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Déficit Público e Dívida Pública Economia do Setor Público Kellen Rocha de Souza Definição de déficit: • Linguagem contábil - é um excesso de passivo em relação ao ativo, isto é, as despesas e pagamentos são maiores que o faturamento e o total de crédito. • Finanças públicas: • déficit orçamentário → quando as despesas são superiores à arrecadação; • déficit da balança comercial → quando o valor total das importações é superior ao total das exportações. • Contas do governo: • déficit primário - inclui todas as receitas e todas as despesas do governo menos juros; • déficit operacional - inclui as despesas com juros das dívidas internas e externa do setor público. Definição de déficit e dívida: • Déficit público - é medido em relação a determinado período (trimestre, semestre, ano), ou seja, é uma variável fluxo. • Dívida pública é uma variável estoque, ou seja, acumulada ao longo do tempo. • Cada vez que ocorre um déficit, há um aumento da dívida pública acumulada. • Por outro lado, caso ocorra um superávit em determinado período, há uma diminuição do estoque de dívida pública. Definição de déficit e dívida: CONCEITOS IMPORTANTES • Déficit público: variável fluxo (determinada em um período específico). • Dívida pública: variável estoque (acumulada ao longo do tempo) Definição de déficit e dívida: • No Brasil, o conceito de setor público utilizado para mensuração do déficit público é o setor público não- financeiro mais o Banco Central. • Setor público não-financeiro – corresponde à administrações diretas federal, estadual e municipal, às administrações indiretas, ao sistema público de previdência social e às empresas estatais não-financeiras federais, estaduais e municipais, além da Itaipu Binacional. • Ressalte-se que o Banco Central é incluído na apuração da dívida líquida pelo fato de transferir seu lucro automaticamente para o Tesouro Nacional. Abrangência das Contas: Conceitos GOVERNO CENTRAL = (GOVERNO FEDERAL + INSS + BANCO CENTRAL) GOVERNO = GOVERNO CENTRAL+ ESTADOS + MUNICÍPIOS SETOR PÚBLICO = GOVERNO + EMPRESAS ESTATAIS (FEDERAIS, ESTADUAIS E MUNICIPAIS) Definição de déficit e dívida: Financiamento dos gastos públicos: • Arrecadação de tributos, • Emissão de moeda; • Venda de títulos da dívida pública com garantia de resgate futuro acrescido de juros. Parte desse financiamento corresponde à dívida pública, isto é, dívida pública é a dívida contraída pelo governo com a sociedade em geral para financiar parte de seus gastos que não foram cobertos pela arrecadação de tributos; ou para atingir as metas da política econômica, como por exemplo, o controle do nível de atividade da economia, o controle do crédito e do consumo; ou para adquirir dólares no exterior, ou seja, dívida pública divide-se em dívida interna e dívida externa. Definição de déficit e dívida: • Logo, conclui-se que os principais credores do setor público são os bancos públicos e privados, os investidores privados, as instituições financeiras internacionais e os governos de outros países. Definição de déficit e dívida: • Empresa – tem uma reputação a zelar; o horizonte de tempo com o qual trabalha a empresa é longo; • Pessoa física ou jurídica – se se dispuser a “apertar o cinto” durante um certo período, para quitar as suas dívidas, será premiada pelo pagamento destas e, portanto, terá uma melhora do seu fluxo de caixa futuro; • Dívida pública – o comportamento do devedor é diferente. • O governante que seguir um comportamento de “apertar o cinto” corre o risco de ser julgado como um administrado inoperante e de deixar o terreno livre de problemas para que um sucesso do partido oposicionista colha os frutos da sua austeridade, por não ter que assumir mais os encargos da dívida que terá sido paga. Definição de déficit e dívida: • Por isso, no cálculo político do governante, o horizonte de tempo relevante é o da sua permanência no cargo. • É claro que, se não houvesse restrições, então os governos gerariam déficits altíssimos e se endividariam ad infinitum. Quais são as restrições