar belo aquilo que não nos é agradável. 
O gosto, segundo Kant, é algo desinteressado. O gosto é a capacidade de responder com prazer imediato à beleza. Ele está ligado a uma sensação de prazer e ao mesmo tempo é desinteressada porque não visa nada além daquilo. Quando admiramos uma paisagem, não a julgamos bela por algum objetivo específico, mas simplesmente porque achamos que ela é bela. É o prazer em si mesmo.
Juízo de gosto articula subjetividade com universalidade, isto é, combina o que está no interior do sujeito com o que está presente em todos os seres humanos. Sujeitos são individualmente afetados beleza, sem conseguir apresentar justificativas racionais para tanto. Indivíduos são capazes de atingir a beleza de um objeto sem conseguir explicar isso racionalmente. Contudo, há uma universalidade, isto é, concordância dos seres humanos quanto ao belo. Todos os seres são capazes de concordar com a presença da beleza em algo.
Podemos pensar a relação entre estética e filosofia da educação. A estética pode contribuir para o aprendizado e conhecimento? A experiência artística é capaz de redimensionar a capacidade cognitiva dos humanos? 
Aula 010
Nas origens, educação era pensada pelos gregos como Paideia, ou, cultivo da humanidade e o que de melhor está escrito na existência humana. Era a Arete, a excelência humana. 
E nos tempos contemporâneos? Educamos para que? É ai que podemos estudar a incorporação da experiência estética na educação. A experiência estética é uma possibilidade aberta a todos os seres humanos. Como ela pode contribuir, então, para a educação?
Experiência estética e educação – experiência estética nos traz possibilidade de ruptura com o automatismo, sob um olhar que reconhece a eterna novidade do mundo. Kant já havia definido a estética como algo natural, que não exige esforço. Há capacidade de se responder com prazer imediato à beleza. A experiência do prazer estético rompe com o automatismo do cotidiano, isto é, rotina na qual estamos inseridos e na qual oferecemos respostas automáticas em diversas situações. São situações que fazem com que façam que todos os dias pareçam iguais. A experiência estética possibilita um novo olhar para com o mundo. Um exemplo de rompimento, simples, é quando se para a fim de ouvir um cantor de rua. De alguma maneirase rompeu com a rotina automática para apreciar o belo. A ideia é de que o mundo em que vivemos pode ser modificado pelo nosso olhar. Pela experiência estética os dias não são todos iguais e há sempre algo novo. 
Quais seriam as possibilidades pedagógicas da arte? Ruptura com paradigmas tradicionais e com mecanismos viciados de interpretação do mundo, viabilizando a educação como descontração de preconceitos. A escolha de conteúdos escolares é baseada em conceitos culturais, pelo modo como seres vivem e constroem sua vida. Conteúdos são escolhidos de acordo com valores dominantes numa sociedade. No caso do Brasil, há tendência a cultura Europeia, por exemplo. A educação tradicional, assim, muitas vezes constrói preconceitos que dificultam outro olha sobre o mundo. A possibilidade pedagógica da arte é de romper com esse modelo tradicional e com a visão de mundo viciada. Traz a possibilidade de uma educação não voltada somente para qualificação e preparação para mercado de trabalho.
Experiência estética resignifica o próprio conhecimento. Conhecimento não está presente somente em conceitos matemáticos, físicos ou explicações sobre processos sociais da humanidade. Ele está resignificado a partir da dimensão estética. A partir do momento que a incorporamos em nossa vida, temos a possibilidade de fazer outro uso do conhecimento que estamos obtendo. É a dimensão lúdica da experiência estética mobilizando a subjetividade e favorecendo a construção de novos sentidos e novas possibilidades de interpretação do mundo.
Na Experiência estética há substituição do tempo linear quantitativo e cronometrado pelo tempo qualitativo e significativo. O tempo linear, o tempo do relógio, é rigorosamente calculado e faz parte do nosso cotidiano. A experiência estética transforma esse tempo em um tempo de intensidade, que não pode se medir nos parâmetros convencionais. Porém, não devem ser descartadas outras formas de realidade. É importante ter experiência com o tempo qualitativo, mas há situações que devem ser regidas pelo tempo linear. 
Paulo Freire (1921-1997) e a pedagogia do oprimido 
Coloca a humanização e desumanização como possibilidade dos homens enquanto seres inconclusos. Na filosofia, em vários momentos está presente a ideia de que humanos não são seres prontos. Seres inconclusos são os seres humanos porque eles não são seres prontos e podem fazer a si mesmo. O processo pedagógico pode fazer tanto com que seres humanos se tornem humanos de verdade quanto também fazer com que se desumanizem. A educação tradicional contribui para desumanização e sofre criticas duras de Paulo Freire. Por outro lado, isso não é algo percebido como um destino dado, ou seja, não significa que será assim para sempre. Se a educação segue um caminho verticalizado e um tanto quando opressora, é somente um reflexo da sociedade. Para Paulo Freire deveria haver uma mudança que iria também contribuir para emancipação social dos indivíduos de uma sociedade. 
Há uma crítica de Paulo Freire quanto à educação tradicional e opressora porque ela mostra os interesses de uma classe opressora, despreza saberes prévios dos alunos e despreza experiências de vida como um todo. É a educação que reproduz os princípios de uma classe dominante e dificilmente proporciona o pensamento e o crescimento pessoal. É uma educação centrada no professor, concebido como sujeito da educação, e é aquele que detém o conhecimento e transmite o conhecimento a seres passivos. Professor deposita conhecimento nos alunos – é uma educação ‘bancária’. 
Nesse sentido, Paulo Freire elabora uma proposta pedagógica com sentido libertador e emancipatório. É uma educação que aspira a superação da contradição opressor/oprimido, instaurando resignificação da realidade e a liberdade de todos. A proposta considera o cotidiano dos alunos em que o professor é mediador, que considera os valores das classes social dos alunos ao invés de só depositar valores da classe dominante. A proposta considera a emancipação dos indivíduos, focada na liberdade, onde alunos podem se apropriar de sua realidade de seres pensantes e críticos. É uma educação para o ‘ser mais’, termo usado por Freire que significa algo como ser o seu melhor. Desse modo a educação não é pensada como adestramento para o mercado de trabalho, véu ideológico que encobre as injustiças sociais.
O método de Freire favorece a incorporação de elementos estéticos, à medida que resgata o significado da experiência do aprender e ensinar, ampliando seus objetivos para além da dimensão cognitiva, da dimensão técnica do transmitir e da dimensão fechada do espaço escolar. Favorece a incorporação de elementos estéticos a partir do momento em que foca no ser humano, no individuo e no ser mais.

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