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A guerra da Criméia

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A guerra da Criméia 
 
A Guerra da Crimeia foi um conflito que se estendeu de 1853 a 1856, na península da 
Crimeia (no mar Negro, ao sul da atual Ucrânia), no sul da Rússia e nos Bálcãs. 
Envolveu, de um lado o Império Russo e, de outro, uma coligação integrada pelo Reino 
Unido, a França, o Piemonte-Sardenha (na actual Itália) - formando a Aliança Anglo-
Franco-Sarda - e o Império Turco-Otomano (actual Turquia). Esta coalizão, que contou 
ainda com o apoio do Império Austríaco, foi formada como reacção às pretensões 
expansionistas russas. 
 
 
 
A frota russa destrói a flotilha turca na Batalha de Sinop. 
Desde o fim do século XVIII os russos tentavam aumentar a sua influência nos Balcãs, 
região entre o mar Negro e o mar Mediterrâneo. Em 1853, o Czar Nicolau I invocou o 
direito de proteger os lugares santos dos cristãos em Jerusalém, então parte do Império 
Turco. Sob esse pretexto as suas tropas invadiram os principados otomanos do Danúbio 
(Moldávia e Valáquia, na atual Roménia). O sultão da Turquia, contando com o apoio 
do Reino Unido e da França, rejeitou as pretensões do Czar, declarando guerra à Rússia. 
Mediante a declaração de guerra, a frota russa destruiu a frota turca na Batalha de 
Sinop. 
 
 
 
 
 
 
 
Zuavos franceses e soldados russos enfrentam-se na torre Malakoff durante a Batalha de 
Sebastopol. 
 
 
 
O Reino Unido, sob a rainha Vitória, temia que uma possível queda de Constantinopla 
diante das tropas russas lhe pudesse retirar o controle estratégico dos estreitos de 
Bósforo e Dardanelos, cortando-lhe as comunicações com a Índia. Por outro lado, 
Napoleão III de França mostrava-se ansioso para mostrar que era o legítimo sucessor de 
seu tio, Napoleão I. Mediante a derrota naval dos turcos, ambas declararam guerra à 
Rússia no ano seguinte, seguidos pelo Piemonte-Sardenha (governado por Vítor 
Emanuel II e o seu primeiro-ministro Cavour). Em troca, os turcos permitiriam a 
entrada de capitais ocidentais na Turquia. 
 
 
O cerco de Sebastopol (Franz Roubaud - 1904). 
O conflito iniciou-se efetivamente em Março de 1854. Em Agosto, a Turquia, com o 
auxílio de seus aliados, já havia expulsado os invasores dos Balcãs. De forma a encerrar 
definitivamente o conflito, as frotas dos aliados convergiram sobre a península da 
Crimeia, desembarcando tropas a 16 de Setembro de 1854, iniciando o bloqueio naval e 
o cerco terrestre à cidade portuária fortificada de Sevastopol, sede da frota russa no mar 
Negro. Embora a Rússia tenha sido vencida em batalhas como a de Balaklava e em 
Inkerman, o conflito arrastou-se com a recusa da Rússia em aceitar os termos de paz. 
Entre as principais batalhas desta fase da campanha registam-se: 
 
 
Campo militar na Batalha de Balaclava, uma batalha fundamental da Guerra da Crimeia 
 batalha do rio Alma; 
 batalha de Balaclava (imortalizada por Alfred Tennyson no poema A carga da 
brigada ligeira); e a 
 batalha de Inkerman. 
Durante o cerco a Sevastopol a doença cobrou um pesado tributo às tropas britânicas e 
francesas, tendo se destacado o heróico esforço de Florence Nightingale dirigindo o 
atendimento hospitalar de campanha. A praça-forte, em ruínas, só caiu um ano mais 
tarde, em Setembro de 1855. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Tratado de Paris 
 
 
Mapa da península balcânica mostrando as fronteiras do império turco otomano depois 
do tratado de Paris de 1856 (linha azul clara) e depois do Tratado de Berlim de 1878 
(linha vermelha). 
A guerra terminou com a assinatura do tratado de Paris de 30 de março de 1856. Pelos 
seus termos, o novo Czar, Alexandre II da Rússia, devolvia o sul da Bessarábia e a 
embocadura do rio Danúbio para a Turquia e a Moldávia, renunciava a qualquer 
pretensão sobre os Balcãs e ficava proibido de manter bases ou forças navais no mar 
Negro. 
Por outro lado, a Turquia representada por Aali-pachà ou Meliemet Emin era admitida 
na comunidade das potências europeias, tendo o sultão se comprometido a tratar seus 
súditos cristãos de acordo com as leis europeias. A Valáquia e a Sérvia passaram a estar 
sob protecção internacional. 
 
