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Aula 03 Jurisdição e Competência

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Direito Processual Penal – TRE/MG 
ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo – Aula 03 
 
 
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 101 
AULA 03: JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA. 
 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
Apresentação da aula e sumário 01 
I – Da Jurisdição 02 
II - Competência 17 
III – Da competência Penal do STF, do STJ, dos 
TRFS, dos Juízes Federais e dos Juizados Especiais 
Federais 
45 
Lista das Questões 67 
Questões Comentadas 78 
Gabarito 101 
 
Olá, meu povo! 
 
 
Hoje vamos estudar a JURISDIÇÃO E A COMPETÊNCIA. Muito 
cuidado! 
Ah, eu espero que vocês estejam com disposição, pois o monstrinho 
de hoje tem “apenas” 100 PÁGINAS! Divirtam-se! 
Mãos à obra! 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Processual Penal – TRE/MG 
ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo – Aula 03 
 
 
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 101 
I – DA JURISDIÇÃO 
 
A) Conceito 
 
O Estado, enquanto poder soberano, exerce três grandes funções: 
Administrativa, legislativa e jurisdicional. A primeira é exercida pelo 
Executivo, a segunda pelo Legislativo e a terceira pelo Judiciário. Nas 
aulas de Direito Constitucional vocês verão que, na verdade, cada um 
dos Poderes da República exerce primordialmente uma função, e 
não exclusivamente. Entretanto, para o nosso estudo, basta que vocês 
saibam isso. 
Dentre estas funções, como eu disse acima, ao Judiciário cabe a 
função jurisdicional. Mas em que consiste a função jurisdicional? Para 
entendermos, vamos à etimologia da palavra. 
Jurisdição deriva do latim, iuris dictio, que significa DIZER O 
DIREITO. Partindo desta premissa, podemos conceituar a Jurisdição 
como: 
A atuação do Estado consistente na aplicação do Direito vigente a 
um caso concreto, resolvendo-o de maneira definitiva, cujo objetivo 
é sanar uma crise jurídica e trazer a paz social. 
 
É importante que vocês não confundam os termos PODER 
JURISDICIONAL, FUNÇÃO JURISDICIONAL E ATUAÇÃO 
JURISDICIONAL. 
O primeiro (PODER JURISDICIONAL) é entendido como o Poder 
atribuído ao Estado, de dizer quem possui o direito num caso concreto. Na 
verdade, há muito tempo a ideia de jurisdição passou a ser compreendida 
não apenas como o Poder de dizer quem tem o direito, mas de fazer valer 
Direito Processual Penal – TRE/MG 
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Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo – Aula 03 
 
 
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o direito de quem o tem. E esta materialização do direito se dá, no 
processo penal, através da execução da pena. 
EXEMPLO: Imaginem que João seja condenado a 10 anos de 
reclusão por ter praticado o crime de homicídio. Basta que o Judiciário 
pendure numa moldura a sentença que condena o réu, a fim de se 
gloriar por ter dito que ele era condenado? Claro que não. O Estado 
deve ter o poder de fazer valer esta decisão. Isto se dá através da 
execução penal. 
Essa breve fugida para o processo de execução serviu para lembrar a 
vocês que jurisdição não é somente dizer o direito, MAS FAZER VALER O 
DIREITO! 
Já a FUNÇÃO JURISDICIONAL é concebida como um encargo que 
o Estado delega a um de seus Poderes constituídos (via de regra, ao 
Judiciário). Eu disse, “via de regra”, pois os outros Poderes também 
exercem, em casos específicos, a função jurisdicional. O Legislativo, por 
exemplo, é quem exerce a função jurisdicional do Estado no processo de 
impeachment do Presidente da República, (artigos 49, IX e 52, I da CF). 
Nesse caso, o Legislativo decide com DEFINITIVIDADE a questão, 
não cabe revisão pelo Judiciário. Esse é o caso mais exemplar de 
exercício da função jurisdicional por outro Poder. 
Noutros casos, como nas sindicâncias e processos administrativos 
que tramitam perante os diversos órgãos públicos, também há exercício 
da função jurisdicional, embora nestes casos a matéria possa ser levada à 
apreciação do Judiciário, ou seja, não há DEFINITIVIDADE. Nesses 
casos, há o que chamamos de coisa julgada administrativa. Isso quer 
dizer que na esfera administrativa não é mais possível alteração, o que, 
como disse, não impede que a questão seja levada ao Judiciário. 
Por fim, a ATIVIDADE JURISDICIONAL é o conjunto de atos 
exercidos pelo agente do Estado que, num determinado processo, está 
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investido da função jurisdicional, via de regra, o Juiz. Esse agente é 
chamado de Estado-Juiz. 
A finalidade da jurisdição, ou seu escopo, é trazer a paz social. 
Entretanto, essa é sua finalidade social. Ela possui, ainda, pelo menos 
duas outras finalidades. 
A jurisdição possui um escopo jurídico, que é resolver o imbróglio 
jurídico que perdura, dizer quem tem o direito no caso concreto, segundo 
o sistema jurídico vigente. O fortalecimento do senso de democracia 
participativa também se insere nesse escopo da jurisdição, quando 
falamos, por exemplo, da Ação Popular (que também possui previsão 
para o a seara penal). 
Possui também, uma finalidade política, que é a de fortalecer a 
imagem do Estado como entidade soberana, que tem o poder de 
dizer quem está certo e fazer valer essa decisão. 
Por fim, a jurisdição possui um escopo educacional ou 
pedagógico, que, no processo penal, tem por finalidade transmitir à 
população a aplicação prática do Direito, fazendo com que a população se 
torne cada vez mais consciente daquelas condutas que são penalmente 
tuteladas (parte da Doutrina entende como sendo integrante do 
escopo social). 
Resumidamente temos o seguinte: 
PODER 
JURISDICIONAL 
poder que o Estado possui de dizer quem 
possui o direito num caso concreto. 
FUNÇÃO 
JURISDICIONAL 
encargo que o Estado delega a um de seus 
Poderes constituídos (via de regra, ao 
Judiciário). 
ATUAÇÃO 
JURISDICIONAL 
conjunto de atos exercidos pelo agente do 
Estado, via de regra, o juiz. 
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B) FORMAS ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 
 
O Direito admite outras formas de solução dos conflitos sociais que 
não seja através do Poder Jurisdicional do Estado. São eles a Autotutela a 
autocomposição e a arbitragem. 
A autotutela é a forma mais primitiva de solução de conflitos. 
Baseia-se no exercício da força, por uma das partes, para fazer valer o 
seu interesse, o que implica no sacrifício do interesse que a outra parte 
alega ter. Por se tratar de uma forma de resolução de conflitos um 
tanto quanto arcaica, somente é permitida em 
EXCEPCIONALÍSSIMAS HIPÓTESES, onde não é possível esperar a 
atuação do Estado, sob pena de perecimento do direito da parte lesada. 
Como exemplo de autotutela legalmente permitida, temos a 
legítima defesa, no processo civil e criminal (art. 188, I do CC e 23 do 
CP): 
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
(...) 
II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 
No entanto, por se tratar de um meio de resolução de conflitosmuito 
arcaico, como disse a vocês, o Estado só permite o exercício da autotutela 
em hipóteses excepcionalíssimas. Aliás, o ato de “fazer Justiça com as 
próprias mãos” é considerado crime de “exercício arbitrário das 
próprias razões”, previsto no art. 345 do CP: 
 
