Buscar

Roteiro de estudo Filosofia II


Continue navegando


Prévia do material em texto

Roteiro de estudo Filosofia II
Idade Moderna e Ilustração
- A duvida cartesiana
Descartes duvida de tudo, das afirmações do senso comum, dos argumentos da autoridade, do testemunho dos sentidos, das informações de consciência, das verdades deduzidas pelo raciocínio, da realidade do mundo exterior e da realidade de seu próprio mundo. Ele só interrompe a cadeia de duvidas diante do seu próprio ser que duvida. Se duvido, penso; se penso, existo; ‘Cogito, ergo sum’ , ‘Penso, logo existo’. Daí se inicia todo o seu fundamento para a sua filosofia.
- As marcas ou características da verdade
A principal característica do método cartesiano foi que ele explicou a criação mental de conceitos, disposição cognitiva inata que ele chamou de "idéias inatas". Descartes acreditava que experiências de aprendizagem de conceitos não pode ser imputado apenas aos sentidos, surgindo como produto de processo cognitivo inato ou "intuição" quando se tem um "espírito puro e atento. Ele acreditava que a busca da verdade científica só era possível através da intuição e da dedução a partir de uma premissa verdadeira. Com o racionalismo de Descartes, o cientista era visto como um observador objetivo, cuja função era medir os objetos e, em seguida, explicar as causas de suas interações e descobrir as leis da natureza.
- A matemática como conhecimento ideal 
Descartes busca o ideal matemático, uma ciência que seja matemática universal. Isso não significa aplicar a matemática no conhecimento do mundo, mas usar o tipo de conhecimento que lhe é peculiar inteiramente dominado pela inteligência e baseado na ordem e na medida, o que lhe permite estabelecer cadeias de razoes. 
- O dualismo psico-físico
(Dicotomia corpo- consciência), segundo o qual o ser humano é um ser duplo, composto de substancia pensante e substancia extensa. Descartes sente dificuldade para conciliar essas duas substancias. Enquanto o corpo é uma realidade física e fisiológica, e como tal possui massa, extensão no espaço e movimento, bem como desenvolve atividades de alimentação, etc; encontra-se sujeito ás leis determinadas pela natureza. Por outro lado, as principais atividades da mente, como recordar, raciocinar, conhecer e querer, não tem extensão no espaço nem localização: nesse sentido, não se submetem ás leis físicas, antes são ocasião da expressão da liberdade. Então estabelece-se dois domínios diferentes: o corpo, objeto de estudo da ciência, e a mente, objeto apenas da reflexão filosófica. 
- Os ídolos de Francis Bacon
Bacon critica a lógica aristotélica, opondo ao ideal dedutivista a eficiência da indução como método de descoberta e começa seu trabalho pela denuncia dos preconceitos e noções falsas que dificultam a apreensão da realidade, aos quais chama de ídolos. 
Os ídolos da tribo ‘estão fundados na própria natureza humana, na própria tribo ou espécie humana. Todas as percepções, tanto dos sentidos como da mente, guardam analogia com a natureza humana e não com o universo.’ Isso significa que muitos dos nossos enganos derivam da tendência ao antropomorfismo (Forma do ser humano).
Os ídolos da caverna são provenientes ‘dos homens enquanto indivíduos’. Pois cada um tem uma caverna ou uma cova que já intercepta e corrompe a luz da natureza, seja devido á natureza; seja devido á educação ou conversação com os outros.
Os ídolos do foro são os que advêm, de certa forma das relações decorrentes do comércio. (Bloqueios de ver com clareza a realidade, e a linguagem pode ser um ídolo.)
Os ídolos do teatro são os ‘ídolos que imigraram para o espirito dos homens por meio de diversas doutrinas filosóficas e também pelas regras viciosas da demonstração.
- Qualidades primárias e secundárias em John Locke
O que ocasiona a produção de uma idéia simples na mente é a ‘qualidade’ do objeto. Há qualidades primárias, como a solidez, a extensão, a configuração, o movimento, o repouso e o número, e qualidades secundárias (cor, som, odor, sabor, etc), que provocam no sujeito determinadas percepções sensíveis. Enquanto as primárias são objetivas, por existiram realmente nas coisas, as secundárias variam de sujeito para sujeito e, como tais, são relativas e subjetivas. 
