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Apostila de introdução à parasitologia

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO VALE DO SÃO FRANCISCO – CESVASF 
 DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA INTRODUÇÃO A 
PARASITOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belém do São Francisco 
2016 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
CAPÍTULO 1 
RELAÇÃO PARASITA-HOSPEDEIRO............................................................................ 
 
CAPÍTULO 2 
EPIDEMIOLOGIA................................................................................................................. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1- RELAÇÃO PARASITA-HOSPEDEIRO 
 
A relação entre organismos é imensa e fundamental para manutenção dos sistemas 
biológicos como os conhecemos, tão importante que podemos afirmar que nenhum ser vivo 
é capaz de sobreviver e/ou reproduzir-se independentemente de outros seres vivos. Das 
possíveis associações entre organismos podemos classificar de maneira direta duas formas: 
Harmônicas ou Positivas (benefícios ou ausência de prejuízos mútuos) e Desarmônicas ou 
Negativas (há prejuízo para algum dos participantes da associação). As associações mais 
corriqueiras são: Competição, Neutralismo, Canibalismo, Predatismo, Parasitismo, 
Comensalismo, Mutualismo e Simbiose. 
Portanto, alguns organismos apresentam uma relação não mutuamente benéfica entre os 
envolvidos, levando-os a prejuízos consideráveis e muitas vezes despercebidos de imediato. 
Esses organismos são os parasitas. 
 
As classificações dos parasitas podem ser as mais diversas possíveis: Ectopoarasitas 
(vivem externamente ao corpo do hospedeiro), Endoparasitas (vivem internamente ao 
hospedeiro), Hemoparasitas (tecido hematopoiético), Holoparasitas e Hemiparasitas 
(extraem seivas de vegetais), Estenoxenos (vivem em vertebrados), Eurixenos (grande 
variedade de hospedeiros possíveis), Facultativos (parasitando ou vida livre), Obrigatórios 
(impossível viver sem a presença de um hospedeiro) e Acidental (vivem em hospedeiro que 
não é o costumeiro). Pode haver uma caracterização em relação aos hospedeiros: Definitivo 
(abrigam os parasitas durante as fases de maturidade e de atividade sexual), Intermediário 
(abrigam durante fase larval ou assexuada) e Paratênico e Transporte (intermediários sem 
desenvolvimento, no entanto, apresentando viabilidade até entrar em contato com 
hospedeiro definitivo). 
 
É possível também classificar os parasitas de acordo com a maneira de coleta de nutrientes 
do hospedeiro: Espoliativa (absorção de nutrientes e sangue do hospedeiro), Enzimática 
(destruição de tecidos do hospedeiro por ação enzimática do parasita), Irritativa (causam 
irritação local sem causar lesões traumáticas), Mecânica (interferência no fluxo alimentar 
ou de absorção de alimentos do hospedeiro), Tóxica (produção de enzimas e/ou metabólitos 
tóxicos ao hospedeiro), Traumática (provocam lesões no hospedeiro) e Anóxia (diminuição 
da taxa de oxigênio pelas hemoglobinas por interferência de parasitas). 
 
 
A entrada do parasita no hospedeiro pode ser através de penetração ativa (o parasita tem a 
capacidade de romper as barreiras do organismo hospedeiro) ou penetração passiva (o 
parasita adentra por intervenção de vetores ou ingestão/penetração por formas infectantes, 
normalmente ovos ou cistos). A transferência para o próximo hospedeiro pode ser por meio 
de: Pele (retirada de sangue por vetores hematófagos), Tecidos (permanecem nos tecidos de 
seres predados) ou Fezes (eliminação de formas infectantes como ovos ou cistos). 
No Brasil, por exemplo, existe uma relação interessante entre pequeno número de doenças 
parasitárias e elevado número de casos dessas doenças. Esse fato levar a crer que problemas 
endêmicos são as principais causas dessas doenças que são refletidos em alguns fatores 
como: Espécie do parasita, Idade média da população acometida pela doença, Estado 
nutricional da população local, Condições sanitárias e Resposta imunológica do hospedeiro. 
Condição de crescimento exacerbado e desordenado das cidades, baixa condição de vida e 
higiene das comunidades, falta de educação aos hábitos e costumes das pessoas além dos 
sistemas ineficientes de abastecimento de água, esgoto, coleta e tratamento dos dejetos, são 
as principais causa de propagação de agente epidemiológico, sejam vetores ou mesmo os 
agente causadores das doenças. 
 
