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0 CAROLINA ZUBIOLI AUMENTO NO CONSUMO DE AÇÚCARES COMO FATOR DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DA OBESIDADE Umuarama 2016 1 CAROLINA ZUBIOLI AUMENTO NO CONSUMO DE AÇÚCARES COMO FATOR DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DA OBESIDADE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Federal do Paraná, para obtenção do título de Técnico em Química, na disciplina de Tecnologias Regionais. Orientadora: Profª Drª. Heloisa Helena Paro de Oliveira Umuarama 2016 2 Sumário 1 . INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 3 2. TIPOS DE AÇÚCAR ............................................................................................................. 4 2.1 Açúcar cristal: ................................................................................................................... 5 2.2 Açúcar refinado: ............................................................................................................. 5 2.3 Açúcar de confeiteiro: ..................................................................................................... 5 2.4 Açúcar Líquido: .............................................................................................................. 6 2.5 Açúcar Orgânico: ............................................................................................................ 6 2.6 Açúcar Light: .................................................................................................................. 6 2.7 Açúcar Mascavo: ............................................................................................................. 6 2.8 Açúcar Demerara: .......................................................................................................... 7 3 . COMO O AÇÚCAR É METABOLIXADO PELO NOSSO CORPO .................................. 7 4 . OS RISCOS DO EXCESSO DE AÇÚCAR .......................................................................... 9 5. CONSUMO INDIRETO DE AÇÚCAR ............................................................................... 10 6. AÇÚCAR VERSUS ADOÇANTE ....................................................................................... 12 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 15 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 15 3 1 . INTRODUÇÃO A Humanidade evoluiu durante milhares de anos nutrindo-se dos alimentos que a natureza lhe oferecia: frutas, raízes, frutos do mar, aves, ovos, carnes em geral, gorduras e leite; todos esses alimentos foram responsáveis por nossa evolução e os mesmos estavam ao alcance de nossas mãos. [1] Entretanto, depois que o homem descobriu que alimentos lavados na água do mar ganhavam um sabor especial, incorporou o sal à sua dieta. Em contrapartida, verificou que o mel conferia um sabor doce aos alimentos - e este passou a ser o seu adoçante. E assim, como temperos e condimentos, o homem foi selecionando gradualmente o que hoje se tornou requinte nas melhores cozinhas do mundo. [1] Apesar de na Antiguidade a vida média das pessoas serem menor, devido às duras condições de existência, muitas das doenças que atualmente são quase epidêmicas, naquele tempo eram menos frequentes, dentre elas as doenças cardiovasculares e o próprio câncer.[1] Há menos de dez mil anos o homem dominou o cultivo das sementes, dando início à agricultura moderna, há menos de mil anos conseguiu extrair o açúcar da natureza e universalizou seu consumo. Desde então, o açúcar tem participado ativamente da criação de novas formas de consumo de alimentos, na construção de sociedades, na mudança dos biomas e nas relações sociais e políticas. [1,2] Devemos ainda, ressaltar que o açúcar foi responsável pela transformação do Brasil colonial, colocando-o como principal produtor e exportador de açúcar de cana no mundo, e como commodity vem influenciando economias em todo o globo devido ao seu alto valor comercial. [2] Atualmente, o açúcar é produzido em larga escala por diversos países, principalmente para fins alimentares, pois é um alimento natural e muito utilizado como ingrediente na indústria alimentícia. A quantidade de produtos industrializados com sacarose em sua composição é incontável, porém o consumo excessivo tem causado preocupação, afinal ele está presente em refrigerantes, sucos, bolos, biscoitos, inclusive em alimentos salgados, como molhos e massas, ou seja, em quase todos os alimentos que compõem a dieta de uma pessoa comum, e como consequência o açucaramento da dieta humana tem sido progressivo. Certamente