Novas hostilidades 
Na Conferência de Londres (1875), a Rússia obteve o direito de livre trânsito nos 
estreitos de Bósforo e Dardanelos; em 1877, iniciou nova guerra contra a Turquia, 
invadindo os Balcãs em consequência da repressão turca a revoltas de eslavos 
balcânicos. Diante da oposição das grandes potências, os russos recuaram outra vez. O 
Congresso de Berlim (1878), consagrou a independência dos Estados balcânicos e as 
perdas turcas de Chipre, para o Reino Unido, da Arménia e parte do território asiático 
para a Rússia e da Bósnia e Herzegovina para o Império Austro-Húngaro. Em 1895 o 
Reino Unido apresentou um plano de partilha da Turquia, rechaçado pela Alemanha, 
que preferia garantir para si concessões ferroviárias. Nos Bálcãs, no início do século 
XX, o crescente nacionalismo eslavo contra a presença turca levou a região à primeira 
das Guerras Balcânicas. 
 
CURIOSIDADES 
 A Guerra da Criméia, apesar de ter sido um conflito de grandes proporções, é um evento 
histórico pouco lembrado. 
 
Cerca de 1.700.000 homens participaram da guerra (700.000 russos, 400.000 franceses, 
300.000 turcos, 250.000 britânicos, etc). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Grupo de soldados dos Coldstream Guards. Esta foto foi tirada em 1854, na localidade de 
Scutari. Este famoso regimento da Guarda britânica, assim como toda a Guarda, teve um 
desempenho excelente em várias batalhas desse conflito. 
 
------------------------------------------------------------------------------ 
 
 
Fotos de veteranos britânicos (batidas logo após o fim da guerra) 
 
1) 2) 3)
 
 
1) Sargento William McGregor dos Scots Fusilier Guards (regimento da Guarda britânica). 
2) Gaiteiro David Muir do 42º regimento Highlander (a famosa Black Watch). 
3) Sargento Gardiner do 42º regimento de Highlanders (Black Watch). 
 
Três soldados do 42º regimento de Highlanders (Black Watch) 
 
 
 
 
Cabo do 95º regimento de Rifles 
 
 
 
 
Abaixo, o 95º de Rifles em ação durante a batalha de Alma. 
 
 
Grupo de oficiais e soldados do 93º Regimento de infantaria (Sutherland Highlanders). Foto 
batida na Criméia em 1854. 
 
 
 
 
1) 2) 
 
1) Um Sargento da Artilharia Real. 
2) Sargento-Major Bailey dos Royal Dragoons (cavalaria pesada). 
 
A Guerra da Criméia tem um fato muito importante para os historiadores: foi o primeiro 
conflito que foi documentado através de fotografia, através do trabalho de um pioneiro 
chamado Roger Fenton,enviado pelo império britânico e considerado o primeiro 
correspondente de guerra da história. 
Também foi uma guerra onde mais gente morreu de cólera do que pelo fogo inimigo... 
Cderado o primeiro fotógrafo de foi enviado pelo governo britânico como fotógrafo oficial para a 
Guerra da Criméia em 1855. 
 
Bem, isso sem falar na lendária "Carga da Brigada Ligeira", imortalizada pelo poema de 
Alfred Tennyson. 
 
