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Gestão de Resíduos em Canteiro de Obra

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O BOM ALUNO DE CURSOS À DISTÂNCIA: 
 
• Nunca se esquece que o objetivo central é aprender o conteúdo, e não 
apenas terminar o curso. Qualquer um termina, só os determinados 
aprendem! 
 
• Lê cada trecho do conteúdo com atenção redobrada, não se deixando 
dominar pela pressa. 
 
• Sabe que as atividades propostas são fundamentais para o entendimento do 
conteúdo e não realizá-las é deixar de aproveitar todo o potencial daquele 
momento de aprendizagem. 
 
• Explora profundamente as ilustrações explicativas disponíveis, pois sabe que 
elas têm uma função bem mais importante que embelezar o texto, são 
fundamentais para exemplificar e melhorar o entendimento sobre o conteúdo. 
 
• Realiza todos os jogos didáticos disponíveis durante o curso e entende que 
eles são momentos de reforço do aprendizado e de descanso do processo de 
leitura e estudo. Você aprende enquanto descansa e se diverte! 
 
• Executa todas as atividades extras sugeridas pelo monitor, pois sabe que 
quanto mais aprofundar seus conhecimentos mais se diferencia dos demais 
alunos dos cursos. Todos têm acesso aos mesmos cursos, mas o 
aproveitamento que cada aluno faz do seu momento de aprendizagem 
diferencia os “alunos certificados” dos “alunos capacitados”. 
 
• Busca complementar sua formação fora do ambiente virtual onde faz o 
curso, buscando novas informações e leituras extras, e quando necessário 
procurando executar atividades práticas que não são possíveis de serem feitas 
durante as aulas. (Ex.: uso de softwares aprendidos.) 
 
• Entende que a aprendizagem não se faz apenas no momento em que está 
realizando o curso, mas sim durante todo o dia-a-dia. Ficar atento às coisas 
que estão à sua volta permite encontrar elementos para reforçar aquilo que 
foi aprendido. 
 
• Critica o que está aprendendo, verificando sempre a aplicação do conteúdo 
no dia-a-dia. O aprendizado só tem sentido quando pode efetivamente ser 
colocado em prática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aproveite o seu 
aprendizado. 
 
 
Conteúdo
1 A gestão de RSCD 4
2 A geração de RSCD 7
3 A gestão de RSCD em canteiros de obras 9
3.1 Redução dos RSCD 10
3.2 Reutilização de RSCD 11
3.3 Reciclagem de RSCD 11
3.3.1 Composição dos RSC 13
3.3.2 Aplicação dos agregados reciclados 14
3.3.3 Consolidando a reciclagem 15
4 Preparação para o PGRSC 16
4.1 Conscientização da mais alta hierarquia da empresa 16
4.2 Conhecimento da legislação sobre o tema 16
4.3 Definição de um grupo de coordenação 18
5 Plano de redução de resíduos 19
5.1 Planejamento 19
5.2 Projeto 19
5.3 Construção 20
5.4 Manutenção 21
6 Plano de Reutilização 23
7 Plano de gestão de resíduos sólidos nos canteiros de obras 24
7.1 Preparação do canteiro de obra 24
7.2 Preparação dos trabalhadores no canteiro de obra 29
7.2.1 Apresentação do PGRSC no canteiro de obra 29
7.2.2 A conscientização e treinamento dos trabalhadores 31
7.3 Os procedimentos do PGRSC 32
8 Monitorando a implantação no canteiro 36
9 Benefícios e dificuldades 37
10 Conclusões e recomendações 38
5
Introdução
O gerenciamento dos resíduos sólidos de construção nos canteiros
de obras de pequeno, médio e grande portes, é indispensável para aqualidade
da gestão ambiental nos centros urbanos. Uma gestão adequada dos resíduos
popularmente chamados de reduz custos sociais, financeiros e ambi-
entais.Os sãoassobrasdasconstruções, ou seja, deprocessos cons-
trutivos, e de demolições, e devem ser gerenciados do projeto à sua destinação
final, paraque impactos ambientais sejamevitados.
Estudos demonstram que a da massa dos resíduos urbanos
são gerados em canteiros de obras, conforme observado por alguns pesquisa-
dores como Hendriks (2000) e Pinto (1999). Pode-se dizer que do entulho
são dispostos irregularmente na maioria dos centros urbanos brasileiros de
médio e grande porte.
Adestinaçãoinadequadaderesíduosoriundosdoprocessoconstrutivo
gera problemas como o esgotamento de aterros sanitários (esses resíduos che-
gamamaisde do volumede resíduos depositadosematerros), aobstrução
do sistema de drenagemurbana,aproliferação de insetos e roedores. Provoca,
ainda, a contaminação de águas subterrâneas pela penetração através do solo
demetaisde altatoxidadee de chorume, o desperdício demateriais recicláveis,
e o conseqüente prejuízo aosmunicípios e àsaúde pública.
Com a aprovação da Resolução 307 do Conama de 05/07/2002 que
dispõe sobre o gerenciamento de resíduos de construção e demolição, aos pou-
cos se percebe um avanço na busca da minimização dos impactos causados
pelos resíduos sólidos gerados em canteiros de obras. De acordo com a307os
geradores de resíduos são responsáveis pela gestão dos resíduos, certificando-
se de que sejam quantificados, armazenados, transportados e encaminhados
para locais onde possam ser aproveitados ou depositados corretamente.
Considerandoque em torno de de umacaçambaé totalmenterecic-
lável e é matéria prima para processos produtivos, destaca-se a responsabilidade
dosgeradoresno fortalecimentodoprocessodereciclagemdessesresíduos,o que
significaasseguraraqualidadedasegregação,ouseja,queos resíduossejamsepa-
radosseletivamentedeacordo comaclassificaçãodaRe-solução307doConama.
Oobjetivodestemanualtécnicoé fornecer informaçõessobreagestão
adequada dos resíduos sólidos gerados nos canteiros de obras às empresas
construtoras de pequeno,médio e grandeportes, e aos responsáveispor obras,
como engenheiros earquitetos, fortalecendo o atendimentoàResolução307do
Conamade 05/07/2002.
Oconteúdoestáestruturadoemdoisblocos: o primeirobloco compõe-
se de conceitos relevantes para compreensão do tema e fundamentamaelabo-
ração e implantação de umplano de gestão de resíduos sólidos de construção,
o qualé apresentadono segundo bloco.
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
4 01 A gestão de RSCD
Os resíduos sólidos da construção e demolição (RSCD) são aqueles
gerados nos canteiros de obras. São popularmente chamados de e
provenientes de construções novas, reformas, reparos, demolições ou resul-
tantes dapreparação e da escavação de terrenos.
Normalmente podem incluir, entre outros: tijolos, blocos cerâmicos,
concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas,madeirase com-
pensados, forros, argamassa, gesso, gesso acartonado, telhas, pavimento as-
fáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica, sacos de cimento, sacos de
argamassa, caixas de papelão.
Os resíduos gerados em canteiros de obra são as sobras do processo
construtivo que é definido como o processo de produção de umdado edifício,
desde atomada de decisão até asua ocupação.
Os RSCD criam sérios problemas hoje enfrentados pelas cidades. A
baixa cobertura de serviços de coleta e a situação precária das áreas destina-
das àdisposição final tornamurgente a implantação de políticas que diminuam
o volume dos resíduos sólidos produzidos pela indústria da Construção. Ao
mesmo tempo, faz-se necessária, a busca de soluções para o problema da dis-
posição, como o fortalecimento do processo de reciclagem e a reutilização de
produtos. O mau gerenciamento desses resíduos contribui para o acelerado
esgotamento das áreas de disposição final do lixo urbano, os custos adicionais
de governos e o desperdício de recursos naturaisnão renováveis.
Aminimizaçãodos impactoscausadospelosRSCDrequerumsistema
degestãoque integrediversosfatores,entreeles, sua formadegeração, acondi-
cionamento, sistemas de coleta e de disposição, utilização e destinação final e
a quantificação destes resíduos (CHERMONT, 1996). A integração desses fa-
tores implica aindaaintegração de agentes (setor produtivo, setor público, pes-
quisa e terceiro setor), instrumentos (legais, econômicos e técnicos) e ações
(planejamento, operação e normatização técnica).
