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Aula 03 Direito Penal p/ TJDFT - Técnico Judiciário (Área Administrativa) - com videoaulas Professor: Renan Araujo Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 89 AULA 03: CONCURSO DE PESSOAS E CONCURSO DE CRIMES SUMÁRIO PÁGINA Apresentação da aula e sumário 01 I ± Concurso de Pessoas 02 II ± Concurso de Crimes 19 Questões jurisprudenciais relevantes 33 Lista das Questões 34 Questões comentadas 51 Gabarito 88 Olá, meus amigos! Hoje é dia de estudarmos dois institutos que costumam ser bastante cobrados em provas de concursos públicos: Concurso de pessoas e concurso de crimes. Portanto, muita atenção, pois há vários pontos polêmicos com posições jurisprudenciais que podem cair na prova. Temos muitas questões interessantes, inclusive questões que foram cobradas agora no segundo semestre de 2014. Tem questão já de 2015! Os reflexos destes institutos sobre os crimes em espécie serão analisados dentro de cada aula específica. Bons estudos! Prof. Renan Araujo Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 89 I ± CONCURSO DE PESSOAS O concurso de pessoas pode ser conceituado como a colaboração de dois ou mais agentes para a prática de um delito ou contravenção penal. O concurso de pessoas é regulado pelos arts. 29 a 31 do CP: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser- lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Circunstâncias incomunicáveis Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Casos de impunibilidade Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Cinco são os requisitos para que seja caracterizado o concurso de pessoas: x Pluralidade de agentes culpáveis ± Para que possamos falar em concurso de pessoas, é necessário que ambos os agentes sejam imputáveis. Assim, se uma pessoa, Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 89 perfeitamente mental e maior de 18 anos (penalmente imputável) determina a um doente mental (sem qualquer discernimento) que realize um homicídio, não há concurso de pessoas, mas autoria mediata, pois o autor do crime foi o mandante, que se valeu de uma pessoa sem vontade como mero instrumento para praticar o crime. Não há concurso, pois um dos agentes não era imputável. Essa regra só se aplica aos crimes unissubjetivos (aqueles em que basta um agente para sua caracterização). Nos crimes plurissubjetivos (aqueles em que necessariamente deve haver mais de um agente, como no crime de quadrilha ou bando, por exemplo ± art. 288 do CP), se um dos colaboradores é inimputável (ou não é culpável por qualquer razão), mesmo assim permanece o crime. Nos crimes eventualmente plurissubjetivos (crime de furto, por exemplo, que eventualmente pode ser um crime qualificado pelo concurso de pessoas, embora seja, em regra, unissubjetivo) também não é necessário que todos os agentes sejam imputáveis, bastando que apenas um o seja. Nessas duas últimas hipóteses, no entanto, não há propriamente concurso de pessoas, mas o que a Doutrina chama de concurso impróprio, ou concurso aparente de pessoas. x Relevância da colaboração ± A participação do agente deve ser relevante para a produção do resultado, de forma que a colaboração que em nada contribui para o resultado é um indiferente penal. Além disso, a colaboração deve ser prévia ou concomitante à execução, ou seja, anterior à consumação do delito. Se a colaboração for posterior à consumação do delito, como o fato já ocorreu, não há concurso de pessoas, podendo haver, no entanto, outro crime (favorecimento real, receptação, etc.). Porém, se a colaboração for posterior à Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 89 consumação, mas combinada previamente, há concurso de pessoas. Ex: Imagine que Poliana decide matar seus pais, e combina com seu namorado para que ele esteja às 20h em ponto na porta de sua casa para lhe ajudar na fuga. Assim, a conduta do namorado (auxiliar na fuga) é posterior à consumação, mas fora combinada anteriormente, havendo, portanto, concurso de pessoas. Diversa seria a hipótese, no entanto, se o namorado tivesse ido à casa da namorada sem saber que deveria lhe ajudar na fuga. Lá chegando, a namorada conta o ocorrido e ele, a partir daí, concorda em auxiliá-la na fuga. Nessa hipótese, o namorado comete o crime de favorecimento pessoal (nos termos do art. 348 do CP). Cuidado com isso! x Vínculo subjetivo (ou liame subjetivo) ± Também é conhecido como concurso de vontades. Assim, para que haja concurso de pessoas, é necessário que a colaboração dos agentes deva ter sido ajustada entre eles, de modo que a colaboração meramente causal, sem que tenha havido combinação entre os agentes, não caracteriza o concurso de pessoas. Trata-se do princípio da convergência. Caso haja colaboração dos agentes para a conduta criminosa, mas sem vínculo subjetivo entre eles, estaremos diante da autoria colateral, e não da coautoria. x Unidade de crime (ou contravenção) para todos os agentes ± Nos termos do art. 29 do CP: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Daí podemos perceber que se 20 pessoas colaboram para a prática de um delito (homicídio, por exemplo), todas elas respondem pelo homicídio, independentemente da conduta que tenham praticado (um Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 89 apenas conseguiu a arma, o outro dirigiu o veículo da fuga, outro atraiu a vítima, etc.). Trata-se da teoria unitária ou monista, adotada como regra pelo Código Penal. No entanto, existem exceções à teoria monista, ou seja, existem casos em que o Código Penal adota a teoria pluralista, estabelecendo que a colaboração de cada um dos agentes acarretará no enquadramento de cada um em crime específico. Por exemplo: Quando um particular oferece propina a um funcionário público, que aceita, o particular comete o crime de corrupção ativa(art. 333) e o funcionário público comete o crime de corrupção passiva (art. 317 do CP); x Existência de fato punível ± Trata-se do princípio da exterioridade. Assim, é necessário que o fato praticado pelos agentes seja punível, o que de um modo geral exige pelo menos que este fato represente uma tentativa de crime, ou crime tentado. Para a caracterização do crime tentado, é necessário que seja dado início à execução do crime. Se o fato ficar meramente no plano abstrato, no plano da cogitação, não há fato punível, nos termos do art. 14, II do CP. O art. 31 do CP determina, ainda, de modo específico para a hipótese de concurso de pessoas, que a colaboração só é punível se o crime for, ao menos, tentado: Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). CUIDADO! Na autoria mediata, não basta que o executor seja um inimputável, ele deve ser um verdadeiro INSTRUMENTO do Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 89 mandante, ou seja, ele não deve ter qualquer discernimento no caso concreto. Ex.: José e Pedro (este menor de idade, com 17 anos) combinam de matar Maria. José arma o plano e entrega a arma a Pedro, que a executa. Neste caso, Pedro é inimputável por ser menor de 18 anos, mas possui discernimento, não se pode dizer TXH�IRL�XP�PHUR�³LQVWUXPHQWR´� de José. Assim, aqui não teremos autoria mediata, mas concurso aparente de pessoas. Ex.2: José, maior e capaz, entrega a Mauro (um doente mental sem nenhum discernimento) uma arma e diz para ele atirar em Maria, que vem a óbito. Neste caso há autoria mediata, pois Mauro (o inimputável) foi mero instrumento nas mãos de José. I.a) Modalidades de concurso de pessoas A) Coautoria Para entendermos o fenômeno da coautoria, devemos, primeiramente, estudar o que seria a autoria do delito. Várias teorias, ao longo do tempo, procuraram definir quem seria o autor do crime. A teoria subjetiva ou unitária não diferenciava autor e partícipe, considerando que todos aqueles que concorriam para o crime eram autores do delito. Já a teoria extensiva, apesar de entender, também, que todos os colaboradores eram autores do crime, estabelecia penas diversas conforme o grau de culpa de cada um deles. Por fim, a teoria objetiva ou dualista faz clara distinção entre autor e partícipe. Foi a teoria adotada pelo CP. Agora que já sabemos que o CP diferencia autor e partícipe, precisamos saber qual é o critério para se diferenciar um do outro. Três teorias surgiram. Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 89 A primeira teoria, a teoria objetivo-formal, estabelece que autor é quem realiza a conduta prevista no núcleo do tipo, sendo partícipes todos os outros que colaboraram para isso, mas não realizaram a conduta descrita no núcleo do tipo. Para esta teoria, por exemplo, no crime de homicídio, somente seria autor aquele que efetivamente praticasse a coQGXWD� GH� ³PDWDU´� DOJXpP�� 7RGRV� RV� RXWURV� FRODERUDGRUHV� VHULDP� partícipes. O grande problema desta teoria é considerar o autor intelectual (mandante) como partícipe, e não como autor. Mais que isso: Essa teoria não explica o fenômeno da autoria mediata (quando alguém se vale de um inimputável para cometer um crime). A segunda teoria, a teoria objetivo-material, entende que autor é quem colabora com participação de maior importância para o crime, e partícipe é quem colabora com participação reduzida, independentemente de quem pratica o núcleo do tipo (verbo que descreve a conduta criminosa ± matar, subtrair, etc.). A terceira e última teoria, a teoria do domínio final do fato, criada pelo pai do finalismo, Hans Welzel, entende que autor é todo aquele que possui o domínio da conduta criminosa, seja ele o executor (quem pratica a conduta prevista no núcleo do tipo) ou não. Para esta teoria, o autor seria aquele que decide o trâmite do crime, sua prática ou não, etc. Essa teoria explica, satisfatoriamente, o caso do mandante, por H[HPSOR�� TXH� PHVPR� VHP� SUDWLFDU� R� Q~FOHR� GR� WLSR� �³PDWDU� DOJXpP´��� possui o domínio do fato, pois tem o poder de decidir sobre o rumo da prática delituosa. Para esta teoria, o partícipe existe, e é aquele que contribui para a prática do delito, embora não tenha poder de direção sobre a conduta delituosa. O partícipe só controla a própria vontade, mas a não a conduta criminosa em si, pois esta não lhe pertence. O erro desta última teoria é não se aplicar aos crimes culposos, pois neste não há domínio final do fato, pois o fato final (resultado) não é buscado pelos agentes, que pretendiam outro resultado. Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 89 A teoria adotada pelo CP é a teoria objetivo-formal, considerando autor aquele que realiza a conduta descrita no núcleo do tipo. Entretanto, deve ser usada a teoria do domínio do fato para os crimes em que há autoria mediata, autoria intelectual, etc., de forma a complementar a teoria adotada. Desta maneira, após entendermos quem seria considerado autor do delito para o CP, podemos definir a coautoria como a espécie de concurso de pessoas na qual duas ou mais pessoas praticam a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Assim, no crime de roubo, se duas ou mais pessoas entram num banco, portando armas, e anunciam um assalto, todas elas praticaram a conduta descrita no núcleo do tipo do art. 157, § 2°, I e II do CP (subtrair para si ou para outrem, mediante violência ou grave ameaça...). Logo, todas são coautoras do delito. Porém, no mesmo exemplo, o motorista que fica do lado de fora (o ³SLORWR� GH� IXJD´�� p� FRQVLGHUDGR� SDUWtFLSH�� SRLV� HPERUD� FRQFRUUD� SDUD� D� prática do delito, não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal. A coautoria pode ser funcional (ou parcial), que é aquela na qual a conduta dos agentes são diversas e se somam, de forma a produzir o resultado. Assim, se Ricardo segura a vítima para que Poliana a espanque, ambos são coautores do crime de lesão corporal, mediante coautoria funcional. Porém, a coautoria pode ser, ainda, material (direta), que é a hipótese em que ambos os coautores realizam a mesma conduta. Assim, no exemplo acima, se Ricardo e Poliana espancassem a vítima, ambos seriam coautores mediante coautoria material. No quadro abaixo vou mostrar para vocês algumas hipóteses polêmicas de aplicação do instituto da coautoria: Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 89 ¾ Admite-se a coautoria nos crimes próprios, desde que ambos os agentes possuam a qualidade exigida pela lei, ou que, aqueles que não a possuem, ao menos tenham ciência de que o outro agente age nessa qualidade; ¾ Não se admite a coautoria nos crimes de mão-própria, pois são considerados de conduta infungível, só podendo ser praticados pelo sujeito especificamente descrito pelalei; ¾ A Doutrina se divide quanto à possibilidade de coautoria em crimes omissivos, da seguinte forma: 1 ± Parte entende que NÃO HÁ POSSIBILIDADE DE COAUTORIA OU PARTICIPAÇÃO (Concurso de agentes), pois TODAS AS PESSOAS PRATICAM O NÚCLEO DO TIPO, DE MANEIRA AUTÔNOMA; 2 ± Outra parte da Doutrina entende poderia haver concurso de pessoas, na modalidade de coautoria, mas é minoritário; 3 ± A Doutrina ligeiramente majoritária entende que é possível PARTICIPAÇÃO, mas NÃO COAUTORIA. ¾ Na autoria mediata não há concurso de pessoas entre autor mediato autor imediato, respondendo apenas o autor mediato, que se valeu de alguém sem culpabilidade para a execução do delito. ¾ Entretanto, é possível coautoria e também participação na autoria mediata, desde que haja colaboração entre os agentes mediatos. NUNCA HAVERÁ CONCURSO DE PESSOAS ENTRE AUTOR MEDIATO E AUTOR IMEDIATO. ¾ CUIDADO! Na coação física irresistível, não há autoria mediata, mas autoria direta, pois o agente que realiza a ação não possui Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 89 conduta, já que não há vontade. Nesse caso, aquele que pratica a coação física irresistível é autor direto, não mediato; ¾ Admite-se a autoria mediata nos crimes próprios, mas não nos crimes de mão própria (há alguns doutrinadores que entendem ser possível). B) Participação Conforme estudamos, no Brasil adotou-se a teoria objetivo- formal, distinguindo-se autor e partícipe. Assim, podemos definir a participação como a modalidade de concurso de pessoas na qual o agente colabora para a prática delituosa, mas não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal. A participação pode ser: x Moral ± É aquela na qual o agente não ajuda materialmente na prática do crime, mas instiga ou induz alguém a praticar o crime. A instigação ocorre quando o partícipe age no psicológico do autor do crime, reforçando a idéia criminosa, que já existe na mente deste. O induzimento, por sua vez, ocorre quando o partícipe faz surgir a vontade criminosa na mente do autor, que não tinha pensado no delito; x Material ± A participação material é aquela na qual o partícipe presta auxílio ao autor, seja fornecendo objeto para a prática do crime, seja fornecendo auxílio para a fuga, etc. Este auxílio não pode ser prestado após a consumação, salvo se o auxílio foi previamente ajustado. Como o partícipe não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal, como puni-lo? Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 89 Como a conduta do partícipe é considerada acessória em relação à conduta do autor (que é principal), o partícipe é punido em razão da teoria da acessoriedade. Porém, três teorias da acessoriedade existem: x Teoria da acessoriedade mínima ± Entende que a conduta principal deva ser um fato típico, não importando se é ou não um fato ilícito. EXEMPLO: Imagine que Marcio e João combinam de matar Paulo. Na data combinada para a execução, Marcio guia o carro até o local e fica esperando do lado de fora. João se dirige até Paulo e, após uma discussão, Paulo começa a agredir João, que na verdade mata Paulo em legítima defesa. João matou Paulo em legítima defesa e não em razão do ajuste com Marcio (não tendo praticado fato ilícito, mas apenas típico), mas por esta teoria, mesmo assim Marcio responderia como partícipe do crime. Veja que João, de fato, matou Paulo. Contudo, o fato não é ilícito, pois João agiu em legítima defesa. Porém, para esta teoria, ainda que a conduta de João seja considerada apenas típica, mas não ilícita, Marcio deveria ser punido; x Teoria da acessoriedade limitada ± Exige que o fato praticado (conduta principal) seja pelo menos uma conduta típica e ilícita. Assim, no exemplo dado acima, a conduta do partícipe Marcio não é punível, pois a conduta principal, apesar de típica, não é ilícita. Veja que, para esta corrente Doutrinária, se o fato praticado pelo autor NÃO FOR ILÍCITO (Ainda que seja um fato típico), em razão de legítima defesa, etc., o partícipe não deve ser punido; x Teoria da acessoriedade máxima ± Para esta teoria, o partícipe só será punido se o fato for típico, ilícito e praticado por agente culpável. Essa teoria faz exigência irrazoável, pois a culpabilidade é uma questão pessoal do agente, não guardando relação com o fato. Assim, imagine que Carlos, Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 89 maior de idade, seja partícipe de um roubo praticado por Lucas, menor de idade. Para esta corrente, Carlos não poderia responder pelo roubo praticado (na qualidade de partícipe), pois Lucas (o autor principal) é inimputável (não tem culpabilidade), sendo o fato apenas típico e ilícito, sem o complemento da culpabilidade. x Teoria da hiperacessoriedade ± Exige que, além de o fato ser típico e ilícito e o agente culpável, o autor tenha sido efetivamente punido para que o partícipe responda pelo crime. É ainda mais irrazoável que a última. Imagine que José seja partícipe de um roubo praticado por Marcelo. No decorrer do processo, Marcelo vem a falecer (o que gera a extinção da punibilidade de Marcelo, nos termos do CP). Para esta corrente, como houve extinção da punibilidade em relação a Marcelo (o autor do delito), o partícipe (José) não poderá mais ser punido. O Nosso CP não adotou expressamente nenhuma das quatro teorias, mas com certeza não adotou a teoria da acessoriedade mínima nem a teoria da hiperacessoriedade (as extremas). A Doutrina entende que a teoria que mais se amolda ao nosso sistema é a teoria da acessoriedade limitada, exigindo que o fato seja somente típico e ilícito para que o partícipe responda pelo crime. No entanto, a acessoriedade máxima é a que mais se coaduna com o instituto da autoria mediata, razão pela qual deve ser citada quando a questão se referir à autoria mediata. Questões interessantes acerca da participação: Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 89 ¾ A lei admite a redução da pena de 1/6 a 1/3 se a participação é de menor importância (art. 29, § 1° do CP). Isto não se aplica às hipóteses de coautoria, mas apenas à participação; ¾ A Doutrina admite a participação nos crimes comissivos por omissão, quando o partícipe devia e podia evitar o resultado (art. 13, § 2° do CP). ¾ A participação inócua não se pune. Assim, se A empresta uma faca a B, de forma a auxiliá-lo a matar C, e B mata C usando seu revólver, a participação de A foi absolutamente inócua, pois em nada auxiliou no resultado. Da mesma forma, se A instiga B a matar C, e B realiza a conduta porque já estava determinado a isso, a instigação promovida por A não teve qualquer eficácia, pois B já mataria C de qualquer forma. ¾ Participação em cadeia é possível: Assim, se A empresta uma arma a B, para que este a empreste a C, a fim de que este último mate D, tanto A quanto B são partícipes do crime, por prestarem auxílio material em cadeia. ¾A participação em ação alheia ocorre quando o partícipe, sem qualquer liame subjetivo com o autor, contribui de maneira culposa para a prática do delito. Assim, o funcionário público que não tranca a porta da repartição ao final do expediente, e esta vem a ser furtada por um particular na madrugada, responde por peculato culposo (art. 312, § 2° do CP), enquanto o particular responde por furto. Não há concurso de pessoas pois falta o liame subjetivo entre ambos (coerência de vontades). Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 89 I.c) Circunstâncias incomunicáveis O art. 30 do CP estabelece que: Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Antes de estudarmos a comunicabilidade ou não das circunstâncias, devemos diferenciar a mera circunstância da circunstância elementar do crime. A circunstância elementar é aquela que se refere a algo indispensável para a caracterização do crime. Assim, a circunstância ³DOJXpP´� QR� FULPH� GH� KRPLFtGLR�� p� XPD� HOHPHQWDU�� SRLV� VH� R� IDWR� IRU� praticado contra um animal, não haverá homicídio. Por sua vez, a mera circunstância não é indispensável à caracterização do crime, pois apenas agregam um fato que, se presente, DXPHQWD�RX�GLPLQXL�D�SHQD��$VVLP��R�³PRWLYR�WRUSH´�p�XPD�FLUFXQVWkQFLD� não-elementar, ou mera circunstância, pois caso o fato seja praticado sem essa circunstância, continua a existir homicídio, no entanto, sem a qualificadora. A) Espécies de elementares e de circunstâncias Podem ser subjetivas (de caráter pessoal), quando relativas à pessoa do agente. É o caso da condição de funcionário público, que é pessoal, pois se refere ao agente. Podem ser, ainda, objetivas (ou de caráter real), quando se referem ao fato criminoso em si, seu modus operandi, etc. Assim, o emprego de violência, no crime de roubo (art. 157 do CP) é uma elementar objetiva. Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 89 As condições pessoais não se confundem com as circunstâncias ou elementares de caráter pessoal. As primeiras são fatores pessoais do agente, que independem da prática da infração penal. Assim, o fato de o agente ser menor de 21 anos é uma condição pessoal, e não uma circunstância de caráter pessoal, tampouco uma elementar. Com base nesses três institutos (elementares, circunstâncias e condições pessoais), podemos extrair três regras do CP: 9 As circunstâncias e condições de caráter pessoal não se comunicam ± Se A contrata B, para que este mate C, em razão deste último ter estuprado sua filha, A comete o crime de homicídio privilegiado, em razão do relevante valor moral (art. 121, § 1° do CP). Entretanto, B não comete o crime de homicídio privilegiado, pois a circunstânFLD� ³UHOHYDQWH� YDORU� PRUDO´�p�SHVVRDO��QmR�VH�HVWHQGHQGR�DR�FRDXWRU� 9 As circunstâncias de caráter real, ou objetivas, se comunicam ± Porém, é necessário que a circunstância tenha entrado na esfera de conhecimento dos demais agentes. Imagine que A contra B para matar C. B informa a A que usará de emboscada (portanto, homicídio qualificado, nos termos do art. 121, § 2° do CP), e A concorda com isto. 1HVVH�FDVR��D�FLUFXQVWkQFLD�REMHWLYD�³HPERVFDGD´��UHODWLYD�DR� meio utilizado), se comunica, pois embora A não tenha usado de emboscada, concordou com esta prática por B. Diversamente, se B praticasse o crime mediante emboscada sem nada comunicar ao mandante, A, esta circunstância não se comunicaria, por não ter entrado na esfera de conhecimento de A; 9 As elementares sempre se comunicam, sejam objetivas ou subjetivas ± No entanto, mais uma vez se exige que estas elementares tenham entrado no âmbito de conhecimento dos demais agentes. Imaginem que Júlio, Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 89 servidor público, convida Marcelo a entrar na repartição onde trabalham, valendo-se da condição de Júlio, para subtrair alguns computadores. Caso Marcelo conheça a condição de funcionário público de Júlio, ambos respondem pelo crime de peculato-furto (art. 312, § 1° do CP). Caso Marcelo desconheça essa circunstância elementar, responde ele apenas pelo crime de furto, pois a ausência dessa circunstância faz desaparecer o crime de peculato-furto, mas a conduta ainda é punível como furto comum. Não confundam coautoria com autoria colateral. Na coautoria, deve haver vínculo subjetivo ligando as condutas de ambos os autores. Na