Abaixo, os sobreviventes da triste carga, fotografados alguns meses depois da guerra: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este orgulhoso soldado na foto abaixo é um dos sobreviventes da "carga da brigada ligeira". 
Corneteiro Henry John Wilkin do 11º de Hussardos. A foto foi batida meses após a carga. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CARGA DA CAVALARIALIGEIRA 
Este acontecimento é descrito como um dos episódios mais heróicos ou mais 
desastrosos de toda a história militar britânica. Lord James Cardigan realiza uma carga 
de cavalaria da Brigada Ligeira contra a bem defendida artilharia russa durante a 
Guerra da Crimeia. Os britânicos ultrapassariam a Batalha de Balaclava quando 
Cardigan recebeu a ordem de atacar os russos, chefiados por Pavel Liprandi. A sua 
cavalaria carregou sobre os inimigos sem hesitar, mas foi dizimada pelas armas pesadas 
dos russos, sofrendo 40% de baixas em poucos minutos. Posteriormente, soube-se que 
a ordem foi o resultado de um erro (uma ordem que não foi dada intencionalmente). 
Lord Cardigan, que sobreviveu à carga, foi considerado um herói nacional na Grã-
Bretanha. 
A Brigada Ligeira era formada pelo 4.º e 13.º Regimentos de Dragões Ligeiros, pelo 
17.º Regimento de Lanceiros, e pelos 8.º e 11.º Regimentos de Hussardos, às ordens do 
general Lord Cardigan. Carregaram junto com a Brigada Pesada, formada pelo 4.º 
Regimento de Dragões Irlandeses da Guarda, pelo 5.º Regimento de Dragões da 
Guarda, pelo 6º Regimento de Dragões de Inniskilling e pelo Scots Greys. Estas 
unidades eram as principais forças de cavalaria britânicas no campo de batalha. O 
comando da cavalaria recaía em Lord Lucan. 
Lucan recebeu uma ordem do comandante-chefe do exército, Lord Raglan, indicando 
que «Lord Raglan deseja que a cavalaria avance rapidamente para diante, persiga o 
inimigo, e tente impedir que retire os seus canhões. A artilharia montada pode 
acompanhá-la. A cavalaria francesa encontra-se à sua direita. Imediatamente.». Quem 
levava a ordem era o capitão Nolan, que talvez tenha transmitido informações 
complementares de viva voz. 
Como resposta à ordem, Cardigan dirigiu 673 (ou 661)cavalarianos diretamente através 
do vale existente no sopé da colina de Fedyukhin, e que mais tarde o poeta Alfred 
Tennyson denominaria vale da morte. As tropas russas, sob comando de Pavel 
Liprandi, eram formadas por aproximadamente 20 batalhões de infantaria com o apoio 
de mais de cinquenta peças de artilharia. Tais forças estavam distribuídas de ambos os 
lados e no fundo do vale. 
Parece que a ordem de Cardigan se referia à massa de canhões russos existentes num 
reduto no fundo do vale, aproximadamente 1,5 km mais longe, enquanto Raglan terá 
percebido que se referia a um grupo de redutos na outra vertente da colina que formava 
 
 
Uma vista recente do «vale da morte», onde a carga teve lugar. Hoje é ocupado por 
vinhas, mas era campo aberto em 1854. 
 
 
o lado esquerdo do vale. Aqueles não eram visíveis desde as posições ocupadas pela 
Brigada Ligeira, colocada no fundo do vale. 
A brigada alcançou o contato com as forças russas do fundo do vale, e obrigou-as a 
fugir do reduto. Sofreu fortes perdas, e foi rapidamente obrigada a recolocar-se. Lucan 
fracassou na sua missão de apoiar Cardigan, e alguns suspeitam que isso se devia à 
animosidade que sentia contra o seu cunhado: a Brigada Pesada alcançou o vale, mas 
não avançou mais. A cavalaria francesa, os Caçadores de África, foram mais eficazes 
já que romperam a linha russa da colina de Fedyukin e cobriram os sobreviventes da 
Brigada Ligeira durante a sua retirada. 
Cardigan sobreviveu, e descreveria o combate num discurso na Mansion House, em 
Londres, que foi registado e amplamente citado posteriormente na Câmara dos 
Comuns: 
«Avançámos por uma encosta gradual de mais de um quilómetro, as baterias 
vomitavam sobre nós obuses e metralha, com uma bateria à nossa esquerda e 
outra à nossa direita, e o espaço intermédio cheio de fuzis russos; assim, 
quando chegámos a 50 metros da boca dos canhões que tinham lançado a 
destruição sobre nós, estávamos, de facto, rodeados por um muro de fogo, além 
do dos fuzis no nosso flanco.
[2]
 
