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Contratos em Espécie - Doação

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CAMPUS I – CURITIBA ESCOLA DE DIREITO PROFESSORA MARISTELA DENISE MARQUES DE SOUZA 
AULAS 6 e 7 CONTRATOS EM ESPÉCIE
 
DOAÇÃO
 
Conceito e características.
 
 Conceito: o contrato em que uma pessoa (doador), por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra (donatário).
• O dispositivo conceitua o contrato de doação, translativo de domínio, pelo qual o doador, em ato espontâneo e de liberalidade (animus donandi), transfere, a título gratuito, bens e vantagens que lhes são pertencentes ao patrimônio de outrem que, em convergência de vontades, os aceita expressa ou tacitamente. É contrato unilateral (obrigação unicamente exigida ao doador, salvo modal ou com encargo), gratuito, consensual e, em geral, solene (forma escrita). 
• O contrato serve de título de aquisição, a rigor não “transfere”. A translatividade do domínio ocorre pela tradição (coisa móvel) ou pelo registro (coisa imóvel), tal como sucede nos contratos de compra e venda e de troca ou permuta.
 Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
Características: principal – gratuidade.
 
(a) natureza contratual;
(b) animus donandi (elemento subjetivo): intenção de fazer uma liberalidade;
(c) transferência de bens para o patrimônio do donatário (elemento objetivo): acarretando diminuição patrimonial;
(d) aceitação do donatário: é indispensável para o aperfeiçoamento da doação. Pode ser expressa, tácita (embora não se manifestando pelo aceite, o donatário age como se tivesse aceito, tomando medidas de dominus), presumida ou ficta.
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
É presumida pela lei: o silêncio atua como manifestação de vontade. a) quando fixado prazo, o donatário para declarar se aceita ou não. Caso o donatário não o faça no prazo, considerar-se-á aceita; b) quando feita em contemplação de casamento futuro e este se realiza (art. 546).
• A aceitação é pressuposto necessário para aperfeiçoar, pela consensualidade, o contrato. Cabe ao donatário declarar que aceita o ato de liberalidade do doador, e, no seu silêncio, presume-se o consentimento (aceitação tácita), quando a doação é pura, feita sem encargos ou condições, isto é, inteiramente benéfica, sem quaisquer ônus para o favorecido. Dispensa-se a aceitação quando o donatário for absolutamente incapaz (art 543) - ficta.
Ficto é consentimento para a doação ao incapaz. Dispensa-se a aceitação (em doação pura), se o donatário for absolutamente incapaz.
Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que se trate de doação pura.
Classificação (em regra): 
 
(a)    Gratuito: no entanto, é oneroso se houver ônus ou encargo (doador impõem ao donatário um ônus, por ter sido este contemplado com o ato de doação).
(b)    Unilateral: será bilateral quando modal ou com encargo.
(c)    Formal ou solene: mas a doação manual é de natureza real (móveis pela tradição).
 
A propriedade do bem doado somente se transmite pela tradição (móvel) ou transcrição (imóvel). 
O contrato é apenas o título, a causa da transferência. O efeito de tal contrato é obrigacional, não real.
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
 
Objeto da doação.
 
A prestação de dar coisas ou vantagens. Qualquer coisa que tenha valor econômico e possa ser alienada.
 
Doação de coisa futura: há divergência. Muitos classificam como doação condicional (ex.: frutos que eu colher). Condição artigo 121 e segts. Conceito de condição: Condição é a cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico, oneroso ou gratuito, a evento futuro e incerto (RT, 688/80, 484/56). 
Promessa de doação.
 
Assim como há promessa (ou compromisso) de compra e venda, pode haver, também, promessa de doação. 
Mas há controvérsia a respeito da exigibilidade de seu cumprimento. 
 
Caio Mário da Silva Pereira pensa ser inexigível o cumprimento de doação pura. Mas tal óbice não existe na doação onerosa, pois o encargo imposto ao donatário estabelece um dever exigível do doador.
 
Para outra corrente, a intenção de praticar a liberalidade manifesta-se no momento da celebração da promessa. Washington de Barros Monteiro afirma inexistir qualquer razão para excluir tal promessa.
 
 
Espécies de doação (em razão de seus elementos integrativos).
 
(a) Pura e simples ou típica: quando o doador não impõe nenhuma restrição, condição ou encargo ao beneficiário (donatário).
 