- Crítica de John Locke ao inatismo cartesiano
Locke critica a doutrina das idéias inatas de Descartes, afirmando que a alma é como uma tábula rasa (tábua sem inscrições), como um cera em que não há qualquer impressão, e o conhecimento só começa após a experiência sensível. Se houvesse ideias inatas, as crianças já as teriam, além disso, a idéia de Deus não se encontra em toda parte, pois há povos sem essa representação ou, pelo menos, sem a representação de Deus como ser perfeito.
- Rejeição do principio da causalidade elaborada por Hume
Hume nega, a validade universal do principio de causalidade e da noção de necessidade a ele associada. O que observamos é a sucessão de fatos ou a sequencia de eventos e não o nexo causal entre esses mesmos fatos ou eventos. É o hábito criado pela observação de casos semelhantes que nos faz ultrapassar o dado e afirmar mais do que a experiência pode alcançar. A partir desses casos, imaginamos que o fato atual se comportará de forma análoga. A única base para as ideias ditas gerais, portanto, é a crença, que, do ponto de vista do entendimento, faz uma extensão ilegítima do conceito.
- Como Kant pretende superar a dicotomia racionalismo/empirismo
Kant coloca a razão em um tribunal para julgar o que pode ser conhecido legitimamente e que tipo de conhecimento não tem fundamento. Com isso pretende superar a dicotomia racionalismo-empirismo. Condena os empiristas (tudo que conhecemos vem dos sentidos) e, da mesma forma não concorda com os racionalistas (tudo quanto pensamos vem de nós) : o conhecimento deve constar de juízos universais, da mesma maneira que deriva da experiência. Para superar essa contradição, Kant explica que o conhecimento é constituído de matéria e forma. A matéria dos nossos conhecimentos são as próprias coisas, e a forma somos nós mesmos. (Exemplificando: Para conhecer as coisas, precisamos da experiência sensível, mas essa experiência não será nada se não for organizada por formas da nossa sensibilidade, que por sua vez, são a priori – anteriores a qualquer experiência.)
- Definição de fenômeno em Kant	
Kant conclui não ser possível conhecer as coisas tais como são em si, ou seja, o noumenon (a coisa-em-si) é inacessível ao conhecimento. Apenas podemos conhecer os fenômenos, palavra que etimologicamente, significa ‘o que aparece’. Kant inova ao afirmar que a realidade não é um dado exterior ao qual o intelecto deve se conformar, mas, ao contrário, o mundo dos fenômenos só existe na medida em que ‘aparece’ para nós. Portanto, de certa forma, participamos da sua construção.
- Definição de idealismo transcendental em Kant
O pensamento kantiano é conhecido como idealismo transcendental. A expressão transcendental em Kant significa aquilo que é anterior a toda experiência. ‘Chamo transcendental todo conhecimento que trata, não tanto dos objetos, como, de modo geral, de nossos conceitos a priori dos objetos’. Mesmo fazendo a crítica do racionalismo e do empirismo, o procedimento kantiano redunda em idealismo: ainda que reconheça a experiência como fornecedora da matéria do conhecimento, é o nosso espírito graças ás estruturas a priori, que constrói a ordem do universo.
- A impossibilidade da metafísica 
A consciência pode conhecer tudo?	
- Freud como formulador da última ferida que atinge nosso narcisismo. 
A primeira foi que nos infligiu Copérnico, ao provar que a Terra não estava no centro do Universo e que os homens não eram o centro do mundo. 
A segunda foi causada por Darwin, ao provar que os homens descendem de um primata, que são apenas um elo na evolução das espécies e não seres especiais, criados por Deus para dominar a natureza.
A terceira foi causada pelo próprio Freud com a psicanálise, ao mostrar que a consciência é a menor parte e a mais fraca de nossa vida psíquica.
- A função dos sonhos para a psicanálise 	
O sonhoé substancialmente a satisfação dos desejos, quase sempre de origem sexual. Apesar da simplificação popular da psicanalise, segundo a qual os sonhos teriam sempre e infalivelmente um significado ligado á sexualidade, a aposição do quase é, segundo Freud, necessária. Com efeito, não há duvida do que os desejos dos quais o sonho é expressão podem nascer também de necessidades insatisfeitas relativas a outros instintos. A fome, por exemplo: é o suficiente adormecer com o estômago vazio para experimentar sonhos ligados ao alimento. De resto, basta que um desejo, de qualquer natureza, seja vivido com grande intensidade para influir nas imagens oníricas: não é absolutamente raro que as crianças sonhem com aquilo que desejam ardentemente. É evidente, portanto, que o sonho, apesar das aparências, não está isento de lógica nem de ligação com o mundo da vigília.
