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APOSTILA_05_-_NORMATIVIDADE[1]

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Roteiro de aula 
Disciplina Introdução ao Estudo do Direito 
 
1. Normatividade 
 
Todo o corpo social existe regras: na família , no trabalho, na religião, no clube social, 
na escola, na universidade, entre os amigos há espécies de regras de comportamento , 
etc. Afirma Noberto Bobbio: 
“toda nossa vida é repleta de placas indicativas, sendo que umas mandam e outras 
proíbem ter certo comportamento. Muitas destas placas indicativas são constituídas 
por regras de direito.” 
Exemplos mais inusitados: Siga em frente, abra a porta, espere em silêncio, proibida a 
entrada de pessoas estranhas. 
Regras de trato social: Como chegar no horário aprazado; apertar a mão de um amigo, 
etc. 
Regras religiosas: Essas impõe comportamentos comprometidos com uma divindade. 
Regras Morais: As quais refletem na conduta ideal cuja introspecção de cada indivíduo 
determina a sua obediência. O seu descumprimento pode gerar um certo grau de 
reprovabilidade social. 
No entanto, o que convém fixar, é que quando a regra possui imperatividade, 
coercibilidade, capaz de uma vez descumprida ativar uma correlata sanção aplicada 
pelo Estado, estaremos diante de uma norma jurídica. Sobre o estudo de normas 
jurídicas e suas características, classificação, etc. é que teceremos alguns 
comentários adiante. 
 
2. Norma, regra e lei (distinção conceitual) 
 
A doutrina de uma forma geral costuma equiparar o sentido dado às expressões norma 
e regra jurídica. Silvio de Salvo Venosa1, procurando uma distinção não científica 
ponderou que “a norma presta-se mais a um formalismo que a palavra encerra.” 
Segundo esse autor, mais se adapta ao uso do vernáculo dizer que ao tirar o chapéu ao 
ingressar na residência de alguém é uma regra social, expressão que seria mais 
apropriada que norma social. 
Para nós a expressão norma e regra, quando alcançadas no contexto do fenômeno 
jurídico são expressões sinônimas. A diferença reside entre norma jurídica e lei. 
As normas são compreendidas naturalmente dentro de um contexto mais amplo, 
alcançando toda regra de conduta, inclusive, costumeiras e escritas. Quando escritas 
envolvem todos os atos de autoridade, como as leis propriamente ditas e os decretos, 
os regulamentos, etc. 
Na visão de Hugo de Brito Machado2, “a diferença fica bem clara quando se constata 
que a norma é um conceito da Teoria Geral do Direito, ou de lógica jurídica, 
enquanto lei é um conceito do Direito Positivo.” 
Portanto, a palavra norma deve ser empregada para designar uma prescrição jurídica, 
ou seja, que contenha matéria de lei, apta a regular um conduta, seja através de uma 
resolução, portaria, ou mesmo uma lei. Mas quando para regular determinada conduta 
exige-se um procedimento formal previsto na constituição federal, a ser 
rigorosamente obedecido, sob pena de nulidade, estamos diante do conceito de lei em 
sentido estrito ou formal. Evidente que toda norma em sentido material não deixa de 
ser uma norma, porque sugere uma prescrição jurídica, mas somente será lei em 
sentido estrito quando obedecer um procedimento estabelecido como condição “sine 
qua non” a sua regular validade, inclusive, ter necessariamente originado do Poder 
Legislativo, único autorizado pela constituição federal a elaborar as lei de forma típica. 
 
A lei propriamente dita, ou em sentido estrito indica apenas a norma jurídica 
elaborada pelo poder legislativo, através de um procedimento previamente 
estabelecido pela constituição. O estudo desse procedimento será nosso objeto de 
análise pormenorizadamente em linhas adiantes. 
 
