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Filosofia Antiga e Medieval Adássa Gonçalves Palácio 1 Introdução A preocupação em buscar a verdade e sobre a origem das coisas era preocupação desde a antiguidade. O homem passou a indagar sobre os acontecimentos ao seu redor e de onde surgiam. As explicações mitológicas que hoje conhecemos, foi uma das primeiras formas a serem utilizadas para o esclarecimento do surgimento de todos os fenômenos naturais do universo como a chuva, os trovões, as plantas etc, bem como os próprios sentimentos do homem. Importante ressaltar que o mito por muito tempo serviu como forma de conhecimento, ao qual tinha explicações para tudo que ocorria em volta do homem, como também era a base da educação do jovem e toda sociedade. O período em que o mito imperava é conhecido como cosmogonia, onde o surgimento do universo era explicado a partir dos mitos, e o período que antecedia esse era a teogonia aonde era narrado o surgimento dos deuses em poemas. Será essa busca pela origem de todas as coisas, que surgirão os primeiros filósofos conhecidos como pré-socráticos, dando origem a filosofia. Tendo um grande debate de onde realmente teria surgido a filosofia ficou sendo aceito que, a filosofia nasceu na Grécia antiga como uma forma de se buscar a verdade, ela é a união de conhecimentos orientais e ocidentais, pois é lá que se encontra toda origem do pensamento filosófico e os principais contribuintes para a formação da filosofia propriamente dita, é na idade antiga ocidental que estão as primeiras escolas filosóficas como a escola jônica, a escola eleática, a escola pitagórica ou itálica, a escola mecanicista.Posteriormente surgirão os sofistas, Sócrates e os discípulos de Sócrates chamados socráticos. A idade antiga oriental, não seguiu na mesma linha de explicação para os fenômenos da natureza, pois buscavam suas explicações em bases religiosas e não filosóficas, mas que contribuíram bastante para o surgimento da filosofia, que posteriormente foi sendo aprimorada pelos gregos. É no oriente que encontramos os judeus, os caldeus, os egípcios, os Indus e os chineses. As contribuições da antiguidade contribuirá para o surgimento de uma filosofia medieval, com seus principais contribuintes como Anselmo de Cantuária, Albertus Magnus, 1 Graduanda em Direito na Universidade Regional do Cariri (URCA) 2 São Tomás de Aquino, John Duns Scotus e Guilherme de Ockham presentes no movimento da escolástica. O estudo destes dois períodos filosóficos, o antigo e o medieval, contribuirão para o conhecimento do processo de transformação da filosofia. Em que no antigo ela deixa de ser teogônica, passa a ser cosmogônica, depois cosmológica até se iniciar a filosofia propriamente. O artigo está dividido em cinco partes no seu desenvolvimento, a primeira consiste em comentar sobre os pré-socráticos as escolas jônica ou Mileto, itálica ou pitagórica, eleática e a mecanicista. A transformação social resultara em um novo grupo de filósofos composto por três, Górgias, Protágoras e Hípias, entre outros denominados sofistas, ao qual Sócrates irá criticar. A terceira parte será retratada sobre a dialética de Platão e suas formas de se buscar um conhecimento verdadeiro. Depois Aristóteles e sua escola Peripatética. Por fim será dissertado sobre os filósofos Medievais, destacando Santo Agostinho de Hipona e São Tomás de Aquino. Os pré-socráticos Com a colonização da Ásia Menor, foram fundadas cidades que contribuíram para formação inicial de uma filosofia, como foi o caso de Mileto e Efeso fundadas pelos Jônios Cidades ao qual surgiu a filosofia. Após a teogonia e a cosmogonia, surgira a filosofia baseado no conteúdo da cosmologia, buscando explicar o surgimento do universo de forma racional e não mais mitológica ou poética, a busca por pensamentos racionais que explicaria todos os mistérios do mundo, é a cosmologia que dará inicio a filosofia todo o pensamento racional da antiguidade. Além de possuir data e local de nascimento e de possuir seu primeiro autor, a Filosofia também possui um conteúdo preciso ao nascer: é uma cosmologia. A palavra cosmologia é composta de duas outras: cosmos, que significa mundo ordenado e organizado, e logia, que vem da palavra logos, que significa pensamento racional, discurso racional, conhecimento. Assim, a Filosofia nasce como conhecimento racional da ordem do mundo ou da Natureza, donde, cosmologia. (Marilena Chaui, 2000, p. 28) O período cosmológico vai do final do século VII ao final do século V a.C. é caracterizado pela em buscar sobe a origem de todas as coisas principalmente do mundo, e de um elemento primordial que desse origem as coisas que será chamada por eles de arkhée que seria o elemento primordial de tudo. Cada pré-socrático possuía sua arkhé e explicavam de forma racional o porquê de terem escolhido tal elemento. 