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1 CAPÍTULO 8 PROTEÇÃO DE ALIMENTADORES, LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO E LINHAS DE TRANSMISSÃO, COM RELÉS Prof. José Wilson Resende Ph.D em Sistemas de Energia Elétrica (University of Aberdeen-Escócia) Professor titular da Faculdade de Engenharia Elétrica Universidade Federal de Uberlândia 8.1 – Introdução: A maioria das falhas nos sistemas ocorre nas linhas. A tabela abaixo mostra o número de interrupções, em um sistema elétrico, durante 5 anos de observações. Observa-se o alto índice de falhas nas linhas: Número de Interrupções Linhas 162 Transformadores 10 Relés 9 Circuitos 126 Das falhas das linhas, a mais freqüente é a φ - T: Causa No de Interrupções φ - T Descarga atmosférica 60 φ - φ Descarga atmosférica 21 3φ Descarga atmosférica 06 8.2 – Formação das Falhas à Terra • Descargas atmosféricas • Queimadas • Tiros nos isoladores • Esquecimento de retirar cabos-terra após-serviço. 8.3 – Formação das Falhas φ-φ e 3 φ • Descargas atmosféricas • Queimadas • Queda de torres 2 Uma proteção de linha deve garantir que toda falta seja eliminada tão rapidamente quanto possível. Visa-se, assim, que as linhas permaneçam o menor tempo possível submetidas às elevadas correntes de defeito e ainda que seja desligado o menor trecho possível do sistema. 8.4 – Proteções Utilizadas De uma maneira geral, na proteção de linhas, os relés utilizados são os de sobrecorrente e distância. A seguir serão comentadas as diversas aplicações gerais destes relés, em função do arranjo da linha com o sistema. 1) SISTEMA RADIAL, UM CONSUMIDOR: Figura 8.1 Sendo o sistema radial, para a falta em F, basta abrir o disjuntor “1” através de um relé de sobrecorrente. 2) SISTEMA RADIAL, VÁRIOS CONSUMIDORES: Figura 8.2 A proteção seletiva é obtida com relés, combinando correntes e tempos de operação. 3) SISTEMA COM DUPLA ALIMENTAÇÃO, VÁRIOS CONSUMIDORES: Figura 8.3 3 Neste caso, a seletividade do sistema é agora obtida calibrando os relés ímpares considerando a existência da fonte “A” apenas. • Em seguida calibram-se os relés pares para a fonte “B”, apenas. • Os relés ímpares não atuam caso a corrente de curto venha de “B”. • Os relés pares não atuam se a corrente de curto vier de “A”. EXEMPLO: Seja um curto em F. Virá contribuição de “A” e “B”. O relé 3 (ou 1, como retaguarda) abrirá o disjuntor “3”. O relé 4 (ou 6, até 8, como retaguarda) abrirá o disjuntor “4”. 4) SISTEMA COM DUPLA ALIMENTAÇÃO, DUPLO CIRCUITO DE TRANSMISSÃO, VÁRIOS CONSUMIDORES Figura 8.4 A solução anterior não é mais conveniente: os fluxos de corrente assumem diversas combinações, dependendo do local, do tipo de falta e da condição de operação antes da falta. Por exemplo: um curto em “F” não deverá requerer a abertura do trecho 3-4, mas apenas do trecho 3’- 4’. SOLUÇÃO: O relé de distância. 4 8.5 – Proteção de Sobrecorrente Características gerais: É a proteção mais simples e barata. É a mais difícil de aplicar e a que mais requer reajustes, ou substituições. Muito usada em alimentadores de distribuição e de indústrias. É usada basicamente para proteção de falta fase-terra, em: circuitos de distribuição de empresas distribuidoras de energia, sistemas industriais e em circuitos de subtransmissão, onde a proteção de distância não se justifica economicamente. Por outro lado: – Em linhas de transmissão: • a proteção de fase é feita por relés de distância. • a proteção de falta à terra por relés de sobrecorrente. A proteção com relés de sobrecorrente também é muito empregada em subestações, para a proteção de retaguarda contra faltas externas. Conforme se mencionou acima, os relés de sobrecorrente constituem o mais simples e econômico método de proteção de uma linha de transmissão, Porém, às vezes, devido às dificuldades de obter-se uma boa e adequada coordenação e seletividade, torna-se necessário utilizar-se métodos mais precisos e de maior rapidez de atuação da proteção. Para se determinar o ajuste de um relé de sobrecorrente, é necessário que se conheça as seguintes informações: corrente nominal do circuito a ser protegido; relação de transformação de corrente (RTC); corrente de curto-circuito trifásico e monofásico; tempo de operação da proteção; catálogo do fabricante. 5 8.5.1. Proteção de Linhas com Relés de Sobrecorrente de tempo Definido – ASA 50 CURVA DE OPERAÇÃO TÍPICA: Para que o relé opere, ele deverá ser ajustado com a corrente I = Im. Repare na figura acima que o relé 50 não é, necessariamente, um relé instantâneo: nesta figura, ele inicia sua atuação a partir de Im, em um certo tempo definido (tm). O fato do relé 50 ser frequentemente denominado de instantâneo deve-se ao fato de que ele, nestas condições, estará operando a partir do tempo definido de 0,0 seg. Inconveniência: • A proteção não é seletiva: vários relés podem operar simultaneamente (indevidamente), causando a retirada de uma grande parte do sistema. A proteção de alimentadores com relés de sobrecorrente de tempo definido (50) geralmente é adotada em conjunto com a proteção com relés de sobrecorrente de curva inversa (51). Embora não haja uma única justificativa para o uso em conjunto destes dois relés, uma das principais aplicações dos dois em conjunto é a que se segue: O relé de sobrecorrente de curva inversa (51) é ajustado para atuar para as correntes de curto trifásicas já calculadas e o relé de sobrecorrente de tempo definido (50) é ajustado para atuar para correntes de curto ACIMA do valor previamente calculado. Nestas condições, quando o relé 50 atuar, se saberá que o nível de curto está acima do valor calculado. Ou seja, a capacidade geradora de curto, por parte do sistema, agora, é maior do antes. Este “alerta” servirá para que os cálculos de curto sejam revistos (e provavelmente os ajustes dos relés). A figura a seguir mostra a curva característica obtida com a combinação de dois relés 51 e 50, onde se verifica que, para valores de corrente inferiores a Im, o relé operará segundo a curva inversa. Porém, para valores superiores a Im, o relé operará com um tempo tM considerado instantâneo. Curva característica de um relé de sobrecorrente com unidades temporizada e instantânea. 