Buscar

Distúrbios_Convulsivos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Distúrbios Convulsivos 
 
Epilepsia 
 É um distúrbio paroxístico recorrente da função cerebral caracterizado por ataques breves 
e súbitos de alteração na consciência, atividade motora, fenômenos sensoriais ou 
comportamento inadequado causado por um descarga anormal excessiva de neurônios 
cerebrais. Crises convulsivas, a forma mais comum de ataque, inicia com a perda da 
consciência e controle motor, abalos tônicos ou clônicos de todas as extremidades, mas 
qualquer padrão de recorrência convulsiva pode ser denominado epilepsia. 
 
Etiologia 
 A epilepsia é etiologicamente classificada como sintomática ou 
idiopática: Sintomática significa que a causa provável foi identificada a tempo, permitindo um 
curso específico da terapia para eliminar aquela causa; idiopático significa que não foi 
encontrado uma causa evidente, que é o caso em 75% dos jovens adultos e de uma pequena 
porcentagem de crianças com idade ß de 3 anos. 
 A epilepsia idiopática geralmente inicia entre 2-14 anos. Convulsões anteriores aos 2 anos 
estão relacionadas a defeitos de desenvolvimento, trauma de parto ou doença metabólica 
afetando o cérebro. 
 Doenças cerebrofocais podem causar convulsões em qualquer idade. As convulsões 
podem estar associadas com uma variedade de distúrbios sistêmicos ou cerebrais como 
resultado de um distúrbio generalizado ou focal da função cortical. Estes 
incluem hiperpirexia (infecção aguda, intermação), infecções do SNC (meningite, AIDS, 
encefalite, abcesso cerebral, neurosífilis, raiva, tétano, malária falcípara, toxoplasmose, 
cisticercose do cérebro), distúrbios metabólicos (hipoglicemia, hipoparatireoidismo, 
fenilcetonúria), agentes tóxicos ou convulsivos (cloroquina, estricnina, chumbo, álcool, 
cocaína), hipoxia cerebral (hipersensibilidade de seios carótidos, anestesia, intoxicação por 
CO, parada respiratória), lesões expansivas cerebrais (neoplasmas, hemorragia intracraniana, 
hematoma subdural), defeitos cerebrais (congênito, de desenvolvimento), edema 
cerebral (encefalopatia HAS, DHEG), trauma cerebral (fratura de crânio, trauma de 
parto), anafilaxia e infarto cerebral ou hemorragia. Também pode ocorrer convulsões como 
sintoma de abstinência após o uso crônico de álcool, hipnóticos ou tranqüilizantes. Pacientes 
histéricos, ocasionalmente simulam ataques convulsivos. 
 Em muitas dessas condições, as convulsões são transitórias e não apresentam recorrência 
uma vez que a doença esteja curada. Contudo, as convulsões podem recorrer em intervalos de 
anos ou indefinidamente se houver uma lesão ou escara permanentes no SNC, em cujo caso é 
feito um Dx de epilepsia. 
 
Patogênese 
 A crise convulsiva resulta de um distúrbio generalizado na função cerebral. Em algumas 
circunstâncias, um pequeno foco de tecido disfuncional no cérebro resulta em descargas 
anormais em resposta a estímulos endogenoso e exógeno, a disseminação da descarga para 
outras porções do cérebro resulta no fenômeno convulsivo e perda da consciência. Em 
epilepsia generalizada primária, as convulsões são generalizadas desde o início, iniciando como 
uma descarga difusa anormal, afetando todas as áreas corticais do cérebro, simultaneamente. 
 Dado um estímulo suficiente (drogas convulsivantes, hipoxia, hipoglicemia), mesmo o 
cérebro normal pode efetuar descargas num quadro difusamente sincrônico e produzir uma 
convulsão. Em pessoas suscetíveis, a convulsão ocasionalmente pode ser precipitada por 
fatores exógenos (som, luz, estímulo cutâneo). 
 