3 O primeiro filósofo que constitui o início da filosofia propriamente dita é Tales de Mileto, que constituiu a escola jônica ou de Mileto juntamente com Anaximandro, Anaxímenes e Heráclito. Essa escola caracteriza por buscar nos elementos naturais a essência de tudo. Tales de Mileto afirmava que a água seria esse elemento, ao qual tudo derivaria da água e que a força existente no planeta dependia dela, sendo que ela possuía várias formas mais não deixava de ser água, fugindo totalmente do pensamento de que tudo originava da criação dos deuses, renegando assim os mitos e dando inicio a razão, no entanto ainda percebemos que é notável certa influencia do mito em suas teses quando ele afirma que a natureza era constituída de vários deuses. Tales também foi introdutor da matemática oriental, mais que já havia sido crida e foi aperfeiçoada por ele. Para a história da filosofia, a importância de Tales advém sobretudo de terá firmado que a água era a origem de todas as coisas. A água seria a physis, que, no vocabulário da época, abrangia tanto a acepção de "fonte originária" quanto a de "processo de surgimento e de desenvolvimento", correspondendo perfeitamente a "gênese". Segundo a interpretação que dará Aristóteles séculos mais tarde, teria tido início com Tales a explicação do universo através da “causa material". (SOUZA, 1996, p. 23) Outro filosofo presente nessa escola é Anaximandro e foi o sucessor de Tales de Mileto, ao qual afirmava que o elemento primordial de todas as coisas era o Áperion, ou seja, a matéria que é indeterminada, infinita e ilimitada que seria composta por todos os elementos a água, o ar, a terra e o fogo. É ele que dá inicio a fundamentação da lei do equilíbrio universal, que se tem como base na ideia dos opostos e que ao “longo do tempo, os opostos pagam entre si as injustiças reciprocamente cometidas”. (SOUZA, 1996, p. 20) Outro filósofo também pertencente a essa escola como Anaxímenes dizia que a origem de tudo estaria no AR, ao qual seriam partículas que constituíram toda a matéria e que a partir do movimento de condensação e refração daria origem aos corpos sólidos e flácidos do universo. Heráclito tem como sua arkhéera o fogo, pois representaria a ideia de harmonia, contraste e transformação ao qual o mundo está inserido. A natureza, segundo ele, estaria sempre em constante mudança e que isso seria uma lei, ao qual tudo que existe está mudando constantemente tanto a sociedade como a própria natureza nada permanece igual, sempre buscando o “devir”, em que o homem e a sociedade esta sempre buscando o “vir a ser”, sempre buscando melhorar. Alguns filósofos consideram Heráclito o pai da dialética, pois ele teria inserido uma nova maneira de pensar, a de que tudo está em constante transformação.Outra escola que marca o período dos pré-socráticos é a escola itálica ou pitagórica, aonde encontramos filósofos como Pitágoras e Filolau. A religião órfica surgiu como forma 4 de reduzir o poder aristocrático passando a fazer cultos a Dionísio, e que acreditavam na imortalidade da alma e na mentapsicose, mas para que a alma deixasse de reencarnar varias vezes era preciso que Dionísio auxiliasse. Pitágoras de Samos foi o precursor da doutrina da mentapsicose, em que se acredita em uma reencarnação das almas. Segundo ele existe um espírito que é imaterial que chama alma e, essa alma é eterna, imortal e infinita, ela encarna em corpos sucessivamente para poder se redimir das culpas que possam ter ficado de outras vidas, mas em vez de Dionísio como salvador da alma, Pitágoras colocou a matemática. Seria quando o homem evoluísse intelectualmente e descobrisse a estrutura numérica que ele seria salvo, o filósofo dizia que todas as coisas são constituídas de números e eles