6 8.5.2. Relés de Sobrecorrente Temporizado de Fase – ASA 51 Curvas de Operação: Figura 8.6 • Relé tipo muito inverso: Deve ser usado quando a capacidade geradora do sistema se mantiver aproximadamente constante, obtendo-se assim uma sensível redução do tempo de atuação dos relés próximo à fonte geradora, em relação aos relés de tempo inverso. • Relé tipo inverso: Se a capacidade da fonte geradora for bastante variável, não se deve usar o relé muito inverso, pois seu tempo de atuação é muito sensível à variação da corrente de atuação: EXEMPLO: Para a variação: ∆I = I2 – I1, a variação de tempo T3 – T1 (no relé muito inverso) é maior que T2 – T1 do relé inverso. Figura 8.13 Conexões dos relés de sobrecorrente 51N e 51 (A, B e C). 7 (a) Três relés de fase e um de neutro (b) Dois relés de fase e um de neutro com circulação de corrente normal Figura 8.5: Diagramas trifilares com as ligações de TC’s e relés Falta Fase-Terra Faltas Fase-Fase e Trifásica 8 Procedimentos Gerais para ajustes de relés de sobrecorrente em cascata: Deve ser ajustado, inicialmente, o relé mais distante da fonte geradora. A figura abaixo ilustra um alimentador subdividido em 3 trechos, cada um possuindo um relé de sobrecorrente. Oajuste dos relés para esse esquema de proteção deverá ser feito, primeiramente, no relé mais afastado da fonte geradora. Assim, para uma falta no ponto F, o relé 3 operaria no tempo t3, abrindo o respectivo disjuntor e, caso este falhe, operaria então o relé 2, abrindo o disjuntor correspondente. Figura 8.7 – Proteção de linhas de transmissão com relés de sobrecorrente temporizado Para uma falta em F, o tempo de operação do relé 3 é menor do que aquele correspondente aos relés 2 e 1, obtendo-se, assim, a seletividade de operação e também o esquema de proteção de retaguarda remota. A curva de operação do relé 2 será obtida em função da curva do relé 3 e de um intervalo de tempo ∆t, que permita a atuação do relé 3 para um curto em F. Ajustes requeridos: TAPE: É geralmente calculado em função da menor corrente de curto fase-fase que o sistema pode oferecer, no trecho seguinte àquele que está instalado o relé. Exemplo: Na figura 8.7, se estamos ajustando o relé em (2), a falha considerada é F1, na linha L3. DT: Deve-se, neste caso, considerar uma falha que ocasione uma corrente máxima de curto, já que dois relés 51, sendo seletivos nestas condições, também o serão para correntes menores. Exemplo: Considere novamente o sistema de proteção ilustrado na figura 8.7: • Para o relé em (2), a corrente de falha considerada será aquela no ponto “F”, da linha “L3” (logo após o disjuntor 3 e não a falha F1 (usada para ajustar o TAPE). • A curva do relé em (2) será escolhida em função da curva do relé em (3). A diferença de tempo entre estas duas curvas será de ∆t (conforme acima já definido). IMPORTANTE: • A corrente de operação do relé deve ser superior à corrente máxima de funcionamento da linha. 9 O intervalo de tempo ∆t pode ser justificado pela seguinte expressão: ∆T = T3 + T’3 + O3 + F ONDE: T3 - tempo de relé, em 3. T’3 - tempo do disjuntor, em 3. O3 - tempo no qual o disco do relé em (3) continuará a girar, embora tenha sido removida a corrente de curto (tempo de inércia). F - fator de segurança. Alguns fabricantes estipulam que a soma dos tempos de inércia (O3) e de segurança (F) seja de 0,2 a 0,3 segundos. 8.5.3. Relés de Sobrecorrente de Terra- Temporizados – ASA-51N TAPE: Normalmente se usa um TAPE em torno de 20% a 30% da corrente de falha à terra no FINAL do trecho seguinte (como para o relé de FASE). DT: Deve-se considerar uma falha FT que ocasione uma corrente máxima de curto, no INÍCIO do trecho seguinte (como para o relé de FASE) já que, dois relés 51N, sendo seletivos nessas condições, também o serão para correntes menores. 8.5.4 - Inconvenientes do Uso dos Relés 51 • Difícil aplicação em sistemas de carga variável. • O tempo de atuação aumenta à medida que se aproxima da fonte. • Não distingue a direção da falha. A respeito da lentidão da proteção acima mencionada, vejamos o seguinte 10 Exemplo numérico: No sistema da figura abaixo, são fornecidos os valores das correntes de curto Trifásicas. Os demais dados são Relés: Tipo IAC 51 Tapes: 1,5 – 2,0 – 2,5 – 3,0 – 4,0 – 5,0 – 6,0 Curvas: figura 8.9 Valores máximos da corrente de carga: Trecho CD: 110 [A]; Trecho BC: 180 [A]; Trecho AB: 300 [A]. Tempo de coordenação entre os relés: ∆t = 0,3 segundos Tempo de operação do relé 51B para uma falta em D: 0,6 segundos Pede-se: Os ajustes dos relés 51A e 51B. Solução: • Cálculo das RTCs: Para o Relé 51C: Considerando que a corrente nominal máxima é de 110 [A]: RTC= 150/5 (20 In= 20x150 = 3000 [A], que é superior a 2.400 [A], que é o valor do maior curto possível de ser visto por este relé (imediatamente após a barra C)). Para o Relé 51B: Corrente máxima de carga: 180 [A]: RTC: 200/5 (20 In= 20x200= 4000 [A], que é superior ao curto máximo visto por este relé (3.600 [A], imediatamente após a barra C). Para o Relé 51A: Corrente máxima de carga: 300 [A]: RTC: 300/5 (20 In= 20x300= 6000 [A], que é superior ao curto máximo visto por este relé (5.000 [A], imediatamente após a barra A). Ajustes do relé 51B • Ajuste de TAPE do relé 51B: A RTC I 5,4 )5/200( 180max == ; Logo: TAPE = 5A • Escolha da Curva de Tempo: 11 Múltiplo do TAPE do 51B: 5,1 5).5/200( 300 ==m Entrando-se com um múltiplo de tape igual a 1,5 e tempo de operação igual a 0,6s (este tempo foi dado) na curva de operação do relé, figura 8.9, o dial de tempo será igual a ½. Tempo de atuação de 51B para um falta em C (Icc = 2400 A): Múltiplo do tape: 12 5).5/200( 2400 ==m Logo, com m = 12 e DT = 1/2, temos, conforme figura 8.9, que o tempo de operação será de 0,20 segundos. Tempo de atuação do 51B para um falta em B (Icc = 3.600 A): Múltiplo do tape: Logo, com m =18 e DT = 1/2, temos, conforme figura 8.9, que o tempo de operação será de 0,16 segundos. Ajustes do relé 51A Ajuste de TAPE do relé 51A: 5 )5/300( 300max == RTC I . Logo: TAPE = 5A Escolha da curva de tempo DT: O ajuste do relé 51A deve ser feito para uma falta em B (que é a maior corrente de curto no trecho seguinte). • Múltiplo do tape: 12 5).5/300( 3600 ==m • Tempo de operação to = 0,3 + 0,16 (tempo de operação do relé 51B para uma falta em B) = 0,46 seg. Com m = 12 e to = 0,46 seg., temos na figura 13.9, que o dial de tempo será 2 (ou até um valor um pouco inferior a este). Verificação do tempo de atuação de 51A para uma falta em A: • Múltiplo do tape: 66,16 5).5/300( 5000 ==m Logo com m = 16,66 e DT = 2, temos, na figura 8.9, que o tempo de operação será de 0,45seg. 18 5).5/200( 3600 ==m 12 Figura 8.9– Curvas de operação dos relés IAC-51 e IAC-52 O segundo inconveniente de um sistema de relés de sobrecorrente (instantâneos e temporizados) é a sua impossibilidade de distinguir a direção da corrente de falta. Suponhamos, por exemplo, o sistema da figura 8.11, onde há duas linhas de transmissão protegidas por meio relés de sobrecorrente temporizados. Evidentemente, uma falta em F1 ocasionará não só a operação dos relés 1 e 2, mas também a dos relés 3 e 4; portanto, ambas as LT sairão de serviço, embora a falta seja apenas numa delas. 