Enquanto subíamos a colina, o fogo oblíquo da artilharia caía sobre a nossa 
retaguarda, de tal modo que recebíamos um forte fogo sobre a vanguarda, os 
flancos e a retaguarda. Entrámos no espaço da bateria, atravessámo-la, os dois 
regimentos à cabeça ferindo um grande número de artilheiros russos ao passar. 
Nos dois regimentos que tive a honra de dirigir, cada oficial, com uma única 
exceção, foi ou bem ferido, ou morto, ou viu o cavalo que montava morto ou 
ferido. Estes regimentos passaram, seguidos pela segunda linha, formada por 
dois regimentos suplementares, que seguiram o seu dever de ferir os artilheiros 
russos. 
Depois veio a terceira linha, formada por outro Regimento, que completou o 
trabalho dado à nossa Brigada. Creio que se fez com verdadeiro êxito, e o 
resultado foi que esse corpo, formado por apenas 670 homens 
aproximadamente, conseguiu atravessar a massa da cavalaria russa que — 
como soubemos posteriormente — dispunha de 5240 homens; e tendo 
atravessado esta massa, deram a volta, como se diz na nossa expressão técnica 
militar, «ao fundo de tudo», e retiraram-se do mesmo modo, provocando tantos 
danos como era possível na cavalaria inimiga. De regresso à colina de qual 
havia partido o ataque, tivemos que sofrer a mesma mão-de-ferro e padecer o 
mesmo risco de disparos dos atiradores no nosso flanco que na ida. Muitos dos 
nossos homens foram atingidos, homens e cavalgaduras resultaram mortos, e 
muitos dos homens cujas montadas morreram foram massacrados quando 
tentavam escapar. 
Mas, mylord, qual foi o sentimento destes valentes que regressaram à sua 
posição, se de cada regimento não voltou senão um pequeno destacamento, e 
dois terços dos efetivos implicados na ação se tinham perdido?. Creio que cada 
homem que participou neste desastroso assunto de Balaclava, e que teve a 
bastante sorte para continuar com vida, deve notar que foi somente por um 
decreto da Divina Providência que escapou à morte mais certa que era possível 
conceber». 
Consequências 
 
 
Oficiais e soldados sobreviventes da carga, poucos meses depois da batalha. 
 
 
O «Vale da morte», onde a batalha teve lugar, fotografado por Roger Fenton em 1855. 
A brigada não ficou completamente destruída, embora sofresse terríveis perdas: 118 
mortos, 127 feridos, e a perda de 362 cavalos. Depois de serem reagrupados, apenas 
195 homens dispunham de cavalo. A futilidade da ação e a sua bravura imprudente 
fizeram afirmar o general francês Pierre Joseph François Bosquet: «É magnífico, mas 
isso não é a guerra». Diz-se que os chefes russos acreditavam a princípio que os 
ginetes tinham abusado da bebida. A reputação da cavalaria britânica melhorou 
notavelmente com esta carga, embora o mesmo não se possa dizer do seu comando. 
O jornalista irlandês William Howard Russell, presente no local do combate, 
apresentou na época a seguinte informação acerca dos efetivos e perdas da Brigada 
Ligeira nessa batalha: 
 4º Dragões Ligeiros - total 118 - perdas 79 
 13º Dragões Ligeiros - total 130 - perdas 69 
 8º Hussardos - total 104 - perdas 66 
 11º Hussardos - total 110 - perdas 85 
 17º Lanceiros - total 145 - perdas 110 
o Total - 607 sabres - perdas 409 
A lentidão das comunicações marítimas fez com que as notícias do desastre não 
chegassem ao conhecimento do público britânico senão três semanas depois. Os relatos 
da frente dos chefes britânicos publicaram-se numa edição extraordinária da London 
Gazette em 12 de novembro de 1854. Raglan implica Lucan pela carga, declarando que 
«Por sua incompreensão da ordem de avanço, o tenente-general (Lucan) considerou 
que devia atacar a qualquer preço, e ordenou o major-general Cardigan avançar com 
a Brigada Ligeira». 
 