autoria colateral, ambos praticam o núcleo do tipo, mas um não age em acordo de vontades com o outro. Imaginem que A e B, desafetos de C, sem que um saiba da existência do outro, escondem-se atrás de árvores esperando a passagem de C, a fim de matá-lo. Quando C passa, ambos atiram, e C vem a óbito. Nesse caso, não houve coautoria, mas autoria colateral. Entretanto, aí vai mais uma informação: Imaginem que o laudo identifique que apenas uma bala atingiu C, direto na cabeça, levando-o a óbito. Nesse caso, o laudo não conseguiu apontar de qual arma saiu a bala que matou C. Nesse caso, como não se pode definir quem efetuou o disparo fatal, ambos respondem pelo crime de homicídio TENTADO, pois não se pode atribuir a nenhum deles o homicídio consumado, já que o laudo é inconclusivo quanto a isto. Este é o fenômeno da autoria incerta. No entanto, se ambos estivessem agindo em conluio, com vínculo subjetivo, ou seja, se houvesse concurso de pessoas, ambos responderiam por crime de homicídio CONSUMADO, pois nesse caso seria irrelevante saber de qual arma partiu a bala que Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 89 levou C a óbito. I.d) Cooperação dolosamente distinta A cooperação dolosamente distinta, também chamada de ³SDUWLFLSDomR�HP�FULPH�PHQRV�JUDYH´��RFRUUH�TXDQGR�DPERV�RV�DJHQWHV� decidem praticar determinado crime, mas durante a execução, um deles decide praticar outro crime, mais grave. Nesse caso, aplica-se o art. 29, § 2° do CP: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser- lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) EXEMPLO: Imaginem que Camila e Herval combinam de realizar um furto a uma casa que imaginam estar vazia. Camila espera no carro enquanto Herval adentra à residência. Entretanto, ao chegar à residência, Herval se depara com dois seguranças, e troca tiros com ambos, levando- os a óbito (sinistro esse cara). Após, entra na casa e subtrai diversos bens. Volta ao carro e ambos fogem. Camila não quis participar de um latrocínio (que foi o que efetivamente ocorreu), mas apenas de um furto. Assim, segundo aprimeira parte do § 2° do art. 29 do CP, responderá somente pelo furto. Entretanto, se ficar comprovado que Camila podia prever que o latrocínio era provável (se soubesse, por exemplo, que Herval estava Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 89 armado e que havia a possibilidade de ter seguranças na casa), a pena do crime de furto (não a do latrocínio!!) será aumentada até a metade. $�OHL�GL]�³DWp�D�PHWDGH´��ORJR��R�DXPHQWR�SRGH�QmR�FKHJDU�D� esse patamar. O aumento de pena irá variar conforme o grau de previsibilidade do crime mais grave para o qual Camila não se predispôs mas era previsível. CUIDADO MASTER! Existe uma questão muito controvertida no que se refere ao concurso de pessoas. É a possibilidade (ou não) de concurso de pessoas em crimes CULPOSOS. São muitas, MUITAS ideias diferentes. Cada autor inventa alguma coisa para vender seu livro, certo? Bom, resumidamente, podemos definir a Doutrina majoritária da seguinte forma: COAUTORIA EM CRIMES CULPOSO ± É possível, pois é possível que duas pessoas, de comum acordo, resolvam praticar uma conduta imprudente, por exemplo. Ex.: Dois rapazes resolvem atirar um móvel do 10º andar de um prédio, sem intenção de atingir ninguém, mas acabam lesionando uma pessoa. PARTICIPAÇÃO EM CRIME CULPOSO ± Depende. Podemos estar falando de participação DOLOSA ou participação CULPOSA. DOLOSA ± Não cabe participação dolosa em crime culposo, pois a 'RXWULQD� HQWHQGH� TXH� QmR� Ki� ³XQLGDGH� GH� YRQWDGHV´� HQWUH� RV� DJHQWHV� (um quer o resultado a título de dolo, e o outro, executor, é apenas um descuidado). AssiP��QmR�Ki�³YtQFXOR�VXEMHWLYR´�HQWUH�HOHV�QR�TXH� WDQJH� ao resultado. Logo, cada um responde por sua conduta. CULPOSA ± É possível, pois é possível que alguém, por culpa, induza, Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 89 instigue ou preste auxílio ao executor de uma conduta também culposa, e haveria ³XQLGDGH�GH�YRQWDGHV´� CUIDADO: O STJ entende que NÃO cabe nenhum tipo de participação em crime culposo. Parte da Doutrina também segue este entendimento. II ± CONCURSO DE CRIMES Assim como é plenamente possível que duas ou mais pessoas se unam para praticar determinado delito, é plenamente possível que de uma mesma conduta (ou de uma série de condutas interligadas) surjam vários crimes. O concurso de crimes pode ser de três espécies: concurso formal, concurso material e crime continuado. A exata caracterização de cada um dos institutos é bastante importante, pois isso influenciará na adoção do sistema de aplicação da pena. Três também são os sistemas de aplicação da pena: x Sistema do cúmulo material ± Aqui, ao agente é aplicada a pena correspondente ao somatório das penas relativas a cada um dos crimes cometidos isoladamente. Foi adotado no que tange ao concurso material (art. 69 do CP), no concurso formal impróprio ou imperfeito (art. 70, caput, 2° parte) e no concurso de penas de multa (art. 72 do CP); x Sistema da exasperação ± Aplica-se ao agente somente a pena da infração penal mais grave, acrescida de determinado percentual. Foi acolhido no que se refere ao concurso formal próprio ou perfeito (art. 70, caput, primeira parte, do CP) e ao crime continuado (art. 71 do CP); Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 89 x Sistema da absorção ± Aplica-se somente a pena da infração penal mais grave, dentre todas as praticadas, sem que haja qualquer aumento. Foi adotado (jurisprudencialmente) em relação aos crimes falimentares. II.a) Concurso material (ou real) de crimes Está regulado pelo art. 69 do CP: Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Nesse fenômeno, o agente pratica duas ou mais condutas e produz dois ou mais resultados. Pode ser homogêneo, quando todos os crimes praticados são idênticos, ou heterogêneo, quando os crimes são diferentes. Esse cúmulo de penas deve ser aplicado pelo Juiz na hora da sentença, se os processos tiverem sido reunidos por conexão, ou pelo Juiz da execução, caso tenham sido aplicadas as penas em processos diversos (nos termos do art. 66, III, a da LEP). Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 89 Se for imposta pena de reclusão a um dos crimes e de detenção a outro, executa-se primeiramente a de reclusão, nos termos do art. 69, caput, segunda parte, do CP. Só será possível a aplicação de penas restritivas de direitos a um dos crimes se em relação aos outros foi aplicada pena também restritiva de direitos ou, em caso de ter sido aplicada pena privativa de liberdade, esta foi suspensa (é o chamado sursis), nos termos do art. 69, § 1° do CP. As penas restritivas de direitos podem ser cumpridas simultaneamente, desde que compatíveis. Assim, a pena de limitação de final de semana não pode ser cumprida simultaneamente com outra restritiva de direitos idêntica (limitação de final de semana), pois nesse caso o agente estaria cumprindo apenas uma das penas (e pagando as duas o malandro!). Entretanto, é plenamente possível o cumprimento simultâneo de pena restritiva de direitos consistente em prestação de serviços à comunidade e outra consistente em prestação pecuniária ($$), pois isso não importa em prejuízo a ninguém (nem ao Estado nem ao infrator). Só é possível a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95) se o somatório das penas mínimas previstas para todos os crimes for inferior a um ano. Assim, se o acusado praticou dois crimes em concurso material, sendo a pena mínima de ambos estipulada em 03 meses de detenção, é possível a suspensão condicional do processo. II.b) Concurso formal de crimes No concurso formal, ou ideal, o agente, mediante uma única conduta, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Nos termos do art. 70 do CP: Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 89 cabíveis ou, se iguais, somente umadelas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Primeiramente, deve