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TGP - TEORIA GERAL DO PROCESSO PROF. MS. EURIPEDES RIBEIRO Ø AÇÃO: Conceito, classificação, natureza, condições da ação. -Teorias da Ação: a) Civilista ou clássica: a ação é o direito de pedir em juízo o que se entende devido; a ação seria o próprio direito material reagindo a uma violação. b) Autônoma: o direito de ação não é visto como sendo o direito material em estado dinâmico. Esta teoria se subdivide, todavia, nos interessa as correntes denominadas: b.1) do direito abstrato: além de reconhecer a existência do direito de ação, afirmam sua total independência do direito subjetivo. Existe ação mesmo quando uma sentença negue a existência do direito material alegado pelo autor. Ela é abstrata justamente por ser independente do direito subjetivo. b.2) eclética: só existirá ação quando existentes determinadas condições prévias indispensáveis para que o juiz possa decidir o mérito da causa, são as condições da ação. - Intróito: Conceito Na ação o autor tem direito à prestação jurisdicional, que pode ser positiva ou negativa, caso positiva, haverá a tutela jurisdicional. Então na ação não há necessariamente uma tutela. Ação passa a ser vista como um direito à tutela diferenciada e adequada para cada caso de conflito. Vale destacar que a doutrina majoritária conceitua o direito de invocar a prestação jurisdicional por meio da ação como sendo: 1) direito público: é exercido contra o Estado, para que o mesmo movimente a função soberana de julgar (NOTA: é justamente a carga pública do conceito de ação que permite ao juiz conhecer de ofício a ausência de uma das condições da ação); 2) direito subjetivo: consiste no poder jurídico atribuído ao titular de direitos materiais de obter a definição das situações jurídicas controvertidas; TGP - TEORIA GERAL DO PROCESSO PROF. MS. EURIPEDES RIBEIRO 3) direito autônomo: não se confunde com o direito material que se procura tutelar; 4) direito abstrato: atua independentemente da existência ou inexistência do direito substancial que se pretende fazer reconhecido e executado. - Teoria da Ação 1. DIREITO SUBJETIVO = TER 2. PRETENSÃO = QUERER 3. EXERCÍCIO DA PRETENSÃO = PREMIR (FAZER PRESSÃO) 4. AÇÃO = AGIR (DIREITO/ PODER/ DEVER DE PROVOCAR A TUTELA JURISDICIONAL) - Condições da Ação Para alguns doutrinadores as condições da ação são os requisitos para o exercício regular do direito de ação; para outros doutrinadores são requisitos para a existência da ação. ATENÇÃO: As condições da ação NÃO se confundem com os pressupostos processuais, veja: CONDIÇÕES DA AÇÃO PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS Referem-se às condições indispensáveis ao pronunciamento quanto ao mérito. Dizem respeito à regularidade da relação processual. Segundo o CPC, as condições da ação são: a) Possibilidade Jurídica do Pedido: admissão, em abstrato, do pedido formulado pelo autor; b) Interesse Processual (de agir): interesse processual = binômio necessidade-utilidade; necessidade de o autor ir a juízo e a utilidade que o provimento jurisdicional poderá proporcionar. (Ada Pelegrini Grinover ainda acrescenta adequação); c) Legitimidade de parte: deve ocorrer no polo ativo e passivo da demanda. Há legitimação ordinária quando os sujeitos do processo são os mesmos do conflito de direito material; há legitimação TGP - TEORIA GERAL DO PROCESSO PROF. MS. EURIPEDES RIBEIRO extraordinária quanto os sujeitos do processo são partes distintas da relação material conflituosa. - Classificação das ações Quanto ao direito substancial (objeto das ações): a) Reais – veiculam direitos reais; b) Pessoais – visam a tutela de um direito obrigacional; c) De Estado – tendem à tutela do estado de família. Quanto ao tipo de provimento jurisdicional invocado: a) De conhecimento – objetiva, após pleno conhecimento do conflito de interesses, a prolação de uma sentença que formule a regra concreta reguladora do caso