CONCEITOS GERAIS EM PARASITOLOGIA 
 
As primeiras conceituações de parasitismo o caracterizavam como uma relação 
desarmônica, portanto unilateral, onde o parasita obrigatoriamente trazia prejuízos ao 
seu hospedeiro. Como esta definição se mostrou falha, principalmente em razão de nem 
sempre se conseguir demonstrar danos determinantes de sinais e/ou sintomas, no 
hospedeiro, a mesma foi sendo abandonada pela maioria dos profissionais da área e 
substituída por outras mais coerentes com os conceitos mais modernos. 
 
Atualmente, parasitismo é principalmente conceituado como a “relação entre dois 
elementos de espécies (ou grupo e espécie, no caso dos vírus) diferentes onde um destes, 
apresenta uma deficiência metabólica (parasita) que faz com que se associe por período 
significativo a um hospedeiro (hospedador), visando suprir tal carência”. 
 
 
CONCEITOS BÁSICOS UTILIZADOS NA PARASITOLOGIA 
 
Agente etiológico - é o agente causador ou o responsável pela origem da doença. pode ser 
um vírus, bactéria, fungo, protozoário ou um helminto. 
Endemia - quando o número esperado de casos de uma doença é o efetivamente observado 
em uma população em um determinado espaço de tempo. 
 
 
Doença endêmica - aquela cuja incidência permanece constante por vários anos, dando 
uma ideia de equilíbrio entre a população e a doença. 
Epidemia - é a ocorrência, numa região, de casos que ultrapassam a incidência 
normalmente esperada de uma doença. 
Hospedeiro - organismo que serve de habitat para outro que nele se instala encontrando as 
condições de sobrevivência. o hospedeiro pode ou não servir como fonte de alimento para a 
parasita. 
Profilaxia - é o conjunto de medidas que visam a prevenção, erradicação ou controle das 
doenças ou de fatos prejudiciais aos seres vivos. 
 
CAMPO DA PARASITOLOGIA 
 
Sentido amplo (lato senso): Fazem parte, todos os vírus, algumas espécies de: Bactérias, 
Fungos, Protozoários, Platelmintos, Nematelmintos, Artrópodes e de Algas 
microscópicas. 
 
Sentido estrito (estrito senso): Onde por razões convencionais são alocados somente 
algumas espécies de: Protozoários, Helmintos e Artrópodes compreendendo também 
em algumas instituições de ensino o estudo dos Fungos parasitas. 
 
ADAPTAÇÃO PARASITÁRIA 
A perda parcial de um ou mais sistemas metabólicos e da capacidade de utilizar outra 
fonte nutricional no meio ambiente externo, em todo seu ciclo de vida ou em parte dele, 
faz com que o parasita se instale em seu hospedeiro e dependa da sobrevida deste, 
principalmente se tratando dos endoparasitas, em que, caso ocorra morte do hospedador, 
o parasita normalmente também sucumbe. Como estratégia de sobrevivência e 
transmissão, o parasita “busca” reduzir sua capacidade de agressão em relação ao seu 
hospedeiro, o que se dá por seleção natural, no sentido de uma melhor adaptação a 
determinado(s) hospedeiro(s). Neste caso, quanto maior for a agressão, menos adaptado 
é este parasita a espécie que o hospeda, e consequente possibilidade demorte deste, o que 
tende com o passar dos anos à seleção de amostras (cepas) menos virulentas para este 
hospedador. 
ORIGEM DO PARASITISMO E TIPOS DE ADAPTAÇÕES 
 
