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resumo do livro o urbanismo - francoise choay

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1 
 
 
 FACULDADE ASSIS GURGACZ – FAG 
 Curso de Engenharia Civil 
 Disciplina de Planejamento Urbano e Regional 
 Professora: Ana Paula R. Horita Bergamo 
 
Resumo do livro: Françoise, C. O Urbanismo, Perspectiva, São Paulo,2003 
 
O Urbanismo 
 
 cidade industrial é urbana. A cidade é o seu horizonte. Ela produz 
metrópoles, conurbações, cidades industriais, grandes conjuntos 
habitacionais. No entanto, fracassa na ordenação desses locais. A cidade 
industrial tem especialistas em planejamento urbano que aparecem, 
contestadas e questionadas. A palavra “Urbanismo”é recente , data segundo G. 
Bardet¹ em 1910. 
O Urbanismo não questiona a necessidade das soluções que preconiza, segundo as 
palavras de seu representante Le Corbusier, ele reivindica o ponto de vista verdadeiro. 
O Urbanismo quer resolver um problema ( o planejamento da cidade maquinista) que 
foi colocado bem antes de sua criação, a partir das primeiras décadas do século XIX, 
quando a sociedade industrial começava a tomar consciência de si e a questionar 
suas realizações. 
01.O Pré – Urbanismo 
Para situar as condições na quais se colocam, no século XIX, os problemas de 
planejamento urbano, lembremos rapidamente de alguns fatos. 
A revolução industrial é quase imediatamente seguida por um impressionante 
crescimento demográfico das cidades, por uma drenagem dos campos em benefício 
de um desenvolvimento urbano sem precedentes. A Grã- Bretanha é o primeiro teatro 
em 1830. O número das cidades inglesas com mais de cem mil habitantes passou de 
duas para trinta, entre 1800 e 1895. 
 Os quadros de cidades medievais ou barrocas, são rompidas por uma nova ordem. 
Neste sentido Haussman, no desejo de adaptar Paris, faz uma obra realista. Pode-se 
definir como uma nova ordem, a racionalização das vias de comunicação, com 
abertura de grandes artérias e a criação de estações, os quarteirões de negócios no 
centro, as residências nas periferias, mas nessa época são criados novos órgãos que, 
por seu gigantismo mudam o aspecto da cidade: grandes lojas, grandes hotéis, e a 
A 
2 
 
1. Segundo G. Bardet, a palavra Urbanismo parece ter sido usada pela primeira vez em 
1910 no Bulletin de La Société. O instituto de urbanismo na Universidade de Paris foi 
criado em 1924. O urbanismo é ensinado em Paris a partir do ano de 1953. 
 
suburbanização assume a importância crescente: a indústria implanta-se nos 
arrebaldes, as classes média e operária deixa de ser um entidade espacial bem 
delimitada. 
No momento que a cidade do século XIX começa a tornar forma própria, ela forma um 
movimento novo, de observação e reflexão, em alguns casos tenta-se até formular as 
leis de crescimento das cidades. Essa abordagem científica e isolada, que é o 
apanágio de alguns sábios, opõe-se a atitudes de pensadores com os quais se choca 
a realidade das grandes cidades industriais. 
Os sentimentos humanitários, principalmente de médicos e higienistas, denunciam o 
estado de deterioração física e moral em que vive o proletariado urbano: o habitat 
insalubre do trabalhador, frequentemente distanciado do local de trabalho, os lixões 
fétidos amontoados e a ausência de jardins públicos nos bairros populares. 
Os modelos 
O que é expressão de desordem chama sua antítese, a ordem. Por não poder dar uma 
forma prática ao questionamento da sociedade, a reflexão situa-se na dimensão da 
utopia. Um conjunto de filosofias políticas e sociais (Owen, Fourier, Considérant, 
Proudhon, Ruskin, Morris), ou de verdadeiras utopias (Cabet, Richardson) vemos 
assim distinguir-se com um maoir ou menor luxo de detalhes, dois tipos de projeções 
espaciais, de imagens da cidade futura, chamaremos daqui para frente de modelos. 
1.1 O Modelo Progressista 
1.1.1.ROBERT OWEN (1771-1858)
 