este foi um dos principais fatores da disseminação da obesidade, do diabetes e outras doenças crônicas. [2] A obesidade tem sido considerada a mais importante desordem nutricional nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, devido ao aumento da sua incidência. De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde, esse agravo possivelmente atinge 10% da população destes países. [3] A ascensão da obesidade no mundo pode ser compreendida enquanto resultante do fenômeno da transição nutricional. Esta dinâmica caracteriza-se pela modificação nos padrões de distribuição dos agravos nutricionais de uma dada população no tempo, ou seja, uma redução na prevalência das doenças atribuídas ao subdesenvolvimento e, contrariamente, ao aumento daquelas doenças vinculadas à modernidade, sendo, em geral, uma passagem da desnutrição para a obesidade. [3] Tal fato está diretamente associado à modernização das sociedades o que desencadeou a reordenação do contexto de vida do homem contemporâneo e 4 consequentemente fez emergir um novo modo de vida, no qual a oferta e o consumo de alimentos aumentaram expressivamente devido ao desenvolvimento de tecnologia alimentar. [3] Com base nesses conhecimentos, este trabalho busca dissertar sobre os riscos do uso excessivo do açúcar e como ele vem sendo utilizado e incorporado na mesa da humanidade, contribuído para o desenvolvimento da obesidade de forma tão rápida e prejudicial em todo o mundo. 2. TIPOS DE AÇÚCAR Os carboidratos são as moléculas orgânicas mais abundantes na natureza e são à base da dieta humana, pois são as principais fontes alimentares para a produção de energia e exercerem diversas funções estruturais e metabólicas as quais são extremante importante para os organismos vivos. [1,2] Podem ser obtidos a partir de várias fontes renováveis, ocorrem em diversas estruturas e graus de polimerização, apresentam variadas propriedades físico-químicas, além de estarem presentes nos alimentos como constituintes naturais ou como ingredientes aditivos. [3] Quimicamente, são substâncias que contém carbono, hidrogênio e oxigênio em sua estrutura, de acordo com a fórmula geral CH2On sendo n ≥ 3, e ocorrem como compostos simples e complexos. São classificados estruturalmente como: monossacarídeos, dissacarídeos oligossacarídeos e polissacarídeos de acordo com o número de açúcares simples que a molécula possui. [1] Os monossacarídeos são os carboidratos mais simples existentes, entre eles se destaca os aldeídos e as cetonas que possuem um ou mais grupos hidroxila em sua molécula. São exemplosà glicose e a frutose, respectivamente. [2] Entre os dissacarídeos, a sacarose se apresenta como a substância mais importante, por ser conhecida como açúcar de mesa, substância a qual foi escolhida para esta discussão. De modo geral, a mesma consiste em um dissacarídeo, formada pela união de dois monossacarídeos, ou seja: uma molécula de glicose unida (por uma ligação glicosídica α- (1→2) a uma molécula de frutose. [2] A sacarose é hoje no Brasil um dos produtos mais importantes por possuir alto valor comercial, além de ser um alimento presente na cultura alimentar do brasileiro. Assim como no Brasil, o açúcar é produzido em larga escala por diversos países, e é muito utilizado como ingrediente na indústria alimentícia, principalmente para fins alimentares, pois é considerado um alimento natural. [3,4] Comercialmente é extraída da cana de açúcar, que pode conter de 14% a 24% de sacarose, ou da beterraba. Esta última vem ganhando grandes proporções de produção em todo o mundo, apesar de no Brasil e na Austrália a preferência ser pela cana devido à sua maior capacidade de adaptação climática. Porém em países europeus é utilizada a beterraba açucareira como matéria prima para a produção de açúcar. Atualmente 1/3 de todo o açúcar produzido no mundo, provém da beterraba, o que destaca a sua relevância econômica. [5,6] Entretanto o açúcar extraído a partir da cana consiste na forma mais abundante no mercado, dessa forma a sacarose se apresentar de variados tipos, e estão disponíveis de 5 acordo com a sua utilização podendo ser usada tanto para fins domésticos quanto para fins industriais. Destaca-se o açúcar cristal, refinado, confeiteiro, líquido, orgânico, light, mascavo e demerara, dos quais serão explicados a seguir. 