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Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer 
pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: 
 
Portanto, “fazer Justiça com as próprias mãos”, somente quando 
permitido expressamente por Lei. Fora desses casos, somente ao poder 
Judiciário incumbe fazer Justiça. 
A autocomposição, por sua vez, implica no sacrifício parcial ou 
integral da pretensão das partes envolvidas. Fundamenta-se no acordo de 
vontades e não na força, por isso, se coaduna mais com o Estado 
Democrático de Direito em que vivemos e é uma das formas de solução 
de litígios que mais cresce no país. A autocomposição se divide em 
transação, submissão e renúncia. 
No processo penal, a autocomposição possui um campo de atuação 
muito reduzido, pois o Direito Penal tutela direitos indisponíveis. No 
entanto, com o advento da Lei 9.009/95 (Lei dos Juizados 
Especiais) e seus institutos despenalizadores, dentre eles a 
transação penal, a utilização da autocomposição no Processo 
Penal ganhou novos contornos. 
 
C) Características da Jurisdição 
 
1) Inércia 
 
O Princípio da inércia da jurisdição significa que o Estado-Juiz só se 
movimenta, só presta a tutela jurisdicional se for provocado, se a 
parte que alega ter o direito lesado ou ameaçado acioná-lo, requerendo 
que exerça seu Poder jurisdicional. 
Entretanto, existem exceções. Vocês não precisam saber todas, até 
por que isso nunca será cobrado em uma prova objetiva. O que vocês 
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precisam saber é que há exceções, e isso basta. Uma delas é a 
possibilidade que o Juiz tem de, ex officio (sem provocação), conceder a 
ordem de Habeas Corpus, sempre que a pessoa estiver presa mediante 
abuso de poder ou ilegalidade. Nos termos do art. 654, § 2° do CPP: 
§ 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de 
ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo 
verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer 
coação ilegal. 
 
A jurisdição é inerte por alguns motivos, dentre eles: 
 Um conflito jurídico pode não ser um conflito social, e não 
cabe ao Juiz criar um; 
 Um Juiz que dá início a um processo, mal ou bem, está a indicar 
para qual lado tende a julgar, e isso violaria o princípio da 
imparcialidade de Juiz. 
Assim, não pode um Juiz dar início a um processo (salvo as 
raríssimas exceções legais), sob pena de violação a este princípio da 
Jurisdição. 
 
 
Um Juiz não pode dar início a um processo sem que haja 
provocação, nem julgar um pedido que não foi feito, porque isso 
seria um burla ao princípio da inércia. Suponhamos que Pedro tenha 
sido denunciado pela prática de um crime de homicídio. Não pode o 
Juiz, valendo-se da denúncia oferecida, condená-lo, ainda, por um 
roubo cometido em outro momento, e que não fora objeto da 
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denúncia, SIMPLESMENTE PORQUE ISSO NÃO FOI OBJETO DA 
AÇÃO. Isso é o que se chama de princípio da adstrição, ou 
congruência, que é um dos corolários da inércia da jurisdição. 
 
Depois de ajuizada a ação, e consequentemente, provocado o 
Judiciário, a inércia da jurisdição tem fim, e o processo é conduzido por 
impulso oficial (sem que haja necessidade de provocação das partes). 
Entretanto, embora não haja necessidade de provocação das partes 
para que o processo tramite, em algumas situações, o 
desenvolvimento dependerá da colaboração das partes. Tanto é 
que a inércia do querelante, nas ações penais privadas, por determinado 
lapso temporal, gera o fenômeno da perempção, já estudado. 
Fato é que, embora a parte deva, em alguns casos, colaborar para o 
trâmite do processo, após a movimentação do Estado-Juiz, a parte 
SEMPRE TERÁ UMA SENTENÇA. Entretanto, a simples provocação do 
Estado-Juiz não garante ao autor uma SENTENÇA DE MÉRITO (Mais à 
frente estudaremos as diferenças entre ambas). 
 
2)Existência de Lide 
 
A lide é um fenômeno fático (NÃO JURÍDICO), necessariamente 
anterior ao processo. Consiste na existência de uma pretensão por uma 
das partes, que sofre resistência pela outra parte, gerando um 
CONFLITO DE INTERESSES. 
Embora no processo civil a lide seja uma característica indiscutível da 
Jurisdição, no processo penal ela é dispensável, pois o indivíduo somente 
poderá ser preso, ou seja, cumprir pena e pagar pelo seu delito perante a 
sociedade, após o processo penal. Por isso, diz-se que o processo 
penal é necessário, pois dele depende a aplicação de uma pena. 
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3) Caráter substitutivo 
 
Diz-se que a jurisdição possui caráter substitutivo porque a vontade 
do Estado (vontade da lei) substitui a vontade das partes. Entretanto, 
nem sempre isso ocorre, visto que, como já dissemos, existem ações em 
que a vontade do Estado ao prestar a tutela jurisdicional não substituirá a 
das partes, por coincidirem. Ex: Imaginem que o MP denuncia A, por 
homicídio em face de B. A, no entanto, concorda com a punição e a 
reconhece como merecida e justa, não se importando em ser preso, pois 
matara o assassino de seu irmão. 
 
4) Definitividade 
 
Como o próprio nome indica, meus caros alunos, a jurisdição é 
dotada de definitividade, ou seja, em um dado momento, a decisão 
prestada pelo Estado-Juiz será definitiva, imodificável. 
Claro que essa definitividade só ocorrerá se a demanda for apreciada 
no mérito. Se estivermos diante de uma sentença meramente terminativa 
(que não aprecia o mérito da demanda), esta não fará coisa julgada 
material, logo, a tutela jurisdicional prestada não será definitiva. POR 
ISSO SE DIZ QUE AS SENTENÇAS DE MÉRITO SÃO DEFINITIVAS. 
Entretanto, alguns doutrinadores entendem que no caso de não haver 
sentença de mérito, NÃO HÁ JURISDIÇÃO! 
CUIDADO! Nos processos em que há sentença condenatória, 
esta nunca faz coisa julgada material, pois, a qualquer tempo, pode 
ser promovida a revisão criminal, desde que preenchidos alguns 
requisitos, nos termos do art. 621 e 622 do CPP: 
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida: 
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I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto 
expresso da lei penal ou à evidência dos autos; 
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, 
exames ou documentos comprovadamentefalsos; 
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de 
inocência do condenado ou de circunstância que determine ou 
autorize diminuição especial da pena. 
Art. 622. A revisão poderá ser requerida em qualquer 
tempo, antes da extinção da pena ou após. 
 