 
1 VENOSA, Silvio de Salvo. Introdução ao Estudo do Direito. Primeiras Linhas. 3ª edição, Editora Atlas, 
São Paulo, 2010. Página 72. 
2 MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao Estudo Do Direito. 2ª edição, Editora Atlas, 2004, página 89. 
NORMAS E REGRAS → SÃO EXPRESSÕES SINÔNIMAS, MAS O FORMALISMO DA 
EXPRESSÃO NORMA EM DETRIMENTO DA SIMPLICIDADE DA EXPRESSÃO REGRA PODE 
EVENTUALMENTE SUGERIR ALGUMA DISTINÇÃO. 
 
NORMA E LEI EM SENTIDO AMPLO → QUALQUER PRESCRIÇÃO JURÍDICA APTA A 
REGULAR UMA CONDUTA. 
 
LEI EM SENTIDO ESTRITO → ATO ORIGINÁRIO DO PODER LEGISLATIVO QUE 
ESTABELECE NORMAS DE CONDUTA SOCIAL, CUJA ELABORAÇÃO OBESERVOU UM 
PROCEDIMENTO RIGOROSAMENTE ESTABELECIDO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 
 
3. Estrutura da Norma 
 
Coube a Hans Kelsen3, o estudo da estrutura da norma jurídica no seu Teoria Pura do 
Direito. De acordo com kelsen “em determinadas circunstâncias, um determinado 
sujeito deve observar tal ou qual conduta; se não observa, outro sujeito, órgão ou 
Estado, deve aplicar ao infrator uma sanção.4” 
Dessa formulação extrai-se que a norma jurídica encontra-se assentada em duas 
partes, chamadas de Normas Primárias e Normas Secundárias. A norma primária 
define um dever jurídico ou uma prescrição jurídica, tendo em vista uma determinada 
concretização fática. A norma secundária é aquela que estabelece uma sanção para ser 
aplicada acaso a norma primária não venha a ser observada pelo agente o qual estaria 
destinada o dever jurídico. 
 
 
3Autor considerado principal representante da escola Normativista do Direito, ramificação do 
positivismo jurídico. A sua produção literária alcançou cerca de quatrocentas publicações, inclusive, o 
excelente Teoria Pura do Direito. Esse gênio da literatura mundial foi perseguido pelo nazismo por ser 
judeu e refugiou-se nos Estados Unidos da América. Lecionou na universidade de Berkeley,na 
California. Nasceu em praga (República Tcheca), no dia 11 de outubrode 1881, vindo a falecer em 
Berkeley, 19 de abril de 1973). Pode-se dizer, sem qualquer exagero, que foi um jurista austro-
americano dos mais influentes e notáveis do século XX. 
 
4 Apud NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito, 26ª edição, Editora Forense, Rio de Janeiro, 
2006, página 84. 
Norma Primária → define um dever jurídico. Exemplo: O pai deve prestar alimentos 
aos filhos menores havidos na relação conjugal exaurida. 
Norma Secundária → quando não observado o comando prescritivo da norma 
primária, deve ser aplicada uma sanção correspondente. Exemplo: na relação conjugal 
a qual foi terminada com obrigação de prestação de alimentos para o pai, acaso não 
seja cumprida o mesmo deverá ser submetido a uma penalidade correspondente. 
 
3.1. Quanto a sua hierarquia 
 A hierarquia das normas jurídicas teve nos estudos de Hans Kelsen notável destaque. 
Essa sistematização posta por Kelsen influenciou o mundo ocidental. Lógico que cada 
nação, através de realidades pontuais procurou adaptar essa hierarquia as suas 
respectivas realidades históricas. Em linha de princípio como definiu Kelsen: 
"A ordem jurídica não é um sistema de normas jurídicas ordenadas no 
mesmo plano, situadas umas ao lado das outras, mas é uma 
construção escalonada de diferentes camadas ou níveis de normas 
jurídicas. A sua unidade é produto da conexão de dependência que 
resulta do fato de a validade de uma norma, que foi produzida de 
acordo com outra norma, se apoiar sobre essa outra norma, cuja 
produção, por sua vez, é determinada por outra; e assim por diante, 
até abicar finalmente na norma fundamental - pressuposta. A norma 
fundamental - hipotética, nestes termos - é, portanto, o fundamento 
de validade último que constitui a unidade desta interconexão 
criadora." , como exemplifica a figura abaixo: 
 