13 Figura 8.11– Inconveniente da proteção de sobrecorrente. Para se atender casos análogos, deve-se aplicar os relés de sobrecorrente direcionais, que operam apenas quando a corrente de falta está dirigida numa pré- determinada direção. O cuidado a ser tomado é que, se a falta for em F1, o relé 1 deverá operar primeiro que o relé 4 e, caso a falta seja em F2, o relé 3 deverá operar primeiro que o relé 2, para obtermos uma adequada seletividade. Um exemplo que melhor esclarece a aplicação dos relés de sobrecorrente direcionais é o da figura 8.12. Em cada linha, existem relés de sobrecorrente direcionais, que somente operam para correntes dirigidas conforme indicado nesta figura. Figura 8.12 – Aplicação de relé de sobrecorrente direcional. Os relés em questão deverão ser ajustados com os seguintes tempos de atuação: Relé Tempo E TE D TD C TC B TB A TA 1 T1 14 De tal forma que: TE < TD < TC < TB < TA < T1. Devemos ter ainda que: Relé Tempo a Ta b Tb c Tc d Td e Te 2 T2 Ta < Tb < Tc < Td < Te < T2. Suponhamos, por exemplo, que ocorra uma falta no ponto P. Analisando-os sentidos das correntes de defeito, verifica-se que vários relés serão sensibilizados; mas, devido à coordenação de tempo, somente os disjuntores “e” e “D” se abrirão. Para qualquer ponto de defeito, pode-se fazer semelhante análise e verificar-se que, obedecendo-se os ajustes de tempo, a proteção atuará corretamente. Peloque acabamos de expor, é fácil concluir-se que a aplicação dos relés de sobrecorrente e a sua calibração, para se obter a necessária seletividade de operação, exige estudos detalhados e precisos das correntes de falta que podem surgir no sistema. Considerando que os valores das faltas dependem da capacidade geradora ligada ao sistema, a aplicação dos relés de sobrecorrente poderá ser bastante difícil, quando tal capacidade for de natureza muito variável. Outro inconveniente é o tempo de operação dos relés, que é lento. Como nos dias atuais é importante uma eliminação rápida da falta, para que esta não cause afundamentos de tensão (comumente denominados de voltage sags) e nem afetem a estabilidade do sistema elétrico, faz-se necessária utilização de uma proteção mais adequada. A proteção de sobrecorrente é usada basicamente para proteção de falta fase- terra, em circuitos de distribuição de empresas distribuidoras de energia, sistemas industriais e em circuitos de subtransmissão, onde a proteção de distâncias não se justifica economicamente. Em linhas de transmissão, a proteção de fase é feita por relés de distância e, muitas vezes, a proteção de falta à terra através de relés de sobrecorrente. A proteção com relés de sobrecorrente também é muito empregada em subestações, para a proteção de retaguarda contra faltas externas. 15 OUTROS EXEMPLOS NUMÉRICOS: 1) Um transformador de 20 MVA, trifásico, admitindo sobrecarga de30%, alimenta um barramento de 11 kV através de um disjuntor. Do barramento, através de disjuntores, saem vários alimentadores. Os TC do relé do transformador (51-2) e dos alimentadores têm relações 1000/5 A e 400/5 A, respectivamente e alimentam relés de sobrecorrente tipo CO-8 da Westinghouse (tapes disponíveis: 4, 5, 6, 8, 10, 12 e 16 A). A curva tempo-corrente deste relé é dada a seguir. O relé do alimentador mais carregado (51-1), onde ocorre um defeito trifásico de 5.000 A, está regulado para 1,25 In x 0,3 seg. Usando um degrau de tempo de 0,5 seg entre os relés em cascata, pede-se calcular os demais ajustes da proteção. Figura 8.14 Solução: a) Ajustes do relé 51-2 do secundário do transformador: A corrente de sobrecarga no transformador é: 1,3 A kV kVA U P 360.1 11.3 000.20 3 == A correspondente corrente no relé será: AA 81,6 5/1000 360.1 = Assim, ajusta-se este relé no TAPE=8 A Para a corrente de curto trifásico de 5.000 A passará pelo relé: AA 25 5/1000 000.5 = A esta corrente corresponde o seguinte múltiplo do tape “m”: 12,3 8 25 ==m O tempo de operação deste relé, para esta corrente de curto será: toperação=toperação 51-1+0,5 seg = 0,8 seg. Entrando nas curvas do relé CO-8, com t = 0,8 seg e m = 3,12, tira-se o ajuste DT= 1. 16 b) Ajustes do relé 51-1 do alimentador mais carregado: Considerando que não sabemos a corrente nominal deste alimentador, será adotada a informação de que o relé está ajustado para 1,25 In, onde In= 5 A (no relé). Assim, 1,25 x 5 A = 6,75 A>>>> Adotaremos o TAP = 8 A. A corrente de falta (5.000 A) é vista pelo relé como: Irelé cc 51-1= 5000 A/(400/5) = 62,5 A. A esta corrente corresponde o múltiplo do tape “m”: 8,7 8 5,62 ==m Finalmente, entrando nas curvas do relé CO-8, com t= 0,3 seg e m= 7,8 resulta o ajuste para a alavanca de tempo: DT= 1. Então, o ajuste do relé 51-1 será TAPE=8 A e DT = 1. -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 2) No diagrama unifilar abaixo, a linha de transmissão AB possui 31 km, z= 0,5 OHM/kM e é da classe de tensão de 88 kV. O gerador G representa um sistema com X’’d = 0,10 pu nas bases de 100 MVA e 88 kV. A subestação abaixadora B, de 88/3,8 kV, tem três transformadores de 12 MVA cada. A subestação C, de 88/13,2 kV, possui três transformadores de 8 MVA cada. O disjuntor da barra A (indicado na figura) é para 600 A e os TC’s do relé de sobrecorrente de fase (51) que o desliga são de RTC 120/100/60:1. A unidade temporizada desse relé de sobrecorrente tem tapes de 4, 5, 6, 8, 10 e 16 A enquanto a unidade instantânea (50) é regulada continuamente entre 4-100 A. Pede-se: a) A relação RTC em que o TC do relé 51 deve ser ligado; b) O TAPE da unidade temporizada do relé 51 da barra A; c) A regulagem de tempo (DT) do mesmo relé; d) O ajuste da unidade instantânea do relé 50 da barra ;A. Sabe-se ainda que: i) O relé temporizado da barra B, para um curto trifásico nesta barra, opera em 20 ciclos. ii) O tempo de abertura do disjuntor da barra B é de 5 ciclos; iii) Deve-se considerar uma margem de tempo de 20 ciclos para o ajuste do relé 51 da barra A; iv) O relé de sobrecorrente é do tipo C)-8 da Westinghouse. 