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1 CAPÍTULO 9 COORDENAÇÃO DA PROTEÇÃO DE UM SISTEMA Prof. José Wilson Resende Ph.D em Sistemas de Energia Elétrica (University of Aberdeen-Escócia) Professor titular da Faculdade de Engenharia Elétrica Universidade Federal de Uberlândia 9.1. Introdução Este capítulo trata da coordenação de relés de sobrecorrente de tempo inversos. Esses relés, quando instalados em redes radiais, não atuam independentemente. Suas características de operação devem guardar entre si uma determinada relação, de modo que uma anormalidade no sistema possa ser isolada e removida sem que as outras partes do mesmo sejam afetadas. Nessas condições, diz-se que os relés devem ser coordenados para operação seletiva. As principais finalidades da coordenação seriam: a) Isolar a parte defeituosa do sistema, tão próximo quanto possível de sua origem, evitando a propagação das conseqüências; b) Fazer esse isolamento no mais curto tempo, visando a redução dos danos. Em geral, são usados para isso tanto dispositivos detetores, como os fusíveis, os religadores e os relés de sobrecorrente. Um primeiro passo nesse estudo, seria a determinação das condições de operação (nominais, máxima e mínima, de sobrecarga), de defeito (diversas correntes de curto-circuito), e mesmo de situações excepcionais como partida de motores, magnetização dos transformadores, etc. Necessita-se, pois, de um perfeito conjunto de informações iniciais, obtidas nas placas dos equipamentos, catálogos, medições diretas no campo ou dadas pelos fabricantes. 9.2. Princípios de Coordenação a) Correntes de curto: Para se obter uma completa coordenação entre os dispositivos de proteção, pode ser necessário o conhecimento de algumas ou de todas as informações relativas às seguintes correntes de curto: • Correntes de curto-circuito máximas, do tipo TRIFÁSICA, durante o primeiro ciclo. 2 o Este tipo de corrente é necessária para se garantir que os disjuntores suportarão tais correntes. • Correntes de curto-circuito mínimas e máximas, do tipo TRIFÁSICA, durante a interrupção (por parte dos disjuntores). Isso significa um tempo em torno de 5 ciclos após o início do curto. o A corrente de curto máxima, do tipo trifásica, durante a interrupção, é usada para se coordenar o intervalo entre dois relés. o A corrente de curto mínima, do tipo trifásica, durante a interrupção, é usada para se garantir que os relés serão sensibilizados a partir destas correntes. • Correntes de curto-circuito mínimas e máximas do tipo FASE-TERRA. Essas correntes fase-terra são necessárias para os ajustes dos relés 51N. b) O que é a “coordenação” entre relés: Dois relés em série estão coordenados se seus ajustes são tais que, ao segundo dispositivo (o mais próximo da fonte), é permitido eliminar a falta caso o primeiro (mais próximo do defeito), falhe na atuação. Denomina-se tempo ou degrau de coordenação o intervalo de tempo que separa as duas hipóteses anteriores, e que deve cobrir, pelo menos, o tempo próprio do disjuntor (tipicamente 0, 13s) , mais o tempo próprio do relé (por exemplo, 0,10 s)e uma certa margem de tolerância (por exemplo, 0,17 s). Por exemplo, em sistemas industriais que tiverem disjuntores de 8 Hz, tal degrau é da ordem de 0,4/0,5 s. Na busca de uma perfeita coordenação devemos respeitar: (a) certas diretrizes para ajuste dos dispositivos; (b) as limitações de coordenação fixadas pelos códigos; (c) o desempenho térmico e dinâmico dos equipamentos envolvidos; etc. Isso conduz o projetista a analisar, por vezes, muitos fatores aparentemente contraditórios, polêmicos mesmo, tendo em vista aspectos de segurança, economia, simplicidade, previsão de expansão, flexibilidade, facilidade de manutenção e custo, por exemplo. Suponha dois relés de sobrecorrente de fase, em série, conforme ilustrado na figura abaixo. No caso de um curto em F, deseja-se que o relé mais próximo comande a abertura do disjuntor A (que é o disjuntor mais próximo desta falta F). Para se obter a desejada seletividade de operação entre os relés que acionam os disjuntores A e B, é necessário que a curva no plano “tempo x corrente”, característica do primeiro relé (do disjuntor A) se situe abaixo da curva característica do segundo relé (associado ao disjuntor B), com uma margem de tempo de 0,4 s. A figura 9.1 ilustra isso. 3 Figura 9.1: Coordenação entre dois relés Considere, em seguida, a subestação da figura 9.2. Para um curto em F, deseja-se que o disjuntor A abra antes do que os disjuntores B. Para este curto, a corrente total de curto-circuito simétrica no disjuntor A, é de 30.000 A, enquanto que, através de cada disjuntor B, será de 15.000 A. 4 Figura 9.2: Relés de sobrecorrente em cascata A seletividade de operação dos relés correspondentes a estes disjuntores será obtida se o espaçamento entre as curvas dos relés em A e B for de, digamos, 0,4 s para as condições da máxima corrente de curto. A figura 9.3 ilustra isso. Figura 9.3: Esboço da coordenação entre dois relés em cascata 5 c) Dados requeridos em um estudo de coordenação: c1) Diagrama unifilar, com os seguintes dados: 1) Potências e tensões nominais de transformadores (bem como suas impedâncias e os tipos de conexões de cada enrolamento). 2) Condições normais e de emergência da topologia da rede. 3) Reatâncias subtransitórias, transitórias e síncronas de geradores, 4) Reatâncias dos maiores motores de indução, 5) Identificação dos alimentadores (bitolas, temperaturas de operação). 6) Transformadores de corrente. 7) Tipos de proteção a serem usadas (relés, fusíveis, disjuntores) e faixas de ajuste. c2) Cálculo das correntes de curto: Mínimas e máximas, do tipo TRIFÁSICA, durante o primeiro ciclo e durante a interrupção (por parte dos disjuntores). Isso significa um tempo em torno de 5 ciclos após o início do curto. Deverão ser consideradas as hipóteses de curto em cada barra. Para cada curto calculado (ou “evento”), deverão ser conhecidas as contribuições oriundas de cada gerador e motor, bem como as correntes de curto que passam pelos transformadores. c3) Os limites térmicos dos equipamentos a serem protegidos. c4) Corrente máxima suportável em cada ramo do sistema em estudo. c5) Os ajustes dos relés da empresa concessionária. 9.3. A Geometria da Proteção É assim denominada a superposição, em um mesmo plano tempo-corrente, das características do sistema e dos dispositivos de proteção. Em geral, as escalas de tempo e de corrente, são em papel log-log. A principal vantagem desse procedimento é a clara visualização do comportamento dos diversos dispositivos, face às condições existentes no sistema. Para um sistema com transformadores, todas as correntes envolvidas deverão ser convertidas para o nível de tensão mais baixo. Assim, todas as curvas dos relés serão plotadas neste nível de tensão. A escala de corrente deverá ser possível de mostrar a maior corrente de curto calculada. O primeiro relé a ser ajustado deverá ser aquele mais distante da fonte. Sua curva deverá ser alocada bem próximo da margem esquerda do papel log-log. 6 1º. EXEMPLO PRÁTICO O sistema elétrico abaixo é constituído de um gerador, um transformador e uma carga. O transformador deve ser protegido pelo relé de sobrecorrente R2 e a carga, pelo relé R1. Ambos os relés possuem as curvas fornecidas em anexo. Pede-se fazer: Os ajustes de TAPE e de tempo (DT) para as unidades 51 dos dois relés, de tal forma que, além de proteger os equipamentos contra sobrecargas e curtos, haja coordenação entre eles. Fazer também os ajustes das duas unidades 50 dos dois relés, pata t=0. Para os doisajustes, as seguintes informações devem ser respeitadas: • CARGA: A corrente nominal é de 600 A e, na sua energização, a corrente é de valor 7In e dura 1 segundo. • TRANSFORMADOR: • A corrente de magnetização dura 0,1 segundo e vale 8In. • O máximo valor da corrente simétrica de curto-circuito que o transformador suporta é de 20In, durante 3 segundos. • As correntes de sobrecarga máximas permitidas no transformador são: • no primário: 44% • no secundário:20%. DADOS DOS RELÉS: • TAPES disponíveis: 4, 5, 8, 10, 12 e 16 A • São fornecidas uma folha com as curvas de ajuste de tempo do relé a ser usado e uma folha para elaborar a coordenação adequada. 