Classificação e incidência 
 A convulsão epiléptica pode ser classificada de acordo com vários critérios diferentes. 
A convulsão parcial apresenta início focal com uma aberração psíquica, motora ou sensorial 
específica que reflete a parte afetada do hemisfério cerebral onde a convulsão 
origina. Auras (manifestações focais que precedem imediatamente um distúrbio convulsivo 
generalizado ou complexo), refletem onde a convulsão inicia. Algumas vezes, uma lesão focal 
de uma parte de um hemisfério ativa o cérebro inteiro, bilateralmente, tão rapidamente que 
produz uma convulsão generalizada de grande mal, antes que qualquer sinal focal 
apareça. Convulsões generalizadas usualmente afetam a consciência e a função motora, logo 
de início. A convulsão propriamente dita freqüentemente apresenta uma causa genética ou 
metabólica. 
 As convulsões afetam 2% da população; convulsões cronicamente recorrentes (epilepsia) 
são talvez um quarto daquela freqüência. Cerca de 90% experimentam convulsões tipo grande 
mal, seja sozinha (60%) ou com outras convulsões (30%). A ausência de ataques (pequeno mal) 
ocorre em 25% (4% sozinha, 21% com outras). Ataques psicomotores ocorrem em 18% (6% 
sozinho, 12% com outros). 
 
Sintomas e sinais 
 Convulsões parciais simples (focal) iniciam com fenômeno focal psicomotor, sensorial ou 
motor específico, sem perda da consciência. Auras epilépticas isoladas são convulsões parciais 
simples com um único sintoma sensorial (freqüentemente olfatório), precedendo uma 
convulsão complexa ou generalizada. 
 Em convulsões jacksonianas (sintomas motores focais benignos em uma mão ou no pé 
que então "marcham" sobre a extremidade ou se disseminam de um canto para outro da 
boca), a disfunção pode permanecer localizada ou se disseminar para outras partes do 
cérebro, com conseqüente perda da consciência e movimentos convulsivos generalizados. 
 Convulsões parciais complexas são caracterizadas por uma variedade de padrões de crise. 
Na maioria das circunstâncias, o paciente tem uma perda de 1-2 min do contato com o meio. O 
paciente pode num primeiro estágio, executar movimentos automáticos, sem finalidade e 
emite sons ininteligíveis. Ele não compreende o que lhe é dito e pode recusar auxílio. A 
confusão mental continua por outros 1-2 min após. Ataques psicomotores podem se 
desenvolver em qualquer idade e usualmente estão associados com patologia estrutural 
(esclerose temporal média, astrocitomas de baixo grau). Pode ocorrer epilepsia de estado 
psicomotor, na qual os indivíduos acometidos se tornam lentos, confusos e algumas vezes 
podem permanecer confusos por horas. 
 Convulsões parciais complexas de origem no lobo temporal não são caracterizadas por 
comportamento agressivo, não provocado. Entretanto, se imobilizado, esse paciente 
ocasionalmente, pode atacar a pessoa que tenta restringir seus movimentos, como também o 
pode um paciente num estado de confusão pós-íctico, após uma convulsão generalizada. 
Nenhuma evidência satisfatória sugere que a agressão premeditada ou não provocada possa 
mesmo ser atribuída a crises de epilepsia do lobo temporal. Os pacientes com epilepsia de 
lobo temporal experimentam uma incidência alta de distúrbios psiquiátricos interictais do que 
a população normal. A seleção dos fatores na avaliação, torna um quadro mais exato difícil de 
ser assegurado, mas algumas investigações revelam que até 33% dos pacientes com epilepsia 
de lobo temporal, apresentam dificuldades psicológicas substanciais com até 10% revelando 
sintomas esquizofreniformes ou psicose depressiva. 
 Convulsões generalizadas podem ser menores ou maiores em suas manifestações 
motoras. As convulsões generalizadas podem ser primariamente generalizadas, ou 
secundariamente generalizadas (crise cortical local com subseqüente disseminação 
bilateral). Crises de ausência (pequeno mal) são convulsões generalizadas, breves, 
manifestadas durante 10-30s de perda de consciência, com fibrilação muscular ou do olho, 
com ou sem perda do tônus muscular. O paciente subitamente interrompe qualquer atividade 
na qual está engajado e a reassume após a crise.Convulsões de pequeno mal são 
geneticamente determinadas e ocorrem predominantemente em crianças: nunca iniciam 
após os 20 anos. As crises são prováveis de ocorrer muitas vezes ao dia, freqüentemente 
quando o paciente está sentado quietamente. Durante a atividade física, não são freqüentes. 
Entre os episódios convulsivos os pacientes são normais. 
 Espasmos infantis são convulsões primariamente generalizadas caracteristicamente por 
flexão súbita dos braços, flexão dianteira do tronco e extensão das pernas. A crise dura apenas 
uns poucos segundos mas pode se repetir muitas vezes por dia. São restritas aos 3 primeiros 
anos de vida, freqüentemente sendo substituídas por outros tipos de crises. O dano cerebral 
usualmente é evidente. 
 Convulsões tônico-clônicas (grande mal) ocasionalmente iniciam com uma "aura" parcial 
de desconforto epigástrico, seguido de um grito; a convulsão continua com a perda da 
consciência; queda; contrações tônicas e então clônicas dos músculos das extremidades, 
tronco e cabeça. Pode ocorrer incontinência urinária e fecal. O ataque usualmente dura de 2-
5min. Pode ser precedido de uma alteração prodrômica do humor e pode ser seguido por 
um estado pós-íctico, com sono profundo, cefaléia, dores musculares ou, às vezes, fenômenos 
sensoriais ou motores focais. As crises podem aparecer em qualquer idade. 
 Convulsões acinéticas são convulsões generalizadas, breves observadas em crianças e 
caracterizadas por perda completa da consciência e tônus muscular. A criança cai ou se atira 
no chão, de forma que a crise apresenta o risco de trauma sério, particularmente TCE. 
 Convulsões febris ocorrem em crianças de 3 meses a 5 anos, em associação à febre e sem 
evidências de infecção intracraniana. Cerca de 4% de todas as crianças são afetadas e há uma 
predisposição genética. Convulsões febris "simples" ou "benignas", são breves, solitárias e 
generalizadas; convulsões febris "complicadas" são focais, durando Ý 15min, ou recorrentes, 
ocorrendo 2 vezes ou mais em ß 24h. A ocorrência de convulsões febris em geral está 
associada a um Ý discreto na incidência de convulsões afebris recorrentes subseqüentes (2% 
desenvolvem epilepsia); a incidência tardia de epilepsia e o risco para convulsões febris 
recorrentes são muito maiores em crianças com convulsões febris complicadas, preexistência 
de exame neurológico anormal, início antes de 1 ano ou Hx familiar de epilepsia. 
 Em estado epiléptico, convulsões sensoriais, motoras ou psíquicas, acompanham uma a 
outra sem intervalos de consciência entre elas. O estado epiléptico grande mal pode persistir 
por horas ou dias e pode ser fatal. Pode ocorrer espontaneamente ou resultar de uma retirada 
muito rápida de anticonvulsivantes. 
 