17 SOLUÇÃO: a) Escolha da RTC do disjuntor 52-A A carga total máxima que pode passar no disjuntor é de 3 x 12 + 3 x 8 = 60 MVA, A395 88 x 3 000.60 U3 PIn === Logo, escolhe-se a relação RTC = 100:1 ou 500-5A. b) Ajuste de tape do relé 51-A Adotando-se uma sobrecarga de 50%: , RTC I5,1tape n> ,A92,5~ 1:500 3955,1 −> tape = 6A. c) Ajuste do DT do relé 51-A Para um defeito na barra do extremo da linha, o relé 51-A deve atuar após uma temporização: t = trB + t52B + ts = 20 + 5 + 20 = 45 ciclos ~ 0,75 s. Calcula-se, pois, a Icc no extremo da linha, e que corresponderá a um certo múltiplo ⎟⎟⎠ ⎞⎜⎜⎝ ⎛ = tape Imm cc do tape escolhido. Depois, com m e t, entra-se nas curvas tempo-corrente do relé, e deduz-se o DT. 18 Sabemos que XX E X EI LTGpu pu +== (Icc3Ø) Como XpuG = 0,10, resta calcular XpuLT. Ora, Ω== 5,15 km ohm0,5 x km 31XLT ou: baseohms X X )ohms(LT)pu(LT −= e Impedância base: .5,77 100.000 10 x 88 kVA 10 x kVbaseohm 32 b 32 b Ω===− Logo: pu, 2,0 5,77 5,15X )pu(LT == A corrente de curto circuito, em pu, será: pu, 33,3 2,01,0 1 XX EI LTG pu =+=+= ou, em Amperes: , U3 PII x II b b pubasepucc == A. 2.200658 x 33,3 88 x 3 100.000 x 33,3Icc === Então, no secundário do TC ter-se-á: A. 22 100 200.2 RTC II cccc === O múltiplo correspondente é: .65,3~ 6 22 tape Im ccs −== Entrando, pois, na figura 8.6 com m = 3,65 e t = 0,75s, resulta DT = 1,5. d) Ajuste da unidade instantânea Sabemos que ela deve operar usualmente para curto-circuitos trifásicos (assimétricos): Icc ass = 1,6 . 22 = 35,2 A. Este valor de corrente acima deve ser acrescido de uma margem de segurança. Se isso não for feito e se a unidade instantânea fosse ajustada para 35,2 A, então a unidade 51 jamais atuaria para este curto de 2.200A. Para uma margem de segurança de 20%, esta unidade seria ajustada para: 1,2.35,2 A = 42,20 A 19 Resumindo, o relé 50-51 em A é regulado para: Tape = 6 A, DT = 1,5 e I = 42,2 A. 20 8.6 – Relés de Distância 8.6.1. Introdução Os relés da distância são mais recomendáveis na proteção de linha, do que os relés de sobrecorrente (direcionais ou não), pois podem: • Ser mais seletivos, • Ter sua velocidade de atuação independente da variação da capacidade geradora conectada ao sistema 8.6.2. Esquemas de Utilização Os relés de distância são aplicados na proteção primária de linhas, para proteção de faltas entre fases. Na proteção primária de faltas fase-terra, a proteção é feita com relés de sobrecorrente direcional (67N). Por outro lado, na proteção secundária (de faltas entre fases e de faltas fase- terra), utilizam-se relés de distância (21G). 8.6.3. Diagrama R – X Nesse diagrama, podemos superpor acaracterística do relé com a do sistema, permitindo visualizar-se a resposta do relé para diversas condições, visto que os relés de distância operam dependendo da relação entre a tensão, corrente e ângulo de fase, no ponto onde estiver localizado. Exercício 1: Dado o diagrama da figura 8.16, pede-se a impedância secundária do trecho AB e AC. Figura 8.16 Vbase = 345 KV Sbase = 1000 MVA ( ) Ω== 025,119 10x1000 10x345Z 6 23 base A impedância do trecho A-B será: No lado primário dos TC’s: /primário8428,65119,025 x 8424074.0Zp Ω∠=∠= No lado secundário dos TC’s: 21 undáriosec/8491,1 115/345x10 1000/5 x 8465.28Z 3s Ω∠=∠= A impedância do trecho A-C será: No lado primário : /primário8469,3784119,025 x 5828,0Zp Ω∠=∠= No lado secundário dos TC’s: undáriosec/8462,4 34500/115 1000/5 x 8437,69Zs Ω∠=∠= ------------------------------------------------------------------------------------------------------- Exercício 2: Veremos, agora, como representar uma carga no diagrama R-X. Seja a figura 8.17: Figura 8.17 – Cálculo de impedância refletida de uma carga. Sabemos que: S = VI; então: V SI = ; elevando-se ao quadrado, teremos: .QPS :onde , V SI 2222 2 2 +== Assim: 2 22 2 V QPI += Logo, os valores de R e de X serão, respectivamente: 22 2 222 2 2 QP V x Q I QX QP V x P I PR +−==+== onde: R = resistência X = reatância V = tensão entre fases P = potência ativa Q = potência reativa Exemplificando numericamente: Calcular ZR para o esquema da figura 8.18., sendo dados: RTC=1000/5 e RTP=345000/115 Figura 8.18 22( )( ) ( ) primários/117810x10 x 10x100 345x10 x 10x100R 2626 236 P Ω== ( )( ) ( ) primários/8,11710x1010x100 345x10 x 10x10X 2626 236 p Ω=+= Ω=== 5,78 345000/115 1000/5 x 1178 RTP RTCRR pS Ω=== 85,7 345000/115 1000/5 x 8,117 RTP RTCXX pS Esses valores podem ser comparados com os do exemplo anterior, onde foram calculadas as impedâncias de uma linha, constatando-se a diferença entre as impedâncias da linha com as da carga. 8.6.4. Efeito da resistência do arco voltaico no alcance dos relés de distância: Considere a ilustração abaixo, onde RF representa a resistência do arco: O gradiente de tensão, ao longo de um arco, obedece à seguinte lei (Fórmula de Warrington): A1000Iccpés/volts I 8750V 4,0 <−= V = 550 volts/pés – Icc > 1000 A A resistência máxima do arco será: I )t(L.VR F = O comprimento do arco é dado por: L(t) = Lo + 3.V.t Onde: L(t) = comprimento do arco, durante o tempo “t” Lo = comprimento inicial do arco v = velocidade do vento t = tempo em segundos OBSERVAÇÕES: • O efeito desta resistência é maior em linhas curtas, pois em linhas longas, a impedância da linha, entre o relé e o ponto de curto é grande, em relação à do arco. 23 • Não há efeito do arco no relé de reatância. • Efeito do arco no relé de impedâncias: Para enxergar faltas em 100% da linha, o relé deverá ser regulado para 110% a 120% da linha. • o relé MHO é o mais afetado pelo arco. 8.6.5. Escolha do tipo de relé Embora não haja regras fixas para a escolha entre os vários tipos de relés de distância para uma certa aplicação, recomenda-se que sejam considerados os seguintes pontos: • os relés tipo MHO são menos sensíveis as oscilações