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índole e vocação é um historiador, um garimpeiro da história. Sempre o conheci como um pesquisador nato. Lê tudo que aparece a sua frente desde pasquins aos maiores best sellers. Quando intermediei o convite da Diretoria da Saelpa para que ele reeditasse seu livro, pude observar no seu semblante uma luz de satisfação. Acompanhei dia a dia sua preocupação com a montagem da nova edição. Um trabalho de fôlego. Quem conhece sabe que não é facil reunir informações, recompor a história, principalmente em um meio cultural que pouca importância dá aos registros dos fatos. Depois de montada e composta uma obra desta natureza, é difícil avaliar as horas consumidas em investigação, e pesquisa, somente possível para quem carrega interiormente o gosto e a paixão pela história. A feliz conjugação dos tributos de paciência e abnegação conferiram a Marcelo, através desta 8 nova versão, a faculdade de poder subsidiar o futuro. Esta oportuna contribuição, com atualizadas informações, além de caracterizar seu autor como um valoroso expoente da investigação científica em nosso Estado, propicia aos leitores uma rara oportunidade de conhecer a história da energia elétrica na Paraíba e o perfil de uma de suas maiores empresas - a SAELPA. De parabens Marcelo, de parabens a SAELPA nos seus trinta anos de atividade. João Pessoa, - outubro de - 1994. Maurício Montenegro* _______________________ *Engº Civil, Assessor da Diretoria Administrativa da SAELPA e Coordenador da Comissão Comemorativa dos 30 Anos da SAELPA. 9 FONTES DE CONSULTA ______, Administração do Interventor Gratuliano de Brito. Relatório 1932/34. Arquivo de Hilário Vícira Filho. CAMARA, Epaminondas. Dados Campinenses. CELB, Levantamento Histórico da Energia Elétrica de Campina Grande. MAIA, Sabiniano. Itabaiana, Sua História, Suas Memórias. 2ª ed. João Pessoa, 1977. Editora A União. PINTO, Irineu Ferreira. Datas e Notas para a HIstória da Paraíba. Ed. Universitária. UFPB. RODRIGUES, Walfredo. Roteiro Sentimental de sua Cidade. CIRAULO, Helena. O mundo alegre do major. (inédito) ______, Coleção de Jornais. Biblioteca Irineu F. Pinto do IHGP. ______, Decretos e Leis do Poder Executivo da Paraíba. Biblioteca Irineu F. Pinto do IHGP. ______, Almanaques do Estado da Paraíba. Biblioteca Irineu F. Pinto do IGHP. ______, Relatórios Anuais da CHESF. JUCÁ, I . CHESF - 35 Anos de História. Recife, CHESF, 1982. ______, Parnorama do Setor de Energia Elétrica no Brasil. Centro da Memória da Eletricidade. Rio de Janeiro, 1988. CAVALCANTI, Arquimedes. A Cidade da Paraíba na Época da Independência. ______, Revistas do I.H.G.P. ______, Diários Oficiais do Estado da Paraíba. AGUIAR, Welligton e Otávio José. Uma Cidade de Quatro Séculos. João Pessoa, 1989. 10 PREFÁCIO ENERGIA E ILUMINAÇÃO NA HISTÓRIA DA PARAÍBA José Octávio (*) *Historiador paraibano, professor da UFPB e integrante do Instituto Historico e Geográfico Brasileiro, co-autor de José Honório Rodrigues: Um Historiador na Trincheira ( 1994) João Pessoa – Paraíba Novembro de 1994 11 Do Azeite de Mamona à Eletricidade - Anotações para uma História da Energia Elétrica na Paraíba, que tal como estudo de Maurílio Almeida sobre a visita de Pedro II à Paraíba, não constitui propriamente segunda edição, mas novo livro, explica-se em razão de dois vetores. Um estudioso da Engenharia à História - O primeiro refere-se ao autor. Engenheiro Eletricista dos quadros da SAELPA e figura de formação universitária deslocada da agitada Escola de Engenharia da rua do Hospício, no Recife, para o atual Mestrado em Lógica Matemática da UFPB, Marcelo Renato de Cerqueira Paes tornou-se um apaixonado da História. Datou daí bem sucedida incursão no campo da pesquisa, desde Do Azeite de