(b) Onerosa, modal, com encargo ou gravada: aquele em que o doador impõe ao donatário incumbência ou dever.
 
* O encargo, que pode ser exigido judicialmente, (geralmente representado pela locução: “com a obrigação de”) não suspende a aquisição, nem o exercício do direito, diferentemente da condição suspensiva, que subordina o efeito da liberalidade a evento futuro e incerto.
 
* Ex.: doação de 100 com encargo de 20. Haverá doação de 80 e alienação a título oneroso de 20.
Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a benefício do doador, de terceiro, ou do interesse geral.
Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério Público poderá exigir sua execução, depois da morte do doador, se este não tiver feito.
 
(c) Remuneratória: feita em retribuição a serviços prestados, cujo pagamento não pode ser exigido pelo donatário.
 
	* Quem salvou-lhe a vida, que ajudou em momento de dificuldade, dívida já prescrita.
 
(d) Mista: aquela em que se procura beneficiar por meio de um contrato de caráter oneroso.
	* Ex.: paga-se 100 num bem sabendo-se que ele vale 10.
 
(e) Em contemplação do merecimento do donatário (contemplativa ou meritória): configura-se quando o doador menciona, expressamente, o motivo da liberalidade, dizendo, por exemplo, que a faz porque o donatário tem determinada virtude, ou seu amigo, ou renomado cientista, etc.
 
(f) Feita ao nascituro: pode o nascituro ser contemplado com doações, sendo aceita pelo seu representante legal.
 
	* Tal doação é condicionada ao nascimento com vida do nascituro.
Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.
 
(g) Em forma de subvenção periódica: pensão terminada, no máximo, com a morte do doador ou do donatário (não transfere-se aos herdeiros deste).
 
Art. 545. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se morrendo o doador, salvo se este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida do donatário.
(h) Em contemplação de casamento futuro: fica sem efeito só se o casamento não se realizar (condição suspensiva).
Art. 546. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar.
 
(i) Entre cônjuges, ascendentes à descendentes: importa adiantamento do que lhes cabe por herança.
 
* Pode ser doado por um cônjuge ao outro: (a) no regime de separação absoluta em virtude de inexistência de bens comuns; (b) no regime de comunhão parcial (bens particulares); (c) no regime de comunhão universal, os excluídos da comunhão.
 Art. 544. A doaçãode ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança.
(j) Em comum a mais de uma pessoa (conjuntiva): doação feita em comum a várias pessoas, entendendo-se distribuída aos beneficiários por igual (obrigação divisível).
 
	* Pode o doador dispor em contrário, determinando que a parte do que falecer acresça à do vivo.
 
	* Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo.
 
Art. 551. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa entende-se distribuída entre elas por igual.
Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo.
(k) De ascendentes a descendentes: importa adiantamento do que lhes cabe por herança – antecipação de legítima (ver artigos 2.002 a 2.012 CC)
	* Por isso, no inventário devem conter os bens recebidos, pelo valor daquela época – no momento da liberalidade.
 
	* Porém, pode a doação sair da parte disponível do doador, devendo isso estar expresso – artigo 2.005 CC – em testamento ou no próprio contrato de doação (título de liberalidade).
*As doações remuneratórias feitas à ascendente por descendente não entram na colação- artigo 2.011 CC
 
(l) Inoficiosa: é a que excede o limite que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.
 
	* Conforme o CC, tal doação é nula somente a parte que exceder tal limite. 
Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.
É cediço na jurisprudência o comando legal: “A doação naquilo que ultrapassa a parte de que poderia o doador dispor em testamento é de que se qualifica inoficiosa e, portanto, nula” (STJ, 43 T., REsp 86.518-MS, rei. Mm. Sálvio de Figueiredo, DJU de 3-11-1998).
(m) Com cláusula de retorno ou reversão: o doador pode estipular o retorno ao seu patrimônio dos bens doados, se sobreviver ao donatário (condição resolutiva expressa). Beneficia somente o donatário, e não seus herdeiros.
 
	* Se o doador morrer antes do donatário, deixa de ocorrer a condição, incorporando-se os bens àquele.
Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário.
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro.
(n) Manual: doação verbal de bens móveis de pequeno valor, desde que siga a tradição.
 