Como foi dito, os seres vivos na natureza apresentam grande inter-relacionamento, e como 
será mostrado, varia desde a colaboração mútua (simbiose) até o predatismo e canibalismo. 
O parasitismo, seguramente ocorreu quando na evolução de uma destas associações um 
organismo menor se sentiu beneficiado, quer pela proteção, quer pela obtenção de alimento. 
Como conseqüência dessa associação e com o decorrer de milhares de anos houve uma 
evolução para o melhor relacionamento com o hospedeiro. Essa evolução, feita a custa de 
adaptações, tomou o invasor (parasito) mais e mais dependente do outro ser vivo. Essas 
adaptações foram de tal forma acentuadas que podemos afirmar que "a adaptação é a marca 
 
 
do parasitismo". As adaptações são principalmente morfológicas, fisiológicas e biológicas 
e, muitas vezes, com modificações de tal monta que não nos é possível reconhecer os 
ancestrais dos parasitos atuais. 
As principais modificações ou adaptações são as seguintes: 
 
Morfológicas 
 
a) degenerações: representadas por perdas ou atrofia de órgãos locomotores, aparelho 
digestivo etc. Assim, por exemplo, vemos as pulgas, os percevejos, algumas moscas 
parasitas de carneiro (Mellophogus ovinus) que perderam as asas; os Cestoda que não 
apresentam tudo digestivo etc. 
b) hipertrofia: encontradas principalmente nos órgãos de fixação, resistência ou proteção e 
reprodução. Assim, alguns helmintos possuem órgãos de fixação muito fortes, como lábios, 
ventosas, acúleos, bolsa copuladora. Alta capacidade de reprodução, com aumento 
acentuado de ovários, de útero para armazenar ovos, de testículos. Aumento de estruturas 
alimentares de alguns insetos hematófagos para mais facilmente perfurarem a pele e 
armazenarem o sangue ingerido. 
 
Biológicas 
 
a) capacidade reprodutiva: para suplantar as dificuldades de atingir novo hospedeiro e 
escaparem da predação externa, os parasitos são capazes de produzirem grandes 
quantidades de ovos, cistos ou outras formas infectantes; assim fazendo, algumas formas 
conseguirão vencer as barreiras e poderão perpetuar a espécie. 
b) tipos diversos de reprodução: o hermafroditismo, a partenogênese, a poliembrionia 
(reprodução de formas jovens), a esquizogonia etc. representam mecanismos de reprodução 
que permitem ou uma mais fácil fecundação (encontro de machos e fêmeas) ou mais segura 
reprodução da espécie. 
c) capacidade de resistência à agressão do hospedeiro: presença de antiquinase, que é uma 
enzima que neutraliza a ação dos sucos digestivos sobre numerosos helmintos; capacidade 
de resistir à ação de anticorpos ou de macrófagos, capacidade de induzir uma 
imunossupressão etc. 
 
d) tropismos: os diversos tipos de tropismos são capazes de facilitar a propagação, 
reprodução ou sobrevivência de determinada espécie de parasito. Os tropismos mais 
importante são: geotropismo (abrigar-se na terra - diz-se neste caso que é positivo, e 
abrigar-se acima da superfície da terra - diz-se neste caso que é geotropismo negativo), 
termotropismo, quimiotropismo, heliotropismo etc. 
HABITAT PARASITÁRIO 
 
Tal como acontece com os seres de vida livre, que têm um habitat definido em 
determinada área geográfica estudada, a localização de um parasita em seu hospedeiro não 
se dá ao acaso, mas sim é consequência de uma adequação parasitária a determinado 
segmento anatômico que passa a ser assim o seu ecossistema interno, em decorrência 
sofre as consequência das ações naturais de resistência de seu hospedeiro. Podemos por 
 
 
assim dizer que o “habitat” parasitário é o local mais provável de encontro de determinado 
parasita em seu hospedeiro, sendo que para os helmintos normalmente consideramos, 
quanto não se especifica a fase de desenvolvimento em questão, o habitat da forma adulta. 
 