Diagnóstico 
 A epilepsia idiopática deve ser distinguida da epilepsia sintomática. O tipo de convulsão 
vista num RN não é útil na distinção entre causas estruturais e metabólicas. Em crianças mais 
velhas e adultos, as convulsões focais ou sintomas focais pós-ícticos geralmente implicam uma 
lesão estrutural focal no cérebro, enquanto convulsões generalizadas são mais prováveis de 
terem uma causa metabólica. 
 A Hx deve incluir um relato de testemunha ocular de um ataque típico e informação sobre 
a freqüência das convulsões e os intervalos mais longos e mais curtos entre os ataques. Uma 
Hx anterior de trauma (TCE produzindo inconsciência, trauma de nascimento), infecção (MBA, 
encefalite, coqueluche), ou episódios tóxicos (consumo de drogas ou álcool) devem ser 
investigados e avaliados. A Hx familiar de convulsões ou distúrbios neuroló-gicos é importante. 
Febre e rigidez de pescoço acompanhando convulsões de início recente, deve sugerir MBA ou 
hemorragia subaracnóide. 
 Sintomas e sinais cerebrofocais em associação com convulsões sugerem tumor cerebral, 
doença cerebrovascular ou anormalidades traumáticas residuais. Convulsões tipo grande mal, 
particularmente em adulto, sempre requerem uma investigação Dx, para uma lesão focal 
insuspeitada. A investigação apropriada inclui Ca e glicose séricos e EEG. Se estes apresentam 
anormalidades focais e em todos os casos de convulsões com início na idade adulta, é indicado 
TC e RM. O EEG interictal, em crises tipo grande mal primárias, generalizadas é mais 
freqüentemente caracterizado por surtos relativamente simétricos de atividade aguda e lenta. 
Descargas focais ou unilaterais ocorrem em convulsões secundariamente generalizadas. Em 
convulsões tipo pequeno mal, aparecem espículas e ondas lentas. Focos no lobo temporal 
interictal (espículas e ondas lentas) são freqüentes com epilepsia psicomotora. A presença de 
uma anormalidade focal no EEG pode auxiliar no Dx diferencial de doença cerebral, como pode 
a presença de anormalidades bilaterais características. Uma vez que o EEG tirado durante um 
intervalo livre de convulsões é normal em 15% dos pacientes, um EEG normal não exclui 
epilepsia. 
 
