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Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira BACTÉRIAS DE INTERESSE MÉDICO Tipos de doenças microbianas: Da pele e dos olhos; Sistema nervoso; Sistema cardiovascular e linfático; Sistema respiratório; Sistema digestivo; Sistema urinário e reprodutor São classificadas em cinco grupos: Bactérias normalmente coradas pelo método de Gram; Micobactérias e Nocárdias; Espiroquetídios; Micoplasmas; Riquétsias e Clamídias. Existem bactérias denominadas oportunistas, que só causam doença quando nosso organismo (sistema de defesa) se torna enfraquecido. A maioria das doenças bacterianas é causada por substâncias tóxicas fabricadas por bactérias. Muitas dessas substâncias são componentes do envoltório externo da célula bacteriana e sua presença no organismo provoca febre e mal estar; BACTÉRIAS NORMALMENTE CORADAS PELO MÉTODO DE GRAM Cocos Gram positivos: Aeróbios ou facultativos: Staphylococcus Streptococcus Enterococcus faecalis aureus epidermidis saprophyticus pyogenes pneumoniae agalactiae Grupo D Grupo Viridans Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira Anaeróbios Peptostreptococcus sp. Cocos gram negativos: Aeróbios e facultativos Neisseria gonorrhoeae meningitidis Anaeróbios Veillonella sp. Bacilos gram positivos: Aeróbios Corynebacterium diphyteriae Outros: flora Listeria monocytogenes Bacillus cereus anthracis Erisipelotrix Anaeróbios Lactobacillus, Propioniobacterium e Mobiluncus Clostridium tetani botulinum perfringens difficile Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira Bacilos gram negativos: Aeróbios ou facultativos Hemophylus influenzae e H. ducreyi Bordetella, Brucella, Legionella pneumophyla, Família Entereobacteriaceae: Escherichia, Proteus, Enterobacter, Klebsiella, Shigella, Salmonella, Yersinia, etc. Vibrio, Pseudomonas, Aeromonas. Anaeróbios estritos Bacteróides sp., Fusobacterium sp, Prevotella sp., Porphyromonas sp. MICOBACTÉRIAS E NOCÁRDIAS As micobactérias diferem das bactérias que se coram pelo método de Gram pela quantidade e natureza dos lipídios que apresentam na parede; São Bacilos álcool ácido resistentes; Utiliza-se método de coloração de Ziehl – Neelsen. Micobacterium Nocardia tuberculosis leprae bovis avium ESPIROQUETÍDIOS São bactérias em forma de espiral, devido a conformação do peptídioglicano que possuem na parede. Treponema pallidum Leptospira interrogans Borrelia burgdosferi MICOPLASMA Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira São bactérias desprovidas de parede celular ou, mais especificamente, de peptidioglicano. Mycoplasma pneumoniae Ureaplasma urealitycum São resistentes aos antibióticos beta-lactâmicos. RIQUÉTSIAS E CLAMÍDIAS Rickettsia Rochalimae Coxiella trachomatis Chlamydia psitacci pneumoniae Com exceção da Rochalimae, todas são parasitas intracelulares obrigatórias; Cultivadas em ovos embrionados ou em culturas de células; Várias espécies de Riquétsias são associadas a infecções sistêmicas ou do aparelho respiratório DEFINICÕES IMPORTANTES 1- Conceitue: microbiota indígena ou residente; parasitismo facultativo e estrito; patógenos; patogenicidade; virulência; dose letal (DL50). Dose infecciosa (ID 50) 2 - Explique o significado de contaminação, esterilização, desinfecção, anti-sepsia e assepsia. 3 - Defina o significado de: portador assintomático; imunidade e seus tipos; Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira resistência; transmissibilidade; Endotoxinas e exotocinas; Infecção, intoxicação e toxinfecção; epidemiologia; epidemia, endemia e pandemia; mortalidade e morbidade; período de incubação/ período de transmissão; profilaxia e Quimioprofilaxia; adesividade bacteriana, adesinas e lectinas; parede celular cápsula bacteriana fimbria ou pili Bacterioscopia; Antígenos somáticos (O), Antígenos capsulares (K) e Antígenos flagelares (H) Biótipos; Sorotipos ou tipos sorológicos; Meios de cultura enriquecidos, complexos, diferenciais, indicadores e seletivos. Métodos para identificação dos microorganismos (bactérias) Testes sorológicos; Aglutinação. Sondas genéticas Infecções endógenas e exógenas Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira STAPHYLOCOCCUS Família: Micrococcaceae Gênero: Staphylococcus. Definição do Gênero: Estafilococos (grego. staphyle, uva) são cocos Gram-positivos; Imóveis, agrupados em massas irregulares ou em cachos de uva; Aeróbios ou anaeróbios facultativos, catalase positivos; Fermentam a glicose com produção de ácido, tanto em aerobiose, como em anaerobiose, e nisso se diferenciam dos microrganismos do gênero Micrococcus, que só fermentam em aerobiose. Morfologia Células esféricas; Podem apresentar cápsulas (culturas jovens). Staphylococcus em hemocultura. Fonte: medecinepharmacie.univ-fcomte.fr/.../cgp.htm Cultura Crescem bem em caldo simples ou ágar simples, pH 7, à temperatura ótima de 37º C. Em placa de ágar simples, após 24 horas na estufa a 37oC, produzem colônias de cerca de 1-3mm de diâmetro, convexas, da superfície livre e bordos circulares, opacas e brilhantes. Principais Espécies de Estafilococos É composto por cerca de 27 espécies, sendo que as principais são Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus saprophyticus e Staphylococcus haemolyticus. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira Tabela 1 – Comparação dos Estafilococos de Seres Humanos Staphylococcus aureus Staphylococcus epidermidis Coagulase positivo Coagulase negativo Fermentador de manitol Não fermentador de manitol Dnase-positivo DNAse-negativo Encontrado na nasofaringe superior Encontrado na pele Patogênico Não patogênico Staphylococcus aureus Características Principais O Staphylococcus aureus é o agente mais comum em infecções piogênicas; Estas infecções podem se localizar na pele ou em regiões mais profundas, designações, tais como foliculite, furunculose, carbúnculo e impetigo, de acordo com a localização e outras características; Indivíduos debilitados por doenças crônicas, traumas físicos, queimaduras ou imunossupressão, esse microrganismo pode causar infecções de caráter mais grave, ex. osteomielite, a bacteremia (freqüentemente associada a abcessos metastáticos), a endocardite, a pneumonia e, ocasionalmente, a meningite e a artrite bacteriana; O Staphylococcus aureus pode causar vários tipos de intoxicações, seja na vigência de um processo infeccioso ou não; Síndrome da pele escaldada ou doença de Ritter é caracterizada pelo deslocamento de extensas áreas de epiderme, sendo determinado por uma toxina, denominada esfoliatina, é produzida na área da infecçãoe levada para áreas distantes pela corrente sangüínea; No impetigo bolhoso, o efeito da toxina se faz no próprio sítio da infecção; As intoxicações que ocorrem na ausência de processos infecciosos são de dois tipos: -intoxicação alimentar -síndrome do choque tóxico. A intoxicação alimentar é provocada pela ingestão de toxinas (enterotoxinas) previamente formadas no alimento contaminado pelos Staphylococcus aureus; Na síndrome do choque tóxico o paciente, geralmente mulher no período menstrual, apresenta febre alta, diminuição da pressão sistólica, eritema com descamação da pele, insuficiência renal, diarréia e outras manifestações. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira Fatores de Virulência As células de Staphylococcus aureus apresentam alguns componentes de superfícies assim como produzem várias substâncias extracelulares, que contribuem para a sua virulência. Cápsula: algumas amostras de Staphylococcus aureus possuem cápsula, de natureza polissácarídica, proporcionando maior resistência a fagocitose; Peptideoglicano: ativa a via alternativa do complemento provocando uma reação inflamatória do hospedeiro; Ácidos teicóicos: (ribitol e glicerolfosfato) são componentes da parede celular e parecem estar envolvidos na ativação do complemento e na aderência; Proteína A: é uma proteína de superfície, sendo encontrada na maioria das amostras de S. aureus. É responsável pela interação com a porção Fc da molécula de IgG. Tem sido demonstrado que esta reação, direta e indiretamente, provoca efeitos quimiotáticos, anticomplementar, antifagocitário, liberação de histamina, reações de hipersensibilidade e lesão plaquetária; Adesinas: torna os microrganismos capazes de se ligar às fibronectinas (glicoproteínas da membrana celular, plasma, saliva) e laminina (glicoproteína da membrana celular); Enzimas e toxinas extracelulares: a mais conhecida é a coagulase, característica da espécie, e provoca a coagulação do plasma. Outras enzimas incluem a catalase, desoxirribosenucleases, hialuronidase, lipase, proteases, beta-lactamase e a estafiloquinase; Hemolisinas: hemolisina alfa e beta, sendo tóxica para animais e plaquetas Humanas; Leucocidina: é uma toxina que possui a capacidade de desgranular os neutrófilos e macrófagos humanos e de coelhos. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira Fonte: Murray et al.(2002) Fatores de virulência do S. aureus Resposta Imunológica Aparecimento de anticorpos séricos e a imunidade celular contra as enzimas, toxinas e outros antígenos da bactéria; Opsonização desse microrganismo é mediada pelo complemento e não por anticorpos. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 10 Diagnóstico Laboratorial Isolamento; Caracterização pode ser feita através de testes bioquímicos; O diagnóstico da intoxicação alimentar é realizado pela pesquisa das enterotoxinas nos alimentos ingeridos e no vômito do paciente; Exame bacterioscópico das secreções purulentas, geralmente vê-se a bactéria formando pequenos cachos isoladamente. Teste da catalase. Fonte: http://www.rlc.dcccd.edu/mathsci/reynolds/micro/lab_manual/Catalase.jpg Teste da coagulase. Fonte:http://www.hardydiagnostics.com/catalog2/hugo/refphoto/z003_coagustaph_saureus_25923_sepid ermidis_12228_hugo.jpg Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 11 Agar manitol. Fonte: http://pathmicro.med.sc.edu/fox/Mannitol.jpg DNAse. Fonte: http://edicion-micro.usal.es/web/identificacion/ayuda/DNASE_PO.GIF Epidemiologia A transmissão do S. aureus ocorre por contato direto e por contato indireto; As infecções estafilocócicas superficiais, podem ser consideradas graves se acometerem recém-nascidos, pacientes cirúrgicos e portadores de doenças debilitantes como o câncer e a diabete; Com o propósito de evidenciar diferenças ou similaridade entre as linhagens, vários métodos de tipagem foram desenvolvidos. Entre estes estão a biotipagem, a sorotipagem (baseada no antígeno polissacarídico capsular e a resistotipagem (baseada no perfil de suscetibilidade a antimicrobianos). Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 12 Tratamento O Staphylococcus aureus pode ser suscetível à ação de várias drogas ativas contra bactérias Gram-positivas (tais como penicilinas, cesfalosporinas, eritromicina, aminoglicosídios, tetraciclina e clorafenicol); Elevada capacidade de desenvolver resistência a diversas drogas; A resistência à meticilina é relacionada a alterações das proteínas ligadoras de penicilinase (penicillin - binding proteins). Essas linhagens resistentes a meticilina (MRSA - Staphylococcus aureus meticilina-resistentes), muitas vezes são resistentes a outros tipos de antibióticos. Staphylococcus epidermidis Características gerais O Staphylococcus epidermidis é o habitante normal da pele e mucosas; Por outro lado, essa parece ser a espécie de estafilococos coagulase negativos com potencial de patogenicidade mais elevados, sendo, hoje, apontado como importante agente de bacteremia, de origem hospitalar, em serviços de oncologia e neonatologia É também reconhecido a sua crescente freqüência em infecções associadas à implantação de próteses cardíacas, articulares e vasculares e de cateteres intravenosos e peritoniais. Staphylococcus saprophyticus Características gerais Vários estudos mostram que esse estafilococo pode ser um patógeno oportunista em infecções do trato urinário, especialmente em mulheres jovens, sexualmente ativas; Ocasionalmente, o Staphylococcus saprophyticus pode ser isolado de infecções de feridas e de casos de septicemia. Staphylococcus Haemolyticus Características gerais Encontrado na pele e outros nichos cutâneos; Associados a infecções humanas, particularmente em casos de septicemia, podendo causar conjuntivite, peritonite, infecções do trato urinário e de feridas. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 13 STREPTOCOCCUS Os estreptococos são cocos Gram-positivos; Elas tendem a formar cadeias; São catalase-negativos; Constituem a principal população de microrganismos da cavidade oral (Streptococcus sanguis, Streptococcus mutans), além de estarem envolvidos em diversas doenças; Nomenclatura: baseados características hemolíticas e antigênicas (grupos sorológicos de Lancefield). Streptococcus. Fonte: http://mikroby.blox.pl/resource/Streptococcus.jpg Hemólise e estreptococos Estudos mostraram que estreptococos isolados de doenças infecciosas de garganta e de pele frequentemente provocam lise completa das células vermelhas do sangue (hemólise); Outros estreptococos provocavam um tipo de lise incompleta, na qual as células vermelhas se retraem e se tornam esverdeadas (ocorre somente na presença de oxigênio devido à redução da hemoglobina). A hemólise incompleta é denominada alfa hemólise (-hemólise) Existem também muitos estreptococos que não são hemolíticos, os chamados de estreptococos gama ( hemólise). Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 14 Tipos de hemólises. Fonte: http://medicine.ucsd.edu/NizetLab/streptococcipage/Hemolysis.jpgAlfa hemólise. Fonte: http://www.suinoculturaemfoco.com.br/fd/ed15/img/4.jpg Esquema Sorológico de Grupagem de Lancefield Método sorológico para a distinção dos estreptococos beta hemolíticos; Baseia-se nas características antigênicas de um polissacarídeo de composição variável chamado carboidrato C, localizado na parede da célula, que pode ser detectado por diferentes técnicas imunológicas como a precipitação em tubo capilar. Os estreptococos foram divididos em 20 grupos sorológicos (grupos de Lancefield) designados por letras maiúsculas ( A, B, C, D, E, F, G, H, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U e V); Os estreptococos de importância médica são divididos em : estreptococos beta- hemolíticos ( ou estreptococos piogênicos), pneumococos, estreptococos do grupo D e estreptococos viridans. STREPTOCOCCUS PYOGENES grupo A de Lancefield que é um polímero de N acetilglicosamina e ramnose, pode ser dividido em grupos sorológicos graças à presença de duas proteínas na sua parede celular, a proteína M e a proteína T. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 15 Fatores de virulência fímbria: possibilita a fixação da bactéria à mucosa faringoamigdalina. toxina eritrogênica: responsável pelo eritema da escarlatina. cápsula: confere resistência a fagocitose. proteína M: interfere com a fagocitose. ácidos lipoteicóicos: importantes componentes da superfície dos estreptococos do grupo A, formando fímbrias juntamente com a proteína M. peptideoglicano: é tóxico para células animais in vitro e in situ. estreptolisina S: é a responsável pelo halo de hemólise. estreptolisina O: também é uma hemolisina, mas só é ativa na ausência de oxigênio. Parece contribuir com a virulência do S. pyegenes porque pode lesar outras células além das hemácias. estreptoquinase, desoxirribonuclease e hialuronidase: são enzimas produzidas pela maioria dos S. pyogenes. Fonte: Tortora et al. (2005) Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 16 Fonte: Trabulsi (2002) Tipos de infecções Faringite Estreptocócica: Na primeira ocorre a aderência dos microrganismos mediada pelo ácido lipoteicóico, o qual se liga à superfície das células epiteliais via seus lipídios terminais. (proteína M e talvez o polissacarídeo C). A seguir, a bactéria tem acesso aos tecidos conjuntivos adjacentes, promovendo uma resposta inflamatória imediata e vigorosa desencadeada pelo hospedeiro para eliminar a bactéria; Na segunda fase da infecção ocorre o espalhamento, onde os estreptococos se multiplicam rapidamente no tecido conjuntivo; S. pyogenes produz DNAses, proteases e estreptoquinases que hidrolizam esses componentes e permitem o espalhamento dos microrganismos. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 17 Fonte: Black (2002) Piodermites impetigo: inicia-se como uma vesícula que progride rapidamente para uma lesão recoberta por crosta espessa. Aparentemente o S. pyogenes penetra pela pele através de lesões determinadas por trauma; erisipela: é uma infecção estreptocócica aguda de pele envolvendo a mucosas adjacentes algumas vezes. Os locais mais freqüentemente comprometidos são a perna e a face. A bactéria parece originar-se das vias aéreas superiores do próprio paciente. Sequelas Febre Reumática: caracteriza-se por lesões inflamatórias não supurativas envolvendo coração, articulações, tecido celular subcutâneo e sistema nervoso central. É uma doença imunológica. Glomerulonefrite: pode aparecer depois da faringoamigdalite e das piodermites. Trata- se também de uma doença de natureza imunológica. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 18 Tratamento Vários antibióticos apresentam boa atividade contra o Streptococcus pyogenes, mas o de escolha é a penicilina G ou cefalosporinas de 1ª geração; Recomenda-se o uso de eritromicina para pacientes alérgicos à penicilina. STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE Cocos Gram-positivos com forma de chama de vela, agrupados aos pares; Os pneumococos, em geral, possuem cápsula composta de polissacarídeos, cujas diferenças antigênicas permitem caracterizar 84 tipos sorológicos distintos (rastreamento epidemiológico). S. penumoniae. Fonte: www.medicine.uiowa.edu/.../testID11/Slide6.jpg Fatores de Virulência cápsula: Capacidade antifagocitária. substância C: adesina: fixa a bactéria a receptores glicoprotéicos existentes nas células epiteliais dos aparelhos respiratório e auditivo. pneumolisina: Hemolisina semelhante à estreptolisina O do S. pyogenes. IgA1 Protease: degrada imunoglobulinas. neuraminidase: papel não definido na patogênese. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 19 Tipos de infecções O Streptococcus pneumoniae é um dos agentes bacterianos mais frequentemente associados a infecções graves como pneumonia, meningite, septicemia e otite média. a) Pneumonia: Os pneumococos podem ser normalmente encontrados no trato respiratório superior de seres humanos. A partir daí, eles podem ser aspirados para os alvéolos onde a bactéria prolifera e determina a reação inflamatória característica da pneumonia. em alguns casos, a pneumonia pode causar complicações como artrite, endocardite e meningite. b) Otites e sinusites pneumocócicas: São geralmente infecções secundárias a alterações funcionais no ouvido médio e seios, sendo causados por pneumococos normalmente presentes nas vias aéreas superiores. Tratamento A penicilina ainda é o antibiótico de escolha, em pacientes alérgicos à penicilina usa-se a eritromicina. Cefotaxima, ceftriaxona; vancomicina e imipenem. ESTREPTOCOCOS DO GRUPO D Antigamente: enterococos e os não enterococos; Representados pelo Streptococcus bovis. Esses microrganismos são positivos para o teste de bile-esculina, para os testes de crescimento na presença de 6,5% de NaCl e produção de PYRase. Apresentam suceptibilidade à antimicrobianos , sendo encontrados normalmente no trato gastro intestinal. STREPTOCOCCUS DO GRUPO VIRIDANS em geral são alfa-hemolíticos; não possuem antígenos dos grupos B ou D, não são solúveis em bile e a maioria não cresce em caldo contendo altas concentrações de sal; Entre as principais espécies temos: Streptococcus mutans, Streptococcus salivarius, Streptococcus sanguis, Streptococcus mitis e Streptococcus anginosus; A maioria dessas espécies faz parte da flora normal das vias aéreas superiores, em particular, dos diferentes nichos ecológicos da cavidade oral; Como agentes etiológicos são associados à bacteremia, endocardite subaguda , abscessos, infecções do trato genitourinário e infecções de feridas. As espécies Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 20 Streptococcus sanguis e Streptococcus mutans tem papel importante na formação de placa dental. Streptococcus agalactiae Grupo B de Lancefield; Principal causa da mastite bovina; Agente etiológico de meningites, septicemia e pneumonia em neonatos; Membros da microbiota normal (VAS, trato intestinal e vagina); O recém nascido adquire o m.o durante o nascimento; O isolamento é feito em agar sg; A identificação é feita pelo teste deCAMP e por testes sorológicos e métodos imunológicos; São regularmente sensíveis a penicilina. Fator Camp positivo e negativo. Fonte: http://atlas.arabslab.com/data/media/3/1_3.jpg ENTEROCOCOS Patógenos oportunistas; Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium são os principais representantes; São amplamente distribuídos na natureza e participam da microbiota normal de homem e animais (trato intestinal); São associados a infecções diversas, em seres humanos, eles são frequentemente isolados, em cultura pura ou mista, a partir de infecções clinicamente significativas, tais como bacteremias - acompanhadas ou não de endocardites – infecções do trato urinário e biliar, infecções de feridas e infecções pélvicas e intra-abdominais; Preocupações pelo aumento nas taxas de morbidade e mortalidade das enterococcias entre pacientes hospitalizados; Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 21 Relacionados a infecções pós-operatória; infecções urinárias, endocardites e bacteremias polimicrobianas principalmente devido a imunossepressão, determinadas doenças subjacentes e antibioticoterapia de amplo espectro; Para controle deve-se instituir a terapia antimicrobiana efetiva, pois esses m.os são resistentes a vários agentes comumente empregados; É comum a terapia antimicrobiana combinada (penicilina ou ampicilina); A resistência combinada é mediada por plasmídios e transposons. Fonte: Trabulsi (2002) Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 22 NEISSERIAS Cocos Gram-negativos aeróbios; Geralmente se apresentam aos pares com os bordos internos achatados ou côncavos; Colonizadores normais da mucosa da nasofaringe; Neisseria gonorrhoeae (ou gonococo) ; Neisseria meningitidis (ou meningococo). MENINGITE Agente Etiológico Neisseria meningitidis; Este diplococo pode comprometer diversos órgãos do corpo humano como o trato respiratório superior, as articulações, o sangue (na forma de meningococcemia aguda, subaguda ou crônica), o pericárdio, a pele, os olhos, a uretra, o reto e, particularmente, o sistema nervoso central. N. meningitidis. Fonte: http://www.genomik.uni-wuerzburg.de/typo3temp/pics/27ff4b57ee.jpg Características Morfológicas do Microrganismo Os meningococos são cocos ou diplococos; Gram-negativos, com um diâmetro de aproximadamente 0,8 µm, aeróbios estritos, imóveis, não esporulados; Ao microscópio óptico, localizando-se tanto intra como extracelularmente, com as superfícies adjacentes. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 23 Características Culturais do Microrganismo temperatura entre 35 e 37oC e sob atmosfera de 5 a 10% de dióxido de carbono; Thayer-Martin (Meio específico) e Mueller-Hinton; Colônias transparentes, não pigmentadas, não-hemolíticas e medindo em torno de 1 a 5 mm de diâmetro. Características Patológicas A nasofaringe é a porta de entrada dos meningococos, onde na maioria das vezes a infecção é assintomática; Da nasofaringe os microrganismos podem ganhar a corrente sangüínea, produzindo uma bacteremia (meningococcemia) com febre alta e lesões vasculares; Nas formas fulminantes, há hemorragia bilateral nas supra-renais, constituindo a síndrome de Waterhouse- Friderichsen; A meningite é a complicação mais comum da meningococcemia. (cefaléia intensa, vômito em jatos, rigidez da nuca), progride para o coma em pouco tempo. Diagnóstico O meningococo pode ser facilmente isolado do sangue e do líquor em meios de cultura específicos para este microrganismo. Os principais testes baseiam-se em: Exame Bacterioscópico Cultura Sorologia Tratamento Penicilinas, ceftriaxona; Cloranfenicol. GONORRÉIA Agente Etiológico A gonorréia (do grego gonos, que significa esperma e rhoia, corrimento = espermatorréia) é definida como uma inflamação do trato urogenital causada pela Neisséria gonorrhoeae (parasito estrito), de transmissão predominante sexual, exceto conjuntivites e vaginites infantis. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 24 Características Morfológicas do Microrganismos O gonococo é um diplococo Gram-negativo de aproximadamente 0,6 µm a 1,0 µm, imóvel, não flagelado nem hemolítico, não esporulados e ao exame de secreções apresenta-se, no interior de fagócitos aos pares; Possui cápsula que pode ser evidenciada pela coloração negativa. Fonte: http://embryology.med.unsw.edu.au/Defect/images/Neisseria-gonorrhoeae.jpg Características Culturais do Microrganismo Aeróbio ou anaeróbio facultativo, cresce melhor a 35-36ºC com CO2, e é exigente nas culturas; O uso do meio de cultura de Thayer–Martin; Após 48 horas de incubação, as colônias de gonococos são pequenas e brilhantes, mas após alguns dias tornam-se branco acinzentadas e apresentam margens lobuladas. Características Patológicas Encontrada apenas em seres humanos e dissemina-se através do ato sexual. Infecções de mucosa: Aderência e colonização: A aderência é mediada por fímbrias; A colonização da mucosa é facilitada por proteases. Invasão da mucosa: Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 25 Adesão penetração na célula epitelial vacúolos tecido sub epitelial proliferação inflamação; No homem, a uretrite é a principal forma clínica da infecção gonocócica com disúria e exudato purulento; Em mulheres, as mudanças no odor e na cor da secreção vaginal e dor abdominal são os principais sintomas da infecção cervical (cervicite); A infecção gonocócica disseminada é caracterizada por febre, artralgia, artrite, tenossinovite, erupções na pele, endocardite e meningite; Conjuntivite neonatal. Diagnóstico Através das secreções colhidas da uretra, colo uterino, próstata, mucosa retal ou faríngea, realiza-se exame bacteriológico, isolamento e identificação de N. gonorrhoeae para diagnóstico da doença. Exame Bacterioscópico; Cultura; Sonda genética; Neisseria gonorrhoeae em agar Thayer Martin. Fonte: www.hardydiagnostics.com/catalog2/hugo/Thayer... Tratamento Penicilinas (amoxilina, probenecida); Cotrimoxazol, espectinomicina e cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona, cefotazima, ceftizoxima). Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 26 CORINEBACTÉRIAS Bastonetes Gram-positivos; Anaeróbios facultativos, imóveis, não esporulados, patogênicos ou saprófitas; Algumas espécies fazem parte da microbiota normal da pele, nariz, nasofaringe, orofaringe, mucosa conjuntiva e trato geniturinário. DIFTERIA Agente Etilógico O Corynebacterium diphyteriae é o agente etiológico da difteria; Essa é uma doença infecto-contagiosa aguda que atinge de preferência crianças até 10 anos de idade; É caracterizada por febre, inflamação de garganta (angina) e manifestações toxêmicas, com produção de uma pseudomembrana acinzentada composta de fibrina, bactérias, hemácias e leucócitos agrupados comumente sobre as amígdalas, faringe e laringe. Características Morfológicas do Microrganismo Caracteriza-se por possuir um corpo bacteriano reto ou ligeiramente curvo, comdilatações irregulares em uma das extremidades, com acentuada tendência pleomórfica incompleta da célula durante a divisão celular. Corynebacterium. Fonte: http://www.microbes-edu.org/etudiant/imgcory/corynebacterium.jpg Características Culturais do Microrganismo Meio completo como o meio de Löeffler (com soro coagulado); Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 27 C. diphyteriae em cultura. Fonte: http://html.rincondelvago.com/files/5/4/0/000565402.jpg Colônias pequenas, granulosas, com bordas irregulares, na cor creme ou cinza- claro; Ágar-sangue ou Ágar-chocolate acrescido de telurito de potássio; Três tipos morfologicamente distintos de colônias são descritos nestes meios: - “gravis”, “mitis”, “intermedius”. Características Patológicas A difteria é causada por uma exotoxina produzida por cepas de C. diphtheriae que foram infectadas com um prófago beta; A toxina é uma proteína termolábil, letal em concentrações de 0,1 µg/Kg, é inibida na presença de fatores ambientais como o ferro O bacilo diftérico pode causar infecções na faringe, laringe, nas fossas nasais, no ouvido, na pele e nos órgãos genitais. A difteria dissemina-se por contato direto, por meio de perdigotos e de veiculadores; A doença em seres humanos começa com uma infecção do trato respiratório superior, miocárdio, sistema nervoso, rins e suprarrenais. Faringe, amígdalas (membrana), laringe e traqueia; Miocardite, Neurite e Comprometimento renal. Diagnóstico O diagnóstico bacteriológico é realizado através da identificação do C. diphtheriae toxigênico a partir do material retirado das lesões (ulcerações), exsudatos de orofaringe e de nasofaringe, ou de outros sítios; - Exame Bacterioscópico; - Cultura. - Detecção de cepa produtora toxina Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 28 Testes bioquímicos para Corinebacterias. Fonte: http://www.gsbs.utmb.edu/microbook/ch032.htm Tratamento Antitoxina; O C. diphtheriae é sensível a vários antibióticos, incluindo penicilinas, eritromicina e tetraciclina. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 29 LISTERIA Fisiologia e estrutura Infecção de origem alimentar; Cocobacilos gram-positivos pequenos freqüentemente arranjados aos pares; Anaeróbios facultativos; Móveis (flagelos) a temperatura ambiente; Catalases positivos, oxidase negativas, fermentadores de glicose; Principal espécie patogênica é a Listeria monocytogenes; Microorganismos ubiquitários: animais e fontes ambientais; 13 sorotipos (antígenos O e H); Crescem a 4ºC. Fonte: medecinepharmacie.univ-fcomte.fr/bacterio_web... Patogenecidade Mortes: fetos, neonatos, gestantes e imunocomprometidos; Infecção assintomática em adultos hígidos; Sintomas = da gripe, diarréia. Virulência Patógeno intracelular facultativo; macrófagos, enterócitos, etc Produção de fatores de ligação celular, listeriolisina O e fosfolipases C e proteína que intermedeia a mobilidade dirigida pela actina (ActA); Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 30 Ingestão: aderência a mucosa rompimento da membrana Fagossomal multiplicação migração membrana plasmática protuberância contato com célula vizinha fagocitose; Organismo invasivo: atravessa a mucosa para atingir os tecidos. Imunologia Aumento de Ac anti-somáticos e antiflagelares; A imunidade é basicamente celular. Epidemiologia Isoladas do solo, da água e da vegetação de uma variedade de animais, incluindo os seres humanos; Doença associada ao consumo de alimentos contaminados (queijo, leite, peru, vegetais crus ou disseminação transplacentária. Doenças Infecções neonatais (bacteremia, meningite e meningoencefalite); Em adultos a doença é semelhante a gripe, podendo haver bacteremia primária e meningite. Diagnóstico Exame bacteriológico do material proveniente do foco; Cultivo de sangue, líquor, aspirado de medula óssea e secreção de garganta, etc. Crioenriquecimento e subcultivos em Agar sangue; Pesquisa em alimentos; Ac séricos. Tratamento, Prevenção e Controle Penicilina e ampicilina, TMP/SMX; Controle da contaminação de alimentos: higienização das mãos de manipuladores e submeter alimentos a cocção; As pessoas com alto risco devem evitar ingerir alimentos de origem animal crus ou parcialmente cozidos, queijos, verduras e legumes crus e não lavados. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 31 Fonte: Walker (2002) Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 32 BACILLUS Fisiologia e Estrutura Bacilos gram-positivos formadores de esporos; Anaeróbio facultativo; Cápsula polipeptídica consistindo em ácido poli-D-glutâmico. Fonte: http://www.fam.br/microrganismos/bacteriologia_bacillus_subtilis_1.jpg Bacillus Anthracis Doenças A antraz cutâneo é a forma mais comum; O antraz por inalação é a forma mais mortal; O antraz gastrintestinal é raro. Virulência Exotoxinas toxina de edema e toxina letal; Os esporos sobrevivem por longos período de tempo. Epidemiologia Infecta principalmente herbívoros, e o homem é hospedeiro acidental; Os indivíduos de risco incluem as pessoas em áreas endêmicas em contato com animais infectados ou solo contaminado, pessoas que trabalham com produtos animais importados de áreas endêmicas. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 33 Diagnóstico Isolamento do microrganismo de amostras clínicas: testes morfológicos e bioquímicos. Tratamento, prevenção e controle Penicilina, ciprofloxacin, doxiciclina, eritromicina ou cloranfenicol. A vacinação de rebanhos de animal é eficaz; Esporos são difíceis de serem eliminados. Bacillus cereus Fisiologia e Estrutura Bacilos gram positivos formadores de esporos; Anaeróbio facultativo. Doença As infecções incluem as formas eméticas e diarréicas de gastroenterites. Virulência Enterotoxina termoestável e termolábil; Os esporos podem sobreviver no solo; A destruição dos tecidos é mediada por enzima citotóxica, incluindo cereolisina e fosfolipase C. Epidemiologia Ubíquos no solo por todo o mundo; As pessoas de risco incluem aquelas que consomem alimentos contaminados com a bactéria (Ex. arroz, carne, legumes e verduras, molhos. Diagnóstico Isolamento do microrganismo em produtos alimentares implicados ou espécimes não-fecais; (ex. olho, ferimento). Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 34 Tratamento, prevenção e controle As infecções gastrintestinais são tratadas sintomaticamente A doença gastrintestinal é prevenida pela preparação apropriada dos alimentos: consumidos após o preparo ou refrigerados. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 35 HAEMOPHILUS Bastonetes gram negativos delicados; Fonte:http://www.mf.uni-lj.si/imi/images/preparati/mikrobi/haemo01.jpg Cultiváveis em meio contendo sangue (agar chocolate); H. influenzae, H. parainfluenzae, H. haemolyticus, H. aphrophilus (V.A.S)e H. ducreyi (cancro mole). Haemophilus influenzae Sorotipos: 6 tipos sorológicos: a, b, c, d, e, f; antígenos capsulares. Patogenecidade Infecção em qualquer faixa etária; Relacionada ao baixo nível de Acs anti-PRP do soro; Geralmente é precedida de uma infecção virais das V.A.S; As doenças mais frequentemente causadas são: epiglotite, meningite, otite, pneumonia, sinusite e artrite. Os m.o não capsulados podem exacerbar bronquites crônicas, sinusites e conjuntivites; Os fatores de virulência incluem a cápsula, uma protease que clivaria a IGAI e talvez uma substância tóxica capaz de inibir os movimentos ciliares. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 36 Diagnóstico Exame bacterioscópico de esfregaços corados pelo GRAM; Cultura: ágar chocolate preferencialmente enriquecido com vitaminas e fatores de crescimento; Diferenciação: Necessidade de fatores pelas amostras ou verificar o satelitismo; A identificação sorológica dos tipos capsulares é feita pelo emprego de soros anticapsulares. Haemophilus em Agar chocolate. Fonte: medinfo.ufl.edu/.../bms5300/bugs/haeinfl.html Epidemiologia O H. influenzae do tipo b é encontrado na nasofaringe de 2 a 4% dos indivíduos normais; Ocasionalmente o H. influenzae é encontrado na mucosa genital; Evidências mostram que o H. influenzae do tipo b pode ser contagiosa (pequenas epidemias); Vacina preparada com PRP; Quimioprofilaxia: crianças com menos de 4 anos de idade (rifampicina). Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 37 Tratamento O H. influenzae é sensível a vários antibacterianos, sendo a ampicilina, amoxicilina/clavulanato, algumas cefalosporinas e o cloranfenicol os mais utilizados. Haemophilus ducreyi Agente do cancro mole; Formação de uma ou mais úlceras nos órgãos genitais com bordas e bases moles; Homem: cancro localiza-se em diferentes partes do prepúcio; Mulher: Cancro localiza-se nos lábios vaginais, clitóris e períneo; Transmissão por contato sexual; O diagnóstico pode ser feito pelo exame bacterioscópico de esfregaços corados pelo Gram (BGN em cadeias) ou cultura (agar chocolate contendo vancomicina, inoculado a 34ºC em jarra com vela); Identificação é feita pelas suas características culturais, morfológicas e nutritivas; O tratamento é feito com azitromicina, ceftriaxona, sulfonamidas ou tetraciclinas. Haemophilus aegypticus Espécie associada a conjuntivites agudas; Pode invadir a corrente sangue, causando uma infecção sistêmica grave (febre purpúrica brasileira); Outras espécies geralmente são membros de microbiota normal das V.A.S. sendo patogênicos somente em pacientes com sistema imunológico comprometidos. Figura: apresentação clínica do Haemophilus Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 38 BORDETELLA Fisiologia e Estrutura Bacilos gram negativos delicados; Aeróbios estritos; Não fermentadores; Para crescimento em cultura, requer meios especializados e é prolongado; B. pertussis, B. parapertussis e B. bronchiseptica; O microorganismo sofre mutações de vários tipos quando submetidas a culturas sucessivas em laboratórios. Doença A coqueluche se caracteriza por três estágios: catarral, paroxística e convalescente. Patogenecidade Aderência a cels. Epiteliais ciliadas (hemaglutinina Inalação de aerossóis Inibição da migração de monócitos e redução da resposta oxidativa dos fagócitos (toxina pertússica e adenil-ciclase) filamentosa e toxina pertússica Produção de toxinas Aderência a fagócitos Ingestão Fase intracelular (?) Dano às células epiteliais (toxina traqueal, toxina pertússica, adenil-ciclase). Ação sobre os neurônios (adenil-ciclase, toxina pertússica, LPS). Tosse paroxística Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 39 Coloniza células ciliadas do trato respiratório; Fixação ou aderência (hemaglutinina filamentosa e toxina pertússica); Toxina traqueal; Toxina adenilciclásica; Toxina dermonecrosante; A bactéria pode sobreviver em macrófagos, a toxina pertússica e a adenil-ciclase inibem o poder bactericida dos fagócitos. Fixação da Bordetella em TRS. Fonte: http://web.umr.edu/~microbio/BIO221_2001/Image7.gif Resposta Imunológica Imunidade a infecção; Não se conhecem os Antígenos; Imunidade celular e humoral. Diagnóstico Microscopia não é um método sensível; Cultura das secreções respiratórias; Meio de cultura: Bordet-Gengou; Identificação: morfologia e características coloniais; Testes de amplificação de ácido nucléico. Epidemiologia O reservatório é o hospedeiro humano; Endemias e surtos epidêmicos; Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 40 Crianças com idade inferior a 1 ano apresentam risco aumentado de infecção mas a prevalência da doença está aumentando em crianças de mais idade e adultos; Indivíduos não-vacinados apresentam risco aumentado da doença; A disseminação pessoa a pessoa através de aerossóis infectados. Tratamento, prevenção e controle O tratamento com macrolídeos (eritromicina, azitromicina), ampicilina, TMP/SMX é eficaz na erradicação dos microorganismos e na redução da extensão do estágio infeccioso; Profilaxia pode ser feita com eritromicina. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 41 BRUCELLA Cocobacilos gram-negativos muito pequenos; Aeróbios estritos; Não fermentadores; Meios especializados e de incubação prolongada; B. abortus, B. melitensis, B. suis e B. canis. Patogenecidade Germes invasores; Penetram no organismo através da mucosa digestiva e de abrasões da pele; Parasitas intracelulares do sistema reticuloendotelial; Lesões: granulomas pequenos; Brucelose humana: infecção febril aguda ou doença de curso prolongado que se caracteriza por surtos febris, mal estar geral e esplenomegalia discreta. Órgãos atingidos pela Brucella. Fonte: www.gsbs.utmb.edu/microbook/ch028.htm Sobrevivência da Brucella em macrófagos. Fonte: http://www.science.mcmaster.ca/biology/faculty/baronc/baronhomepage_brucella.jpg Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 42 Resposta imunológica Anticorpos humorais, hipersensibilidade tardia e imunidade celular. Diagnóstico Bacteriológico ou sorológico; A cultura (sangue) é sensível e específica quando se efetua incubação por períodos prolongados. Diagnóstico de Brucelose humana. Fonte: www.gsbs.utmb.edu/microbook/ch028.htm Epidemiologia Os reservatórios animais são as cabras e os carneiros (B. melitensis), gado (B. abortus), porco (B. suis) e cães (B. canis); Distribuição mundial; As bactérias podem sobreviver no solo (40 a 60 dias), no leite a 10 ºC (10 dias) e queijos (2 meses).Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 43 Portas de entrada da Brucella. Fonte: www.gsbs.utmb.edu/microbook/ch028.htm Tratamento, prevenção e Controle O tratamento de escolha é a tetraciclina/estreptomicina, doxiciclina/rifampicina; doxiciclina, ceftriaxona/rifampicina, estreptomicina/doxiciclina, o trimetropim- sulfametoxazol é utilizado em crianças menores de 8 anos e gestantes; controle deve-se a erradicação da doença no reservatório animal, vacinação e monitoramento sorológico de animais, pasteurização de laticínios e biossegurança em laboratórios clínicos. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 44 LEGIONELLA Fisiologia e Estrutura: Bacilos gram-negativos, delgados, pleomórficos; Cora-se fracamente com os reagentes comuns; Nutricionalmente exigentes com requerimento de L-cisteína e crescimento potencializado com sais de ferro; Não fermentadores. Doenças Legionella pneumophyla: Doença dos legionários: Infecção pulmonar, broncopneumonia aguda Legionella micdadei: Febre de Pontiac: mialgia, febre, cefaléia. Virulência Proteína de membrana externa: capaz de se replicar nos macrófagos alveolares e nas amebas; Impede a fusão de fagolisossomos; Produção de superóxido dismutase e fosfolipase C. Epidemiologia Doença esporádica e Epidêmica; Comumente encontrada em águas naturais, torres de resfriamento, condensadores e sistemas de água; Risco: tabagistas, idade, doença pulmonar crônica, imunodeprimidos. Diagnóstico Cultura em agar (BCYE); Testes de detecção de antígenos e sorologia. Legionella em BCYE. Fonte: http://www.rivm.nl/infectieziektenbulletin/bul1212/legionella.jpg Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 45 Prevenção e tratamento Azitromicina, levofloxacina, eritromicina/rifampicina, doxiciclina ou tetraciclina Eliminação do microorganimo de reservatórios de água. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 46 ENTEROBACTÉRIAS Bacilos gram negativos; 32 gêneros e 130 espécies; Amplamente encontrado na natureza e no intestino do homem e de animais (microbiota ou agente de infecção). Gêneros e espécies Análises bioquímicas e antigênicas, sequenciamento de ac. Nucléicos. Tipos Sorológicos Sorotipos: Antígenos O, K e H; E. coli, Shiguella, Salmonella e Y. enterocolitica (rotina); Diferenciar sorotipos enteropatogênicos e não enteropatogênicos. Antígenos O Ag somáticos: parte polissacarídica do LPS das enterobactérias Monossacarídeos imunodominantes (especificidade dos anti-soros); Os Ags O da mesma espécie de enterobactéria são diferentes entre si Podem ser perdidos (mutação: enzima de síntese e fixação). Antígenos K Capsulares: polissacarídeos e proteínas. Antígenos H Proteínas flagelares: flagelina. Identificação dos Antígenos O, K e H Testes de aglutinação: antisoros polivalentes ou monovalentes. Biosorotipos: Sorotipos da espécie com características bioquímicas próprias. Fagotipos: Estudos epidemiológicos. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 47 Fonte: Murray et al., (2002) Fonte: Trabulsi (2002) Fonte: http://med.javeriana.edu.co/fisiologia/images/enterobac.gif Patogenecidade Infecções intestinais (enteropatogênicas) e extraintestinais; E, coli, Shigella (todos os sorotipos), Salmonella e Yersinia enterocolitica; Bacteremias e infecções em diferentes órgãos: (Salmonella e Yersinias); Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 48 As enterobactérias dos demais gêneros são patogênicas quase que somente para outros órgãos e tecidos; Fatores de virulência: adesinas, toxinas e invasinas; Bactérias aderentes (superficiais e íntimas) e invasoras; Antígenos K, endotoxinas Infecções extraintestinais: Bacteremia, meningite e infecções do trato urinário e respiratório. Resposta Imunológica Aumento de Acs séricos contra os antígenos O, K, e H, contra diferentes fatorese de virulência; Diagnóstico e inquéritos epidemiológicos Imunidade O-específica (algumas infecções); Seqüelas auto-imunes após a infecção. Diagnóstico bacteriológico Isolamento e identificação da bactéria responsável pela infecção; Pesquisa de Anticorpos anti-O e anti-H; Cultivo em meios de uso geral, seletivos e diferenciais; A identificação é feita por meio de provas bioquímicas, seguidas ou não de provas sorológicas (enteropatogênicas); Sondas genéticas e PCR. Agar MacConkey. Fonte: www.mc.maricopa.edu/.../Dbiochem/emb.html Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 49 Epidemiologia Comumente isoladas de processos infecciosos na rotina; Hospitais: constante uso de antibióticos e pacientes imunodeprimidos: E. coli, Enterobacter, Proteus, Providencia e Serratia marcesens; Infecções intestinais: idade e nível sócio econômico. Tratamento Sensível a uma ampla variedade de anti-bacterianos; Resistência natural e adquirida (Fatores R e mutação) Antibiograma é indispensável nestes tratamentos. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 50 Fonte: Trabulsi (2002) Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 51 Fonte: Trabulsi (2002) Fonte: Trabulsi (2002) Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 52 PSEUDOMONAS O Gênero compreende muitas espécies que são diferenciadas por meio de provas bioquímicas, testes de sensibilidade a antibióticos, formação de pigmentos, nº e localização de flagelos, etc. As espécies mais comuns são P. aeroginosa, P. malthophilia e P. cepacia. Fisiologia Pequenos bacilos gram negativos; Aeróbios estritos; Não fermentadores; Exigências nutricionais simples. Pseudomonas aeroginosa. Fonte: http://reaannecy.free.fr/Documents/infectio/pseudomonas.jpg Patogenecidade Adesinas (pili, neuraminidase); Cápsulas; Endotoxina: LPS; Piocianina: pigmento azul catalisa a produção de superóxido e H2O2; Exotoxina A: bloqueia a síntese de proteínas; Exoenzimas S e T; Elastases; Protease alcalina; Fosfolipase C; Ramnolipídio; Resistência antibiótica. Epidemiologia Ubíquos em ambientes hospitalares úmidos, bem como na natureza; Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 53 Nenhuma incidência sazonal da doença; Pode colonizar transitoriamente os tratos respiratórios e gastrintestinais de pacientes hospitalizados. Doenças Microrganismo oportunista; Infecções pulmonares (pacientes com fibrose cística); Infecções de feridas consequentes a queimaduras, processos cirúrgicos e outras infecções cutâneas e de tecidos moles; Infecções do trato urinário (cateteres); Otite externa (branda a maligna); Infecções oculares: ceratites (limpeza de lentes de contatos). Respostaimunológica Anticorpos circulantes. Diagnóstico Cultura do material clínico contaminado; Meios de culturas comuns (crescimento rápido); Identificada por características coloniais (hemolítica, produtora de pigmento verde, odor semelhante a uva); Testes bioquímicos simples (oxidase positiva). Cultura de Pseudomonas aeroginosa. Fonte: http://www.sigmaaldrich.com/img/assets/4262/HiFluoro_Pseudomonas_Agar_Base_2.jpg Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 54 Teste de oxidase: Fonte http://www.hf.hio.no/bio/mikro-grunn/Modul%204%20mikro/oxidase3.jpg Tratamento, prevenção e controle A utilização combinada de antibióticos eficazes (aminoglicosídeos) e antibióticos B-lactâmicos; Gentamicina, amicacina e algumas penicilinas semi-sintéticas) Globulinahiperimune e transfusões de neutrófilos (imunocomprometidos) Controle de infecções hospitalares rigorosos impedindo a contaminação de equipamentos médicos esterelizados e infecções hospitalares; Evitar a utilização constante de antibióticos de amplo espectro. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 55 VIBRIO As espécies mais implicadas em infecções humanas: Vibrio cholerae; Vibrio parahaemolyticus; Vibrio vulnificus. Vibrio Cholerae Fisiologia e estrutura Bacilos gram negativos curvos; Anaeróbio facultativo; Fermentadores; Exigências nutricionais simples, não necessitam de sal para crescer mas podem tolerá-lo; Cepas subdivididas com base no antígeno O da parede celular; Dois tipos de V. cholerae O1 (El tor e clássica). Vibrio. Fonte: http://bepast.org/docs/photos/cholera/vibrio%20comma%20asiatic%20cholera.jpg Virulência Toxina colérica; Pi co-regulados; Colonização acessória; Hemaglutinação-protease (mucinase) Sideróforos; Neuraminidase. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 56 Epidemiologia Pandemias: sorotipo O1 e sorotipo O139; Microorganismos encontrados em estuários e ambientes marinhos em todo o mundo e pode estar associado com moluscos quitinosos; Os microorganismos podem se multiplicar livremente na água; Durante os meses quentes, os níveis bacterianos aumentam em águas contaminadas; Disseminação por consumo de água ou alimento contaminados; A transmissão direta pessoa-pessoa é rara, uma vez que a dose infectante é alta. Doença Cólera: intensa diarréia aquosa; A manifestação pode variar desde uma doença branda até uma doença fatal. Diagnóstico: Cultura. Tratamento, prevenção e controle Reposição de líquidos e eletrólitos Antibioticoterapia: doxiciclina, tetraciclina, trimetoprin-sulfametoxazol (crianças) e furazolidona (gestantes), fluorquinolonas; Melhorias das condições de higiene. Vibrio parahaemolyticus Virulência: adesina e hemolisina; Epidemiologia: microorganimos encontrados em estuários e ambientes marinhos em todo o mundo; Associado com o consumo de moluscos contaminados; Principal patógeno nos países onde se utiliza peixe cru na alimentação; Doença branda e semelhante à cólera; Raramente associada a ferimentos de bactérias Doença autolimitada, pode tratar com tetraciclinas e fluorquinolonas; Controle: cozimento adequado dos moluscos. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 57 Vibrio vulnificus Virulência: resistente a destruição mediada pelo complemento e pelo anticorpo (infecção sistêmica); Cápsula antifagocitária; Produção de enzimas hidrolíticas (citolisinas, colagenases e proteases); Infecção de ferimentos (bolhas, necrose tissular), septicemia e morte; Infecções associada a exposição de ferimentos a água salgada contaminada ou a ingestão de moluscos impropriamente preparados; Tratamento com antibióticos: tetraciclinas/ aminoglicosídios ou doxiciclina/sulbactam. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 58 BACTÉRIAS ANAERÓBIAS DE MAIOR SIGNIFICADO CLÍNICO Cocos Anaeróbios gram positivos: Peptococcus, Peptoestreptococcus e algumas espécies do gênero Streptococcus. Membros de microbiota normal da cavidade oral, intestino e vagina; Relacionados com processos infecciosos do aparelho reprodutor feminino (endometrites, aborto, aminionites, etc), otites, sinusites e abcessos pulmonares. Cocos Anaeróbios gram negativos: Veillonella, acidaminococcus e Mezasphaera. Raramente patogênicos e que fazem parte da microbiota fecal humana. Bacilos Anaeróbios gram positivos: Actinomyces: Microbiota e agentes de processos infecciosos na espécie humana e de animais; oportunistas em infecções do TRS; Podem desenvolver a cárie dentária. Bifidobacterium: Forma de Y ou V; encontradas no tubo gastrintestinal da criança e do adulto. Propioniobacterium: Produzem ácido propiônico; espécies avidum, acnes e propionicus são encontrados em espécies clínicas provenientes de feridas infeccionadas, abcessos submaxilares e de tecidos moles, sinus e acnes. Lactobacillus: São bactérias de forma bacilar; encontram-se no tubo digestivo, vagina e pele dos homens e dos animais; raramente são patogênicos, mas podem ser responsabilizados por processos de endocardite, meningite neonatal, infecções pleuropulmonares, coroamniotite e aminionite. Lactobacillus. Fonte: http://www.medipharm.hu/kepek/lactobacillus_1.jpg Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 59 Mobiluncus: Encontradas nos tratos genital e retal humanos e primatas; podem ser isolados de processos de vaginose, abcessos infecciosos pélvicos femininos. Clostridium Bacilos formadores de esporos; A maioria das espécies são anaeróbias estritas, saprófitas; Algumas são comensais no trato gastrintestinal e às vezes respiratório. Clostridium tetani Agente do tétano; Presença de esporo terminal (raquete); Os esporos são encontrados no solo, na poeira das ruas, fezes de homem e animais; Anaeróbio estrito e móvel. Patogenecidade Tétano generalizado e localizado; Presença de neurotoxina; Tetanopasmina, proteína protoplasmática termolábil produzida na fase estacionária de crescimento; Multiplicação: diminuição do potencial de óxido-redução; Toxina tetanolisina: lisa hemáceas; Neutoxina trajeta sistema nervoso; Toxina se fixa a gangliosídeos, bloqueia os impulsos dos neurônios transmissores, resultando em atividade excitatória não regulada (paralisia espática): espasmos prolongados dos músculos flexores e extensores; A fixação da toxina é irreversível; Morte: incapacidade de respirar. Resposta imunológica Não produz imunidade. Diagnóstico clínico Bacteriológico ou isolamento são mal-suscedido; Clinico. Tratamento Administração de soro anti-tetânico Remoção cirúrgica do tecido necrosado; Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 60 Administração de penicilina ou cloranfenicol. Epidemiologia Conseqüências de infecção de ferimentos pelos esporos de C. tetani existentes no ambiente; Vacinação. Clostridium botulinum Agente do botulismo; Bacilomóvel, gram positivo esporulado; Esporo oval central ou subterminal; 7 tipos toxigênicos. Patogenecidade 4 formas clínicas de botulismo: 1. forma clássica: intoxicação alimentar; 2. Botulismo infantil; 3. Botulismo por infecção de ferimentos; 4. Botulismo não infantil, não alimentar e não por ferimentos. As neurotoxinas botulínicas são macromoléculas complexas constituídas de uma subunidade neurotóxica e uma ou mais não tóxicas que podem ser hemaglutininas; Ação da toxina: bloqueio da transmissão nas fibras dos nervos colinérgicos, impedindo a liberação de acetilcolina; Os sintomas iniciam-se de 12 a 36 hs após a ingestão da toxina (náuseas, embaçamento visual, tonturas, ressecamento doloroso da orofaringe, constipação e dor abdominal e paralisia respiratória; Toxina ligada não é neutralizada. Reposta Imunológica Não possui imunidade. Diagnóstico Basicamente clínico; Toxina pode ser demonstrada no alimento ingerido, fezes e conteúdo gástrico e soro do paciente. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 61 Epidemiologia Distribuição geral dos esporos de C. botulinum; Intoxicação alimentar: carnes, vegetais (vagem, milho, beterraba, espinafre, azeitonas, cogumelos e pêssegos), pasta de fígado, queijos, peixes defumados e em conserva; Toxinas A e B: proteolíticas (putrefação do alimento); Controle: preparo e aquecimento adequados dos alimentos (toxina é destruída em fervura a 10 minutos ou 80ºC/30 minutos; Botulismo infantil: ingestão de mel de abelhas contaminados com esporos de bactérias; O botulismo associado a ferimentos pode ser decorrente de contato com o solo contaminado com esporos; No botulismo sem causa comum, a alteração da microbiota intestinal subseqüente a uma cirurgia gastrintestinal oferece condições semelhantes às encontradas no botulismo infantil. Clostridium perfringens Comumente encontrada em materiais clínicos Bacilo grande, retangular, reto, isolado ou aos pares gram positivo com esporos raramente formados, imóvel hemolítico Produz leciticinase (alfa toxina) facilmente observada no agar gema de ovo; Facilmente encontrado no solo, água e trato intestinal do homem e animais e cervix da vagina; Produz cerca de treze toxinas (proteínas biologicamente ativas); Pode causar infecção no nível de vários órgãos e tecidos, sendo as mais conhecidas: intoxicação alimentar, gangrena gasosa (mionecrose) e infecções intra-abdominais, cutâneas e do tecido celular subcutâneo. Diarréia associada a enterotoxina Processo infeccioso de diarréia sem associação com contaminação alimentar. Gangrena gasosa Processo rápido, progressivo do músculo acompanhado de toxemia; Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 62 Contaminação de um ferimento traumático ou cirúrgico; O diagnóstico laboratorial é feito pela detecção microscópica característica de bacilos gram-positivos na amostra de material e cultura; O tratamento inclui a remoção cirúrgica do tecido necrosado, antibióticos, antitoxinas e oxigênio hiperbárico. Celulite criptante A celulite criptante é um processo rápido e progressivo que envolve os tecidos subcutâneos causando supuração e formação de gás em quantidade sem atingir o tecido muscular; Rapidamente diagnosticado; Em alguns casos, o curso pode ser fulminante e fatal com difusão rápida da bactéria; O tratamento é feito por antitoxinas e o oxigênio hiperbárico com emprego simultâneo com antibióticos. Intoxicação alimentar C. perfringens do tipo A, devido a ingestão de carnes contaminadas com grandes quantidades de bactérias (10 8-9 UFC) Ingestão de alimentos contaminados, cuja toxina é liberada durante a esporulação da bactéria no intestino Período de incubação de 8 -24 hs; Manifestação de diarréia seguido de cólicas abdominais, podendo ocorrer náuseas ou vômitos em menos de 1/3 dos pacientes; A enterotoxina reverte o transporte de água, sódio e cloreto no intestino; O diagnóstico é feito pelas manifestações clínicas, dados epidemiológicos e demonstração de C. perfringens. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 63 Clostridium difficile Agente de doença entérica associada a antibiótico que se caracteriza por diarréia autolimitada até inflamação mais grave do intestino com formação de pseudomembrana na mucosa (colite pseudomembranosa) Bactéria isolada do ambiente e é habitante normal do intestino do homem e animais Fatores de virulência: enterotoxina (toxina A) Citotoxina (toxina B) e substâncias inibidoras da motilidade intestinal Doença associada com adminstração de antibióticos, principalmente ampicilina, clindamicina e cefalosporinas ou antineoplásicos, pós-operatório de cirurgias intestinais Diagnóstico: colonoscopia Bacteriológico; Tratamento: vancomicina ou metronidazol. Bacilos Anaeróbios gram negativos: 24 gêneros diferentes que fazem parte da microbiota e da cavidade oral, trato intestinal, trato respiratório superior e trato urogenital do homem e de animais; A identificação é presuntiva: características morfológicas coloniais e celulares, produção de pigmento, fluorescência e luz UV, hemólise, sensibilidade a discos de antibióticos (Vancomicina, canamicina e colistinas) e testes bioquímicos. Bacteroides BGN, espécies do grupo fragilis (fragilis, ureolyticus e fracilis); São pleomórficos em tamanho e forma; Causadores de infecções em várias regiões, como cabeça, pescoço, pulmões, abdômen, ossos e aparelho urogenital; Espécies de maiores significados clínicos (B. fragilis e B. thetaiotaomicran); Possuem adesinas (fímbria), cápsulas, proteção contra o O2 tóxico e enzimas de destruição tecidual; Encontrados no trato intestinal onde constitui a porção dominante da microbiota normal, trato genital feminino, boca e TRS; Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 64 Podem ser isolados de hemoculturas; Cultivados facilmente tanto em meios não seletivos e seletivos; Devem ser incubadas em ambiente anaeróbio; Estes microorganismos são resistentes aos antibióticos beta-lactâmicos; Podem possuir resistência a clindamicina; O metronidazol é o antibiótico de escolha para o tratamento das infecções causadas por esses microorganismos. Cefalosporinas, clindamicinam imipenem, etc Bactóides. Fonte: http://vietsciences.free.fr/khaocuu/nguyenlandung/images/Bacteroides.jpg Prevotella Constituem um novo gênero de BGN anaeróbios que incluem os microorganismos sacarolíticos, sensíveis a bili; Espécies de importância clínica são: P. melaninogenica e P. intermédia que ocorrem normalmente na cavidade oral, intestino grosso e vagina e tem sido relacionados com infecções como abcesso cerebral e outras; Possuem cápsulas e agentes antifagocíticos (IgA, IgM e IgG proteases) São facilmente cultivados, mas são exigentes a adição de vitamina K; Infecções: associados com outros microorganismos; Produz fluorescência laranja e coral nos meios de cultura além de desenvolver pigmentação amarela (marrom ou preta nos meios); A P. bivia e P. disiem são causadoras de infecções no trato genital feminino; A beta-lactamase pode ser produzida por algumas espécies de Prevotella. Pode- se utilizar altas concentrações de algumas penicilinas, cefoxicitina,imipenen ou beta-lactâmicos combinados com inibidores de beta-lactamases. Porphyromonas Espécies assacarolíticas pigmentadas; Espécies mais importantes: P. asaccharolytica, P. endodontalis e P. gengivalis; Responsável por infecções do TR e abcessos cerebrais; Produzem fluorescências variadas; Possuem fímbrias, antifagocíticos (IG proteases), etc; Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 65 Isolamento e tratamento semelhante a Prevotella e Bacteróides. Fusobacterium Bacilos delgados em forma de fuso com extremidades afiladas, ocorrendo pleomorfismo; As espécies de maior significado clínico são Fusobacterium necrophorum, Fusobacterium nucleatum, Fusobacterium mortiferum e F. varium; Encontradas na cavidade oral, intestinos e trato geniturinário. Infecções mistas ; Isolados de culturas puras de processos infecciosos da pele e membranas mucosas Podem infectar áreas adjacentes, como cabeça, olhos, ouvidos, mastóides e seios da face; Da cavidade oral → lesões metastáticas; No trato intestinal são isoladas de processos infecciosos intra-abdominais com relativa freqüência; Causa importante de infecções pélvicas graves; O isolamento é semelhante a outros anaeróbios; São normalmente sensíveis a penicilina, cloranfenicol, metronidazol e clindamicina; Algumas espécies são resistentes à penicilina e outros beta-lactâmicos. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 66 MICOBACTÉRIAS Gênero mycobacterium contém grande número de espécies (70); Micobactérias atípicas ou anônimas (I, II, III e IV): oportunistas. Micobacterium tuberculosis Fisiologia e Estrutura Bacilos aeróbios estritos, fracamente gram-positivos, finos, fortemente ácidos- resistentes; Parede celular rica em lipídios complexos, tornando o microorganismo resistente a desinfetantes, detergentes, antibióticos comuns e corantes tradicionais; A velocidade de crescimento das micobactérias é relativamente lenta; Possuem temperatura ótima de crescimento variável (inferior a 37º e de 42- 45ºC); São álcool ácidos-resistentes. Parede celular de Micobacterias.Fonte: Murray et al. (2002) Virulência ou patogenecidade Capazes de crescer intracelularmente em macrófagos alveolares não-ativados; Doença: resposta do hospedeiro a infecção; Infecção se inicia no parênquima dos lobos pulmonares inferiores nódulos linfáticos (hilo) outros órgãos (infecção primária) que pode progredir e se transformar em tuberculose ativa que pode se disseminada, pulmonar (ápices pulmonares), renal, óssea, etc; Tuberculose infecção X tuberculose doença; Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 67 Imunidade celular e hipersensibilidade tardia; Reações inflamatórias: Exsudativa (infecção primária), produtiva (granuloma ou tubérculos) e necrótica (muitos microorganismos, necrose do tipo caseoso, queijo). Patogenecidade do M. tuberculosis. Fonte: Tortora et al. (2005) Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 68 Doença Infecção primária: pulmonar; Disseminada: pacientes imunocomprometidos e pacientes sem tratamento. Diagnóstico Microscopia (Ziehl-Neelsen) e cultura (Lowenstein-jensen ou Ogawa); BAAR em coloração de Ziehl Neelsen. Fonte: http://teaching.path.cam.ac.uk/Microbiology/BI_Bacteriology/MB_Mycobacteria/M_BI_MB_02.jpg Cultura de Baar em meio Lowenstein-jensen. Fonte: http://www.ann-clinmicrob.com/content/figures/1476-0711-4-18-5-l.jpg Testes de sensibilidades: demorados; Identificação das espécies: tabela; Inoculação em cobaias: pouco usados; Sondas genéticas; Hipersensibilidade tardia: injeção da tuberculina (PPD) é o teste de Mantoux. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 69 PPD positivo. Fonte: http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/imagepages/3037.htm Epidemiologia Distribuição mundial; Novos casos anualmente; Perigo: pacientes imunocomprometidos usuários de álcool, drogas e indivíduos expostos a pacientes doentes; O homem é o único reservatório natural; A disseminação por pessoa ocorre através de aerossóis contaminados. Tratamento, Prevenção e Controle Drogas de 1ª linha e 2ª linha; O esquema mais comum é a combinação de drogas e tratamento prolongado (impedir cepas resistentes); Isoniazida e rifampicina: 9 meses ou Pirazinamida + etanobutol ou estreptomicina; Profilaxia: ixoniazida, rifampicina; Imunoprofilaxia: BCG; Controle: vigilância ativa, intervenção profilática e terapêutica. Micobacterium bovis Tuberculose no gado bovino humanos; Transmitida por leite não pasteurizado, provenientes de vacas tuberculosas Orofaringe e trata digestivo nódulos mesentéricos disseminação Inalação tuberculose pulmonar; Cresce em meio Stonebrink que contém ácido pirúvico. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 70 Micobacterium leprae Bacilos fracamente gram-positivos e fortemente ácido-resistentes; Parede celular rica em lipídios; Incapaz de ser cultivado em meios artificiais. Doença Forma tuberculóide, lepromatosa e intermediária. Virulência Cresce em meio intracelular: doença é resposta do hospedeiro. Epidemiologia Comum na Ásia e África; Os tatus são reservatórios naturais; Forma lepromatosa é altamente infecciosa; A disseminação ocorre de pessoa a pessoa através de contato direto ou inalação de aerossóis contaminados. Diagnóstico Microscopia é sensível para a forma lepromatosa, mas não para a forma tuberculóide; Testes cutâneos: Pesquisa da sensibilidade térmica, dolorosa e tátil. Prova da histamina – feita para verificar se seus nervos foram atingidos. Será pingada uma gotinha em sua pele, seguida de uma picada para punção. Prova da pilocarpina – para verificar se há alteração na inervação das glândulas sudoríparas. É uma injeção intradérmica (daquela pequenina, que alcança apenas as camadas superficiais da pele). Baciloscopia – exame para detectar a presença do Bacilo de Hansen, após análise no microscópio. Biópsia da pele Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 71 Micobacterium leprae. Fonte: www.gefor.4t.com/.../mycobacteriumleprae.html Tratamento, prevenção e controle Dapsona + rifampicina (forma tuberculóide); Dapsona + rifampicina + clofazimina (forma lepromatosa); Tratamento prolongado; Profilaxia: dapsona; Controle: pronto reconhecimento de pessoas infectadas. Apostila de Microbiologia Clínica – prof. Vinícius Soares de Oliveira 72 NOCARDIAS Gênero compreende três espécies: N. arteroides, N. brasiliensis e N.caviae; Bacilos gram-positivos que podem ser álcool-ácido resistentes. Nocardia. Fonte: www2.mf.uni-lj.si/~mil/bakt4/bakt4.htm Patogenecidade Patógeno oportunista; Causas de pneumonias (lesões pulmonares disseminadas ou localizadas ) e micetomas; Infecção pulmonar (broncopulmonar) disseminação (abcessos); Micetomas, abcessos subcutâneos com fístulas que drenam pus com grânulos.
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