 
Outro evento pouco conhecido da batalha de Balaclava é a carga da cavalaria francesa emauxílio dos seus colegas britânicos. 
 
A famosa "carga da brigada ligeira" britânica tinha alcançado as baterias russas no fim do vale 
e, após contra-ataque da cavalaria russa, estava iniciando o seu recuo. Assim como na ida, 
eles teriam que enfrentar o fogo da artilharia russa posicionada em ambos os lados do vale. 
As baterias russas estavam posicionadas em pequenas colinas e o fogo cruzado produzido por 
elas seria devastador para a cavalaria britânica que recuava lentamente. Elas eram apoiadas 
por alguma infantaria russa. 
 
Um regimento de Chasseurs d'Afrique (unidades de cavalaria leve francesas que lutavam na 
África), o 1º regimento de Chasseurs d'Afrique, lançou uma carga de cavalaria contra uma 
dessas baterias. O destemido ataque colocou fora de ação a bateria russa. Pelo menos aquela 
bateria não iria incomodar o recuo da exausta cavalaria britânica. 
 
Todos que observaram de longe a carga ficaram admirados com a audácia e bravura dos 
franceses, inclusive os britânicos. O curioso é que durante décadas quase nenhum historiador 
britânico mencionou a ajuda da cavalaria francesa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Abaixo, o famoso pintor francês Philippoteaux mostra a carga dos chasseurs d'Afrique. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Chasseurs d'Afrique fotografados durante a Guerra da Criméia 
 
 
 
 
 
 
Eles podiam atuar em várias funções: cavalaria, infantaria montada (desmontavam para 
atuar como infantaria), operações anti-guerrilha, etc. Eram soldados de elite. 
 
 
 
 
 
 
 
 BATALHA(CERCO) DE SEBASTOPOL 
O cerco de Sebastopol, mas não a guerra toda, foi realmente o prelúdio do que estava por 
vir. 
 
Ambos os lados começaram a cavar sistemas de trincheiras (e fortificações) muito elaboradas 
ao redor de Sebastopol. Essa guerra de trincheiras durou um ano, de setembro de 1854 até 
setembro de 1855. Nesse meio tempo, ocorreram muitas tentativas de avanço de ambos os 
lados (muitos combates ferozes em média escala) e bombardeio constante. 
 
A diferença é que ainda não existiam armas automáticas e a artilharia iria se tornar muito 
mais eficiente nas décadas seguintes. Assim sendo, ainda era possível avançar de peito 
aberto com alguma chance de sucesso. Claro que o preço em vidas não seria barato. E olha 
que naquele tempo os generais avançavam com os seus comandados. Era uma questão de 
bravura e honra. 
 
Abaixo, conheça alguns momentos importantes do cerco: 
 
 
 
Os aliados, franceses e ingleses, foram cavando trincheiras com o objetivo de chegar o mais 
perto possível das principais posições defensivas russas (Malakoff, Redan e o "Bastião da 
bandeira"). 
 
Em novembro de 1854, os franceses iniciaram a construção de uma mina/túnel embaixo do 
"Bastião da bandeira". Os russos descobriram e também iniciaram a construção de túneis para 
barrar a passagem dos franceses. Ferozes combates a curta distância aconteceram debaixo 
da terra. 
 
Ainda em novembro, a atenção dos franceses e russos ficou voltada para uma pequena colina 
em frente ao Malakoff. Essa colina chamava-se Mamelon. Eles lutaram pela posse do 
Mamelon até março de 1855, com os russos levando a melhor. Dezenas de pequenas batalhas 
intensas ocorreram até que os russos conseguissem conquistar a posição. O combate corpo a 
corpo era muito violento. 
 
Na noite de 22 de março de 1855, os russos lançaram 5.500 num ataque contra as unidades 
francesas que estavam imediatamente em frente ao Mamelon. Foram repelidos após corajosa 
resistência francesa. Os russos também atacaram outros pontos da linha aliada, sendo 
repelidos em todos os lugares. 
 