seriam as almas das coisas. A escola eleática caracteriza-se pela busca da origem do Ser e o que ele é, que seria a natureza. Procurando explicar de forma ideal as leis que regem a natureza e a realidade, eles inauguram uma filosofia panteísta idealista em que confunde o mundo real com o das ideias. Um dos seus principais representantes é Parmênides, sua arkhéé o Ser, segundo ele esse Ser não muda, é eterno e infinito, presente já na sua teoria da ontologia do uno (estudo dobre o Ser). Para ele o filósofo possuía dois caminhos para seguir, o primeiro é o caminho da aletéya, que seria o caminho da verdade, ou seja, o caminho do Ser, pois o Ser é tudo o que pode ser pensado, sendo esse caminho imutável e perfeito. O segundo caminho é o doxá ou caminho da opinião é nele que se encontra o não Ser, que existe o uso dos sentidos humanos. Com isso só poderia ser possível uma atitude filosófica se o homem deixasse de lado seus sentidos e passasse a pensar, pois quando pensamos somos, então “pensar é ser”. Mesmo possuindo vários filósofos pertencentes a essa escola como Xenófanes e Zenão de Eléia, nos deteremos apenas a Parmênides, fundamental para o pensamento pertencente aos eléaticos. Por fim a ultima escola pré-socrática tem-se como denominação Escola Mecanicista, tendo como seus filósofos Empédocles, Anaxágoras, Leucipo e Demócrito. Essa escola se caracteriza pela síntese entre o Ser e o Devir, ou seja, uma fusão do pensamento de Parmênides e Heráclito. Empédocles dizia que as coisas eram formadas por terra, água, fogo e ar, quando esses elementos se misturavam formavam todas as coisas, então sendo assim quando elas se separavam aconteceria a morte. Anaxágoras ao fundir o Ser e o Devir formula uma arkhé denominada NÓUS, que seria uma inteligência organizadora e que daria sentido a tudo e todos os corpos. Esses corpos seriam compostos por partículas distintas chamadas de Homeomerias, e que teriam a capacidade de se juntarem e se dividirem infinitamente. 5 Anaxágoras, no entanto, de fato percebeu a necessidade de postular a existência de alguma agência para produzir a mistura e a separação, e invocou o nous (intelecto, razão, ou mente). Ela é, disse, a única coisa pura, a única exceção ao princípio de que tudo contém uma parte de tudo e controla o que acontece em tudo mais. (HAMLYN, 1990, p. 23) Demócrito e Leucipo, também pertencentes aos mecanicistas, tinham concluído que o não Ser existiria, isso contribui para uma teoria que dizia que o vazio existiria e que era compostos por partículas corpóreas chamadas átomos. Demócrito também afirmava que existiriam dois tipos de conhecimento o “bastardo” e o “legitimo”. O primeiro seria o conhecimento sensível e o segundo seria o conhecimento provindo da razão ao qual a ideias foram formuladas e organizadas. Não só uma contribuição para a formulação de uma teoria atomista, Demócrito também contribuiu para o entendimento da ética que juntamente com a física, procura uma explicação racional para a física e para o comportamento. Os átomos variam de tamanho, embora todos eles sejam invisíveis. À parte isso, variam apenas em forma e arranjo. Não possuem peso, como tal, isto sendo apenas uma propriedade aparente de corpos, uma vez que átomos maiores tendem a afundar ou se dirigir para o centro de qualquer sistema, os mais finos e menores tendo uma possibilidade de escapar. Que átomos são indivisíveis, embora os eruditos discutam se isto acontece meramente como questão de fato ou se são indivisíveis em princípio. (HAMLYN, 1990, p. 23) Os sofistas Os sofistas são resultado de uma sociedade, em que era necessária uma formação intelectual e que dominasse a arte da retórica e da oratória para que fosse um bom governante, eles surgiram por causa de necessidades sociais da Grécia. Durante o século V a.c, a Grécia passava por o surgimento de uma nova classe, a dos comerciantes, e também uma crise da aristocracia. Os sofistas eram professores ambulantes que ensinavam para pessoas ou grupos e cobrava para isso, sendo assim o ensino passou a ser restrito para alguns da sociedade, para aqueles que possuíam condições financeiras melhor. Foi a partir deles que houve uma modificação de interesse filosófico, em que deixou o problema cosmológico, passando para problemas antropológicos, ou seja, preocupado com o homem. Dentre os mais conhecidos temos Górgias e Protágoras. Protágoras tinha como principal tese que o homem era a medida de todas as coisas, sendo elas o que são e as que não são sendo essa medida entendida como uma norma de juízo e as coisas seriam todas as experiências vividas pelo homem. O relativismo de Protágoras é marcante em sua teoria, pois segundo ele não seria alcançar uma verdade absoluta, mas era possível tornar forte um argumento, mesmo não sendo verdadeiro, cabendo aos sofistas ensinar essa argumentação a se tornar convincente. 