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A guerra da Criméia A Guerra da Crimeia foi um conflito que se estendeu de 1853 a 1856, na península da Crimeia (no mar Negro, ao sul da atual Ucrânia), no sul da Rússia e nos Bálcãs. Envolveu, de um lado o Império Russo e, de outro, uma coligação integrada pelo Reino Unido, a França, o Piemonte-Sardenha (na actual Itália) - formando a Aliança Anglo- Franco-Sarda - e o Império Turco-Otomano (actual Turquia). Esta coalizão, que contou ainda com o apoio do Império Austríaco, foi formada como reacção às pretensões expansionistas russas. A frota russa destrói a flotilha turca na Batalha de Sinop. Desde o fim do século XVIII os russos tentavam aumentar a sua influência nos Balcãs, região entre o mar Negro e o mar Mediterrâneo. Em 1853, o Czar Nicolau I invocou o direito de proteger os lugares santos dos cristãos em Jerusalém, então parte do Império Turco. Sob esse pretexto as suas tropas invadiram os principados otomanos do Danúbio (Moldávia e Valáquia, na atual Roménia). O sultão da Turquia, contando com o apoio do Reino Unido e da França, rejeitou as pretensões do Czar, declarando guerra à Rússia. Mediante a declaração de guerra, a frota russa destruiu a frota turca na Batalha de Sinop. Zuavos franceses e soldados russos enfrentam-se na torre Malakoff durante a Batalha de Sebastopol. O Reino Unido, sob a rainha Vitória, temia que uma possível queda de Constantinopla diante das tropas russas lhe pudesse retirar o controle estratégico dos estreitos de Bósforo e Dardanelos, cortando-lhe as comunicações com a Índia. Por outro lado, Napoleão III de França mostrava-se ansioso para mostrar que era o legítimo sucessor de seu tio, Napoleão I. Mediante a derrota naval dos turcos, ambas declararam guerra à Rússia no ano seguinte, seguidos pelo Piemonte-Sardenha (governado por Vítor Emanuel II e o seu primeiro-ministro Cavour). Em troca, os turcos permitiriam a entrada de capitais ocidentais na Turquia. O cerco de Sebastopol (Franz Roubaud - 1904). O conflito iniciou-se efetivamente em Março de 1854. Em Agosto, a Turquia, com o auxílio de seus aliados, já havia expulsado os invasores dos Balcãs. De forma a encerrar definitivamente o conflito, as frotas dos aliados convergiram sobre a península da Crimeia, desembarcando tropas a 16 de Setembro de 1854, iniciando o bloqueio naval e o cerco terrestre à cidade portuária fortificada de Sevastopol, sede da frota russa no mar Negro. Embora a Rússia tenha sido vencida em batalhas como a de Balaklava e em Inkerman, o conflito arrastou-se com a recusa da Rússia em aceitar os termos de paz. Entre as principais batalhas desta fase da campanha registam-se: Campo militar na Batalha de Balaclava, uma batalha fundamental da Guerra da Crimeia batalha do rio Alma; batalha de Balaclava (imortalizada por Alfred Tennyson no poema A carga da brigada ligeira); e a batalha de Inkerman. Durante o cerco a Sevastopol a doença cobrou um pesado tributo às tropas britânicas e francesas, tendo se destacado o heróico esforço de Florence Nightingale dirigindo o atendimento hospitalar de campanha. A praça-forte, em ruínas, só caiu um ano mais tarde, em Setembro de 1855. O Tratado de Paris Mapa da península balcânica mostrando as fronteiras do império turco otomano depois do tratado de Paris de 1856 (linha azul clara) e depois do Tratado de Berlim de 1878 (linha vermelha). A guerra terminou com a assinatura do tratado de Paris de 30 de março de 1856. Pelos seus termos, o novo Czar, Alexandre II da Rússia, devolvia o sul da Bessarábia e a embocadura do rio Danúbio para a Turquia e a Moldávia, renunciava a qualquer pretensão sobre os Balcãs e ficava proibido de manter bases ou forças navais no mar Negro. Por outro lado, a Turquia representada por Aali-pachà ou Meliemet Emin era admitida na comunidade das potências europeias, tendo o sultão se comprometido a tratar seus súditos cristãos de acordo com as leis europeias. A Valáquia e a Sérvia passaram a estar sob protecção internacional. Novas hostilidades Na Conferência de Londres (1875), a Rússia obteve o direito de livre trânsito nos estreitos de Bósforo e Dardanelos; em 1877, iniciou