D) Princípios da Jurisdição 
 
D.1) Investidura 
Para se exercer a Jurisdição, deve-se estar investido do Poder 
jurisdicional. Como esse Poder pertence ao Estado, ele é quem 
delega esse Poder aos seus agentes. Essa delegação do Poder 
jurisdicional se dá através da posse no cargo de magistrado, que, no 
Brasil, pode ser por concurso público (art. 93, I da CF/88). ou pelo 
quinto constitucional (art. 94 da CF/88). 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo 
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, 
observados os seguintes princípios: 
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz 
substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a 
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as 
fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos 
de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem 
de classificação; 
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Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais 
Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e 
Territórios será composto de membros, do Ministério Público, 
com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório 
saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de 
efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos 
órgãos de representação das respectivas classes. 
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará 
lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias 
subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para 
nomeação. 
Por isso, muita ATENÇÃO! Se houver uma questão dizendo que a 
única forma de investidura da função jurisdicional for através de concurso 
público, está redondamente ERRADA! 
 
D.2) Indelegabilidade 
 
Aqueles que foram investidos do Poder jurisdicional não podem 
delegá-lo a terceiros. Possui duas vertentes: Externa e Interna. 
Na sua vertente externa, significa que não pode o Poder Judiciário 
(a quem a CF/88 conferiu a função jurisdicional) delegá-la a outros órgãos 
ou a outro Poder. 
Na vertente interna, significa que, após fixadas as regras de 
competência para julgamento de um processo, não pode um órgão do 
Judiciário delegar sua função para outro órgão jurisdicional. 
Embora não concorde com essa última divisão (pois entendo que 
quando um Juiz delega a competência para julgamento de uma demanda 
a outro Juiz, não está delegando jurisdição, POIS AMBOS A POSSUEM. 
Está apenas cometendo uma irregularidade funcional e violando o 
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princípio do Juiz natural, mas não se pode dizer que esteja delegando 
jurisdição), essa é a divisão clássica, e que vocês precisam ter em 
mente na hora da prova!  
 
D.3) Inevitabilidade da jurisdição 
 
Esse princípio é aplicado em dois momentos distintos. Um é a 
vinculação obrigatória ao processo, e o outro é a vinculação obrigatória 
aos efeitos da jurisdição (ou estado de sujeição). 
No primeiro caso, obrigatória ou não a utilização do Poder Judiciário 
(a depender do tipo de ação penal), iniciado o processo, as partes estão 
vinculadas à relação processual. No caso do réu, em momento algum ele 
teve opção. 
No segundo caso, após obrigatoriamente vinculados a participar do 
processo, estes sujeitos estão obrigados a suportar a decisão (tutela 
jurisdicional), gostem ou não. Esse estado de sujeição torna os efeitos da 
jurisdição inevitável para as partes envolvidas. 
 
D.4) Inafastabilidade da jurisdição (ou indeclinabilidade) 
 
Estabelece a constituição, em seu art. 5°, inciso xxxv, que: 
 
Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
 
Esse princípio também possui duas vertentes. A primeira refere-se 
à possibilidade que todo cidadão tem, de levar à apreciação do 
Poder Judiciário uma demanda (nos casos de a demanda ser uma 
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ação penal, somente os legitimados podem oferecê-la), e de ter a 
prestação de uma tutela jurisdicional (Isso não garante uma sentença de 
mérito, lembre-se!). A segunda vertente é a de que o processo deve 
garantir o acesso do cidadão à ordem jurídica justa, na visão de que 
o Estado só cumpre efetivamente seu papel quando efetivamente tutele o 
interesse da parte. 
Assim, se o Judiciário demora 15 anos para julgar um processo 
criminal, não está oferecendo à sociedade uma ordem jurídica justa. 
Quando nos referimos ao acesso à ordem jurídica justa, 
especificamente no processo penal, estamos falando em acesso à 
tutela jurisdicional adequada, que se materializa através: 
 
 Do acesso ao processo – Minimizando-se os obstáculos à 
propositura da demanda (principalmente quando estivermos 
tratando de ação penal privada); 
 Defesa Satisfatória dos hipossuficientes no processo – 
Notadamente com a ampliação e fortalecimento da Defensoria 
Pública; 
 Eficácia da tutela – Com o desenvolvimento das medidas 
cautelares assecuratórias, a razoável duração do processo e 
fortalecimento dos poderes do magistrado para fazer valer a 
decisão; 
 
D.5) Princípio do Juiz natural 
 
Esse princípio visa a evitar que a parte escolha o magistrado 
que irá julgar a sua causa ou, sob a ótica inversa, que o Estado 
determine quem será o Juiz de uma causa após a propositura desta. Por 
exemplo: Se no Rio de Janeiro existem 06 Varas Federais Criminais, 
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não pode o MP, por exemplo, escolher o Juiz mais rigoroso para julgar 
sua ação penal, devendo esta ser distribuída aleatoriamente a um dos 
seis Juízes. Da mesma forma, não pode o Estado criar um Juízo específico 
para o julgamento de um ou alguns crimes, após a prática destes, pois 
isso violaria o princípio do Juiz natural. 
 
A criação de varas especializadas não viola o princípio do Juiz 
Natural! POR EXEMPLO: Se em São Paulo o Tribunal decide 
especializar uma das Varas Federais Criminais, transformando-a, em 
Vara Federais para Julgamento dos Crimes de Lavagem de Capitais, 
sendo para lá transferidos TODOS os relativos a estes delitos, NÃO 
HÁ VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL, pois trata-se 
regra abstrata e impessoal, e é isso que o princípio visa, proteger 
a impessoalidade. 
 
D.6) Territorialidade (Aderência ou improrrogabilidade) 
 
Significa que a Jurisdição possui um limite territorial. Esse limite é o 
território brasileiro, as fronteiras onde o país exerce seu poder soberano. 
Isso implica dizer que TODO JUIZ TEM JURISDIÇÃO EM TODO 
TERRITÓRIO NACIONAL.Entretanto, por questão de organização 
funcional, a competência de cada (forma pela qual exercerá seu poder 
jurisdicional) é delimitada de várias formas. Falaremos mais no tópico 
sobre COMPETÊNCIA. 
Assim, se uma questão afirmar que quando um Juiz de São Paulo 
solicita a outro, do Rio de Janeiro, a prática de um ato processual (carta 
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precatória) porque não tem jurisdição no Rio de Janeiro, está ERRADA! O 
Juiz de São Paulo tem jurisdição em todo o território nacional, o que ele 
não tem é competência fora de sua base territorial. 
 
E) Espécies de Jurisdição 
 
A doutrina enumera várias espécies de “jurisdições”, baseada nos 
mais diversos critérios. Entretanto, apenas duas nos serão úteis: 
 
 Jurisdição superior e inferior – A inferior é exercida pelo 
órgão que atua no processo desde o início. Já a superior é 
exercida em grau recursal. Frise-se que os Tribunais podem 
atuar TANTO COMO JURISDIÇÃO INFERIOR COMO 
SUPERIOR, a depender da demanda, pois existem demandas 
cuja competência originária para processo e julgamento é dos 
Tribunais, como no caso de pessoas com prerrogativa de foro; 
 Jurisdição comum e especial – A jurisdição especial é 
formada pelas 03 “Justiças especiais” estabelecidas na 
Constituição, em razão da matéria: Justiça Eleitoral (art. 118 
a 121 da CF/88), do Trabalho(art. 111 a 116) e Militar (122 
a 125). Já a jurisdição comum é exercida residualmente. 
Tudo que não for jurisdição especial será jurisdição comum, 
que se divide em estadual e federal. 
Assim, temos o seguinte: 
 
 
 
 
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JURISDIÇÃO 
 
 
 
 
 
COMUM 
 
ESPECIAL 
 
 
 
 
FEDERAL 
 
ESTADUAL 
 
TRABALHO 
 
ELEITORAL 
 
MILITAR 
 
 
MAS, CUIDADO! Esse esquema representa a jurisdição brasileira 
quanto à matéria. Há também a divisão da Jurisdição brasileira quanto 
ao ente federado vinculado (União, estados e DF), também chamada de 
Jurisdição relacionada ao ente mantenedor. 
Por essa classificação, a Jurisdição se divide em estadual e federal 
(englobando a Justiça comum Federal e as Justiças especiais). 
Analisando as duas classificações, podemos perceber que elas NÃO 
SÃO CONTRADITÓRIAS. Tratam apenas de critérios de classificação 
diversos. 
 