em análise; b) De execução – tem por finalidade realizar coativamente o adimplemento da obrigação materializada na sentença ou em outro título; c) Cautelar – objetiva assegurar o eficaz desenvolvimento e resultado de um processo principal. As ações de conhecimento se desdobram em: 1. Ação declaratória – objetiva obter a declaração da existência ou inexistência de relação jurídica ou da autenticidade ou não de documento; • A Ação Declaratória é ação a respeito de ser ou não-ser a relação jurídica. • O enunciado é só enunciado de existência, não executável. • A prestação jurisdicional consiste em simples clarificação. Art. 4º. O interesse do autor pode limitar-se à declaração: I – da existência ou da inexistência de relação jurídica; II – da autenticidade ou falsidade de documento. [...] 2. Ação constitutiva – almeja, além da declaração sobre uma relação jurídica, a criação, modificação ou a extinção dela; TGP - TEORIA GERAL DO PROCESSO PROF. MS. EURIPEDES RIBEIRO • O titular da ação age para a constituição, a que tem direito, ou por ato próprio (direito de denúncia, direito de resolução), ou através de ato judicial (sentença), ou de outra autoridade que o juiz. • Cria, modifica uma relação jurídica (positiva) ou desconstitui uma existente (negativa) • Exs.: divórcio, revogação, resolução, nomeação de curador. 3. Ação condenatória – busca principalmente a imposição de uma sanção, de uma determinação cogente ao réu. • A ação de condenação supõe que aquele ou aqueles, a quem ela se dirige, tenham se voltado contra direito; que tenham causado dano e mereçam, por isso, ser condenados. • Representa uma subespécie da ação declaratória. • É executável. Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; [...] - Elementos da Ação Teoria da Tríplice Identidade (art. 301, §2º do CPC): a) As partes (personae): são os sujeitos do contraditório instituído pelo juiz. OBS: Parte é quem pede e aquele em face de quem se pede o provimento jurisdicional. b) A causa de pedir (causa petendi): engloba os fundamentos fáticos e os fundamentos jurídicos do pedido. O CPC, ao estabelecer os dois requisitos para a Petição Inicial, adotou a chamada Teoria da Substanciação. c) O pedido (res): consiste no bem ou interesse jurídicos pretendidos, na pretensão de direito material (pedido mediato*) e na prestação TGP - TEORIA GERAL DO PROCESSO PROF. MS. EURIPEDES RIBEIRO jurisdicional invocada, na pretensão de direito processual (pedido imediato*). OBS: *Pedido Mediato = de índole material, ligado ao bem da vida litigioso (ex: recebimento de aluguéis, de verba alimentícia, de indenização e de rescisão contratual, etc); *Pedido Imediato: de índole processual, ligado à correspondente resposta judicial (ex: condenação do réu a pagar soma em dinheiro, declaração de rescisão contratual, etc). - Do concurso e cumulação de ações CONCURSO DE AÇÕES CUMULAÇÃO DE AÇÕES Ocorre quando se verifica a coexistência de ações à disposição e escolha do autor para fazer valer um mesmo direito em juízo. Ocorre quando o autor propõe, em relação ao réu, mais de uma ação, através de um só processo. As condições para a cumulação de pedidos estão elencadas no art. 292 do CPC, quais sejam: compatibilidade dos pedidos; identidade de competência do juízo e; identidade de forma processual.TGP - TEORIA GERAL DO PROCESSO PROF. MS. EURIPEDES RIBEIRO Ø PROCESSO (Conceito, classificação, natureza, pressupostos processuais) A doutrina costuma distinguir processo de procedimento: PROCESSO PROCEDIMENTO ü instrumento estatal de composição dos conflitos de interesses ocorrentes; ü instrumento por meio do qual a jurisdição opera; ü instrumento de que se serve o Estado para, no exercício da função jurisdicional, resolver os conflitos de interesses, solucionando-os; ü instrumento da jurisdição. ü indica o aspecto exterior do processo; ü é a veste exterior do processo; ü é o modo de revelação formal do processo; ü é a sucessão coordenada