Prognóstico 
 A terapia medicamentosa pode controlar completamente convulsões tipo grande mal em 
50% dos casos e ß muito a freqüência de convulsões em outros 35%; pode controlar 
convulsões do tipo pequeno mal em 40% e ß a freqüência em 35% e pode controlar ataques 
psicomotores em 35% e ß a freqüência em 50%. Entre os pacientes com convulsões bem 
controladas, cerca de 50% podem interromper o uso da terapia sem recidiva das convulsões. 
 A maioria dos pacientes com epilepsia são normais entre os ataques, embora o uso 
crônico de anticonvulsivantes possa embotar a vivacidade. A deterioração mental progressiva 
usualmente está relacionada à doença neurológica associada que causa as convulsões; apenas 
raramente as convulsões per se prejudicam habilidades mentais. A perspectiva é melhor 
quando não há lesão cerebral demonstrável. Cerca de 70% dos pacientes não hospitalizados, 
com epilepsia são mentalmente normais, 20% apresentam uma ß discreta no intelecto e 10% 
apresenta um prejuízo moderado a pronunciado. 
 
Manejo e tratamento 
1. Princípios gerais – Em epilepsia idiopática, o tratamento primário é o controle das 
convulsões. Em epilepsia sintomática, a doença associada deve ser tratada, bem como um 
tratamento anticonvulsivante contínuo, usualmente é necessário após a remoção cirúrgica de 
lesões cerebrais. Deve ser estimulada uma vida normal. Há permissão para dirigir após a 
interrupção das convulsões no período de 1 ano. Bebidas alcoólicas são contra-indicadas. É 
indicado o cuidado institucional apenas para pacientes com retardo grave ou para aqueles 
cujos ataques são freqüentes, violentos e incontroláveis através de fármacos. 
2. Manejo da convulsão, independente de sua etiologia, é limitado à prevenção de lesões. 
Devem ser tomadas precauções para proteger a língua do paciente: os dentes podem ser 
danificados. Não se deve inserir um dedo para esticar a língua; isto é perigoso e desnecessário. 
Deve ser desabotoada a roupa em volta do pescoço e uma almofada é colocada sob a cabeça. 
O paciente deve ser virado de lado para prevenir aspiração. Um companheiro de trabalho 
responsável pode ser treinado para dar o treinamento de emergência se o paciente concordar. 
3. Eliminação dos fatores precipitantes ou causais – A primeira regra no tratamento de 
distúrbios convulsivos é procurar e tratar lesões orgânicas progressivas do cérebro (tumores e 
abcessos). Após a remoção cirúrgica de lesões orgânicas, usualmente é necessário o 
tratamento médico contínuo. Distúrbios físicos (infecções, anormalidades endócrinas) devem 
ser corrigidos. 
4. Terapia medicamentosa – Não existe um único tipo de medicamento que controle todos os 
tipos de convulsões, sendo necessários diferentes medicamentospara pacientes diferentes. 
Raramente o paciente requer várias drogas. Para pacientes com um distúrbio convulsivo 
recentemente Dx, um único primeiro fármaco de escolha para o seu tipo particular de 
epilepsia deve ser selecionado, começando com uma dosagem relativamente baixa, 
aumentando após 1 semana ou até alcançar a dose terapêutica padrão. 
 