- O método terapêutico psicanalítico 
- Definição de alienação em Marx
A alienação é o fenômeno pelo qual os homens criam ou produzem alguma coisa, dão independência a essa criatura como se ela existisse por si mesma e em si mesma, deixam-se governar por ela como se ela tivesse poder em si e por si mesma, não se reconhecem na obra que criaram, fazendo-a um ser-outro, separado dos homens, superior a eles e com poder sobre eles.
- Definição de modos de produção	
A variação das condições materiais de uma sociedade constitui a história dessa sociedade, e Marx as designou como modos de produção, definidos por ele com base em três fatores principais: a forma da propriedade ou os meios de produção, a divisão social das classes e as relações sociais de produção. 
- Ideologia e mecanismos da mesma em Marx
Ideologia é elaboração intelectual incorporada pelo senso comum social, o ponto de vista, as opiniões e as ideias de uma das classes sociais – a dominante e dirigente – tornam-se o ponto de vista e a opinião de todas as classes e de toda a sociedade. A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as divisões sociais e políticas, dando-lhes a aparência de indivisão social e de diferenças naturais entre os seres humanos.
Em primeiro lugar, opera por inversão : coloca os efeitos no lugar das causas e transforma estas últimas em efeitos. Opera como o inconsciente: este fabrica imagens e sintomas, aquela fabrica ideias e falsas causalidades.
Em segunda maneira de operar a ideologia é a produção do imaginário social, por meio da imaginação reprodutora. Recolhendo as imagens diretas e imediatas da experiência social, a ideologia as reproduz, mas transformando-as num conjunto coerente, lógico e sistemático de ideias que funcionam em dois registros: como representações da realidade (sistema explicativo ou teórico) e como normas e regras de conduta e comportamento (sistema prescritivo de normas e valores).
Uma terceira maneira de operação da ideologia é o uso do silencio. Um imaginário social se parece como uma frase na qual nem tudo é tido, nem pode ser dito, porque, se tudo fosse dito, a frase perderia a coerência, tornar-se-ia incoerente e contraditória e ninguém acreditaria nela. A coerência e a unidade do imaginário social ou da ideologia vêm, portanto, do que é silenciado.
Nietzsche
- Como Apolo e Dionísio se relacionam na obra de Arte	
No fundo de toda criação artística está a polaridade do espírito apolíneo e do espírito dionisíaco. O primeiro, baseado em critérios de harmonia e perfeição formal, exprime-se preponderantemente nas artes plásticas; o segundo, negador de qualquer limite, conduz áquela exaltação, áquela saída de si mesmo que só a grande música e o vinho podem dar. O artista apolíneo interpreta a via inteira como se fosse um sonho; o dionisíaco vive, sem se deter para interpretar coisa alguma, como se estivesse em estado de embriaguez. Apolo mede, busca a distância correta (afastamento) dos objetos, representa-os livremente, mas sempre conforme as regras – tenta, em suma, entender a natureza. Dionísio aceita o mundo como ele é, rejeita qualquer afastamento: é o sim á vida na sua totalidade, compreendidos o acaso, a dor, a morte; é o deus louco que bebe, dança e ri. Ambos os aspectos são necessários á arte, porque o espírito dionisíaco deve ser moderado pelo seu contrário. O único momento na história do Ocidente em que isso aconteceu foi na Grécia pré-socrática, naquela época da juventude do povo grego em que nasceu a tragédia.
- Comente a seguinte frase ‘A tragédia grega foi o único momento na historia do ocidente em que o espirito Dionisíaco e o espírito Apolíneo se encontram’
É, numa extrema síntese, o espírito da vida, que Nietzsche contrapõe á apolínea e mortífera a razão. Enquanto esta nasce da fuga diante da imprevisibilidade dos eventos da existência real – que procura cristalizar com leis, regras e interpretações variadas – o dionisíaco aceita a vida em todas as suas formas, compreendidos o caos, o acaso e a falta de significado. Logo, para Nietzsche, Dionísio e Apolo são respectivamente símbolos de vida e de morte, força vital e racionalidade, saúde e doença, instinto e intelecto, escuridão e luz, devir e imobilidade, embriaguez e sonho.