6 Em Górgias temos uma formulação de uma tripa alegação sobre o “conhecer”, ele afirmava nada há e que mesmo que houvesse alguma coisa, não poderíamos conhecer essa coisa, no entanto mesmo que pudéssemos conhecer, não poderíamos conta a ninguém que conhecemos. Grande mestre da retórica, era a partir das palavras que poderia persuadir alguém, para que acreditasse no que estava falando, esse era a principal característica que um político do século V a.c deveria possuir, ou seja, a arte de persuasão. Ele também afirmava que não existia uma verdade absoluta e que tudo era falso. Existindo outros como: Hípias, que ensinava o treinamento da memória e que segundo ele, a solidariedade e a sociabilidade eram universais e algo natural ao homem, sendo assim as leis são instrumentos individuais; Pródigo, que ensinava a linguagem e gramática em geral; entre outros constituía um ensinamento para o individuo para que se tornasse um político por excelência. Sócrates Um dos grandes críticos dos métodos sofísticos em que prevalecia uma técnica formal de ensinar, centrava também suas teorias no homem. Não deixou nenhuma obra escrita, e tudo que se sabe sobre ele é devido aos seus discípulos, principalmente devido a Platão que retrata sobre Sócrates em suas obras. Segundo ele o homem devia buscar a verdade dentro de si mesmo e que o dialogo proporcionaria a troca de ideias e formulação de novos conhecimentos, então para auxiliar seus discípulos ele seguia dois caminhos para que eles encontrassem a verdade dentro de si, era a maiêutica e a ironia. O primeiro método, era necessário que o individuo deixasse de acreditar nos pré- conceitos presentes na sociedade e também deixasse de acreditar nas opiniões alheias e passasse a procurar a verdade em si mesmo de uma forma reflexiva,essa era a maiêutica a arte de parturejar, ou seja produzir conhecimento. O segundo método, a ironia, se caracteriza por perguntas feitas durante um dialogo com intuito que o individuo se contradiga e passe a refletir sobre as coisas que pensa a palavra ironia não tinha o intuito de constranger os seus interlocutores mais sim, refletir e fazer com que ele tirasse as impurezas sobre o conhecimento de forma a produzir um novo. Platão e Aristóteles 7 O nome verdadeiro de Platão era Arístocles, mas como ele tinha ombros largos, seu nome passou a ser Platão (ombros largos). Nasceu em Atenas provavelmente em 427 a.c e morreu em 347 a.c, foi um dos grandes influenciadores da filosofia ocidental. Aos 20 anos conheceu Sócrates e acabou se tornando seu discípulo, e Sócrates acabou sendo interlocutor de varias obras de Platão. Depois da condenação de Sócrates em 399 a.c ele passou a fazer várias viagens, ajudando-o a conhecer novos horizontes. Viajou por Megara, Egito, Cirene, Taranto no sul da grande Grécia, Silicia. Em 387 regressou a Atenas, fundou uma escola chamada de Academia, considerada o maior centro intelectual da Grécia Antiga. Segundo Platão existe dois mundos, o dos sentidos e o inteligível. O mundo dos sentidos é aonde não podemos ter senão um conhecimento aproximado ou imperfeito da verdade, já que fazemos uso de nossos sentidos, pois o nosso corpo serve de obstáculo para a obtenção do conhecimento. O mundo inteligível é o mundo das ideias gerais, aonde as essências são imutáveis e eternas, e que segundo Platão o homem só pode atingir esse mundo quando ele passa a limpar as impurezas que os sentidos nos dão, fazendo com que nos enganemos com o que realmente é a verdade. Esses dois mundos irão contribuir para a Teoria do conhecimento. Em que, segundo Platão, não se pode falar em um conhecimento baseado no mundo sensível, pois o mundo sensível só pode dar opiniões que mudam (mutáveis) constantemente e que são ilusórias. Segundo