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07. Mediação para a lascívia de outrem

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7 
MEDIAÇÃO PARA A LASCÍVIA DE 
OUTREM 
_____________________________ 
 
7.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO 
 CRIME 
No art. 227 encontra-se o tipo penal: “Induzir alguém a satisfazer a lascívia de 
outrem.” A pena é reclusão, de um a três anos. 
A proteção é dirigida para impedir que, com a realização do tipo, haja incentivo ou 
favorecimento à prostituição. O objetivo não é proteger uma moralidade pública média ou 
os bons costumes mas, simplesmente, coibir o possível ingresso da vítima desse crime no 
mundo da prostituição. 
Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa, homem ou mulher, que realizar a 
conduta. 
Sujeito passivo é, igualmente, qualquer pessoa, de qualquer sexo ou idade, 
inclusive a prostituta, uma vez que pode esta estar atravessando um momento em que 
procura se desvencilhar da vida que leva, merecendo, por isso, a proteção penal. 
 
7.2 TIPICIDADE 
No caput do art. 227 está o tipo fundamental. Nos §§ 1º , 2º e 3º, as formas 
qualificadas. 
 
7.2.1 Forma típica simples 
7.2.1.1 Conduta 
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles 
 
A conduta típica é induzir. Induzir é fazer nascer na mente de alguém a vontade de 
realizar um comportamento ou dele se abster. É persuadir, é convencer. Realiza-se, 
normalmente, por meio da palavra, escrita ou oral, mas também por meio de gestos ou 
outros símbolos. É sempre uma conduta comissiva. 
 
7.2.1.2 Elementos do tipo 
O agente induz a vítima a satisfazer à lascívia de outra pessoa. Lascívia é a libido. É 
o desejo ou o apetite sexual da pessoa. É o desejo sexual. Cada pessoa realiza seus desejos 
sexuais da forma como preferir. Conjunção carnal, sexo oral, sexo anal, enfim, qualquer 
ato que contenha o componente libidinoso. É direito de todos realizar seus desejos sexuais, 
todavia é induvidoso que, para tanto, é preciso contar com a participação livre e consciente 
de outro ser humano. 
A satisfação da lascívia alheia deve ser decisão livre de qualquer pessoa, não 
podendo quem quer que seja imiscuir-se na mente da pessoa a fim de convencê-la a 
realizar os desejos de outro. 
A norma quer referir-se à satisfação da lascívia de determinada pessoa. Se o sujeito 
incentiva a vítima a dedicar-se a satisfazer a libido de pessoas indeterminadas estará, na 
verdade, induzindo-a à prática da prostituição, fato esse definido como crime no art. 228, 
adiante examinado. 
Age o sujeito ativo com dolo. Com consciência da conduta que realiza e com o fim 
de que a vítima atenda a sua opinião, aceitando realizar atos libidinosos com outra pessoa. 
Na realização do tipo básico não se exige nenhum outro fim especial, como o de lucro, que 
tornará o crime qualificado, como se vê mais à frente. 
 
7.2.1.3 Consumação e tentativa 
O crime é material. Consuma-se no instante em que a vítima, tendo cedido ao 
induzimento do agente, realiza, com terceira pessoa, qualquer ato libidinoso, satisfazendo 
a sua lascívia. Não é necessário que a pessoa consiga realizar seus desejos sexuais 
integralmente, bastando, para a consumação, que a vítima tenha-se submetido, 
efetivamente, à sua lascívia. 
A tentativa é perfeitamente possível quando a realização dos atos sexuais não 
Mediação para a Lascívia de Outrem - 3 
 
ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente, inclusive quando a própria vítima 
recua e deixa de atender aos desejos do terceiro. 
 
7.2.2 Formas qualificadas 
 A primeira circunstância qualificadora do crime está inscrita no § 1° do art. 227, com 
a redação da Lei n° 11.106, de 28.03.2005, assim: 
 “Se a vítima é maior de 14 (catorze) anos e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o 
agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou 
curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou 
de guarda: Pena – reclusão, de 2(dois) a 5 (cinco) anos.” 
Qualifica o crime, portanto, a menor idade da vítima ou uma das relações entre ela e 
o agente, referidas no preceito. Nela se incluem os professores, educadores, diretores de 
estabelecimentos de ensino, de saúde, internatos, externatos, casas de internação de 
menores, enfim, pessoas que estejam exercendo um poder de autoridade, decorrente das 
relações de tratamento e guarda. Estando ele nas condições referidas na norma, merecerá 
maior reprovação pela violação do decorrente dever, legal ou jurídico, de protegê-la. 
Vítima não maior de 14 anos, já se sabe, em face da presunção de violência de que 
trata o art. 224 do Código Penal, será vítima de estupro ou atentado violento ao pudor, 
caso venha a ser induzida a satisfazer a lascívia de outrem. 
A segunda forma qualificada diz respeito aos meios empregados pelo agente para 
induzir a vítima. Se usa violência, grave ameaça ou fraude, a pena será de reclusão de dois a 
oito anos (§ 2º do art. 227). Violência engloba as lesões corporais, leves, graves ou 
gravíssimas e também as vias de fato. Grave ameaça é a promessa da causação de um mal 
importante. Fraude é o engodo, o engano, o meio que o agente emprega para manter a vítima 
em erro ou levá-la a apreciar mal a realidade. 
Além da pena mais severa, o agente responderá, em concurso material, pelo crime 
contra a pessoa decorrente do emprego da violência – lesão corporal ou morte –, a não ser 
quando tais resultados tenham derivado de culpa, caso em que incidirá o art. 223, aplicável 
também ao delito do art. 227, por força do que dispõe o art. 232. 
Assim, se o agente, ao induzir a vítima com violência, causa-lhe lesões corporais 
graves ou morte, por negligência, imprudência ou imperícia, sua pena será reclusão de oito 
4 – Direito Penal III – Ney Moura Teles 
 
a doze ou de doze a vinte e cinco anos, respectivamente. 
A última circunstância qualificadora, definida no § 3º do art. 227, é o elemento 
subjetivo que move o agente: fim de lucro, reconhecível quando, ao induzir a vítima, 
buscava a satisfação de um lucro pessoal. Esse proveito é de natureza econômica e não 
precisa ser efetivamente obtido pelo agente para a incidência da qualificadora, que impõe, 
além da pena privativa de liberdade, a pena de multa. É chamado este crime de lenocínio 
questuário. 
 
7.3 AÇÃO PENAL 
A ação penal é de iniciativa pública incondicionada. 
A suspensão condicional do processo penal, de que trata o art. 89 da Lei nº 
9.099/95, somente é aplicável para a forma típica fundamental, que é punida com pena 
mínima de um ano.

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