7 FOLHAS A SEREM UTILIZADAS: A) Curvas do relé: 8 B) folha-padrão Trata-se de uma folha transparente em escalas logarítmicas nos eixos horizontal (corrente) e vertical (tempo), semelhante àquelas em que os fabricantes fornecem as curvas características de seus dispositivos, permitindo o trabalho de superposição direta das mesmas. Nossa folha costuma-se: • marcar as correntes nominais na parte superior, as correntes de curto-circuito na parte inferior; • traçar no canto superior direito o diagrama unifilar do sistema em estudo; • marcar outras informações (correntes de partida, de magnetização, etc), como a seguir será mostrado; • marcar o nível de tensão referência (o menor, em geral), junto à escala de correntes de curto-circuito. 9 10 Solução: É dado que: • a corrente de carga é IN=600 A (ponto 1 na folha de coordenação). • A corrente de partida é Ip= 7.IN = 4.200 A e dura 1s (ponto 2 da folha de coordenação) Com relação ao transformador, tem-se que sua corrente nominal é: • Na alta tensão: AIN 1044160.3 10.750 3 == • Na baixa tensão: AIN 902480.3 10.750 3 == • A corrente de magnetização será: 8.IN=8.104 = 832A . Este valor, refletido para a BT, será: 7216 A. Tal corrente dura 0,1s (ponto 3 na folha). • A corrente máxima que o transformador suporta (20 IN em 3 s) será: o Na AT: 20 x 104 A = 2080 A o Na BT: 20 x 902 A = 18.040 A. Esta corrente, juntamente com o tempo de 3s, constitui-se no ponto 4 da folha. Em seguida, será a montada a tabela em que, para cada TAPE eventualmente escolhido, ter-se- ão os correspondentes valores de correntes que passarão pelos primários dos TC’s, com todos os valores já referidos à mais baixa tensão. Para tais cálculos, serão usadas as seguintes equações: Relé R1: TAPETAPE V URTC . 480 480. 5 1000. 480 . 11 = Relé R2: TAPETAPE V URTC . 480 4180. 5 150. 480 . 22 = TAPE 4A 5A 8A 10A 12A 16A Relé R1 800 1000 1600 2000 2400 3200 Relé R2 1040 1300 2080 2600 3120 4160 Todos estes valores de corrente devem ser alocados na folha de coordenação. • As correntes de sobrecarga serão: o Na AT: 1,44 IN = 149,76 A. Este valor, refletido à BT será de 1300 A. este valor será adotado para ajustar o TAPE do relé R2. o Na BT: 1,2 IN = 1082 A. Este valor será adotado como referência para ajustar o TAPE do relé R1. AJUSTE DO RELÉ R1: De acordo com a tabela acima, o relé R1, que deverá atuar antes de ocorrer a sobrecarga de 1082 A. Logo ele deverá ser ajustado no TAPE 5A (que fará o relé 11 contar tempo a partir de 1000 A). A partir desta corrente (1000A), devem ser colocadas as curvas de DT do relé R1. 12 A curva escolhida será extraída da figura abaixo, que representa o comportamento Ix t dos relés R1 e R2. Repare que, nesta figura, todas as curvas convergem para uma região, na qual todas as curvas atuarão o relé apenas no tempo infinito. 13 Para escolher a curva mais adequada, deve-se superpor a figura acima na figura da folha de coordenação, da seguinte maneira: • A linha de convergência entre todas as curvas deverá ficar exatamente em cima da linha definida pelo TAPE escolhido (TAPE 5A). • Mantendo as duas figuras na posição acima, escolhe-se a curva que passar imediatamente ACIMA do ponto de coordenação (ponto 2), desde que um intervalo de tempo de aproximadamente 0,3s (fator de segurança) seja respeitado. Isto é, a curva escolhida deverá passar 0,3s acima do ponto 2. Isso levará à escolha da curva DT = 3,5 , conforme esboçado em vermelho na figura a seguir. • O próximo passo será ajustar a unidade instantânea (50) deste relé R1. Esta unidade é muito útil para detectar curtos acima dos valores calculados. Para regular esta unidade, parte-se, óbviamente, da corrente de curto trifásica (6.000A) acrescida de algum percentual definido pelo projetista (se a unidade 50 for ajustada para atuar para esta corrente, é claro que a unidade 51, que é temporizada, jamais atuaria para esta corrente!). Neste exemplo, a corrente de 6.000 A será acrescida de 23%. Logo, a corrente de curto para a qual a unidade 50 atuará será de 6.000 x 1,23= 7.380 A. Outro cuidado que deve ser tomado pelo projetista: esta corrente de curto deverá ser acrescida da componente contínua (afinal quem vê esta falta é a unidade instantânea).Logo, a verdadeira corrente vista pela unidade 50 é: 7.380 x 1,6 = 11.808 A. • O passo final deste ajuste é levar este valor para o secundário do TC. Lembrando que o TC é de RTC 1000/5, esta corrente, ao entrar na unidade 50 será de 11.808/200= 59A. Este será o valor ajustado na unidade