2.1 Açúcar cristal: Esse tipo de açúcar é caracterizado por possuir cristais grandes e transparentes os quais apresentam dificuldade de serem dissolvidos em água. É obtido a partir da clarificação controlada do caldo de cana tratado, onde se utiliza a sulfitação e a caleagem a fim de deixar o produto com cristais finos e regulares e com uma coloração mais clara tendendo ao branco. Por conta de suas características, o açúcar cristal possui elevada gama de aplicações industriais sendo empregado na indústria alimentícia para a confecção de bebidas, biscoito, sorvetes, doces em geral entre outros produtos, além de possuir menor custo de aquisição em relação aos demais tipos de açúcar. [5,7,8] 2.2 Açúcar refinado: A primeira etapa de obtenção deste tipo de açúcar consiste na dissolução do açúcar cristal em água. A solução é submetida a um processo de purificação na qual se tem a geração de uma calda a qual passa por diversos processos até chegar à etapa de peneiramento. Nesta etapa o açúcar é peneirado a fim de obter uma uniformidade dos cristais, sendo que da parte mais fina é extraído o açúcar de confeiteiro e do restante se obtém o açúcar refinado. [8,1] Este tipo de açúcar pode ainda ser dividido de acordo com sua granulometria: o açúcar que possui cristais bem definidos e uma granulometria homogenia, recebe o nome de açúcar refinado granulado, enquanto que o açúcar que possui granulometria mais fina e irregular é nomeado por açúcar refinado amorfo. [3] O primeiro possui grande aplicabilidade na produção de bebidas lácteas, achocolatados, aditivos especiais para carnes e derivados, além de ser utilizado na produção de xaropes farmacêuticos. O segundo, por sua vez, possui aplicação para o uso direto em indústrias de alimentos e bebidas. [1] Além disso, devemos destacar que, por conta do seu processo de refinamento, onde o açúcar é tratado com diversos aditivos químicos, este produto perde todas as suas vitaminas e sais minerais, restando apenas “calorias vazias”. [9] 2.3 Açúcar de confeiteiro: Esse tipo de açúcar caracteriza-se por apresentar grânulos muito pequenos, brancos e altamente solúveis em água. Apresenta-se na forma em pó, constituído exclusivamente de sacarose e obtido em uma das fases de produção do açúcar refinado como já foi dito anteriormente. [8] 6 Geralmente é adicionado ao açúcar de confeiteiro, amido de milho, substância a qual protege o produto da umidade além de evitar a formação de grumos. Destina-se a indústria alimentícia no polvilhamento de bolos massas, além de ser usado em glacês, coberturas e entre outros. [8] 2.4 Açúcar Líquido: O açúcar liquido é um adoçante natural a base de sacarose, que se apresenta na forma liquida em uma solução inodora, límpida e cristalina, o qual é obtido a partir da dissolução de açúcar cristal em água com posterior purificação e descoloração, processos os quais garantem um produto com alta transparência e limpidez.[7,8] Apresenta aplicabilidade nas indústrias alimentícias, principalmente na produção de sorvetes, massas, bebidas, além de ser empregado na indústria farmacêutica, ou até mesmo em processos químicos onde se utiliza a sacarose, a exemplo na fabricação de tintas, plásticos, detergente etc.[8] 2.5 Açúcar Orgânico: O que diferencia esse tipo de açúcar dos outros descritos anteriormente é o fato de que a matéria prima (cana) utilizada em sua fabricação é cultivada sem a adição de fertilizantes químicos. Por esse motivo, o açúcar orgânico é considerado natural, o que abrange desde o plantio sem adubos e fertilizantes químicos, até a embalagem biodegradável. [5] Quanto as suas características nutricionais, devemos levar em consideração que seus benefícios estão associados à ausência de aditivos e preservação de sais minerais e não aos valores calóricos. 2.6 Açúcar Light: É uma mistura de açúcar refinado (sacarose) e edulcorante (sucralose, ciclamato ou sacarina). Possui proporcionalmente menor conteúdo calórico e maior poder adoçante em relação ao açúcar refinado, podendo adoçar ate cinco vezes mais. [7,1] Geralmente, é uma ótima opção para quem quer fugir do sabor residual que adoçantes proporcionam, entretanto, nutricionalmente falando, o seu consumo é contraindicado para dietas com restrição de açúcar, a exemplo dos diabéticos, devido à presença de sacarose em sua composição. [10] 2.7 Açúcar Mascavo: O açúcar mascavo é caracterizado por sua coloração escura, cor amarronzada, e palatividade semelhante ao caldo de cana. É um produto mais bruto, com considerável 7 umidade e é obtido a partir de um processamento mais simples, pois não passa pelas etapas de refinamento, cristalização e branqueamento. [5,7] Por conta disso, se apresenta vantajoso, quanto ao seu valor nutricional, pois por não sofrer a adição de produtos químicos, conserva os sais minerais do caldo de cana. Entretanto, o açúcar mascavo continua sendo tão calórico quanto os outros açúcares, oferecendo as mesmas restrições de consumo aos diabéticos. [8,11] 2.8 Açúcar Demerara: O açúcar demerara possui características bem semelhantes ao açúcar mascavo, principalmente no que se diz respeito ao seu processamento. Entretanto esse açúcar passa pelo refinamento, mas não é acrescentado a ele nenhum tipo de aditivo químico. [14] Apresenta uma coloração morrom-claro, possui textura firme e fácil dissolução, além e possuir cristais com a presença de melaço e mel residual proveniente da cana de açúcar.