Os RSCDsão geradosnos canteiros de obras, acondicionados em ca-
çambas, coletados por empresas transportadoras de entulho ou por indivíduos
queutilizamcarroças ouveículosdepequenoporte, que os destinamparaáreas
definidas pelo poder público. Normalmente são os aterros sanitários ou áreas
que precisam de aterramento.
Os custos envolvidos no transporte, as distâncias entre as áreas de
recebimento e os centros urbanos, afaltade conscientização sobre os impactos
causadosnomeio ambiente,a faltae adificuldade de fiscalizaçãopotencializam
a clandestinidade. Quando os resíduos são dispostos irregularmente o poder
público se encarrega de coletá-los e enviá-los a áreas licenciadas. Adisposição
clandestina compromete a saúde do cidadão, a drenagem urbana e a estabili-
dade das encostas e degrada apaisagemurbana.
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
5
Um Sistema Integrado de Gerenciamento de RSC envolve questões
complexas, particularmente, no processo de produção da cadeia principal da
cadeia produtiva da indústria da construção, ou seja, no processo construtivo.
Primeiro, a necessidade de assegurar o cumprimento de legislações
específicas, que definem e organizamasresponsabilidades relativas àgeração,
coleta, transporte, acondicionamento e disposição final. A Resolução 307 do
Conama define como responsabilidade do Município a elaboração do Plano
Municipal de Gestão de Resíduos daConstrução e como responsabilidade dos
geradores o Projeto deGestão de Resíduos.
Segundo, há dificuldades inerentes ao processo construtivo, que en-
volve e depende de um grande número de atores, conferem ao processo de
produção características físicas e organizacionaispeculiares.Essas característi-
cas potencializam a geração de resíduos (demonstrado pelo nível de perdas e
desperdícios) e pela cultura vigente a qual não se preocupa com a gestão de
resíduos sólidos, seu destino, tampouco com asua reutilização.
Terceiro, asdificuldades e complexidades inerentes àimplantação de
umSistema Integrado de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, requerem a in-
tegraçãode diversos fatores, entre eles: formasde geração e disposição, atores,
instrumentos, ações e recursos. A falta de dados como: tipologia e quantidade
de resíduos gerados, caracterização dos resíduos por regiões urbanas, identifi-
cação de agentes recicladores, entre outros, é mais umdesafio a ser superado
pelos responsáveis pela gestão deRSCD.
O quadro 01 resume as principais responsabilidades e agentes rele-
vantesàgestão dos resíduos oriundos de processos construtivos.
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
6
UADRO
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
02
Necessidades Construção
A geração de RSCD 7
O processo construtivo relaciona-se diretamente ao planejamento,
gerenciamento, projeto, construção e comercialização de um dado edifício. É
o processo pelo qual materiais e componentes - terra, energia e combustível,
água,máquinas, ferramentasemão-de-obra -sãoagrupadose organizadospara
aprodução de umdeterminadoproduto: edifícios de variadas funções (residen-
cial, comercial, industrial, hospitalar, educacional entre outros), e/ou obras de
infra-estrutura (saneamento, hidroelétrica, abastecimento de água etc.).
O produto final do processo de produção de um edifício envolve
grande número de diferentes organizações, com papéis definidos em sua e-
xecução: proprietários de terra e/ou imóvel, empreendedores, construtores,
planejadores, financiadores, arquitetos, engenheiros, consultores especiais,
mão-de-obra, fornecedores e usuários. Apesar de compartilhar o objetivo de
produzir um edifício ou uma obra de infra-estrutura, são organizações inde-
pendentes, com culturas, procedimentos e objetivos específicos. O sucesso e a
qualidade deste processo estão diretamente ligados a esta estrutura, pois são
dependentes das relações estabelecidas entre os vários participantes.
Os atrasos, os altos custos e os desperdícios que potencializamasper-
das e ageração dos resíduos, são resultados, principalmente, da comunicação
falhaentre os seus participantes: informação ineficiente e incompleta dosdocu-
mentos técnicos; falta de planejamento, coordenação e monitoramento de de-
cisões entre os projetos técnicos; faltade compatibilizaçãodos projetos e da lin-
guagem técnica independente, entre os diferentes projetos. Essas são caracte-
rísticasde umprocesso deprodução linear, tradicional como esquematizadona
figura 1. As fases trabalhamdesintegradas umasdas outras, o que não permite
a troca de informação para compatibilizar a informação técnica e as correções
necessárias antes de se iniciar aedificação, evitando erros e retrabalhos.
IGURA
Programa de Projeto de Projetos
Arquitetura Complementares Utilização
Feedback inexistente
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
8
Além disso, as características físicas de um processo de produção
complexo como é o construtivo exigem que o recebimento, o armazenamento
e aaplicaçãodosmateriais respeitem planejamentos e procedimentos técnicos.
Problemas que se evidenciam no Brasil, principalmente, em processos con-
strutivosde pequeno porte como construção de pequenos edifícios, reformas e
autoconstruções, são construções executadas por empresas que não possuem
certificação do PBQP-H ou sistema de qualidade de acordo com os requisitos
da ISO-9001. A falta de qualidade nos processos construtivos exacerba agera-
ção de resíduos.
Alguns estudos desenvolvidos em programas de pós-graduação em
diferentes universidades no Brasil e por algunsSindicatos da Indústria daCon-
strução classificamasperdas em seis grupos:
Perdas inevitáveis decorrentes de fatores climáticos
Perdas inerentes ao processo construtivo
Perdas agregadas resultantes de materiais aplicados para sanar in-
correções de projetos ou incompatibilidade entre os mesmos.
Perdas de produtividade referentes ao uso indevido do tempode tra-
balho.
Perdas evitáveisdecorrentes de desperdício.
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
03canteiros de obras 9A gestão de RSCD em
Agestão responsável dos resíduos gerados em canteiros de obras re-
quer uma compreensão das complexidades do processo de construção de um
edifício e asdificuldades em combinar as formas de disposição dos resíduos.
Entreas complexidades e os desafios do gerenciamento dos resíduos
sólidos gerados em canteiros de obras cita-se:
O volume do resíduo produzido (que justifica todo o esforço para a
redução de sua geração);
O número de participantes no processo construtivo (que torna o
fluxo de informação falho) ;
O número de agentes do setor produtivo, setor público e terceiro
setor que compartilham a responsabilidade pelo gerenciamento
dos resíduos sólidos (quando o setor público não cumpre com a
sua responsabilidade enfraquece as ações e os esforços do setor
produtivo e do terceiro setor);
Os recursos escassos para financiamentode projetosde pesquisa de
novosmateriaisproduzidos pela reciclagem de resíduos;
Os recursos escassos dos municípios para atacarem os problemas
de gestão ambiental;
O potencial de reciclagem (desperdiçado) dos resíduos sólidos ori-
undos do processo construtivo (em torno de dos resíduos de
uma caçamba são recicláveis);
Anecessidade e responsabilidadedo setorpúblico de instituir instru-
mentos que controlem e estimulem agestão dos resíduos gerados
em canteiros de obras;
Aresponsabilidade e o compromisso do setor produtivo em atender
às legislações referentes ao tema.
Esta complexidade requer uma combinação adequada das formas de
disposição. Emprimeiro lugaranão geração do resíduo, ou seja, a da
geração do resíduo na fonte. Segundo, uma vez que o resíduo foi gerado sua
deve ser considerada. A terceira forma de disposição possível é
a . A quarta alternativa é a recuperação de energia, ou seja, a
. E finalmente, a quinta forma de disposição é o .
Considerando que a legislação pertinente, que proíbeapartir de julho de 2004
o encaminhamento dos resíduos sólidos da construção a aterros sanitários e
domiciliares, e considerando ainda, o potencial de reciclagem do resíduo da
construção, o foco da gestão dos resíduos da construção deve ser na redução,
nareutilização e nareciclagem dos resíduos gerados nos canteiros de obra.
O responsável por construções tem, portanto a responsabilidade, ao
elaborar seus projetos de gestão de resíduos, de incluir umPlano de Redução
de Resíduos; um Plano de Reutilização de Resíduos e um Plano de Gestão de
ResíduosnosCanteirosdeObras.Esteúltimodependee influenciadiretamente
aqualidade do processo de reciclagem dos resíduos da construção.
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
10
3.1 Redução dos RSCD
Para se compreender o mecanismo da geração de resíduos, é ne-
cessário que se analise o processo construtivo de edificações ou de obras de
infra-estrutura que é constituído por cinco fases básicas:
Inicial (que inclui o planejamento e a análise de viabilidade do em-
preendimento);
Elaboração de projeto;
Construção (execução);
Utilização (que implica na utilização da edificação e na realização de
manutenção e reformas);
Demolição (emgeralocorre quandoacabaavidaútil da edificação).