nova guerra contra a Turquia, invadindo os Balcãs em consequência da repressão turca a revoltas de eslavos balcânicos. Diante da oposição das grandes potências, os russos recuaram outra vez. O Congresso de Berlim (1878), consagrou a independência dos Estados balcânicos e as perdas turcas de Chipre, para o Reino Unido, da Arménia e parte do território asiático para a Rússia e da Bósnia e Herzegovina para o Império Austro-Húngaro. Em 1895 o Reino Unido apresentou um plano de partilha da Turquia, rechaçado pela Alemanha, que preferia garantir para si concessões ferroviárias. Nos Bálcãs, no início do século XX, o crescente nacionalismo eslavo contra a presença turca levou a região à primeira das Guerras Balcânicas. CURIOSIDADES A Guerra da Criméia, apesar de ter sido um conflito de grandes proporções, é um evento histórico pouco lembrado. Cerca de 1.700.000 homens participaram da guerra (700.000 russos, 400.000 franceses, 300.000 turcos, 250.000 britânicos, etc). Grupo de soldados dos Coldstream Guards. Esta foto foi tirada em 1854, na localidade de Scutari. Este famoso regimento da Guarda britânica, assim como toda a Guarda, teve um desempenho excelente em várias batalhas desse conflito. ------------------------------------------------------------------------------ Fotos de veteranos britânicos (batidas logo após o fim da guerra) 1) 2) 3) 1) Sargento William McGregor dos Scots Fusilier Guards (regimento da Guarda britânica). 2) Gaiteiro David Muir do 42º regimento Highlander (a famosa Black Watch). 3) Sargento Gardiner do 42º regimento de Highlanders (Black Watch). Três soldados do 42º regimento de Highlanders (Black Watch) Cabo do 95º regimento de Rifles Abaixo, o 95º de Rifles em ação durante a batalha de Alma. Grupo de oficiais e soldados do 93º Regimento de infantaria (Sutherland Highlanders). Foto batida na Criméia em 1854. 1) 2) 1) Um Sargento da Artilharia Real. 2) Sargento-Major Bailey dos Royal Dragoons (cavalaria pesada). A Guerra da Criméia tem um fato muito importante para os historiadores: foi o primeiro conflito que foi documentado através de fotografia, através do trabalho de um pioneiro chamado Roger Fenton,enviado pelo império britânico e considerado o primeiro correspondente de guerra da história. Também foi uma guerra onde mais gente morreu de cólera do que pelo fogo inimigo... Cderado o primeiro fotógrafo de foi enviado pelo governo britânico como fotógrafo oficial para a Guerra da Criméia em 1855. Bem, isso sem falar na lendária "Carga da Brigada Ligeira", imortalizada pelo poema de Alfred Tennyson. Abaixo, os sobreviventes da triste carga, fotografados alguns meses depois da guerra: Este orgulhoso soldado na foto abaixo é um dos sobreviventes da "carga da brigada ligeira". Corneteiro Henry John Wilkin do 11º de Hussardos. A foto foi batida meses após a carga. A CARGA DA CAVALARIALIGEIRA Este acontecimento é descrito como um dos episódios mais heróicos ou mais desastrosos de toda a história militar britânica. Lord James Cardigan realiza uma carga de cavalaria da Brigada Ligeira contra a bem defendida artilharia russa durante a Guerra da Crimeia. Os britânicos ultrapassariam a Batalha de Balaclava quando Cardigan recebeu a ordem de atacar os russos, chefiados por Pavel Liprandi. A sua cavalaria carregou sobre os inimigos sem hesitar, mas foi dizimada pelas armas pesadas dos russos, sofrendo 40% de baixas em poucos minutos. Posteriormente, soube-se que a ordem foi o resultado de um erro (uma ordem que não foi dada intencionalmente). Lord Cardigan, que sobreviveu à carga, foi considerado um herói nacional na Grã- Bretanha. A Brigada Ligeira era formada pelo 4.º e 13.º Regimentos de Dragões Ligeiros, pelo 17.º Regimento de Lanceiros, e pelos 8.º e 11.º Regimentos de Hussardos, às ordens do general Lord Cardigan. Carregaram junto com a Brigada Pesada, formada pelo 4.º Regimento de Dragões Irlandeses da Guarda, pelo 5.