ser esclarecido a vocês que deve haver unidade de conduta e pluralidade de resultados. No entanto, a unidade de conduta não significa unidade de atos, pois existem condutas que podem ser fracionadas em diversos atos, como no caso de alguém que mata outra pessoa com diversas pauladas na cabeça. Embora neste caso haja diversos atos, há unidade de conduta. O concurso formal será homogêneo se todos os crimes cometidos mediante a conduta única forem idênticos, e será heterogêneo se os crimes praticados forem diversos. O concurso formal pode ser, ainda, perfeito ou imperfeito: x Concurso formal perfeito (próprio) ± Aqui o agente pratica uma única conduta e acaba por produzir dois resultados, embora não pretendesse realizar ambos, ou seja, não há desígnios autônomos (intenção de, com uma única conduta, praticar dolosamente mais de um crime). Esse tipo de concurso só pode ocorrer, portanto, entre crimes culposos, ou entre um crime doloso e um ou vários crimes culposos. Exemplo: Imaginem que Camila, dirigindo seu Bugatti pelas ruas de São Paulo, em altíssima velocidade, atropela, sem querer, um pedestre, que vem a óbito, e causa lesões graves em outro pedestre. Nesse caso, Camila responde pelos crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa em concurso formal, aplicando-se a ela a pena do Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 89 homicídio culposo (mais grave) acrescida de 1/6 até a metade; x Concurso formal imperfeito (impróprio) ± Aqui o agente se vale de uma única conduta para, dolosamente, produzir mais de um crime. Imaginem que, no exemplo anterior, Camila desejasse matar o pedestre, antigo desafeto, bem como lesionar o outro pedestre (sua ex-sogra). Assim, com sua única conduta, Camila objetivou praticar ambos os crimes, respondendo por ambos em concurso formal imperfeito, e lhe será aplica a pena de ambos cumulativamente (sistema do cúmulo material), pois esse concurso formal é formal apenas no nome, já que deriva de intenções (desígnios) autônomas, nos termos do art. 70, segunda parte, do CP. A) Aplicação da pena no concurso formal Via de regra, no concurso formal o sistema utilizado é o da exasperação, utilizando-se como base a pena do crime mais grave, aumentada (exasperada) de 1/6 até a metade (art. 70, primeira parte, do CP). O quantum do aumento (entre 1/6 e metade da pena usada como base) será definido mediante a análise da quantidade de crimes praticados. Se praticados poucos crimes, aplica-se o aumento mínimo; se praticados diversos crimes mediante a única conduta, aplica-se o aumento em seu montante máximo. Trata-se, portanto, de uma fórmula de aplicação da pena que visa a beneficiar o réu, em razão do menor desvalor de sua conduta. Entretanto, se estivermos diante de concurso formal imperfeito (impróprio), aplica-se a regra estabelecida pelo art. 70, segunda parte, do CP, ou seja, o sistema do cúmulo material, pois Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 89 o agente se valeu de uma única conduta para praticar diversos crimes de maneira dolosa, agindo com intenções autônomas (desígnios autônomos). Há, ainda, a figura que se denominou de concurso material benéfico, que ocorre quando o sistema da exasperação se mostra prejudicial ao réu em relação ao sistema da cumulação. EXPLICO: Imaginem que o agente tenha cometido homicídio doloso simples (pena de 06 a 20 anos) e tenha, culposamente, mediante a mesma conduta, lesionado levemente uma terceira pessoa, cometendo o crime de lesões corporais culposas em concurso formal com o homicídio (art. 129, § 6° do CP, pena de 02 meses a um ano de detenção). Nesse exemplo acima, o sistema da exasperação é muito prejudicial ao réu. Imaginem que o infrator tenha sido condenado pelo crime de homicídio a 10 anos de reclusão (crime mais grave). Nesse caso, pelo sistema da exasperação, por ter havido concurso formal, essa pena deve ser aumentada de 1/6 até a metade. Logo, a pena dele variará de 11 anos e 08 meses a 15 anos de reclusão (pena base + 1/6 e pena base + metade). Pelo sistema do cúmulo material, como a pena de lesões culposas é bem pequena, a pena do agente variaria de 10 anos e dois meses a 11 anos de reclusão. Nesse caso, percebam, o sistema da exasperação é prejudicial ao réu. Assim, a lei estabelece que, nesse caso, ELE NÃO SE APLICA, aplicando-se o sistema do cúmulo material, pois o sistema da exasperação foi criado para beneficiar o réu e não pode ser aplicado quando resultar em prejuízo a ele. Nos termos do § único do art. 70 do CP: Art. 70 (...) Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II.c) Crime continuado Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 89 Também conhecido como continuidade delitiva, é a espécie de concurso de crimes na qual o agente pratica diversas condutas, praticando dois ou mais crimes, que por determinadas condições, fazem entender que todos fazem parte de uma única cadeia delitiva. Nos termos do art. 71 do CP: Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Duas teorias buscam explicar este instituto: x Teoria da ficção jurídica ± Para esta teoria, a continuidade delitiva é uma ficção, pois, na verdade, existem diversos crimes, tendo a Lei considerado os diversos atos como apenas um crime, para fins de aplicação da pena. Esta teoria foi desenvolvida por Francesco Carrara; x Teoria da realidade, ou da unidade real ± Para esta teoria, o crime continuado é, por sua própria natureza, um único delito, não havendo que se falar em ficção jurídica. Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujoʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 89 O nosso CP adotou a teoria da ficção jurídica, pois a consideração dos diversos delitos como um único crime se dá apenas para fins de aplicação da pena, tanto que, no que tange à prescrição, eles são considerados crimes autônomos, nos termos do art. 119 do CP: Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) A) Requisitos para a configuração do crime continuado A Doutrina entende serem três os requisitos do crime continuado: a) pluralidade de condutas; b) pluralidade de crimes da mesma espécie; e c) condições semelhantes de tempo, lugar, modo de execução e outras semelhanças. Há divergência doutrinária quanto à necessidade de haver ou não unidade de desígnio. A pluralidade de conduta decorre da redação do art. 71, que fala HP�³PHGLDQWH�PDLV�GH�XPD�DomR�RX�RPLVVmR´�� A pluralidade de crimes causa polêmica. O que seriam crimes da mesma espécie? A Doutrina e a Jurisprudência não são pacíficas. Parte minoritária entende que crimes da mesma espécie são aqueles que tutelam o mesmo bem jurídico. Assim, para essa corrente, furto, estelionato, apropriação indébita, etc., seriam todos crimes da mesma HVSpFLH��SRLV�VHULDP�WRGRV�³FULPHV�FRQWUD�R�SDWULP{QLR´� No entanto, a corrente que prevalece, inclusive no STJ, é a de que crimes da mesma espécie são aqueles tipificados pelo mesmo dispositivo legal, na forma simples, privilegiada ou qualificada, consumados ou tentados. Assim, seriam crimes da mesma espécie roubo e roubo qualificado. Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 89 Vejamos: (...) Não há continuidade delitiva porque os crimes de falsificação de documento público e falsidade ideológica não são da mesma espécie. (...) (AgRg no AREsp 311.775/SC, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 27/05/2014, DJe 03/06/2014) Entretanto, essa corrente entende que, além de serem tratados no mesmo dispositivo legal, devem tutelar o mesmo bem jurídico. Assim, roubo simples (art. 157) e latrocínio (art. 157, § 3° do CP) não seriam crimes da mesma espécie, pois o latrocínio tutela, ainda, o direito à vida, e não somente o patrimônio. O STJ já solidificou este entendimento: (...) 