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Resenha_ Lowy_Visões Sociais de Mundo

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Ciência Política com Teoria Geral do Estado (FD/UFMT) 
Professor Luiz Alberto Esteves Scaloppe 
 
 
 “VISÕES SOCIAIS DE MUNDO, IDEOLOGIAS E UTOPIAS 
NO CONHECIMENTO CIENTÍFICO-SOCIAL” 
Aluno: Moacir José Outeiro Pinto 
Período: Direito – Turma 2012 - Noturno 
 
PPAARRTTEE AA –– RREESSUUMMOO DDOO TTEEXXTTOO OOUU TTEEMMAA::
 
Dados Bibliográficos da Obra que empresta conteúdo ao Texto: 
 
1. Löwy, Michel. “Introdução” - As Aventuras de Karl Marx contra o Barão de 
Münchhausen: marxismo e positivismo na sociologia do conhecimento. 3a Edição, São 
Paulo, Editora Busca Vida, ( pp 9/13 ) , 1988 
 
1.2. CONCEPÇÕES SOCIAIS DE MUNDO: Filosofia e Ciência – “Ciência da 
Natureza” e “Ciência do Espírito” – o Método e a regularidade – Ideologia e 
Utopia – As concepções de Vida – Aparência Versus Essência – Ciência e 
Técnica – Igualdade Social e Econômica versus Igualdade Jurídica – 
Concepção Jurídica de Mundo – Coisificação e Forma Jurídica. 
 
2. Acerca do Autor da Referência Bibliográfica Principal do Texto: 
 
 Michael Löwy, ensaísta brasileiro de projeção internacional, nasceu na cidade 
de São Paulo em 1938, filho de imigrantes judeus de Viena. Sociólogo pela Universidade de 
São Paulo (USP) desde 1960. Doutorou-se na Sorbonne, sob a orientação de Lucien 
Goldmann em 1964. Vive em Paris desde 1969, onde trabalha como diretor de pesquisas no 
Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS). Veterano e lutador político militante 
de esquerda, é autor de livros e artigos traduzidos em 25 línguas, dentre os quais destacam-se: 
Walter Benjamin, aviso de incêndio (São Paulo, Bontempo, 2005); Ecologia e socialismo 
(São Paulo, Cortez, 2005) e A teoria da revolução no jovem Marx (Petrópolis, Vozes, 2002). 
( Em <http://confins.revues.org/6544 > - Acesso em 28/03/2012) 
 
 
 
Ciência Política com Teoria Geral do Estado (FD/UFMT) 
Professor Luiz Alberto Esteves Scaloppe 
 
 
3. Apresentação do Texto: 
 
 O referido texto em análise, que se identifica dentro de sua construção como 
uma resenha acerca do assunto “Ideologia e Utopia” em destaque na presente obra, nos remete 
a reflexão acerca do entendimento semântico-social de ambas palavras ( Ideologia e Utopia ), 
em um contexto interpretativo, literário e científico, cujas se tornam alvo de análise crítica 
por parte do resenhista que a analisou , o que com grande habilidade hermenêutica nos traz à 
ação cognitiva das correntes positivistas, do clássico historicismo e principalmente do 
marxismo, elementos históricos políticos – sociais, que tal como um organismo vivo, 
conseguem se adaptarem temporalmente em seus conceitos, mesmo com a ação abrupta 
epistemológica do mundo social, e assim, nos abastece de argumentos claros e objetivos 
quanto a definição, aplicação e uso Político-Social das Palavras “Ideologia” e “Utopia”. 
 
4. Estrutura do Texto: 
 
 O texto está muito bem arranjado em sua estrutura para o entendimento do 
assunto em questão, com um título claro que se conecta com o contexto apresentado. 
 
 Seis perguntas são colocadas tais como um preâmbulo de seus parágrafos, o 
que convidam o leitor à reflexão prévia acerca da objetividade das Ciências Sociais e suas 
diversas remissões históricas da humanidade. 
 
 Lançando mão de citações sobre trechos de outras obras e interpretações 
históricas sociais , semânticas e etimológicas, traz em seus parágrafos distribuídos 
aproximadamente em 4 páginas, uma seqüência de discussões sobre o tema central da 
“Ideologia e Utopia” que convidam o leitor durante sua leitura à novas reflexões quanto as 
perguntas que emprestam e se destacam no dito preâmbulo de seus parágrafos. 
 