Antes de tornar-se uma das figuras 
marcantes do primeiro socialismo europeu, 
Robert Owen viveu pessoalmente os 
problemas da nascente sociedade 
industrial. Desde os dez anos de idade, 
trabalhava numa fábrica de algodão. Em 
1798 tornou-se co-proprietário de uma 
fábrica de New Lanark, encontrou assim 
um terreno de experimentação, e colocou 
em prática reformas sociais inspirado pela 
miséria vivida no proletariado industrial.seu 
esforço recaiu essencialmente na redução 
de horas de trabalho, no melhoramento da 
habitação e a prática da escolariedade 
obrigatória. Deve-se a Owen as primeiras 
escolas maternais da Inglaterra. 
Dizia que a educação é necessária ao homem que quer dominar a máquina e explorar as 
possiblidades da revolução industrial, e ao mesmo tempo ela contribui para a melhoria do 
rendimento individual. Sua fábrica tornou-se um lugar de peregrinação para os reformadores 
sociais da Grã- Bretanha. Em suas obras descreve o modelo ideal e higiênico, ordenado e 
criador: Pequenas comunidades semi-rurais de 500 a 3.000 habitantes, federadas entre si. E 
para realizá-lo, em 1825 comprou 30.000 acres de terra no estado de Indiana ( Estados 
Unidos) e fundou a colônia de New Harmony. Três anos depois tinha perdido quatro quintos da 
3 
 
 
sua fortuna e voltava para a Europa. Voltou ao Reino Unido (1829) onde organizou uma rede 
de cooperativas e um sistema de bolsas de trabalho e promoveu uma vasta união sindical 
(1834). Tornou-se espiritualista (1852) e morreu em sua cidade natal. Seu livro mais importante 
foi The New Moral World (1834-1845) e foi o primeiro a usar a palavra socialismo, para 
denominar sua doutrina. 
O estabelecimento modelo 
Segundo Owen, para realizar os princípios que formam a ciência social, seria 
desejável que o governo estabelecesse vários núcleos ou associações- modelo: 
 Ideal de habitantes: 500 a 2.000 
 Cidade totalmente indepentente, com governantes. 
 
 
O Plano quadradriculado 
 
 O plano quadriculado com prédios . cada quadrado recebe 1.2000 pessoas e 
está rodeado de 1000 a 1500 acres de terreno; 
 Interior ficam os edifícios públicos; 
 Um edifício central onde situa a cozinha comunitária. 
 A residência para casados e solteiros. 
 A educação é primordial, crianças com 3 anos passam o dia inteiro nas 
escolas. 
 
Segundo Owen, este plano permitirá que se suprimam em uma geração, as 
subvenções concedidas aos miseráveis. 
 
 
 
 
 
Fig. 1.1.1 A fábrica: New Lanark 
 
"Em 1799, Owen e alguns sócios adquirem a fiação New Lanark, na Escócia, e fazem 
dela uma fábrica modelo com maquinaria moderna, jornadas moderadas, bons 
salários, moradias dignas e também uma escola primária e creche, a primeira da 
Inglaterra." 
4 
 
 
 
 Fig. 1.1.2 Mapa de New Harmony (1825). 
 
“Em 1825, Owen elabora um modelo de convivência ideal: uma cidadezinha para uma 
comunidade restrita, que trabalhe coletivamente no campo e na oficina e que seja auto-suficiente, 
possuindo dentro de si todos os serviços necessário." E depois de várias tentativas surge New Harmony, 
em Indiana nos Estados Unidos. 
 
1.1.2. CHARLES FOURIER (1772-1837) 
 
François Marie Charles Fourier foi 
um socialista francês da primeira parte 
do século XIX, um dos pais do 
cooperativismo. Foi também um crítico 
ferino do economicismo e do 
capitalismo de sua época, e adversário 
da industrialização, da civilização 
urbana, do liberalismo e da família 
baseada no matrimônio e na 
monogamia. 
5 
 
 
O caráter jovial com que Fourier 
realizou algumas de suas críticas fez 
dele um dos grandes satíricos de todos 
os tempos. Propôs a criação de unidades 
de produção e consumo - as falanges ou 
falanstérios - baseadas em uma forma 
decooperativismo integral e auto-
suficiente, assim como na livre 
perseguição do que chamava paixões 
individuais e seu desenvolvimento, o 
que constituiria um estado que chamava 
harmonia. Neste sentido antecipa a 
linhagem do socialismo libertário dentro 
do movimento socialista, mas também 
em linhas críticas da moral burguesa e 
cristã, restritiva do desejo e do prazer - 
neste sentido, sendo também em um dos 
precursores da psicanálise.
[1]
 Em 1808 
Fourier já argumentava abertamente em 
favor da igualdade de gênero entre 
homens e mulheres, apesar da palavra 
feminismo só ter surgido em 1837. 
 
