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Licenciado: http://creativecommons.org/licenses/publicdomain/ DO AZEITE DE MAMONA À ELETRICIDADE Anotações para uma História da Energia Elétrica na Paraíba 2a Edição Engo Marcelo Renato de Cerqueira Paes SAELPA/Fundação Casa de José Américo João Pessoa – Paraíba 1 APRESENTAÇÃO Na qualidade de Presidente da Fundação Casa de José Américo, temos a satisfação de fazer a apresentação do livro Do Azeite de Mamona à Eletricidade - Anotações para uma História da Energia Elétrica na Paraíba, da autoria do engenheiro Marcelo Renato de Cerqueira Paes, da SAELPA. Em primeiro lugar, temos a dizer que se trata da 2ª edição, grandemente ampliada e melhorada, do mesmo autor, publicada originalmente como álbum- plaquete, em 1979. Esta nova versão está sendo lançada dentro das comemorações dos 30 anos de fundação da SAELPA e viabilizou-se graças a um convênio de colaboração firmado entre a empresa e a Fundação Casa de José Américo. Na obra faz-se uma retrospectiva do progresso da iluminação, do transporte e utilização da energia elétrica em nosso Estado, desde os princípios deste século até os dias atuais, numa descrição das fases mais importantes do desenvolvimento urbano. É ilustrada com inúmeras fotografias dos melhoramentos introduzidos em benefício da comunidade. Uma farta documentação é apresentada. O trabalho é prefaciado, com maestria, pelo historiador José Otávio de Arruda Melo, da UFPB e Membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano. Quanto ao seu autor, o engenheiro Marcelo Renato de Cerqueira Paes, é pessoa por demais conhecida e competente na área. Formado pela Escola de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco em 1966, fez especialização em Distribuição de Energia Elétrica, estagiou no Departamento de Águas e Energia e na Companhia Siderúrgica Nacional (Volta Redonda). Entrou na SAELPA em 1967, tendo exercido os cargos de Diretor de Distribuição, Diretor Técnico, Chefe de Gabinete da Presidência, Chefe do Escritório Regional, entre outros. Foi Assessor Especial da Secretaria de Energia e Recursos Minerais, destacando-se nos estudos sobre o Balanço Energético da Paraíba. Publicou anteriormente, em 1987, 400 anos de energia in Capítulos de História da Paraíba. Atualmente realiza o Mestrado em Filosofia, da UFPB, na área de Lógica, pela qual demonstra especial interesse. Mesmo tendo nascido em Pernambuco, sua vida profissional é fundamentalmente dedicada à Paraíba. Este seu trabalho, de grande importância para a bibliografia histórica paraibana, engrandece não só o seu autor como a SAELPA, que tanto vem fazendo pelo progresso e bem estar da comunidade paraibana. José Elias Barbosa Borges Novembro de 1994 2 INTRODUÇÃO Esta publicação está incluída nos eventos comemorativos dos 30 anos de SAELPA e nasceu do convite formulado em Fevereiro deste ano pelo Engenheiro Mauricio Montenegro, coordenador da comissão encarregada dos citados eventos, para que a preparássemos. Procuramos, dentro das nossas limitações, compatibilizar o tempo disponível para concluí-la (neste ano de 1994) com a solução adequada. Esta 2ª edição "Do Azeite de Mamona à Eletricidade" segue o mesmo objetivo da 1ª edição, ou seja, simplesmente reunir em um único volume anotações dispersas a respeito da Energia Elétrica na Paraíba, acrescidas de fotos relacionados às ocorrencias que vão de 1822 a 1994. Alguns fatos, embora externos à SAELPA, foram anotados pela influência marcante que tiveram sobre a mesma como exemplo, para citar apenas dois, temos a criação do Comitê Coordenador de Operação do Nordeste - o CCON e a Transferência das sub-estações da CHESF na Paraíba para a SAELPA. MARCELO RENATO DE CERQUEIRA PAES ESTE TRABALHO SE COMPÕE DAS SEGUINTES PARTES: 1. Iluminação na Capital antes da Eletricidade. Aviso Imperial de 02 de maio de 1829; Os lampiões. 3 2. A Energia Elétrica na Capital. Os primeiros contratos; Mensagem à Assembléia Legislativa; Decreto 350 de 06 de novembro de 1907; Contrato de 04 de outubro de 1910 entre o Engº Alberto San Juan e o Governo da Paraíba; Ata da Cerimônia de Inauguração da Energia Elétrica em João Pessoa; A Ferro Carril; Lei 565 de 06 de setembro de 1923; Decreto 1207 de 29 de setembro de 1923; A Encampação da ETLF - Decreto 373 e 374 de 27 de março de 1933; A Central Elétrica da Ilha do Bispo; O Estado reorganiza a ETLF; Repartição dos Serviços Elétricos da Paraíba-RSEP Decreto 885 de 21 de dezembro de 1937; Departamento dos Serviços Elétricos da Capital - DSEC; Lei 625 de 28 de novembro de 1951; Lei 3.449 de 13 de dezembro de 1966. 3. A Energia Elétrica no Interior - Antes da CHESF. Itabaiana; Borborema; Campina Grande; Coremas; Outras Cidades. 4. A Companhia Hidroelétrica do São Francisco - CHESF Os Primórdios; A criação da Empresa; As Usinas; A CHESF na Paraíba. 5. Companhia Distribuidora de Eletricidade do Brejo Paraíbano - CODEBRO Lei 1660 de 11 de março de 1957; Ata da Assembléia Geral de Constituição; Estatutos; Realizações da CODEBRO. 6. Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba - A SAELPA 1964/1970 4 A visão histórica de seu Primeiro Presidente; Ata da Assembléia Geral Constituição da Empresa; Primeiro Edital; Primeiros Passos; Eletrificação de todas as sedes Municipais. 7. Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba - SAELPA A década de 1970 Eletrificação Rural; Composição do Capital Social; Seguro de Vida em Grupo; Criação da CIPA; Instalação de redes VHF; Sub-Estações da CHESF são transferiudas para a SAELPA; CCON - Portaria M.M.E. 1.008 de 16 set. 1974; Portaria 046 e 047 DNAEE de 07 de abril de 1978 - DEC e FEC. 8. Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba - SAELPA Os Anos 80 A Sede Própria; Uma Pesquisa; A Intervenção; O Racionamento de Energia; COD e COS; Linha viva; Treinamento de Pessoal; A FUNASA 9. Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba - SAELPA Aspectos Atuais Capital Aberto; Tarifas - Lei 8631 de 04 de março de 1991; Composição do Capital Social; Area de Atuação; Luz na Terra e Amanhecer; Atual Estatuto Social; Discurso do atual Presidente da SAELPA pela Passagem dos 30 anos da Empresa. 5 Anexos Anexo I Presidentes da SAELPA; AnexoII Sub-Estações da Empresa; Anexo III Mapa do Sistema Elétrico da Paraíba; Anexo IV Nº de Empregados, Consumidores e Capital Social, ano a ano; Anexo V Consumo de Energia Elétrica, ano a ano. 6 AGRADECIMENTOS Um trabalho simples como este, não deixa de ocupar pessoas e instituições, às quais recorremos, recebendo a melhor acolhida. NOSSOS AGRADECIMENTOS A: Ü Todos aqueles que fazem a SAELPA, a FCJA e o IHGP, por tudo quanto recebi deles. Ü Ao Engenheiro Mauricio Montenegro, velho companheiro de SAELPA, pelo convite para esta 2ª edição do "Azeite". Ü Ao Historiador José Octávio de Arruda Melo pelo incentivo constante. Ü Ao Professor José Elias Barbosa Borges, Presidente da FCJA, por tudo que fez para que esta edição fosse ao prelo, inclusive a revisão. Ü Ao colega da SAELPA Drausio Rodrigues de Macedo pelo trabalho inicial de digitação. Ü A Bibliotecaria da SAELPA Niracy Delmas Nunes pela indispensável ajuda nas pesquisas a jornais. Ü A Rossiane Delgado de Albuquerque Cordeiro da FCJA pela paciente digitação dos originais destas Anotações. Ü A minha família, principalmente minha esposa, não só pela paciência durante a elaboração deste trabalho, mas pela participação decisiva no mesmo. 7 Comentário Marcelo Renato de Cerqueira Paes é Engenheiro Eletricista por formação Universitária. De fato poríndole e vocação é um historiador, um garimpeiro da história. Sempre o conheci como um pesquisador nato. Lê tudo que aparece a sua frente desde pasquins aos maiores best sellers. Quando intermediei o convite da Diretoria da Saelpa para que ele reeditasse seu livro, pude observar no seu semblante uma luz de satisfação. Acompanhei dia a dia sua preocupação com a montagem da nova edição. Um trabalho de fôlego. Quem conhece sabe que não é facil reunir informações, recompor a história, principalmente em um meio cultural que pouca importância dá aos registros dos fatos. Depois de montada e composta uma obra desta natureza, é difícil avaliar as horas consumidas em investigação, e pesquisa, somente possível para quem carrega interiormente o gosto e a paixão pela história. A feliz conjugação dos tributos de paciência e abnegação conferiram a Marcelo, através desta 8 nova versão, a faculdade de poder subsidiar o futuro. Esta oportuna contribuição, com atualizadas informações, além de caracterizar seu autor como um valoroso expoente da investigação científica em nosso Estado, propicia aos leitores uma rara oportunidade de conhecer a história da energia elétrica na Paraíba e o perfil de uma de suas maiores empresas - a SAELPA. De parabens Marcelo, de parabens a SAELPA nos seus trinta anos de atividade. João Pessoa, - outubro de - 1994. Maurício Montenegro* _______________________ *Engº Civil, Assessor da Diretoria Administrativa da SAELPA e Coordenador da Comissão Comemorativa dos 30 Anos da SAELPA. 