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EcoValle: Desenvolvimento de um modelo de ecobairro para a cidade de Valença-RJ

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CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS, DA TERRA E ENGENHARIAS
ENGENHARIA CIVIL
ECOVALLE
Desenvolvimento de um modelo de ecobairro para a cidade de Valença-RJ
Débora Monique Cesário 
Jeniffer Kelly de Jesus Rodrigues de Oliveira (jenifferkelly378@hotmail.com);
João Paulo (joaopaulo.bit@hotmail.com);
Guilherme Silva Santos (guilherme_902@hotmail.com)
Mariana Nazareth Venancio Dias (mari-nv@hotmail.com);
Natasha Nataliê de Oliveira da Silva (natasha_natalie@rocketmail.com);
Pedro Henrique Silva (pedrohenriquebds@live.com)
Barra do Piraí/RJ
2015
INTRODUÇÃO
Com o advento da Revolução Industrial no século XVIII, a busca pela produtividade de bens definiu um novo modelo de viver nas cidades. Com a oferta de trabalho nas indústrias e a incorporação de novas tecnologias no campo, o êxodo rural levou muitas pessoas aos grandes centros. A falta de planejamento que suportasse a expansão da malha urbana fomentou o surgimento de problemas crônicos. A valorização da região central das cidades, aliado à incapacidade de geração de emprego a todos, favoreceu o surgimento de áreas de ocupação periféricas, subdesenvolvidas, que não contemplavam infraestrutura básica, serviços médicos e educacionais. O estado não conseguiu conduzir o ordenamento urbano. O aumento do tráfego, a deficiente rede pública de transportes, a baixa qualidade do ar, a falta de áreas verdes e de lazer, entre outros fatores, conduziram às dificuldades de se viver nas grandes cidades (MORAES, 2013). 
O que se observa hoje é a utilização da informalidade e da autoconstrução pela população de baixa renda como meio de se ter acesso ao solo urbano e a sua moradia, a qual por falta de interação com associação de apoio técnico específico não tem acesso às inovações construtivas e controle da qualidade da produção habitacional. Desse modo, o resultado são habitações densas, comprometidas em fatores essenciais para a qualidade de vida, além de desperdício e situações de degradação ambiental que refletem nas condições das cidades. Nesse contexto, vale ressaltar que entre os grandes responsáveis pelos impactos causados aos sistemas de suporte de vida no planeta está o setor da construção civil, a qual absorve em torno de 50% de todos os recursos extraídos da crosta terrestre e consome entre 40% e 50% da energia consumida em cada país. Além desses, outros impactos na cidade são resultantes da moradia social, o esgoto doméstico é um dos maiores poluidores dos recursos hídricos, a ocupação ilegal é o fator mais freqüente de agressão às áreas de preservação, a ausência de saneamento é a maior causa de doenças infantis e as imensas distâncias do trajeto casa/ trabalho são responsáveis por uma sobrecarga no tráfego e aumento no custo geral de circulação (KAPPL & PINA, 2008). 
Atualmente, o tema ambiental introduziu-se como parte integrante do pensamento urbanístico o qual, como resposta, produziu diferentes modelos urbanos. O discurso contemporâneo sobre ambiente reconhece as alterações climáticas, o esgotamento de recursos naturais e as questões energéticas como focos de preocupações para o futuro, adicionando a estes fatores o aumento populacional e a expansão urbana que agrava esses mesmos problemas. Com a crescente ênfase sobre as preocupações ambientais e uma progressiva conscientização ecológica, surge o desenvolvimento sustentável na procura de um modelo alternativo. Em alguns países do norte da Europa iniciam-se na década de noventa experiências ainda em curso, projetos que valorizam os discursos sobre desenvolvimento sustentável, sendo a escala local a incubadora para a prática. Esses projetos são os ecobairros. Ou seja, a determinação de uma resposta aos problemas ambientais, dentro de um marco local, é reclamada pelo ecobairro (GOMES, 2009).
Bairros sustentáveis, termo utilizado como sinônimo de ecobairros,são uma modalidade de projeto urbano que vem ocorrendo desde a década de 1970, com diferentes roupagens em diferentes locais, como uma ferramenta utilizada, não só para conter as pressões sobre os recursos naturais, que aumentaram demasiadamente após a Revolução Industrial, mas também como forma de integrar o conceito mais amplo e mais atual de sustentabilidade.Tal conceito envolve os pilares social, econômico e de governança, além do já conhecido ambiental dentro da cidade já planejada ou não, com densidade apropriada ou não (AZEVEDO, 2015). 