1. Os crimes de roubo e latrocínio, apesar de serem do mesmo gênero, não são da mesma espécie. No crime de roubo, a conduta do agente ofende o patrimônio. No delito de latrocínio, ocorre lesão ao patrimônio e à vida da vítima, não havendo homogeneidade de execução na prática dos dois delitos, razão pela qual tem aplicabilidade a regra do concurso material. (...) (HC 186.575/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 27/08/2013, DJe 04/09/2013) Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 89 Por fim, a semelhança entre os delitos deve obedecer à conexão de quatro gêneros: temporal, espacial, modal e ocasional. A conexão temporal exige que os crimes tenham sido cometidos na mesma época. Mesma época não implica mesmo momento. A jurisprudência tem entendido que os crimes não podem ter sido cometidos em um lapso temporal superior a 30 dias. No entanto, no que se refere aos crimes contra a ordem tributária, o STF já entendeu que pode haver continuidade delitiva desde que os delitos tenham sido cometidos em lapso temporal não superior a 03 anos. A conexão espacial indica que, para que seja considerada continuidade delitiva, os crimes devem ser cometidos no mesmo local. A Jurisprudência entende que a conexão espacial só estará presente se os crimes forem cometidos na mesma cidade, ou, no máximo, na mesma região metropolitana. A conexão modal se verifica quando o agente pratica o crime sempre da mesma maneira, seja pelo modo de execução, pela utilização de comparsas, etc. A conexão ocasional não possui previsão expressa na Lei, mas parte da Doutrina a entende como a necessidade de que os primeiros crimes tenham proporcionado uma ocasião que gerou a prática dos crimes subsequentes. Com relação à unidade de desígnios, ou seja, a necessidade de que todos os crimes praticados na verdade tenham sido partes de um único projeto criminoso, a Doutrina é dividida, mas a maioria da Doutrina, bem como a Jurisprudência, entendem ser necessária essa unidade de desígnios, de forma que a mera reunião dos demais requisitos não configura a continuidade delitiva se os crimes foram praticados de Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 89 maneira isolada, sem nenhum vínculo entre eles. Isso significa que a maioria da Doutrina e a Jurisprudência adotam a teoria objetivo- subjetiva, desprezando a teoria objetiva pura, que não prevê a necessidade de unidade de desígnios. B) Aplicação da pena no crime continuado Existem três espécies de crime continuado: simples, qualificado e específico. Entretanto, em todos os casos se aplica o sistema da exasperação. No crime continuado simples, as penas dos delitos parcelares são as mesmas. Exemplo: 10 furtos simples praticados em continuidade delitiva. Nesse caso, aplica-se a pena de apenas um deles, acrescida de 1/6 a 2/3 (varia conforme a quantidade de delitos). No crime continuado qualificado, as penas dos delitos praticados são diferentes, de modo que se aplica a pena do mais grave deles, aumentada de 1/6 a 2/3. Por fim, o crime continuado específico está previsto no § único do art. 71 do CP: Art. 71 (...) Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Assim, nos crimes dolosos cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, sendo as vítimas diferentes, poderá o Juiz aplicar a Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 89 pena de um deles (ou a mais grave, se diversas), aumentada até o triplo. Vejam que se adotou o mesmo sistema da exasperação, entretanto, o § único previu um quantum maior a ser acrescido à pena-base. A lei não estabelece a quantidade mínima nesse caso, mas a Jurisprudência, inclusive o STF, entende que o mínimo aqui também é de 1/6. $TXL�WDPEpP�VH�DSOLFD�D�UHJUD�GR�³FRQFXUVR�PDWHULDO�EHQpILFR´��RX� seja, se o sistema da exasperação se mostrar mais gravoso, deverá ser aplicado o sistema do cúmulo material. C) Crime continuado e conflito de leis penais no tempo Se durante a execução do crime continuado sobrevir lei nova, mais gravosa ao réu, esta última é aplicada, pois ocrime continuado se considera praticado quando cessa a continuidade delitiva. Assim, sendo o tempo do crime o momento em que cessa a continuidade, a lei nova chegou a vigorar antes de sua consumação, aplicando-se a este, por ser a lei vigente ao tempo do crime. Este entendimento está, inclusive, sumulado pelo STF: SÚMULA Nº 711 A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA. D) Prescrição Nos crimes continuados, por haver mera ficção jurídica de crime único, apenas para fins de aplicação da pena, a prescrição é calculada em relação a cada crime isoladamente. Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 89 Entretanto, para o cálculo da prescrição RETROATIVA (a que OHYD� HP� FRQVLGHUDomR� D� SHQD� ³HP� FRQFUHWR´��� OHYD-se em conta a pena mínima estabelecida para a pena-base, desprezando-se o acréscimo que seria aplicado em decorrência da continuidade delitiva. EXEMPLO: Se há dois furtos qualificados praticados em continuidade delitiva (penas mínimas de dois anos), tendo a sentença aplicado a pena mínima, por exemplo (02 anos), acrescida de determinado percentual decorrente da continuidade delitiva (1/4), a prescrição é calculada tendo por base a pena aplicada, mas sem computar o acréscimo decorrente da continuidade delitiva (apenas 02 anos, e não 02 anos + ¼, que seria 02 anos e 06 meses). Para termos uma ideia de como isso influencia a prescrição, se XWLOL]iVVHPRV�RV� ³GRLV�DQRV�H�VHLV�PHVHV´�FRPR�EDVH�SDUD�R�FiOFXOR�GD� prescrição retroativa, ela ocorreria em 08 anos, por força do art. 109, IV do CP. Como devemos considerar a pena aplicada, sem o acréscimo (02 anos), a prescrição retroativa terá o prazo de 04 anos, por força do art. 109, V do CP. Esta previsão consta do verbete n° 497 da súmula do STF: SÚMULA Nº 497 QUANDO SE TRATAR DE CRIME CONTINUADO, A PRESCRIÇÃO REGULA-SE PELA PENA IMPOSTA NA SENTENÇA, NÃO SE COMPUTANDO O ACRÉSCIMO DECORRENTE DA CONTINUAÇÃO. II.d) Multa e o concurso de crimes Assim prevê o art. 72 do CP: Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 89 Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Assim, o art. 72 do CP prevê a aplicação do sistema do cúmulo material no que tange às penas de multa. Essa aplicação é inquestionável no concurso material e no concurso formal. No entanto, no que se refere ao crime continuado, há forte divergência. A primeira corrente (amplamente majoritária na Doutrina) entende que esta regra também se aplica ao crime continuado, por não ter a Lei feito qualquer distinção. A segunda corrente (majoritária na Jurisprudência, inclusive no STJ), entende que, nesse caso, não se aplica a regra do art. 72, por ter a lei entendido que se trata de crime único, mediante ficção jurídica. Bons estudos! Prof. Renan Araujo Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 89 QUESTÕES JURISPRUDENCIAIS RELEVANTES x CONCURSO DE PESSOAS E IMPOSSIBILIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DOS CORRÉUS - Para que reste configurado o concurso de pessoas, basta que duas ou mais pessoas concorram para a prática criminosa, sendo desnecessária a identificação dos corréus (STJ, 6ª Turma, HC 197501, julgamento em 10/05/2011). x PARTICIPAÇÃO DE MENOR NA CONDUTA CRIMINOSA ± CONSIDERAÇÃO PARA FINS DE CONFIGURAÇÃO DO CONCURSO DE AGENTES��³������$�SDUWLFLSDomR�GH�XP�LQLPSXWiYHO� na ação delituosa de furto não elide a qualificadora do concurso de DJHQWHV�������´��+&���������06��5HO��0LQLVWUD�0$5,$�7+(5(=$�'(� ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 03/03/2011, DJe 21/03/2011) Bons estudos! Prof. Renan Araujo Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 89 LISTA DAS QUESTÕES 01 - (CESPE - 2007 - TJ-PI - JUIZ) No concurso de pessoas, há quatro teorias que explicam o tratamento da acessoriedade na participação. De acordo com a teoria da hiperacessoriedade, para se punir a conduta do partícipe, é preciso que o fato principal seja: I típico. II antijurídico. II culpável. IV punível. A quantidade de itens certos é igual a A) 0. B) 1. C) 2. D) 3. E) 4. 