que operam e limitam o déficit e o endividamento público? • Há três que são relevantes: Definição de déficit e dívida: 1) O mercado – para que haja uma dívida, é preciso que exista um credor. Um devedor que sistematicamente deixe de honrar seus compromissos, mais cedo ou mais tarde, enfrentará a hostilidade do mercado, que lhe negará o acesso a novas fontes de endividamento. Definição de déficit e dívida: 2) O risco da inflação – se o déficit for elevado e não houver como financiá-lo através da colocação de novos títulos, só restará ao governo a alternativa de fazer isso através da emissão monetária. Esta, porém, ao gerar uma expansão dos meios de pagamento muito superior ao aumento da quantidade de bens e serviços da economia, tenderá, mais cedo ou mais tarde, a se refletir no nível de preços; Definição de déficit e dívida: 3) Conjunto de instituições em que se insere a implementação da política pública – cabe esperar que sociedades com economias desenvolvidas, maior nível de bem-estar social, instituições maduras e certa dose de responsabilidade da parte dos seus dirigentes, criem mecanismos de contrapeso que entrem em ação se, em determinado momento, o déficit público se mostrar perigosamente elevado. Neste tipo de sociedade, a predisposição dos agentes econômicos a emprestar em bases voluntárias aos governos tende a ser maior – pela confiabilidade dos mesmos. Isso explica por que, em média, países desenvolvidos têm dívidas públicas maiores do que os demais países. A dívida pública: uma referência internacional • Anos 1980 – manchetes de jornais: “Dívida externa brasileira atinge US$ 100 bilhões” ou “Dívida externa aumentou US$ 10 bilhões no último ano”. • O leitor leigo – a quem as manchetes dos jornais de grande circulação são dirigidas – tende a ficar impressionado com grandes números. Os economistas, porém, devem usar outro tipo de termômetro. • Uma forma de entender este ponto é tentar responder se a dívida de uma empresa, no valor equivalente a, por exemplo, US$ 1 milhão, é “alta” ou “baixa”. A única resposta possível a essa indagação é: “Depende”. Trata-se de uma empresa de “fundo de quintal” ou uma empresa grande? A dívida pública: uma referência internacional • Assim, iremos nos referir à dívida pública expressa como percentagem do PIB e não em termos de valores absolutos. • Relação dívida/PIB - não pode crescer sempre pois em algum momento o credor pode perceber que a dívida é impagável, negar-se a conceder novos créditos ao governo e provocar a falência deste – e talvez de si próprio, por ter no ativo papéis que podem não valer nada, da noite para o dia. • Qual é a relação dívida pública/PIB que possa ser entendida como “razoável”? A dívida pública: uma referência internacional Países Dívida Governo Geral (% PIB) Alemanha 82 Áustria 78 Espanha 68 Estados Unidos 92 França 92 Grécia 123 Holanda 77 Irlanda 81 Itália 127 Japão 197 Portugal 91 Reino Unido 83 Ásia / (a) 40 / (a) – China, Hong Kong, Índia, Indonésia, Coréia do Sul, Malásia, Filipinas, Cingapura e Tailândia. Fonte: Cecchetti et alii (2010), Tabela 1, com base em base de dados do FMI e da OECD. Dívida pública em países selecionados – 2010 (% PIB) A dívida pública: uma referência internacional • A qualificação que deve ser feita é arespeito da composição (prazo de maturação) e do custo da dívida pública (taxa de juros). • Composição da dívida – os países mais avançados, em alguns casos com uma dívida maior que a brasileira, costumam ter um mercado de títulos públicos suficientemente desenvolvido, combinado com uma longa tradição de estabilidade, que lhes permite ter uma proporção elevada da sua dívida na forma de papéis de longo prazo de maturação e, o que é tão importante quanto isso, com taxas de juros prefixadas. A dívida pública: uma referência internacional • Custo da dívida - Exemplo: Itália – Uma taxa nominal de juros, grosso modo, de 4% sobre uma dívida de mais de 100% do PIB, representa um peso no orçamento menor do que o peso que os juros têm no Brasil, com uma taxa de juros significativamente maior, incidente sobre uma dívida