º Regimento de Dragões da Guarda, pelo 6º Regimento de Dragões de Inniskilling e pelo Scots Greys. Estas unidades eram as principais forças de cavalaria britânicas no campo de batalha. O comando da cavalaria recaía em Lord Lucan. Lucan recebeu uma ordem do comandante-chefe do exército, Lord Raglan, indicando que «Lord Raglan deseja que a cavalaria avance rapidamente para diante, persiga o inimigo, e tente impedir que retire os seus canhões. A artilharia montada pode acompanhá-la. A cavalaria francesa encontra-se à sua direita. Imediatamente.». Quem levava a ordem era o capitão Nolan, que talvez tenha transmitido informações complementares de viva voz. Como resposta à ordem, Cardigan dirigiu 673 (ou 661)cavalarianos diretamente através do vale existente no sopé da colina de Fedyukhin, e que mais tarde o poeta Alfred Tennyson denominaria vale da morte. As tropas russas, sob comando de Pavel Liprandi, eram formadas por aproximadamente 20 batalhões de infantaria com o apoio de mais de cinquenta peças de artilharia. Tais forças estavam distribuídas de ambos os lados e no fundo do vale. Parece que a ordem de Cardigan se referia à massa de canhões russos existentes num reduto no fundo do vale, aproximadamente 1,5 km mais longe, enquanto Raglan terá percebido que se referia a um grupo de redutos na outra vertente da colina que formava Uma vista recente do «vale da morte», onde a carga teve lugar. Hoje é ocupado por vinhas, mas era campo aberto em 1854. o lado esquerdo do vale. Aqueles não eram visíveis desde as posições ocupadas pela Brigada Ligeira, colocada no fundo do vale. A brigada alcançou o contato com as forças russas do fundo do vale, e obrigou-as a fugir do reduto. Sofreu fortes perdas, e foi rapidamente obrigada a recolocar-se. Lucan fracassou na sua missão de apoiar Cardigan, e alguns suspeitam que isso se devia à animosidade que sentia contra o seu cunhado: a Brigada Pesada alcançou o vale, mas não avançou mais. A cavalaria francesa, os Caçadores de África, foram mais eficazes já que romperam a linha russa da colina de Fedyukin e cobriram os sobreviventes da Brigada Ligeira durante a sua retirada. Cardigan sobreviveu, e descreveria o combate num discurso na Mansion House, em Londres, que foi registado e amplamente citado posteriormente na Câmara dos Comuns: «Avançámos por uma encosta gradual de mais de um quilómetro, as baterias vomitavam sobre nós obuses e metralha, com uma bateria à nossa esquerda e outra à nossa direita, e o espaço intermédio cheio de fuzis russos; assim, quando chegámos a 50 metros da boca dos canhões que tinham lançado a destruição sobre nós, estávamos, de facto, rodeados por um muro de fogo, além do dos fuzis no nosso flanco. [2] Enquanto subíamos a colina, o fogo oblíquo da artilharia caía sobre a nossa retaguarda, de tal modo que recebíamos um forte fogo sobre a vanguarda, os flancos e a retaguarda. Entrámos no espaço da bateria, atravessámo-la, os dois regimentos à cabeça ferindo um grande número de artilheiros russos ao passar. Nos dois regimentos que tive a honra de dirigir, cada oficial, com uma única exceção, foi ou bem ferido, ou morto, ou viu o cavalo que montava morto ou ferido. Estes regimentos passaram, seguidos pela segunda linha, formada por dois regimentos suplementares, que seguiram o seu dever de ferir os artilheiros russos. Depois veio a terceira linha, formada por outro Regimento, que completou o trabalho dado à nossa Brigada. Creio que se fez com verdadeiro êxito, e o resultado foi que esse corpo, formado por apenas 670 homens aproximadamente, conseguiu atravessar a massa da cavalaria russa que — como soubemos posteriormente — dispunha de 5240 homens; e tendo atravessado esta massa, deram a volta, como se diz na nossa expressão técnica militar, «ao fundo de tudo», e retiraram-se do mesmo modo, provocando tantos danos como era possível na cavalaria inimiga. De regresso à colina de qual havia partido o ataque, tivemos que sofrer a mesma mão-de-ferro e padecer o mesmo risco de disparos dos atiradores no nosso flanco que na ida. Muitos dos nossos homens foram atingidos, homens e cavalgaduras resultaram mortos, e muitos dos homens cujas montadas morreram foram massacrados quando tentavam escapar. Mas, mylord, qual foi o sentimento destes valentes que regressaram à sua posição, se de cada regimento não voltou senão um pequeno destacamento, e dois terços dos efetivos implicados na ação