de atos processuais. ü disciplina, organiza e/ou ordena em sucessão lógica o processo, dando aos atos uma sequência adequada ao aperfeiçoamento do fenômeno, aos resultados que dele emanam. Prevalece na doutrina a ideia de que o processo, por ter a natureza de uma relação jurídica processual, é instaurado com base em três institutos fundamentais: 1. os pressupostos processuais (ligados à existência e à validade da relação processual); 2. as condições da ação; 3. o mérito, o que a doutrina denomina de Teoria Tricotômica do Processo. Os três institutos se relacionam, uma vez que o exame do mérito, a ser feito na sentença depende da verificação dos pressupostos processuais e das condições da ação. Sempre se considerou como objetivo principal do processo de conhecimento a obtenção da sentença de mérito, pela qual ocorre a resolução da lide. Todavia, a resolução do litígio depende de certos requisitos, sem os quais não se instaura ou não se desenvolve a relação jurídica processual, mesmo porque, TGP - TEORIA GERAL DO PROCESSO PROF. MS. EURIPEDES RIBEIRO antes de proferir a sentença o juiz deve verificar a presença dos pressupostos processuais e das condições da ação. - Natureza do Processo Várias teorias já foram desenvolvidas para explicar a natureza jurídica do processo, dividindo-se em dois grandes grupos: as concepções privatistas (dão ao processo um caráter de direito privado); e as concepções que situam o processo no ramo do direito público: a) O processo como contrato (teoria contratual); b) O processo como uma quase-contrato; c) O processo como relação jurídica; d) O processo como situação jurídica; e) O processo com instituição. OBS: Matéria para casa, estudar as teorias acima. - O processo como relação jurídica Atribui-se a Muther a afirmação do caráter público do processo. Oskar von Bullow vai demonstrar, mais tarde, a autonomia da relação processual. A partir do momento em que a doutrina passa a afirmar a existência de uma relação jurídica processual autônoma e distinta da relação jurídica de direito material, e defende que essa relação jurídica é integrada pelo Estado, há superação das teses privatistas. Assim, esta Teoria afirma que o processo tem a natureza de uma relação jurídica processual. Relação de direito público porque integrada pelo Estado. Assim, participam da relação jurídica processual: o autor, o réu e o Estado-juiz. Predomina na doutrina o entendimento de que o processo ostenta a natureza de relação jurídica processual, que se constitui e se desenvolve no tempo. Foi exatamente esta Teoria que propiciou o estudo dos pressupostos processuais e, consequentemente, o desenvolvimento da ciência processual, uma das mais novas ciências dentre as ciências jurídicas. O CPC adotou esta Teoria, vide art. 267, IV. TGP - TEORIA GERAL DO PROCESSO PROF. MS. EURIPEDES RIBEIRO Resumidamente, a natureza jurídica do processo é complexa (dúplice): intrinsecamente é uma relação jurídica; extrinsecamente e um procedimento. - Finalidade e tipos de processo Conforme a finalidade, a doutrina aponta três tipos básicos de processo: 1. De conhecimento: define o direito das partes (certificação de direitos); 2. De execução: realiza, satisfaz o direito definido em um título; 3. O cautelar: resguarda a utilidade de um processo cognitivo (conhecimento) ou de execução. - Pressupostos processuais – são requisitos necessários para existência e validade da relação processual; são requisitos cujo o concurso é necessário para constituir validamente a relação processual. Os pressupostos processuais classificam-se em: a) Objetivos: dizem respeito à regularidade procedimental (Ex: citação válida, petição inicial apta, etc); b) Subjetivos: referentes aos sujeitos processuais (Ex: a competência e a imparcialidade do juiz, a capacidade de ser parte e de estar em juízo e a capacidade postulatória); c) Intrínsecos ou positivos: dizem respeito a situações que devem estar