muito inferior à italiana. • Tão ou mais importante do que o tamanho relativo da dívida pública, para avaliar as condições de um país, é saber a estrutura da mesma de acordo com o prazo de vencimento e a taxa de juros média que o governo paga pelos seus títulos. Método de cálculo da dívida pública Há dois métodos : 1) Método “acima da linha” – representa a diferença entre os fluxos de receita e despesa, ou seja, é o excesso de gastos sobre a arrecadação; Tanto a União, como os Estados e Municípios, apresentam orçamentos divididos em receitas e despesas, que podem ser classificadas em operacionais e financeiras. Caso as receitas operacionais sejam maiores que as despesas operacionais, há um superávit primário. Caso contrário, há um déficit primário. Método de cálculo da dívida pública CONCEITO IMPORTANTE Déficit primário = despesas operacionais – receitas operacionais Onde: Despesas operacionais > receitas operacionais Despesas operacionais = gastos não-financeiros Receitas operacionais = receitas não-financeiras Método de cálculo da dívida pública Já o déficit nominal, também conhecido como déficit total, corresponde ao déficit primário somado ao pagamento de juros e amortizações da dívida pública, entre outras receitas e despesas financeiras. CONCEITO IMPORTANTE Déficit nominal = déficit primário + (despesas financeiras – receitas financeiras) = gastos totais – receitas totais Onde: Gastos totais > receitas totais Método de cálculo da dívida pública Déficit nominal, também conhecido como déficit total, corresponde ao déficit primário somado ao pagamento de juros e amortizações da dívida pública, entre outras receitas e despesas financeiras. CONCEITO IMPORTANTE Déficit nominal = déficit primário + (despesas financeiras – receitas financeiras) = gastos totais – receitas totais Onde: Gastos totais > receitas totais Gastos totais = despesas não financeiras + despesas financeiras Receitas totais = receitas não financeiras + receitas financeiras Despesas financeiras (exemplo): juros e amortizações da dívida pública. Método de cálculo da dívida pública Déficit operacional - corresponde ao déficit primário somado ao pagamento dos juros reais, ou seja, exclui os efeitos causados pela correção monetária do cálculo do pagamento dos juros nominais da dívida pública. Esse conceito foi bastante utilizado no Brasil no período de inflação elevada para que o governo pudesse ter uma ideia mais precisa do valor real do déficit público. CONCEITO IMPORTANTE Déficit operacional = déficit primário + pagamento dos juros reais = déficit nominal – correção monetária Onde: Juros reais = juros nominais – correção monetária. Método de cálculo da dívida pública Quando o país apresenta uma dívida pública elevada, os organismos internacionais, como o Fundo Monetário Internacional, por exemplo, exigem que a administração pública gere superávits primários elevados para que os compromissos da dívida pública sejam cumpridos. A diferença entre o déficit operacional e o déficit nominal está em que o segundo não considera o imposto inflacionário como receita real do governo. Déficit operacional = déficit nominal – correção monetária 2) Método “abaixo da linha” – considera o déficit como uma variação da dívida pública por meio de seu financiamento. Método de cálculo da dívida pública 1) Método “acima da linha” – representa a diferença entre os fluxos de receita e despesa, ou seja, é o excesso de gastos sobre a arrecadação; – Por este critério, pode-se calcular: a) Déficit Nominal; b) Déficit Primário; c) Déficit Operacional; d) Déficit público de pleno emprego; 2) Método “abaixo da linha” – considera o déficit como uma variação da dívida pública por meio de seu financiamento. – Por esta ótica, pode-se calcular: a) Dívida Líquida do Setor Público; b) Ajuste Patrimonial; c) Dívida Fiscal Líquida; d) Necessidades de Financiamento do Setor Público; e) Necessidades de Financiamento do Setor Público no conceito operacional; f) Necessidades de Financiamento do Setor Público no conceito primário;
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