 Como mostra a pirâmide, a norma hipotética fundamental é a mais superior dentre o 
ordenamento jurídico, "sendo o fundamento supremo de validade da ordem jurídica 
inteira" (H. KELSEN, 1987)Considerando a hierarquia proposta pela lógica kelsiana, uma vez adaptada à 
realidade brasileira, temos uma configuração da nossa pirâmide hierárquica das 
normas no seguinte desenho: 
 
 
 
Ou ainda assim representada: 
 
 
Constituição 
Federal 
Lei complementar 
Lei Ordinária, Lei delegada, Decreto 
Legislativo, Resolução do Senado 
Federal 
Decreto Regulamentar 
Normas regulamentares em geral (Portarias, 
circulares, ordens de serviços) 
 
 
 
 
Ou ainda: 
 
 
 
 Quanto a hierarquia as normas são classificadas em: 
 
a) Constitucionais: De um modo geral é perfeitamente valida à afirmação de que 
todas as normas que se encontram na constituição são, evidentemente, 
normas constitucionais. Esse critério, todavia, se limita a definir a norma 
constitucional pela mera posição topográfica que a mesma se encontra. É 
preciso notar que não basta apenas a presença da norma inserida no texto 
formal, reconhecido como uma Constituição de um país para a norma ser 
considerada genuinamente uma norma constitucional do ponto de vista 
material. Na verdade, o que a doutrina constitucional costuma demonstrar é 
que há normas constitucionais meramente formais, que por estarem inseridas 
numa constituição escrita são dotadas da força normativa idêntica àquelas que 
além de formalmente integradas no texto político da nação, tratam de matérias 
essenciais à conjuntura estrutural da nação. Portanto, é necessário que se faça 
a seguinte distinção: 
Normas constitucionais meramente formais→São aquelas que não obstante 
tratarem de matérias não afetas a situações fundamentais de uma nação, se 
encontram topograficamente inseridas na constituição, revelando-se, portanto, 
como norma constitucional formal. Cumpre lembrar, que do ponto de vista 
hierárquico essas normas gozam do mesmo status das demais normas 
constitucionais. Exemplo normalmente utilizado pela doutrina, pelo seu radical 
contexto, é a norma do artigo 242, § 2º da CF/88, que estabelece que o Colégio 
Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita 
Federal. 5 
Normas constitucionais materiais → São aquelas que tratam de matérias 
essências da nação, como as que estabelecem o exercício do poder político, a 
forma de estado, a forma de governo, a investidura no poder, a separação dos 
poderes e os direitos e garantias fundamentais, etc. Portanto, o que importa 
para definir-se se uma norma tem caráter constitucional é seu conteúdo. 
 
A esse título convém destacar a excelente passagem extraída da obra de 
Ferdinand lassale, “o que é uma constituição?”: 
 
“ podem os meus ouvintes plantar no seu quintal uma macieira e 
segurar no seu tronco um papel que diga: ‘está árvore é uma 
figueira’ . Bastará esse papel para transformar em figueira o que 
é uma macieira? Não, naturalmente. E embora conseguissem 
que seus criados, vizinhos e conhecidos, por uma razão de 
solidariedade, confirmassem a inscrição existente na árvore de 
 
5 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 14ª edição, atualizada e ampliada, São Paulo, 
editora Saraiva, 2010. Página 66. 
que o pé é plantado era uma figueira, a planta continuaria sendo 
o que realmente é, quando desse fruto, estes destruiriam a 
fábula, produzindo maçãs e não figos.”6 
 
Mas o que convém fixar é que tanto as normas formalmente constitucionais 
como as normas materialmente constitucionais são normas constitucionais, 
haja vista terem sido introduzidas pelo poder soberano no contexto de uma 
carta política, cujo processo legislativo pelo qual foram inseridas, é mais 
dificultoso e solene que em relação ao processo legislativo das demais normas 
do nosso ordenamento jurídico.7 Portanto, as normas constitucionais são 
dotadas de uma hierarquia superior na pirâmide do nosso ordenamento 
jurídico, por que, como dito, tratam de matérias essenciais da nossa sociedade, 
sendo as mais importantes. As demais espécies normativas devem a ela se 
adequar, sob pena de serem declaradas inválidas por um sistema de controle 
de constitucionalidade das leis e, como tal, expurgadas do ordenamento 
jurídico. 
 