do sistema, sendo os mais seletivos dentre todos os relés de distância. • os relés tipo MHO são os mais afetados pela resistência de arco. • Pelas razões anteriores, os relés do tipo MHO são mais indicados para serem aplicados em longas linhas de transmissão, sujeitas a severas oscilações do sistema. • Os relés do tipo MHO têm a vantagem de serem inerentemente direcionais, não necessitando de serem equipados com uma unidade direcional, como acontece com um relé do tipo impedância ou reatância. • Os relés de impedância são menos afetados pela resistência do arco do que os relés MHO; porém, são mais afetados do que os relés de reatância. • Os relés de impedância são mais afetados pelas oscilações do sistema do que os relés MHO. Os relés de impedância são geralmente usados em linhas de transmissão de comprimento médio. • Para que os relés de impedância sejam direcionais, devem ser providos de uma unidade direcional, já que o elemento impedância é inerentemente não direcional. • Os relés de reatância são praticamente insensíveis à resistência do arco, sendo muito utilizados em linhas de transmissão de pequeno comprimentos. São especialmente preferidos para a proteção contra falta para a terra. 24 Exemplo: Em um diagrama R – X, trace o vetor representativo de uma linha com impedância de (2,8 + j5,0)Ω. No mesmo diagrama, mostre as características de relés de impedância, de reatância e mho, ajustados para operarem com um defeito sem arco no extremo da linha (admitir θ = τ para o relé mho). Considere, depois, que uma falta com resistência de arco de (1,5 + j0) possa ocorrer em qualquer parte da linha, calcule, para cada um dos relés anteriores, a máxima percentagem de linha efetivamente protegida. Solução: Figura 8.19 – Influência da resistência de arco na curva de operação dos relés. Solução: Sendo Zlinha = (2,8 = j5)Ω; Rarco = 1,5Ω:, então o módulo da impedância da linha (Zlinha) será 5,7 Ω A percentagem da linha que permanece sendo protegida após a falta com resistência de arco, em cada relé, é: • relé de reatância: 100% da linha; • relé de impedância: linha; da 85,9%100 x 7,5 9,4 = • relé MHO: linha; da 80,7%100 x 7,5 6,4 = 25 8.6.6. Efeitos de Fontes Intermediárias: Entende-se por fontes intermediárias de correntes as contribuições de curto-circuito entre a localização do relé e o ponto de falta. Essas fontes diminuem o alcance dos relés de distância, conforme a seguir mostrado: Figura 8.20 – Fontes de corrente intermediárias. A verdadeira impedância entre a localização do relé até o ponto onde ocorre a falta é Z12 + Z2F, como mostra a figura 8.20. Mas, devido à presença da fonte intermediária I2, a verdadeira impedância vista pelo relé 21-2 de (1), para um curto trifásico em “F” é: Z = V/I1. Sendo V = Z12 . I1 + Z2F(I1 + I2) Então: ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛+== 1 2 F212 1 I IZZ I VZ Admitindo I1 em fase com I2 (caso prático), o termo ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ + 1 2 I I1 será um escalar que poderá aumentar Z2F. Isso fará com que o ponto “F” pareça mais distante do relé do que realmente está. Assim o relé de distância alocado na Barra 1 terá seu alcance reduzido, uma vez que foi ajustado para ver somente a Z12 + Z2F. Na prática, ajusta-se o relé sem se considerar o efeito das fontes intermediárias. Desse modo, o relé não operará para faltas além da subestação 2. No entanto, quando houver a contribuição de I2, o relé terá seu alcance reduzido! O exemplo a seguir mostra essa situação. 26 Exemplo: Seja o esquema abaixo: Figura 8.21 Dados: Alcance dos relés ReléA = 9Ω ; ReléB = 6Ω Pede-se: Analisar a atuação destes dois relés para uma falta em F. Solução: Considerando-se a fonte intermediária, a impedância vista por cada um dos relés será: Relé em “A”: B 1 2 BA 1 R R ZI IZZ I VZ ++== = opera. não relé 122 x 800 200025ZRA Ω=++= (9<12) Relé em “C’: opera. relé 8,52 2000 80023ZRB Ω=+++= (5,8<6) Após a operação de ReléB, a fonte intermediária de corrente deixará de existir. Destaforma, teremos: ZRA = 5 + 2 = 7 ReléA operará. 27 13.6.7. A Influência da Carga, no Relé MHO Em linhas longas, onde a característica do relé MHO possui longo alcance, a impedância de carga pode cair dentro da sua característica fazendo-o operar indevidamente: Figura 8.22 Para se evitar esse inconveniente, usam-se relés tipo BLINDER, que limitam a operação do relé MHO à região hachuriada. 8.6.8. O Efeito da Perda de Sincronismo no Relé MHO • A perda de sincronismo, entre diferentes geradores de um sistema, é visto pelo relé MHO, como uma impedância aparente que se move no diagrama RX. Isso pode causar sua operação indevida, uma vez que o relé não distingue oscilações de curto- circuito. • Tais perdas de sincronismo são consideradas como sendo fenômenos equilibrados, podendo-se pensar que o relé atuou devido a uma falha trifásica. • Para se evitar que o relé MHO abra o disjuntor devido a oscilações de perda de sincronismo, usa-se o relé 68, que envolve a característica do MHO, atuando do seguinte modo: Figura 8.23 • Ponto T: é a impedância aparente, antes da oscilação (a perda de sincronismo é caracterizada por uma lenta oscilação). 28 • Havendo a oscilação, a impedância aparente se move de T para A, entrando inicialmente na característica do 68. • De A para B, se a oscilação exceder alguns ciclos, o 68 opera através de um auxiliar, temporizado em 3 a 4 ciclos. • De B em diante, opera o 21, que fecha seu contato, mas a abertura do disjuntor não ocorre, pois o 68 não permite. No caso de curto: Há uma brusca mudança de impedância. Existindo um curto em “C”, a impedância vista pelos relés 21 e 68 muda bruscamente de “T” para “C”, havendo abertura do disjuntor pela operação do 21. 