 
 
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II - COMPETÊNCIA 
 
Conforme estudamos, a Jurisdição é o Poder conferido ao Estado, 
para através dos órgãos Jurisdicionais, dizer, no caso concreto, quem tem 
o Direito. 
A Competência, por sua vez, é a medida da Jurisdição, ou, 
para outros, o limite da Jurisdição. 
Trocando em miúdos, a Competência é o conjunto de regras que 
estabelecem os limites em que cada Juiz pode exercer, de maneira 
válida, o seu Poder Jurisdicional. 
Assim, um Juiz de uma Vara Cível não pode julgar um processo 
criminal, não porque não tenha Jurisdição (Pois todo Juiz SEMPRE tem 
Jurisdição), mas sim porque não possui competência para apreciar esta 
demanda, já que, de acordo com as regras estabelecidas, ele está lotado 
em uma Vara Cível, não possuindo competência para julgar processos de 
natureza criminal. 
A Competência pode ser de três ordens: 
 Competência em razão da matéria (ratione materiae) – É 
aquela definida com base no fato a ser julgado; 
 Competência em razão da pessoa (ratione personae) – É 
definida tendo por base determinadas condições relativas às 
pessoas que se encontram no polo passivo do processo criminal 
(os acusados); 
 Competência territorial (ratione loci) – Considera o local 
onde ocorreu a infração (ou outros critérios territoriais) para 
que seja definida a competência; 
 
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O CPP, no entanto, em seu art. 69, traz sete critérios para a 
fixação da competência: 
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: 
I - o lugar da infração: 
II - o domicílio ou residência do réu; 
III - a natureza da infração; 
IV - a distribuição; 
V - a conexão ou continência; 
VI - a prevenção; 
VII - a prerrogativa de função. 
 
Porém, Doutrinariamente, entende-se que somente os itens I, II, 
III, e VII são verdadeiros critérios de fixação de competência 
criminal. Os demais itens são critérios utilizados para 
consolidação da competência após a ocorrência do fato a ser julgado, 
em razão da existência de mais de um órgão jurisdicional previamente 
competente para julgar o caso. Estes critérios de consolidação da 
competência também são chamados de critérios de modificação da 
competência. 
Vamos estudar, desta forma, cada uma das espécies de 
competência: 
 
A) Competência em razão da matéria (ratione materiae) ou 
competência de Jurisdição ou competência de Justiça. 
 
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Embora os termos “competência de jurisdição” e “competência de 
Justiça” não me agradem, eles são usados por alguns Doutrinadores, 
portanto, vocês devem conhecer estes termos. 
Esta espécie de competência é a primeira que deve ser analisada 
para que possamos, no caso concreto, definir qual o órgão Jurisdicional é 
competente para julgar o processo. 
Esta espécie leva em consideração a natureza do fato criminoso para 
definir qual a “Justiça” competente (Justiça Eleitoral, Comum, Militar, 
etc). 
Assim, a competência em razão da matéria se divide da seguinte 
forma: 
 
 
 
Assim, existem basicamente duas ordens de competência em razão 
da matéria: Comum e especial. A Justiça comum se divide em 
Federal e Estadual. Já a Justiça Especial se divide em Eleitoral, 
Militar e Trabalhista. 
Dentre estas “Justiças”, somente a Justiça trabalhista não 
recebeu competência criminal. 
COMPETÊNCIA 
CRIMINAL EM 
RAZÃO DA 
MATÉRIA 
JUSTIÇA 
COMUM 
JUSTIÇA 
ESPECIAL 
ELEITORAL MILITAR TRABALHISTA 
(A CF não atribuiu 
competência 
criminal à Justiça 
do Trabalho) 
FEDERAL ESTADUAL 
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Desta maneira, o primeiro passo na fixação da competência é definir 
à qual “Justiça” cabe julgar o fato. 
A Justiça Especial (Eleitoral e Militar) julgam somente os crimes que 
sejam eleitorais e militares. Todos os outros crimes são de competência 
da Justiça Comum. Dizemos, assim, que a Justiçacomum possui 
competência residual. 
Mas como saber quando um crime será julgado pela Justiça 
Comum Federal e quando será julgado pela Justiça Comum 
Estadual? Nesses casos, somente será competente a Justiça Comum 
Federal se estivermos diante de uma das hipóteses previstas no 
art. 109 da Constituição: 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa 
pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, 
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes 
de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do 
Trabalho; 
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo 
internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no 
País; 
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com 
Estado estrangeiro ou organismo internacional; 
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em 
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas 
entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as 
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da 
Justiça Eleitoral; 
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V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, 
quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou 
devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; 
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 
5º deste artigo;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 
2004) 
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos 
determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem 
econômico-financeira; 
VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua 
competência ou quando o constrangimento provier de 
autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra 
jurisdição; 
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato 
de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos 
tribunais federais; 
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, 
ressalvada a competência da Justiça Militar; 
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de 
estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", 
e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas 
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à 
naturalização; 
XI - a disputa sobre direitos indígenas. 
§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na 
seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. 
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§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas 
na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde 
houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou 
onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. 
§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro 
do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que 
forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre 
que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se 
verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas 
sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. 
§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será 
sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição 
do juiz de primeiro grau. 
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o 
Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o 
cumprimento de obrigações decorrentes de tratados 
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, 
poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em 
qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de 
deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
 