Prelecionando sobre a posição hierárquica superior das normas constitucionais 
em relação as infraconstitucionais, Celso Ribeiro Bastos anotou: 
 
“Dizer que existe tutela específica da Constituição significa 
afirmar que a Lei Fundamental se beneficia de um regime jurídico 
diferente. Com efeito, as normas componentes de um 
ordenamento jurídico encontram-se dispostas segundo uma 
hierarquia e formando uma espécie de pirâmide, sendo que a 
Constituição ocupa o ponto mais alto, o ápice da pirâmide legal, 
fazendo com que todas as demais normas que lhe vêm abaixo a 
ela se encontrem subordinadas. Estar juridicamente subordinada 
 
6 Ferdinand Lassale, O que é uma Constiuição, p. 117. Apud: BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito 
Constitucional, 18ª edição, editora Saraiva, São Paulo, 1987. Página 43. 
7 Moderna doutrina, sendo agora fundamentada nas disposições expressas do artigo 5º, §3ª da CF/88, 
admitem, normas constitucionais fora do texto constitucional. De acordo com essa concepção o que se 
torna relevante para uma norma ser considerada constitucional é o seu conteúdo, de modo que o 
conjunto normativo que tratam de matéria afeta a constituição são denominados bloco de 
constitucionalidade. Nesse sentido o teor do artigo 5º,§ 3 da CF/88, segundo o qual “os tratados e 
convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso 
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos, serão equivalentes às emendas constitucionais.” 
implica que uma determinada norma prevalece sobre a inferior 
em qualquer caso em que com ela conflite. A norma superior 
demanda obediência da subordinada, de tal sorte que esta lhe 
deverá dá sempre inteiro cumprimento sob pena de vir a ser 
viciada.” 8 
 
b) Leis Complementares (Quorum do artigo 69 da CF/88): São normas cuja 
aprovação exige quorum de maioria absoluta. Essa peculiar característica às 
tornam diferentes das leis ordinárias na medida em que estas são aprovadas 
por maioria simples. A doutrina costuma apontar outra diferença relevante 
atinente a matéria regulada pela lei complementar. Assim, a lei complementar 
somente seriam aquelas cujo conteúdo disciplinar limita-se a tratar de matérias 
reservadas pela constituição a essa espécie normativa. Na verdade, como 
assevera Ives Gandra da Silva Martins, a lei complementar tem superioridade 
em relação à lei ordinária, mas tem campo próprio de atuação.9 
 
O problema que se apresenta é que tendo a lei complementar delimitação 
específica de matéria a ser tratada pela sua peculiar natureza especial, o que 
fosse pela mesma tratada fora do alcance dessa delimitação constitucional 
especifica, poderia ser equiparada pela lei ordinária. Nesse raciocínio lógico, 
parece que sendo a lei ordinária posterior pode eventualmente revogar uma lei 
complementar com ela incompatível se matéria tratada não estivesse no 
campo delimitado pela constituição como afeta a lei complementar. 
 
Essa doutrina que considera a inexistência de hierarquia entre lei 
complementar e lei ordinária foi severamente criticada entre nós por Hugo de 
Brito Machado, para quem: 
 
 
8 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional, 18ª edição, editora Saraiva, São Paulo, 1987. 
Página 47. 
 