ele o verdadeiro conhecimento está em ideias eternas existentes no mundo inteligível e separado das coisas sensíveis, pois o corpo não atuaria sobre o homem impedindo o verdadeiro conhecimento. Outro assunto abordado por Platão é que todos os seres humanos, quando nascem já possuem muitas das ideias presentes no mundo inteligível e que elas são mais ou menos perfeitas e que o homem trás boa parte desse conhecimento, ou seja, o conhecimento é anamnese. Para Platão conhecer ou aprender algo é simplesmente recordar o que estava adormecido na alma, então o conhecimento provem da recordação. Diferentemente de Platão, Aristóteles irá priorizar o mundo real e não o das ideias, ele não será idealista mais sim realista. Fundador da escola Liceu, ele dizia que para algo existir deveria haver quatro causas que implicasse na existência, eram elas: a causa material, ou seja, o material que a coisa é feita, o solido; a causa formal, sendo essa o que o objeto ou a coisa é em sim; causa eficiente ou motriz que seria o que teria dado origem a algo; e por fim a causa final, que é a finalidade ou função que a coisa ou objeto foi feita. Essas causas primeiras, juntamente com os primeiros princípios, matéria, ato, forma, potencia, essência, 8 acidente, substancia ou sujeito e predicados, são os principais conceitos inseridos na metafísica de Aristóteles. A metafísica dentro de sua concepção visa investigar as causas necessárias e universais que faz com que exista um ser, o que o torna necessariamente o que ele é, e que o torna algo determinado. A perspectiva de Aristóteles continua o caminho empreendido por Platão, mas apresenta outras nuances. Ao mundo ideal de Platão, Aristóteles dá primazia ao mundo real. Não se trata apenas de contrapor as ideias à realidade, mas sim de tomar o mundo real como ponto de partida válido para as ações humanas. Do idealismo platônico chegamos ao realismo aristotélico. Mas não nos esqueçamos que Aristóteles não prescinde dos conceitos, ao contrário, postula sua natureza inerente aos seres. Além da realidade aparente existe uma essência que é constitutiva da realidade. As categorias de substância, quantidade, qualidade, relação, lugar, tempo, estado, hábito, ação e paixão constituem diretrizes abrangentes capazes de fornecer instrumental seguro para avaliação de todos os seres.( MAYR, 2006, p. 43) Filosofia medieval A filosofia medieval se caracteriza pela busca da união da fé à razão, no entanto é notável perceber que existiam alguns filósofos que não concordavam com essa união da fé e razão. Ela é divida em dois períodos, a filosofia patrística que vai do século I ao VII e a filosofia escolástica que vai do século VII ao XIV. O primeiro período foi dado inicio com dois apóstolos chamados Paulo e João, essa filosofia patrística tinha o intuito de converter a sociedade que ainda vivia em culturas e hábitos da Grécia antiga à nova religião, a cristã, para isso foi necessário conciliar a razão e fé a fim de trazer novos adeptos à religião cristã. Ela é dividida em patrística grega, pois era ligada a igreja de Bizâncio e a patrística latina, que era ligada a igreja romana. Ela deu inicio a dissociação e discursão sobre temas como a existência de um Deus uno criador de tudo, explicação sobre a criação do mundo, a ideia de juízo final e de pecado, como também sobre explicações para a origem do mal na sociedade. São representantes desse período Justino, Tertuliano, Atenágoras, Orígenes, Clemente, Eusébio, Santo Ambrósio, São Gregório Nazianzo, São João Crisóstomo, Isidoro de Sevilha, Santo Agostinho, Beda e Boécio. A patrística foi obrigada a introduzir idéias desconhecidas para os filósofos greco- romanos: a idéia de criação do mundo, de pecado original, de Deus como trindade una, de encarnação e morte de Deus, de juízo final ou de fim dos tempos e ressurreição dos mortos, etc. Precisou também explicar como o mal pode existir no mundo, já que tudo foi criado por Deus, que é pura perfeição e bondade. Introduziu, sobretudo com Santo Agostinho e Boécio, a idéia de “homem interior”, isto é, da consciência moral e do livre-arbítrio, pelo qual o homem se torna responsável pela existência do mal no mundo(MARILENA CHAUI, 1995, p. 53) Santo Agostinho produtor de obras como Da Doutrina Cristã (397-426), Confissões (397-398), A