Após o miserável inverno de 1854/55, os aliados estavam querendo conquistar Sebastopol o 
mais rápido possível. Porém, não seria tão fácil... 
 
Em 8 de abril de 1855, os aliados, após terem reunido mais de 500 canhões (378 canhões 
franceses e 123 britânicos), iniciaram o bombardeio contra as defesas da cidade sitiada. 
Canhões dos mais diversos calibres, incluindo terríveis morteiros de sítio. Os russos 
responderam com pouco mais de 500 canhões. Após 10 dias de intenso bombardeio, as 
baterias russas estavam em péssimo estado e o total de baixas russas chegava a 6.000. O fogo 
da artilharia russa causou cerca de 1.600 baixas aliadas. 
 
Na noite de 21 de maio de 1855, franceses e russos lutaram selvagemente por um pequeno 
trecho de trincheira. O combate continuou na noite seguinte com os franceses conquistando 
a posição. O combate resultou em cerca de 600 baixas para cada lado. 
 
Na tarde de 6 de junho foi iniciado um pesado bombardeio por parte dos aliados. Cerca de 
540 canhões dispararam sem parar durante mais de 4 horas. A artilharia francesa, disparando 
do Monte Imkerman, mirava o Malakoff. As baterias britânicas atiravam contra o Malakof e o 
Redan. Os russos responderam novamente com mais de 500 canhões. 
 
As defesas russas foram muito castigadas, mas, miraculosamente, os russos conseguiram 
repará-las de madrugada. Os aliados retomaram o bombardeio no dia 7 de junho, novamente 
castigando as defesas russas. Às 18:30, os franceses lançaram um grande ataque contra o 
Mamelon. O ataque não conseguiu avançar muito, mas eles renovaram o avanço às 5:30 da 
manhã seguinte. Dessa vez, três colunas de zuavos, atiradores argelinos e caçadores a pé 
franceses, sob o comando do General Bosquet, conquistaram o Mamelon. Em seu entusiasmo, 
os franceses tentaram conquistar também o Malakoff, mas foram repelidos de volta ao 
Mamelon. Os franceses avançaram a sua linha até o Mamelon ao custo de 5.440 baixas. Nesse 
combate os russos sofreram cerca de 5.000 baixas. 
 
Os aliados tentaram atravessar as principais defesas russas em 17/18 de junho de 1855 
seguindo a mesma receita: bombardeio de preparo seguido por violento assalto de infantaria. 
 
O comandante do exército francês, General Pélissier, cometou dois erros capitais. Antes do 
ataque, ele substituiu o experiente e popular General Bosquet do comando do ataque por um 
General francês recém chegado a frente de batalha. Além disso, Pélissier dispensou o 
segundo bombardeio por pensar que as defesas russas já estavam acabadas. 
 
Os russos, novamente miraculosamente, refizeram as suas defesas na madrugada de 17 para 
18 de junho e acrescentaram muitas peças de artilharia para repelir o ataque da infantaria 
que certamente viria. Se o segundo bombardeio aliado fosse realizado, muitos desses 
canhões russos certamente estariam fora de ação. Não foi isso que aconteceu, pois o segundo 
bombardeio nunca aconteceu. Resultado... A infantaria aliada (os britânicos também 
atacaram) foi trucidada pelos canhões russos. 
 
Apenas os britânicos conseguiram um pequeno avanço. Uma brigada de infantaria britânica, 
composta de 2.000 soldados, conseguiu capturar alguns pequenos prédios e um cemitério! 
Eles permaneceram o dia inteiro nessa posição, sofrendo mais de 600 baixas. O comandante 
da brigada, General Eyre, foi seriamente ferido. Durante a noite, os engenheiros reais 
fortificaram o cemitério fazendo com que a posição fizesse parte da linha aliada. 
 
Nesse assalto, os franceses perderam 3.500 homens. Os britânicos perderam cerca de 1.500 
soldados e os russos mais de 5.400. 
 
Segundo os historiadores, os russos estavam perdendo mais de 1.500 pessoas (mulheres e 
crianças também) por dia no começo de junho devido aos bombardeios aliados e, também, as 
péssimas condições dentro da cidade. A cada dia que passava, as posições aliadas estavam 
chegando cada vez mais mais perto da principal linha defensiva russa. 
 