02 - (CESPE - 2009 - PC-RN - AGENTE DE POLÍCIA) Acerca do concurso de pessoas, assinale a opção correta. A) Considere que Lia e Lena estivessem discutindo dentro do carro quando, acidentalmente, Lia atropelou um pedestre que atravessava na faixa de segurança. Nessa situação hipotética, Lia e Lena deverão responder pela prática de homicídio culposo. Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 89 B) O crime de falso testemunho admite coautoria e participação. C) Considere que Mévio e Leo tenham resolvido furtar uma casa supostamente abandonada. Nesse furto, considere que Leo tenha ficado vigiando a entrada, enquanto Mévio entrou para subtrair os bens; dentro da residência, Mévio descobriu que a mesma estava habitada e acabou agredindo o morador; após levarem os objetos para um local seguro, Mévio narrou o fato para Leo. Considerando essa situação hipotética, Mévio deverá responder pelo crime de roubo e Leo, por furto. D) No crime de induzimento ou instigação ao suicídio, o agente que instiga age como partícipe e o suicida é, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo. E) As circunstâncias e as condições de caráter pessoal se comunicam entre os coautores e partícipes do crime. 03 - (CESPE - 2011 - TJ-ES - ANALISTA JUDICIÁRIO - DIREITO - ÁREA JUDICIÁRIA - ESPECÍFICOS) Considere que os indivíduos João e José ² ambos com animus necani, mas um desconhecendo a conduta do outro ² atirem contra Francisco, e que a perícia, na análise dos atos, identifique que José seja o responsável pela morte de Francisco. Nessa situação hipotética, José responderá por homicídio consumado e João, por tentativa de homicídio. Certo ou Errado? 04 - (CESPE - 2011 - PC-ES - ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ESPECÍFICOS) O concurso de pessoas, no sistema penal brasileiro, adotou a teoria monística, com temperamentos, uma vez que estabelece certos graus de participação, em obediência ao princípio da individualização da pena. Certo ou Errado? Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 89 05 - (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - ÁREA DE DIREITO) A teoria do domínio do fato é aplicável para a delimitação de coautoria e participação, sendo coautoraquele que presta contribuição independente e essencial à prática do delito, mas não obrigatoriamente à sua execução. Certo ou Errado? 06 - (CESPE - 2010 - DPU - DEFENSOR PÚBLICO) Em caso de concurso formal de crimes, a pena privativa de liberdade não pode exceder a que seria cabível pela regra do concurso material. Certo ou Errado? 07 - (CESPE - 2009 - AGU - ADVOGADO) No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um deles, isoladamente. 08 - (CESPE - 2008 - PC-TO - DELEGADO DE POLÍCIA) Considere a seguinte situação hipotética. Fernando, Cláudio e Maria, penalmente imputáveis, associaram-se com Geraldo, de 17 anos de idade, com o fim de cometer estelionato. Alugaram um apartamento e adquiriram os equipamentos necessários à prática delituosa, chegando, em conluio, à concretização de um único crime. Nessa situação, o grupo, com exceção do adolescente, responderá apenas pelo crime de estelionato, não se caracterizando o delito de quadrilha ou bando, em face da necessidade de associação de, no Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 89 mínimo, quatro pessoas para a tipificação desse delito, todas penalmente imputáveis. 09 - (CESPE - 2008 - PC-TO - DELEGADO DE POLÍCIA) Considere a seguinte situação hipotética. Luiz, imputável, aderiu deliberadamente à conduta de Pedro, auxiliando- o no arrombamento de uma porta para a prática de um furto, vindo a adentrar na residência, onde se limitou, apenas, a observar Pedro, durante a subtração dos objetos, mais tarde repartidos entre ambos. Nessa situação, Luiz responderá apenas como partícipe do delito pois atuou em atos diversos dos executórios praticados por Pedro, autor direto. 10 - (CESPE - 2011 - PC-ES - ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ESPECÍFICOS) O concurso de pessoas, no sistema penal brasileiro, adotou a teoria monística, com temperamentos, uma vez que estabelece certos graus de participação, em obediência ao princípio da individualização da pena. 11 - (CESPE - 2011 - PC-ES - DELEGADO DE POLÍCIA - ESPECÍFICOS) Quanto ao concurso de pessoas, o direito penal brasileiro acolhe a teoria monista, segundo a qual todos os indivíduos que colaboraram para a prática delitiva devem, como regra geral, responder pelo mesmo crime. Tal situação pode ser, todavia, afastada, por aplicação do princípio da intranscendência das penas, para a hipótese legal em que um dos colaboradores tenha desejado participar de delito menos grave, caso em que deverá ser aplicada a pena deste. Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 89 12 - (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - ÁREA DE DIREITO) A teoria do domínio do fato é aplicável para a delimitação de coautoria e participação, sendo coautor aquele que presta contribuição independente e essencial à prática do delito, mas não obrigatoriamente à sua execução. 13 - (CESPE - 2010 - DPU - DEFENSOR PÚBLICO) Em se tratando da chamada comunicabilidade de circunstâncias, prevista no Código Penal brasileiro, as condições e circunstâncias pessoais que formam a elementar do injusto, tanto básico como qualificado, comunicam-se dos autores aos partícipes e, de igual modo, as condições e circunstâncias pessoais dos partícipes comunicam-se aos autores. 14 - (CESPE - 2008 - MPE-RR - PROMOTOR DE JUSTIÇA) Ocorre a coautoria sucessiva quando, após iniciada a conduta típica por um único agente, houver a adesão de um segundo agente à empreitada criminosa, sendo que as condutas praticadas por cada um, dentro de um critério de divisão de tarefas e união de desígnios, devem ser capazes de interferir na consumação da infração penal. 15 - (CESPE - 2008 - MPE-RR - PROMOTOR DE JUSTIÇA) No tocante à participação, o CP adota o critério da hiperacessoriedade, razão pela qual, para que o partícipe seja punível, será necessário se comprovar que ele concorreu para a prática de fato típico e ilícito. 16 - (CESPE - 2008 - STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 89 A participação ínfima ou de somenos é tratada pelo CP da mesma maneira que a menor participação, tendo ambas como consequência a incidência de minorante da pena em um sexto a um terço. 17 - (CESPE - 2004 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLÍCIA - REGIONAL) De acordo com o sistema adotado pelo Código Penal, é possível impor aos partícipes da mesma atividade delituosa penas de intensidades desiguais. 18 - (CESPE - 2008 - STF - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Em caso de concurso de pessoas para a prática de crime, se algum dos concorrentes participar apenas do crime menos grave, será aplicada a ele a pena relativa a esse crime, mesmo que seja previsível o resultado mais grave. 19 - (CESPE - 2010 - AGU - PROCURADOR) Ao crime plurissubjetivo aplica-se a norma de extensão do art. 29 do Código Penal, que dispõe sobre o concurso de pessoas, sendo esta exemplo de norma de adequação típica mediata. 20 - (CESPE - 2008 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Valdir e Júlio combinaram praticar um crime de furto, assim ficando definida a divisão de tarefas entre ambos: Valdir entraria na residência de seu ex-patrão Cláudio, pois este estava viajando de férias e, portanto, a casa estaria vazia; Júlio aguardaria dentro do carro, dando cobertura à empreitada delitiva. No dia e local combinados, Valdir entrou desarmado Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 89 na casa e Júlio ficou no carro. Entretanto, sem que eles tivessem conhecimento, dentro da residência estava um agente de segurança contratado por Cláudio. Ao se deparar com o segurança, Valdir constatou que ele estava cochilando em uma cadeira, com uma arma de fogo em seu colo. Valdir então pegou a arma de fogo, anunciou o assalto e, em face da resistência do segurança, findou por atirar em sua direção, lesionando-o gravemente. Depois disso, subtraiu todos os bens que guarneciam a residência. Nessa situação, deve-se aplicar a Júlio a pena do crime de furto, uma vez que o resultado mais grave não foi previsível. 