instantânea do R1. Na figura a seguir este ajuste está representado por uma reta em AZUL, a qual intercepta a curva do relé 51 em 11.808 A. 14 15 AJUSTE DO RELÉ R2: TAPE: o tape deste relé deve ser ajustado para atuar a partir da sobrecarga do lado AT (44%). Conforme já mostrado antes, este valor, refletido à BT será de 1300 A. De acordo com a Tabela ilustrativa dos tapes, este valor corresponde exatamente ao TAPE 5. DT: Tal como feito para o relé R1, desloca-se a região onde todas as curvas convergem para a atuação do relé apenas no tempo infinito, para o ponto onde está o TAPE 5 do relé R2: Mantendo as duas figuras na posição acima, escolhe-se a curva que passar 0,4 s acima do cruzamento da curva (em vermelho) da unidade 51 do relé R1 com a reta (em azul) da unidade 50 do relé R1. O resultado final está na figura abaixo. A curva escolhida é DT =5. AJUSTE DA UNIDADE 50 DO RELÉ R2: Esta unidade será ajustada a partir de uma corrente de curto, calculada para o lado de BT do trafo (em 480 V), de 8000 A. Para o ajuste, esta corrente será acrescida de 30%. Ao se incluir a componente contínua (fator 1,5 –por se tratar do nível de tensão de 4,16 kV), esta corrente se torna: 8.000 x 1,3 x 1,5 = 15600 A. Assim, o relé R2 terá a curva DT= 5 prevalecendo até que a mesma encontre o valor de 16 15.600 A. A partir daí, prevalece a unidade instantânea. Para fazer o ajuste da unidade instantânea, a corrente de deverá ser transferida para o lado de 4.160 V. Ou seja: 15.600 x (480/4160) = 1.800 A. Este resultado, deverá ser levado para o secundário do TC cuja RTC é 150/5: 1.800/(150/5) = 60 A. Este será o ajuste da unidade instantânea do relé R2. AJUSTES DAS UNIDADES INSTANTÂNEAS: R1 e R2 17 2º. Exemplo prático: Seja o sistema dado pelo diagrama unifilar da figura 9.4 para o qual pretende-se ajustar a proteção de fase, utilizando relés de sobrecorrente tipo IAC- 51, da General Electric. Figura 9.4 – Esquema unifilar do sistema. 9.4.1) Características do sistema Conforme já mencionado antes, o primeiro passo na seleção dos ajustes de dispositivos de proteção é o cálculo das correntes de curto-circuito. Para isso, deve-se obter previamente outras informações como: • tipo, comprimento e bitola dos condutores; • potência, tensões, impedânciasdos motores e transformadores; • relação de transformação e carga dos transformadores de instrumento; • modelo, tapes disponíveis, curvas tempo-corrente dos relés (no caso do relé de sobrecorrente IAC-51: figura 9.5). Para o sistema da figura 9.4, escolhendo-se as bases de 1500 MVA e 2,4 KV, obtém-se as seguintes correntes trifásicas de curto-circuito: Tabela 9.1 Barra Icc simétrica Fator Icc assimétrica 34,5 kV 361.000 A 1,6 577.000 A 13,8 kV 51.500 A 1,6 82.400 A 2,4 kV 9.020 1,5 13.500 A Para representar as correntes na folha-padrão, as correntes de curto devem ser convertidas para o nível de tensão mais baixo do sistema elétrico em análise. 18 Assim, os valores de corrente de curto da tabela 9.1, já estão no nível de tensão de 2,4 kV (que é o nível de tensão mais baixo do sistema ora em estudo). Figura 9.5 – Curvas tempo corrente do relé IAC 51. 19 9.4.3) Localização dos transformadores no plano I x t A proteção deverá fazer com que os transformadores possam operar abaixo dos seus limites de sobrecarga e de curto. Além disso, a proteção não deverá atuar para as correntes de magnetização dos transformadores. Assim, esses limites devem ser alocados no plano I x t. a) Ponto ANSI A tabela abaixo indica os valores correspondentes aos máximos valores de corrente simétrica de curto-circuito que os transformadores podem suportar durante certo tempo. Esses valores são determinados pelas Normas Técnicas ANSI (antiga ASA). Tabela 9.2 – Tabela ANSI Impedância % do transformador Icc max simétrico, em múltiplo de In(A) Tempo admissível, em segundos 4% 25 In 2 5% 20 In 3 6% 16,6 In 4 7% 14,3 In 5 a1) Ponto ANSI do transformador de 15 MVA: Sua corrente nominal é: A252 34,5 x 3 15000 U3 PIn === E sua impedância (fornecida) é de 6%. Pela tabela 9.2 tem-se que, para este transformador, a máxima corrente permissível (Z% = 6%) é 16,6 In = 252 x 16,6 = 4.160 A e não deve durar mais que 4 s Tal como ocorreu para as correntes de curto (tabela 9.1), para representar as correntes na folha-padrão a corrente acima deve ser convertida para o nível de tensão de 2,4 kV (menor tensão de barra), usaremos a tensão 2,4 KV, resultando para esse transformador a seguinte conversão: A000.60 2,4 34,5 x 160.4 = Este ponto (60.000 A x 4 s), bastante representativo do transformador, deverá ser alocado na folha padrão (figura 9.6). Desta forma, será possível desenhar a curva do relé correspondente à proteção deste transformador e garantir que o relé não permitirá que o transformador atinja este indesejável ponto de operação. 