materializadas, positivadas no processo (Ex: citação, procuração, etc;) d) Extrínsecos ou negativos: relacionam-se a fatos que não podem estar dentro do processo, por isso são também chamados de negativos (Ex: litispendência, coisa julgada, etc.) e) De existência: imprescindíveis para que o processo exista. Ex: a necessidade de alguém investido de jurisdição para conduzir o processo. f) De constituição: são exigidos para que a relação processual se constitua validamente. Ex: citação válida; g) De desenvolvimento: são os que devem ser observados para que o processo se desenvolva regularmente. Ex: capacidade postulatória. TGP - TEORIA GERAL DO PROCESSO PROF. MS. EURIPEDES RIBEIRO - Consequências da Ausência dos Pressupostos Processuais A ausência de pressupostos processuais não obsta o direito de ação, mas prejudica a análise do mérito. Art.267. Extingue-se o processo sem resolução de mérito: [...] IV – quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo; - Pressupostos negativos processuais SE OS PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA E DE DESENVOLVIMENTO VÁLIDO E REGULAR DO PROCESSO DEVEM, OBRIGATORIAMENTE, ESTAR PRESENTES PARA QUE SEJA APRECIADO E RESOLVIDO O MÉRITO, OS PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS NEGATIVOS NÃO PODEM ESTAR PRESENTES, SÃO ELES: • PEREMPÇÃO Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo por não promover os atos e diligências que lhe competir no prazo de 30 (trinta) dias, não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto (art. 268, parágrafo único). • LITISPENDÊNCIA Verifica-se litispendência quando se reproduz ação anteriormente ajuizada que esteja em curso (art. 301, §§ 1º a 3º). • COISA JULGADA Verifica-se coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada que já foi decidida por sentença, de que não caiba mais recurso (art. 301, §§ 1º a 3º). • CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM OU COMPROMISSO ARBITRAL (Lei da Arbitragem - Lei nº. 9.307/96) A cláusula compromissória é a CONVENÇÃO por meio da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato (art. 4º). TGP - TEORIA GERAL DO PROCESSO PROF. MS. EURIPEDES RIBEIRO O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial (art. 9º). - Capacidade - é a aptidão que a pessoa tem de ser titular de direitos e obrigações (Cap. de direitos – Cap. de ser parte), bem como a possibilidade de exercer os direitos e de ser chamado à responsabilidade pelas obrigações assumidas. NOTA: Capacidade de exercício / Capacidade de estar em juízo – é suprida pela assistência e representação). ATENÇÃO: além da capacidade de ser parte e de estar em juízo, o ordenamentojurídico de regra exige que os interessados se façam representar por pessoa dotada do direito de postular em juízo: art. 1º da Lei. 8.906/94 – Estatuto da Advocacia. A essa capacidade de postular em juízo, denomina-se capacidade postulatória. EXCEÇÕES acerca da capacidade postulatória: 1. Falta de advogado no lugar ou havendo recusa ou impedimento dos que houver (art. 36 do CPC); 2. Impetração de Habeas Corpus; 3. Justiça do Trabalho; 4. Juizados Especiais Federais (Lei n. 10.259/01); 5. Juizados Especiais Estaduais, nas causas de até vinte salários mínimos (Lei n. 9.099/95). Perpetuatio legitimationis (estabilização subjetiva da lide) ocorre com a citação válida. (arts. 41 e 42 CPC). Substituição processual - ocorre quando a lei atribui legitimidade a alguém para litigar em juízo, em nome próprio, mas na defesa de direito ou pretensão de outrem. ATENÇÃO: não confundir com representação processual, pois nesse caso o representante age em nome do representado. Ex.: o MP para promover ação de investigação de paternidade; entidades legitimadas às ações coletivas; etc.; na sucessão processual ou substituição das partes ocorre quando outra pessoa assume o lugar do litigante, tornando-se parte na relação jurídica processual.
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