[7] Devemos destacar que o açúcar demerara possui valor nutricional semelhante ao açúcar mascavo, por conta da conservação de seus nutrientes. Entretanto, o açúcar demerara se destaca no quesito palatividade, por possuir sabor menos encorpado e por não alterar o sabor dos alimentos assim como o açúcar mascavo faz. [1] 3 . COMO O AÇÚCAR É METABOLIXADO PELO NOSSO CORPO O açúcar é um tipo de carboidratoque pode ser contido naturalmente nos alimentos, porém ele também pode ser adicionado durante o processamento dos mesmos. Sendo assim, a ingestão de açúcar em excesso pode ocasionar sérios problemas de saúde, entretanto, o nosso corpo necessita de uma quantidade mínima diária para desenvolver as suas funções. [4] Devemos levar em consideração que existe apenas dois açúcares que são necessários para o nosso organismo dos quais são: a glicose e a frutose. Apenas esses dois açúcares foram preparados pela natureza para consumo humano. Glicose e frutose são chamadas de açúcares simples porque já estão prontos para ser utilizados pelo organismo. [1] Do jeito que forem ingeridos serão assimilados, não sofrem nenhuma ação de enzimas digestivas, não dão trabalho ao organismo. Glicose e frutose possuem a mesma isomeria química e são fontes diretas de energia. A frutose, apesar de ser assimilada enquanto tal pelo organismo, quando a mesma chega ao fígado se transforma em glicose. Essas duas substâncias estão presentes nas frutas maduras e no mel das abelhas as quais trazem diversos benefícios ao nosso organismo, diferentemente dos outros tipos de açúcares, que são processados e possuem inúmeros aditivos químicos nocivos. [1] Sendo assim para manter sua saúde em dia, esses carboidratos essenciais podem ser adquiridos a partir de uma alimentação equilibrada, baseada em cereais integrais, frutas, sucos, legumes e verduras. No processo metabólico do corpo humano, estes alimentos que 8 contêm carboidratos em maior ou menor quantidade, após a digestão, se transformam em um tipo de açúcar chamado glicose, que é a principal fonte de energia, essencial para os processos que envolvem utilização e produção de energia no organismo. [5,8] Estima-se que o corpo humano necessite de 200 gramas de glicose por dia para exercer as funções metabólicas do encéfalo. Caso a concentração de glicose caia para 40 mg/dL pode ocorrer coma, convulsões ou até mesmo morte. Por outro lado, se os níveis excederem os 180 mg/dL, o que corresponde a uma hiperglicemia, podem surgir complicações a curto e a longo prazo.[8] De modo geral, o nosso sistema interno de processamento do açúcar começa na boca, onde a saliva degrada os alimentos até os transformarem em moléculas mais simples. A partir daí, o alimento é transportado para o estômago, onde os sucos gástricos continuam digerindo os carboidratos em moléculas de açúcar menores. Finalmente, as moléculas de açúcar se movem para o intestino delgado, onde a maioria é transformada em glicose, absorvida na nossa corrente sanguínea e transportada por todo o corpo para fornecer energia. [4] À medida que digerimos uma refeição e a nossa glicemia aumenta, ela sinaliza ao pâncreas para liberar um hormônio chamado insulina. A insulina é responsável por mover a glicose do sangue para as células que precisam de energia. Geralmente, quanto mais açúcar há na corrente sanguínea, mais insulina o pâncreas libera. No entanto, há limites para a quantidade de insulina que o pâncreas pode produzir e da quantidade de açúcar que nosso corpo pode processar de uma vez. [4] O açúcar que não pode ser usado imediatamente é armazenado nos músculos, no fígado e nas células adiposas, até que mais energia seja necessária. Este sistema complexo de processamento está sempre trabalhando para manter nosso nível de glicemia em uma faixa saudável. [4] Devemos ressaltar que o açúcar não desempenha apenas a função de fornecimento de energia ao nosso corpo, ele também pode atuar como: Preservação das proteínas: as proteínas desempenham papel na manutenção, no reparo e no crescimento dos tecidos corporais, podendo