Todas as causas que não se enquadrem na competência da Justiça 
Comum Federal, serão de competência da Justiça Comum Estadual. 
Assim, a Justiça comum estadual possui competência duplamente 
residual: 1) Primeiro, é residual porque a Justiça Comum é residual em 
relação à Justiça Especial; 2) É residual em relação à Justiça Comum 
Federal. 
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Analisando mais especificamente o CPP, verificamos que ele “passa 
batido” pela definição da competência em razão da matéria (que ele 
chama de “natureza da infração”), limitando-se a dizer que esta será 
definida conforme as Leis de Organização Judiciária. Por “Leis de 
Organização Judiciária” entenda-se, atualmente, “Constituição Federal”, 
pois quando do advento do CPP (1941), a definição destas normas era 
mera questão de organização judiciária, e não uma questão de índole 
constitucional como hoje. 
No entanto, o CPP trata de uma hipótese de competência em razão 
da natureza da infração: A competência do Tribunal do Júri. Nos 
termos do art. 74 do CPP: 
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada 
pelas leis de organização judiciária, salvo a competência 
privativa do Tribunal do Júri. 
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes 
previstos nos arts. 121, §§ 1o e 2o, 122, parágrafo único, 123, 
124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados. 
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
§ 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver 
desclassificação para infração da competência de outro, a este 
será remetido o processo, salvo se mais graduada for a 
jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência 
prorrogada. 
§ 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra 
atribuída à competência de juiz singular, observar-se-á o 
disposto no art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo 
próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá proferir a 
sentença (art. 492, § 2o). 
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A competência do Tribunal do Júri está prevista, ainda, na 
própria Constituição Federal, em seu art. 5°, XXXVIII, d: 
 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização 
que lhe der a lei, assegurados: 
(...) 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a 
vida; 
 
Mas quais seriam os crimes dolosos contra a vida? Estes são os 
previstos no capítulo I do Título I da parte especial do CP, 
compreendendo os crimes de homicídio, instigação ou induzimento 
ao suicídio, infanticídio e aborto. 
Com relação a estes crimes, entende-se que a Constituição 
estabeleceu uma cláusula pétrea, ou seja, cláusula que não pode ser 
modificada pelo constituinte derivado. Assim, a Doutrina entende que as 
hipóteses de competência do Tribunal do Júri podem ser ampliadas, mas 
nunca reduzidas! Cuidado com isto! 
 
B) Competência em razão da pessoa (ratione personae) 
 
Após definida qual “Justiça” irá julgar o processo, devemos definira 
competência do órgão Jurisdicional verificando as condições pessoais dos 
acusados. 
Em regra, os processos criminais são julgados pelos órgãos 
jurisdicionais mais baixos, inferiores, quais sejam, os Juízes de primeiro 
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grau. No entanto, pode ocorrer de, em determinados casos, considerando 
a presença de determinadas autoridades no polo passivo (acusados), que 
essa competência pertença originariamente aos Tribunais. Essa é a 
chamada prerrogativa de função (vulgarmente conhecida como 
“foro privilegiado”). 
POR EXEMPLO: O art. 96, III da Constituição Federal estabelece 
que cabe aos Tribunais de Justiça dos Estados e do DF, julgar os Juízes 
estaduais de primeiro grau, bem como os membros do MP que atuem na 
primeira instância, tanto nos crimes comuns quanto nos crimes de 
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (hipótese 
na qual serão julgados pelo TRE local): 
Art. 96. Compete privativamente: 
(...) 
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do 
Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do 
Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, 
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. 
 
Existem inúmeras outras hipóteses previstas na Constituição Federal 
em que há prerrogativa de foro em razão da função exercida pelo 
acusado. Para facilitar a compreensão de vocês, reuni estas hipóteses no 
quadro abaixo: 
 
 
 
 
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TRIBUNAL 
COMPETENTE 
DESTINATÁRIO DA NORMA 
CONSTITUCIONAL DE 
COMPETÊNCIA 
EMBASAMENTO 
CONSTITUCIONAL 
 
 
 
Tribunais de 
Justiça 
estaduais e do 
Distrito Federal 
 
Infrações penais comuns e de 
responsabilidade: Juízes estaduais 
e do Distrito do Ministério Público, nos 
crimes comuns e de responsabilidade, 
ressalvada a competência da Justiça 
Eleitoral. 
 
 
Art. 96, III, da CF 
 Infrações penais comuns e de 
responsabilidade: Prefeito 
Municipal. 
 
Art. 29, X, da CF 
TRIBUNAL 
COMPETENTE 
DESTINATÁRIO DA NORMA 
CONSTITUCIONAL DE 
COMPETÊNCIA 
EMBASAMENTO 
CONSTITUCIONAL 
 
 
 
 
Tribunais 
Regionais 
Federais 
Infrações penais comuns e de 
responsabilidade: Juízes federais 
da área de sua jurisdição, incluídos os 
da Justiça Militar e da Justiça do 
Trabalho, nos crimes comuns e de 
responsabilidade, os membros do 
Ministério Público da União (ressalva a 
competência da Justiça Eleitoral) e 
Prefeitos Municipais, se praticarem 
crimes na órbita federal. 
 
 
 
 
 
 
Art. 108, I, “a”, da CF 
 
 
 
 
 
 
Supremo 
Tribunal 
Federal 
Infrações penais comuns: 
Presidente da República, o Vice-
Presidente, os membros do Congresso 
Nacional, seus próprios Ministros e o 
Procurador-Geral da República. 
 
 
 
 
Art. 102, I, “b”, da CF 
Infrações penais comuns e de 
responsabilidade: os Ministros de 
Estado e os Comandantes da Marinha, 
do Exército e da Aeronáutica, 
ressalvado o disposto no art. 52, I 
(estabelecendo a competência do 
Senado Federal para julgar os 
comandantes das forças armadas em 
crimes de responsabilidade conexos 
 
 
 
 
 
Art. 102, I, “c”, da CF 
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com os do Presidente da República e 
Vice), os membros dos Tribunais 
Superiores, os do Tribunal de contas 
da União e os chefes de missão 
diplomática de caráter permanente. 
 
 
 
 
 
 
Superior 
Tribunal de 
Justiça 
Infrações penais comuns: 
Governadores dos Estados e do 
Distrito Federal. 
 
Art. 105, I, “a”, da CF 
Infrações penais comuns e de 
responsabilidade: 
Desembargadores dos Tribunais de 
Justiça dos Estados e do Distrito 
Federal, os membros dos Tribunais de 
Contas dos Estados e do Distrito 
Federal, os dos Regionais Eleitorais e 
do Trabalho, dos membros dos 
Conselhos ou Tribunais de Contas dos 
Municípios e os do Ministério Público 
da União que oficiem perante tribunais. 
 
 
 
 
 
 
Art. 105, I, “a”, da CF 
 
O CPP, no entanto, estabelece algumas regras de fixação da 
competência em razão da função exercida pelo acusado. Embora estes 
artigos tenham perdido grande parte de sua utilidade com o advento da 
Constituição de 1988, que traçou inúmeras hipóteses de competência por 
prerrogativa de função, em provas objetivas vocês devem tê-lo em 
mente: 
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do 
Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos 
Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e 
do Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam 
responder perante eles por crimes comuns e de 
responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 10.628, de 
24.12.2002) 
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem 
querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do 
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Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele 
ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a 
exceção da verdade. 
Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente, 
processar e julgar: 
I - os seus ministros, nos crimes comuns; 
II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do 
Presidente da República; 
III - o procurador-geral da República, os desembargadores dos 
Tribunais de Apelação, os ministros do Tribunal de Contas e os 
embaixadores e ministros diplomáticos, nos crimes comuns e de 
responsabilidade. 
Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o 
julgamento dos governadores ou interventores nos Estados ou 
Territórios, e prefeito do Distrito Federal, seus respectivos 
secretários e chefes de Polícia, juízes de instância inferior e 
órgãos do Ministério Público. 
 
C) Competência Territorial (ratione loci), em razão do local da 
infração ou do domicílio do réu. 
 