9 Martins, Ives Gandra da Silva. Sistema Tributário na Constituição de 1988. 2ª edição,São 
Paulo, Saraiva, 1990, p 84-85. Apud: MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao Estudo do 
Direito. 2ª edição, 2004, Editora Atlas. Página 118. 
“A doutrina segundo a qual a lei complementar, naquilo em que 
cuida de matérias a ela não reservadas pela constituição, pode ser 
alteradas por lei ordinária amesquinha o principio da segurança 
jurídica, na medida em que o campo das matérias atribuídas pela 
Constituição à lei complementar é impreciso. Abre ensejo a que 
muitas questões sejam suscitadas, por exemplo, a respeito do que 
se deve entender por normas gerais de direito tributário. (...) Não se 
pode dizer que uma, ou outra solução, realiza, ou deixa de realizar, 
o valor justiça. O valor segurança, todavia, é induvidosamente 
melhor preservado pela compreensão segundo a qual a 
superioridade hierárquica da lei complementar é sempre ditada 
pelo elemento formal que a distingue.”10 
 
 Mas o que todos concordam, em última análise, é que a lei complementar são aquelas 
que se inserem entre a norma constitucional e a lei ordinária, cujas matérias afetas a 
sua competência são dotadas, obviamente, de natureza especial, o que lhes confere 
um quorum especial, consoante expressão do artigo 69 da Constituição Federal. Em 
linhas gerais, sobrepõem-se às leis ordinárias, sendo que estas, pela sua posição 
hierárquica inferior, não podem contrariá-las. 
 
c) Leis Ordinárias (quorum do artigo 47 da CF/88): São as leis comuns originarias 
dos órgãos legislativos representativos das funções típicas de criação e 
elaboração das leis respectivas às entidades políticas da Federação. Como são 
ordinárias as matérias por elas tratadas não se subordinam a nenhum quorum 
especial, sendo certo que para a sua aprovação basta a maioria simples da casa 
legislativa, como se depreende da sistemática do artigo 47 da Constituição da 
República. 
d) Leis Delegadas (artigo 68 da CF/88): Pelo nosso sistema normativo é 
plenamente possível que o Chefe do Executivo (Presidente da República) possa, 
através de delegação expressa ao Congresso Nacional, elaborar lei, desde que 
as matérias versadas não compreendam os atos de competência privativa da 
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada a lei 
complementar nem a legislação sobre: 
i. Organização do Poder Judiciário, a carreira e a garantia dos seus membros; 
 
10 MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao Estudo do Direito. 2ª edição, 2004, Editora Atlas. 
Página 120-121. 
ii. Nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; 
iii. Planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamento 
Cumpre lembrar que a lei delegada está no mesmo plano hierárquico das leis 
ordinárias, sendo admissível assim, que uma lei delegada possa revogar uma lei 
ordinária naquilo que lhe for anterior e contrário ao seu comando. Como explica Hugo 
de Brito Machado11, a delegação tem por finalidade dar ao Poder Executivo 
oportunidade para a elaboração de leis de conteúdo mais técnico, cuja elaboração 
demanda auxílio direto dos experts da disciplina versada. Porém, em face da 
autonomia facultada pelas medidas provisórias aos chefes dos executivos, é possível 
afirmar que as leis delegadas existem no Brasil a mais de 40 anos e nunca foram 
utilizadas, salvo no período do parlamentarismo.12 
 
O procedimento se inicia com a solicitação do Presidente da República ao Senado 
Federal acompanhado do projeto de lei e sua respectiva justificativa. Se o Congresso 
entender conveniente e oportuno o pronto atendimento para delegação de lei far-se-á 
por resolução, que deverá especificar o conteúdo e os termos do seu exercício. Pode 
eventualmente, o Congresso Nacional determinar que o projeto de lei delegada seja 
apreciado pela casa legislativa, que ao seu turno o fará em votação única, sendo 
vedada qualquer emenda ao projeto em tela13. 
 
e) Medidas Provisórias: As medidas provisórias são atos normativos 
com força de lei, adotados pelo Presidente da República, exigindo-
se apenas que haja relevância e urgência. Esses atos normativos se 
submetem logo depois de editas (a Constituição diz 
imediatamente) ao controle do Congresso Nacional, que deverá 
convertê-las em lei no prazo máximo de sessenta dias, 
prorrogáveis por igual período, e caso não convertidas em lei 
neste período, perderão a eficácia. Cumpre anotar, que do ponto 
de vista hierárquico se encontram no mesmo plano das leis 
 
11 MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao Estudo do Direito. 2ª edição, 2004, Editora Atlas. 
Página 124. 
 