inclusive ser fonte de energia alimentar. Além disso, quando as reservas de glicogênio estão reduzidas, a produção de glicose começa a ser realizada a partir das proteínas e consequentemente há uma redução temporária nas reservas corporais de proteínas musculares o que em condições extremas, pode resultar na perda de massa muscular. [6] Proteção contra corpos cetônicos: se a quantidade de carboidratos é insuficiente devido a 9 uma dieta inadequada ou pelo excesso de exercícios, o corpo mobiliza mais gorduras, que também atuam na produção de energia, para o consumo. Isso pode resultar no acúmulo de substâncias ácidas que são os corpos cetônicos, os quais são prejudiciais ao organismo. O aumento nos níveis sanguíneos de corpos cetônicos diminuem o pH do sangue, resultando em uma acidose, condição que pode provocar o coma, em casos extremos, e apode até evoluir para a morte. [6,7] Combustível para o sistema nervoso central: carboidratos são os combustíveis do sistema nervoso central e são essenciais para o funcionamento do nosso cérebro, o qual possui como sua única fonte energética é a glicose. Primariamente a glicose, vai para o cérebro, medula, nervos periféricos e células vermelhas do sangue. Assim, uma ingestão insuficiente pode trazer prejuízos não só ao sistema nervoso central, mas ao organismo em geral. [6] 4 . OS RISCOS DO EXCESSO DE AÇÚCAR O consumo excessivo de açúcar tem causado grande preocupação aos profissionais da saúde e motivado muitas pesquisas quanto aos seus efeitos na saúde humana. O consumo de açúcar triplicou nos últimos 50 anos e as estatísticas populacionais revelam que as famílias brasileiras consomem muitos alimentos com alto teor de açúcar, e esse consumo excede em mais de 60% o limite máximo recomendado pela Organização mundial da Saúde (OMS), ou seja, 10% do total de calorias da dieta, e o fato preocupante é que esse consumo vem aumentando a cada dia. [9] Nos últimos anos o açúcar tem sido adicionado em praticamente todos os alimentos industrializados, tornando mais difícil a nossa escolha. Devemos levar em consideração que nos últimos 15 anos, a participação do açúcar de mesa foi reduzida, porém a contribuição do açúcar adicionado aos alimentos dobrou, especialmente por meio do consumo de refrigerantes, doces, balas, chocolates e biscoitos. [9] Sendo assim, considerando os efeitos tóxicos do açúcar, um número crescente de evidências epidemiológicas tem mostrado que o consumo excessivo de dietas com alto teor desta substância tem afetado a saúde humana, contribuindo para o desenvolvimento de distúrbios que incluem a obesidade, a resistência à insulina, e a hipertensão, que por sua vez tem sido associada ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes melitus tipo II.[9,11] Tomando como base a obesidade, tema do presente trabalho, a mesma é adquiria quando entram no corpo quantidades de energias – sob a forma de alimento - maiores do que o gasto, o peso corporal aumenta e a maior parte do excesso de energia é armazenada como gordura no tecido adiposo. Sendo assim, a obesidade é provocada pela ingestão superior a demanda energética. [21] O seu diagnóstico é realizado a partir do parâmetro estipulado pela Organização Mundial de Saúde, o índice de massa corporal (IMC), sendo que o mesmo é calculado a partir da relação entre peso corpóreo (kg) e estatura (m)² dos indivíduos. Através deste parâmetro, são considerados obesos os indivíduos cujo IMC encontra-se num valor igual ou superior a 30 10 kg/m². [21] Devemos destacar que o excesso de peso é um dos maiores problemas de saúde em muitos países, principalmente os industrializados. A obesidade é um problema de abrangência mundial pelo fato de atingir um elevado número de pessoas, além de ser a porta de entrada para diversas enfermidades tais como doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo II e alguns tipos de câncer. [10] Devido a maior ingestão de carboidratos, em pessoas obesas, ocorre elevação na taxa de glicemia e na produção de insulina, o que à longo prazo irá acarretar resistência à insulina,diminuição da tolerância a glicose e hipertrofia das ilhotas de Longerhans. O excesso de concentração de insulina plasmática leva a hipoglicemia e a hiperinsulinemia que é provocada pela elevada concentração em sinergia com glicose, para estimular a liberação de insulina. Além disso, a obesidade sobrecarrega todos os órgãos, principalmente o coração e também está ligada a níveis pressóricos mais elevados, a hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e o diabete. [10] Como podemos observar, o açúcar se apresenta