O MODELO 
O modelo desenvolvido por Fourier, denomina-se Falanstério visava a felicidade de 
cada um, a harmonia e a reconciliação de todos, a “Falange”tratava-se de uma 
organização social de 2.000 a 3.000 pessoas bem equipadas para a vida e o trabalho, 
que elevariam à civilização povos até então mergulhados no esquecimento. Essas 
pessoas eram abrigadas em grandes prédios denominada Falanstério, verdadeiro 
palácios para o povo, sua intenção era reestruturar a sociedade. 
Os falanstérios, espécie de comunas de produção e moradia, deveriam abrigar cerca 
de 1,6 mil pessoas e não só dedicar-se à produção agrícola e industrial local, mas 
também dar conta das atividades lúdicas e de aprendizado intelectual. Charles Fourier 
concebeu seus falanstérios como construções simétricas de seis andares, com forma 
de U, ocupando um pedaço de terra de 2.300 hectares. Seriam um pouco como 
hotéis, contendo apartamentos privados alugados a diferentes preços, cômodos de 
uso geral e uma grande sala de jantar. Abrigariam 1.600 a 1.800 pessoas (idealmente 
1.620) subdividas em uma hierarquia de grupos, os menores dos quais seriam “séries” 
de seis a nove indivíduos. 
Os falanstérios funcionariam como sociedades anônimas capitalistas e seus membros 
dividiriam os lucros de acordo com o dinheiro que haviam investido, suas qualificações 
e seu trabalho. Vale observar que foi Fourier quem criou o termo “feminismo” e 
criticava a monogamia por escravizar as mulheres. O tratamento das mulheres em um 
país, disse ele, reflete o grau de sua civilização. 
Em sua sociedade ideal, “as crianças sempre acordam às 3 da madrugada, limpam os 
estábulos, cuidam dos animais, trabalham nos matadouros... As Hordas Juvenis 
(formadas por crianças de 9 a 16 anos) têm como um dos seus deveres o eventual 
reparo das estradas...” e também o controle de cobras. Fourier acreditava que as 
crianças adoravam fazer trabalhos sujos. Depois de seu primeiro livro sobre os 
falanstérios em 1808, continuou a expor suas idéias em outros livros e conseguiu 
seguidores entusiásticos, primeiro na França e depois nos EUA. 
Pelo menos dois famosos escritores norte-americanos, Ralph Waldo Emerson e Henry 
David Thoreau deram-se ao trabalho de atacar o Fourierismo por acreditarem que ele 
aboliria o individualismo. Mas outros intelectuais se apaixonaram pela idéia. Um deles 
foi Albert Brisbane, que havia encontrado Fourier na Europa em 1828 e voltou para os 
EUA em 1840 para escrever O Destino Social do Homem, no qual esboçou as idéias 
do utopista francês. Impressionado com Brisbane, Horace Greeley deu-lhe espaço no 
seu jornal Tribune, de Nova York, para escrever artigos sobre o Fourierismo. 
6 
 
