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Direito no Oriente Antigo: Mesopotâmia e Egito TRABALHO

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Fundamentos da História do Direito – Antônio Carlos Wolkmer
Capítulo 2
Direito e Sociedade no Oriente Antigo: Mesopotâmia e Egito
O texto “Elementos de Transição na Sociedade e no Direito” inicia-se incluindo a classificação do autor Niklas Luhmann que divide os grupos de manifestações do direito em três grandes grupos: (1) o Direito Arcaico, característico dos povos sem escrita; (2) o Direito Antigo, que surge com as primeiras civilizações urbanas e (3) o Direito moderno, próprio das sociedades posteriores às Revoluções Francesa e Americana.
Os direitos verificados na Mesopotâmia e no Egito se enquadram no Direito Antigo. Três fatores históricos culminaram para a transição das formas arcaicas de sociedade para as primeiras civilizações antigas, são elas: (1) o surgimento das cidades; (2) a invenção e domínio da escrita e (3) o advento do comércio e da moeda metálica. A síntese desses três elementos – cidades, escrita, comércio – representa uma sociedade fechada, organizadas em tribos ou clãs, com poucas diferenças sociais e fortemente influenciada por religiosidade. As primeiras manifestações desse novo estilo de direito deu-se aos poucos, conforme a sociedade foi se tornando mais urbana, dinâmica, complexa e aberta a trocas materiais e a influências políticas.
Já no texto “Mesopotâmia e Egito: aspectos geográficos, políticos e econômicos” podemos observar características semelhantes e diferentes entre as citadas civilizações. Ainda que existam indícios de contato entre os povos da Mesopotâmia e do Egito, não há uma relação de causalidade entre as duas evoluções e a tese que atribui forte influência mesopotâmica na unificação do reino egípcio hoje encontra-se superada. 
Os mesopotâmicos e egípcios formaram suas civilizações em torno dos rios Tigre, Eufrates e Nilo, circunstância esta que permitia a existência de solo propício à agricultura, bem como a navegação fluvial, essencial para o transporte de mercadorias e sofisticação do comércio. Todos esses fatorem contribuíram para um crescimento acelerado da população dessas sociedades, bem como um maior desenvolvimento político e econômico.
No que se refere ao antigo Egito, os períodos de cheia e recuo das águas do Nilo são previsíveis e estáveis, é comum a associação entre divindades e fenômenos da natureza. Tal crença não poderia surgir nas cidades da Mesopotâmia, já que a cheia e recuo das águas do Tigre e Eufrates possui um caráter pouco regular e previsível. Essa variação no sistema de crenças terá reflexos na politica e na economia desses povos.
A principal característica comum da organização política das civilizações analisadas consiste no fato de que ambas desenvolveram a monarquia como forma de governo. Porém, no Egito consolidou-se uma monarquia unificada, com um poder central bastante definido, titularizado pelo faraó, e com uma capital instalada em determinada cidade do reino; já a Mesopotâmia optou pela fundação de cidades, com alto grau de independência, onde cada cidade tinha seu governante, seus órgãos políticos e muitas vezes, seu próprio exercito.
No plano da Economia, há dois aspectos comuns que são essenciais: a utilização do solo para plantio e o crescente emprego da navegação como meio de transporte de mercadorias. No entanto, é fundamental ressaltar que o Egito era rico em vários produtos de origem mineral, porem, pobre em madeira, que era importada da região da Fenícia. Na Mesopotâmia havia carência de minerais, devido à dificuldade de irrigação e drenagem do solo. Conclui-se, portanto, que as cidades da Mesopotâmia dependiam do comércio em grau superior ao Egito, o que resultou em reflexos no desenvolvimento do direito privado nessas duas civilizações.
No texto “A Vigência do Direito: seus elementos, manifestações e instituições” é ressalvado que a noção de responsabilidade politica pela decisão legislativa é estranha à Mesopotâmia e ao Egito, pois, as normas de direito tinham sua justificação no principio da revelação divina. O exemplo dessa revelação consta no Código de Hammurabi, principal código do povo da Babilônia, onde fica explicitado que o conjunto de leis foi oferecido pelo deus Samas, deus da justiça para satisfazer o mesmo.
O Código de Hammurabi, principal documento escrito legal disponível para estudo da antiga Mesopotâmia, surgiu após os códigos de Ur- Nammu e Lipit-Ishtar. É composto por 282 artigos que abrangem quase todos os aspectos ligados à dinâmica da sociedade babilônica. Se trata de uma grande compilação de normas anteriores dispostas em outros documentos e de decisões tomadas em casos concretos que serviram de base para a elaboração dos artigos. A sociedade organizava-se em: homens livres; subalternos - homens dotados de personalidade jurídica, com liberdade limitada - e escravos que eram equiparados a um bem móvel. O Código daria um tratamento diferente a cada um desses seguimentos. 
A organização familiar era em regra monogâmica, mas permitia em alguns casos, uma segunda esposa quando o casal não conseguir gerar filhos. A mulher era dotada de personalidade jurídica e possuía liberdade na gestão de seus bens, era prevista a possibilidade de repudio tanto da mulher quanto do marido. O código prevê, ainda, os institutos da adoção e da sucessão, os contratos de compra e venda, arrendamento, depósito, empréstimo a juros, títulos de credito e operações de caráter bancário. Para auxiliar na aplicação do direito, havia funcionários do palácio real e sacerdotes locais, mas em regra, os juízes eram nomeados pelo próprio monarca.
Contudo, não há a mesma riqueza de fontes para estudo do direito egípcio. Não se tem conhecimento de nenhum texto legal do período antigo do Egito. Há apenas uma abundância de referências indiretas às normas jurídicas em textos sagrados e narrativas literárias. Sabe-se que eram consagrados de um princípio de justiça que é simbolizada pela figura de uma deusa, de nome maat. A aplicação do direito estava subordinada, então, à incidência de um critério divino de justiça. O principio da justiça na aplicação do direito, é fazer com que as duas partes saiam do tribunal satisfeitas. Convém ressaltar, por fim, que a jurisdição era titularizada pelo faraó, que poderia delegar funcionários especializados para a tarefa de decidir questões concretas.
Conclui-se que, os sistemas jurídicos desenvolvidos na Mesopotâmia e no Egito antigo já seriam suficientes para atribuir a essas civilizações um papel de destaque na evolução das sociedades e do direito, e que deve-se conceber, então, um panorama de circulação de ideias na região do Mediterrâneo, que pode ter auxiliado na conformação de institutos jurídicos posteriormente legados ao patrimônio do Ocidente.
Gabriela Cipriano.

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