12 DA SILVA, José Afonso. Comentário Contextual À Constituição. 5ª edição, 04/2008, Malheiros Editores. 
São Paulo, página 460. 
13 Artigo 68, §§ 2º e 3º da CF/88. 
ordinárias. Essas medidas provisórias são as verdadeiras 
substitutas dos antigos decretos-leis da constituição de 1967, cuja 
técnica procedimental facultava-se ao Presidente da República a 
sua edição, e caso o Congresso Nacional não apreciasse a matéria 
nele regulada, convertia-se em lei.14 
Sobreleva notar, todavia, que após a edição da emenda constitucional n.º 32 de 11 de 
setembro de 2011, que acrescentou o § 1º ao artigo 62 da Constituição da República 
de 1988, foram inseridos diversas matérias insuscetíveis de regulamentação por 
medida provisória, por comodidade didática transcrevemos: 
Artigo 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da 
República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, 
devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. 
 
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: 
I – relativa a: 
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e 
direito eleitoral; b) direito penal, processual penal e processual 
civil; 
 
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a 
carreira e a garantia de seus membros; 
 
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e 
créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 
167, § 3º; 
I – que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular 
ou qualquer outro ativo financeiro; 
III – reservada a lei complementar; 
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso 
Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. 
 
 
f) Decretos-legislativos: São normas editadas pelo Congresso Nacional que 
versam sobre competências exclusivas daquela casa legislativas. Em razão de 
ser instrumento normativo de exclusiva alçada do Congresso Nacional não 
estão sujeitas à sanção presidencial. As meterias afetas a sua competência 
 
14
Mas essas não eram as únicas diferenças existentes entre os decretos–leis e a atuais medidas provisórias. Nos 
antigos decretos–leis os requisitos que autorizavam a sua edição eram separados, de modo que bastava a 
relevância ou o interesse público isoladamente considerado para autorizar a edição do decreto-lei. O caso das 
medidas provisórias, estes requisitos somente autorizam a sua edição se estiverem casados. Ademais, Em caso de 
rejeição pelo Congresso, era como se o decreto-lei tivesse sido revogado (art.55§2º da Emenda n° 1 à Constituição 
Brasileira de 1967): A rejeição do decreto-lei não implicará a nulidade dos atos praticados durante a sua vigência. 
 
constitucional estão arroladas basicamente no comando do artigo 49 da 
Constituição Federal. Por outro lado é preciso lembrar que os efeitos 
decorrentes da medida provisória que não fora convertida em lei, serão 
disciplinados pelo Congresso Nacional (inteligência do artigo 62, § 3º da CF/88). 
g) Resoluções: Sãoatos normativos expedidas pelo Poder Legislativo 
regulamentando matérias cuja competência se insere entre as privativas da 
Câmara dos Deputados (artigo 51 CF/88) ou do Senado Federal (artigo 52, da 
CF/88). Por conterem comandos de caráter concretos (normas de efeitos no 
caso concreto), como sói acontecer com a fixação de alíquotas de alguns 
tributos, suspensão de lei declarada inconstitucional pelo STF (art.52,X, da 
CF/88),não estão sujeitas a sanção presidencial e a promulgação decorre de ato 
cuja competência é da Mesa da Casa Legislativa que as expedir. Consoante 
percuciente observação de Celso Ribeiro Bastos,15 “quando se tratar de 
resolução do Congresso Nacional a promulgação é feita pela Mesa do Senado 
Federal.” 
h) Regulamentos e demais atos normativos: São espécies normativas os 
decretos exarados pelo Chefe do Executivo no âmbito de seu Poder 
Regulamentar. Esse Poder decorre da imposição constitucional plasmada no 
texto do artigo 84, inciso IV e VI da Constituição Federal, consoante o qual 
compete privativamente ao Presidente da República, sancionar, promulgar e 
fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para a sua 
fiel execução. Do texto em alusão, decorre inexoravelmente que se trata de ato 
típico da Administração Pública a atribuição, por competência constitucional, 
de expedir atos normativos, chamados regulamentos, compatíveis com a lei, na 
clara missão de desenvolvê-la e aplicá-la ao caso concreto. Consoante 
expressão constitucional essa espécie de Poder é privativa do Chefe do 
Executivo e se perfaz através do regulamento. 
 