20 Figura 9.6 Verificação gráfica de seletividade. 21 a2) Ponto ANSI do transformador de 2,5 MVA: Igualmente, para o transformador de 2,5 MVA, com Z% = 5,5%, fazendo-se as interpolações, tem-se: ,s 2 43 x I 2 6,1620 n ++ ou seja 18,3 In x 3,5 s. Logo: A, 1.920 105 x 3,18 13,8 x 3 500.23,18 == que, referido à tensão de 2,4 KV, fornece: A. 900.10 2,4 13,8 x 920.1 = Da mesma forma que para o outro transformador, loca-se este ponto (10.900 A x 3,5s).representativo do transformador, na folha padrão. b) Correntes de magnetização É preciso que os relés não atuem na energização dos transformadores. Na falta de dados do fabricante, vamos admitir que a corrente de magnetização seja de 8 In com duração de 0,1 s. • Para o transformador de 15 MVA: A, 2016 34,5 x 3 15.000 x 8I 8 n == que, referido a 2,4 KV, dá: A, 800.282,4 34,5 x 2016 = • Para o transformador de 2,5 MVA: A, 843 13,8 x 3 2.500 x I 8 n = ou, em 2,4 kV: A. 810.42,4 13,8 x 843 = Locam-se, então, esses valores das correntes de magnetização nos pontos de coordenadas (28.800 A x 0,1 s) e (4.810 A x 0,1 s). A curva do relé protetor de cada transformador (relé 5 para o transformador de 15 MVA e o relé 3 para o transformador de 2,5 MVA) deve-se localizar acima do ponto de magnetização e abaixo do ponto ANSI, correspondente (ver na figura 9.3). 9.4.4) Localização do motor no plano I x t Quando houver mais de um ramal no sistema, é usual fazer-se a coordenação para o ramal que contém a maior carga. Em cada ramal, começam-se os ajustes pelo relé mais distante da fonte. No presente caso, com apenas um ramal, tal prática se resume em se iniciar pelo motor. O limite esquerdo da folha padrão será a corrente nominal deste motor. Neste caso, 240 A. Na folha-padrão, deverá ser traçada uma vertical, a partir de 240 A. Isso deve ser feito porque, quando se fizer o ajuste do relé, o mesmo não deverá, obviamente, atuar para a corrente nominal. 22 Prosseguindo, deve ser conhecido o valor da corrente de partida do motor. O motivo é similar ao anterior: não se deseja que o relé atue quando da partida do motor. Consultando-se o catálogo do fabricante do motor, ou realizando oscilografias, obtém-se os valores médios correspondentes à partida do motor (corrente e tempo). Nestes caso, será considerado Ip = 1.440 A, com duração de tp = 1s. Este ponto (1.440A, 1s) deverá ser alocado na folha-padrão. A partir deste ponto, deverá ser traçada uma outra vertical, que descerá até a base da folha- padrão. Essas duas verticais são as referências para o traçado sucessivo das curvas tempo-corrente dos relés 1 a 5, e que ficarão à direita dos mesmos. 9.4.5) Localização dos tapes dos relés no plano I x t No catálogo do relé IAC-51, verifica-se que há os seguintes tapes disponíveis: 4, 5, 6, 8, 10, 12 e 16A. Embora não seja obrigatório, é útil locá-los na folha-padrão, pois isso facilitará a escolha do tape mais adequado. Para tal, recomenda-se organizar previamente uma tabela de cálculo. Esta é obtida, para cada tape, em função da relação do transformador de corrente (RTC), da tensão da barra em apreço (V) e da tensão da barra de referência escolhida (Vb = 2,4 KV). Para isso, usa-se a seguinte expressão: x tapeV V x RTCK b = . Por exemplo, para o tape 4 A do relé no 1: A 320 4 x 2,4 2,4 x 5 400K14 == e para o tape 16 A do relé no 4: A 14.720 16 x 2,4 13,8 x 5 800K 416 == Procedendo como acima para todos os taps de todos os relés, tem-se a tabela tabela 9.3. Todos esses pontos são convenientemente alocados na folha-padrão. Tabela 9.3 – Tabela de conversão de tapes (Vb = 2,4 KV) Tape \ Relé 4 A 5A 6A 8A 10 A 12 A 16 A RTC V 1 320 400 480 640 800 960 1.280 400/5 2,4 2 640 800 960 1.280 1.600 1.920 2.560 