se tinham perdido?. Creio que cada homem que participou neste desastroso assunto de Balaclava, e que teve a bastante sorte para continuar com vida, deve notar que foi somente por um decreto da Divina Providência que escapou à morte mais certa que era possível conceber». Consequências Oficiais e soldados sobreviventes da carga, poucos meses depois da batalha. O «Vale da morte», onde a batalha teve lugar, fotografado por Roger Fenton em 1855. A brigada não ficou completamente destruída, embora sofresse terríveis perdas: 118 mortos, 127 feridos, e a perda de 362 cavalos. Depois de serem reagrupados, apenas 195 homens dispunham de cavalo. A futilidade da ação e a sua bravura imprudente fizeram afirmar o general francês Pierre Joseph François Bosquet: «É magnífico, mas isso não é a guerra». Diz-se que os chefes russos acreditavam a princípio que os ginetes tinham abusado da bebida. A reputação da cavalaria britânica melhorou notavelmente com esta carga, embora o mesmo não se possa dizer do seu comando. O jornalista irlandês William Howard Russell, presente no local do combate, apresentou na época a seguinte informação acerca dos efetivos e perdas da Brigada Ligeira nessa batalha: 4º Dragões Ligeiros - total 118 - perdas 79 13º Dragões Ligeiros - total 130 - perdas 69 8º Hussardos - total 104 - perdas 66 11º Hussardos - total 110 - perdas 85 17º Lanceiros - total 145 - perdas 110 o Total - 607 sabres - perdas 409 A lentidão das comunicações marítimas fez com que as notícias do desastre não chegassem ao conhecimento do público britânico senão três semanas depois. Os relatos da frente dos chefes britânicos publicaram-se numa edição extraordinária da London Gazette em 12 de novembro de 1854. Raglan implica Lucan pela carga, declarando que «Por sua incompreensão da ordem de avanço, o tenente-general (Lucan) considerou que devia atacar a qualquer preço, e ordenou o major-general Cardigan avançar com a Brigada Ligeira». Outro evento pouco conhecido da batalha de Balaclava é a carga da cavalaria francesa emauxílio dos seus colegas britânicos. A famosa "carga da brigada ligeira" britânica tinha alcançado as baterias russas no fim do vale e, após contra-ataque da cavalaria russa, estava iniciando o seu recuo. Assim como na ida, eles teriam que enfrentar o fogo da artilharia russa posicionada em ambos os lados do vale. As baterias russas estavam posicionadas em pequenas colinas e o fogo cruzado produzido por elas seria devastador para a cavalaria britânica que recuava lentamente. Elas eram apoiadas por alguma infantaria russa. Um regimento de Chasseurs d'Afrique (unidades de cavalaria leve francesas que lutavam na África), o 1º regimento de Chasseurs d'Afrique, lançou uma carga de cavalaria contra uma dessas baterias. O destemido ataque colocou fora de ação a bateria russa. Pelo menos aquela bateria não iria incomodar o recuo da exausta cavalaria britânica. Todos que observaram de longe a carga ficaram admirados com a audácia e bravura dos franceses, inclusive os britânicos. O curioso é que durante décadas quase nenhum historiador britânico mencionou a ajuda da cavalaria francesa. Abaixo, o famoso pintor francês Philippoteaux mostra a carga dos chasseurs d'Afrique. Chasseurs d'Afrique fotografados durante a Guerra da Criméia Eles podiam atuar em várias funções: cavalaria, infantaria montada (desmontavam para atuar como infantaria), operações anti-guerrilha, etc. Eram soldados de elite. BATALHA(CERCO) DE SEBASTOPOL O cerco de Sebastopol, mas não a guerra toda, foi realmente o prelúdio do que estava por vir. Ambos os lados começaram a cavar sistemas de trincheiras (e fortificações) muito elaboradas ao redor de Sebastopol. Essa guerra de trincheiras durou um ano, de setembro de 1854 até setembro de 1855. Nesse meio tempo, ocorreram muitas tentativas de avanço de ambos os lados (muitos combates ferozes em média escala) e bombardeio constante. A diferença é que ainda não existiam armas automáticas e a artilharia iria se tornar muito mais eficiente nas décadas seguintes. Assim sendo, ainda era possível avançar de peito aberto com alguma chance de sucesso. Claro que o preço em vidas não seria barato. E