 
Sociedades fourieristas – também chamadas associacionistas – formaram-se por toda 
parte e chegaram a reunir 200 mil membros. Em 1843, fez-se uma convenção em que 
se planejou organizar falanstérios (em inglês, phalanxes). 
Entretanto, apenas três dos quarenta falanstérios criados nos EUA duraram mais de 
dois anos e a maioria não seguiu as idéias de Fourier com muito rigor. O mais famoso 
foi a comunidade de Brook Farm, em Massachusetts, que se converteu do 
transcendentalismo para o fourierismo em 1844. Entretanto, seus membros, como o 
da maioria dos outros falanstérios, recusaram-se a adotar o conceito fourierista de 
“atração apaixonada” (amor livre) e permaneceram monógamos. 
O Falanstério North American, em Red Bank, Nova Jersey, foi uma das experiências 
mais bem sucedidas – mesmo se, depois de ter recebido um financiamento inicial de 
US$ 100 mil (US$ 3,5 milhões, a preços de hoje), empobreceu tanto que as refeições 
ficaram reduzidas a tortas de trigo sarraceno e água. Ela durou 13 anos. 
O Falanstério Clermont, em Ohio, foi abrigada em uma construção semelhante a um 
navio a vapor, com cabines de cada lado de um grande átrio interior. Houve também a 
Sylvania Phalanx, o Falanstério Trumbull, o Falanstério Integral e o Le Réunion, no 
Texas, fundado pelo francês Victor Considérant. 
Todos fracassaram – fosse por seus membros não conseguirem viver juntos, por má 
administração, ou , como um membro disse, “por amor ao dinheiro e falta de amor pela 
associação”. 
 
 
Fig..1.1.2. Desenho Fourier Falanstério 
 
 
7 
 
 
 
Fig.1.1.2.1 Planta Esquemática Falanstério. 
 
 
 
 
Fig.1.1.2.2 Corte Esquemático do Falanstério. 
 
8 
 
 
 
Fig.1.1.2.3 Desenhos do Falanstério. 
 
O modelo progressista pode-se definir a partir de obras tão diferentes quanto as de 
Owen, Forrier entre tantos que não citamos mas que também contribuíram como 
Richardson, Cabet e Proudhon. Todos estes autores têm em comum uma mesma 
concepção do homem e a razão, que subtende e determina suas propostas relativas à 
cidade. 
O espaço do modelo progressista é amplamente aberto, rompido por vazios de verdes, 
têm como uma exigência da higiene. Relatam que o verde oferece particularmente um 
quadro para momentos de lazer, consagrado à jardinagem e à educação, uma 
sistemática ao corpo. 
O espaço urbano é traçado conforme uma análise das funções humanas. Classificam 
e localizam separadamente as diversas formas de trabalho como industrial, liberal e 
agrícola. A lógica e a beleza devem coincidir. 
A cidade progressista recusa qualquer herança artística do passado, para submeter-se 
exclusivamente às leis de uma geometria natural, ela elimina a possibilidade de 
variantes ou adaptações a partir de um mesmo modelo. Tal é o exemplo, que no caso 
de Furier, a cidade ideial é representada com quatro anéis concêntricos, cada um na 
distância de mil toesas ( uma toesa equivale a um metro e oitenta e dois centímetros), 
9 
 
 
suas vias de circulação minuciosamente calibradas, suas casas, cujo alinhamento, 
gabarito e até tipo de muro, estão de uma vez por todas calculados. 
Entre os diversos edifícios tipos, o alojamento padrão ocupa, na concepção 
progressista um lugar importante e privilegiado. Se analisarmos os elementos, 
enquanto conjunto percebemos que ao contrário da cidade ocidental tradicional, ela 
não constitui mais uma solução densa e maciça, mas propõe uma localização 
fragmentada,atomizada: na maior parte dos casos, os bairros, as falanges, auto 
suficientes, são indefinidamente justapostos. O espaço livre preexiste, há uma 
abundância do verde e de vazio que exclui uma atmosfera propriamente urbana. 
 
O Modelo Culturalista 
 
O segundo modelo é extraído das obras de Ruskin e de Willian Morris; é ainda 
reencontrado no fim do século em Ebenezer Howard, o pai da cidade jardim. Fato 
notável, este modelo não conta com nenhum representante francês. Seu ponto de 
partirda crítico não é mas a situação do indivíduo, mas a do agrupamento humano, da 
cidade. O escândalo histórico de que falam os partidários do modelo culturalista é o 
desaparecimento da antiga unidade orgânica da cidade, sob a pressão desintegradora 
da industrialização. 
É em grande parte o desenvolvimento dos estudos históricos e da arqueologia, 
nascida com o Romantismo, que fornecem a imagem nostálgica, que em termos 
hegelianos, podeser chamado de bela totalidade. 
 