800/5 2,4 3 920 1.150 1.380 1.840 2.300 2.760 3.680 200/5 13,8 4 3.680 4.600 5.520 7.360 9.200 11.040 14.720 800/5 13,8 5 4.600 5.750 6.900 9.200 11.500 13.800 18.400 400/5 34,5 23 9.4.6) Localização das correntes de sobrecarga dos transformadores A proteção de sobrecorrente dos transformadores deve ser ajustada para atuar a partir de uma sobrecarga. Neste projeto será adotado que os transformadores podem permitir uma sobrecarga de até 133%, que é um valor de sobrecarga muito utilizado. Considerando que os ajustes dos TAPES dos relés de sobrecorrente não são feitos de forma contínua, mas sim em degraus, em muitos ajustes, o transformador fica submetido a um valor de sobrecarga acima do valor inicialmente pretendido (Ex.: 150% ao invés de 133%). Diante disso, as Normas Técnicas já prescrevem os limites máximos que os ajustes de proteção de um transformador podem atingir. Neste sentido, caso o dispositivo de proteção esteja no ramal secundário do transformador, ele deverá ser regulado, no máximo, para 2,5 In2; Caso o dispositivo de proteção esteja no lado do primário do transformador, seus limites são os seguintes: Tabela9.4 Há dispositivo protetor de sobrecorrente no secundário? O dispositivo primário de sobrecorrente ajusta-se para: Sim Não < 4 In1 se Z% = 6 a 10% < 6 In1 se Z% < 6% < 2,5 In1 Deve ficar claro que esses limites superiores, NÃO devem ser entendidos como sendo os valores recomendáveis para os ajustes dos transformadores. Eles são apenas e tão somente os limites extremos. Ou seja, se o fabricante do transformador informar a sobrecarga máxima permitida (para um determinado tempo x em segundos), este é o valor a ser respeitado. Devido ao fato deste ser um exemplo didático, iremos calcular os valores 1,33; 2,5; 4,0 e 6,0 InT para cada transformador e alocar esses pontos na folha- padrão. A tabela 9.5 sumariza esses números: Tabela 9.5 Percentagem da sobrecarga \ Transformador 133% 250% 400% 600% In1 15 MVA (34,5 KV) 2,5 MVA (13,8 KV) 335 140 630 252 1.000 420 1.500 630 252 105 15 MVA (2,4 KV) 2,5 MVA (2,4 KV) 4.820 805 9.050 1.445 14.400 2.410 21.600 3.620 3.630 600 24 9.4.7) Localização das curvas dos relés a) Relé no 1 Trata-se do relé de sobrecorrente protetor do motor. Logo, sua curva deve ficar acima do ponto correspondente às condições de partida (Ip x tp), com alguma margem. Vamos admitir que neste estudo estabeleçamos o degrau de temporização de 0,4 s entre os relés em cascata. Isso equivale, aproximadamente, ao seguinte: tempos do disjuntor de 8 Hz e relé ≈ 0,13 s tolerância de fabricação ≈ 0,10 s segurança do projetista ≈ 0,17 s Total ≈ 0,40 s Então, como o relé do motor não tem que esperar nenhum dispositivo à jusante operar, basta adotar t = 0, 10 + 0,17 = 0,27 s acima das coordenadas de partida, obtendo-se o primeiro ponto de coordenação PC-1, da figura 9.3. Para o traçado da curva do relé no 1, lançamos mão das mesmas dimensões que a folha padrão (figura 9.2). Ora, como o transformador de 2,5 MVA admite sobrecarga de 133%, a curva do relé deverá passar à direita dos pontos 133% e de coordenação no 1 (PC- 1). Observa-se agora que, pela prumada de 133% do transformador de 2,5 MVA serviriam apenas os tapes 10-ou 12 A. Neste projeto foi adotado o tape no 12. No entanto, se o limite de 133% de sobrecarga não puder ser ultrapassado, então o tape de 10 A deveria ser o escolhido. Em seguida colocamos a folha virgem sobre a folha de curvas (I x t) do relé, tal que ajustando as linhas verticais e horizontais, o múltiplo 1 da folha do relé fique exatamente por baixo da prumada correspondente ao tape 12 A. Em seguida, basta decalcar, a lápis, sobre a folha virgem uma curva de DT que passe imediatamente acima do primeiro ponto de coordenação. Neste caso, DT = 1 ¼. A unidade instantânea do relé é sempre ajustada em função da corrente assimétrica da corrente de curto ou da corrente de partida do motor eventualmente próximo do relé. No caso deste relé, será considerada a corrente do motor. Ou seja, cerca de 1,5 x Ip = 1,5 x 1.440 A = 2.160 (fator 1,5 por ser a barra de tensão inferior a 5 KV). Acrescentando-se ainda um fator de segurança, a corrente de partida assimétrica com a qual a unidade instantânea do relé 1 deverá ser ajustada será Ipas = 2.400A. Na