9 FONTES DE CONSULTA ______, Administração do Interventor Gratuliano de Brito. Relatório 1932/34. Arquivo de Hilário Vícira Filho. CAMARA, Epaminondas. Dados Campinenses. CELB, Levantamento Histórico da Energia Elétrica de Campina Grande. MAIA, Sabiniano. Itabaiana, Sua História, Suas Memórias. 2ª ed. João Pessoa, 1977. Editora A União. PINTO, Irineu Ferreira. Datas e Notas para a HIstória da Paraíba. Ed. Universitária. UFPB. RODRIGUES, Walfredo. Roteiro Sentimental de sua Cidade. CIRAULO, Helena. O mundo alegre do major. (inédito) ______, Coleção de Jornais. Biblioteca Irineu F. Pinto do IHGP. ______, Decretos e Leis do Poder Executivo da Paraíba. Biblioteca Irineu F. Pinto do IHGP. ______, Almanaques do Estado da Paraíba. Biblioteca Irineu F. Pinto do IGHP. ______, Relatórios Anuais da CHESF. JUCÁ, I . CHESF - 35 Anos de História. Recife, CHESF, 1982. ______, Parnorama do Setor de Energia Elétrica no Brasil. Centro da Memória da Eletricidade. Rio de Janeiro, 1988. CAVALCANTI, Arquimedes. A Cidade da Paraíba na Época da Independência. ______, Revistas do I.H.G.P. ______, Diários Oficiais do Estado da Paraíba. AGUIAR, Welligton e Otávio José. Uma Cidade de Quatro Séculos. João Pessoa, 1989. 10 PREFÁCIO ENERGIA E ILUMINAÇÃO NA HISTÓRIA DA PARAÍBA José Octávio (*) *Historiador paraibano, professor da UFPB e integrante do Instituto Historico e Geográfico Brasileiro, co-autor de José Honório Rodrigues: Um Historiador na Trincheira ( 1994) João Pessoa – Paraíba Novembro de 1994 11 Do Azeite de Mamona à Eletricidade - Anotações para uma História da Energia Elétrica na Paraíba, que tal como estudo de Maurílio Almeida sobre a visita de Pedro II à Paraíba, não constitui propriamente segunda edição, mas novo livro, explica-se em razão de dois vetores. Um estudioso da Engenharia à História - O primeiro refere-se ao autor. Engenheiro Eletricista dos quadros da SAELPA e figura de formação universitária deslocada da agitada Escola de Engenharia da rua do Hospício, no Recife, para o atual Mestrado em Lógica Matemática da UFPB, Marcelo Renato de Cerqueira Paes tornou-se um apaixonado da História. Datou daí bem sucedida incursão no campo da pesquisa, desde Do Azeite de Mamona à Eletricidade (1979), espécie de livro/álbum, resultante de sugestão do então presidente da SAELPA, Carlos Pereira de Carvalho e Silva. Convertido em especialista do tema que versou, Cerqueira a ele retornaria em 1987, quando de elaboração pela Comissão do IV Centenário da Paraíba, do mais completo manual da Cultura do Estado. "400 Anos de Energia" intitulou-se seu estudo para Capítulos de História da Paraíba, coordenado por mim, juntamente com os colegas Gonzaga Rodrigues, Wellington Aguiar e Evandro Nóbrega. A dedicação de Marcelo Cerqueira à Historiografia e Administração Pública não o isentou de tropeços. Por volta de 1988, o Governador de plantão exonerou-o, de direção da SAELPA, em providência tanto mais esdrúxula porque se existe alguém que prima pela serenidade e consciência pública, é o autor de Do Azeite de Mamona à Eletricidade. De novo veio historiográfico - No subtítulo da obra - Anotações para uma História da Energia Elétrica na Paraíba - o segundo vetor de nossa abordagem. Trata-se de um dos mais novos ramos da Historiografia - a História das empresas e instituições econômicas. Surgida na Universidade de Harvard, como A business history (História dos negócios) e entrepreneurial history (História dos empresários), tal como situado por José Honório Rodrigues em prefácio a Guilherme Guinle - 1882/1960 - Ensaio Biográfico (1982), de Geraldo Mendes Barros, a História dos empreendimentos econômicos tem-se desenvolvido no Brasil. Expressão dessa realidade reside em estudos sobre capitalistas como Parcifal Farqhuar, Francisco Matarazzo e Jorge Street bem como instituições como os Bancos do Brasil e Nordeste, este último valorizado pela contribição de Rômulo Almeida. No Recife, despontaram Os Doces da Fidalguia (1988), de Fernanda Jenner Rosas, e Desenvolvimento em 78 Rotações: A Indústria Fonográfica Rosenblit (1953 - 1964), tese de mestrado defendida por Antônio Alves Sobrinho perante a UFPE, em 1993. 12 Publicação que nessa linha tornou-se fundamental foi Memória do Desenvolvimento - Lucas Lopes (1993) que oferece ampla reconstituição das peripécias desenvolvimentistas do Brasil da década de cinqüenta. Já no campo da energia elétrica bem acabada tentativa revelou-se CHESF 35 Anos de História (1982), de Joselice Jucá. A energia elétrica e a Paraíba - Desse último segmento a Paraíba não se tem apartado, através da contribuição que vem de longe. Pioneiro na matéria foi João dos Santos Coelho Filho cujo estudo para Revista do Instituto Histótico e Geográfico Paraibano, de número 12, intitulado "A iluminação pública na capital paraibana", tornou-se clássico e serviu de fonte para o que sobre a matéria versou Archimedes Cavalcante em A Cidade da Parahyba na Época da Independência - Aspectos sócio-econômicos, culturais e urbanísticos em volta de (1822 - 1972). Datado de 1953, o estudo de Coelho Filho foi incorporado por mim e Wellington Aguiar a Uma Cidade de Quatro Séculos - Evolução e Roteiro (1985 - 1989), sob a denominação de "A iluminação pública através do tempo". O tema foi aprofundado por Aguiar em Cidade de João Pessoa - A Memória do Tempo (1992) , já aí incorporando autores como Aécio Aquino e Maurílio Almeida. Todos esses escritores associaram a iluminação pública dos séculos XVIII e XIX à capitania e província extremamente pobre onde aquele serviço - se esse nome merecia - era precário e contraponteava com cidade de parcas condições urbanas. Durante esse tempo, a iluminação, cujos contratos via de regra não se consumavam, alternava com a luz da lua e servia apenas para realce de acontecimentos festivos, como a Independencia do Brasil e a Festa das Neves. Essa foi também a visão de estrangeiros como Daniel Kidder - atento às fogueiras acesas na via pública - e os paraibanosF. Coutinho de Lima e Moura e Antônio Freire. Este último, focalizando o Quebra-Quilos, revela que, em 1875, a Paraíba não dispunha de recursos para instalação de duas ou três dezenas de lampiões de carrapateira. A observação sintoniza com Horácio de Almeida, cujo segundo volume de História da Paraíba (1978) toma como fonte os relatórios de Presidentes de Província. A questão da energia, na Paraíba, vincula-se, por conseguinte, a condições econômicas em franco declínio, desde o deslocamento do eixo da economia brasileria do Nordeste para o centro-sul, a partir de 1850. Tanto é assim que só com a República, que assinala com a supressão do trabalho escravo, certo grau de urbanização derivado da transferência de capitais do campo para a cidade, positivaram-se tentativas mais bem sucedidas. Quem a elas melhor se refere é Walfredo Rodriguez cujo Roteiro Sentimental de uma Cidade (1982) situa dois importantes momentos da História da iluminação na Paraíba: inauguração da luz elétrica, na capital paraibana, em 1912, pelo Governo João Machado, e instalação da tração elétrica dos bondes, pela administração Castro 13 Pinto, em 1914. Esse último serviço, posterior aos bondes a burro necleados em Cruz do Peixe, tornou-se tanto mais significativo por lhe ter cabido direcionar o crescimento da cidade como intuito por Benedito Maia em Universidade do Ponto de Cem Réis (1979). O que singulariza este novo livro de Marcelo Cerqueira é a sua feição mais sistemática do que todos os acima relacionados. Expressando sólida capacidade de pesquisa e utilização dos dados recolhidos à hemeroteca do IHGP, Do Azeite de Mamona à Eletricidade avantaja-se até sobre autores do nível de Oswaldo Trigueiro de Albuquerque e Mello. Desde A Paraíba na Primeira República (1982) percebeu o entrave que a energia elétrica representava para a industrialização da Paraíba, historicamente muito tardia. No roteiro de um livro institucional - O estudo de Marcelo Cerqueira principia por "A Iluminação na Capital antes da Eletricidade" onde se ressaltam iniciativa do presidente da Província Gabriel Getúlio de Mendonça junto às autoridades do Império, em 1829, e primeiros contratos celebrados com particulares, mediante privatismo herdado da Colônia. Durante o século XIX a congênita pobreza da província tanto embaraçava a eficácia desses serviços que, em 1856, às voltas com surto de cólera, "O Governo suspendeu a iluminação pública, mantendo-a apenas no Palácio do Governo, nos quartéis e nas cadeias". Os melhoramentos eram tão lentos que, apesar da ampliação dos serviços da atual praça Pedro Américo, em 1899, três anos depois a cidade contava com apenas 246 lampiões a querosene que atendiam 65 ruas, 6 pátios, 11 becos e 2 travessas. Tais deficiências somente seriam enfrentadas pela República, época em que, conforme Marcelo Cerqueira, "A cidade iluminada a azeite de mamona, querosene, acetileno ou álcool, não poderia continuar no século XX quando o benefício da energia elétrica já era fato em várias partes do mundo, e em particular no Brasil". "A Energia Elétrica na Capital" apresenta-se como um capítulo muito competente em que são sumariadas tentativas de governantes como Álvaro Machado, Gama e Melo e Walfredo Leal, no sentido de dotar a capital paraibana de sistema elétrico digno desse nome. O esquema fazia-se sempre o mesmo, no sentido de que a baixa rentabilidade de tais cometimentos levava os interessados a desistência do que resultava caducidade dos contratos, antes da produção de quaisquer resultados. A alteração desse quadro somente sobreveio em 1910, quando os engenheiros Alberto San Juan, Thiago Vieira Monteiro e Julio Bandeira Vilella firmaram "contrato para iluminação pública, distribuição de força eletromotora, eletrificação das linhas de bondes da capital da Parahyba e tráfego da ferrovia de Tambaú". 