olha que naquele tempo os generais avançavam com os seus comandados. Era uma questão de bravura e honra. Abaixo, conheça alguns momentos importantes do cerco: Os aliados, franceses e ingleses, foram cavando trincheiras com o objetivo de chegar o mais perto possível das principais posições defensivas russas (Malakoff, Redan e o "Bastião da bandeira"). Em novembro de 1854, os franceses iniciaram a construção de uma mina/túnel embaixo do "Bastião da bandeira". Os russos descobriram e também iniciaram a construção de túneis para barrar a passagem dos franceses. Ferozes combates a curta distância aconteceram debaixo da terra. Ainda em novembro, a atenção dos franceses e russos ficou voltada para uma pequena colina em frente ao Malakoff. Essa colina chamava-se Mamelon. Eles lutaram pela posse do Mamelon até março de 1855, com os russos levando a melhor. Dezenas de pequenas batalhas intensas ocorreram até que os russos conseguissem conquistar a posição. O combate corpo a corpo era muito violento. Na noite de 22 de março de 1855, os russos lançaram 5.500 num ataque contra as unidades francesas que estavam imediatamente em frente ao Mamelon. Foram repelidos após corajosa resistência francesa. Os russos também atacaram outros pontos da linha aliada, sendo repelidos em todos os lugares. Após o miserável inverno de 1854/55, os aliados estavam querendo conquistar Sebastopol o mais rápido possível. Porém, não seria tão fácil... Em 8 de abril de 1855, os aliados, após terem reunido mais de 500 canhões (378 canhões franceses e 123 britânicos), iniciaram o bombardeio contra as defesas da cidade sitiada. Canhões dos mais diversos calibres, incluindo terríveis morteiros de sítio. Os russos responderam com pouco mais de 500 canhões. Após 10 dias de intenso bombardeio, as baterias russas estavam em péssimo estado e o total de baixas russas chegava a 6.000. O fogo da artilharia russa causou cerca de 1.600 baixas aliadas. Na noite de 21 de maio de 1855, franceses e russos lutaram selvagemente por um pequeno trecho de trincheira. O combate continuou na noite seguinte com os franceses conquistando a posição. O combate resultou em cerca de 600 baixas para cada lado. Na tarde de 6 de junho foi iniciado um pesado bombardeio por parte dos aliados. Cerca de 540 canhões dispararam sem parar durante mais de 4 horas. A artilharia francesa, disparando do Monte Imkerman, mirava o Malakoff. As baterias britânicas atiravam contra o Malakof e o Redan. Os russos responderam novamente com mais de 500 canhões. As defesas russas foram muito castigadas, mas, miraculosamente, os russos conseguiram repará-las de madrugada. Os aliados retomaram o bombardeio no dia 7 de junho, novamente castigando as defesas russas. Às 18:30, os franceses lançaram um grande ataque contra o Mamelon. O ataque não conseguiu avançar muito, mas eles renovaram o avanço às 5:30 da manhã seguinte. Dessa vez, três colunas de zuavos, atiradores argelinos e caçadores a pé franceses, sob o comando do General Bosquet, conquistaram o Mamelon. Em seu entusiasmo, os franceses tentaram conquistar também o Malakoff, mas foram repelidos de volta ao Mamelon. Os franceses avançaram a sua linha até o Mamelon ao custo de 5.440 baixas. Nesse combate os russos sofreram cerca de 5.000 baixas. Os aliados tentaram atravessar as principais defesas russas em 17/18 de junho de 1855 seguindo a mesma receita: bombardeio de preparo seguido por violento assalto de infantaria. O comandante do exército francês, General Pélissier, cometou dois erros capitais. Antes do ataque, ele substituiu o experiente e popular General Bosquet do comando do ataque por um General francês recém chegado a frente de batalha. Além disso, Pélissier dispensou o segundo bombardeio por pensar que as defesas russas já estavam acabadas. Os russos, novamente miraculosamente, refizeram as suas defesas na madrugada de 17 para 18 de junho e acrescentaram muitas peças de artilharia para repelir o ataque da infantaria que certamente viria. Se o segundo bombardeio aliado fosse realizado, muitos desses canhões russos certamente estariam fora de ação. Não foi isso que aconteceu, pois o segundo bombardeio nunca