Ressalta-sequetodososparticipantesenvolvidosnasdiversasfasestêm
responsabilidades de prevenir e reduzir ageração de resíduos.
IGURA
Decisão de
construir
Projeto
Demolição
Manutenção
Construção
O gráfico acima ilustra a interdependência das decisões tomadas em
cada uma das fases do processo de projeto, produção, utilização e demolição
de umedifício ou obra de infra-estrutura.Aredução dageração do resíduo está
diretamente ligada ao processo construtivo como um todo, em todas as fases,
asquais, devidamente integradas, reduzem o nível de perdas, diminuindo age-
ração de resíduos.
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
11
Entre os fatores que influenciam a geração de perdas, ressaltam-se,
entre outros:
A escolha da tecnologia (que influenciará namaior ou menor gera-
ção de perdas);
Falhasde projeto;
Anão compatibilização de projetos;
A falta de procedimentos padronizadosde serviços;
O armazenamentoe transporte inadequadosdemateriaisno canteiro.
3.2 Reutilização de RSCD
Areutilização dos resíduos e materiais pode ser considerada tanto na
fase de construção quantona fase de demolição. Areutilizaçãohoje se tornade
fundamental importância tendo em vista aescassez de matéria-prima cada vez
maiorno planeta.
A reutilização de materiais, elementos e componentes depende do
projeto e de critérios norteadores na tomada de decisão sobre sistemas cons-
trutivos e tecnologias construtivas. Na busca de mais racionalização, em fase
de projeto procura-se especificarmateriaise equipamentos commaiordurabili-
dade e maior número possível de utilizações.
Quanto ao processo de demolição, quando este for imprescindível,
seja pelo fim da vida útil total do edifício, ou por motivos de forças maiores
como, porexemplo, naocorrência de incêndio, ou outro fenômeno, deve-se ten-
tarproceder ao desmonte mantendoaspartes intactas e/ou separadaspara fu-
turasreutilizações, seja emnovosedifícios, seja emreciclagem.Observa-seque
este objetivo será mais facilmente alcançado quantomaior for a racionalização
definida na fase de projeto (uso de elementos padronizados e pré-fabricados).
3.3 Reciclagem de RSCD
O conceito de reciclagem relaciona-se ao ciclo de utilização de um
material ou componente que uma vez se tenha tornado velho, possa se tornar
novo, prolongando a vida útil do material, completando, assim, o ciclo: -
velho- Anovautilizaçãodeummaterialou componente implica umasérie
de operações, em geral de coleta, desmonte e tratamento, podendo voltar ao
processo de produção.
Este conceito se fundamentanagerência ambiental, social econômica
de recursos naturais, visando àgerência do ciclo de vida de materiais. Baseia-
se, portanto, emumdos pilaresdapolíticaambiental, conhecida como gerência
de cadeia integrada, incluindoagerência do ciclo de vidadosmateriaisde cons-
trução, nas fases de produção, construção, demolição, reúso ou reciclagem e
disposição.
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
12
IGURA
Areciclagem se fundamenta em princípios de sustentabilidade, impli-
candoareduçãodo usode recursosnaturais(fontesdeenergia ematéria-prima
primária) e namanutenção damatéria-primano processo de produção o maior
tempo possível.
Minimiza.destaformaanecessidadedequematérias-primasprimárias
sejam extraídas desnecessariamente, conforme esquematizado na figura 3.
Materiais básicos
Prevenção
Separação
Tratamento
Mercado
Produção de outros materiais
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
13
3.3.1 Composição dos RSC
Os resíduos sólidos provenientesde canteiros de construção dividem-
se em resíduosminerais, papéis,madeira, vidros, metais, gessos, plásticos, en-
tre outros.
A resolução 307 do Conama, de 05/07/2002, em seu artigo terceiro
caracteriza os RSCDemquatro classes:
são os resíduos reutilizáveisou recicláveis como agrega-
dos, tais como: de construção, demolição, reformas e reparos de
pavimentação. Exemplos: cacos de cerâmica, tijolos, blocos, telhas,
placas de revestimento, concreto, argamassa, entre outros.
são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais
como: plástico,madeira, papel, papelão,metais, vidro e outros.
são os resíduos em que não foramdesenvolvidas tecno-
logias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem, ou recuperação, tais como os produtos oriundos do
gesso.
são resíduos perigosos, oriundos do processo de cons-
trução, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles con-
taminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas
radiológicas, instalações industriais e outros.
Algumas estatísticas apontam porcentagens entre a de RSC
passíveis de serem reciclados (resíduos classe Ae resíduos classe Bde acordo
com aResolução 307). Umacomposição considerada resultante de caracte-
rizações de diferentes estudos ilustrada no gráfico 1 (PINTO; FASIO; JOHN,
FURNAS, 1999, 1996, 2000, 2003) confirma estaafirmação.
29%
1%
7%
63%
RáFICO
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
14
3.3.2 Aplicação dos agregados reciclados
Os resíduos sólidos provenientes de canteiros de obras, particular-
mente os resíduos classe A e classe B, de acordo com a classificação daReso-
lução 307do Conama, são os resíduos com possibilidadesde seremabsorvidos
por processos de reciclagem.
Os resíduos classeB, ou seja, papel, papelão,metal, plástico, entre ou-
tros, podem ser absorvidos por processos de reciclagem por indústrias exter-
nasaCPIC. os resíduos classe A (que se apresentamemmaior quantidade)
podemserabsorvidos pela cadeiaprincipaldaCPIC.Estes,umavezreciclados,
podem ser utilizados na execução de bases e sub-bases de pavimentação, na
confecção de blocos paravedação, entre outros.
Ametodologia paraidentificaçãodaaplicaçãodosRSC,aplicadaespe-
cialmente aos resíduos classe A, vem respeitando alguns passos fundamentais
(HENDRIKS, 2000; JOHN, 2000). Entre eles:
A caracterização dos resíduos com base em químicas, físicas e de
microestrutura dos resíduos, visando inclusive a detectar possíveis
riscos ambientais relacionados principalmente ametais tóxicos;
A caracterização dos resíduos permite identificar a relação entre fa-
tores tecnológicos com aestruturados poros; e relação entre estru-
tura dos poros e propriedades do material.
Com base naanálise anteriorparte-se para identificação daspossíveis
aplicações dos resíduos de acordo com as necessidades da aplicação especifi-
cada. O processo de avaliação requer estudos de desempenho dos resíduos de
acordo com aaplicação definida.
Uma vez definidos a aplicação e o processo de produção do resíduo,
também se define aanálise do seuciclo de vida e, portanto, aavaliação de seus
diferentes impactos ambientais. Esta análise inclui os impactos que podem ser
identificados durante o processamento, a aplicação e pós-aplicação, conside-
rando possíveis riscos ao solo, lençóis freáticos, are (dependendo do processo
de aplicação) tambémaos usuários.
É importante ressaltar que a qualidade do agregado reciclado de-
pende da qualidadedos resíduos aseremprocessados (HENDRIKS, 2000). As-
sim, quantomelhor forem selecionados os resíduos, maiores serão as chances
de produzir um agregado de qualidade. Os resíduos classe A, por exemplo,
uma vez processados podem produzir agregados com potencial de substitui-
ção do cascalho, brita e areia. Por isso não devem estarmisturados a resíduos
orgânicos, gesso e outras substâncias que possam influenciar suas proprie-
dades, afetando seu desempenho como agregado.
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
15
3.3.3 Consolidando a reciclagem
Além dos fatores técnicos relacionados à aplicação dos resíduos, a
consolidação de um sistema de reciclagem depende de fatores como a densi-
dadepopulacional, obtenção deagregados naturaise o nívelde industrialização
(IBAM, 2001). Além disto, devem ser consideradas as condições de recebi-
mento e comercialização que dependem do estudo de viabilidade econômica
do processo de reciclagem.
O primeiro fator refere-se à capacidade da região ou município de
alimentar um processo de reciclagem de acordo com o volume de resíduos
produzidos pela indústria da construção local, aqual deverá alimentar os agen-
tes recicladores com matéria-prima. Em outras palavras a capacidade local de
ofertar resíduos de qualidade não implica estímulo à geração de resíduo, mas
apenas, o diagnóstico do volume de resíduo gerado para estudo de viabilidade
de instalaçãode umprocesso de reciclagem.