 Crises convulsivas agudas devido à doença febril, ingestão de álcool ou outras toxinas, ou 
distúrbio metabólico agudo requerem terapia emergencial, especialmente para condições 
causativas, bem como para convulsão. O estado epiléptico deve ser tratado imediatamente. Se 
houve apenas uma convulsão, deve-se administrar fenitoína ou fenobarbital, na dosagem 
completa. Entretanto, os anticonvulsivantes são de pequeno valor para prevenir convulsões de 
abstinência alcoólica. Convulsões febris benignas não requerem tratamento, devido ao 
prognóstico favorável, comparado com o potencial tóxico dos efeitos da medicação 
antiepiléptica para crianças pequenas. 
 Cirurgia – Cerca de 10 a 20% dos pacientes que têm convulsões são refratários ao manejo 
médico. Se uma área localizada de função cerebral anormal for responsável pelas convulsões, 
a maioria desses pacientes é criticamente melhorado com a ressecção cirúrgica do foco 
epiléptico e alguns são completamente curados. Uma vez que a monitoração extensiva e a 
equipe médico-cirúrgico devem ser altamente especializada, esses pacientes são melhor 
manejados em centros especializados. 
 
Distúrbios COnvulsivos no Recém-Nascido 
Considerações gerais 
 As convulsões, descargas elétricas involuntárias e anormais do SNC que habitualmente se 
manifestam por atividade muscular estereotipada ou alterações autônomas, são problemas 
neonatais freqüentes e graves. Elas podem ocorrer em qualquer distúrbio que afete direta ou 
indiretamente o SNC e requerem uma avaliação imediata para determinar sua causa e 
tratamento. 
 Geralmente são focais e podem ser difíceis de reconhecer. São comuns os espasmos 
migratórios de extremidades, hemiconvulsões alternadas ou convulsões subcorticais primitivas 
(parada respiratória, movimentos de mastigação, desvios oculares persistentes, alterações 
episódicas do tono). É infreqüente uma convulsão típica de grande mal. A natureza focal das 
convulsões neonatais pode ser causada pela falta de mielinização, pela natureza 
primariamente inibitória do córtex do RN ou formação incompleta de dendritos e sinapses 
cerebrais nesta idade. 
 É importante separar a atividade clônica observada com hipertonicidade e agitação da 
atividade da convulsão verdadeira. A agitação produz clonos somente com estimulação, que 
cessará segurando-se a extremidade. Ocorrem convulsões espontaneamente e pode-se sentir 
a continuidade de sua atividade motora quando se segura a extremidade. As convulsões 
podem se originar somente de uma descarga anormal do SNC, porém esta pode ser de um 
processo intracraniano primário (meningite, tumor, encefalite, hemorragia intracraniana) ou 
secundária a um problema sistêmico ou metabólico (anoxia, hipoglicemia, hipocalcemia, 
hiponatremia). O tipo de convulsão observada no RN não é útil para distinguir lesões focais no 
SNC de problemas metabólicos. 
 