como um veneno para a saúde humana, pois além de ser um produto químico barato e abundante, está impregnado em nossa alimentação, não atribuindo nenhum valor nutricional a nossa dieta. É o açúcar o verdadeiro e único agente que conferiu caráter patogênico à dieta moderna, por adicionar calorias desnecessárias que prejudicam o metabolismo e diferentemente do que muitos pensam essa substância aparentemente ‘’inocente’’ é um agente químico agressor do organismo, um corpo estranho na mesa que transformou o alimento do ser humano, e o expos a inúmeras doenças, afetando a sua qualidade de vida. [1] 5. CONSUMO INDIRETO DE AÇÚCAR O padrão de consumo alimentar da população brasileira sofreu intensa modificação nas últimas décadas, e verificou-se a tendência da substituição do consumo de alimentos tradicionais da dieta, como arroz e feijão, por produtos industrializados. Essa mudança, por sua vez, está diretamente vinculada com o aumento da disseminação de obesidade e doenças crônicas na população, doenças as quais já foram citadas anteriormente no presente trabalho. [11] Devemos mencionar que essa realidade, além de estar associada às mudanças na composição das dietas e no estilo de vida dos indivíduos, é resultado das mudanças no ambiente, as quais estão relacionadas à industrialização, urbanização e integração de diversos países a economia global. Com isso, se tornou cada vez mais acessível à compra e o consumo de produtos industrializados pelas famílias brasileiras, produtos que, por sua vez, trazem elevadas taxas de açúcares adicionais em sua composição. [12] Nas últimas quatro décadas, o consumo de açúcar aumentou drasticamente, prova disso é a sua presença nos mais diversos alimentos que consumimos em nosso cotidiano, que vai desde a sua forma bruta até como complemento de algum produto industrializado. A nossa realidade é que a indústria favorece cada vez mais este consumo, disponibilizando nas prateleiras produtos recheados de açúcar, e como consequência a população desde a sua 11 primeira refeição do dia, até a última, consome alimentos ricos neste ingrediente. [13] No Brasil, o elevado consumo de açúcares de adição excede as recomendações internacionais estipuladas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A recomendação é que o consumo diário dessa substância não ultrapasse 10% das calorias ingeridas diariamente, ou seja, cerca de 50 g de açúcar por dia. Entretanto maiores benefícios à saúde podem ser conseguidos se o consumo diário de açúcar for reduzido para 5% das calorias ingeridas, o que corresponde a cerca de 25 g diárias. O que dificulta o alcance dessa meta é o fato de que a maioria desses açúcares está “escondida” em alimentos processados, com destaque para as refeições prontas, temperos, sucos industrializados e refrigerantes, além do próprio açúcar adicionado à alimentação preparada pelo consumidor em seu cotidiano. [14,15] Esses açúcares “escondidos” estão presentes em mais de 70% dos alimentos vendidos nos supermercados, e possuem mais de 60 nomes diferentes os quais muitas vezes são desconhecidos e difíceis de identificar, os mais comuns são: a maltodextrina, xarope de milho, xarope de glicose, glicose de milho, dextrose, frutose, extrato de malte entre outros. Outro aspecto importante a ser comentado é que o açúcar não atua somente como adoçante, ele também é muito utilizado na tecnologia alimentar, por seu efeito conservante, por proporcionar cor agradável, textura, além de modificar a maciez e viscosidade dos produtos. [14] Cabe salientar que a legislação brasileira não exige que haja nos rótulos a distinção entre os açúcares naturais dos alimentos e aqueles que são incluídos no total de carboidratos. Dessa forma, tem-se a dificuldade de estimar a quantia de açúcar ingerida diariamente. [14] Vejamos a seguir na Tabela 1, o teor médio de açúcar nos produtos mais comuns do nosso cotidiano: Tabela 1. Teor médio de açúcar 12 Com base nessa tabela podemos perceber que alimentos aparentemente inofensivos, podem conter uma quantidade exorbitante de açúcar, nos fazendo consumir de maneira de maneira despercebida e excessiva este grande vilão da saúde. Podemos observar ainda, que os maiores teores de açúcar aparecem nos refrigerantes de cola, nos néctares de uva e nos produtos lácteos sabor morango e que basta uma única lata para ultrapassar os limites de açúcares diários considerados saudáveis pela OMS. A partir da análise desses parâmetros, reconhece-se que o açúcar é um item imprescindível na indústria alimentícia e produto dos mais presentes na mesa dos brasileiros, porém o açúcar atualmente