Sobreleva notar, que após a reforma da constituição pela emenda 
constitucional n.º 32, de 11 de setembro de 2001, o ordenamento jurídico 
brasileiro voltou a conviver, nas situações que a lei específica, com os 
chamados regulamentos autônomos.16 Portanto, é possível estabelecer que os 
 
15 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional, 18ª edição, editora Saraiva, São Paulo, 1987. 
Página363. 
 
16 Artigo 84, inciso VI da CF/88: Compete privativamente ao Presidente da República: Omissi... , VI. Dispor, 
mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento 
de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; 
regulamentos do ponto de vista doutrinário e nas exceções expressamente 
previstas na constituição são: Regulamentos Executivos e Regulamentos 
Autônomos. Essa expressão normativa é pulverizada por competência a todos 
os chefes dos Poderes Executivos, ou seja, da União, dos Estados, do Distrito 
federal e dos Municípios. 
Cumpre dizer que alguns doutrinadores não admitem a existência de decretos 
autônomos, mesmo após a previsão do artigo 84, inciso, VI da CF/88, cuja 
redação foi conferida pela emenda constitucional n.º 32, de 11 de setembro de 
2001. Essa é a posição defendida por Alex Muniz Barreto, que analisando a 
matéria expos: “mesmo após a previsão do artigo 84, inciso VI, da CF, não se 
tem decreto autônomo, pois, neste caso, é o próprio texto da Carta Magna 
que confere a prerrogativa ao Executivo de editar o ato normativo acerca das 
matérias ali previstas (organização e funcionamento da Administração 
Federal e extinção de funções e cargos públicos vagos). Não se tem, pois, 
regulamento autônomo, mas sim um decreto autorizado pela própria Carta 
Magna.” 
Note bem: Além dos decretos regulamentares existem outros atos de natureza 
normativa, voltados à regular a conduta de determinados setores da Administração 
Pública. Destacamos as instruções normativas, os regimentos internos, as portarias, 
etc. 
 
5.4. Classificação das normas quanto a competência 
 
a) Leis Nacionais: São as de competência da União Federal, aprovadas pelo 
procedimento formal cuja tramitação se dá no congresso nacional, com campo 
de aplicação e incidência em todo território nacional, ou pelo menos parte dele 
17, quando se dirige, por exemplo, à proteção específica de uma determinada 
região, como a Amazônia (leis ambientais). Mas o que convém fixar é que a lei 
nacional tem seu âmbito espacial de aplicação em todo território nacional. São 
exemplos: o Código Civil e o Código Penal; a Consolidação das leis do Trabalho 
– CLT-. 
 
 
17 Gonçalves, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado. Parte Geral e Contratos. Editora Saraiva. São 
Paulo, 2011, página 62. 
 