Osegundo fatordiz respeito àsdificuldadesdaregião oudomunicípio
de produzir agregados naturais como a areia, o cascalho e abrita. Esta dificul-
dadetendeaestimularabusca de alternativas.Adificuldadede acesso ajazidas
naturaispode justificar investimentos em tecnologia de reciclagem.
O terceiro fator está diretamente ligado à conscientização da socie-
dade sobreaimportânciae asvantagensdareciclagem.Oestudode viabilidade
econômica para consolidação de um sistema de reciclagem deve considerar
fatores relacionados a condições de recebimento dos resíduos e aspectos da
comercialização, entre eles:
Localização das áreas legalizadas, visto que asdistâncias interferem
no custo do transporte, que por sua vez influencia no custo do
agregado;
Quantidades a serem recebidas pelas áreas de recebimento (o que
depende da localização dessas áreas namalhaurbana);
Origens dos resíduos (que requer sistema de controle e fiscalização
que deve ser compartilhado com o município);
A qualidade dos resíduos (que depende do gerador e a implantação
de projetos de gestão de resíduos nos canteiros de obras, assim
como de técnicas de demolição que assegurem a qualidade do re-
síduo);
Qualidadedo acondicionamento e transporte do resíduo;
Disponibilidade dematéria-primanatural, qualidade e preços;
Qualidade, quantidadee custodeproduçãodosagregados reciclados.
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
16 04 Preparação para o PGRSC
Com base nos conceitos e princípios apresentados neste manual,
serão identificadas as etapas a serem cumpridas no processo de elaboração e
implantação do Plano de Gestão de Resíduos Sólidos de Construção (PGRSC)
por empresas construtoras e/ou por responsáveis por canteiros de obras.
Paraque seobtenhasucesso noprocesso deelaboraçãoe implantação
do PGRSC é importante que a empresa se prepare. Esta preparação envolve
a conscientização e o comprometimento da mais alta hierarquia da empresa,
o conhecimento da legislação federal, estadual e municipal referente à gestão
de resíduos da construção e a definição de um grupo de coordenação do seu
processo de elaboração e implantação.
4.1 Conscientização da mais alta hierarquia da empresa
Oprimeiro passoparaaelaboraçãoe implantaçãodo PGRSCé consci-
entização da mais alta hierarquia da empresa da sua importância e benefícios
para o seu capital reputacional. Esta conscientização naturalmente levará ao
comprometimento com arealização de umprocesso eficiente e Plano.
Apresença desta altahierarquia, por exemplo, naapresentação da in-
tenção de elaborar e implantar o PGRSC, e no momento de apresentar o plano
já elaborado para os profissionais que irão implantá-lo, fortalece o processo e
assegura os resultados positivos esperados. A sua participação e de seus re-
presentantes nos momentos-chave do processo de elaboração e implantação
demonstra o comprometimento da empresa e suas expectativas com relação
aos resultados. Desta forma, os colaboradores que estarão no canteiro com a
responsabilidade de realizar as ações necessárias poderão ser mais facilmente
envolvidos e conscientizados sobre suas responsabilidades.
A conscientização da alta hierarquia pode ser feita a partir de um de
seus integrantes, ou a partir de um participante da empresa ou externo a ela,
que lhe apresente os conceitos contidos neste Manual, os impactos causados
no meio ambiente pela gestão inadequada dos a legislação perti-
nente e asdiretrizes para aelaboração de umPGRSC.
4.2 Conhecimento da legislação sobre o tema
Agestão ambiental brasileira está em processo de aprovação de uma
política federalparaaquestãodos resíduos sólidos quepropõe umaabordagem
geral e estruturada. Em setembro de 2007 foi apresentada pelo Governo Fe-
deral aproposta daPolíticaNacional deResíduos Sólidos e PolíticaNacional de
Saneamento Básico, que tramitam no Congresso. A proposta dessas políticas,
entre outros objetivos, visaapotencializarareciclagem e o controle de geração
de resíduos e incluimecanismos que interferemno mercado, como autilização
de instrumentos econômicos no gerenciamento de resíduos sólidos.
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
17
Dentre os instrumentos legais que tentamproteger os espaços urba-
nos dos impactos causados pelos resíduos sólidos, podem ser citados o Esta-
tutodaCidade, aAgenda 21 dasCidades, aAgenda 21 dos Recursos Naturais e
os códigos de obras e aResolução 307 do Conama.
O Estatuto da Cidade, em sua sexta diretriz, determina e
controle do uso do solo, de formaaevitar (entre outras) apoluição e adegrada-
ção (Lein. 10257,de10de julhode 2001:34), o que significaquealei
visa amediar conflitos entre usos e ocupações incompatíveis nacidade.
Entre as estratégias definidas pela agenda 21 das Cidades Susten-
táveis há a preocupação de mudanças nos padrões de produção e
de consumo da cidade, reduzindo custos e desperdícios e fomentando o de-
senvolvimento de tecnologias urbanas (Agenda 21 das Cidades:
15) implicando na redução e desperdícios de matérias-primas, assim como, na
gestão adequada de resíduos.
A Agenda 21 de Gestão de Recursos Naturais enfatiza, entre outras
ações, aproteção do uso do solo tanto naextração de matérias-primas da cons-
trução, quanto nadisposição de tóxicos e poluentes em sua superfície.
Aquestão temsido tratada,no contexto do setor produtivo, no sentido
de levar as empresas construtoras a considerarem o impacto causado pelos re-
síduos sólidos produzidos durante a obra por meio do Programa Brasileiro da
Qualidade e Produtividade no Habitat, de 03/12/99 (PBQP-H). O PBQP-H foi
lançadoem1990,peloGovernoFederal, visandoaapoiaro esforço industrialna
promoção qualidade e produtividade, permitindo a redução de desperdícios e
custos na execução de obras e aumentando a competitividade. O programa foi
adotado pela Caixa Econômica como requisito para liberação de financiamen-
tos nos Estadosque aderiremao programa.
OPBQP-Hdefiniuquatroníveisdequalidadetécnica(A,B,CeD)aserem
seguidospelasempresasde acordo com cronogramasacordados localmente.
Paraasempresasque estiveremaplicando o nívelAoPBQP-Hincluiu
em suas diretrizes: do impacto no meio ambiente dos resíduos
sólidos e líquidos produzidos pela obra (entulhos, esgotos, águas servidas).
Exige que se defina umdestino adequado aos como parte do Plano
deQualidadeaser elaborado pelas construtoras.No entanto, a faltade áreasde
disposição faz todo o processo parecer abstrato, pois, qual a razão de separar
resíduos no canteiro se não hááreasespecíficas para recebê-los, tampouco um
sistema que propicie seu processamento para futurasutilizações?
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), após discutir o
problema dos Resíduos Sólidos da Construção Civil, na sua Câmara Técnica
Especializada de Controle Ambiental, emitiu aResolução 307, em 05 de junho
de 2002. AResolução visa, principalmente, a organizar o problema referente à
disposição dos RSCD. Seuprincipal instrumento, o PIGSC (Plano Integrado de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos), incorpora o Plano Municipal de Geren-
ciamento de Resíduos Sólidos da Construção (PMRSC) e o Projeto de Geren-
ciamento de Resíduos Sólidos (PGRS).
O primeiro visa a definir locais específicos para disposição dos re-
síduos com potencial para reciclagem e para os resíduos perigosos; sua elabo-
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
18
ração e implantação são responsabilidade do Município.
O segundo deve ser elaborado pelos geradores de resíduos (empre-
sas construtoras de pequeno, médio e grande porte, ou os responsáveis por
canteiros de obras, como engenheiros ou arquitetos), estabelece responsabili-
dades como segregação, quantificação, acondicionamento, coleta, transporte e
adestinação; deve ser aprovado de acordo com o PlanoMunicipal.
Umavez que aempresa tenha tomado adecisão de elaborar e implan-
tar um PGRSC é importante que se faça o levantamento das legislações perti-
nentes que complementam as legislações federais, tanto na esfera municipal,
quanto naestadual.
4.3 Definição de um grupo de coordenação
Para a elaboração e implantação do PGRSC a empresa deve definir
um grupo de trabalho e uma coordenação da Gestão de Resíduos Sólidos na
Empresa. Conseqüentemente deverá identificar uma equipe operacional que
auxiliará ao longo de todo o processo. Cabe à coordenação identificar as res-
ponsabilidades e os papéis para cadamembro do grupo.