 
PRINCIPAIS TIPOS DE PARASITISMO 
 
Acidental - Quando o parasita é encontrado em hospedeiro anormal ao esperado. P.e. 
Adulto de Dipylidium caninum parasitando humanos. 
 
Errático - Se o parasita se encontra fora de seu habitat normal. P.e. Adulto de Enterobius 
vermicularis em cavidade vaginal. 
 
Obrigatório - É o tipo básico de parasitismo, onde o parasita é incapaz de sobreviver 
sem seu hospedeiro P.e. A quase totalidade dos parasitas. 
 
Proteliano - Expressa uma forma de parasitismo exclusiva de estágios larvares, sendo o 
estágio adulto de vida livre. P.e. Larvas de moscas produtoras de miíases. 
 
Facultativo - É o caso de algumas espécies que podem ter um ciclo em sua integra de 
vida livre e opcionalmente podem ser encontrados em estado parasitário. P.e. Algumas 
espécies de moscas que normalmente se desenvolvem em materiais orgânicos em 
decomposição no solo (cadáveres ou esterco), podem sob determinadas condições, parasitar 
tecidos em necrose, determinando o estado de miíases necrobiontófagas. 
 
CICLO VITAL (ONTOGÊNICO, BIOLÓGICO OU DE VIDA) DOS 
PARASITAS. 
 
É a sequência das fases que possibilitam o desenvolvimento e transmissão de 
determinado parasita. Quanto ao número de hospedeiros necessários para que o mesmo 
ocorra, podemos ter dois tipos básicos de ciclos: 
Homoxeno (monoxeno): Onde é o bastante um hospedeiro para que o mesmo se complete. 
P.e. Ascaris lumbricoides e Trichomonas vaginalis. 
Heteroxeno: Onde são necessários mais de um hospedeiro para que o ciclo se complete, 
existindo pelo menos uma forma do parasita exclusivo de um tipo de hospedeiro. 
Quando existem dois hospedeiros, é denominado ciclo dixeno (P.e. Gên. Taenia e 
Trypanosoma cruzi); entretanto, quando são necessários mais de dois hospedeiros, de 
ciclo polixeno ( P.e. Gên. Diphyllobothrium). 
ESPECIFICIDADE PARASITÁRIA 
É a capacidade que apresenta o parasita de se adaptar a determinado número de 
hospedeiros, o que geralmente acarreta sua maior ou menor dispersão geográfica. Quando 
 
 
são encontrados um grande número de espécies de hospedeiros parasitadas de forma 
natural, denominamos o parasita de eurixeno (P.e. Toxoplasma gondii), se existe pequeno 
número de espécies tendendo a somente uma, denominamos de estenoxeno (P.e. 
Wuchereria bancrofti). 
 
TIPOS DE HOSPEDEIRO 
 
*Definitivo: Quando o parasita se reproduz neste, de forma sexuada e/ou é encontrado em 
estágio adulto. 
*Intermediário: Se o parasita no hospedeiro só se reproduz de forma assexuada ou se 
encontra exclusivamente sob forma larvar (helmintos). 
Obs.: Se um protozoário não apresenta em seu ciclo reprodução sexuada em nenhum 
dos hospedeiros, estes são conhecidos como hospedeiro vertebrado e invertebrado 
respectivamente. 
Paratênico ou de transporte - Quando no mesmo, não ocorre evolução parasitária, 
porém, o hospedeiro não esta apto a destruir o parasita rapidamente, podendo assim, ocorrer 
posterior transmissão em caso de predação por espécie hospedeira natural. 
Obs. Não é um verdadeiro caso de parasitismo. 
 
Reservatório: É representado pelo (s) hospedeiro (s) vertebrado (s) natural (is) na região 
em questão. 
Obs.: O termo vetor é utilizado como sinônimo de transmissor, representado 
principalmente por um artrópode ou molusco ou mesmo determinado veículo de 
transmissão, como água ou alimentos, que possibilite a transmissão parasitária. Alguns 
autores utilizam o termo vetor biológico quando ocorre no interior deste animal a 
multiplicação e/ou o desenvolvimento de formas do parasita (se constituindo em 
hospedeiro) e vetor mecânico nas situações onde não existem tais condições, transmitindo 
assim o parasita com a mesma forma de desenvolvimento de ciclo que chegouao mesmo, 
não sendo portanto um hospedeiro. 
 