Etiologia 
 Visto que o tratamento específico para muitas causas de convulsões neonatais é 
conhecido, deve-se procurar a etiologia. É comum a hipoglicemia em RNs de mães DM, 
lactentes PIGs e aqueles com agressão hipóxica ou outros agravos. Nos lactentes a termo, 
níveis sangüíneos de glicose ß 30mg/dL são considerados hipoglicêmicos; nos lactentes 
nascidos com peso baixo, ao nascimento ß 20mg/dL. Nem todos os lactentes apresentam 
sintomas nos níveis hipoglicêmicos. Não se sabe se hipoglicemia assintomática leva à lesão 
neurológica, porém a possibilidade existe. A hipocalcemia, definida pelo nível de Ca 
sérico ß 7,5mg/dL, geralmente é acompanhada por níveis de P sérico Ý 3mg/dL e, como 
hipoglicemia, pode ser assintomática. Freqüentemente está associada a prematuridade ou 
nascimentos difíceis. É rara a hipomagnesemia, mas pode produzir convulsões quando o nível 
de Mg sérico for ß 1,4mEq/L. A hipomagnesemia freqüentemente está associada à 
hipocalcemia e deve ser considerada num lactente hipocalcêmico quando as convulsões 
continuarem após terapia por Ca adequada. 
 Tanto hiper como hiponatremia podem causar convulsões. A hipernatremia pode resultar 
de uma sobrecarga acidental de NaCl, VO ou EV. A hiponatremia pode ser dilucional quanto 
mais água for administrada VO ou EV ou seguir a perda de Na nas fezes ou urina. Os erros 
inatos do metabolismo e a supressão de drogas também podem apresentar-se na forma de 
convulsões no período neonatal. 
 São freqüentes as convulsões com meningite. Também ocorre na sepse, mas geralmente 
não são um sinal de apresentação. As infecções intracranianas e sistêmicas geralmente são 
causadas por microrganismos Gram-negativos. Também deve-se considerar CMV, HSV, 
rubéola, sífilis e toxoplasmose. Outras causas de convulsões nos RNs são mais difíceis de Dx e 
tratar, e incluem a seqüela de hipoxia, hemorragia intraventricular, trauma ao nascimento e 
MFC do SNC. 
 
Diagnóstico 
 Deve-se iniciar a avaliação das convulsões neonatais com as determinações de glicose, Ca, 
Mg e eletrólitos sangüíneos. Depois, pesquisa-se infecção através de culturas de locais 
periféricos, sangue e LCR. Também deve-se examinar o LCR para números anormais de 
hemácias ou leucócitos e para o conteúdo de glicose e proteína. A necessidade de testes 
metabólicos adicionais, (pH arterial, gases sangüíneos, bilirrubina sérica ou aminoácidos 
urinários) depende da situação clínica. O Rx crânio pode revelar calcificações intracranianas e 
as chapas de ossos longos podem mostrar alterações devido a doenças infecciosas congênitas 
(rubéola e sífilis). É útil o EEG para documentar e seguir as convulsões; é especialmente útil se 
houver dificuldade em decidir se o lactente está tendo convulsões ou não. A presença de EEG 
normal ou com anormalidades focais durante uma convulsão temse mostrado clinicamente 
como um sinal prognóstico satisfatório, enquanto o EEG difusamente anormal é precário. A US 
ou TC pode documentar hemorragia intra-craniana. 
 Se outras etiologias forem encontradas, deve-se estudar a mãe para evidência de vício em 
drogas. 
 Prognóstico e tratamento 
 Embora as condições causadoras de convulsões neonatais tenham alta mortalidade e 
estejam freqüentemente associadas à lesão neurológica permanente, 50% dos RNs com 
convulsões e que sobrevivem serão normais aos 5 anos. O início precoce das convulsões está 
associado com morbidade e mortalidade mais elevadas. Quanto mais prolongada for a 
atividade convulsiva, maior a possibilidade do RN apresentar um comprometimento 
neurológico posteriormente (paralisia cerebral e retardo mental). 
 A terapia deve ser dirigida primariamente para a patologia de base e secundariamente 
para a convulsão. Exceto para as convulsões que se apresentam como apnéia, geralmente não 
é necessário interromper uma convulsão em progressão, visto que em geral são autolimitantes 
e raramente comprometem as funções vitais do RN. Se a glicose sangüínea estiver ß , 
administra-se dextrose a 10%. Se a hipocalcemia estiver presente, pode-se administrar 
gliconato de cálcio a 5% EV. Se for diagnosticada deficiência de Mg, administra-se sulfato de 
magnésio a 20% IM. Deve-se tratar as infecções com ATBs apropriados. 
 O tratamento sintomático das convulsões deve começar imediatamente após a 
complementação dos esforços iniciais para identificar sua causa. A droga de escolha é o 
fenobarbital. Deve-seadministrar fenobarbital EV, especialmente se as convulsões forem 
freqüentes ou prolongadas. 
 Fonte: Manual Merck 
Luan Diego Marques Teixeira 
Acadêmico de Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde – ESCS 
 
 
 
 
http://luandiegomarques.blogspot.com/

Outros materiais

Perguntas Recentes