 Cada parágrafo apresentado, o resenhista apresenta suas deslizantes 
“conversas” com os conceitos e definições atribuídas às questões que denotam sentidos , 
muitas vezes controversos , a respeito do uso da Ideologia e da Utopia em suas definições no 
contexto social. 
 
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Professor Luiz Alberto Esteves Scaloppe 
 
 
 O resenhista, encerra seu último parágrafo com a justificativa do título 
atribuído ao texto, sem, contudo de forma clara , mas deixando ao leitor que tome suas 
próprias conclusões finais, o que também não é claramente apresentado, mas facilmente 
perceptível. 
 
5. Conteúdo do Texto: 
 
 Questionamentos que nos remetem a revisitarmos questões quanto a 
objetividade nas ciências sociais, a concepção de uma sociedade livre de julgamentos de valor 
e pressupostos político-sociais, expurgo de ideologias no processo cognitivo científico-social , 
origem dos pontos de vistas acerca da Ciência Social e finalmente, a conciliação do caráter 
partidário com o conhecimento objetivo da verdade, são colocadas em debates metodológicos 
e epistemológicos que buscam reavivar a ligação entre si das correntes de pensamentos 
calçadas no positivismo, vivificadas no historicismo e , muitas delas, exaltadas no marxismo. 
 
 O texto nos convida em seu início, a aferirmos criticamente os universos 
paradoxais, com vários sentidos e equívocos que conceituaram de forma cumulativa ao longo 
de dois séculos o termo Ideologia, e por conseqüência sua definição e aplicabilidade enquanto 
objeto da mais alta inspiração e aspiração quimérica de um grupo social, o que nos provoca a 
seguir e entender seus meios e fins dentro de uma definição prática e histórica com base na 
teoria de Destu de Tracy que a atribui em uma experimentação metodológica cientifico-
naturalista, trazendo o seu termo à semântica positivista, algo com relação à distorção do 
campo da realidade, que futuramente vem a ser levantado (o termo), a seu modo, por Karl 
Marx. 
 
 Os atributos semânticos de uma palavra auxiliam o interpretador a definir seu 
significado dentro do contexto que está inserido, porém, por outro lado, cria grandes 
confusões interpretativas, dada sua relação significativa ser diretamente ligada em qual 
momento está sendo utilizada e para qual fim seja, etimológico ou contextual. De maneira 
geral as nuances semânticas são muitas vezes bem próximas, mas nunca deixando de ser, 
dependendo do interpretador, bem antagônicas, e isso não ocorre tão somente em grupos 
diferentes da hermenêutica acadêmica, mas também dentro do próprio grupo que é composto 
por indivíduos singulares em sua forma de interpretar e entender determinado assunto. 
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Professor Luiz Alberto Esteves Scaloppe 
 
 
 Dada esta confusão hermenêutica do sentido das coisas e das palavras em um 
determinado conceito, diversas linhas de pensamentos, grupos de estudos, ou resenhistas 
individuais, consideram tão somente a sua interpretação como a correta sem estabelecer 
relação com o seu contrário dentro de um debate saudável que elevam os conhecimentos e 
aprimoram o veio interpretativo de um texto, uma obra ou uma citação. Não deixa de ser 
comum o uso arbitrário da definição do sentido, que para o tema em questão, no caso 
“Ideologia”, leva a decidir-se que se trata de um determinado significado, ou o seu contrário a 
seu bel-prazer. 
 
 O conceito de ideologia, explorado por Marx e depois por Mannheim, cujos 
autores apresentam grandes contradições entre si, bem latentes inclusive por suas próprias 
linhas de pensamento, pois enquanto Marx defendia meios revolucionários para um sociedade 
melhor, Mannheim seguiu a linha mais tênue de transformação da sociedade defendida por 
Comte, acreditando na superação gradativa do ser humano sobre os processos históricos que 
exercem sobre ele, atribui assim, o conceito de ideologia como uma forma de pensamento 
orientada para a reprodução da ordem estabelecida, que do ponto de vista do resenhista do 
texto alvo deste conteúdo é a forma mais apropriada ,porque conserva a dimensão crítica que 
o termo carrega nas definições de Marx. 
 