vem sendo taxado como vilão da saúde, devido ao alto índice de doenças advindas do consumo excessivo mesmo que indireto, pois está presente em uma infinidade de produtos da dieta humana, sendo assim intervenções para reduzir o consumo de alimentos processados e incentivo a práticas alimentares saudáveis assumem caráter ainda mais emergencial. [2,9] 6. AÇÚCAR VERSUS ADOÇANTE A preferência humana pelo sabor doce tem gerado o uso excessivo de produtos açucarados, e cada vez mais se tem associado o seu uso ao aparecimento de inúmeras doenças crônicas não transmissíveis. Entretanto, ao lado do açúcar surgiu uma série de produtos que cumprem funções idênticas e procuram adoçar e conquistar os consumidores a partir de suas características específicas. Estamos falando dos adoçantes artificiais, também conhecidos como edulcorantes. [16,17] Nos últimos anos os adoçantes tem ganhado espaço no cotidiano do consumidor. Cada vez mais pessoas com o intuito de diminuir o consumo de açúcar, ou aquelas em dietas com restrição calórica e indivíduos com intolerância à glicose e sacarose, recorrem às substâncias adoçantes artificiais, pois as mesmas garantem um poder adoçante superiores ao açúcar dispondo de pequenas quantidades. [16,18] Os adoçantes podem ser classificados de acordo com sua origem e valor calórico: os edulcorantes nutritivos fornecem energia e textura aos alimentos, contendo geralmente o mesmo valor calórico do açúcar e é usado em grandes quantidades. Existem ainda os edulcorantes não nutritivos, que proporcionam apenas a doçura acentuada e não desempenha nenhuma função tecnológica ao produto, além disso, são utilizados em pequenas quantidades e são pouco calóricos. [17] Nos anos 80, a legislação brasileira considerava os adoçantes como fármacos, e estes eram consumidos apenas por portadores de diabetes ou doenças que exigiam a diminuição no uso de açúcar. Porém em 1998 o uso de edulcorantes foi regulamentado no mercado nacional, e a população em geral passou a ter acesso ao produto. De lá para cá os adoçantes têm invadido os supermercados e os lares dos brasileiros. Os edulcorantes já não são mais usados somente por pessoas obesas ou diabéticas, como ocorria nos anos 80, eles estão cada vez mais, ganhando o seu espaço na dieta de pessoas que buscam manter sua forma física e restringir o nível calórico de sua alimentação. [16,19] Os indivíduos que necessitam substituir o açúcar comum por adoçantes são exigentes 13 e procuram por produtos que possuam gosto e características semelhantes aos do açúcar. Por esse motivo, recorrem frequentemente a adoçantes nutritivos e não nutritivos. [20]Ao primeiro grupo podemos incluir, por exemplo, os edulcorantes: lactose, manitol, sorbitol, xilitol, sucralose. Em contrapartida, ao grupo dos adoçantes não nutritivos podemos incluir: acessulfame K, aspartame, ciclamato, sacarina, stévia, frutose. Observem nas Tabelas 2 e 3, respectivamente, as principais características desses edulcorantes: Tabela 2 – Caracterização dos Edulcorantes Nutritivos Fonte: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/adocantes.pdf 14 Tabela 3 – Caracterização dos Edulcorantes Não- Nutritiva Fonte: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/adocantes.pdf Como podemos observar o fato de os adoçantes serem menos calóricos que o açúcar não quer dizer que os mesmos sejam mais saudáveis. Portanto, ao optar por estes produtos, devemos nos atentar aos alimentos constituídos por diferentes tipos de edulcorantes, a fim de evitar reações adversas decorrentes de possíveis acúmulos no organismo. Visto que por possuir alto poder adoçante, os edulcorantes não nutritivos são muito utilizados industrialmente, estando presente nos mais diversos tipos de alimentos e bebidas. [20] O fato é que, quaisquer dos edulcorantes referidos podem ser utilizados como 15 alternativa ao açúcar, porém em quantidades moderadas e mantendo-se as regras gerais de uma alimentação equilibrada, lembrando-se sempre de ler cuidadosamente os rótulos dos produtos e verificar se os adoçantes de mesa ou se os alimentos consumidos possuem edulcorantes não recomendados para sua condição de saúde, dando sempre preferência as marcas que possuem uma rotulagem completa. [20] 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através da pesquisa realizada para a elaboração deste artigo, foi possível analisar a transição nutricional ao longo das décadas e o preocupante aumento no consumo de alimentos ricos em açúcares em especial a sacarose. Além disso, podemos observar que a adição de açúcares está presente nos mais diversos tipos de alimentos do nosso cotidiano, o que tem contribuído diretamente para a disseminação de epidemias de obesidade, diabetes dentre várias outras doenças crônicas. Dessa forma, ações direcionadas para a prevenção e controle desse agravo, a partir de políticas públicas que visam limitar o consumo dos alimentos ricos em açúcares, além de medidas educacionais em saúde e nutrição, assumem caráter ainda mais emergencial. 