Os profissionais que farão parte da coordenação e do grupo opera-
cional devem acreditar e se comprometer com a sua implantação. A empresa
deverá definir as responsabilidades com relação à elaboração e coordenação
do PGRSC e deverá envolver gestores de obras, os responsáveis pela obra, os
responsáveis por serviços, ou seja, engenheiros, mestres e encarregados. A
participaçãonaelaboração do PGRSCdaequipe que deverá implantá-loé indis-
pensável para o sucesso de sua implantação.
Este grupo terá como responsabilidade a elaboração do PGRSC que
engloba umPlanode Redução daGeração de Resíduos, umPlano deReutiliza-
ção de Resíduos e umPlanode Gestão de Resíduos nos Canteiros deObras.
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
05Plano de redução de resíduos 19
O Plano de redução de resíduos deve considerar todas as fases do
processo de produção de umedifício ou obra de infra-estrutura.
Todos os participantesdo processo (planejamento, projeto, execução)
devem estar conscientes de suas responsabilidades na redução da geração de
resíduos.
5.1 Planejamento
Nesta fase deve ser considerada a qualidade do processo como um
todo desde os projetos até sua construção. A qualidade do projeto e da cons-
trução estádiretamente ligadaàqualidadedacoordenaçãodasequipes, quede-
veráse certificardeque o fluxode informação sejaeficiente (tempoe qualidade
de informação técnica) para integraraequipe de projetistas e responsáveispelo
processo construtivo.
No momento do planejamento para a escolha da tecnologia a ser uti-
lizada, deverá se buscar a menor geração de resíduos, meio da aplicação de
critériosnorteadores como racionalização padronização e otimização. Informa-
ções sobre o ciclo de vida dosmateriais a serem empregados nasdiversas tec-
nologias, desde a extração damatéria-primaaté o seu potencial de reciclagem,
concluida asua vidaútil, devem ser consideradas. Materiaisque permitam sua
reciclagem, finda asua vida útil, devempriorizados.
Acapacidade dos colaboradores no canteiro de usar atecnologia pro-
posta deve ser considerada, visto que a qualidade dos serviços oferecidos por
esses colaboradores pode potencializar ouminimizarageração de resíduos em
canteiros de obras
No planejamento, decisões importantes podem ser tomadas como,
por exemplo, quando o incorporador opta por deixar o acabamento de seus
produtos (apartamentos, salas comerciais e outros) a escolha de seu cliente.
Taldecisão evita desnecessárias e desperdício demateriais,que
acabaramde ser aplicados e são retiradosparaatender e necessidades
específicas.
5.2 Projeto
Há dois tipos de projeto a serem considerados: do produto e da
produção. Quanto ao projeto do produto, que engloba projetos de arquitetura,
instalações, estruturae especiais, ressalta-seanecessidadedeaplicarprincípios
de padronização e racionalização, devendo-se dar preferência à utilização de
componentes padronizados e semi ou pré-fabricados. Os projetos deverão ser
detalhados e compatibilizados entre si em todas as suas fases, visando aasse-
gurar a qualidade e a racionalização do processo, tentando eliminar as casuali-
dades das decisões no canteiro de obra. Como exemplo têm-se os projetos de
alvenaria, projetos de revestimento, projetos de contra pisos e lajes, etc.
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
20
Para o projeto da produção, são essenciais as questões como recebi-
mento de material, incluindo forma de empacotamento e armazenamento no
canteiro, transporte (vertical e horizontal) e fluxo de materiaisno canteiro.
O arquiteto e os engenheiros projetistas têmumagrande responsabi-
lidade ao conceber e desenvolver projetos. As tipologias de edificações carac-
terizadas por formasmais compactas, a flexibilidade do projeto, autilização de
pré-fabricados de fácil montagem e desmontagem, com dimensões padroniza-
das (que permitamasua reutilização no futuro), e o uso de materiais e compo-
nentes certificados e/ou produzidos apartir de resíduos reciclados podem ser
apontadas como boas alternativas.
Quantoàflexibilidadedos projetos, ressalta-sequeestainfluenciaráde
fato o aproveitamento futuro da edificação e de suas partes, já que, freqüente-
mente, o usuário quer ampliarmelhorar ou atémesmo personificar a sua edifi-
cação, visando aalcançarmaior nível de satisfação. Desta forma, é preferível a
utilização deumsistema construtivo que permitaampliações e outrasmodifica-
ções (planejadasanteriormente, em fasedo projeto), em vezde soluções fecha-
das sem possibilidade de futuras intervenções ou, quando a única alternativa
para a intervenção é ademolição.
5.3 Construção
Nesta fase é importante proceder ao controle da qualidade dos diver-
sos serviços. Controle da padronização, do uso adequado de equipamentos
para execução dos serviços, da utilização de colaboradores capacitados para
cada serviço, da gestão adequada dosmateriais no canteiro para que os crono-
gramassejamcumpridos, dentre outros, são fundamentaisparaqueaexecução
seja realizada com qualidade, visando à otimização do produto final, que é a
edificação.
Duranteaconstruçãoaqualidadedaexecução dos trabalhosassegura
aminimização de perdas e adurabilidade da edificação. Essas perdas serão in-
corporadas ao edifício (por exemplo, espessuras muito grandes de argamassa
de revestimento), ou então serão visíveisnaformade resíduos, ou entulhos.Os
resíduos produzidos durante a fase de construção resultamdas perdas do pro-
cesso construtivo em suas etapas diversas, como planejamento, projeto, mate-
riais, etc. Aescolha adequadade tecnologias é fundamentalno processo, jáque
influenciará nageraçãomaior ou menorde perdas. Desta forma, por exemplo,
pode-se citar que o uso de elementos pré-fabricados geramenor porcentagem
de perdas que o uso do bloco cerâmico em alvenarias sem estudo de modula-
ção.
Umoutro exemplo é apráticade embutimentode instalaçõesnaalve-
naria após a execução do emboço, pormeio de corte, que sem planejamento e
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
21
projeto prévios propiciamaior geração de perdas.
apassagemde instalaçõesno interiorde blocos projetadosespecial-
mente para este fim, oumesmo, o projeto detalhadode alvenaria, onde se pode
projetar o trecho que será cortado diferentemente dos demais, proporcionará
minimização das perdas. Visando à racionalização e àminimização de perdas
e, conseqüentemente, à geração de resíduos no canteiro de obras, há neces-
sidade de monitoramento e gerenciamento logístico, incluindo procedimentos
formalizados para o controle da qualidade na entrega, no armazenamento, no
transporte e naaplicação do materialno canteiro.
Todo e qualquertrabalhoemumadeterminadaempresaobjetivandoa
melhoria daqualidade e asdiminuições de perdas deve ser levado em conjunto
com programas de qualidade. Estes programas naprática são implantados por
meio da contratação de consultores, especialistas na área, os quais traçam pla-
nos e medidas a serem tomadas para a redução de perdas no canteiro. Em
geral, é realizado apartir de um diagnóstico dos focos de geração de resíduos
no canteiro de obra e da identificaçãode suas causas: esta fase é compreendida
como uma espécie de diagnóstico da qualidade no canteiro, visando amapear
os focos de resíduos e a identificação das suas causas.
O diagnóstico das perdas no canteiro de obras permite à empresa
estabelecer indicadores que, ao longo do seu processo de produção, poderão
subsidiar decisões para aescolha damelhor tecnologia, buscando minimizar a
geração de resíduo. Após o diagnóstico e a identificação dos focos de perdas
no canteiro, deve-se elaborarum plano paraasmedidas corretivas aserem im-
plantadas pela empresa visando à melhoria do processo e à minimização das
perdas.
5.4 Manutenção
Aredução de resíduos nesta fase está diretamente ligada à qualidade
da construção e da manutenção da edificação. Uma edificação deve ser pro-
jetada e construída com base em princípios de qualidade e desempenho ade-
quados, proporcionando aminimização de defeitos e a redução de gastos com
amanutenção. O uso de materiais e componentes que aumentemavidaútil da
edificação e de suaspartesdeve ser levadoemconta,o queacarretaráumgasto
menor ao longo de sua vidaútil.
Há dois tipos de manutenção, a preventiva e a corretiva, que evitam
desgastes prematuros e preservam a vida útil da edificação. Um instrumento
indispensável, que norteia as ações relevantes à manutenção, é o manual do
usuário, o qualdeve ser entregue junto com aedificação.
