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16. Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento

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16 
INDUZIMENTO A ERRO ESSENCIAL 
E OCULTAÇÃO DE IMPEDIMENTO 
_____________________________ 
 
16.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO 
 CRIME 
O art. 236 contém o tipo: “contrair casamento, induzindo em erro essencial o 
outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior”. A 
pena: detenção de seis meses a dois anos. 
O bem jurídico protegido é a regularidade do casamento, contra atos que possam 
causar-lhe a nulidade ou a anulação. 
Sujeito ativo é qualquer pessoa. 
Sujeito passivo é o Estado e a pessoa do outro contraente, enganada. 
 
16.2 TIPICIDADE 
16.2.1 Conduta e elementos do tipo 
A conduta típica é contrair casamento, isto é, participar de sua celebração, dando 
seu consentimento para a vida conjugal, levando o outro contraente a um erro essencial ou 
ocultando-lhe a existência de uma causa de impedimento. 
Num e noutro casos o agente engana a pessoa com quem se casa. O outro é 
ludibriado, aceitando o casamento que, em outras circunstâncias, não contrairia. 
Na primeira modalidade típica o agente induz o outro a incorrer num erro essencial 
sobre sua pessoa. Erro é a falsa percepção da realidade. A vítima é levada, pelo agente, 
pelos mais diversos meios, a compreendê-la mal. 
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles 
 
A norma incriminadora está em branco, e seu complemento encontra-se no Código 
Civil brasileiro. 
É no art. 1.557 do Código Civil que se encontram as várias espécies de erro 
essencial. 
Há erro essencial em relação ao agente quanto “à sua identidade, sua honra e boa 
fama”. Outro é “a ignorância de crime, anterior ao casamento”. Pode o erro recair sobre 
“defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou 
herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência”. Por 
fim, quando o erro recai sobre a existência de “doença mental grave”. 
O erro sobre a identidade, os atributos morais, a prática anterior de crime e a 
doença mental deve ser de tal magnitude que a vida conjugal se torne insuportável para o 
outro cônjuge. Esse casamento é anulável consoante dispõe o art. 1.556 do Código Civil. 
Para realizar o tipo o agente deve induzir o outro contraente a uma situação de erro, 
quer dizer, fazer nascer na sua mente uma compreensão equivocada sobre aquelas 
circunstâncias do art. 1.557 do Código Civil. Na verdade, o agente consegue ludibriar o 
outro, ocultando a verdade e alterando os fatos utilizando-se de meios fraudulentos. 
Na segunda modalidade típica o agente simplesmente oculta do outro contraente a 
verdade sobre a existência de uma das causas legais que constituem impedimento para o 
matrimônio. 
Os impedimentos são apenas os definidos no art. 1.521 do Código Civil: 
 “Não podem casar: I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco 
natural ou civil; II – os afins em linha reta; III – o adotante com quem foi 
cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV – os irmãos, 
unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V – o 
adotado com o filho do adotante; VI – as pessoas casadas; VII – o cônjuge 
sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o 
seu consorte.” 
A ocultação do impedimento a que se refere o inciso VI não se inclui no tipo ora 
comentado, porque se o agente oculta ser casado, incidirá no tipo de bigamia, já 
comentado. 
O crime é doloso. O agente deve ter consciência da circunstância a que se refere o 
art. 1.557 ou do impedimento do art. 1.521 e vontade livre de contrair casamento, 
Induzimento a Erro Essencial e Ocultação de Impedimento - 3 
 
ludibriando o outro, levando-o a erro ou dele ocultando a verdade. 
Se o sujeito ativo não sabia que era portador de doença mental não podia, à 
evidência, induzir a vítima a erro sobre isso. Se não tinha consciência de que era 
ascendente do outro não podia, mesmo, ocultar o que não conhecia. O dolo é a vontade 
livre de contrair casamento, mas alcança a consciência da situação que pode levar ao erro 
essencial ou da proibição de casar. 
 
16.2.2 Consumação e tentativa 
Consuma-se o crime no momento em que os contraentes declaram sua intenção de 
estabelecer vínculo conjugal e o juiz declara-os casados. Sendo religioso o casamento, no 
momento em que é feito seu registro civil. 
A tentativa de realização do tipo é, materialmente, possível, porém não é admitida 
juridicamente, porque a norma do parágrafo único do art. 236 determina que só poderá ser 
iniciada a ação penal depois que transitar em julgado a sentença proferida no juízo cível, 
reconhecendo o erro ou o impedimento e anulando o casamento. 
 
16.3 AÇÃO PENAL 
A ação penal é de iniciativa privada, exclusiva do contraente enganado. É ação 
personalíssima. Só ele pode intentá-la e desde que depois do trânsito em julgado da 
sentença que anular o casamento por motivo do erro ou do impedimento ocultado, data a 
partir da qual começa a correr a prescrição da pretensão punitiva estatal.

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