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Fernando Carvalho. Livro Negro do Açúcar: Algumas verdades sobre a indústria da doença. Disponível em: http://br.monografias.com/trabalhos-pdf/livro-negro-acucar- verdades-doenca/livro-negro-acucar-verdades-doenca.pdf [2] MANHANI, Tatiana Monique; CAMPOS, Maria Valéria M.; DONATI, Fulviane Pimentel Sacarose, suas propriedades e os novos edulcorantes. Disponível em: http://www.uniara.com.br/legado/revistauniara/pdf/32/artigo_09.pdf [3] Emanuela Nogueira Wanderley1 Vanessa Alves Ferreira. Obesidade: Uma perspectiva plural. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n1/a24v15n1.pdf [4]Abbott Brasil. A ciência do Açúcar. Disponível em: http://www.abbottbrasil.com.br/imprensa/noticias/press-releases/a-ciencia-do-acucar.html [5]Enirvana. Os males do excesso de açúcar no organismo. Disponível em: http://www.enirvana.com.br/blog/os-males-do-excesso-de-acucar-no-organismo/ [6] Denise Maria Pinheiro, Karla Rejane de Andrade Porto, Maria Emília da Silva Menezes. A química dos alimentos: carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas e minerais. Disponível em: http://www.usinaciencia.ufal.br/multimidia/livros-digitais-cadernos tematicos/A_Quimica_dos_Alimentos.pdf [7] Débora Carvalho Meldau. Corpos cetônicos. 16 Disponível em: http://www.infoescola.com/bioquimica/corpos-cetonicos/ [8] Iracema Ayalla dos Santos. Efeitos comportamentais da ingestão crônica de tipos diferentes de açúcares. Diponível em:https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/100715/310920.pdf?sequence=1&i sAllowed=y [9] Renata Bertazzi Levy; Rafael Moreira Claro; Daniel Henrique Bandoni; Lenise Mondini; Carlos Augusto Monteiro. Disponibilidade de açúcares de adição no Brasil: distribuição, fontes alimentares e tendência temporal. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-790X2012000100001 [10] Profa. Dra. Mariângela Gagliardi Caro Salve.Obesidade e peso corporal: Riscos e consequências. Disponível em:http://www.nutricaoemfoco.com.br/NetManager/documentos/obesidade_e_peso_corporal. pdf [11] Rosely Sichieri, Joelma Ferreira Gomes Castro, Aníbal Sanchez Moura. Fatores associados ao padrão de consumo alimentar da população brasileira urbana. Disponível em:http://www.scielo.br/pdf/%0D/csp/v19s1/a06v19s1.pdf [12] Renata Bertazzi Levy, Rafael Moreira Claro, Carlos Augusto Monteiro. Aquisição de açúcar e perfil de macronutrientes na cesta de alimentos adquirida pelas famílias brasileiras (2002-2003). Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v26n3/05.pdf [13] Equilíbrio Clínica Nutricional. Perigos do açúcar na alimentação. Disponível em: http://www.equilibrionutricional.com.br/site/atualidades.php?page=atualidades&id=24 [14] Portal PBH. Açúcar oculto nos alimentos: Vilão para a saúde? Disponível em: http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/noticia.do?evento=portlet&pAc=not&idConteudo=19718 3&pIdPlc=&app=salanoticias [15] Organização Pan-Americana da Saúde. OMS recomenda que os países reduzam o consumo de açúcar entre adultos e crianças. Disponível em: http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=4783:oms- recomenda-que-os-paises-reduzam-o-consumo-de-acucar-entre-adultos-e- criancas&Itemid=821 [16] Nutrosoft. Adoçantes Artificiais. Disponível em: http://www.nutrosoft.com.br/site/artigos/adocante.asp [17] Revista Fi. Adoçantes calóricos e não calóricos. Disponível em: http://www.revista- fi.com/materias/154.pdf [18] Ana Paula Gines Geraldo. Adoçantes dietéticos e excesso de peso corporal em adultos e idosos do estado de São Paulo. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-03032015-103636/es.php 17 [19] Caroline Morozoff Lima, Daniella Ribeiro G. Mendes. Efeitos nocivos causados por bebidas industrializadas. Disponível em: http://revistafacesa.senaaires.com.br/index.php/revisa/article/viewFile/103/55%3E%20%20A cesso%20em:%2026%20abr.%202015 [20] Teixeira S, Gonçalves J, Vieira E. Edulcorante: Uso e aplicação na alimentação, com especial incidência na dos diabéticos. [21] Guyton & Hall, Tratado da Fisiologia Médica, 12° Edição, 2011, Editora Elsevier.
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