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
22
Estemanualpreferencialmente deve focar em:
Critérios e diretrizes de uso, operação e manutenção;
Datasdevistoriase troca/manutençãodemateriaise/ou equipamen-
tos;
Critérios de uso de equipamentos;
Diretrizesparatreinamentodeusuáriosemposiçãodegerência.Este
último ponto é particularmente relevante para gestores públicos.
Amanutenção aumenta, portanto, a vida útil da edificação e depende
da conscientização por parte dos usuários (proprietários, ou não) sobre a res-
ponsabilidadede cuidardaedificação visandoaoprolongamentode suadurabi-
lidade. Quando é finda avidaútil totaldo edifício, ocorre ademolição.
A demolição gera resíduos em grandes quantidades e a qualidade
desses influencia a qualidade da reciclagem. A qualidade dos resíduos da de-
molição dependedatecnologiautilizadanaconstruçãodaedificação, aqualper-
mite que componentes e materiais sejam reutilizados quando demolidos e na
tecnologia de demolição, que deve se fundamentar nos princípios da primeira.
Esta última assume procedimentos que assegurem que edifícios sejam des-
montados, e não simplesmente
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
06Plano de Reutilização 23
O Plano de Reutilização deve ser implantado com responsabilidade e
controle da qualidade da aplicação dos resíduos por parte das empresas cons-
trutoras.
Emprimeiro lugar, devem-se identificaros resíduospassíveisde reuti-
lização desde que o controle de qualidade seja mantido. Podem ser citados al-
gunsexemplosnasfasesde construção, como autilizaçãode sobrasdemadeira
provenientes da construção de formas em equipamentos de armazenamento e
transportedemateriaisnaobra, como palets,ou,ainda,restosdeblocos cerâmi-
cos, ou de concreto, parauso em encasque ou enchimento de contrapisos.
A especificação de materiais que possam ser utilizadosmais de uma
vez ao longo do processo construtivo tambémdeve ser incentivada como, por
exemplo, escoramentometálico, formasmetálicas, entre outros, que têmmaior
durabilidade do que aqueles em madeira. Um fluxo de reutilização de materi-
ais pode ser desenvolvido pela empresa visando a facilitar a identificação dos
materiaispassíveis de reutilização, tendo sempre como referência o critério da
aplicação com qualidade.
Apesar do esforço empreendido por muitas construtoras para a mi-
nimização de perdas, e do uso de materiais passíveis de reutilização, pode-se
afirmar que sempre há a geração de resíduo. Mesmo que a empresa tenha
implantadoumsistema da qualidade e que tenhaumaotimização nos seus pro-
cessos, ainda haverá resíduo no canteiro, sendo necessário o estabelecimento
de planos para sua reutilização e/ou fortalecimento de sua reciclagem.
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
24 07 Plano de gestão de resíduos sólidosnos canteiros de obras
A introdução de um processo de reciclagem faz parte de um plane-
jamento maior que envolve o setor produtivo e o setor público. Cabe ao setor
público estabelecer o modelo a ser implantado, e ao produtivo cumprir com a
sua responsabilidade de acordo com as regras estabelecidas por essemodelo.
Umprocesso de reciclagem depende de diferentes fatores, incluindo
aqualidadedo resíduo, aqualdepende, por suavez, de umaadequada segrega-
ção na fonte de sua geração. Envolve, portanto, um canteiro preparado, enge-
nheiros, encarregados e colaboradores conscientes de suas responsabilidades,
e procedimentos que norteiem o processo de segregação dos resíduos, inclu-
indo suaquantificação, armazenamentoe correta destinação.
7.1 Preparação do canteiro de obras
O canteiro de obras deve ser planejado visando a atender às necessi-
dades de se estabelecer umsistema de gestão de resíduos, incluindo:
Áreas para armazenamento dos diferentes resíduos;
Áreas para disposição dos resíduos no canteiro até coleta e trans-
porte;
Contâineres para armazenamentoe acondicionamentodos resíduos,
adequadamente instalados e sinalizados;
Instalação de filtros paraaáguada lavagemdabetoneira.
O projeto inclui croquis com detalhamento de depósitos temporários
para resíduos, fluxo do transportedo resíduo no canteiro, descrição do armaze-
namento e coleta adequados, incluindo equipamentos necessários.
Éimportante que se tenhaumaboa identificaçãovisualdasáreas des-
tinadasao armazenamento dos diferentes resíduos no canteiro.
a) Áreas para depósito temporário
Os depósitos temporários são espaços onde são colocados contâi-
neres (improvisados naprópria obra, ou adquiridos nomercado), destinados a
receberem o resíduo temporariamente, no final de serviços, ou no final do dia.
Uma vez ali depositados, os resíduos são encaminhados para armazenamento
em local adequado na obra, até que se tenha um volume que justifique coleta
por empresas coletoras, as quais o transportarão ao seu destino final, ou para
reutilização.
Em cada pavimento, ou em locais que se façam necessários, devem
ser colocados depósitos temporários para os resíduos que tendem a ser de
pequeno volume, como, por exemplo, resíduos de instalaçõeselétricas e hi-
dráulicas, gesso acartonado, papelão, entre outros. A partir de certo volume
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
25
o resíduo é encaminhado para ser coletado e receber sua destinação final. Os
resíduos que tendem a ser gerados em maior volume, como por exemplo, os
de classe A (restos de cerâmica, argamassa, blocos, concreto, etc.), devem ser
encaminhados ao armazenamentono final do período emque foi gerado.
Emfunçãodo volumede resíduo gerado, dependendo da fase da obra
e da tecnologia empregada, devem-se dimensionar áreas ou baias apropriadas
acada situação.
IGURA
b) Filtro para água da betoneira
Para minimizar o impacto da água oriunda da lavagem da betoneira
no solo, ou na rede de esgoto, sugere-se ainstalaçãodeumfiltro de decantação
de simples construção. O filtro constitui-se de umburaco em torno de 1,50ma
1,70mde profundidade, com umacamadade brita de 50 cm a70 cm no fundo.
Na boca do buraco pode ser colocada uma peneira para coar a água antes de
ser colocada no filtro.
A limpeza do filtro deve ser feita periodicamente e os seus resíduos
são depositados em conjunto com os resíduos classe A, pois são resíduos de
cimento.
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
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IGURA
IGURA
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
27
c) Fluxo dos resíduos no canteiro
Os resíduos são transportados até depósitos temporários e até contâi-
neres ou baias de armazenamento para coleta e/ou reutilização. É necessário
certificar-se quanto àdisponibilidade de carrinhos e caminhos adequados para
circulação dentro do canteiro de obras, já previstos na fase de planejamento e
gestão do canteiro.
Na definição do fluxo dos resíduos no canteiro devem-se evitar trans-
tornos e interferências no desenvolvimento da obra, particularmente em can-
teiros com áreas reduzidas.
d) Áreas de armazenamento dos resíduos
Os resíduos devem ser armazenados no canteiro até serem coletados
por empresas coletoras e/ou agentes recicladores. Para as áreas de armaze-
namento devem ser considerados os acessos para coleta, principalmente dos
resíduos gerados emmaior volume. Os resíduos classe A, e os resíduos classe
B, como madeiras e metais (principalmente em obras que não utilizam estru-
tura pré-cortada e montadas), são os resíduos que tendem a ocupar mais es-
paço naobra.
Essasáreasde armazenamentodevemser instaladas com apreocupa-
ção de evitar o acúmulo de água, não ser de fácil acesso às pessoas externas e
permitir aquantificação adequada dos resíduos que serão coletados.
IGURA
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IGURA
IGURA
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IGURA
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e) Áreas para coleta dos resíduos
A coleta deve ser feita a partir do momento que os contâineres de
armazenamento estiverem preenchidos, e poderá ser realizada por empresas
coletoras e/ou agentes recicladores.
É importante ressaltar que o acesso às áreas para coleta deve estar
localizado em locais estratégicos que não perturbe o andamento da obra.
7.2 Preparação dos trabalhadores no canteiro de obra
Esta etapa inclui a sensibilização e conscientização dos colaboradores
que estão executando as ações definidas no PGRSC.A sensibilização dos cola-
boradores do canteirode obra é o segundo passoparaaimplantaçãodo PGRSC
elaborado pela empresa construtora.