 Ideologia e Utopia, enquanto a primeira determina a aspiração de um ideal, a 
outra determina um sonho que até então pode parecer impossível de se realizar, entretanto, 
quando este sonho passa a ter a condição e a possibilidade de realização, deixa de ser uma 
Utopia e passa a ser uma Ideologia, nascendo assim, em seguida, um novo pensamento 
utópico em um processo substitutivo e escalar das conquistas a que se almejam e das 
predições do que se pode almejar, confirmando o processo de negação ao termo “falsa 
consciência”, pois tudo que se eclode do pensamento humano não pode ser classificado como 
falso ou verdadeiro, considerando sua origem, de forma geral, ser o resultado de influências 
culturais, étnicas, estéticas e éticas, não categorizando assim também o termo “ideologia 
total” defendido por Mannheim no intento de atribuir uma só definição para Ideologia e 
Utopia, que muito embora caminham juntas , a segunda precede e é paralela da primeira ao 
mesmo tempo. 
 
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Professor Luiz Alberto Esteves Scaloppe 
 
 
 Este processo confuso, até então, de definições etimológicas e semânticas aos 
termos Ideologia e Utopia que rasgam as entranhas da hermenêutica donde são aplicadas para 
defesa ou argumentação de uma idéia, possui na mais pura aspiração preditiva o conceito 
único de uma Visão Social de Mundo. 
 
 Uma Visão social de Mundo, está diretamente intrínseca em ideologias e 
utopias, perfazendo um conjunto de visões sociais dentro de uma perspectiva global 
socialmente condicionada, o que defendendo esta idéia, o texto encerra-se com mais uma 
citação, que a princípio, nos leva novamente a estabelecer um retorno ao pensamento inicial e 
a novas respostas às 6 ( seis ) questões iniciais que preambulam o texto e enriquecem a 
definição deste conteúdo: “...as categorias de pensamento impensadas que delimitam o 
pensável e predeterminam o pensamento” ( P. Boudieu, Leçon sur la leçon, Minuit, Paris, 
p.10 ). 
 
6. Recomendações do Texto: 
 
 O presente texto analisado, nos faz recomendá-lo aos estudantes das Ciências 
Sociais em toda sua aplicabilidade , principalmente aqueles que procuram compreender as 
variações interpretativas das diversas correntes de movimentos históricos na sociedade, com 
um toque sútil e ao mesmo tempo sorrateiro de marxismo. 
 
 Recomenda-se também àqueles que procuram esmiuçar os meandros que dão 
força e peso às frases e palavras de ordem que embalam os manifestos sociais em todo o 
mundo. 
 
 
PPAARRTTEE BB –– OOPPIINNIIÃÃOO DDOO AALLUUNNOO:: 
 
 
7. Conclusão: 
 
 Considero salutar e de vanguarda, nunca perdermos de vista a discussão acerca 
da Ideologia e da Utopia, que muito embora seja discutido incansavelmente, o que nos mostra 
o texto resenhado, principalmente por aqueles que colocam o marxismo como alvo de suas 
reflexões sociais, os quais nunca deixarão de serem controversos, tornando-se praticamente 
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Professor Luiz Alberto Esteves Scaloppe 
 
 
impossível aplicar uma conclusão acerca do assunto correlato para esta resenha, portanto, a 
significação mais didática e simples de observar para ambos os termos ( Ideologia e Utopia ) 
para este resenhista em sua opinião é : Se a aspiração não estiver congruente com a situação 
que ela pode ocorrer, esperando o momento certo para sua realização , determina-se então 
como uma utopia, porém, por outro lado, indo além da aspiração de um indivíduo e 
avançando para um pensamento consensual de um grupo, poderá tornar-se imediatamente ao 
seu contrário, vindo então a ser uma Ideologia que provocará a ação a favor de sua realização, 
criando terreno fértil para a concretização da própria aspiração concebida. 
 
 Toda ideologia nasce do pensamento utópico, e quando este deixa de ser 
utópico em consideração a situação que lhe dá sustentação realizadora, passa a ser então 
Ideologia, tomando por base a própria predição do tempo, que sendo o futuro algo intangível, 
nunca se estabelecerá sua chegada, pois quando chegar, já se caracteriza como presente, 
surgindo assim uma nova visão de futuro com base no presente que se estabelece. 
 
 Mais que uma visão filosófica, a transmutação da Utopia para a Ideologia tem 
origem em suas próprias e concretas ocorrências, que são embaladas pela ação e não tão 
somente pelo discurso. Há quem defenda que estamos na era do “Discurso Vazio”, usando-se 
da criação Ideológica para mobilização da massa social sem a base utópica a que esta tem por 
primazia, o que seria vulgarmente a definição de inserção abrupta de um ideal órfão por 
interesse e, em geral, escuso. 
 