21 - (CESPE ± 2002 ± SENADO ± CONSULTOR LEGISLATIVO) Acerca da responsabilidade criminal e do concurso de pessoas, julgue o item em seguida. Se Raul estimula Ângelo a matar Honório, o que efetivamente ocorreu, Raul não deverá responder pelo crime de homicídio em concurso com Ângelo, porque não praticou a conduta típica "matar alguém". 22 - (CESPE ± 2002 ± SENADO ± CONSULTOR LEGISLATIVO) Acerca da responsabilidade criminal e do concurso de pessoas, julgue o item em seguida. Para que haja o concurso de pessoas, seja na modalidade da co-autoria, seja na modalidade da participação, não há necessidade de que os agentes tenham combinado previamente a execução do crime. 23 - (CESPE ± 2002 ± SENADO ± CONSULTOR LEGISLATIVO) Acerca da responsabilidadecriminal e do concurso de pessoas, julgue o item em seguida. Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 89 Pedro, comerciário, auxiliou Igor, funcionário público, a apropriar-se de dinheiro que ele, Igor, tinha em sua posse, em razão do cargo. Nesse caso, Pedro deverá responder pelo crime de peculato em concurso com Igor. 24 - (CESPE ± 2010 ± ABIN ± OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA) Julgue o item a seguir, acerca das causas excludentes de ilicitude e do concurso de pessoas. A teoria do domínio do fato é aplicável para a delimitação de coautoria e participação, sendo coautor aquele que presta contribuição independente e essencial à prática do delito, mas não obrigatoriamente à sua execução. 25 - (CESPE ± 2002 ± SEFAZ/AL ± TÉCNICO DE FINANÇAS) À luz do direito penal, julgue o item subsequente. Considere a seguinte situação hipotética. José e Manuel praticaram um crime de peculato, em concurso de agentes. Instaurada a ação penal, José veio a falecer. Nessa situação, tomando conhecimento informalmente do óbito de um dos réus, o juiz declarará a extinção da punibilidade com relação a José e Manuel. 26 - (CESPE ± 2010 ± AGU ± PROCURADOR FEDERAL) No que se refere à parte geral do Código Penal, julgue o item subsequente. Ao crime plurissubjetivo aplica-se a norma de extensão do art. 29 do Código Penal, que dispõe sobre o concurso de pessoas, sendo esta exemplo de norma de adequação típica mediata. 27 - (CESPE ± 2002 ± PF ± ESCRIVÃO DE POLÍCIA FEDERAL) Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 89 No item seguinte, é apresentada uma situação hipotética relativa ao direito penal, seguida de uma assertiva a ser julgada. Juliana era conhecida de Múcio, funcionário de autarquia federal, e sobre ele a primeira possuía grande ascendência. Juliana não era funcionária pública e, durante muito tempo, tentou convencê-lo a subtrair um equipamento, de pequeno porte mas valioso, que havia no ente público, até que Múcio anuiu e efetuou a subtração. Nessa situação, Múcio cometeu peculato e, pelo fato de esse delito ser próprio de funcionário público, Juliana não poderia ser punida como partícipe do crime. 28 - (CESPE ± 2002 ± PF ± ESCRIVÃO DE POLÍCIA FEDERAL) No item a seguir, é apresentada uma situação hipotética relativa à legislação penal, seguida de uma assertiva a ser julgada. Um agente de polícia resolveu torturar um preso sob sua guarda, e, antes que isso ocorresse, o delegado responsável tomou conhecimento da intenção do agente. O delegado não concordava com a tortura e não a praticou, mas nada fez para evitá-la. Nessa situação, tanto o agente quanto o delegado poderiam ser responsabilizados penalmente, com base na lei que define os crimes de tortura. 29 - (CESPE ± 2002 ± PF ± ESCRIVÃO DE POLÍCIA FEDERAL) Acerca dos crimes contra o patrimônio e a administração pública, julgue o item abaixo. Por ser a concussão crime próprio, inadmissível é a participação de pessoa estranha ao quadro do funcionalismo público (particular). 30 - (CESPE ± 2002 ± TC/DF ± PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO) Julgue o item abaixo. Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 89 Considere a seguinte situação hipotética. Juvenal, servidor público federal, participou de desvio de verbas públicas, juntamente com outros coautores. Com a soma, adquiriu diversos bens no Brasil e no exterior. Sua esposa, Vitória, usufruiu de todos os confortos propiciados pelo desvio dos valores públicos. Nessa situação, não houve por parte de Vitória ato de execução algum. No entanto, vislumbra-se sua participação nos crimes, uma vez que tinha conhecimento de todos os atos criminais do marido e poderia tê-los evitado. 31 - (CESPE - 2013 - PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) Em relação ao concurso de pessoas, o CP adota a teoria monista, segundo a qual todos os que contribuem para a prática de uma mesma infração penal cometem um único crime, distinguindo-se, entretanto, os autores do delito dos partícipes. 32 - (CESPE - 2013 - PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) Considere a seguinte situação hipotética. Aproveitando-se da facilidade do cargo por ele exercido em determinado órgão público, Artur, servidor público, em conluio com Maria, penalmente responsável, subtraiu dinheiro da repartição pública onde trabalha. Maria, que recebeu parte do dinheiro subtraído, desconhecia ser Artur funcionário público. Nessa situação hipotética, Artur cometeu o crime de peculato e Maria, o delito de furto. 33 - (CESPE - 2013 - PC-BA - ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Acerca do concurso de crimes, do concurso de pessoas e das causas de exclusão da ilicitude, julgue os itens que se seguem. Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 89 No concurso de pessoas, a caracterização da coautoria fica condicionada, entre outros requisitos, ao prévio ajuste entre os agentes e à necessidade da prática de idêntico ato executivo e crime. 34 - (CESPE - 2013 - MPU - ANALISTA - DIREITO) Acerca dos institutos do direito penal brasileiro, julgue os próximos itens. Tratando-se de concurso de agentes, quando comprovada a vontade de um dos autores do fato em participar de crime menos grave, a pena será diminuída até a metade, na hipótese de o resultado mais grave ter sido previsível, não podendo, contudo, ser inferior ao mínimo da pena cominada ao crime efetivamente praticado. 35 - (CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA) Considere que Joana, penalmente imputável, tenha determinado a Francisco, também imputável, que desse uma surra em Maria e que Francisco, por questões pessoais, tenha matado Maria. Nessa situação, Francisco e Joana deverão responder pela prática do delito de homicídio, podendo Joana beneficiar-se de causa de diminuição de pena. 36 - (CESPE - 2013 - SERPRO - ANALISTA - ADVOCACIA) Havendo concurso de pessoas para a prática de crime, caso um dos agentes participe apenas de crime menos grave, será aplicada a ele a pena relativa a esse crime, desde que não seja previsível resultado mais grave. 37 - (CESPE - 2013 - TJ-DF - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) Direito Penal ʹ TJDFT - (2015) TÉCNICO JUDICIÁRIO Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 89 Se determinada pessoa, querendo chegar rapidamente ao aeroporto, oferecer pomposa gorjeta a um taxista para que este dirija em velocidade acima da permitida e, em razão disso, o taxista atropelar e, consequentemente, matar uma pessoa, a pessoa que oferecer a gorjeta participará de crime culposo. 38 - (CESPE - 2013 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁRIA) Em 18/2/2011, às 21 horas, na cidade X, João, que planejara detalhadamente toda a empreitada criminosa, Pedro, Jerônimo e Paulo, de forma livre e consciente, em unidade de desígnios
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