Os russos estavam ficando desesperados e decidiram lançar um ataque contra as posições 
francesas nas colinas Fedioukine. Essa seriaa última tentativa russa de desafogar o cerco. 
Resultou em derrota, os russos forma repelidos na batalha do rio Tchernaya Não havia mais 
escapatória para os russos. 
 
Finalmente no dia 8 de setembro, a resistência russa foi vencida. Os franceses capturaram o 
Malakoff, consolidando a sua posição naquele ponto. Agora, Sebastopol inteira estava ao 
alcance das baterias aliadas. 
 
A chave do sucesso foi a preparação, inteligência eficaz e a bravura dos soldados 
franceses. 
 
Os aliados bombardearam a linha russa durante 3 dias seguidos (5 a 7 de setembro). Além 
disso, os franceses haviam conseguido aproximar muito as suas trincheiras das posições 
russas. Mais importante ainda, os franceses descobriram que os russos trocavam as 
guarnições na região do Malakoff por volta do meio dia. Os russos retiravam a "velha" 
guarnição antes de trazer a "nova" guarnição. 
 
 
Os franceses lançaram o ataque justamente durante essa troca. Conseguiram avançar com 
pouca oposição, evitando o fogo mortal da maioria dos canhões russos. Em pouco tempo, já 
estavam dentro das defesas russas. Logo depois, o bicho pegou pra valer. Os russos 
trouxeram reforços e a luta no interior da posição foi muito violenta. 
 
Uma luta selvagem reinou do meio dia até às 4 horas da tarde, quando finalmente os 
franceses conseguiram conquistar a posição. O zuavo francês Eugene Libaut instalou a 
bandeira francesa no topo da posição conquistada. 
 
A perda do Malakoff, posição dominante da área de Sebastopol, provocou a retirada dos 
russos. Eles não teriam mais como defender a cidade. Assim sendo, a queda do Malakoff 
marcou efetivamente o fim do cerco de Sebastopol. 
 
Os ingleses atacaram o Redan, outra posição chave da defesa russa, mas não obtiveram 
sucesso. 
 
No ataque final, os franceses sofreram 7.567 baixas (perdendo 5 generais mortos ou feridos). 
Os britânicos sofreram 2.271 baixas. Os russos perderam 12.913 homens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estas fotos foram batidas algumas semanas após a conquista da posição. Em algumas delas é 
possível avistar a cidade de Sebastopol ao fundo.Notem na primeira foto o canhão..é um 
canhão NAVAL!!! 
 
 
 
 
 
BATALHA DE MALAKOFF (O ASSALTO FINAL E DECISIVO CONTRA SEBASTOPOL) 
 
O ataque final contra Sebastopol ocorreu em 8 de setembro de 1855. Malakoff (ou torre 
Malakoff) era a principal posição defensiva russa, era o ponto chave das defesas de 
Sebastopol. 
 
Os franceses, sob o comando do General MacMahon, deixaram as suas trincheiras e lançaram 
um ataque devastador contra as trincheiras russas. Quando os franceses já estavam entrando 
na posição russa, os russos emergiram do interior do bastião para tentar repelir o atacante. 
 
Uma luta selvagem reinou do meio dia até às 4 horas da tarde, quando finalmente os 
franceses conseguiram conquistar a posição. O zuavo francês Eugene Libaut instalou a 
bandeira francesa no topo da posição conquistada. 
 
A perda do Malakoff, posição dominante da área de Sebastopol, provocou a retirada dos 
russos. Eles não teriam mais como defender a cidade. Assim sendo, a queda do Malakoff 
marcou o fim do cerco de Sebastopol. A guerra estava efetivamente encerrada. 
 
Os ingleses atacaram o Redan, outra posição chave da defesa russa, mas não obtiveram 
sucesso. 
 
No ataque final, os franceses sofreram 7.567 baixas (perdendo 5 generais mortos ou feridos). 
Os britânicos sofreram 2.271 baixas. Os russos perderam 12.913 homens. 
 