Cidade de Deus (413-426), Da Trindade (400-416), Retratações, De Magistro e Conhecendo a si mesmo, contribuiu bastante para uma filosofia baseada na fé e razão, ao qual alguns criticavam. Partindo das ideias platônicas, ele irá falar sobre o mal, ao qual ele diz 9 que não é possível que um Deus benevolente e bondoso pudesse criar o mal, sendo assim o mal não seria um Ser mais sim a resultado da ausência de um bem, o mal seria então o resto do bem. Ele também fala sobre a verdade, que em sua concepção ela é algo que deve ser procurada no interior do homem, sendo que existem verdades que são eternas e que nunca mudam, elas têm origem em Deus e que, seguindo o pensamento platônico, conhecer a verdade é entrar em contato com o mundo inteligível. Esses são alguns temas tratados por ele, dentre outros como a busca de Deus ou enigma do homem etc, marcam a filosofia medieval patrística. O segundo período, a escolástica, seguia os mesmo princípios e temas do período anterior, no entanto passaram a discutir sobre novos temas como separação entre deus e homem, a subordinação da razão à fé, sobre o corpo e a alma, entre outros. Porem as teses desenvolvidas nesse período eram postas em conflitos por um método chamado disputa, ao qual os intelectuais deveriam basear suas teorias em argumentos em que fontes como a bíblia, Platão, Aristóteles,um padre, um santo, enfim em fontes aceitas pela igreja, ou seja predominava o principio da autoridade, em que só era considerado verdadeiro os argumentos que fossem embasados nessas fontes. Os pensadores mais conhecidos nesse período chamados teólogos são Santo Anselmo, Santo Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, Guilherme de Ockham, Roger Bacon, entre outros. A diferença e separação entre infinito (Deus) e finito (homem, mundo), a diferença entre razão e fé (a primeira deve subordinar-se à segunda), a diferença e separação entre corpo (matéria) e alma (espírito), O Universo como uma hierarquia de seres, onde os superiores dominam e governam os inferiores (Deus, arcanjos, anjos, alma, corpo, animais, vegetais, minerais), a subordinação do poder temporal dos reis e barões ao poder espiritual de papas e bispos: eis os grandes temas da Filosofia medieval. (MARILENA CHAUI, 1995, p.54) Tomás de Aquino foi um dos grandes teólogos dessa época. Estudou temas como a verdade, o direito e a lei, ética, fé etc. Suas teses era uma relação de fé com os pensamentos de Aristóteles, contribuindo assim para uma relação de fé e razão, sua obra mais importante foi a Suma Teológica, é nessa obra que ele usará da razão, explicando que ela organizará e ordenará o mundo para que possa ser entendido. Mesmo que a razão esteja subordinada a fé, como acreditava vários teólogos daquele período, Tomás de Aquino acreditava que a razão existiria e trabalharia por si mesma sem o auxilio da fé. Contribuiu bastante no ambiente da educação, e uma de suas grandes contribuições para tal, foi que o conhecimento e a busca devem partir do estudante, ou seja, do individuo que quer aprender e não de um mestre ou professor, pois cada individuo tem sua essência que podem ser desenvolvidas pela razão e prudência. 10 Bibliografia CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. Ática, 1995. HAMLYN, david walter. Uma história da filosofia ocidental. Trad. Ruy Jungmann J. Zahar, 1990. IRONIA E MAIÊUTICA DE SÓCRATES. Brasil Escola. Consultado em 2013-10-21. Disponível em http://www.brasilescola.com/filosofia/ironia-maieutica-socrates.htm MAYR, Arnaldo. Filosofia Antiga e Medieval. PLATÃO - HISTÓRIA DE PLATÃO. Site história do mundo: Acesso em: 2013-10-22. Disponível em: http://www.historiadomundo.com.br/artigos/platao.htm SOUZA, José Cavalcante de. Os pensadores–os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1996. SOFISTAS. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-10-21]. Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$sofistas>. TOMÁS DE AQUINO. Educar para Crescer. Consultado em 2013-10-22. Disponível em: http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/tomas-aquino-307636.shtml PEREZ, Rafael Gómez. A filosofia de Santo Agostinho. Consultado em: 2013-10-22. Disponível em: http://www.quadrante.com.br/artigos_detalhes.asp?id=244&cat=9
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