A sensibilização deve acontecer em dois momentos distintos: o
primeiro, naapresentaçãodo PGRSCno canteiroaser implantado; e o segundo
momento, ao longo da construção até asua finalização.
7.2.1 Apresentação do PGRSC no canteiro de obra
Aapresentaçãodo PGRSCno canteiro de obra deve envolver todos os
níveis hierárquicos da empresa, e deve ser feita em cada obra com aparticipa-
ção de todos, desde a alta administração, ou os seus representantes (que são
reconhecidos como representantes da alta hierarquia pelos colaboradores), e
todos os colaboradores, incluindo encarregados, pedreiros, pintores, eletricis-
tas, serventes, entre outros.
Para a apresentação do PGRSC sugere-se que os colaboradores de-
vamser preparados para receber o novo conteúdo. Háváriasmaneiras de fazer
a introdução deste novo conteúdo, entre outros:
Mostrar umvídeo no tema;
Contar (ou ler) umahistória;
Usar umteatro de fantoches;
Umapalestra com PowerPoint;
Umapalestra com cartazes;
Apenasumapalestra;
Exposição de cartazes com umaabertura especial, como umcafé da
manhã especial, ou lanche da tarde;
Realização de uma oficina, que permita apresentar o conteúdo e es-
timule os colaboradores aproduzir cartazes sobre o tema.
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
30
O conteúdo aser introduzido aos trabalhadores pode incluir:
A crise ambiental;
O impacto ambiental dos resíduos sólidos urbanos quando deposita-
dos inadequadamente;
O volume dos resíduos sólidos oriundos de canteiros de obras;
Os impactos causados pelos resíduos sólidos oriundos de canteiros
de obras, conseqüentemente a importância da redução das perdas;
A legislação pertinente;
A responsabilidade de cada um;
Acomposição dos resíduos e o seu potencial para reciclagem;
O que se pode produzir com os agregados produzidos a partir da
reciclagem dos resíduos;
O PGRSCproposto pela empresa.
GESTãO DE RESíDUOS SóLIDOS EM CANTEIROS DE OBRAS
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7.2.2 A conscientização e treinamento dos trabalhadores
Após a apresentação do PGRSC no canteiro de obras, a empresa de-
verá definir uma campanha de conscientização e consolidação do conteúdo in-
troduzido nasensibilização.Campanhasemque háoportunidadesde participa-
ção Têmmaior probabilidade de sucesso.
Abaixo se identificamalgumassugestões paraacampanha de consci-
entização e treinamento:
Criar ummascote para estar presente no material de conscientiza-
ção, com aparticipação dos trabalhadores naescolha;
Elaborar cartazes, contendo as classes dos resíduos segundo a Re-
solução 307do Conamade 05/07/2202;
Distribuição de cartilhas;
Mostra de vídeos (de 3 a5minutos) na hora do almoço, do café da
manhã, ou treinamento de segurança e qualidade;
Propor uma premiação ou um concurso para o(s) trabalhador (es)
quemelhor atuarna implantação do PGRSC;
Propor umconcurso de esculturasproduzidas com resíduos, valori-
zando os resíduos comomaterialutilizável;
Estipular que a renda obtida com avenda dos resíduos segregados
seja usada em benefício dos trabalhadores;
Distribuir camisetas (com o mascote, por exemplo) aos que sobres-
saíremna implantação.
Duranteaconscientizaçãoe o treinamentodeverá serenfatizadaacul-
tura do canteiro limpo, onde aspectos de organização e limpeza influenciam
na qualidade do ambiente, e a importância e responsabilidade de cada um na
minimização de perdas e geração de resíduos. O treinamento com relação à
coleta seletiva deverá deixar claro para os colaboradores, as diferentes classes
dos resíduos (de acordo com a Resolução 307 do Conama) e quais resíduos
pertencem aqual classe.
A campanha de conscientização e o treinamento dos colaboradores
poderão envolver organizações especializadas em educação ambiental, car-
tazes de conscientização, sinalização de disposição dos resíduos nos canteiros,
e principalmente conversas periódicas, que deverão ser mais freqüentes no
início da implantação e, posteriormente, semanais. Énecessário ressaltara im-
portância de fortalecer a auto-estima dos participantes do projeto e a valoriza-
ção do indivíduo, podendo para isto, por exemplo, ser considerado o retorno da
arrecadaçãocom acomercialização dos resíduos e sorteio de camisetasparaos
colaboradores no canteiro de obras.
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32
7.3 Os procedimentos do PGRSC
No Plano de Gestão de Resíduos Sólidos no Canteiro de Obra devem
estar definidos procedimentos com relação às responsabilidades referentes à
segregação, limpeza, transporte interno, quantificação doresíduo gerado, ar-
mazenamento, transporte e destinação final dos resíduos.
a) Responsabilidade
As responsabilidades com relação a cada atividade referente à gestão
dos resíduos no canteiro de obra, devem estar claramente compreendidas e
aceitasentre os colaboradores como: aseparaçãodo resíduo após cada serviço,
o armazenamento, o acompanhamento da coleta, a quantificação, o registro da
quantificação e aemissão de relatórios.
Com relação à segregação, os projetos pilotos demonstram mais re-
sultados quando se assume o princípio de gera o resíduo é responsável
pela sua separação, limpeza e armazenamento (temporário ou para
Pode-se também considerar que quem gera separa, mas quem limpa é uma
equipe de limpeza específica, ficando a critério da empresa a definição da res-
ponsabilidade. Esta questão envolve, particularmente, os terceirizados, cujo
compromisso com a gestão dos seus resíduos deve estar registrado em cláu-
sulas contratuais.
b) Segregação dos resíduos
Os resíduos devem ser segregados na sua fonte de geração, ao tér-
mino de umdia de trabalho ou ao término de um serviço, visando aassegurar
a qualidade do resíduo e potencializar a sua reciclagem. O objetivo é segregar
os resíduos de acordo com a classificação da Resolução 307, separando-os na
classe A, B, C e D em depósitos distintos para futurautilização no canteiro, ou
fora dele.
A segregação assegura a qualidade do resíduo, garantindo assim a
qualidade de seu processamento e futura aplicação como agregado reciclado.
Enfatiza-se, novamente, a importância de se assegurar o comprometimento de
terceirizados com acorreta segregação dos resíduos em cláusulas contratuais.
Énecessário enfatizar a importância de sinalizar sistematicamente os
locais, contâineres e baias de disposição e armazenamento de cada resíduo no
canteiro, para facilitaramemorização, pelos colaboradores, dos resíduose suas
respectivas classes, formas de armazenamento e destinações.
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IGURA
c) Armazenamento temporário dos resíduos segregados
O resíduo deve ser encaminhado para depósito temporário ou arma-
zenamento para coleta (dependendo do resíduo e do serviço em execução),
no momento de sua geração, ou ao finalizar a tarefa do dia, ou ao finalizar um
serviço.
O armazenamento temporário refere-se aos resíduos gerados em
menorvolumee quepodemficar emcontâineres emposições estratégicaspara
posterior encaminhamento àqueles de coleta, ou área de coleta definitivos, ou
seja, quando são retirados do canteiro.
d) Identificação e Quantificação
Todo o resíduo gerado na obra deve ser identificado e quantificado,
de acordo com o tipo de depósito, baia ou container, que serão separados em
classes A,B, C e D. Aquantificação deve ser registrada em relatóriosmensais,
permitindo à empresa estabelecer controle e parâmetros da quantidade e tipo
de resíduo gerado. Estes dados mais tarde poderão ser cruzados como, por
exemplo, com adescrição datecnologia utilizadae permitir comparações entre
diferentes processos construtivos. Os dados tambémpermitemque aempresa
identifique o número de caçambas reduzidas, a partir do momento que há a
coleta seletiva e escoamento dos resíduos recicláveis naporta do canteiro.
e) Transporte Interno
No transporte interno dos resíduos, ou seja, no canteiro de obras,
deve-se considerar o uso de equipamentos que facilitemavida do trabalhador.
Ao final de um serviço, os resíduos deverão ser transportados até a área de
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armazenamento por carrinhos, ou verticalmente por condutores.
O profissional que tem a responsabilidade pelo transporte interno
deve ser definido em cada empresa. Ressalta-se que os testes demonstram
eficiência daaplicação do princípio de quemgera, transporta e armazena.