A terceira e última fase para a definição da competência para 
julgamento de um processo criminal, compreende a análise do local 
de ocorrência da infração (ou, em alguns casos, o local do domicílio do 
réu), que irá determinar em que base territorial será o processo julgado 
(comarca, na Justiça Estadual, e Seção Judiciária, quando for da 
competência da Justiça Federal). 
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Para definirmos a competência territorial devemos, 
primeiramente, saber onde o crime foi praticado. Mas, para isso, 
precisamos saber qual o critério para definição do “lugar do crime”. 
Para tanto, existem algumas teorias: 
 
1) Teoria da atividade– Considera-se local do crime aquele em 
que a conduta é praticada; 
2) Teoria do resultado – Para esta teoria, não importa onde é 
praticada a conduta, pois se considera como lugar do crime o local 
onde ocorre a consumação; 
3) Teoria mista ou da ubiqüidade – Esta teoria prevê que tanto o 
lugar onde se pratica a conduta quanto o lugar do resultado são 
considerados como local do crime. Esta teoria é a adotada pelo 
Código Penal, em seu art. 6°: 
 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que 
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como 
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado 
 
Entretanto, esta regra da ubiquidade só se aplica quando 
estivermos diante de pluralidade de países, ou seja, a conduta é 
praticada num país e o resultado se consuma em outro. Quando o que há 
é pluralidade de comarcas (conduta praticada em São Paulo e resultado 
consumado em Campinas), o que há é o chamado crime plurilocal. 
Nos crimes plurilocais, aplica-se, em regra, a teoria do 
resultado, considerando-se como local do crime o lugar onde o 
resultado se consuma. A exceção são os crimes plurilocais dolosos 
contra a vida, onde se aplica a teoria da atividade. 
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Existem ainda alguns regramentos específicos, como nos crimes 
de competência dos Juizados Especiais e nos atos infracionais, em que se 
aplica a teoria da atividade, e nos crimes falimentares, em que se 
considera lugar do crime o local em que foi decretada a falência. Assim: 
 
Pluralidade de países Teoria da Ubiquidade 
Crimes plurilocais comuns Teoria do resultado 
Crimes plurilocais dolosos 
contra a vida 
Teoria da atividade 
Juizados Especiais Teoria da atividade 
Crimes falimentares Local onde foi decretada a 
falência 
Atos infracionais Teoria da atividade 
 
Essa teoria (teoria do resultado), por ter sido a adotada pelo 
CP no tange aos crimes locais, foi adotada pelo CPP, em seu art. 
70: 
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo 
lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de 
tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de 
execução. 
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se 
consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar 
em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. 
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do 
território nacional, será competente o juiz do lugar em que o 
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crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir 
seu resultado. 
§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais 
jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração 
consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, 
a competência firmar-se-á pela prevenção. 
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, 
praticada em território de duas ou mais jurisdições, a 
competência firmar-se-á pela prevenção. 
 
E se o crime for praticado no exterior e se consumar no 
exterior? Ou, ainda, se o crime for praticado a bordo de aeronaves 
ou embarcações, mas, por determinação da Lei Penal, estejam 
sujeitos à Lei Brasileira? Qual o órgão jurisdicional competente 
para julgar estas causas? Existem casos em que, mesmo ocorrendo 
fora do território nacional, determinados crimes estão sujeitos à Lei Penal 
brasileira, conforme estudamos no curso de Direito Penal. Nesses casos, a 
fixação da competência se dá na capital do estado em que o réu 
(acusado), no Brasil, tenha fixado seu último domicílio, ou, caso 
nunca tenha sido domiciliado no Brasil, na capital federal. 
Nos casos de crimes cometidos a bordo de aeronaves e 
embarcações, a competência será fixada no local em que primeiro 
aportar ou pousar a embarcação ou aeronave, ou, ainda, no último 
local em que tenha aportado ou pousado. 
Todas estas regras estão previstas nos arts. 88 e seguintes do 
CPP: 
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território 
brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde 
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houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver 
residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da 
República. 
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas 
águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, 
bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, 
serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto 
brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando 
se afastar do País, pela do último em que houver tocado. 
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, 
dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, 
ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do 
espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão 
processados e julgados pela justiça da comarca em cujo 
território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca 
de onde houver partido a aeronave. 
Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as 
normas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a competência se 
firmará pela prevenção. (Redação dada pela Lei nº 4.893, de 
9.12.1965) 
 
Existem outros casos em que a competência territorial poderá ser 
fixada levando-se em conta o domicílio do réu. Estas hipóteses estão 
previstas nos arts. 72 e 73 do CP: 
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a 
competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. 
§ 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência 
firmar-se-á pela prevenção. 
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§ 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu 
paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar 
conhecimento do fato. 
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante 
poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, 
ainda quando conhecido o lugar da infração. 
 
Gostaria de chamar a atenção de vocês para um fato: O art. 73 fala em 
“casos de exclusiva ação privada”. Assim, no caso de ação penal 
privada subsidiária da pública, não pode o querelante optar pela 
comarca do domicílio do réu em detrimento da comarca do local 
da infração, caso este local seja conhecido, pois esta ação não é 
exclusivamente privada, mas, na verdade, é pública. Muito cuidado 
com isso!! 
 
Mas e no caso de o crime não se consumar, sendo, portanto, 
um crime tentado (art. 14, II do CP)? Nessa hipótese, aplica-se o 
disposto art. 70, segunda parte, do CPP, considerando-se como lugar 
do crime o local onde ocorreu o último ato de execução. 
Vejam que o § 3° e o art. 71 tratam do fenômeno da prevenção. 
O que isso significa? Quando dois ou mais órgãos jurisdicionais são 
competentes para apreciar determinada demanda, a competênciaserá 
fixada naquele que primeiro atuar no caso. Assim, a competência será 
fixada naquele Juízo que primeiro praticar algum ato no processo 
ou algum ato pré-processual (prisão pré-processual, por 
exemplo), relativo ao processo. Essa é a definição de competência 
fixada por prevenção. Nos termos do art. 83 do CPP: 
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Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez 
que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes 
ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos 
outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este 
relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da 
queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c). 
 
Se dois ou mais Juízes, na mesma comarca, forem competentes para 
julgar a demanda, a competência será fixada pelo critério da 
distribuição, ou seja, a competência será fixada naquele órgão 
jurisdicional ao qual fora distribuída a ação penal. Nos termos do art. 75 
do CPP: 
Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência 
quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um 
juiz igualmente competente. 
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da 
concessão de fiança ou da decretação de prisão preventiva ou de 
qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da 
ação penal. 
Entretanto, conforme disse a vocês, tanto o critério da prevenção 
quanto o critério da distribuição não passam de critérios de 
consolidação da competência territorial, pois a competência daquele 
Juiz já existia antes da prevenção ou distribuição, tendo apenas se 
consolidado quando da ocorrência de um destes fenômenos. 
 
D) Da Conexão e da Continência 
 
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A conexão e a continência são fenômenos que importam na 
modificação de uma competência fixada e já consolidada. 
A conexão está prevista no art. 76 do CPP: 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: 
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido 
praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou 
por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o 
lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; 
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para 
facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou 
vantagem em relação a qualquer delas; 
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas 
circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. 
 