aconteceu. Resultado... A infantaria aliada (os britânicos também atacaram) foi trucidada pelos canhões russos. Apenas os britânicos conseguiram um pequeno avanço. Uma brigada de infantaria britânica, composta de 2.000 soldados, conseguiu capturar alguns pequenos prédios e um cemitério! Eles permaneceram o dia inteiro nessa posição, sofrendo mais de 600 baixas. O comandante da brigada, General Eyre, foi seriamente ferido. Durante a noite, os engenheiros reais fortificaram o cemitério fazendo com que a posição fizesse parte da linha aliada. Nesse assalto, os franceses perderam 3.500 homens. Os britânicos perderam cerca de 1.500 soldados e os russos mais de 5.400. Segundo os historiadores, os russos estavam perdendo mais de 1.500 pessoas (mulheres e crianças também) por dia no começo de junho devido aos bombardeios aliados e, também, as péssimas condições dentro da cidade. A cada dia que passava, as posições aliadas estavam chegando cada vez mais mais perto da principal linha defensiva russa. Os russos estavam ficando desesperados e decidiram lançar um ataque contra as posições francesas nas colinas Fedioukine. Essa seriaa última tentativa russa de desafogar o cerco. Resultou em derrota, os russos forma repelidos na batalha do rio Tchernaya Não havia mais escapatória para os russos. Finalmente no dia 8 de setembro, a resistência russa foi vencida. Os franceses capturaram o Malakoff, consolidando a sua posição naquele ponto. Agora, Sebastopol inteira estava ao alcance das baterias aliadas. A chave do sucesso foi a preparação, inteligência eficaz e a bravura dos soldados franceses. Os aliados bombardearam a linha russa durante 3 dias seguidos (5 a 7 de setembro). Além disso, os franceses haviam conseguido aproximar muito as suas trincheiras das posições russas. Mais importante ainda, os franceses descobriram que os russos trocavam as guarnições na região do Malakoff por volta do meio dia. Os russos retiravam a "velha" guarnição antes de trazer a "nova" guarnição. Os franceses lançaram o ataque justamente durante essa troca. Conseguiram avançar com pouca oposição, evitando o fogo mortal da maioria dos canhões russos. Em pouco tempo, já estavam dentro das defesas russas. Logo depois, o bicho pegou pra valer. Os russos trouxeram reforços e a luta no interior da posição foi muito violenta. Uma luta selvagem reinou do meio dia até às 4 horas da tarde, quando finalmente os franceses conseguiram conquistar a posição. O zuavo francês Eugene Libaut instalou a bandeira francesa no topo da posição conquistada. A perda do Malakoff, posição dominante da área de Sebastopol, provocou a retirada dos russos. Eles não teriam mais como defender a cidade. Assim sendo, a queda do Malakoff marcou efetivamente o fim do cerco de Sebastopol. Os ingleses atacaram o Redan, outra posição chave da defesa russa, mas não obtiveram sucesso. No ataque final, os franceses sofreram 7.567 baixas (perdendo 5 generais mortos ou feridos). Os britânicos sofreram 2.271 baixas. Os russos perderam 12.913 homens. Estas fotos foram batidas algumas semanas após a conquista da posição. Em algumas delas é possível avistar a cidade de Sebastopol ao fundo.Notem na primeira foto o canhão..é um canhão NAVAL!!! BATALHA DE MALAKOFF (O ASSALTO FINAL E DECISIVO CONTRA SEBASTOPOL) O ataque final contra Sebastopol ocorreu em 8 de setembro de 1855. Malakoff (ou torre Malakoff) era a principal posição defensiva russa, era o ponto chave das defesas de Sebastopol. Os franceses, sob o comando do General MacMahon, deixaram as suas trincheiras e lançaram um ataque devastador contra as trincheiras russas. Quando os franceses já estavam entrando na posição russa, os russos emergiram do interior do bastião para tentar repelir o atacante. Uma luta selvagem reinou do meio dia até às 4 horas da tarde, quando finalmente os franceses conseguiram conquistar a posição. O zuavo francês Eugene Libaut instalou a bandeira francesa no topo da posição conquistada. A perda do Malakoff, posição dominante da área de Sebastopol, provocou a retirada dos russos. Eles não teriam mais como defender a cidade. Assim sendo, a queda do Malakoff marcou o fim do cerco de Sebastopol. A