 
1.1.3.JHON RUSKIN (1818-1900) 
 
John Ruskin foi um escritor mais 
lembrado por seu trabalho como crítico 
de arte e crítico social británico. Foi 
também poeta e desenhista. Os ensaios 
de Ruskin sobre arte e arquitetura foram 
extremamente influentes na era 
Vitoriana, repercutindo até hoje. 
O pensamento de Ruskin vincula-se ao 
Romantismo, movimento literário e 
ideológico (final do século XVIII até 
meado do século XIX), e que dá ênfase 
a sensibilidade subjetiva e emotiva em 
contraponto com a razão. Esteticamente, 
Ruskin apresenta-se como reação ao 
Classicismo e com admiração ao 
medievalismo. Na sua definição de 
restauração dos patrimônios históricos, 
considerava a real destruição daquilo 
que não se pode salvar, nem a mínima 
10 
 
 
parte, uma destruição acompanhada de 
uma falsa descrição. 
A partir de 1851, foi um defensor inicial 
e patrono da Irmandade Pré-Rafaelita, 
inspirando a criação do movimento Arts 
& Crafts 
 
 Ruskin, relatava que podemos viver sem a arquitetura de uma época, mas não 
podemos recordá-la sem a sua presença. Podemos saber mais da Grécia e de sua 
cultura pelos seus destroços do que pela poesia e pela história. 
Deve-se fazer história com a arquitetura de uma época e depois conservá-la. As 
construções civis e domésticas são as mais importantes no significado histórico. A 
casa do homem do povo deve ser preservada pois relata a evolução nacional, 
devendo ter o mesmo respeito que o das grandes construções consideradas por 
muitos importantes. 
 Mais vale um material grosseiro, mas que narre uma história, do que uma obra rica e 
sem significado. A maior glória de um edifício não depende da sua pedra ou de seu 
ouro, mas sim, do fato de estar relacionada com a sensação profunda de expressão. 
Uma expressão não se reproduz, pois as idéias são inúmeras e diferentes os homens; 
segundo os objetos de diferentes estudos, chegar-se-ia a inúmeras conclusões. A 
restauração é a destruição do edifício, é como tentar ressuscitar os mortos. É melhor 
manter uma ruína do que restaurá-la." 
 
Os princípios de Ruskin resume em: 
 A cidade não é uma coleção de unidades: Não importa que tenham uma 
enorme quantidade de belos monumentos públicos se eles não se ligam, não 
se harmonizam com o conjunto das casas. 
 Contra a repetição: a repetição é uma ornamentação totalmente monótoma. 
 Pela diversidade: os padrões de repetição inserida pela industrialzação, abafa 
a diversidade de materiai se de construções. 
 O enraizamento: é difícil de acreditar que uma casa possa ser destinada a 
durar uma só geração, nossas casas, são nossos templos, possuem o cheiro 
de nossos pais. 
 
1.1.4. WILLIAM MORRIS (1834-1896) 
 
William Morris foi um dos pricipais 
fundadores do Movimento das Artes e 
Ofícios britânico. Ele era pintor - de 
papéis de parede, tecidos padronizados 
e livros - além de escritor de poesia e 
ficção e um dos fundadores do 
movimento socialista na Inglaterra.
11 
 
 
O movimento artístico que Morris e os outros tornaram famoso foi a Irmandade Pré-
Rafaelita. Eles evitavam a manufatura industrial barata de artes decorativas e da 
arquitetura e favoreciam um retorno ao artesanato, elevando os artesãos à condição de 
artistas.Em 1877, ele fundou a Sociedade para a Proteção de Prédios Antigos. Seu 
trabalho de preservação resultou indiretamente na fundação do National Trust. 
 