14 Foi pena que Marcelo Cerqueira não houvesse recorrido às crônicas de Duarte de Almeida, como o jornalista que melhor tem evocado tais empreendimentos, mas essa lacuna acha-se vantajosamente suprida por documentação representada por relatórios, estatutos e regimentos - uma constante em todo livro. Tal se verifica porque Do Azeite de Mamona à Eletricidade constitui- se uma obra institucional o que explica o apelo à documentação distribuída pelo texto, quando o normal residiria em inserção no final do trabalho, como um apêndice. Ao optar, porém, por essa sistemática, o autor enriquece a monografia referindo-se à Ferro Carril Paraibana e Ferrovia Tambaú e destaca o insuficiente desempenho da concessionária Empresa Tração Luz e Força, a ETLF. Cotidiano e imaginário de carnaval - A nível da administração Solón de Lucena (1920/24), tais problemas já repontavam com tanta intensidade que, na década seguinte, o Interventor Gratuliano Brito, fiado em preciso relatório do fiscal Severino Cândido Marinho, procedia a encampação da ETLF pelo Estado. A essa altura, o extenso estudo de Marcelo Cerqueira alcança um dos melhores momentos, ao deslocar-se para o cotidiano e imaginário social onde emergia famoso bloco carnavalesco inspirado na deficiência dos serviços da Empresa de Tração, Luz e Força. Trata-se do ETLF, o famoso "Estamos Todos Logrados e Falidos", do tenente Ciraulo, legenda viva de nosso carnaval e muito bem considerado por Wills Leal em No Tempo do Lança Perfume (1994). A divulgação de letras carnavalescas do irreverente Ciraulo transfere Do Azeite de Mamona à Eletricidade da área técnico-econômica para a social, como inflexão de todo estudo que se preze. A digressão, contudo, não interrompe a linha mestra das considerações de Marcelo Cerqueira, atento ao que verificou entre 1938 e 51, quando da conversão da Repartição dos Serviços Elétricos da Paraíba (RSEP), no autárquico Departamento dos Serviços Elétricos da Capital (DSEC). Esse último faz-se particularmente relevante por ser com sua extinção que se plantou a Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba (SAELPA), alentada pela racionalização autoritária da administração João Agripino (1966/71). Da CHESF e CODEBRO à SAELPA - A partir daí, o estudo de Marcelo Cerqueira ganha a mais representativa dimensão. Sempre percuciente, o autor ruma ao interior para focalizar a primitiva energização a motor de localidades como Itabaiana, Borborema, Campina Grande e Coremas, esta no esquema das obras contra as secas. Detém-se sobre as origens da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) com o timing de sua chegada à Paraíba e seqüência cronológica das cidades por ela beneficiadas. E, ainda, atuação da 15 Companhia de Eletrificação do Brejo (CODEBRO), como uma das principais fontes da SAELPA. Corria, então, o Governo Flávio Ribeiro (1956/58) e nele, homens públicos como Braz Baracuhy e Rômulo Rangel implementavam a CODEBRO, encarregada de conduzir ao Brejo a energia da CHESF. Segundo Cerqueira, "a região do Brejo foi a escolhida para iniciar a eletrificação do Estado, por apresentar as condições objetivas para tanto, ou seja, densamente povoada, possuidora de riquezas naturais e pequena área territorial". O que é de se perguntar é se o fator político não prevalecia, a partir da administração estadual da dupla Flávio Ribeiro/Pedro Gondim, sendo o primeiro político das usinas da zona da mata, cuja matéria prima provinha, em parte, dos engenhos fornecedores do Brejo, microrregião a que pertencia o (vice) Governador Pedro Gondim. Os Prefeitos do Brejo apoiaram entusiasticamente a CODEBRO cuja séde se localizava em Areia, com almoxarifado em Alagoa Grande, antes da transferência desses serviços para, respectivamente,João Pessoa e Guarabira. O espírito desenvolvimentista do Governador Pedro Gondim, no poder a partir de 1958, fazia-se tão manifesto que lhe coube não apenas instituir a Sociedade de Economia Mista Eletro-Cariri S/a, responsável pela energização de Pocinhos e Puxinanã, como fundir ambas as empresas na Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba - SAELPA. Foi, porém, com a eficiente e repressiva administração de João Agripino, que a SAELPA evoluiu para a feição de uma das mais importantes empresas públicas da Paraíba. Sob a direção do saudoso Joffre Borges de Albuquerque, o Conselho Estadual de Águas e Energia Elétrica (CEAEE) plantou-se no centro do sistema para obtenção de recursos destinados à SAELPA que, em 1966, incorporou o patrimônio do antigo DSEC. De acordo com Marcelo Cerqueira, "a SUDENE, a ELETROBRÁS, o MME, o BNB e as Prefeituras Municipais financiaram a construção de sub- estações, redes e linhas de distribuição, contribuindo para a realização da eletrificação do Estado da Paraíba". Ao fixar-se nesse ponto, Do Azeite de Mamona à Eletricidade abre espaço para iniciativas como criação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), transferência das subestações da CHESF para a SAELPA, circulação do primeiro jornal informativo, instalação do Sindicato dos Empregados da SAELPA, inserção da empresa no Comitê Coordenador de Operações do Nordeste (CCON), construção da séde própria, intervenção federal, funcionamento da Fundação de Previdência Privada (FUNASA) e "abertura do capital social da SAELPA, através de venda de ações ao público". O livro praticamente se encerra com os atuais projetos intitulados "Luz na Terra"e "Amanhecer". Intervenção, clientelismo e novos projetos - Entendo que Marcelo Cerqueira poderia ter sido mais explícito com relação à intervenção federal saelpiana de 1982, sobrevinda na esteira de virtual desintegração do setor 16 público paraibano, submetido a virulenta ação clientelística. A questão foi por mim abordada na tese de doutoramento Historiografia e História das Eleições na Paraíba - Estado e Sociedade em 1982, defendida perante a USP, em novembro de 1992. Recorri então ao próprio assessor de Relações Públicas da SAELPA, jornalista Fernando Albuquerque Melo, à época militando em A União. A referência a Albuquerque e Melo entronca-se com a função cultural da instituição com o apoio da qual manteve, entre 1987 e 90, o jornal Retrospectiva, como obrigatória fonte para a História Contemporânea da Paraíba. A observação faz-se necessária porque, ao assim proceder, a SAELPA não reproduzia senão o comportamento da ELETROPAULO cujo Departamento de Patrimônio Histórico mantém há décadas revista do mais alto nível intitulada Memória. A presumida segunda edição de Do Azeite de Mamona à Eletricidade - Anotações para uma História da Energia Elétrica na Paraíba, de Marcelo Cerqueira, não representa, dessa maneira, iniciativa isolada. Entrosa-se com a necessária função cultural das empresas públicas brasileiras. No caso da SAELPA, revitalizada pela ação do engenheiro Jacy Fernandes Toscano de Brito, faz-se tanto mais pertinente por ocorrer sob a inspiração do engenheiro Maurício Montenegro, figura de escol da administração pública paraibana e a quem, em boa hora, a concessionária atribuiu a Coordenação da Comissão Comemorativa de seus trinta anos de existência. A culminância dos trabalhos dessa comissão reside na publicação desta nova versão de Do Azeite de Mamona à Eletricidade , livro definitivo, cuja importância se ajusta a célebre frase de Lenine, durante a fase dinâmica do bolchevismo: "O comunismo é o poder dos sovietes mais a eletrificação". mutatis mutandis, poderíamos sustentar que, na Paraíba, sua História Conteporânea reside na sociedade consorciada com a eletrificação. João Pessoa, novembro de 1994. 17 SIGLAS USADAS NESTE TRABALHO BUSA Bens da União Sob Administração CCON Comitê Coordenador de Operação do Nordeste CHESF Conpanhia Hidroelétrica do São Francisco COD Centro de Operação da Distribuição CODEBRO Companhia Distribuidora de Eletricidade do Brejo Paraibano COS Centro de Operação do Sistema CRC Conta de Resultados a Compensar DEC Duração Equivalente por Consumidor DNAEE Departmento Nacional de Águas e Energia Elétrica DSEC Departamento dos Serviços Elétricos da Capital ETLF Empresa Tração Luz e Força FCJA Fundação Casa de José Américo FEC Frequência Equivalente por Consumidor FUNASA Fundação SAELPA de Seguridade Social IHGP Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba M.M.E Ministério das Minas e Energia R.G.R Reserva Global de Reversão RENCOR Reserva Nacional de Compensação de Remuneração RSEP Repartição dos Serviços Elétricos da Paraíba SAELPA Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba 18 COMPOSIÇÃO ELETRÔNICA Dep. de Informática da FCJA Rossiane Delgado de A. Cordeiro PROGRAMAÇÃO VISUAL Hélio Roberto de Luna FOTOGRAFIAS Acervos SAELPA, Arion Farias e Viúva José Amâncio Ramalho IMPRESSÃO Rivaisa Editora PAES, Marcelo Renato de Cerqueira. Do Azeite de Mamona à Eletricidade - Anotações para uma História da Energia Elétrica na Paraíba. 