A Doutrina, em sua maioria, classifica a conexão em: 
 
 Intersubjetiva por simultaneidade ocasional (art. 76, I do 
CPP) – Ocorre quando pessoas diversas cometem infrações 
diversas no mesmo local, na mesma época, ainda que não 
estejam ligadas por nenhum vínculo subjetivo; 
 Intersubjetiva por concurso (art. 76, I do CPP) – Nesta 
hipótese não importa o local e o momento da infração, desde 
que os agentes tenham atuado em concurso de pessoas. 
Assim, exige-se para esta hipótese de conexão que os agentes 
tenham agido unidos por um vínculo subjetivo, uma comunhão 
de esforços para a prática das infrações penais; 
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 Intersubjetiva por reciprocidade (art. 76, I do CPP) – 
Traduz a hipótese de conexão de infrações praticadas no 
mesmo tempo e no mesmo lugar, mas os agentes praticaram 
as infrações uns contra os outros. Exemplo: Dois crimes de 
lesões corporais praticados reciprocamente entre fulano e 
beltrano; 
 Conexão objetiva teleológica (art. 76, II do CPP) – Uma 
infração deve ter sido praticada para “facilitar” a outra. Assim, 
imaginem que um assassino tenha espancado um vigia para 
entrar na casa e assassinar o dono da residência; 
 Conexão objetiva consequencial (art. 76, II do CPP) – 
Nesta hipótese uma infração é cometida para ocultar a outra, 
ou, ainda para garantir a impunidade do infrator ou garantir a 
vantagem da outra infração. Imaginem o caso de alguém que 
comete homicídio e, logo após, mata também a única 
testemunha, para garantir que ninguém poderá provar sua 
culpa, garantindo, assim, a impunidade do fato. 
 Conexão instrumental (art. 76, III do CPP) – Exige-se, nesse 
caso, que a prova da ocorrência de uma infração e de sua 
autoria influencie na caracterização da outra infração. Exemplo 
clássico é a conexão entre o crime de furto e de receptação, no 
qual a prova da existência do furto, e de sua autoria, influencia 
na caracterização do crime de receptação. 
 
A continência, por sua vez, está prevista no art. 77 do CP; 
Art. 77. A competência será determinada pela continência 
quando: 
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; 
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II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos 
arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal. 
 
Os mencionados arts. 51, § 1°, 53 e 54 do CP, referiam-se ao texto 
original da parte geral do Código penal, que foi totalmente alterado pela 
Lei 7.209/84. Assim, atualmente, estes dispositivos se referem às 
hipóteses de concurso formal e suas aplicações no caso de erro na 
execução (aberratio ictus e aberratio delicti), atualmente previstos nos 
arts. 70, 73 e 74 do CP. 
Assim, por questões didáticas, a Doutrina divide a continência 
em: 
 
 Continência por cumulação subjetiva (art. 77, I do CPP) – 
É o caso no qual duas ou mais pessoas são acusadas pela 
mesma infração (concurso de pessoas). Diferentemente da 
hipótese de conexão, aqui há apenas um fato criminoso, e não 
vários; 
 Continência por concurso formal (art. 77, II do CP, c/c art. 
70 do CP) – Aqui, mediante uma só conduta, o agente pratica 
dois ou mais crimes, sem que tenha tido a intenção de praticá-
los. Vimos mais sobre isto no curso de Direito Penal. Esta regra 
pode ser aplicada tanto no caso de aberratio ictus (o infrator 
atinge, além da pessoa visada, uma outra pessoa) e aberratio 
delicti (o agente alcança o resultado pretendido mas acaba 
cometendo outro crime de natureza diversa, com a mesma 
conduta. Ex.: Atira um pedra num carro, para danificá-lo, e 
acaba atingindo, também, o dono do carro, que dormia dentro 
dele); 
 
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As hipóteses de continência e conexão podem ser melhor explicadas 
através do gráfico abaixo: 
 
 
 
 
E) Regras aplicáveis nos casos de determinação da competência 
pela conexão ou continência 
 
O CPP prevê algumas regras que devem ser observadas quando da 
consolidação da competência pela conexão ou continência. Nos termos do 
seu art. 78: 
Art. 78. Na determinaçãoda competência por conexão ou 
continência, serão observadas as seguintes regras: (Redação 
dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão 
da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri; 
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
HIPÓTESES DE 
MODIFICAÇÃO DA 
COMPETÊNCIA 
CONEXÃO CONTINÊNCIA 
CUMULAÇÃO 
SUBJETIVA 
EM RAZÃO DE 
CONCURSO FORMAL 
DE CRIMES 
INTERSUBJETIVA OBJETIVA INSTRUMENTAL 
OU PROBATÓRIA 
 
SIMULTANEIDADE 
OCASIONAL 
CONCURSO DE 
PESSOAS 
RECIPROCIDADE 
TELEOLÓGICA 
CONSEQUENCIAL 
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Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: (Redação 
dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a 
pena mais grave; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior 
número de infrações, se as respectivas penas forem de igual 
gravidade; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; 
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, 
predominará a de maior graduação; (Redação dada pela Lei nº 
263, de 23.2.1948) 
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, 
prevalecerá esta. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
 
Assim, em resumo: 
 
1) Havendo conexão ou continência entre um crime de competência 
do Tribunal do Júri e outro crime, de competência do Juiz singular, a 
competência deverá ser fixada naquele; 
2) No caso de Jurisdições da mesma categoria, primeiro se utiliza o 
critério de fixação da competência territorial com base na local em que 
ocorreu o crime que possuir pena mais grave. Se as penas forem 
idênticas, utiliza-se o critério do lugar onde ocorreu o maior número de 
infrações penais. Caso as penas sejam idênticas e tenha sido cometido o 
mesmo número de infrações penais, ou, ainda, em qualquer outro caso, 
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aplica-se a fixação da competência pela prevenção (Lembram-se da 
prevenção, não é?) 
3) Se as Jurisdições forrem de graus diferentes (Um Tribunal 
Superior e um Juiz singular, por exemplo), a competência será fixada no 
órgão de Jurisdição superior; 
4) Se houver conexão entre uma causa de competência da Justiça 
Comum e outra da Justiça Especial, será fixada a competência nesta. Ex.: 
Imaginem um crime eleitoral conexo com um crime comum. Será da 
competência da Justiça Eleitoral o julgamento de ambos os processos. 
 
Inclusive, o STF editou o verbete n° 704 da súmula de sua 
Jurisprudência, afirmando que a atração de um processo por conexão 
ou continência, no caso de correu, por prerrogativa de função do outro 
réu, não viola a Constituição: 
 
SÚMULA Nº 704 
NÃO VIOLA AS GARANTIAS DO JUIZ NATURAL, DA AMPLA 
DEFESA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL A ATRAÇÃO POR 
CONTINÊNCIA OU CONEXÃO DO PROCESSO DO CO-RÉU AO 
FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DE UM DOS 
DENUNCIADOS. 
 