William Morris, relata que para ele o belo trabalho é a expressão de uma cultura total 
que só tem sentido com a condição de ser patrimônio próprio da classe trabalhadora. 
Como representante deste movimento é contra a industrialização e passa a defender 
a questão do artesanato. Sua obra de maior destaque é a Red House. Neste projeto a 
leitura da planta é feita através da fachada. Sua planta é funcional, tem programa de 
necessidades e volumetria. Além desses aspectos, todos os elementos internos foram 
concebidos em estilo neogótico - vitrais, arcos ogivais e móveis. 
Morris relata o saudosismo das antigas cidades, massacradas pelo progresso, onde as 
imagens só lhe restaram as lembranças de vilarejos inteiros que foram derrubados e 
construído em favor do progresso , que define como um atropelo da arte. Morris não 
produziu modelos, mas influência vários pensadores do romantismo. 
A crítica sem modelo de Engels e Marx 
Ao contrário dos outros pensadores políticos do século XIX, e apesar de seus 
empréstimos dos socilistas utópicos, Marx e , mais explicitamente Engels criticaram as 
grandes cidades industriais comtemporâneas sem recorrer ao mito da desordem, nem 
propor sua contrapartida, o modelo da cidade futura. 
A cidade tem, para eles, o privilégio de ser o lugar da história. Foi ali que, numa 
primeira fase, a burguesia se desenvolveu e exerceu seu papel revolucionário. É ali 
que nasce o proletariado industrial , ao qual vai caber principalmente a tarefa de 
executar a revolução socialista e de realizar o homem universal. Essa concepção do 
papel histórico da cidade do século XIX é, pelo contrário, para Engels e Marx, a 
expressão de ordem que foi a seu tempo criadora e que deve ser destruída para ser 
ultrapassada. 
Eles não opõem a essa ordem a imagem abstrata de uma ordem nova. A cidade para 
eles, não é apenas o aspecto particular do problema geral e sua forma futura está 
ligada ao advento das sociedades.As certezas e exatidões de um modelo são 
recusadas em benefício de um futuro indeterminado, cujos contornos só aparecerão 
progressivamente, na medida em que se desenvolver a ação coletiva. 
1.1.5 KARL MARX (1818-1883) 
 Karl Heinrich Marx, nasceu na Alemanha, foi um intelectual e 
revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como 
12 
 
 
economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista.O pensamento de Marx 
influencia várias áreas, tais como Filosofia, História, Sociologia, Ciência Política, 
Antropologia, Psicologia, Economia, Comunicação, Arquitetura, Geografia e outras. 
Em uma pesquisa da rádio BBC de Londres, realizada em 2005, Karl Marx foi eleito o 
maior filósofo de todos os tempos. 
1.1.6 FRIEDRICH ENGELS (1820-1895) 
Friedrich Engels foi um filósofo alemão que junto com Karl Marx fundou o chamado 
socialismo científico ou marxismo. Ele foi co-autor de diversas obras com Marx, sendo 
que a mais conhecida é o Manifesto Comunista. Também ajudou a publicar, após a 
morte de Marx, os dois últimos volumes de O Capital, principal obra de seu amigo e 
colaborador.Grande companheiro de Karl Marx, escreveu livros de profunda análise 
social. Entre dezembro de 1847 à janeiro de 1848, junto com Marx, escreve o Manifesto 
Comunista. Sem dúvida nenhuma, Engels foi um filósofo como poucos: soube analisar 
a sociedade de forma muito eficiente, influenciando diversos autores marxistas. 
13 
 
 
2 O Urbanismo- origem da cidade moderna 
O urbanismo difere do pré urbanismo em dois pontos importantes. Em lugar de obras 
generalistas (historiadores, economistas ou políticos), ele é, sob suas duas formas, 
teórica e prática, o apanágio de especialistas, geralmente arquitetos e engenheiros. As 
idéias vão ser aplicadas, ao invés de ser um acantonado na utopia, o urbanismo vai 
destinar técnicos uma tarefa prática. 
2.1Tony Garnier (1869-1948) o urbanismo progressista 
A versão nova do modelo progressista encontra uma primeira expressão em La cté 
industrielle do aquiteto Tony Garnier, uma breve introdução, acompanahada de uma 
imponente série de ilustrações, descobre-se ali, segundo Le Corbusier:“uma tentativa de ordenação e uma conjunção das soluções utilitárias e das soluções 
plásticas. Uma regra unitária distribui por todos os bairros da cidade a mesmas 
escolha de volumes essenciais e fixa os espaços seguindo necessidades de ordem 
prática e as injunções de um sentido poético próprio do arquiteto e engenheiro”. 
Modelo Proposto por Tony Garnier. 
 
