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20. Ameaça

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20 
AMEAÇA 
_____________________________ 
 
20.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO 
 CRIME 
O crime de ameaça está assim definido no art. 147 do Código Penal: “ameaçar 
alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe 
mal injusto e grave”. A pena é detenção de um a seis meses, ou multa. 
A paz interior, a tranqüilidade espiritual, é um estado da liberdade psíquica do ser 
humano. É bem jurídico importante que merece a proteção do Direito Penal. A todas as 
pessoas é exigido o respeito à inviolabilidade dessa liberdade interna do outro. 
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo desse crime, mas o funcionário público pode 
cometer crime de abuso de autoridade, consoante dispõe a Lei nº 4.898/65. 
Sujeito passivo é qualquer pessoa que tenha capacidade para ser intimidada. 
Portanto, as crianças de pouca idade e os doentes mentais não são intimidáveis. 
 
20.2 TIPICIDADE 
20.2.1 Conduta 
A conduta é ameaçar, que significa avisar a vítima de que vai causar-lhe um mal 
injusto e grave. Por meio dela o agente intimida o sujeito passivo, fazendo nascer, em sua 
mente, a idéia do malefício, do perigo ou do dano que poderá sofrer. 
 
20.2.2 Elementos objetivos 
2 – Direito Penal II – Ney Moura Teles 
 
Concretiza-se a ameaça através de palavra, escrita ou oral, de gestos ou qualquer 
meio simbólico, como desenhos, pinturas e objetos mostrados à vítima, diretamente ou por 
qualquer meio de comunicação, como telefone, carta, telegrama ou Internet. 
A ameaça pode ser feita diretamente à vítima ou por interposta pessoa a quem é 
comunicada a promessa do mal, para que esta a transmita. Pode ser também reflexa, 
comunicada a vítima de que terceira pessoa a ela ligada por laços de parentesco ou 
afetividade sofrerá o mal. O conteúdo da ameaça pode ficar evidenciado nas palavras, 
gestos ou símbolos, ou restar implícita, quando houver dubiedade na frase proferida pelo 
agente, desde, evidentemente, que seja de molde a intimidar a vítima. 
O mal prometido deve ser injusto e grave. Promessas de mal lícito como a de 
mandar prender a vítima que tenha cometido um crime ou de executar a dívida vencida 
garantida por título executivo não configuram ameaça, porquanto o mal prometido, nesses 
casos, é justo. 
Haverá erro de tipo quando o agente imagina ser justo o mal prometido, restando 
excluída a tipicidade do fato, ainda que evitável o erro, porque não há modalidade culposa. 
Além de injusto o mal deve ser grave, no sentido de ter eficiência causal suficiente 
para provocar o estado de intranqüilidade do sujeito passivo. Serão graves a promessa de 
matar, ferir, prender, danificar um bem valioso, restringir ou impedir o exercício de um 
direito, subtrair uma coisa de estimação do poder da vítima. 
O mal anunciado deve ser de produção idônea. Não há ameaça de morte quando o 
agente aponta para a vítima uma arma induvidosamente de brinquedo, por ela assim 
reconhecida. Nesses casos o meio utilizado é absolutamente ineficaz, não tendo sequer 
potencialidade para intimidar. Há ameaça, contudo, quando a arma de brinquedo 
apontada é uma cópia perfeita de arma verdadeira. 
Há ameaça quando o agente promete a realização de um mal atual, iminente ou 
futuro. Prometendo e cumprindo, realizando, pois, o mal anunciado, a ameaça restará 
absorvida pelo crime concretizado. Caso fique o agente apenas na promessa, ainda que de 
um mal para o futuro remoto, responderá tão-somente pela ameaça. 
 
20.2.3 Elementos subjetivos 
É crime doloso. Atua o agente, necessariamente, com consciência da conduta e 
vontade livre de realizá-la, proferindo a ameaça e com o fim especial de intimidar, 
Ameaça - 3 
 
lesionando a tranqüilidade e a paz de espírito da vítima. Ameaças realizadas sem a intenção 
de intimidar, como a do brincalhão ou do espalhafatoso bravateiro, não realizam esse 
elemento subjetivo do injusto, sem o qual não se aperfeiçoa o tipo. 
Discute-se na doutrina e na jurisprudência se é indispensável que, além de querer 
intimidar, o agente tenha atuado com ânimo calmo e refletido. A resposta deve ser buscada 
no estado psíquico da vítima. A ira e a cólera que tomam o agente podem tornar a ameaça 
ainda mais eficiente. O homem irado infunde muito maior temor do que a pessoa calma. O 
colérico atemoriza muito mais do que o homem tranqüilo. 
O embriagado também pode ameaçar com eficácia, a não ser que a embriaguez seja 
completa e o ébrio consiga colher apenas compaixão, desprezo ou risos dos circunstantes. 
 
20.2.4 Consumação e tentativa 
A ameaça é crime formal, de resultado cortado ou consumação antecipada. 
Consuma-se no momento em que a ameaça é concretizada, chegando ao conhecimento da 
vítima, não sendo necessário, entretanto, que esta se sinta intimidada, bastando que a 
ameaça tenha idoneidade para intimidar. Um homem valente, corajoso e destemido pode 
ser vítima da ameaça feita por outro igualmente perigoso, mesmo quando não tenha, 
efetivamente, se sentido intimidado e desde que a promessa seja de um mal realmente 
grave e injusto, de forma idônea. 
Quando o crime é cometido através de comunicação escrita a ser enviada à vítima, 
como uma carta, será possível a tentativa, caso não venha, por circunstâncias alheias à 
vontade do agente, ao conhecimento do sujeito passivo. 
 
20.2.5 Conflito aparente de normas 
A ameaça integra, como elemento estrutural, outros tipos de crime, como o 
constrangimento ilegal, estupro, atentado violento ao pudor, extorsão ou roubo, e por estes 
será absorvida. 
Se a ameaça tem como finalidade atemorizar a vítima para que ela realize algum 
comportamento a que não esteja obrigada, haverá constrangimento ilegal. 
 
4 – Direito Penal II – Ney Moura Teles 
 
20.3 ILICITUDE E CULPABILIDADE 
Se o agente, para repelir uma agressão injusta, proferir, contra o agressor, uma 
promessa de causar-lhe um mal grave, infundindo temor no agressor, terá realizado um fato 
atípico, porque, neste caso, o mal prometido, apesar de grave, não será injusto, porque 
justificado, pela legítima defesa, que, neste caso, constitui uma causa de exclusão da 
tipicidade, vez que a injustiça é circunstância elementar do tipo. 
Possível a legítima defesa – aqui como excludente da tipicidade –, possível será 
também a descriminante putativa correspondente, ficando excluída a culpabilidade 
quando o agente supõe situação de fato que, se existente, tornaria sua reação legítima. 
Pode a culpabilidade ainda ser excluída se o agente da ameaça encontra-se, ele 
mesmo, sob coação moral irresistível ou outra situação de inexigibilidade de conduta 
diversa, não tendo outro meio senão o de ameaçar a vítima. 
 
20.4 AÇÃO PENAL 
A ação penal é pública, porém condicionada à representação do ofendido. A 
competência para o processo é do juizado especial criminal, cabível a suspensão 
condicional do processo penal.

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