8.6.9. Ajuste da Proteção com Relés de Distância Os relés de distância são ajustados baseando-se na impedância de seqüências positiva entre o ponto de ligação do relé até o ponto de alcance desejado (não se esquecendo de referir a impedância da linha de transmissão para o secundário dos TC’s). Para falhas FASE, os relés devem operar para: falhas 3∅, 2∅ e 2∅T. De uma maneira geral, para faltas entre fases, os relés poderão ser ajustados segundo a filosofia abaixo: 8.6.9.1-- Relés de Distância de 1a Zona – Z1 – 1 Finalidade: realizar a proteção instantânea da linha. Logo, não possui relé auxiliar de tempo. Deve ser ajustado para “ver” 80 a 90% da impedância total da linha porque: • Sendo a sua operação instantânea, possui a tendência de aumentar o alcance devido à componente DC da corrente de falha. • Garante a coordenação com os relés de outra extremidade da linha • Pode haver erros nos dados usados para cálculo do ajuste. • O próprio relé não é perfeito. Figura 8.24 8.6.9.2 – Relé de Distância de 2a Zona - 21 – 2 A principal função da zona 2 é proteger o restante da linha para além do alcance da zona 1. Logo, ela dever ser ajustada para defeitos no final da linha, mesmo com 29 resistência de arco. Para que ele possa sobrealcançar o terminal remoto, a operação da zona 2 será sempre temporizada, para obtermos a coordenação com a proteção das linhas adjacentes; • Realiza a proteção do trecho de linha não protegido pelo 21-1. Deve ser ajustado para “ver” 110% a 120% (pelo menos) da impedância da linha, pelos seguintes motivos: • Possui tendência de diminuir o alcance devido à resistência de arco (que faz com que ele veja uma impedância da linha bem maior). • Erro dos dados usados para o cálculo do ajuste. • Erro nos TC’s e TP’s. • Diminui o alcance devido ao efeito de fontes intermediárias de corrente. 8.6.9.3. Coordenação do Tempo do Auxiliar do 21 – 2 a) Linha não em anel Figura 8.25 al) Falhas na linha L1: • Falha em “F” [Dentro do alcance do 21 – 1 de (1) e (2)]: ATUAM: Em (1) : 21 – 1 e 21 – 2 Em (2) : 21 – 1 e 21 – 2 • Os disjuntores A e B devem ser abertos na seguinte seqüência: 1. Pela atuação dos “21 – 1” instantaneamente. 2. Ou pela atuação dos “21 – 2”, temporizados como retaguarda: 30 OBS.: Em A e B devemos ter 12 ZZ TT > 2Z T : tempo de atuação do relé auxiliar TX do 21 – 2 1Z T : tempo de atuação do relé 21 – 1 (instantâneo) • Falha em “F1” (fora do alcance do 21 – 1 de (1)): Relés que vêm a falha Em (1) : 21 – 2 Em (2) : 21 – 1 e 21 – 2 Em conseqüência: o disjuntor “A” é aberto pelo 21 – 2 + TX o disjuntor “B” é aberto pelo 21 – 1 ou 21 – 2 + TX. Conclusão: B deverá abrir antes de A. a2) Falhas na linha L2: • Em “F2” (dentro do alcance de 21 – 1 e 21 –2 de (2) e do 21 – 2 de (1)). Relés que vêm a falha: Em (1) : 21 – 2 Em (2) : 21 – 1 e 21 – 2 O disjuntor “C” deve ser aberto na seguinte seqüência: 1o) pela atuação de 21 – 1 de (2) – instantaneamente 2o) ou através do 21 – 2 + TX de (2) 3o) como retaguarda, o 21 – 2 + TX de (1) poderá abrir o disjuntor “A”, logo, devemos ter 22 ZZ TT ′> Onde: 2Z T : tempo do TX de A em (1) 2Z T′ : tempo de TX de C em (2) A temporização de Tz2 varia entre 0,3 e 0,5 segundos 31 b) Linha em anel Neste caso, deve-se ajustar os TX’s de todos os 21 – 2 no mesmo tempo, em torno de 0,4 segundos. Figura 8.26 Motivo: • Seja a falta “F1”, na linha L2: o “21 – 2” de “A” poderá ver e deverá operar em um tempo “superior” ao do 21 – 2 de “E”. Logo, Tz2(A) < Tz2(E). • Considerando, em seguida, a falha “F2”, na linha L1: O “21-2” de “E” poderá ver e deverá operar em um tempo SUPERIOR ao do “21-2” de “A”. Logo )A(2)E(2 ZZ TT < Essa é uma condição de ajuste inviável, devido à possibilidade de existir a falta “F1”, na linha L2. Pelo exposto, conclui-se que os tempos dos 21 – 2 devem ser iguais. • Zona 3: sua função é prover retaguarda para as linhas adjacentes, e seu alcance será de 100% da linha protegida, mais 100% da linha adjacente. A operação dessa proteção também é temporizada, objetivando-se a coordenação com a linha adjacente e também com a zona. 32 8.7. Teleproteção 8.7.1. Introdução Dois objetivos são importantes, em um sistema de proteção de linhas de transmissão: 1. Rapidez na eliminação dos defeitos dentro do circuito a ser protegido, proporcionando, com isto, menor tempo de exposição às elevadas correntes de defeito e menor possibilidade de repercussão do distúrbio; 2. Seletividade. Nos esquemas convencionais, é difícil a proteção ser, ao mesmo tempo, seletiva e rápida. Vejamos a figura 8.27. Figura 8.27: Objetivos da proteção de linha de transmissão. No arranjo da figura superior, se quisermos ser seletivos, deveremos ajustar o relé da subestação 1 para alcançar em torno de 90% da linha. No caso de uma falta em A, o defeito somente será eliminado após um tempo t2, perdendo, portanto, em rapidez. Por outro lado, se quisermos ser rápidos na detecção da falta em “A“, possivelmente teremos que ajustar o relé da Subestação 1 para alcançar além da subestação 2. Assim, caso ocorra um defeito em B, o disjuntor da Subestação 1 se abrirá desnecessariamente, perdendo, portanto, em seletividade. A teleproteção é um sistema de proteção onde um terminal é informado pelo terminal remoto, através de um sinal recebido (via microondas, carrier, fibra ótica ou telefonia), da detecção de um defeito, para que seja comandada ou não a abertura do disjuntor da linha. A vantagem principal desse processo é que o mesmo é altamente seletivo (para abrir os disjuntores das duas extremidades da linha, os relés dos dois lados devem ver a falta) mas ainda permite que a proteção seja ultra-rápida. Isto porque o terminal remoto, possuindo sensores adequadospara sentirem a direção do fluxo da corrente de defeito, fornece quase que instantaneamente essa informação ao outro terminal. A figura 8.28 mostra uma situação em que, um curto externo, faz com que o relé do lado esquerdo da linha veja a falta e outro (do lado direito) não. Assim, o relé que não vê a falta, permanece enviando um sinal (denominado de guarda) que não permite que nenhum disjuntor desta linha abra para esta falta externa. 33 Figura 8.28 – Princípio de funcionamento de teleproteção. 8.7.2. Método mais comum para transmissão de sinal O método mais usado para transmissão de sinal para teleproteção é o carrier. Este método é muito utilizado para a proteção primária. O processo consiste em usar- se a própria linha de transmissão como meio de propagação. As principais partes componentes do equipamento de onda portadora são: transmissor e receptor; capacitores de acoplamento; unidade de sintonia; filtro de onda. A figura 8.29 ilustra o arranjo carrier: Figura 8.29 – Esquema de proteção com sinal carrier. 