 Fi g. 2.1.1Cidade Industrial Tony Garnier 
14 
 
 
 
Fi g. 2.1.2 Cidade Industrial Tony Garnier 
 
O plano da cidade industrial feita por Tony Garnier foi terminado em 1901, antes da 
Carta de Atenas, que foi o primeiro manifesto do urbanismo progressista, criado pelos 
membros da CIAM ( Congresso Internacional de Arquitetura Moderna) colocaram o 
urbanismo como primeiro plano de preocupações. No projeto da cidade há uma 
separação de funções: trabalho, habitação, lazer e saúde. “Garnier havia dado um 
grande passo adiante ao tratar toda uma cidade sem se perder numa infinidade de 
detalhes, como muitos de seus contemporâneos. 
Seus projetos para casas, escolas, estações ferroviárias e hospitais também 
representaram um grande avanço. ( GIEDION, 2004, pág. 810)“ Uma cidade industrial 
tem como princípios diretores a análise e a separação das funções urbanas, a 
exaltação dos espaços verdes que desempenham o papel de elementos isoladores, a 
utilização sistemática dos materiais novos, em particular do concreto armado.” 
(CHOAY, 1979, pág. 163) 
Atribui á cidade uma importância média de cerca de 35000 habitantes, 
“(...)a dimensão do assentamento é fixado em 35.000 habitantes, mas Garnier, ao 
contrário de Howard, não insiste sobre o número de seu encerrada-tipo cidade, e 
considera possível a sua gradual e planejada acreção.” (SICA, 1982, pág. 58) 
15 
 
 
 
Fig 2.1.3 Cidade Industrial de Tony Garnier e a segregação dos usos. 
2.2 Ebenezer Howard ( 1850-1928)- o urbanismo culturalista 
Ebenezer Howard, em livro publicado originalmente em 1898, propôs uma alternativa 
aos problemas urbanos e rurais que então se apresentavam. O livro “To-morrow” 
(chamado “Garden-cities of To-morrow” na segunda edição, em 1902) apresentou um 
breve diagnóstico sobre a superpopulação das cidades e suas conseqüências. 
Segundo ele, essa superpopulação era causada sobretudo pela migração proveniente 
do campo. Era, portanto, necessário equacionar a relação entre a cidade e o campo. 
O desenho da Cidade-Jardim 
O modelo proposto, chamado de Cidade-jardim, deveria ser construído numa área que 
compreenderia, no total, 2400 hectares, sendo 400 hectares destinados à cidade 
propriamente dita e o restante às áreas agrícolas. O esquema feito para a cidade 
assume uma estrutura radial, sendo composto por 6 bulevares de 36 metros de largura 
que cruzam desde o centro até a periferia, dividindo-a em 6 partes iguais. No centro, 
seria prevista uma área de aproximadamente 2,2 ha, com um belo jardim, sendo que 
na sua região periférica estariam dispostos os edifícios públicos e culturais (teatro, 
biblioteca, museu, galeria de arte) e o hospital. O restante desse espaço central 
destinar-se-ia a um parque público de 56 ha com grande áreas de recreação e fácil 
acesso. 
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Fig. 2.2.1 Esquema da Cidade-Jardim – Howard 
 
Fig. 2.2.2 Esquema da Cidade-Jardim – Howard 
 
 
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Howard concebeu um mecanismo engenhoso para viabilizar a criação e a manutenção 
de uma Cidade-Jardim. Inicialmente, um terreno localizado em área rural deveria ser 
comprado por um grupo de pessoas, para abrigar a futura cidade. Esse terreno seria 
comprado por um preço baixo, compatível com o preço de terras rurais, a partir de um 
financiamento. O aumento do número de habitantes nessas terras seria capaz de diluir 
os juros do financiamento e de constituir um fundo para ir quitando aos poucos o 
principal. Assim, a partir de pagamentos relativamente pequenos, os habitantes da 
Cidade-Jardim poderiam quitar a dívida assumida e ainda obter recursos para as 
ações coletivas necessárias (construção de edificações públicas, manutenção dos 
espaços abertos, etc.). 
Na área rural, a competição natural entre os produtores, as culturas e os modos de 
produção deveriam indicar quais produtos seriam cultivados. Aqueles que 
conseguissem gerar mais renda se estabeleceriam nos arredores da Cidade-Jardim. A 
renda, entretanto, não seria apropriada por um único indivíduo, já que a terra teria sido 
adquirida coletivamente. Os benefícios obtidos em termos financeiros pelo aumento do 
valor da terra e, como conseqüência, pelo incremento da renda fundiária, seriam 
convertidos em menores impostos e mais investimentos coletivos (HOWARD, 1996). 
2.3 Arturo Soria y Mata (1844-1920) a cidade linear 
Engenheiro espanhol especializado em trabalhos públicos, ocupou diversos cargos na 
administração da cidade Madri e desenvolveu a primeira linha de Tramways para a 
cidade em 1875 – sistema de linhas de transporte público comum e elevado e 
subterrâneo. Publicou artigos no jornal “El Progresso”, abordando a questão dos 
problemas urbanos municipais. A proposta da cidade linear aparece pela primeira vez 
num desses artigos. 
 