guerra estava efetivamente encerrada. Os ingleses atacaram o Redan, outra posição chave da defesa russa, mas não obtiveram sucesso. No ataque final, os franceses sofreram 7.567 baixas (perdendo 5 generais mortos ou feridos). Os britânicos sofreram 2.271 baixas. Os russos perderam 12.913 homens. O General MacMahon liderou o ataque, tendo a frente o 1º Regimento de Zuavos. Um brasileiro era tenente desse excelente regimento e, infelizmente, acabou morrendo nesse combate. Generais MacMahon e Bosquet pouco antes de liderarem o ataque contra o Malakoff (o 1º de Zuavos está ao redor deles) Durante a batalha General Bosquet seriamente ferido (ele está na maca) Apesar de muitos erros cometidos de ambos os lados, o exército francês saiu da guerra com a reputação de melhor da Europa e, assim sendo, o melhor do mundo. A vitória contra os austríacos em 1859 confirmou essa reputação. Em 1860, um estudo do Parlamento inglês chegou a mesma conclusão. Os franceses carregaram essa fama até 1870-71 quando foram derrotados pelos prussianos e aliados alemães. O curioso é que a campanha prussiana não foi assim tão espetacular como alguns pensam. Moltke, o comandante prussiano em pessoa, publicou um estudo sobre a Guerra Franco- Prussiana no qual ele aponta uma série de falhas dos comandantes alemães. Se os franceses tivessem modernizado a sua artilharia e contassem com um sistema de comando e controle mais eficaz, as coisas teriam sido mais complicadas para os alemães. A falta de comandantes de exército capazes também prejudicou muito a campanha francesa. Napoleão III tentou implementar um programa de modernização da artilharia, porém o Congresso francês não liberou a verba para que tal programa fosse iniciado. Custaria muito caro e o orçamento do exército teria estourado. Os franceses possuíam o Chassepot, o melhor fuzil do mundo em 1870, mas a artilharia prussiana era muito superior e isso fez a diferença. A artilharia prussiana salvou a situação em muitos momentos críticos. Moltke, no seu estudo, aponta algumas falhas graves dos alemães, entre elas: linhas de suprimentos no limite, falhas táticas de comandantes de divisão, comandantes de Corpos e até de Exército (desperdiçando os soldados em ataques frontais e, pior ainda, utilizando a formação errada), etc. A falta de iniciativa do Marechal Bazaine na batalha de Mars-la-Tour (Rezonville) custou aos franceses uma grande vitória. Ele poderia ter flanqueado os prussianos com certa facilidade, uma vez que estava em grande vantagem numérica. Ele deixou quase toda Guarda Imperial francesa na reserva como meros observadores. Se tivesse tomado a decisão correta, Bazaine poderia ter aniquilado dois Corpos prussianos inteiros. Abaixo,r parte do Panorama "Cerco de Sebastopol" pintado por Franz Roubaud (obra apresentada em 1905). A BATALHA DE BALACLAVA A Batalha de Balaclava foi uma batalha da Guerra da Crimeia, travada entre o Império Russo e a coligação anglo-franco-otomana, à qual se juntaria, depois da batalha, o Reino da Sardenha. Foi travada em 25 de outubro de 1854, em Balaclava, na margem do Mar Negro e foi o segundo maior confronto durante este conflito (1854- 1856). O seu resultado tem sido visto ou como uma vitória pírrica dos aliados ou como um empate não-decisivo no decurso da guerra. Os aliados decidiram-se por não fazer um assalto imediato a Sebastopol e prepararam- se para um cerco prolongado - que duraria doze meses. Os britânicos, sob comando de Lord Raglan, e os franceses, sob orientação de Canrobert, posicionaram as suas tropas a sul do porto do Quersoneso: o exército francês ocupou Kamiesh na costa ocidental, e os britânicos foram para Balaclava, a sul. Todavia, esta posição forçou os britânicos a defender o flanco direito das operações de cerco aliadas, para o qual Raglan dispunha de poucas tropas. Tirando vantagem da sua exposição, o general russo Pavel Liprandi, com os seus 25 000 homens, [2] preparou-se para atacar as defesas em Balaclava e arredores, desejando destruir a cadeia de abastecimentos entre a base britânica e as linhas de cerco. Concepção artística do embate em Balaclava
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