Não se confundem as leis federais com as leis nacionais. Estas são leis expedidas pelo 
Congresso Nacional, valem para todo o território nacional, alcançando todas as 
pessoas que nele estejam e que são de cumprimento obrigatório pelos Estados, 
Municípios, Distrito Federal e Territórios (quando existentes).18 As leis federais, 
também editadas pela mesma casa legislativa, limitam-se no seu alcance as pessoas 
diretamente vinculadas a União Federal. São leis Federais a título de exemplo, o 
estatuto dos funcionários públicos da União, a lei de processo administrativo federal 
n.º 9.784/99, etc. Ora, essas leis têm o seu âmbito de incidência limitado apenas 
àquelas pessoas que tem vínculo funcional estatutário, contratual, sujeição passiva 
tributária em defesa administrativa, etc. com a União Federal. Não se aplica, por 
exemplo, aos servidores estaduais, cujo vínculo se restringe ao âmbito espacial do 
Estado Membro. Aliás, nesse sentido é relevante a divisão sugerida por Hans Kelsen a 
respeito do âmbito espacial e âmbito pessoal da norma jurídica. 
 
b) Leis Estaduais: São aprovadas pelas respectivas assembléias legislativas 
estaduais e tem âmbito de aplicação restrita ao território dos Estados 
Membros. Cumpre notar que a competência de legislar conferida pela 
Constituição Federal aos Estados Membros é denominada de residual, isso 
porque a teor do artigo 25, §1º da CF/88 “são reservadas aos Estados as 
competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.” Sendo 
assim, é certo dizer que ao Estado compete legislar assuntos de seus interesses 
que não seja de competência da União e dos Municípios, ou seja, tudo que não 
seja competência exclusiva e delimitada pela Constituição aos demais entes 
componentes da Federação. Exemplos de Leis Estaduais são as que criam os 
impostos de competência Estadual (ICMS, IPVA,); As leis que estabelecem as 
regras do funcionalismo estadual (estatuto dos servidores públicos estaduais), 
etc. 
c) Leis Municipais: São aprovadas pelas Câmaras dos Vereadores, cujo âmbito 
de aplicabilidade limita-se ao território do Município. A autorização legal 
encontra-se delineada nas competências que lhes são conferidas pelo artigo 
30, incisos I e II da Carta Política Pátria. Exemplos de leis municipais são as 
que criam os impostos de competência Municipal (ISSQN, IPTU, ITBI); As leis 
que estabelecem as regras do funcionalismo municipal (estatuto dos servidores 
públicos municipais), etc. 
 
 
18 Oliveira, Regis Fernandes de e Horvath, Estevão; Manual de Direito Financeiro, 2ª edição, 1997, 
editora Revista dos Tribunais (RT). Página 25-26 
5.4.1. Princípio da Hierarquia das leis 
 
Na seara do estudo da hierarquia das leis cumpre lembrar que, pelo princípio 
da hierarquia das leis, uma lei revoga-se por outra lei da mesma fonte. Assim, a 
revogação há de obedecer um critério elementar de hierarquia, consoante o 
qual não é possível que uma ato normativo revogue um outro ato normativode 
hierarquia superior. Como lembra Carlos Roberto Gonçalves, a norma de 
natureza constitucional, somente pelo processo de emenda à constituição pode 
ser modificada ou revogada (artigo 60 da CF/88). É possível, todavia que um 
decreto revogue outro decreto, mas esse mesmo decreto pode, 
eventualmente, ser revogado por uma lei ordinária, que é, evidentemente, de 
hierarquia superior. 
Mas o que convém fixar é que não é possível que uma lei ordinária surta efeitos 
válidos em face de uma norma constitucional que a contrarie. Portanto, 
quando delineado uma antinomia entre uma lei infraconstitucional nova e a 
ordem constitucional em vigor, nasce um conflito de inconstitucionalidade 
passivo de controle pelo judiciário. Há no nosso ordenamento jurídico atual, 
inúmeras técnicas que visam resguardar a força normativa da Constituição 
Federal, preservando os seus postulados contra as investidas do legislador 
infraconstitucional desavisado. Esse critério foi eleito pelo legislador 
constituinte no campo do controle de constitucionalidade das leis. Sendo a lei 
ordinária ou complementar anterior a Constituição vigente, diz-se que a mesma 
não foi recepcionada pela nova ordem constitucional, por haverem perdido o 
seu fundamento de validade.

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