O Pensamento A idéia da Cidade Linear de Sorio Y Mata basea-se na expansão das 
cidades sobre território rural. O processo de “ruralização da vida urbana e urbanização 
da vida campestre”. Em 1833, num artigo tema: Cidade – problemática: condições das 
vias urbanas, insalubridade das habitações, sistema de saneamento e aumento da 
população, Sorio y Mata critica o congestionamento dos centros tradicionais com 
traçado radioconcêntrico. Seu pensamento racionalista aborda que o maior problema 
dos grandes centros está associado ao congestionamento das áreas centrais, ao fluxo 
e ao tráfego urbano. 
 
O Plano para a Cidade Linear O Plano para a Cidade Linear desenvolveu um novo 
desenho urbano baseado na ruptura com o modelo de cidade convencional. A idéia 
central era a de propor uma cidade que se desenvolvesse ao longo de uma faixa com 
largura de cinqüenta metros de largura (50m) em linha. Esta faixa funcionaria como 
artéria principal e a cidade ao longo dela receberia áreas arborizadas, margeada por 
duas faixas de terrenos urbanos. O eixo central seria percorrido por sistema de 
transporte férreo. (Brasília – o projeto de Lucio Costa para o Plano Piloto segue essa 
idéia e surgiu a partir do sistema viário) 
 
A cidade de Arture Sorio y Mata A cidade idealizada por Sorio y Mata só é viável a 
partir do do momento da implantação de um sistema público de transporte mecânico 
eficiente. Seu crescimento deve ser ilimitado, seguindo linearmente. A concepção se 
basea principalmente, na idéia de combater o problema do congestionamento da 
região central das cidades – para ele, a forma ideal é a linear, que possibilita, a 
redução do tempo gasto com o deslocamento, pois proporciona melhor distribuição 
dos serviços, locais de trabalho, áreas residenciais e etc, ao longo da faixa linear, 
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evitando assim, o deslocamento maciço da população para um único local nos 
horários de trabalho (os de maior pico). 
 
Em relação à morfologia, a faixa de terrenos adjacentes, deveria ser recortada por 
uma malha de ruas, com ruas transversais de 200m de comprimento e 20m de largura. 
Estas ruas seriam margeadas por outra faixa destinada a uso habitacional onde o lote 
mínimo teria 400m2 e as edificações só poderiam ocupar um quinto da área total – 
80m2. Fora a edificação a metragem restante do terreno, deveriam ser ocupada por 
jardim e horta e esta área estaria localizada no fundo do terreno. As residências 
deveriam ser unifamiliares. 
 
No plano da Cidade Linear, não existe setorização de usos, os edifícios 
administrativos e comerciais, se fundem aos habitacionais na malha urbana – existe o 
uso misto dosolo. A proposta abandona as estruturas tradicionais: quarteirão, praça. 
A dimensão simbólica está subordinada à dimensão técnica e o espaço público 
reduzido aos traçados de circulação e serviços - desconsidera a dimensão estética da 
cidade, submetendo o desenho urbano à dimensão técnica e privilegiando apenas um 
elemento do processo urbano: a CIRCULAÇÃO, determinando a configuração espacial 
na forma mais racional: a linha RETA. 
 
 
 
Fig. 2.3.1 Plano cidade linear- Espanha 1890.

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