O General MacMahon liderou o ataque, tendo a frente o 1º Regimento de Zuavos. Um 
brasileiro era tenente desse excelente regimento e, infelizmente, acabou morrendo nesse 
combate. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Generais MacMahon e Bosquet pouco antes de liderarem o ataque contra o Malakoff (o 1º 
de Zuavos está ao redor deles) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Durante a batalha 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
General Bosquet seriamente ferido (ele está na maca) 
 
 
Apesar de muitos erros cometidos de ambos os lados, o exército francês saiu da guerra com a 
reputação de melhor da Europa e, assim sendo, o melhor do mundo. A vitória contra os 
austríacos em 1859 confirmou essa reputação. Em 1860, um estudo do Parlamento inglês 
chegou a mesma conclusão. Os franceses carregaram essa fama até 1870-71 quando foram 
derrotados pelos prussianos e aliados alemães. 
 
O curioso é que a campanha prussiana não foi assim tão espetacular como alguns pensam. 
Moltke, o comandante prussiano em pessoa, publicou um estudo sobre a Guerra Franco-
Prussiana no qual ele aponta uma série de falhas dos comandantes alemães. Se os franceses 
tivessem modernizado a sua artilharia e contassem com um sistema de comando e controle 
mais eficaz, as coisas teriam sido mais complicadas para os alemães. A falta de comandantes 
de exército capazes também prejudicou muito a campanha francesa. 
 
Napoleão III tentou implementar um programa de modernização da artilharia, porém o 
Congresso francês não liberou a verba para que tal programa fosse iniciado. Custaria muito 
caro e o orçamento do exército teria estourado. Os franceses possuíam o Chassepot, o 
melhor fuzil do mundo em 1870, mas a artilharia prussiana era muito superior e isso fez a 
diferença. A artilharia prussiana salvou a situação em muitos momentos críticos. 
 
Moltke, no seu estudo, aponta algumas falhas graves dos alemães, entre elas: linhas de 
suprimentos no limite, falhas táticas de comandantes de divisão, comandantes de Corpos e 
até de Exército (desperdiçando os soldados em ataques frontais e, pior ainda, utilizando a 
formação errada), etc. 
 
A falta de iniciativa do Marechal Bazaine na batalha de Mars-la-Tour (Rezonville) custou aos 
franceses uma grande vitória. Ele poderia ter flanqueado os prussianos com certa facilidade, 
uma vez que estava em grande vantagem numérica. Ele deixou quase toda Guarda Imperial 
francesa na reserva como meros observadores. Se tivesse tomado a decisão correta, Bazaine 
poderia ter aniquilado dois Corpos prussianos inteiros. 
 
 
 
 
 
Abaixo,r parte do Panorama "Cerco de Sebastopol" pintado por Franz Roubaud (obra 
apresentada em 1905). 
 
 
 
 
 A BATALHA DE BALACLAVA 
 
A Batalha de Balaclava foi uma batalha da Guerra da Crimeia, travada entre o 
Império Russo e a coligação anglo-franco-otomana, à qual se juntaria, depois da 
batalha, o Reino da Sardenha. Foi travada em 25 de outubro de 1854, em Balaclava, na 
margem do Mar Negro e foi o segundo maior confronto durante este conflito (1854-
1856). O seu resultado tem sido visto ou como uma vitória pírrica dos aliados ou como 
um empate não-decisivo no decurso da guerra. 
Os aliados decidiram-se por não fazer um assalto imediato a Sebastopol e prepararam-
se para um cerco prolongado - que duraria doze meses. Os britânicos, sob comando de 
Lord Raglan, e os franceses, sob orientação de Canrobert, posicionaram as suas tropas a 
sul do porto do Quersoneso: o exército francês ocupou Kamiesh na costa ocidental, e os 
britânicos foram para Balaclava, a sul. Todavia, esta posição forçou os britânicos a 
defender o flanco direito das operações de cerco aliadas, para o qual Raglan dispunha 
de poucas tropas. Tirando vantagem da sua exposição, o general russo Pavel Liprandi, 
com os seus 25 000 homens,
[2]
 preparou-se para atacar as defesas em Balaclava e 
arredores, desejando destruir a cadeia de abastecimentos entre a base britânica e as 
linhas de cerco. 
Concepção artística do embate em Balaclava

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