Observando todas essas características citadas acima e as necessidades do nosso país, surge a ideia de projetar um modelo de ecobairro, o EcoValle, para ser implementado em nossa região. Essa proposta será apresentada neste trabalho.
JUSTIFICATIVA
Os problemas gerados em nosso país, principalmente nas grandes metrópoles, devido ao crescimento acelerado e sem planejamento não são novidade. A falta de saneamento, serviços de saúde, transporte e segurança tem atingido a todas as regiões por longos anos sem o surgimento de uma alternativa viável que busque conter esse avanço. Ao mesmo tempo, maiores são as agressões ao meio ambiente, fazendo com que a qualidade de vida dos habitantes diminua a cada dia e comprometendo o seu futuro.
A definição de sustentabilidade mais difundida é a da Comissão Brundtland, a qual considera que o desenvolvimento sustentável deve satisfazer às necessidades da geração presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Essa definição deixa claro um dos princípios básicos de sustentabilidade, a visão de longo prazo, uma vez que os interesses das futuras gerações devem ser analisados. A verdade é que, desde a definição da Comissão Brundtland,já surgiram inúmeras definições e, com certeza, existirão muitas outras no futuro, porém, o ponto comum em todas elas, quando analisadas detalhadamente, está nas dimensões que compõem o termo sustentabilidade. A maioria dos estudos afirma que sustentabilidade é composta de três dimensões que se relacionam: econômica, ambiental e social. Essas dimensões são também conhecidas como tripple bottom line. (CLARO et al., 2008)
Visto que o modelo europeu de ecobairros se baseia nesse princípio, a criação do EcoValle em nossa região proporcionará um crescimento para os municípios, valorizando a parte do interior do Estado do Rio de Janeiro, além de garantir aos seus moradores todos os parâmetros para o estabelecimento de uma vida saudável e tranquila, com benefícios a curto, médio e longo prazo.
OBJETIVOS
Desenvolver um modelo de ecobairro aplicado ao município de Valença-RJ, com a utilização de métodos sustentáveis em toda sua construção e a garantia de serviços sociais, econômicos e ambientais ao longo dos anos.
Aprendizado de técnicas de planejamento, pesquisa, desenho técnico, utilização de programas da área de engenharia e organização de trabalhos.
Disponibilização de resultados para servir de base para outros projetos do mesmo tema.
METODOLOGIA
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO BAIRRO
O bairro será dividido em 76 lotes de dimensões 20m x 15m, totalizando 300m² em cada lote. 
Cada quarteirão será formado por seis tipos diferentes de casa, sendo duas casas com um quarto, duas casas com dois quartos, e duas casas com três quartos. 
A construção e o projeto de cada casa irá seguir o código de obras vigente da cidade de Valença-RJ.
As ruas terão larguras de 6m, sendo 3m para cada mão, as calçadas terão larguras de 1m de cada lado e as ciclovias terão largura de 1m cada. As ciclovias serão localizadas na parte central, entre as duas mãos da rua, de modo a possibilitar o seu amplo acesso a todos os lugares do bairro.
As concentrações relacionadas a serviços sociais serão localizadas no centro do bairro. São essas: mercearia, escola/creche, bicicletário, estacionamento, posto de saúde e área de lazer/área verde.
FALTA: A DESCRIÇÃO DE CADA MODELO DE CASA
PROPOSTAS AMBIENTAIS A SEREM APLICADAS
Estação de Tratamento e Distribuição de Água: unidade que visa realizar o processo de retirada da água do rio da lateral da área do bairro,com o posterior tratamento para torná-la potável e distribuição para todas as casas da região;
Estação de Tratamento de Esgoto: unidade que irá tratar o esgoto doméstico gerado pelos habitantes a fim de diminuir a taxa de impactos gerados pelo seu despejo no ambiente. Contará com um sistema de reaproveitamento do gás metano produzido em energia elétrica. Também desenvolverá um projeto social, no qual haverá uma área reservada para a plantação de mudas aberta a população, utilizando adubos orgânicos produzidos a partir dos resíduos do processo de tratamento do esgoto.
Centro de Captação e Distribuição de Energia: unidade que irá captar a energia solar gerada a partir dos painéis solares que serão colocados sobre os telhados de todas as construções do bairro. Essa unidade também será responsável por distribuir essa energia entre as casas. No caso de geração de energia em excesso, planeja-se estabelecer contatos com bairros vizinhos para a sua venda. 