2ª Edição. Editora Rivaisa. João Pessoa, Paraíba, 1994. CDU 537.214 (813.3) P.126 d 1. Título - 2. História da Paraíba - Eletricidade - 3. Iluminação Pública na Paraíba - História - 4. João Pessoa - História da Iluminação Pública - 5. Eletricidade na Paraíba - História - 6. Paraíba - História da Eletricidade - 7. Energia Elétrica - Paraíba - História - 8. Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba - SAELPA - 9. Economia Paraibana - Empresas Mistas - SAELPA. 19 1 DO AZEITE DE MAMONA A ELETRICIDADE A ILUMINAÇÃO NA CAPITAL ANTES DA ELETRICIDADE A primeira notícia que se tem de iluminação pública em João Pessoa data de 1822, quando o Governador mandou instalar na Cidade Alta 20 (vinte) lampiões alimentados a azeite de mamona. Antes daquele ano, iluminação a azeite existia nos conventos, nas portas dos quartéis, nas Igrejas e nas Casas de guardas do Palácio do Governo Provincial. As residências de famílias de maior poder aquisitivo também possuiam esse meio de iluminação, pois existe registro de que, quando chegou a notícia da aclamação de D. Pedro I como Imperador do Brasil, houve iluminação nas casas particulares como sinal de júbilo pelo fato. Em 10 de abril de 1823, o governo da Paraíba pediu ao Imperador para utilizar o equivalente à décima urbana da capital, na implantação de um sistema de iluminação, que funcionaria por 18 (dezoito) noites sendo aquelas compreendidas entre a quarta da lua cheia e a sexta da lua nova. Este pedido perdeu-se na burocracia do Império, pois não se conhece a resposta. Mas em compensação temos um AVISO IMPERIAL em 1829, respondendo a uma solicitação feita no mesmo ano, e ao que parece é o primeiro documento a respeito de Iluminação Pública na Paraíba. Aviso Imperial 02 de maio de 1829. Ilmo. Exmo. Sr. Gabriel Getúlio de Mendonça Sendo presente Sua Majestade Imperial o ofício de V.Exª. de 21 de março ultimo em que mostrando a escassez dos meios aplicados nessa Província para a iluminação ao menos da sua Capital, pede V.Exª. de acordo 20 com o conselho do Governo, ser autorizado a deduzir da oitava parte das sobra das rendas da Província a quantia precisa para estabelecer e manter a iluminação em toda a cidade Alta e Baixa: Há o mesmo Augusto Senhor por bem conceder a autorização que V.Exª. solicitou para pôr em pratica o que em seu dito lembra sobre aquele objeto. DeusGuarde a V.Exª. Palácio do Rio de Janeiro em 2 de maio de 1829 José Clemente Pereira Essa Iluminação de 1829 constou de 50 (cinquenta lampiões a azeite de mamona, contratada pela quantia de 750$000 (setecentos e cinquenta mil réis) com o Sr. Antonio Henrique do Carmo. No ano seguinte foi esse contrato elevado para 1:180$000 (Hum conto cento e oitenta mil réis) com o Sr. Claudio Victor de Lima, nos levando a concluir que o primeiro contratante teve prejuízo ou o segundo foi privilegiado pois a inflação da época não parece que atingia 57,33% ao ano. A Cláusula Quarta desse contrato dizia: "Fica obrigado principalmente a ter acesos os cinquenta lampiões da cidade alta e baixa todas as noites que forem de escuro, desde as sete horas da noite até as cinco da manhã, e nas noites que não forem inteiramente de lua, quando a lua começar a sair as nove horas se acenderão logo as sete e se continuarem sempre assim até ao sair da lua; Se recolher as nove horas se acende às mesmas nove horas e se continuar pela hora em diante que a lua for se recolhendo; Para o que fica três pessoas na cidade alta e duas na cidade baixa, encarregadas de tratar das luzes, a fim de que não haja falta em acende-las nas horas determinadas e conservar acesas no seu devido tempo". Vinte anos depois, ou seja, 1850, só existiam 11 (onze) daqueles 50 (cinquenta) lampiões instalados em 1829 e mais 7 (sete) que foram acrescidos. Nesse intervalo, ou seja, entre 1829 e 1850 temos algumas iluminações festivas, como em 1840 quando por três noites tal fato ocorreu por motivo da notícia que D. Pedro II tinha assumido suas funções Imperiais. Em 1851 o Presidente da Província mandou fabricar em Recife, 100 (cem) lampiões, pelo preço de 2:160$000 (Dois contos, cento e sessenta mil réis), não sendo possível porem implantá-los pois não apareceu contratante para o serviço devido ao preço do azeite ter subido bastante naquele ano. 21 Foi em 1854 que o serviço de iluminação normalizou-se através do contrato com o Sr. Manoel da Silva Neves ao preço de 55$954 (cinquenta e cinco mil, novecentos e cinquenta e quatro réis) por cada lampião - ano. Tendo o Cólera atingido a Paraíba em 1856, vitimando aproximadamente 30.000 pessoas na Província, número esse que era próximo ao da população da capital, o fato ocasionou o aumento em vários produtos entre os quais o do azeite de mamona, o que levou o governo a suspender a Iluminação Pública, mantendo-a apenas no Palácio do Governo, nos quartéis e nas cadeias. No período que vai de 1856 a 1885 a cidade viveu praticamente às escuras. Tendo porem começado a aparecer o querosene por volta de 1860, foram baixadas duas leis que determinavam iluminar João Pessoa com aquele combustível. Foram as leis nº 77 de 11 de agosto de 1862 e a nº 138 de 29 de agosto de 1864. A primeira autorizava empregar a importância de 11:000$000 (Onze contos de réis) e a segunda a incorporar uma Companhia Industrial com um capital próximo de 200:000$000 (Duzentos contos de réis) a juros de 7% (sete porcento) ao ano, ambas visando iluminar a cidade a querosene. Para aplicação dessas duas leis não apareceram propostas, tendo elas caido no vazio. Outra lei ainda de 1881, a nº 736 de 20 de outubro com o mesmo objetivo, terminou da mesma forma, ou seja, sem efetivação. Em 1885 a capital foi iluminada com lampiões alimentados por querosene, serviço esse prestado pelo Cel. José Ferreira Neves Bahia que firmou contrato com o governo para essa finalidade. Ocorreram acréscimos na iluminação nos anos seguintes, quando 12 (doze) lampiões foram instalados na Praça Comendador Felizardo, atual João Pessoa; em 1890, mais 6 (seis) no largo de São Francisco em 1894 e em 1897 mais 8 (oito) desses equipamentos no Jardim Público. Em 1899 o contrato com Cel. Bahia custava ao erário Público 1:274$492 (Hum conto, duzentos e setenta e quatro mil, quatrocentos e noventa e dois réis), ano em que houve uma ampliação da iluminação na Praça Cel. Bento da Gama, atual Pedro Américo. Já neste século, em 1902, a iluminação pública tinha 246 (duzentos e quarenta e seis) lampiões a querosene e custava aos cofres da Província 1:392$962 (Hum conto, trezentos e noventa e dois mil, novecentos e sessenta e dois réis), atendendo a 65 (sessenta e cinco) ruas, 6 (seis) patios, 11 (onze) becos e 2 (duas) travessas. 22 Outros tipos de iluminação foram usados em repartições públicas como o acetileno em 1903 no prédio dos Correios e Telégrafos e o álcool na Imprensa Oficial, na Escola de Aprendizes de Marinheiros e no Teatro Santa Rosa. O Sr. Cláudio Caminha foi o responsável pela iluminação a acetileno em 1908, no Palácio do Governo. 23 2 A Energia Elétrica na Capital A Cidade iluminada a azeite de mamona, querozene, acetileno ou álcool não poderia continuar no século XX, quando o benefício da energia elétrica já era fato em várias partes do mundo, e em particular no Brasil. A implantação da energia elétrica na nossa capital foi fruto de longo trabalho dos nossos antigos dirigentes. Em 1895, o Presidente da Província, o Sr. Alvaro Machado, assinou contrato com o Sr. Ariano Loureiro, a 25 de março, visando à implantação dos serviços de energia elétrica na capital. Em 1898, a 5 de setembro, o Presidente da Província, Sr. Gama e Melo, celebrou contrato com os Engenheiros Samuel Gomes e Herculano Ramos para instalação dos serviços elétricos na Paraíba, hoje João Pessoa. Como nenhum dos dois contratos citados acima foram cumpridos, tornaram-se caducos, pelos decretos 288 de 15/02/1906 e 289 de 17/02/1906 respectivamente. No governo de Presidente Walfredo Leal aumentou o interesse em suprir de energia elétrica a capital, como podemos deduzir de trechos das mensagens apresentados por S. Excia. à Assembléia em 1907 e 1908 e também pelo decreto 350 de 06/11/1907. "Sendo de vantagem para o tesouro a realização de semelhante empreendimento sem ônus para os cofres públicos, resolvi mandar publicar editais, nas grandes praças da Europa e do nosso país, chamando à concorrência as companhias e empresas nacionais e estrangeiras, que se propunham com seus capitais a levar avante esses trabalhos de tamanha utilidade para o Estado". "Por Decreto nº. 350 de 6 de novembro de 1907 ano findo, autorizei os engenheiros ingleses Edward Johnson e G. Robert Jones a levantarem, nas praças europeias, os capitais para tão útil e notável empreendimento". "Há poucos dias, estiveram