- Sócrates interpretado por Nietzsche 
A grandeza do homem grego – e, com ela a grandeza da humanidade – teve fim quando a filosofia substituiu a tragédia. Enquanto esta última representava a vida na sua crua realidade, sem mascarar a evidência de um homem dominado por forças incontroláveis e a ele superiores, a partir de Sócrates prevaleceu uma atitude de fuga em relação á vida, uma patologia do espírito, cujos sintomas são o medo e a insegurança psicológica, unidos ao absurdo desejo de encontrar uma explicação racional para qualquer evento, de modo a esterilizar a vitalidade do mundo e dos instintos por meio do uso da razão. A história da filosofia é uma dolorosa vicissitude de decadência progressiva, marcada pela supressão do dionisíaco e pelo predomínio do apolíneo. Invertendo a ordem tradicional dos valores, Nietzsche identifica na morte de Sócrates, no seu desejo de morrer, o primeiro e mais evidente sintoma dessa milenar doença (a filosofia), que deprime o homem ocidental.
- Moral dos senhores e a dos escravos 	
A moral dos senhores e a dos escravos, mesmo opostas entre si, podem coexistir em um mesmo período histórico e até em um mesmo individuo.
A moral dos senhores valoriza os valores pessoais, a altivez e a coragem individuais. Na moral dos senhores é o indivíduo a ser fonte de valores. A ética senhorial também pode ser compassiva e filantrópica. 
A moral dos escravos é pessimista, cética, submissa. Piedade e compaixão são os valores da ética servil. A moral dos escravos prescreve ações boas e más. Diz respeito a comportamentos, não a indivíduos.
- O sentido da morte Deus em Nietzsche 
O anúncio da morte de Deus, o núcleo da reflexão de Nietzsche, indica o progressivo desaparecimento na cultura do homem moderno de todas as filosofias, religiões ou ideologias que no passado exerciam a tarefa de iludi-lo e consolá-lo. O Super-Homem, aquele que é capaz de suportar psicologicamente esse evento, não necessita mais de ilusões tranquilizadoras porque com o espírito dionisíaco aceita a vida com o seu caos intrínseco e ausência de sentido.
Deus está morto porque os homens o mataram, e essa é premissa do resgate de uma época, de uma mutação do gênero humano que se concluirá com o advento do Super-Homem.
- O duplo sentido do Niilismo em Nietzsche	
Nietzsche distingue diversas acepções desse tempo. O niilismo passivo indica a nulificação do humano produzida pela filosofia e pelo Cristianismo, as duas máximas perversões, verdadeiras patologias do espírito, produzidas pela história do Ocidente. O niilismo ativo e positivo indica, ao contrário, a capacidade do Super-Homem de aceitar como essência da vida a dimensão do nada, da falta de escopo e de sentido.
- Como fazer a passagem a condição Super-Homem
Sintetizando a ambígua exposição de Nietzsche, o Super-Homem é aquele que : 1) aceita a morte de Deus; 2) conduz a sua existência com espírito dionisíaco; 3) supera a angústiado passar do tempo vivendo uma vida sob a insígnia do eterno retorno; 4) coloca-se em relação ao mundo, numa postura de vontade de potência – ou seja, não se deixa determinar por qualquer objetividade, mas atribui aos objetos o significado que mais lhe agradar.
Matar Deus significa libertar-se das cadeias do mundo sobrenatural, ser capaz de viver sem falsas esperanças (a imortalidade da alma, o Paraíso), aceitando com alegria a vida na sua totalidade, incluindo a morte. Isso significa ficar preso á terra: o homem novo é aquele que, longe de querer entender o significado do mundo, consegue impor ao mundo os seus significados. Nietzsche também afirma que o homem (o Super-Homem) é a medida de todas as coisas, porque dele, da sua vontade de potência, cada coisa adquire o seu sentido. Daí derivam todas as características do Super-Homem que Nietzsche enumera neste trecho, cuja agudeza de pensamento por uma forte ambiguidade. O Super-Homem está além da racionalidade, despreza todo valor ético, vive num mundo dionisíaco, reconhece o engano inerente a todas as filosofias, percebe o passar do tempo como eterno retorno. O homem atual é somente uma fase de passagem, é uma corda estendida sobre um abismo, entre o feio de que se origina e o Super-Homem para o qual tende. 
- Comente a seguinte frase ‘A terra e os seus valores devem substituir Deu e a religião’ 
- Definição de eterno retorno
Partindo da ideia de uma estrutura cíclica do tempo, com base na tese da total racionalidade do mundo, os Estóicos concluíram que cada ciclo temporal deveria nascer e se desenvolver de modo igual aos precedentes. Nietzsche retoma essa tese: se num processo que se faz recorrente nada acontece por acaso, tudo se deve repetir.