34 8.7.3. Componentes do Equipamento Carrier 8.7.3.1. Transmissor e Receptor São equipamentos semelhantes aos usados em rádio-comunicações, porém, operando com freqüências menores (da ordem de 30 a 300 KHz). O transmissor, uma vez ligado, emitirá um sinal de onda portadora numa freqüência fixa, para a qual for calibrado. O receptor, calibrado também para essa freqüência, receberá o sinal, que será utilizado conforme adiante veremos. 8.7.3.2. Capacitores de Acoplamento A função dos capacitores de acoplamento é permitir a conexão do circuito de baixa tensão (transmissor ou receptor) ao circuito de alta tensão (linha de transmissão). Esses capacitores oferecem uma baixa impedância às correntes de alta freqüência, (como é o caso da corrente de onda portadora) e uma elevada impedância às correntes de baixa freqüência (como é o caso da corrente normal da linha de transmissão). 8.7.3.3. Unidade de Sintonia A unidade de sintonia tem como finalidade reduzir ao mínimo as perdas resultantes de transferência da corrente de onda portadora entre o transmissor e a linha de transmissão, ou entre esta última e o receptor. Essa unidade consiste essencialmente de um indutor variável e de um transformador, conforme mostra a figura 8.30. Figura 8.30 – Unidade de sintonia. A impedância permite, se ajustada devidamente, que o circuito “capacitor- unidade de sintonia” fique em ressonância com a freqüência estabelecida para a onda portadora. O transformador permite o acasalamento entre a impedância característica da linha de transmissão e a do cabo que liga o transmissor ao equipamento de acoplamento à linha (sendo diferentes as impedâncias características da linha e do cabo, o transformador é o meio usado para se efetua a necessária interligação entre os dois). 8.7.3.4. Filtro de Onda O filtro de onda (ou unidade de bloqueio) tem como finalidade confinar a corrente de onda portadora à linha de transmissão que lhe serve de condutor. Cada unidade é composta por uma indutância e uma capacitância em paralelo, formando um 35 circuito ressonante com a freqüência estabelecida para a onda portadora. Oferece, portanto, uma impedância máxima à sua circulação e, conseqüentemente, bloqueia a sua passagem. Este filtro oferece uma impedância desprezível á corrente de carga nominal, não prejudicando, portanto, o transporte normal da energia através da linha de transmissão. 8.7.4. Tipos de Teleproteção Os arranjos mais comuns, usados em teleproteção, são os seguintes: 8.7.4.1. Comparação Direcional por Bloqueio A filosofia da proteção denominada comparação diferencial por bloqueio (directional comparison blocking) pode ser entendida pela figura 8.31. Basicamente, cada terminal possui um conjunto transmissor/receptor operando na mesma freqüência e relés detectores de falta (pilot (P) e Start (S)), que apenas operam para defeitos ocorridos em um sentido predeterminado. Assim sendo, os relés P são conectados de modo a só operarem para defeitos ocorridos no sentido da linha protegida e os relés S, para defeitos atrás da linha. •Os sistemas de proteção contra defeitos entre fases e entre fase e terra são independentes. Os detectores de faltas entre fases são relés de distância (21P e 21S) e os detectores de falta a terra são relés de sobrecorrente direcionais residuais (67P e 67S). Outro elemento importante é o relé 85 (carrier) que é o elemento acoplado ao receptor carrier, encarregado de bloquear ou não a abertura dos disjuntores, de acordo com a informação do receptor. Figura 8.31 – Comparação direcional por bloqueio: esquema simplificado. A filosofia de atuação desse arranjo pode ser entendida através da figura acima e das seguintes condições de faltas que serão analisadas: 36 Defeito interno em F2 – nesse caso, os relés PA e PB operam comandando o trip para seus respectivos disjuntores, não havendo partida do carrier e, conseqüentemente, não havendo sinal de bloqueio, permanecendo os contatos N.F. dos relés 85 (carrier) fechados, completando-se o circuito de disparo. Defeito externo em F1 – para o defeito em F1, os relés PB e SA operam. No entanto, a abertura do disjuntor B é bloqueada porque o relé 85 de A (SA) vê esta falta (externa) e emite um sinal de bloqueio (transmitido pelo transmissor TA e recebido pelo receptor RB) que é traduzido na estação B pela abertura do contato NF do relé 85B. A não abertura do disjuntor A é garantida também por este sinal de bloqueio (que causa a abertura do contato NF local). Como se vê, é necessária uma perfeita coordenação dos tempos envolvidos, de modo que, na situação mostrada, não haja uma abertura incorreta do disjuntor B, seja pelo atraso no recebimento do sinal de bloqueio vindo de A, seja pela excessiva rapidez do relé PB. Essa coordenação é normalmente levada em consideração por uma lógica existente no esquema, que permite a coordenação e reforça a sensibilidade dada aos relés quando do ajuste. É importante notar que, neste tipo de arranjo, o carrier está normalmente OFF, ou seja, não há sinal sendo enviado em situação normal. Haverá transmissão apenas quando ocorrer uma falta detectada pelos relés START. Outro fato importante é que, nesse esquema, o chaveamento de um transmissor faz com que haja também a recepção local. Outra lógica adicional usada é a parada do carrier pelos relés pilot. Isto é, o transmissor é impedido de operar pelo relé pilot local, assegurando, dessa forma, que não haverá transmissão de sinal de bloqueio para defeitos internos. Pelo exposto, nota-se rapidez e seletividade na eliminação de defeito e conclui-se que este é o esquema ideal para uso de carrier, uma vez que só haverá transmissão de sinal para defeitos externos à linha, garantindo-se uma ótima qualidade do sinal de bloqueio. Uma outra função adicional existente nesse esquema é que, uma vez partido o transmissor para envio de sinal de bloqueio, este é mantido por algum tempo (cerca de 150 ms), mesmo que o sensor S que originou a transmissor tenha desoperado. A razão disto pode ser acompanhada pela figura 8.32. 