Sistema de Coleta de Lixo: o projeto planeja seguir o modelo implantado na cidade de Capannori, na Itália, baseado em três eixos: diminuição de geração de resíduos, reutilização e reciclagem. A iniciativa contou com medidas como: coleta seletiva porta a porta; tarifa do lixo; construção estação de recargas de auto-antendimento nos estabelecimentos, reduzindo o uso de embalagens; o incentivo a compostagem doméstica – com a doação de composteiras, treinamento e redução na tarifa de lixo para aqueles que realizam; campanhas de educação cidadã
Ecotelhado: difere dos sistemas convencionais de telhado verde de terra ou substrato por focar na armazenagem da água da chuva e reciclagem de águas cinzas. Pode ser classificado como um sistema semi-hidropônico que coleta a água da chuva e a usa como substrato para crescimento da vegetação. Também se diferencia pela possibilidade de uso conjunto de placas fotovoltaicas. Utiliza piso elevado feito de porcelanato ou placa cimentícia, com possibilidade de criar abaixo do piso um reservatório de água ou de ar que faça isolamento termoacústico e permita a passagem de fios ou tubulações. É indicado a ser instalado em uma laje plana, utilizando uma impermeabilização de PVC.
PRÁTICAS PARA SEREM ANALISADAS NA CONSTRUÇÃO
Localização próxima às áreas centrais de serviços;
Proteção e maximização de áreas verdes;
Acessibilidade a todas as áreas, principalmente pelo uso de bicicletas;
Aproveitamento de águas pluviais e redução do uso de água potável para irrigação;
Luminárias de alto rendimento e lâmpadas eficientes;
Estudos dos sistemas prediais para melhor desempenho;
Equipamentos e motores de alto rendimento.
Conforto ambiental;
Aproveitamento de iluminação natural.
Redução de desperdício de materiais;
Previsão de áreas para depósito de recicláveis;
Seleção de materiais com conteúdo reciclado;
Uso de madeira com manejo sustentável.
PRÁTICAS NOS CANTEIROS DE OBRA
Gestão da geração de resíduos e coleta seletiva;
Desmobilização do canteiro com reaproveitamento;
Minimização das interferências (manutenção e limpeza das ruas, arranjo físico do canteiro, lava rodas);
Proteção de taludes e do solo contra erosão;
Foco na formalidade de seus trabalhadores e subempreiteiros;
Saúde, segurança e condições de trabalho;
Educação e desenvolvimento profissional.
PROPOSTAS SOCIAIS
CALÇADAS
As calçadas, assim como as ruas das cidades servem a vários usos além de comportar o fluxo de pessoas e veículos. Esses usos estão relacionados à circulação, mas não são sinônimos dela e cada um juntamente com a circulação é fundamental para o funcionamento adequado das cidades. A calçada só tem significado junto com outros usos limítrofes, tais como os edifícios, as ruas e as calçadas próximas. Muitas vezes sua largura é sacrificada em favor da largura da rua para os veículos, isto porque são desprezadas na condição de elementos vitais para a segurança da vida pública nas cidades (KAPPL & PINNA, 2008). A partir dessas características planeja-se garantir o correto espaço para a faixa de livre circulação, com segurança e acessibilidade, através da implantação adequada de rampas de acesso, faixas elevadas de travessia e mobiliários.
Já a ciclovia e o bicicletário visam incentivar o uso de bicicletas como principal forma de transporte dentro do bairro, oferecendo um estacionamento para as pessoas vindas de fora do bairro estacionarem o seu carro e aproveitar as belezas do bairro em uma bicicleta, além de causar menos poluição. É uma boa opção para locais nos quais a população utiliza a bicicleta como meio de transporte. As ciclovias possuirão sua pista própria, sem obstáculos e separada fisicamente do tráfego comum para proporcionar segurança aos pedestres e ciclistas. Também será utilizada vegetação ao redor do caminho, para proporcionar maior conforto térmico durante dias quentes. 
INFRAESTRUTURA VERDE 
O pavimento permeável é uma boa solução no combate a enchentes, possui poros que permitem que a água da chuva passe através da superfície e infiltre para o subsolo. É ideal para o pavimento de pequenas áreas externas, tais como, pátios, entradas e vagas de carros (KAPPL & PINNA, 2008). Esse tipo de pavimento será utilizado nos prédios centrais do bairro, que serão construídos sobre uma mesma base.