E) Separação de processos em hipóteses de conexão e continência 
 
Embora a regra seja a de que, havendo conexão ou continência, 
todos os processos conexos ou continentes sejam julgados pelo mesmo 
órgão jurisdicional, existem algumas exceções, ou seja, existem 
casos em que mesmo ocorrendo conexão ou continência, não 
haverá reunião de processos. 
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Estas hipóteses estão previstas no art. 79 do CPP: 
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de 
processo e julgamento, salvo: 
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar; 
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de 
menores. 
§ 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em 
relação a algum co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152. 
§ 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se 
houver co-réu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou 
ocorrer a hipótese do art. 461. 
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as 
infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou 
de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de 
acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por 
outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação. 
 
Vamos analisar as hipóteses isoladamente: 
 
 Concurso entre a Jurisdição comum e militar – A única 
ressalva que deve ser feita é a de que, no caso de militar que 
comete crime doloso contra a vida de um civil, responde 
perante o Tribunal do Júri, e não perante a Justiça Militar, nos 
termos do art. 82, § 2° do Código de Processo Penal Militar – 
CPPM; 
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 Concurso entre crime e infração de competência do 
Juizado da Infância e da Juventude – Nestas hipóteses (por 
exemplo, um crime cometido em concurso de pessoas por um 
menor, que responde perante o ECA, e um adulto), não pode 
haver reunião de processos; 
 Insanidade mental de um dos corréus (art. 152 do CPP) – 
Nesse caso, havendo a insanidade mental do correu sido 
regularmente apurada em incidente de insanidade mental, os 
processos devem ser separados, pois o processo, em relação 
ao correu declarado mentalmente insano, será suspenso, nos 
termos do art. 152 do CPP. Frise-se que essa insanidade 
mental do réu deve ser posterior ao fato criminoso (art. 151 do 
CPP); 
 Impossibilidade de formação do conselho de sentença no 
Tribunal do Júri – Embora o § 2° do art. 79 mencione o “art. 
461”, com as alterações promovidas pela Lei 11.689/08, vocês 
devem entender como “art. 469, § 1° do CPP”. Este artigo trata 
da impossibilidade de, no julgamento pelo Tribunal do Júri, 
formar-se o conselho de sentença (mínimo de sete jurados), 
em razão das recusas legalmente permitidas realizadas pelos 
advogados dos acusados. Assim, se houver, no Tribunal do 
Júri, dois ou mais réus, e sendo diferentes os advogados, as 
recusas aos Jurados (Direito de recusar algum jurado) 
impossibilitarem a formação do conselho de sentença, o 
processo deverá ser desmembrado; 
 Separação facultativa quando os fatos criminosos 
tenham sido praticados em circunstâncias de tempo e 
lugar diferentes, ou o Juiz entender que a reunião de 
processos pode ser prejudicial ao Julgamento da causa 
ou puder implicar em retardamento do processo (art. 80 
do CPP) – O importante é saber que, nestas hipóteses, a 
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separação dos processos é discricionária, ou seja, o Juiz pode, 
ounão, a seu critério, decidir pela separação dos processos; 
 
O art. 81 trata da hipótese de perpetuação da competência. 
Vejamos: 
 
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou 
continência, ainda que no processo da sua competência própria 
venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que 
desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua 
competência, continuará competente em relação aos demais 
processos. 
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência 
por conexão ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a 
infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que 
exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo 
competente. 
 
O art. 81 diz, em resumo, o seguinte: Se um Juiz recebe dois 
processos (reunidos por conexão ou continência), e no processo de sua 
competência originária (e não aquele que lhe foi remetido em razão da 
conexão ou continência) ele profere sentença absolutória ou desclassifica 
o fato para outro crime, que não seja de sua competência, mesmo assim 
ele continua competente para julgar o processo recebido pela 
conexão. 
EXPLICO MELHOR: Imaginem que 10 furtos foram praticados na 
comarca de São Paulo, tendo ocorrido, na comarca de Campinas, 04 
receptações de bens furtados naqueles crimes. Há, portanto, conexão 
instrumental. Assim, como a pena do furto e da recepção é a mesma, o 
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critério para a fixação da competência é o da localidade onde ocorreu o 
maior número de infrações (São Paulo). Assim, imaginem que o Juiz da 
Comarca de São Paulo profira sentença absolvendo os réus pelos furtos. 
Nesse caso, ele deverá julgar também os crimes de receptação, e não 
devolvê-los à Comarca de Campinas. 
O § 1°, por sua vez, estabelece uma exceção à regra. Se houver 
reunião de processos para julgamento pelo Tribunal do Júri, havendo 
desclassificação, absolvição sumária ou impronúncia, deverá o Juiz 
remeter o processo conexo ao Juízo competente (que não era o Tribunal 
do Júri). 
O art. 82, por fim, estabelece que, no caso de haver conexão ou 
continência, mas terem sido instaurados processos em Juízos diversos, o 
Juiz cuja competência é prevalente (Por exemplo, no caso anterior, o da 
Comarca de São Paulo) poderá avocar (trazer para si) o julgamento dos 
demais processos, a qualquer tempo, salvo se já houver sentença 
definitiva naqueles (já tiverem transitado em julgado). Se já tiver 
ocorrido o trânsito em julgado, os processos serão reunidos 
posteriormente para fins de execução de pena: 
 
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem 
instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição 
prevalente deverá avocar os processos que corram perante os 
outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. 
Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, 
para o efeito de soma ou de unificação das penas. 
 
 
 
 
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III – DA COMPETÊNCIA PENAL DO STF, DO STJ, DOS TRFS, DOS 
JUÍZES FEDERAIS E DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS 
 
Conforme estudamos, a competência nada mais é que uma divisão 
funcional para o exercício legítimo da Jurisdição. As normas que definem 
a competência estão previstas em diversos diplomas legislativos, dentre 
eles, a própria Constituição. 
Vamos estudar, mais detalhadamente agora, a competência criminal 
de cada um dos órgãos do Judiciário citados: 
 
A) Da competência criminal do STF 
 
Nos termos da Constituição Federal, compete ao STF julgar: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, 
a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: 
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo 
federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade 
de lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 3, de 1993) 
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da 
República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso 
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da 
República; 
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c) nas infrações penais comuns e nos crimes de 
responsabilidade, os Ministros de Estado e os 
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, 
ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos 
Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e 
os chefes de missão diplomática de caráter 
permanente;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, 
de 1999) 
d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas 
referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e 
o "habeas-data" contra atos do Presidente da República, das 
Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do 
Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e 
do próprio Supremo Tribunal Federal; 
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e 
a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território; 
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e 
o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas 
entidades da administração indireta; 
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; 
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior 
ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou 
funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à 
jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de 
crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999) 
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; 
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l) a reclamação para a preservação de sua competência e 
garantia da autoridade de suas decisões; 
m) a execução de sentença nas causas de sua competência 
originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de 
atos processuais; 
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam 
direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da 
metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos 
ou sejam direta ou indiretamente interessados; 
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de 
Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou 
entre estes e qualquer outro tribunal; 
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de 
inconstitucionalidade; 
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma 
regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do 
Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado 
Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do 
Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou 
do próprio Supremo Tribunal Federal; 
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra

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