eles aqui e me apresentaram sua proposta para a consecução definitiva das obras, proposta que submeti ao estudo e juízo de profissionais, cujo pareceres aguardo como precioso elemento de melhor resolver-se tão momentoso e importante assunto. Além desta proposta me foi apresentado uma outra sobre as mesmas pelo Engenheiro Francisco Cavalcante Barreto, representante de um sindicato inglês de serviços no Brasil, proposta que será, da mesma forma, sujeita à 24 critica dos competentes e confrontada com a primeira, a fim de entrar em competência, resolvida, afinal, com justiça e critério a preferência entre as duas, ou a rejeição de ambas, se assim convier melhor os interesses do Estado. Nesta última hipótese, será aberta nova concorrência, convocadas por editais, contanto que seja contratado esse serviço com todas condições de garantia para a pronta realização de tais melhoramento ao lado do acautelamento devido aos altos interesses do Estado". DECRETO Nº 350 de 6 de novembro de 1907 Concede aos engenheiros EDWARD JOHNSON e G.ROBERT JONES autorização para instalarem nesta Capital os serviços de abastecimento d'água, esgoto, iluminaçãoe tração elétrica. Monsenhor WALFREDO LEAL, Vice Presidente do Estado, autorizado pelo art. 1º da Lei nº 63 de 26 de outubro de 1907, DECRETA Art.1º - Ficam os Engenheiros EDWARD JOHNSON e G. ROBERT JONES autorizados a levantar o capital necessário para instalação nesta Capital, dos serviços de abastecimento d'água, esgoto, iluminação e tração elétrica. Art. 2º - O Estado garantirá, depois de instalados os respectivos serviços, a percepção de lucros até a importância dos juros de 6% anuais sobre o capital empregado, sendo obrigado a pagar a Empresa integralmente dita importância, ou a completa-la conforme se verificar anualmente déficit ou lucro inferior à quantia certa dos mesmos juros. Art. 3º - As condições de tempo e outras garantias para ambas as partes, serão firmadas posteriormente no contrato que será firmado entre o Governo e os engenheiros requerentes. Art. 4º - Revogar-se as disposições em contrário. O Secretário de Estado faço publicar o presente Decreto expedindo as ordens e comunicações necessárias. Palácio do Governo do Estado da Parayba, em 6 de novembro de 1907, 19º da República. 25 MONSENHOR WALFREDO LEAL. Monsenhor Walfredo Leal determinou que se estudassem as propostas e oferecessem relatório ao Dr. Miguel Raposo. Feitas as propostas estas vieram a ser recusadas sob a alegação de que os proponentes "não quiseram modificar as onerosíssimas cláusulas que vinham enormemente pesar sobre a economia pública e particular". No governo de João Machado novo Edital foi publicado e novas propostas apresentadas. O Dr. Miguel Raposo foi mais uma vez convocado pelo governo para dar parecer sobre tais propostas, sendo importante destacar as seguintes partes do relatório: "Os Srs. Jones & Johnson repetiram sua proposta anterior, novamente não aceita pelos motivos já citados". "O engenheiro Francisco Dias Cardoso apresentou uma proposta que também não foi aceita por ser elevada a garantia de juros exigida para o capital e por não determinar o proponente com exatidão a importância da contribuição particular". "Os Srs. Rosa Borges & Cia. e C. Burla, de Pernanbuco, apresentaram proposta do tal modo semelhante que me levam a acreditar terem elas sido organizadas em comum". "Os Srs. Thiago Monteiro e Alberto San Juan, engenheiros residentes em S. Paulo, apresentaram conjuntamente propostas separadas para os serviços de iluminação pública e particular e para os serviços de abastecimento d'agua e esgoto. Sobre as propostas dos Srs. Rosa Borges e Thiago Monteiro apresentei ultimamente a V. Excia. parecer por escrito, fazendo as modificações que achei razoáveis para sua aceitação". Pela Lei nº 320 de 23 de outubro de 1909, no art. 3º parágrafo 9º a Assembléia autorizou ao Presidente do Estado a "promover a execução dos serviços de viação, canalização d'agua, esgoto e iluminação desta capital pelos meios que julgar convenientes aos interesses do Estado, podendo realizar qualquer operação de credito a importância necessária a efetividade dos respectivos serviços". Foi baseado nesta lei e no parecer do Dr. Miguel Raposo que o Presidente João Machado contratou o serviço de Luz e Viação urbana pelo sistema de eletricidade com a Empresa Tração da Paraíba do Norte. 26 O contrato foi assinado pelo Presidente do Estado, em 04 de outubro de 1910, e pela Empresa assinaram os Engenheiros Alberto San Juan e Thiago Monteiro. Palácio 04 de novembro de 1910 CLÁUSULAS DO CONTRATO PARA LUMINAÇÃO PUBLICA, DISTRIBUIÇÃO DE FORÇA ELETRO- MOTORA, ELETRIFICAÇÃO DAS LINHAS DE BONDES DA CAPITAL DA PARAYBA E TRÁFEGO DA FERROVIA TAMBAÚ. PRIMEIRA - Os engenheiros ALBERTO SAN JUAN, THIAGO VIEIRA MONTEIRO, JULIO BANDEIRA VILLELA, por sucessores ou empresa que organizarem, gozarão de privilégio exclusivo, para a exploração industrial da Iluminação publica e particular, de força motriz e mais aplicações da eletricidade no município da Capital, pelo prazo de cinqüenta anos, contados da data da inauguração oficial do serviço de Iluminação Pública. Este privilégio não impedirá que os estabelecimentos públicos ou particulares produzam luz ou força motriz por qualquer sistema, inclusive o elétrico, para uso próprio, ficando entendido que as canalizações ou condutores não poderão ir além dos mesmos estabelecimentos e suas dependências. Do mesmo modo o privilégio não atingirá a iluminação das ruas por ocasião das festas públicas, ficando o direito dos particulares ou Comissões encarregadas das mesmas, de empregar qualquer sistema, exceto o da luz elétrica. SEGUNDA - A iluminação pública compreenderá as ruas e praças atuais e as que futuramente forem acrescidas; será feita com quinhentas lâmpadas incandescentes de trinta e duas velas, sendo as dos largos e praças de cinqüenta velas, pelo preço de quarenta e cinco contos de réis anuais. O custo da lâmpada ano será de noventa mil réis. O futuro aumento de lâmpadas incandescentes no perímetro urbano, em grupos de cem lâmpadas de trinta e duas velas, será feito à razão de oitenta e cinco mil réis a lâmpada ano. 27 Os contratantes se obrigarão a estabelecer lâmpadas de arco nos pontos que o Governo determinar, sendo as importâncias das mesmas calculadas de conformidade com o seu poder iluminante e conseqüente despesa de energia, na razão de duzentos réis o kilo-watt-hora. TERCEIRA - A iluminação pública começará do anoitecer e terminará ao amanhecer; a particular terá a duração da pública. Os materiais empregados nas instalações elétricas deverão ser de primeira qualidade. Os concessionários poderão cobrar pelo consumo de luz particular a taxa fixa seguinte: 1 lâmpada de 10 velas 3$000 (três mil réis) 1 lâmpada de 16 velas 4$000 (quatro mil réis) 1 lâmpada de 25 velas 6$000 (seis mil réis) 1 lâmpada de 32 velas 8$000 (oito mil réis) 1 lâmpada de 50 velas 12$000 (doze mil réis) O consumidor que quiser e adotar medidor deverá garantir o consumo mínimo de doze mil réis mensais. O preço para o fornecimento de luz por medidor será de oitocentos réis o kilo-watt-hora e o de força elétrica motriz será de quinhentos réis o Kwh. As instalações domiciliares serão por conta do consumidor. QUARTA - Os concessionários farão, por sua conta, as instalações, reformas e reparos necessários à iluminação pública, para seu perfeito funcionamento, excluídos os casos de danificações sensíveis, praticadas por terceiros e conseqüentes da falta de ação do Governo, por conta do qual serão os mesmos realizados. As instalações particulares serão cobradas de conformidade com as tabelas que os concessionários organizarão e submeterão, de três em três anos, à aprovação do Governo, a fim de terem os mesmos preços sempre aproximados dos da praça. QUINTA - Os edifícios públicos estaduais e municipais e os estabelecimentos pios, gozarão de um abatimento de cinqüenta por cento sobre os preços estabelecidos para o fornecimento de luz e força elétrica motriz, sendo gratuito o fornecimento para oitenta lâmpadas de dezesseis velas que o Governo distribuirá pelas instituições que julgar merecedoras desse favor. 