folha padrão traça-se uma vertical a partir deste valor até cortar a curva de DT já traçada. Por outro lado, esta corrente NÃO é aquela que passa pelo relé (devido ao TC de RTC 400/5A). A verdadeira corrente para a qual o relé deve ter sua unidade instantânea ajustada será: Ipas/RTC = 2.400 ÷ 400/5 = 30 A. (O relé tem disponibilidade de ajuste entre 20-80 A). Então, o relé no 1 fica assim ajustado: 25 Tape 12 A; DT = 1 ¼; I = 30 A b) Relé no 2 O relé no 2 está no secundário do transformador de 2,5 MVA. Logo, sua curva deve passar entre os correspondentes pontos de magnetização e ANSI já locados. Para achar o segundo ponto de coordenação (PC2), basta marcar 0,4 s acima da intercessão de DT = 1 ¼ e Ipas = 2.400 A. Em seguida, como foi dito anteriormente, o ajuste do dispositivo de sobrecorrente no secundário do transformador não deve ultrapassar 2,5 In. Verifica- se que satisfazem apenas os tapes do relé 2 inferiores a 8 (pois estão à esquerda da prumada de 2,5 In do transformador). No entanto, não servem os tapes inferiores a 6 (para não ultrapassar os limites da curva já escolhida para o relé 1). Fixa-se, pois, o tape 8 A, e fazendo novamente a superposição das curvas, colocando o múltiplo 1 da figura 9.2 sob a prumada do tape de PC2, na figura 9.3. Resulta, pois, o ajuste em tape 8 A e DT = 2. Deve ficar bem claro que, com este tape escolhido (8A), o relé 2 somente iniciará a contagem de tempo relativamente a sobrecargas, a partir de um valor em torno de 200% In do transformador! Se isso não puder ocorrer, então deve-se reiniciar os ajustes dos relés, a partir do relé 1, que então deveria ser ajustado para um tape menor. Isso permitirá que o relé 2 possa ser ajustado em um tape menor que 8 A. Quanto à unidade instantânea do relé no 2, ficará bloqueada já que a impedância existente entre os relés 1 e 2 é insuficiente para uma discriminação segura de tempo de funcionamento entre eles. No caso, há apenas um trecho de cabo, de baixa impedância (por exemplo cerca de 0,2 Ω/Km, para cabo 250 MCM de seção), desprezível face à impedância representada pelo motor. Como o relé no 2 deve “ver” qualquer curto-circuito na barra de 2,4 KV, inclusive Isim = 9.020 A, traça-se essa prumada até encontrar a curva de DT = 2, e, a partir daí marca-se o degrau de temporização de 0,4 s, obtendo-se o terceiro ponto de coordenação (PC3). Como verificação, a curva do relé no 2 está entre os correspondentes pontos de magnetização e ANSI do T 2,5 MVA. c) Relé no 3 Este relé está no primário do transformador, o qual possui dispositivo de proteção no secundário (o relé 2). De acordo com a tabela 14.4e, considerando que Z% = 5,5% (portanto Z% < 6%), seu ajuste deve ser inferior a 600% In. Isso não significa que o transformador em questão suporta esta sobrecarga (a sobrecarga máxima de um transformador deve ser obtida para cada equipamento). A tabela 14.4 apenas informa que o limite de 600% In não deve ser ultrapassado em nenhuma hipótese. Observando-se, pois, a curva do relé 2 (já ajustada) e os tapes do relé no 3, verifica- se que seria possível usar os tapes 6-8-10-12 A (o tape de 16 A já estaria acima de 26 600% In). Escolhemos o tape 8 A. Fazendo novamente a superposição e o decalque, resulta DT = 3. Cabe aqui observar que, com este tape, o relé 3 somente começará a contar tempo a partir de um valor de sobrecarga 320% In do transformador! Tal como já comentado antes, se isso não puder ocorrer, os ajustes já realizados nos relés 1 e 2 devem ser revistos e alterados para tapes menores. Para o ajuste da unidade instantânea, deve ser adotada como referência, a corrente de curto que passa no alimentador primário do transformador, para um curto na barra de 2,4 kV. De acordo com a Tabela 9.1 este valor é de 9020 A. A correspondente corrente assimétrica será: Ias = 1,5 x 9.020 = 13.500 A. A título de fator de segurança, o ajuste será feito para a corrente assimétrica de 16.000 A. A prumada sobre I = 16.000 A, intercepta a curva de DT = 3 do relé 3; marcando 0,4 s acima, obtém-se PC 4. A corrente de 16.000 A resultará, no secundário deste relé, que está em um alimentador de 13,8 kV (e não de 2,4 kV) e cujo TC possui RTC de 200/5 na corrente de: A70~ 13,8 2,4 x 5/200 000.16I −= Então, o ajuste do relé no 3 será: tape = 8A, DT = 3, I = 70 A Considerando-se que a conexão do transformador de 2,5 MVA é triângulo(13,8 kV)-estrela(2,4kV); tem-se que uma falta fase-terra no lado estrela (secundário), é vista no lado primário, em pu, com valor de apenas 58% daquela: Diante disso, é preciso deslocar o ponto ANSI calculado (10.900 A x 3,5s) 58% para a esquerda, e fazer a verificação de enquadramento. Na realidade, 0,58 x 10.900 = 6.500 A. Este valor (veja na folha-padrão) ainda está acima da curva do relé no 3, dispensando maiores preocupações, pois, desta forma, este relé 3 também verá este curto (fase-terra). 