 A própria discussão que remonta mais um de um século acerca de suas 
diferenças (Utopia e Ideologia) no contexto social possui raízes no próprio pensamento 
marxista, que, diga-se de passagem, foi um nome emprestado de Marx, pois essa “ideologia” 
já havia sido utopicamente definida e confirmada pela bravata atribuída ao próprio Marx 
“…muitos procuraram entender o mundo de diversas maneiras, mas ninguém tentou mudá-
lo” , passa a se tornar vazia e sem sentido concreto, a não ser suas respectivas definições 
etimológicas, que também sofreram mutações no decorrer dos tempos, da história e da própria 
evolução do pensamento social, em um paradoxo formado pelo processo evolutivo e ao 
mesmo tempo retrogrado da não aceitação desta própria mutabilidade pelos mais ativistas 
marxistas que se tem conhecimento na atualidade, entenda-se aqui as tais “Viúvas do Muro de 
Berlim”. 
Ciência Política com Teoria Geral do Estado (FD/UFMT) 
Professor Luiz Alberto Esteves Scaloppe 
 
 
 Intrínseco nas diversas ramificações do infinito universo dos fenômenos sociais 
que o Cientista Social analisa e explora geralmente com bases históricas, ideologia e utopia 
também se encaixam perfeitamente nesta quase lide de discussões do campo social 
destacando-se como um composto do “imaginário social”, termo este utilizado e estudado por 
Charles Taylor (Canadá, 1931), o que nos leva a entender que ambas terminologias (Ideologia 
e Utopia ) não possuem individualidade, mas sim um campo duplo da hermenêutica que não 
nos deixa definir um sem antes ter compreendido o outro. No Imaginário Social, segundo 
Taylor , a ideologia atua , muito das vezes como utopia, resultando em um enigma fácil de se 
gerar polêmicas , entre as quais, que cada termo tem um aspecto positivo e também negativo, 
ou cognitivamente, uma função construtiva e outra destrutiva. Isso nos leva então a 
decidirmos e desvelarmos o ocultamento pelo qual nos escondemos em nossa posição de 
classe. 
 
 Não diferente de outros, geralmente nossa vida se divide em conviver nas mais 
variadas comunidades, assimilando simplesmente uma mentira social em forma de ideologia, 
ou mais grave ainda, uma ilusão protetora de nosso “Status Social” com todos os privilégios 
ou injustiças que ele contém. No sentido inverso, reconhecemos prontamente a utopia que se 
transforma em uma fuga da realidade, uma espécie de ficção cientifica aplicada à política. 
Difícil será existir o Homem com Ideologias que retifiquem seu status quo saudável, sua vida 
no mundo do “Jogo do Contente de Poliana”, pois denunciamos os projetos que desmantelam 
a vida social, mas não nos vemos naquilo que se constitui a lógica da ação para erradicá-los, 
daí, entende-se, na prática, que a utopia que é sim uma “realidade social” não é tão somente a 
maneira de sonhar a ação, é pensar as condições de possibilidade de sua inclusão na situação 
atual. Movimentamo-nos então mais por questões utópicas do que por questões Ideológicas, o 
que esta última pode ferir, enquanto que a primeira é o “poder ferir”, e no caso aqui, fica em 
risco nossa comunhão com a classe social que estamos inseridos, assim como suas beneficie. 
 
 Até aqui acredito, destaquei minha opinião muito singular e simples acerca do 
entendimento e da busca da compreensão do texto resenhado, cujo, ao final nos leva a 
divagarmos sobre a questão que envolve a Visão Social de Mundo que engloba tanto a 
Ideologia quanto a Utopia, o que também é confirmado por Mannheim que certa posições 
acerca desta Visão de Mundo Social, tem sua gênese nos interesses e na situação de certos 
grupos e classes sociais, validando aqui minhas conclusões que se baseiam no “dinamismo 
Ciência Política com Teoria Geral do Estado (FD/UFMT) 
Professor Luiz Alberto Esteves Scaloppe 
 
 
ideológico e utópico” que reparam a seu bel-prazer a Ideologia e a Utopia no contexto de uma 
sociedade que não foi, é ou está estática no mundo. 
 
 O Mundo está aliviado pelo placebo da utopia , mas carente do remédio 
reacionário da ideologia , que infelizmente vive no campo do discurso e acesso somente por 
uma ou outra classe social que se abstrai e cria sua própria negação do ostracismo a que se 
vive em relação ao próximo e a sociedade como um todo, bastando estar no “Mundo de 
Poliana”… 
 
 
Cuiabá, 11/04/2012 
 
 
 
MOACIR JOSÉ OUTEIRO PINTO 
RGA 201221111022

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