28 SEXTA - Os concessionários deverão apresentar ao Governo uma planta geral, com a localização de cada lâmpada nas ruas e praças, a qual sendo aprovada, será definitiva. SÉTIMA - As lâmpadas serão servidas de refletores e assentadas sobre postes ou braços de ferro, cujos modelos deverão ser submetidos àaprovação do Governo. Serão distribuídos, por ambos os lados, nas ruas: Maciel Pinheiro, Visconde de Inhauma, Barão do Triunfo, Duque de Caxias, General Osório, Visconde de Pelotas e Sete de Setembro. Nos largos e praças a distribuição das lâmpadas será feita de conformidade com oportuna indicação do Governo. OITAVA - Os concessionários sujeitar-se-ão às multas seguintes: De mil réis, por lâmpada apagada e por noite, caso isso ocorra durante 24 horas, após aviso escrito do Governo ou quem as suas vezes fizer, não podendo esta multa exceder de cinquenta mil réis por noite, seja qual for o número de lâmpadas apagadas; De Duzentos mil réis quando houver interrupção total da luz por três dias consecutivos, contados após o aviso oficial; De um conto de réis quando a interrupção atingir a trinta dias consecutivos; De dez contos de réis quando atingir a sessenta dias consecutivos; Desse limite em diante, a multa de cem mil réis por dia até o restabelecimento da iluminação. Nenhuma dessas multas será aplicável no caso de danificação feita por terceiros, bem como nos caso de força maior. Nos casos em que forem impostas as multas pela interrupção total de luz o Governo descontará da mensalidade a pagar, a importância correspondente a cada noite de iluminação ou cento e vinte e três mil réis, enquanto for de quarenta e cinco contos de reis anuais a despesa com este serviço. NONA - Os concessionários obrigam-se a iniciar as obras dentro do prazo de seis meses e conclui-las no de dezoito meses, a contar da data da assinatura do presente contrato. Caducará o privilégio se nos prazos mencionados não forem iniciados ou concluídos os trabalhos contratados, salvo casos de força maior. DÉCIMA - Os concessionários terão o direito de: a) Exigir deposito garantidor do Consumo de luz; b) De exclusivamente fazerem as ligações domiciliares ou 29 cobrar vinte por cento sobre os serviços feitos por outrem com o seu consentimento e mediante exame prévio, a fim de proceder a ligação; c) Suspender a iluminação pública na falta de pagamento excedente de três meses consecutivos; d) Cobrar a título, a multa de dez por cento ao mes sobre prestações vencidas e não pagas; e) Cortar a ligação do consumidor impontual; f) Multar o consumidor ou cortar a ligação no caso de fraude; g) Fiscalizar as instalações, não podendo o particular impedir por pretexto algum; h) Cobrar multa de dez mil réis a cem mil réis, a benefício da Santa Casa, a todo aquele que danificar ou destruir as obras, aparelhos ou instalações dos concessionários, ou praticar qualque fraude em prejuízos dos mesmos, ficando-lhes ainda salvo o direito de haverem, pelos meios legais, a importância dos prejuízos e danos; i) De se utilizar, gratuitamente da água dos rios públicos circunvizinhos a cidade que se tornem necessários ao serviço; j) Aumentar vinte e cinco por cento nos preços de consumo de luz e instalações, no caso do câmbio abaixo de 10. DÉCIMA PRIMEIRA -Todos os Aparelhos Medidores do consumo de energia elétrica deverão ser do sistema métrico decimal e do tipo que os concessionários julgarem mais conveniente e forem aprovados pelo Governo. Estes aparelhos deverão ser aferidos com a assistência do fiscal do Governo, antes de serem assentados, e a sua verificação se fará sempre que qualquer consumidor a exija devendo, neste caso, correrem as despesas de aferição da conta deste último, quando o erro for inferior a dois por cento. O fornecimento, assentamento, ligação, desligação, substituição e conservação dos medidores ficam, exclusivamente, a cargo dos concessionários, que cobrarão por estes serviços os preços da tabela a que se refere a cláusula quarta. DÉCIMA SEGUNDA - Os concessionários deverão manter o material da iluminação pública em perfeito estado de asseio, obrigando-se a renovação dos refletores, lâmpadas, e à pintura dos postes, sempre que isto se torne necessário. DÉCIMA TERCEIRA - O Governo entregará aos concessionários, mediante inventários, todos os imóveis, móveis e semoventes pertencentes à Ferro Carril e Ferrovia Tambaú, concedendo-lhes privilégio pelo prazo de cinqüenta anos, contados da data da inauguração oficial da iluminação 30 pública, para a exploração do transporte de passageiros e bagagens nas linhas atuais e nas que futuramente construírem dentro do município da Capital, de conformidade com as condições abaixo especificadas. DÉCIMA QUARTA - Os concessionários ficarão obrigados a eletrificar as linhas de bondes atualmente existentes entre a Praça Alvaro Machado, Tambiá e Trincheiras, dentro do prazo máximo de três anos e a fazer o tráfego da Ferrovia de Tambaú por tração elétrica, a vapor ou por meio de automóveis. Os trabalhos para a substituição da tração devem começar logo após a inauguração do serviço de iluminação. DÉCIMA QUINTA - Apresentarão planta da cidade, com o projeto de modificação dos traçados das atuais linhas de bondes e das que, oportunamente tiverem de ser construidas para o Cemitério e Barreiras, para ter a devida aprovação do Governo. DÉCIMA SEXTA - Dentro do prazo máximo de sessenta dias, entrarão na posse das duas empresas e, desde então, ficarão obrigados a restabelecer o tráfego da Ferro-carril que deverá principiar as cinco horas e trinta minutos da manhã e terminar às onze horas da noite, partindo os carros dos pontos extremos das linhas, com intervalos nunca superiores a trinta minutos ou de acordo com a tabela organizada pelos concessionários e aprovada pelo Governo. DÉCIMA SÉTIMA - O tráfego da Ferrovia Tambaú será feito de conformidade com as necessidades da população e de acordo com horário variável e aprovado pelo Governo. DÉCIMA OITAVA - Serão mantidos os preços das passagens, nas linhas atualmente existentes: Duzentos réis para os bondes, trezentos réis e cento e cinquenta réis, respectivamente, para a primeira e segunda classes na Ferrovia Tambaú. Depois de Eletrificadas as linhas, haverá bondes de segunda classe, a preço reduzido de cem réis, que correrão isoladamente ou ligados aos carros motores de primeira classe, em horas de maior transito de trabalhadores e operários. Estes carros poderão conduzir bagagens por preços determinados em tabela oportunamente aprovada pelo Governo. DÉCIMA NONA - Os concessionários, durante cinco anos, contados da inauguração oficial da eletrificação das linhas de bondes atuais, entrarão 31 para o Tesouro do Estado com doze por cento somente da renda bruta de todas as linhas em tráfego, para o pagamento dos bens a que se refere a cláusula Décima Terceira. Esta percentagem será reduzida a seis por cento, em caso de não ser satisfeito o pedido de dois automóveis encomendados pelo Governo para a Ferro-Carril. VIGÉSIMA - Terão passagens gratuitas em todas as linhas mantidas pelos concessionários: O Presidente e o Vice-Presidente do Estado; O Presidente da Assembléia; O Prefeito Municipal; O Chefe de Polícia; O Mordomo dos Hospitais e o Engenheiro Fiscal. As praças de Polícia, quando em pé na plataforma, em número de duas em cada carro, armadas e em serviço; e os estafetas do telégrafo, também em serviço, gozarão do mesmo favor. VIGÉSIMA PRIMEIRA - os concessionários por ocasião da assinatura do presente contrato e para garantia do mesmo, caucionarão no Tesouro do Estado a quantia de cinco contos deréis, que poderá ser levantada desde que cheguem as maquinas e outros materiais necessários para o serviço de iluminação, os quais, desde então, ficarão garantindo a execução do mesmo serviço, dentro dos prazos estipulados e o fiel cumprimento das cláusulas relativas a Ferro-carril e Ferrovia Tambaú. VIGÉSIMA SEGUNDA - O Governo poderá encampar os serviços decorridos vinte e cinco anos da data da inauguração oficial de qualquer um, tomando por base a renda bruta do ano anterior que representará dez por cento do valor real para efeito de encampação ou quinze por cento até vinte e cinco anos. VIGÉSIMA TERCEIRA - Terminando o prazo deste privilégio , se o Governo resolver explorar por si mesmo os respectivos serviços ora contratados pagará aos concessionários ou seus sucessores todas as obras e materiais como abatimento de trinta por cento sobre o seu custo, devendo tudo achar-se em perfeito estado de conservação. VIGÉSIMA QUARTA - Ficam os concessionários isentos de todos os impostos estaduais e municipais de qualquer espécie, presentes e futuros, sobre as indústrias dos privilégios constantes deste Contrato, enquanto o mesmo vigorar. 32 VIGÉSIMA QUINTA - O Governo obriga-se: a) desapropriar por entidade pública os terrenos que se tornarem necessários aos fins do presente contrato, correndo as despesas por conta dos concessionários; b)a garantir a isenção de impostos aduaneiros e municipais inclusive os relativos a transporte de materiais. VIGÉSIMA SEXTA - Findo o prazo deste contrato, os concessionários ou seus sucessores, em igualdade de condições, terão preferência para continuação da ampliação dos serviços constantes deste contrato. Neste caso, dada a concorrência ordenada pelo Governo, serão os concessionários intimados da proposta mais vantajosa, a fim de deliberarem relativamente à aceitação das condições contidas na mesma. Caso os concessionários se recusem a aceita-las, contratará o Governo os mesmos serviços com quem entender. Neste caso, o novo contratante deverá indenizar os atuais do valor real de todos os materiais, com o abatimento e demais condições de que trata a cláusula vigésima terceira. VIGÉSIMA SÉTIMA - No caso de divergência entre as partes, recorrer-se-á ao arbitramento, nomeando cada parte um perito. Se estes divergirem em seu laudo, nomearão as partes um terceiro que resolverá em última instância. Se não houver acordo com a escolha do terceiro perito, se tirará a sorte um, entre os indicados pelas partes contratantes. A nomeação dos peritos deverá ser feita dentro do prazo de trinta dias, contados da ocasião em que se suscitar o motivo da divergência entre as partes contratantes, ficando entendido que a falta de nomeação, dentro do prazo acima estabelecido, indicará o reconhecimento do direito da parte contrária. VIGÉSIMA OITAVA - Pela falta de cumprimento das cláusulas deste contrato, para as quais não se tenha determinado pena especial, poderá o Governo multar os concessionários, em quantias não superior a duzentos mil réis, e no dobro em caso de reincidência. VIGÉSIMA NONA - Os concessionários ou empresa que organizarem não poderão alienar o presente contrato antes da realização completa dos serviços constantes dos mesmos. 