 
INFECÇÃO X INFESTAÇÃO 
Existem dois parâmetros em que se baseia a classificação: localização e dimensão. O 
primeiro sugerido por uma reunião de especialistas da Organização Mundial de Saúde 
(OMS), é o mais utilizado atualmente. 
Localização: 
Infestação: Localização parasitária na superfície externa (ectoparasitas). P.e. Carrapatos e 
piolhos. 
Infecção: Localização interna parasitária (endoparasitas). P.e. Giardia lamblia e 
Schistosoma mansoni. Por esta definição, infecção seria a penetração seguida de 
multiplicação (microrganismo) ou desenvolvimento (helmintos) de determinado agente 
parasitário. 
 
 
CONTAMINAÇÃO 
 
Biológica: É a presença de agentes biológicos no meio ambiente externo, fômites ou na 
superfície externa ou interna sem causar no momento, infecção ou infestação. P.e. Lesão 
cutânea contaminada por bactéria, bolsa de sangue contaminada por Trypanosoma cruzi. 
Não biológica: É a presença de elementos químicos e físicos no meio ambiente ou no 
interior de seres vivos. P.e. Mercúrio nos tecidos de mariscos, radio-isótopos no meio 
ambiente. 
Obs.: Em razão de alguns especialistas por não considerarem os vírus seres vivos e sim 
partículas, é denominada sua presença em determinado ser, não uma infecção mas sim 
contaminação. 
 
AÇÃO DO PARASITA NO ORGANISMO HOSPEDEIRO 
 
Espoliativo: É o determinado por perda de substâncias nutritivas pelo organismo do 
hospedeiro, podendo o mesmo ser acarretado por perda direta de nutrientes (P.e. Gên. 
Taenia), tecidos sólidos ou hematofagismo (P.e. ancilostomídeos). 
 
Ação Mecânica: Algumas espécies podem impedir o fluxo de alimento, bile ou absorção 
alimentar. Assim, o enovelamento de A. lumbricoides dentro de uma alça intestinal, 
obstruindo-a; a G. lamblia, "atapetando" o duodeno etc. 
 
Ação Traumática: É provocada, principalmente, por formas larvárias de helmintos, 
embora vermes adultos e protozoários também sejam capazes de fazê-lo. Assim, a migração 
cutânea e pulmonar pelas larvas de Ancylostomatidae; as lesões hepáticas pela migração da 
E hepatica jovem; as úlceras intestinais provocadas pelos Ancylostomatidae e T. 
trichiura; o rompimento das hemácias pelos Plasmodium etc. Deve-se a presença 
constante do parasito que, sem produzir lesões traumáticas, irrita o local parasitado. Como 
exemplo, temos a ação das ventosas dos Cestoda ou dos lábios dos A. lumbricoides na 
mucosa intestinal. 
 
Enzimático: É determinado pela liberação de secreções enzimáticas produzidas por 
parasitas, que determinam destruição tecidual de extensão variável. P.e. Entamoeba 
histolytica e larvas infectante de ancilostomídeos. 
 
Inflamatório/hipersensibilizante: A maioria dos mecanismos acima leva a uma resposta 
inflamatória de forma indireta ou diretamente por liberação de substâncias que ativam 
esses mecanismos. Incluiremos aqui a hipersensiblidade que se constitui também em 
elemento gerador de resposta inflamatória. P.e. Larvas de helmintos que fazem ciclos 
pulmonares. 
 