IGURA
Os tubos para condução vertical dos resíduos, em obras verticais, são
instrumentos eficientes para disposição rápida em contâineres estacionados
estrategicamente para recebê-los, e uma vez cheios deverão ser coletados por
transportadores de entulho.
f) Armazenamento para coleta
Os resíduos deverão ser armazenados de maneira apermitir uma co-
leta rápida e sem conflitos com asatividadesdo canteiro. A coleta que pode vir
a causarmaiores conflitos é aquela referente a dos resíduos classe B,madeira
e metal (este último em obras que não usam estruturas pré-cortadas e monta-
das).
Os resíduos classe B, (papel, papelão,metal e madeira) que provavel-
mente serão vendidosaagentesrecicladores, deverão terumespaçoadequado,
referenteao espaço aser ocupado paraarmazenamento, visto que algunsagen-
tes só coletamacima de umadeterminada quantidade ou volume. Parao arma-
zenamento do papelão é importante que seja feita proteção da chuva, visto que
o resíduo seco é mais facilmente escoado. Como amaioria do papelão gerado
em canteiros de obra é oriunda de embalagens de materiais de revestimento,
nesta etapada obra é mais fácil alocar locais de armazenamento protegidos.
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35
g) Acondicionamento
Os contâineres de armazenamento deverão ser providos de fecha-
mento para evitar entradade insetos, ratos e outros vetores de doença.
Outro aspecto do armazenamento é anecessidade de se ter dispositi-
vos de fechamento (tampa) para evitar a dos princi-
palmente dos resíduos classe A, de maior potencial para reciclagem. Ressalta-
se que a contaminação é ocasionada pela indisciplina de se misturar resíduos,
principalmente, orgânicos, gesso ou materiais perigosos, com resíduos classe
A, o que poderia comprometer aqualidadedo materialprocessado e sua poste-
rior aplicação.
Os resíduos deverão ser adequadamenteacondicionados parao trans-
porte. Éde res-ponsabilidadedo gerador certificarque, ao longo do transporte,
não haverá perda do resíduo nasviasurbanas, sujando ou colocando em r.
h) Transporte e Destinação
O transporte dos resíduos deverá ser feito por empresas coletoras e
ou cooperativas, lembrando que os transportadores também são responsabili-
zados pela destinação e gerenciamento dos resíduos.
O gerador (construtor) deverá assegurar que os resíduos sejam en-
caminhados aáreas destinadas pelo setor público, áreas de processamento, ou
áreas de transbordo, ou aterros de inertes.
O transportador deverá ter documento que especifique a origem e
a destinação do resíduo, em se tratando principalmente de resíduos classe A,
para ser apresentado à fiscalização caso necessário. A empresa ou o respon-
sável pela obra deve arquivarumacópia do documento.
Com relação aos resíduos classe B, estes poderão ser encaminhados
a agentes recicladores por meio de venda, ou por meio de doações (principal-
mente cooperativas e/ou catadores). A venda dos resíduos permitirá que aar-
recadação possa ser retornada aos traba-lhadores, sendo um estímulo amais
para a implantação do projeto, conforme já comentado anteriormente. É ne-
cessário, também neste caso, a empresa, ou o responsável pela obra guardar
umrecibo que declare a correta destinação do resíduo que está sendo retirado
da obra.
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36 08 Monitorando a implantação no canteiro
O processo de monitoramento da qualidade da implantação pode ser
facilitado se aempresa desenvolve umalistade verificaçãode aspectos aserem
observados pela equipe de coordenação. Esta listade verificação tambémpode
auxiliar na elaboração do Procedimento Operacional de Gestão de Resíduos
em Canteiros de Obra, o qual pode ser integrado ao sistema de qualidade da
empresa.
Abaixo se apresenta umaproposta parauma lista de verificação:
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0909 Benefícios e dificuldades 37
Com base nos resultados alcançados no Programa de Gestão de Re-
síduos Sólidos em Canteiros de Obras no Distrito Federal e Goiânia, identifi-
cam-seaseguiralgunsbenefícios ealgumasdificuldadesde implantação deum
Plano deGestão de Resíduos emCanteiros deObras:
a) Benefícios
Melhoria no ambiente de trabalho;
Limpeza e organização do canteiro -Obrasmais limpas;
Pessoal operacionalmais educado;
Redução de acidentes na obra com melhores condições de saúde e
segurança;
Imagempositiva da empresa nomercado;
Menor impacto ambientale social que pode ser capitalizadoemmar-
keting;
Maior empenho dadiretoria em buscarnovas tecnologias;
Menor custo pela redução de desperdício;
Redução de RS depositados em aterros e meio ambiente a
80%;
Redução do número de caçambas 50%;
Subsídio àempresano atendimentoàsNormas14000;PBQP-Hnível
Ae Resolução 307 do Conama.
b) Dificuldades
Afalta de áreas específicas para recebimento dos resíduos classe A;
Espaços reduzidos em canteiros de obras;
Faltade agentes coletores namalhaurbana com capacidadede cole-
tarresíduos classe B;
Faltade preparo de agentes coletores e recicladores;
Faltade incentivos aos agentes coletores, envolvendo capacitação;
Faltade integração de agentes
A não prioridade na agenda dos municípios para a destinação de
áreas e integração de agentes;
A dificuldade em envolver alguns agentes líderes nos canteiros de
obras, sejamengenheiros, mestres e encarregados;
Adificuldade de envolver os trabalhadores terceirizados;
Canteirosmuito grandes tendemaapresentar focos de resíduos
inadequados.
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38 10 Conclusões e recomendações
Os problemas ambientais são responsabilidade dos principais atores
da sociedade: o Estado, a Sociedade e o Mercado, o que requer instrumentos
de gerenciamento dos recursos naturais, implicando umEstado capaz de regu-
lar e regulamentar as questões relacionadas ao meio ambiente com base em
umaestrutura forte, ágil e integrada.
Além disso, para que o Estado possa exercer seu papel, é necessário
enfatizar a participação e conscientização dos agentes envolvidos no processo
de produção daIC,em relaçãoaos papéisaserem efetivamenteexercidos, prin-
cipalmente os geradores (empresas construtoras e geradores demenor porte)
e transportadores locais. A atuação adequada e eficiente de cada agente é im-
prescindível para umagestão integrada.
Asdificuldades de apresentar soluções viáveis e ágeis aumdosmaio-
res desafios da gestão ambiental relacionam-se, portanto a diferentes fatores
e aspectos, entre eles à falta de integração dos agentes relevantes do setor pú-
blico; do setor privado e do setor de pesquisa; à falta de integração dos instru-
mentos de gestão (legais, econômicos e sociais); às complexidades inerentes
ao processo construtivo e ao processo de gestão de resíduos sólidos em geral;
e ànecessidade de fortalecer apesquisa relativa ao tema.
A ineficiência do sistema de fiscalização, acultura vigente -que aceita
resíduos em lotes vazios, beira de córregos, ruas desertas, uso para aterra-
mento, entre outros; a falta de capacitação técnica dos municípios; a falta de
recursos aliadaàculturadosmunicípiosdequeumsistema integradodegestão
de resíduosgeraumaltocusto; afaltadedadosprecisos com relaçãoao volume
gerado; a falta de integração entre os órgãos municipais (responsáveis pelo
meio ambiente, limpeza urbana, planejamento, entre outros) e a cultura eu
falo (característica dos órgãos municipais), torna ainda muito lento
o processo de atendimento à Resolução 307. Enquanto não se atende a essa
norma, o solo urbano continua recebendo as cargas do mau gerenciamento
dos entulhos.
Há necessidade, portanto, de integração, principalmente entre os
atores e agentes públicos e do setor produtivo, objetivando compartilhar a re-
sponsabilidade da gestão dos resíduos sólidos oriundos dos processos cons-
trutivos daCPIC,potencializando o compartilhamento de recursos e ações.
Aos geradores cabe reduzir as perdas e a geração de resíduos por
meio daadoção demétodos construtivosmais racionais; introduzirumsistema
eficiente de gestão de resíduos sólidos durante o processo construtivo; consci-
entizar-sedanecessidadedeutilizarmateriaisreciclados; viabilizarasatividades
de reciclagem, assegurandoaqualidadedos resíduossegregados; e investirem
Pesquisa e Desenvolvimento.
Ao setor público, particularmente nos municípios, cabe elaborar pla-
nos diretores de resíduos sólidos, definindo regras para os principais atores, e
as ações necessárias à gestão de resíduos sólidos, estabelecendo procedimen-
tos de fiscalização e incentivando o adensamento da cadeia de valor dos re-
síduos da construção.
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