33 Palácio, 4 de outubro de 1910. No ano seguinte, em 1911, chegava à nossa capital, através do navio "Paranaguá" a primeira remessa de postes para a iluminação da capital, e no mesmo ano, novo carregamento de material chegava pelo vapor alemão "Nessovia". O Prédio para funcionamento da "Usina de luz Elétrica" ficou concluído no dia 1º de dezembro em Tambiá conhecida como Cruz do Peixe. Com grande festa foi inaugurado a 14 de março de 1912, o serviço de iluminação Pública de João Pessoa, então Parahyba, com 500 lâmpadas alimentadas por um gerador de 420 Kva que era acionado por uma caldeira a vapor. A tensão era de 6.600 v e a frequência de 50 ciclos. A montagem foi feita pelo Engenheiro Alemão Carl Lehmann. A rede de distribuição na cidade foi dividida em 8 áreas. Deve-se destacar que o primeiro prédio público a ter iluminação elétrica foi a Imprensa Oficial e dos templos católicos foi o Mosteiro de São Francisco. Transcrevemos a ata de sua inauguração. "Aos quatorze dias do mês de março do ano de mil novecentos e doze, presentes, no edifício especialmente construído para a instalação da respectiva usina, sito no arrabalde Tambiá, os srs. dr. João Lopes Machado, Presidente do Estado, Monsenhor Walfredo Leal, Senador Federal, dr. Francisco Carlos Cavalcanti de Albuquerque, Chefe de Polícia, Cónego Odilon Coutinho, representando o Bispo Diocesano D. Adauto Aurélio de Miranda Henriques, dr. Antônio Massa, Juiz de Direito de 2º vara desta Capital e representando o dr. Venâncio Neiva, Juiz Seccional, Padre Matias Freire , Presidente da Assembléia Legislativa, Desembargador Cândido Pinho, Presidente do Superior Tribunal de Justiça, Coronel Inácio Evaristo Monteiro, Secretário do Estado, e deputado o Tenente Mário Nazaré, Comandante da Escola de Aprendizes, Tenente Coronel Álvaro Monteiro, Comandante do Batalhão Policial, dr. Pedro da Cunha Pedrosa, advogado, Major Artur Carlos de Gouveia, Delegado Fiscal, Luiz Figueira Machado, Acadêmico, Alfred Cerf., Consul da França, drs. Luiz Franca e Jurema Filho. Delegados da capital, drs. Severino Montenegro e Lima Mindelo, Coronel Murilo Lemos, dr. Ascendino Cunha, Capitão dr. Frederico Cavalcanti, Ernani Lauritzen, dr. Neiva de Figueiredo, Coronel João de Lira Tavares, deputados estaduais, padre doutor Florentino Barbosa, dr. Alfredo Galvão, Presidente do 34 tiro Paraibano, drs. Oscar Soares e João Franca, redatores do jornal "O Norte", dr. Clemente Rosas, desembargador Caldas Brandão, Provedor da Santa Casa da Misericórdia, desembargador Ivo Magno da Fonseca, dr. João Américo de Carvalho, dr. Manoel Tomás Gomes da Silva, Juiz municipal de Santa Rita, dr. Artur Carvalho Rodrigues dos Anjos, Promotor Público da Capital, Dr. Armando Monteiro, drs. Joaquim Hardman e Valfredo Guedes Pereira, médicos, drs. Rômulo Pacheco e Barnabé Gondim, redatores do jornal "A União", Coronel Antônio Pinto, Prefeito Municipal, dr. Edmundo Alverga e Irineu Ferreira Pinto, pelo Instituto Histórico e Geográfico, Firmino Costa, Secretário do Conselho Municipal, Claudino Moura, Gerente da Empresa "A União", Coronel Augusto Gomes da Silva, administrador da Recebedoria de Rendas, dr. José Américo de Almeida, Procurador Geral do Estado, Benevenuto Pimentel, pela Sociedade de Artistas Mecânicos e Liberais, dr. Artur Moreira, deputado federal pelo Estado do Maranhão, dr. Francisco Xavier Júnior, diretor da Instrução Pública, dr. Eutiquio Autran, Juiz da 1ª vara da Capital, Major Neofilo Bonavides, Coronel Tito Silva, administrador da imprensa Oficial, Luis Espinola, representando o dr. Alfredo Espinola, administrador dos Correios, professor Eduardo de Medeiros, dr. Miguel Raposo, diretor da Escola de Aprendizes Artifices, dr. Alexandre dos Anjos, diretor da Biblioteca Pública, Coronel Ernesto Monteiro, proprietário, dr. José de Melo, Juiz de Direito de Bananeiras, Coronel Manoel Deodato de Almeida Monteiro, Francisco Lustosa Cabral, dr. Francisco de Gouveia Nóbrega, Juiz substituto seccional, Major Eutaquiano Barreto, dr. José Teixeira de Vasconcelos, diretor da Higiene, Coronel Marinho Falcão,dr. Manoel Deodato Henrique de Almeida, Júlio Leal, Pergentino de Menezes pelo Partido Operário, Manoel Fernandes, Severino Correia Lima e João Martins, artistas, Coronel Manoel da Cunha Presidente do Conselho Municipal da Capital, Manoel Schuler e outros cavalheiros, foi posto o grande motor em movimento sob a direção do mecânico alemão Carl Lehmann, montador dos fabricantes R. Walf, às sete horas da tarde, precisamente, o exmo. sr. dr. João Lopes Machado, Presidente do Estado, diante do quadro de distribuição, ligou a chave geral da iluminação, fazendo-se a luz em todo o edifício e em toda a cidade. De vários pontos da Capital ouvia-se estrugirem girândolas e salvas ao mesmo tempo em que a música policial executava brilhante marcha, silvando estridentimente a máquina de usina e o povo em frêmitos de entusiasmo erguia vivas calorosos ao fecundo governo do exmo. sr. dr. João Machado, à Empresa de iluminação e ao Estado da Parahyba. Em seguida dirigiram-se todas as pessoas presentes para elegante mesa de doces e bebidas colocada sob frondosas mangueiras que circundam o edifício da usina, e, ao champagne, o exmo. sr. dr. Pedro da Cunha Pedrosa, advogado da Empresa, saudou em frases incisivas ao chefe do Governo, que respondeu manifestando o seu justo contentamento pela execução do importante 35 melhoramento e saudando a Empresa representada na ocasião pelo dr. Thiago Vieira Monteiro, um dos seus diretores. E, para constar, lavrei a presente ata. Eu, João de Lira Tavares, fiscal do Governo junto à Empresa de Iluminação e Viação Elétricas da Capital, a escrevi (assinalados) dr. João Lopes Machado, Presidente do Estado, Thiago Vieira Monteiro, Valfedro Leal, Inácio Evaristo, Antônio Massa, por si e como representante do dr. Venâncio Neiva, Juiz seccional, Artur de C. R. dos Anjos, Pedro da Cunha Pedrosa, Manoel Deodato de A. Monteiro, Francisco Carlos C. de Albuquerque, Miguel de Medeiros Raposo Luiz Figueira Machado, João de Lira Tavares. O Consumo à taxa fixa era pago pela seguinte tabela: 1 lâmpada de 10 velas 3$000 1 lâmpada de 16 velas 4$000 mais de 3 lâmpadas de 16 velas 3$500 1 lâmpada de 25 velas 6$000 mais de 4 lâmpadas de 25 velas 5$500 1 lâmpada de 32 velas 8$000 mais de 3 lâmpadas de 32 velas 7$000 mais de 1 lâmpada de 50 velas 12$000 mais de 3 lâmpadas de 50 velas 11$000 mais de 1 lâmpada de 100 velas 20$000 mais de 1 lâmpada de 200 velas 30$000 mais de 1 lâmpada de 500 velas 40$000 O Consumo a medidor era pago a 800 réis o Kwh até o limite de 50 Kwh, além deste limite o preço se reduzia para 600 réis. Em 1912 o consumo de Energia Elétrica na Capital foi de 166.658 Kwh sendo 75.043 Kwh devido a particulares e o restante à Iluminação Pública e às ligações particulares. Os cinemas "Rio Branco", "Pathé" e "Popular" produziam sua própria iluminação. A Ferro Carril O contrato firmado entre o governo e a Empresa Tração, Luz e Força obrigava a Empresa a aceitar os serviços de viação da capital, serviços esses encampados pelo Governo, os quais àquela época eram feitos a tração animal. 36 Em 1906 o Pres. Walfredo Leal em mensagem a Assembléia assim se dirigia: "Como já no-lo disse, espero ligar esta cidade a importante praia de Tambaú até o próximo mes de novembro, tão adiantados vão os serviços de construção fazendo daquela aprazível praia um centro de diversão e uma estação balnear de mais fácil acesso aos habitantes da Capital. A Companhia "Ferro Carril Paraybana" é que ainda nos vai prestando os meios de locomoção urbana; ela não tem produzido o interesse que aguardavam seus acionistas. O Governo, que é o seu maior acionista cogita de encampá-la, procurando por esse meio chamar a si sua fiscalização e direção e dar-lhe alento de vida, a fim de não desaparecer essa empresa de tanta utilidade, de vantagem indiscutível para o Estado. A propósito, será conveniente que não esqueçais de conceder-me autorização e os meios precisos para levar a efeito esse projeto de grande importância, em face do estado precário e de decadência em que se encontra a empresa "Ferro Carril". Quanto às razões da criação da Ferro Carril Paraybana, os autores citam o desenvolvimento do final do século XIX no comércio, na indústria e na agricultura como fatores que ensejaram a implantação na capital dos serviços de transportes através de tração animal. A Construção da Ferro Carril iniciou-se em 24 de agosto de 1895 pelo Eng. Antônio Augusto de Figueiredo Carvalho. O material foi adquirido em Berlim à firma KATZEMSTEIM e KAPPEL, chegando pelo návio LUMA em 25 de março de 1896. A inauguração da Ferro Carril ocorreu em 06 de junho de 1896, tendo passado apenas pouco mais de um ano de sua criação, que foi a 19 de abril de 1895, quando se reuniram pessoas interessadas, entre os quais, o Ten. Cel. da Guarda Nacional Augusto Gomes e Silva que presidiu a reunião e secretariou a mesma o sr. Aron Cahin, tendo sido na ocasião subscritas 100 ações de conto de réis, tendo o Presidente Alvaro Lopes Machado ficado com 10 ações. A Ferro Carril foi em 18 de setembro de 1906 anexada ao patrimônio do Estado através da lei 248 daquele dia, tendo a escritura sido de 25 de setembro do mesmo ano e paga a importância de 40:500$000 ( quarenta contos e quinhentos mil réis ). Quanto à Ferrovia Tambaú, sabe-se que suas obras foram iniciadas em 16 de outubro de 1905, tendo chegado da Inglaterra uma locomotiva fabricada por Rogers Sons que os bajuladores da época batizaram de Alvaro Machado. 