(o) Feita a entidade futura: caducará se, em dois anos, esta não estiver constituída regularmente.
Art. 554. A doação à entidade futura caducará se, em dois anos, esta não estiver constituída regularmente.
 
(p) Feita ao donatário incapaz: exige-se a aceitação do representante legal somente quando a doação for onerosa, dispensada apenas na doação simples.
Art. 543. Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que se trate de doação pura.
 
(q) Juros moratórios e evicção: 
• A não-responsabilidade do doador por juros moratórios e, ainda, pelas consequências da evicção (arts. 447 a 457) ou dos vícios redibitórios (arts. 441 a 446) da coisa doada é a regra geral. Isso decorre de ser a doação um contrato não oneroso, ditado pela liberalidade daquele que doa. A garantia da evicção é ressalvada, contudo, na doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa (donatio propter nuptias), de que trata o Art. 546, instituída na dependência daquele acontecimento (doação condicional), ficando, desse modo, sujeito o doador à evicção, exceto por cláusula que o exclua.
Art. 552. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às consequências da evicção ou do vício redibitório. Nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário.
 
Restrições legais.
 
(a) Doação pelo devedor já insolvente, ou por ela reduzido à insolvência: por configurar fraude contra credores. Artigos 158 a 165 CC.
 
(b) Doação da parte inoficiosa: conforme o CC, tal doação é nula somente a parte que exceder tal limite.
 Art. 549. Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.
(c) Doação de todos os bens do doador: é nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente.
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador.
 
(d) Doação de cônjuge adúltero a seu cúmplice: pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até 2 anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.
 
 Art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.
Da revogação da doação.
 
Casos comuns a todos os contratos: além de comum acordo:
 
ANULÁVEL: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
NULA: agente absolutamente incapaz, objeto ilícito, impossível ou indeterminável, ou sem forma prescrita em lei.
NULA: inoficiosidade, de compreensão de todos os bens, feita por cônjuge adúltero a seu cúmplice (anulável) ou entre cônjuges no regime de separação legal.
 
 
Revogação por descumprimento do encargo:
Se o doador fixa prazo para o cumprimento do encargo, a mora se dá pelo seu vencimento. Não havendo termo, começa ela desde a interpelação extra ou judicial. A partir de então começa a fluir o lapso prescricional para a propositura de ação revocatória da doação, que só poder ser pleiteada pelo doador em juízo.
A forma maior afasta a mora.
 
 Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo.
Art. 556. Não se pode renunciar antecipadamente o direito de revogar a liberalidade por ingratidão do donatário.
O direito de revogação é de ordem pública. Assim, a faculdade do exercício de direito de o doador revogar a doação por ingratidão é irrenunciável por antecipação. A renúncia prévia corresponderia conceder ao donatário carta ele indenidade para ele vulnerar o dever ético-jurídico de corresponder, dignamente, à liberalidade do doador e, desse modo não ser-lhe grato. A renúncia posterior coabita tacitamente, diante dos atos da ingratidão, se o doador não exercitar o direito no prazo prescricional, ou, de modo expresso, quando comunica ao donatário o perdão concedido. Nula será a cláusula dispondo, de antemão, a renúncia desse direito.
Revogação por ingratidão do donatário: só se for pura e simples.
 
* Ao aceitar o benefício, o doador assume, tacitamente, obrigação moral de ser grato ao benfeitor. A revogação tem, pois, caráter de pena pela insensibilidade moral demonstrada e somente cabe nos casos expressos.
 
* O direito de revogar a doação por ingratidão é de ordem pública e, portanto, irrenunciável antecipadamente pelo doador.
 