Imunodepressor: É determinado por metabólitos liberados pelo parasita ou por outros 
mecanismos que possam reduzir a capacidade de resposta defensiva do hospedeiro. P.e. 
Leishmania donovani 
 
 
 
Neoplásico: Algumas Parasitoses crônicas, através de liberação de metabólitos ou 
reações inflamatórias crônicas ou de sua conseqüência, podem levar a gênese de tumores 
malignos. P.e. Schistosoma haematobium e neoplasia de bexiga. 
Obs.: Quando temos uma resposta do organismo do hospedeiro ao parasitismo, sem que 
ocorra consequente manutenção da homeostase, surgem, em função desse desequilíbrio, o 
que denominamos manifestações clínicas (sinais e/ou sintomas) da parasitose em questão. 
 
PERÍODOS CLÍNICOS 
 
Período de incubação: Consiste no período desde a penetração do parasita no organismo 
até o aparecimento dos primeiros sintomas, podendo ser mais longo que o período pré-
patente, igual ou mais curto. 
 
Período de sintomas: É definido pelo surgimento de sinais e/ou sintomas. 
 
Período de convalescência: Inicia-se logo após ser atingida a maior sintomatologia, 
findando com a cura do hospedeiro. 
 
Período latente: É caracterizado pelo desaparecimento dos sintomas, sendo assintomática e 
finda com o aumento do número de parasitas (período de recaída). 
 
 
CAPÍTULO 2 - Epidemiologia 
 
 
Epidemiologia é a ciência que estuda a distribuição de doenças (características fisiológicas 
e sociais) e seus determinantes (ou fatores de risco) na população humana. O objetivo 
principal é a prevenção das doenças nos mais diversos grupos populacionais, definidos por 
área geográfica, faixa etária, determinação ocupacional entre outras classificações. 
 
Os estudos epidemiológicos podem ser aplicados, refletindo uma função específica. 
Algumas especialidades são: Epidemiologia molecular, Genética, Veterinária, Doenças 
infecciosas e parasitárias, doenças não transmissíveis, Neuroepidemiologia, da Violência, 
Controle da poluição, Aplicada à administração de serviços de saúde e Infecções 
hospitalares. 
 
Nessa disciplina, vamos focar na Epidemiologia de Doenças Infecciosas e Parasitárias, ou 
seja, qualquer doença causada por um agente biológico (seja vírus, bactéria ou parasita), em 
contraste com causa física (consequências ao hospedeiro). 
 
A compreensão da relação Agente – Vetor – Meio Ambiente – Hospedeiro são os principais 
enfoques de estudo da epidemiologia, em especial a relação direta de causa e consequência 
entre Agente e Hospedeiro (Figura 1). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os pontos fundamentais a serem analisados são: 
 
 
Formas de Disseminação 
 
Veículo comum: quando o agente etiológico (causador da doença) pode ser transferido 
por uma única fonte, por exposição única ou continuada; 
 
Interpessoal: é disseminado pelo contato entre indivíduos, podendo ser de diferentes 
maneiras como contatos sanguíneo, sexual, mucosas ou mesmo respiratório; 
 
Porta de entrada: entrada direta pelo trato respiratório, gastrointestinal, cutâneo ou 
geniturinário; 
 
Reservatório de agentes: pode ser dividida quando o homem é o único agente infectado 
(antroponose) ou quando outros animais servem de reservatórios (zoonose). 
 
Dinâmica da doença na população 
 
Endemia: Presença constante da doença em uma parcela da população de determinada área 
geográfica, grupo populacional ou classe social (Figura 2); 
 
Epidemia: Tem como característica elevação progressiva de casos, inesperada e 
descontrolada, ultrapassando os níveis endêmicos conhecidos; 
 
 
 
Pandemia: São epidemias que acontecem em proporções globais, ou pelo menos regiões 
distantes geograficamente. 
 
 
Medidas preventivas 
 
 
Primárias: Intervenção no contágio do indivíduo pelo controle dos fatores de risco, agindo 
preventivamente; 
 
Secundárias: Intervenção clínica sobre os indivíduos já acometidos pelo agente 
patogênico; 
 
Terciárias: Intervenção visando à prevenção da incapacidade do indivíduo, normalmente 
processos de reabilitação, reeducação e readaptação de pacientes com sequelas.

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