Buscar

141.Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar

Prévia do material em texto

141 
INSCRIÇÃO DE DESPESAS NÃO 
EMPENHADAS EM RESTOS A PAGAR 
_____________________________ 
 
141.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS 
DO CRIME 
O art. 359-B do Código Penal contém o tipo: “ordenar ou autorizar a inscrição em 
restos a pagar, de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que exceda 
limite estabelecido em lei”. A pena é detenção, de seis meses a dois anos. 
O bem jurídico protegido é a Administração Pública, o interesse estatal na 
regularidade da administração das finanças públicas. 
Sujeito ativo é o funcionário público que tem competência para ordenar ou autorizar a 
inscrição em restos a pagar de despesa que não tenha sido empenhada previamente ou que 
ultrapasse limite estabelecido em lei. O Presidente da República, Governador de Estado, 
Prefeito Municipal, Ministro de Estado, Secretário de Estado ou de Município, Chefe de 
Poder, Judiciário e Legislativo, do Ministério Público, da União e dos Estados, Presidente 
de Tribunal de Contas, de empresa pública, de autarquia, enfim, todo aquele agente 
público que tenha o poder de ordenar e autorizar a referida inscrição. 
Sujeito passivo é o Estado, o ente público. 
141.2 TIPICIDADE 
141.2.1 Conduta e elementos do tipo 
Ordenar é determinar, é impor, é mandar. Autorizar é permitir, anuir, concordar, 
conceder autorização ou permissão. Há crime único quando o mesmo agente ordena e 
autoriza. 
Restos a pagar são as despesas empenhadas mas que não podem ser, por qualquer 
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles 
 
razão, pagas no mesmo exercício e que por isso terão seu pagamento diferido para o 
exercício seguinte ou outro. 
O art. 42 da Lei Complementar nº 101/2000 proíbe, ao titular de Poder ou dirigente 
de órgão público referido em seu art. 20, nos últimos dois quadrimestres de seu mandato – 
oito meses antes do término, portanto –, “contrair obrigação de despesa que não possa 
ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no 
exercício seguinte sem que haja disponibilidade de caixa para este efeito”. 
Empenho da despesa é o ato, emanado de autoridade competente, que cria para o 
Estado a obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. É através 
dele que fica decidida e formalizada a aquisição de um bem ou a contratação de um 
serviço, declarada a existência de verba orçamentária, e reservado seu valor respectivo. 
O fato proibido é o da inscrição, em restos a pagar, de despesa que não tiver sido, 
previamente, empenhada, ou de despesa que, embora empenhada, exceda limite 
estabelecido em lei. 
No primeiro caso, não terá havido empenho, isto é, não houve reserva do valor para 
efetuar seu pagamento. Incluída tal despesa em restos a pagar, o agente estará 
transferindo, para seu substituto, o pagamento da despesa. 
No segundo caso, mesmo tendo sido empenhada, a despesa é superior ao valor 
estabelecido em lei. É, também, comportamento ilícito. 
Deve o agente atuar com dolo. Com consciência de que a despesa não fora empenhada 
previamente ou que ultrapassa o limite legal e determinar ou autorizar sua inscrição em 
restos a pagar com vontade livre, sem qualquer outra finalidade. 
Eventual parecer favorável do Tribunal de Contas ou mesmo a aprovação das contas 
não tem qualquer influência no aperfeiçoamento típico. 
141.2.2 Consumação e tentativa 
Consuma-se com a ordem ou a autorização, independentemente da efetiva 
inscrição da despesa. Basta a conduta. A tentativa é, portanto, impossível. 
 
141.3 AÇÃO PENAL 
A ação penal é de iniciativa pública incondicionada, competente o juizado especial 
Inscrição de Despesas não Empenhadas em Restos a Pagar - 3 
 
criminal, possível a suspensão condicional do processo penal.

Outros materiais