ESPAÇO DE CONVÍVIO
São espaços coletivos de significação importante, funcionam como extensão de ruas, nos quais ocorrem os encontros, a permanência, os acontecimentos, as manifestações de vida urbana e comunitária. Propostas com infraestrutura associada às características funcionais e climáticas do território e diferenças sutis tais como mudanças de nível no piso, agrupamento de árvores, espaços que abrem perspectivas variadas auxiliam a diversificar o espaço e proporcionar áreas de lazer e convívio de boa qualidade aos moradores (KAPPL & PINNA, 2008). Tais características serão aplicadas nos prédios centrais, principalmente na área de lazer/área verde, que será o grande ponto encontro dentro do bairro.
CENTRO COMUNITÁRIO
De modo geral, é uma boa solução aliar o espaço de convívio entre os moradores com os serviços, ou seja, adotar uma diversidade de usos que garante o bom funcionamento do espaço. A permeabilidade visual também é um ponto importante, ela possibilita integrar o serviço ao seu entorno, como se ele fosse apenas mais um componente de uma praça aberta. Nesse sentido a vegetação tem papel primordial, quando intercalada com as construções auxilia a organizar, definir e conter espaços, além de caracterizar o aspecto de praça (KAPPL & PINNA, 2008). Essas propostas serão aplicadas nas unidades de serviços centrais, combinando-as com a vegetação, a fim de proporcionar um ambiente bonito, leve e agradável.
O mobiliário urbano será sinalizado por piso tátil de alerta para auxiliar a pessoa portadora de deficiência visual quanto ao obstáculo na calçada ou ser embutido em uma estrutura. Além disso, serão constituídos de materiais resistentes e que não necessitem de uma constante manutenção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste contexto, algumas considerações devem ser ressaltadas: o projeto do espaço aberto em si não deve estar dissociado do contexto urbano em que se insere. É necessário o conhecimento sobre a percepção da estrutura ambiental, a qual é determinada pelas relações entre as pessoas e seu ambiente para desenvolver ações efetivas e inovadoras como sendo a única maneira de viabilizar um projeto de interesse social. Portanto, na busca por qualidade do ambiente habitacional, é importante colocar em prática medidas de infraestrutura que visem o bem-estar dos moradores através do conforto ambiental, acessibilidade e sustentabilidade do bairro. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, G. M.; DOMENEGHINI, J.; MORANDO, J. P. S. K. Princípios do Novo Urbanismo no Desenvolvimento de Bairros Sustentáveis Brasileiros. II Seminário Nacional de Construções Sustentáveis. Passo Fundo-RS, 2013. Disponível em: <http://www.imed.edu.br>. Acessado em: 03 de junho de 2015.
AZEVEDO, H. M. Projetos Urbanos Sustentáveis Segundo a Abordagemdos Ecobairros. Rio de Janeiro-RJ, março de 2015. Projeto (graduação em Engenharia Ambiental) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica. Disponível em: <http://monografias.poli.ufrj.br>. Acessado em: 03 de junho de 2015.~
CLARO, D. P.; CLARO, P. B. O.; AMÂNCIO, R. Entendendo o Conceito de Sustentabilidade nas Organizações. Revista Administração, São Paulo, v.43, n.4, p.289-300, out./nov./dez. 2008. Disponível em: <http://www.rausp.usp.br>. Acessado em: 08 de junho de 2013.
FEBRABAN – FEDERAÇÃO DE BANCOS. Construção Sustentável. XVII Café com Sustentabilidade, Comissão de Responsabilidade Social e Sustentabilidade. São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www.febraban.org.br>. Acessado em: 03 de junho de 2015.
GOMES, R. P. A. M. S. Ecobairro, um Conceito para Desenho Urbano. Aveiro, Portugal, 2009. Dissertação (Mestrador em Planejamento do Território) – Universidade de Aveiro. Disponível em: <http://www.csustentavel.com>. Acessado em: 03 de junho de 2015.
KAPPL, K.; PINNA, S. M. Bairros Habitacionais Sustentáveis: a construção de banco de idéias & projetos. Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo. Campinas-SP, 2008. Disponível em: <http://www.usp.br>. Acessado em: 02 de junho de 2015.
MORAES, T. P. Desenvolvimento de Bairros Sustentáveis. Rio de Janeiro, Brasil, 2013. Monografia (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Departamento de Construção Civil. Disponível em: <http://monografias.poli.ufrj.br>. Acessado em: 03 de junho de 2015.

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