27 d) Localização das curvas do relé nos 4 e 5 O ajuste do relé 4 inicia-se a partir do ponto PC 4. Os demais procedimentos são semelhantes aos usados no ajuste do relé no 2. Procedendo, pois, semelhantemente, chegar-se-ia aos ajustes: tape = 6A DT = 3 I = bloqueado, Quanto ao relé 5, seu ajuste é semelhante ao do relé 3. Os resultados finais para este relé serão: tape = 6 A DT = 4 I = 80A Resumo dos ajustes Tabela 9.6 Ajuste \ Relé Tape (A) DT Instantâneo (A) 1 12 11/4 30 2 8 2 Bloqueado 3 8 3 70 4 6 3 Bloqueado 5 6 4 80 28 Cuidados com transformadores estrela-delta quando de curtos fase-fase: A figura 9.7 mostra um transformador estrela-delta. Vamos supor que a relação de espiras seja de 1:1. Por outro lado, tem-se, da teoria de curtos assimétricos, que, ocorrendo um curto entre as fases 1 e 2, no lado estrela, as correntes ali serão de valores 0,87 x correntes de curto trifásicos. Assim, se as correntes devido a um curto fase-fase no lado estrela, forem de valores 0,87 pu (fase 1), 0,87 pu (fase 2) e 0 pu (fase 3), então as correspondentes correntes, no lado delta, serão 1,00 pu (fase 1), 0,5 pu (fase 2) e 0,5 pu (fase 3). Ou seja, nestas condições, um relé de sobrecorrente instalado na linha, do lado delta do transformador, verá, em uma das fases, uma corrente de 1,0 pu, (e não 0,86 pu), enquanto que, nas outras duas fases, o valor será de 0,5 pu. Figura 9.7: efeitos da conexão estrela-delta de transformadores na coordenação da proteção 29 Para esclarecer melhor isso, consideremos agora a figura 9.8. Ocorrendo um curto fase-fase em F (lado Y do transformador), o valor desta corrente será de valor 0,87 Icc3F. Nessas condições, o relé B verá 0,87Icc3F, enquanto que o relé A, conforme ilustrado na figura 9.7, verá 1,0Icc3F. Assim, para se determinar o espaçamento mínimo de 0,4 seg (ou outro valor que se queira) entre as duas curvas características dos relés, o relé B deverá ser deslocado para a direita (de 16%: 1/0,87), conforme ilustrado na figura abaixo. Ou seja, o espaçamento deve ser considerado entre os pontos L e M, ilustrados na figura abaixo, e não entre os pontos K e M). Figura 9 8: deslocando a característica do relé A 14.5) Coordenação de fusíveis com relés Quando em um sistema industrial, um fusível se encontra em série com um relé de sobrecorrente, dois casos podem ocorrer: • O relé está localizado entre a fonte alimentadora e o fusível (figura 9.9); • O fusível está situado entre a fonte e o relé (figura 9.10). No primeiro caso, haverá uma operação seletiva entre os dois dispositivos de proteção, desde que, para um curto em F, o fusível se queime antes que o relé acione a abertura do disjuntor. No segundo caso, será obtida esta seletividade desde que o relé faça o disjuntor abrir antes que o fusível se queime. 30 Figura 9.9: Relé entre fonte e fusível Figura 9.10: Fusível entre fonte e relé 31 No primeiro caso, a operação coordenada e seletiva do fusível e do relé poderá ser obtida desde que a curva característica do relé seja de tal forma selecionada que fique espaçada de, no mínimo, 0,2 seg da curva “tempo total para extinção do arco” do fusível, no plano I x t. No segundo caso, a operação coordenada e seletiva dos dois dispositivos de sobrecorrente (relé e fusível) ocorrerá desde que a curva “tempo curta duração” do fusível se situe imediatamente acima da curva característica do relé, acrescida do tempo de interrupção do disjuntor (2, 3, 4, 5, 8 ciclos, etc.). Desta forma, o fusível poderá aguardar a retirada da falta por parte da atuação do relé e do disjuntor correspondente.
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