Art. 557. Podem ser revogadas por ingratidão as doações:
I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele;
II - se cometeu contra ele ofensa física;
III - se o injuriou gravemente ou o caluniou;
IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava.
Art. 558. Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos do artigo anterior, for o cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmão do doador.
Impedimentos para a revogação da doação (irrevogabilidade):
Art. 564. Não se revogam por ingratidão:
I - as doações puramente remuneratórias;
II - as oneradas com encargo já cumprido;
III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural;
IV - as feitas para determinado casamento.
• São insuscetíveis de revogação por ingratidão as doações puramente remuneratórias, isto é, aquelasque remuneram um serviço prestado pelo donatário, no que não exceder ao valor de tal serviço (inciso I). 
• Refere o inciso II às doações com encargo já cumprido, ou seja, com a condição satisfeita, diferentemente ao mesmo inciso incluído em Art. do Código anterior que as aponta na espécie, tenha ou não sido cumprida a incumbência. E evidente a importância do acréscimo. Cumprindo o encargo, a exemplo daquele imposto a benefício de terceiro ou do interesse social, não há de se revogar a doação. 
• A doação decorrente da liberalidade feita para atendimento de obrigação não exigível (v. g, dívida de jogo ou dívida prescrita) também não pode ser revogada por ingratidão (inciso III). 
• No caso da doação feita em contemplação de casamento (casamento futuro), ela se toma irrevogável, com a celebração deste, tendo alcançado o fim a que se propôs (inciso IV).
Mora (inexecução) do donatário:
• A regra decorre da parte final do Art. 555. Incorrendo em mora o donatário. sujeita-se ao desfazimento integral da doação, pronunciado judicialmente, não cabendo a revogação fora de juízo, por ato unilateral do doador 
• A mora do donatário onerado opera-se pelo simples vencimento do prazo para o cumprimento, facultando ao doador a ação de resolução do contrato. Não existindo prazo clausulado, o donatário incidirá em mora, quando assinando-lhe o doador prazo razoável para o adimplemento do encargo, este escoar sem que a obrigação seja cumprida.
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação assumida.
Direitos adquiridos:
Os direitos adquiridos por terceiros não são prejudicados, porquanto os efeitos da revogação não retroagem (ex nunc) a partir de então – da citação. 
• O donatário é obrigado a pagar os frutos percebidos, uma vez litigiosa a coisa pela citação válida (Art. 219 do CPC), dispensando de restituir os anteriores àquele ato processual. O NCC inova bem a matéria, obrigando o donatário a partir de quando formada a relação jurídico-processual e não mais quando instalada a lide pela contestação deste, como refere, com desacerto, o CC de 1916. 
• Dar-se-á a indenização em caso de impossível restituição em espécie, como sucede por não prejudicar direitos de terceiros, apurando-se o quantum indenizatório pela média do valor que a coisa doada experimentou ao longo do período compreendido entre a liberalidade prestada e a revogação da doação.
Art. 563. A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por terceiros, nem obriga o donatário a restituir os frutos percebidos antes da citação válida; mas sujeita-o a pagar os posteriores, e, quando não possa restituir em espécie as coisas doadas, a indenizá-la pelo meio termo do seu valor.
Prazo: deverá ser pleiteada dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor.
Se o donatário atentar contra a vida do doador, e a autoria do crime permanecer desconhecida, não é correto que, vindo a conhecer esta autoria depois de um ano, não possa ser pleiteada a revogação da doação, por ingratidão. Para que o crime não aproveite ao criminoso. O exemplo se aplica às demais hipóteses previstas no projeto para revogação da doação.
Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor.
 
Revogador:
• O direito de o doador revogar a doação é personalíssimo e, como tal, não se transmite aos herdeiros. 
Entretanto, havendo o doador promovido a demanda, cabe aos seus herdeiros continuá-la, inclusive contra os herdeiros do donatário, se este falecer depois da propositura da ação contra si intentada. O CC reconhece em prol do doador-autor os efeitos internos da distribuição do feito ao empregar a expressão “depois de ajuizada a lide”.
 Art. 560. O direito de revogar a doação não se transmite aos herdeiros do doador, nem prejudica os do donatário. Mas aqueles podem prosseguir na ação iniciada pelo doador, continuando-a contra os herdeiros do donatário, se este falecer depois de ajuizada a lide.
 Art. 561. No caso de homicídio doloso do doador, a ação caberá aos seus herdeiros, exceto se aquele houver perdoado.
A regra decorre do inciso I do Art. 557. A impossibilidade material de o doador exercitar a ação faz transferir aos seus herdeiros a iniciativa, certo que agora autorizada, com bastante lucidez. O homicídio frustro (tentativa) serve de causa revocatória, mas o exitoso não era previsto para a revogação, sob o pálio do direito personalíssimo do doador assassinado. O perdão do doador, todavia. elide a admissibilidade da demanda.
Fonte: Caio Mario da Silva Pereira. Instituições do Direito Civil. V.III.
	 Lei 10.406/2002 Comentada 
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