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15. Bigamia

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15 
BIGAMIA 
_____________________________ 
 
15.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO 
 CRIME 
O crime de bigamia está assim tipificado no art. 235 do Código Penal: “contrair alguém, 
sendo casado, novo casamento”. A pena, severa, é reclusão de dois a seis anos. O § 1º 
contém a seguinte norma incriminadora, dirigida para a pessoa solteira que contrai 
casamento com pessoa casada: “aquele que, não sendo casado, contrai casamento com 
pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de 
1(um) a 3(três) anos”. 
O bem jurídico protegido é o casamento. 
Sujeito ativo é a pessoa casada, homem ou mulher, que contrai novo casamento, ou a 
pessoa não casada que, sabendo do casamento do outro, com ele contrai casamento. 
Sujeito passivo é o Estado e, também, o cônjuge do primeiro casamento e o do 
segundo, se não sabia do primeiro. 
 
15.2 TIPICIDADE 
15.2.1 Conduta e elementos do tipo 
A conduta típica é contrair casamento. Significa ser parte da celebração formal do 
matrimônio, na condição de um dos contraentes, desde que o agente já seja casado, isto é, 
tenha, antes, contraído casamento com outra pessoa. Segundo o art. 1.514 do Código Civil o 
casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, 
a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal e o juiz declara-os casados. 
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles 
 
O casamento anterior do agente é, portanto, exigência do tipo fundamental, sem o 
qual não se realiza o fato delituoso. 
No caso do § 1º exige-se a existência de casamento anterior da pessoa com quem o 
agente contrai casamento, conhecendo essa circunstância. Ambos cometem o crime. 
Quem esteja de boa-fé não comete o crime. 
Dispõe o art. 1.515 do novo Código Civil que o casamento religioso que atender às 
exigências da lei para a validade do casamento civil equipara-se a este, “desde que 
registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração”. 
Assim, o fato será típico quando o casamento religioso tiver sido levado ao registro civil. 
Não sendo registrado, o fato será atípico. 
Se o novo casamento é religioso e não é levado ao registro civil também não se 
caracteriza o crime, mas formalizado o registro, a norma incriminadora o alcançará. 
Não importa que qualquer dos dois casamentos seja nulo ou anulável, basta que 
esteja vigorando, produzindo seus efeitos, para a tipificação do fato. 
Declarada a nulidade ou anulação do matrimônio anterior por qualquer causa ou 
declarado nulo o segundo por uma razão que não a própria bigamia – que é causa de 
nulidade absoluta do casamento (art. 1.521, VI, CC) –, o fato é, igualmente, atípico. 
Trata-se de crime doloso. O agente deve estar consciente de que está contraindo 
casamento, de que já é casado. Deve a pessoa solteira saber que o outro contraente é 
casado e agir com vontade livre de contrair o novo casamento. 
 
15.2.2 Consumação e tentativa 
Consuma-se o crime no instante em que, após manifestarem a intenção de 
contraírem o vínculo conjugal, o juiz declara os nubentes casados. Tratando-se de 
casamento religioso, a consumação ocorrerá no momento em que é feito seu registro civil. 
A tentativa é possível. Iniciada a celebração do matrimônio, há começo de 
execução, que, se interrompida sem que os nubentes manifestem seu consentimento e o 
juiz os declare casados, há tentativa de crime. Não há tentativa se é celebrado casamento 
religioso e o próprio agente resolve, por sua livre vontade, não levá-lo ao registro civil. Se o 
registro não é feito por motivo alheio à vontade do agente haverá tentativa. 
Bigamia - 3 
 
15.3 CULPABILIDADE 
Há erro de proibição quando o agente contrai novo casamento por imaginar que 
seu casamento anterior, por ser nulo ou anulável, não tinha, por essa razão, qualquer 
validade. Se o erro for inevitável, a culpabilidade será excluída, diminuída se o agente 
podia, nas circunstâncias em que se encontrava, conhecer a ilicitude do fato. 
 
15.4 AÇÃO PENAL 
A ação penal é de iniciativa pública incondicionada. A prescrição da pretensão 
punitiva começa a contar, segundo determina a norma do art. 111, inciso IV, do Código 
Penal, “da data em que o fato se tornou conhecido”. Não se pode confundir 
conhecimento do fato com conhecimento da celebração do novo casamento – que é ato 
público e por isso conhecido do próprio órgão do registro civil. O fato é o crime de 
bigamia, o ter, alguém casado, contraído novo casamento. Assim, chegando ao 
conhecimento de outras pessoas, da autoridade policial, do cônjuge, das testemunhas da 
celebração, é desse momento que começa a correr o lapso prescricional.

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