37 Figura 8.32 – Falta em F4: sentido de fluxo de corrente Nesta figura, há uma falta (F4) na linha 3 – 4 (próximo à barra B), de tal forma que as correntes de contribuição para o defeito têm o sentido indicado pelas setas. O comportamento da proteção será o seguinte: • na linha 1 – 2, os relés P1 e S2 operariam, sendo o disjuntor 1 bloqueado pelo sinal enviado de B para A pela operação do relé S2. • Na linha 3 – 4, há a operação dos relés P3 e P4, detectando-se o defeito interno à linha. Suponha-se ainda que o disjuntor 4 é o primeiro a ser aberto, ocorrendo,no disjuntor 3, um atraso na abertura. Nessas condições, a distribuição de correntes de defeitos é aquela mostrada na figura 8.32. Nesse período de transição, os seguintes fatos ocorreriam: • desoperação do relé S2 e conseqüente cessação de envio de sinal de bloqueio de B para A; • operação do relé P2 (caso haja suficiente corrente), preparando o circuito de abertura do disjuntor para a desoperação do relé P1 e operação do relé S1. Observe-se que tudo isto é possível de ocorrer, caso haja um defeito na proteção do disjuntor fazendo com que haja um retardo na sua abertura. Nessas condições, poderia ocorrer: • uma abertura indevida do disjuntor 2 (caso o relé P2 fechasse seus contatos antes do recebimento do sinal de bloqueio de A para B); • ou uma abertura incorreta do disjuntor 1 (caso o contato do relé P1 permanecesse fechado, quando o sinal de bloqueio fosse removido pela desoperação do relé S2). 38 Por esse motivo, um retardo intencional na desoperação dos relés 85 é introduzido, garantindo assim a definição dos estados dos relés e mantendo o sinal de bloqueio por um período tal que cesse a situação transitória. 8.7.4.2. Comparação Direcional por Desbloqueio O esquema de desbloqueio (unblocking) é mais simples na sua concepção do que o bloqueio porque, como pode ser visto na figura 34, só é necessário, por cada terminal, um sensor de defeito “olhando” no sentido da linha protegida, não sendo necessário o relé START. Figura 8.33: Comparação direcional por desbloqueio: esquema simplificado. Outra característica importante é que o sinal de bloqueio está permanentemente presente (transmissor ON), só deixando de haver sinal quando da detecção de um defeito interno ou externo à linha. Para que haja trip em um terminal, é necessário que o relé (P) opere e o receptor receba sinal de desbloqueio. Com o auxílio da figura 8.33, passamos a descrever o funcionamento dessa proteção: • Supondo-se falta externa em F1: haverá a operação do relé P2 que atuará no carrier, desbloqueando o circuito de abertura do disjuntor 1, que, entretanto, não se abrirá, porque não houve a operação do relé P1. Por outro lado, o disjuntor 2 também não se abrirá, porque, embora houvesse a operação do relé P2, o sinal de bloqueio é mantido pela não operação do relé P1. • Para um defeito interno em F2: há a operação dos relés P1 e P2, sendo completamente cancelado o sinal de bloqueio, com a conseqüente desoperação dos relés 85-1 e 85-2, sendo, então, dado o comando de abertura dos disjuntores 1 e 2. 39 Em termos de transmissão de sinal, esse esquema apresenta as mesmas vantagens do esquema de bloqueio, uma vez que não há transmissão de sinal para defeitos internos à linha. Em termos de segurança no bloqueio para defeitos externos, esse esquema apresenta a vantagem de já possuir o sinal presente. Assim, quando um relé P operar para um defeito externo, já encontrará o caminho de trip bloqueado. Note-se que, desse modo, não é tão grave o problema da coordenação de tempos. Outra vantagem apresentada por esse esquema é que, estando os transmissores permanentemente em ON, há uma constante supervisão do nível do sinal carrier, podendo-se dessa forma, diminuir a periodicidade dos testes. 8.7.4.3. Transfer Trip Antes da descrição do esquema propriamente dito, algumas observações devem ser feitas. Nos esquemas de transfer trip, são necessários dois equipamentos distintos, operando em freqüências diferentes e suficientemente afastadas para que não haja interação entre os dois equipamentos. Assim sendo, conforme mostrado na figura 13.34, o transmissor T1 e o receptor R1, localizados nas subestações B e A, respectivamente, operam na freqüência f1, enquanto que o transmissor T2 e o receptor R2, localizados nas subestações A e B, respectivamente, operam na freqüência f2. Figura 8.34: Transfer trip: esquema simplificado. Durante a operação normal, os transmissores não estão chaveados, emitindo, entretanto, um sinal contínuo, chamado sinal de guard, que faz com que os relés G1 e G2 dos receptores R1 e R2 fiquem operados, mantendo seus contatos N.F abertos. Os sinais de guard têm a função básica de supervisionar os canais, fazendo também parte de uma lógica necessária para diminuir a probabilidade de operação indevida, causada por ruído ou defeitos semelhantes. 40 Quando um transmissor é chaveado para transmissão, ele desvia o sinal de saída da freqüência de guard para a freqüência de trip. Desse modo, deixando de haver sinal de guard, haverá a desoperação do relé de guard correspondente e, com a emissão da freqüência de trip, é energizado um relé de trip. Um fator que limita o uso desse esquema é o fato de os relés sensores terem que ser ajustados para não alcançarem o terminal da linha (normalmente ajustados de 80 a 90% da linha). Para relés de distância, isto normalmente é conseguido, mas para relés de corrente é dificílimo, a não ser em casos específicos. O entendimento do funcionamento é bastante fácil, uma vez que os relés sensores só operam para defeitos internos à linha. A operação de um deles faz com que seja aberto o disjuntor local e enviado sinal de transfer trip para o outro terminal. Esse tipo de esquema é normalmente usado nos seguintes casos: Proteção de Reator Shunt: Por sua localização, o reator necessita de que os disjuntores de ambos os terminais se abram para isolá-lo de um defeito nele ocorrido. Nesse caso, o transfer trip é partido pelos relés de proteção do reator, como relé de gás, diferencial , etc. Proteção Contra Sobretensões: São casos em que a presença de uma linha aberta em apenas um terminal ocasionaria níveis de tensão inaceitáveis para os equipamentos, havendo assim, a necessidade do uso da transferência de disparo. Linhas Conectadas a Fontes muito Pequenas: É o caso típico em que uma linha de interligação conecta dois sistemas sendo um deles de pequena geração, de modo que, quando da ocorrência de defeitos na linha, não há corrente de curto-circuito necessária para sensibilizar os relés convenientemente. Isto pode ser melhor entendido pela figura 8.35. Figura 8.35 – Fonte fraca.
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