Mamona à Eletricidade (1979), espécie de livro/álbum, resultante de sugestão do então presidente da SAELPA, Carlos Pereira de Carvalho e Silva. Convertido em especialista do tema que versou, Cerqueira a ele retornaria em 1987, quando de elaboração pela Comissão do IV Centenário da Paraíba, do mais completo manual da Cultura do Estado. "400 Anos de Energia" intitulou-se seu estudo para Capítulos de História da Paraíba, coordenado por mim, juntamente com os colegas Gonzaga Rodrigues, Wellington Aguiar e Evandro Nóbrega. A dedicação de Marcelo Cerqueira à Historiografia e Administração Pública não o isentou de tropeços. Por volta de 1988, o Governador de plantão exonerou-o, de direção da SAELPA, em providência tanto mais esdrúxula porque se existe alguém que prima pela serenidade e consciência pública, é o autor de Do Azeite de Mamona à Eletricidade. De novo veio historiográfico - No subtítulo da obra - Anotações para uma História da Energia Elétrica na Paraíba - o segundo vetor de nossa abordagem. Trata-se de um dos mais novos ramos da Historiografia - a História das empresas e instituições econômicas. Surgida na Universidade de Harvard, como A business history (História dos negócios) e entrepreneurial history (História dos empresários), tal como situado por José Honório Rodrigues em prefácio a Guilherme Guinle - 1882/1960 - Ensaio Biográfico (1982), de Geraldo Mendes Barros, a História dos empreendimentos econômicos tem-se desenvolvido no Brasil. Expressão dessa realidade reside em estudos sobre capitalistas como Parcifal Farqhuar, Francisco Matarazzo e Jorge Street bem como instituições como os Bancos do Brasil e Nordeste, este último valorizado pela contribição de Rômulo Almeida. No Recife, despontaram Os Doces da Fidalguia (1988), de Fernanda Jenner Rosas, e Desenvolvimento em 78 Rotações: A Indústria Fonográfica Rosenblit (1953 - 1964), tese de mestrado defendida por Antônio Alves Sobrinho perante a UFPE, em 1993. 12 Publicação que nessa linha tornou-se fundamental foi Memória do Desenvolvimento - Lucas Lopes (1993) que oferece ampla reconstituição das peripécias desenvolvimentistas do Brasil da década de cinqüenta. Já no campo da energia elétrica bem acabada tentativa revelou-se CHESF 35 Anos de História (1982), de Joselice Jucá. A energia elétrica e a Paraíba - Desse último segmento a Paraíba não se tem apartado, através da contribuição que vem de longe. Pioneiro na matéria foi João dos Santos Coelho Filho cujo estudo para Revista do Instituto Histótico e Geográfico Paraibano, de número 12, intitulado "A iluminação pública na capital paraibana", tornou-se clássico e serviu de fonte para o que sobre a matéria versou Archimedes Cavalcante em A Cidade da Parahyba na Época da Independência - Aspectos sócio-econômicos, culturais e urbanísticos em volta de (1822 - 1972). Datado de 1953, o estudo de Coelho Filho foi incorporado por mim e Wellington Aguiar a Uma Cidade de Quatro Séculos - Evolução e Roteiro (1985 - 1989), sob a denominação de "A iluminação pública através do tempo". O tema foi aprofundado por Aguiar em Cidade de João Pessoa - A Memória do Tempo (1992) , já aí incorporando autores como Aécio Aquino e Maurílio Almeida. Todos esses escritores associaram a iluminação pública dos séculos XVIII e XIX à capitania e província extremamente pobre onde aquele serviço - se esse nome merecia - era precário e contraponteava com cidade de parcas condições urbanas. Durante esse tempo, a iluminação, cujos contratos via de regra não se consumavam, alternava com a luz da lua e servia apenas para realce de acontecimentos festivos, como a Independencia do Brasil e a Festa das Neves. Essa foi também a visão de estrangeiros como Daniel Kidder - atento às fogueiras acesas na via pública - e os paraibanos