37 A Ferrovia Tambaú foi inaugurada em 21 de outubro de 1906 com a extensão de 3,5 Km chegando até um sítio de um sr. Antônio Domingos dos Santos e a passagem de ida e volta custava $500 ( quinhentos reis ). Em 06 de dezembro de 1908, foi que a Ferrovia Tambaú foi completada chegando até a praia. O Bonde movido a energia elétrica foi inaugurado em 19 de fevereiro de 1914. A E. T. L. F. instalou um gerador a DIESEL MHM de 240 Kva para atender o serviço dos bondes. Tendo o gerador instalado em 1912 de 420 Kva quebrado o eixo, foi adaptado um outro de marca MARSHAL de 500 Kva. O contrato assinado em 1910 seria revisto e aditado em 1923 através da Lei 565 de 06/09/1923 e do Decreto 1207 de 29/09/1923. LEI Nº 565 De 6 de Setembro de 1923 Autoriza o Poder Executivo a rever o Contrato existente entre o Estado e a Empresa Tração, Luz e Força, desta Capital. Solon Barbosa de Lucena, Presidente do Estado da Paraíba do Norte. Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembléia Legislativa do mesmo Estado decreta e eu sancionei a lei seguinte: Art. 1º - Fica o poder executivo autorizado a rever o Contrato existente entre o Estado e a Empresa Tração, Luz e Força, desta Capital, podendo realizar operações de crédito e contratar quaisquer outras obrigações no sentido de melhorar o serviço da mesma empresa. Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário. Mando, portanto, a todas as autoridades a quem conhecimento e execução da presente Lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nela se contem. O Secretário de Estado a faça imprimir, publicar e correr. Palácio do Governo do Estado da Paraiba do Norte, em 6 de setembro de 1923 - 35º da Proclamação da República. Solon Barbosa de Lucena. Foi publicada nesta Secretaria de Estado da Paraíba do Norte, em 6 de setembro de 1923 38 Alvaro de Carvalho Secretário de Estado Decreto nº 1207 de 29 de setembro de 1923. Aprova as cláusulas apensas ao presente, às quais servirão de base à revisão do contrato da Empresa Tração, Luz e Força, para osserviços de iluminação e bondes elétricos da capital deste Estado. Solon Barbosa de Lucena, presidente do Estado da Paraíba do Norte, usando da autorização que lhe concede a lei sob o nº 565, datada de 6 de setembro expirante, e da atribuição que lhe outorga o art. 36, parágrafo 1º, da constituição Estadual. Decreta Art. 1º - Ficam. desde já aprovadas, as cláusulas que com este baixam, as quais servirão de base à revisão do contrato celebrado em data de 4 de outubro de 1910, entre o Estado e os engenheiros Alberto de San Juan, Thiago V. Monteiro e Júlio B. Vilella, fundadores ou incorporadores da Sociedade Anônima, Empresa Tração, Luz e Força, para a exploração dos serviços de iluminação e bondes elétricos desta Capital. Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário. O secretário de Estado faça publicar o presente decreto, expedindo as ordens e comunicações necessárias. Palácio do Governo do Estado da Paraíba do Norte, em 20 de setembro de 1923 - 35º da Proclamação da República. Solon Barbosa de Lucena 39 Cláusulas a que se refere o Decreto nº 1.207 de 20 de setembro de 1923. Primeira Como meio de promover eficazmente um melhor funcionamento dos serviços de iluminação e bondes elétricos da capital, o Governo do estado resolve auxiliar a Empresa Tração, Luz e Força, atual concessionária de tais serviços, com o empréstimo de trezentos contos de reis ( 300:000$000 ), por três prestações de cem contos de reis ( 100:000$000 ), cada uma, realizáveis em moeda corrente nacional; a primeira a trinta dias e as duas outras com sessenta e noventa dias de prazo, contados da assinatura do respectivo contrato. Desde então, o Governo, até efetivo e completo reembolso da quantia emprestada, fica com o direito reter não só o pagamento de todas as prestações mensais de iluminação pública, como de quaisquer outros fornecimentos de energia elétrica, que d'ora em diante lhe tiverem de ser feitos pela Empresa mutuária, cujas somas líquidas e certas, irão sendo, integralmente, descontadas da importância do mesmo empréstimo. Em reforço de garantia ao dito pagamento por amortizações, a empresa contratante faz, em favor do Estado, caução de dois mil e quinhentos ( 2.500 ) debêntures de sua emissão, garantida por sua hipoteca do valor de cem mil réis ( 100$000 ), cada uma, pertencentes ao Doutor Alberto de San Juan, ora já depositadas na agência do Banco do Brasil de São Paulo, caução que independentemente de autorização especial do Governo caucionado, depois de decorridos quinze dias da satisfação integral da dívida, poderá ser levantada. Segunda Dentro do prazo máximo de noventa ( 90 ) dias, a datar da presente revisão do seu contrato, a Empresa contratante se obriga a pôr em ordem de bom e completo funcionamento, em todos os pontos e lugares por onde atualmente já se estende a sua respectiva instalação, os serviços de luz e bondes elétricos, contratados a 4 de outubro de 1910, com o Governo do Estado, sob pena de ficar pagando a multa de um a dois contos de réis, por mês que ultrapassar o dito prazo, salvo de força maior, a juízo do Governo. A iluminação pública, cuja voltagem será de 200 volts, com uma tolerância de 10 a 15%, compreende as ruas, praças, travessas, passeios e jardins públicos, avenidas, pontes e acessórios exteriores dos edifícios públicos e quaisquer outros lugares em que a Empresa contratante tenha já instalada a respectiva canalização elétrica, sem que isto importe publicação de qualquer 40 ulterior aumento de zona presentemente iluminada, quando o Governo julgar oportuno e a contratante esteja de acordo em fazê-lo. Terceira Depois de devidamente reestabelecido o serviço de iluminação, nos termos a que se refere a cláusula II, a Empresa contratante passará a ficar sujeita, por lâmpada de iluminação pública encontrada com luz fraca ( considerando-se como luz fraca não só a de força iluminativa sensivelmente inferior à medida elétrica de 200 volts, mas também a que apresentar freqüentes eclipses ), à multa de 2$000; e à multa de 3$000, por lâmpada completamente apagada, sempre que a interrupção for por mais de uma hora, salvo caso de força maior, a juízo do Governo. Para efeito da imposição de tais multas, de que a contratante poderá recorrer para o presidente do Estado, o fiscal do Governo, todos os dias pela manhã, remeterá à Empresa uma relação das lâmpadas encontradas, na noite anterior, amortecidas, vacilantes ou completamente apagadas. Quarta No caso de interrupção ou enfraquecimento geral da iluminação pública, compreendendo mais de um terço da zona iluminada, que exceda na cláusula III, poderá ser imposta na razão de 5$000 por lâmpada inteiramente apagada, ou mesmo de luz enfraquecida; salvo caso de força maior, a juízo do Governo. Em caso de tal natureza, ou outras da mesma senão de maior gravidade, fica também reservado ao Governo o direito, se entender assim mais conveniente, de declarar resilido o contrato, sem necessidade de interpelação judicial, de conformidade com as cláusulas respectivamente nele autorizadas. Quinta Dentro no prazo de três meses, a data da assinatura deste contrato, a Empresa contratante obriga-se a apresentar ao Governo do Estado uma planta geral da zona atualmente iluminada. Nesta planta, construída na escala de um por dois mil (1/2.000 ) será representada, exatamente, toda a rede de condução elétrica, com indicação precisa da respectiva extensão, número e posição dos combustores da iluminação pública atual. Sempre que se faça necessário estender a zona iluminada, de acordo com o que vem de ficar previsto no final da cláusula II, a Empresa contratante 41 apresentará ao Governo, planta na mesma escala, com todas as indicações necessárias, relativamente à nova zona a iluminar, de modo que tenha o Governo, a todo tempo, um plano geral, exato, da iluminação pública existente. Sexta Em qualquer ponto onde passarem as redes da iluminação, a Empresa contratante é obrigada a fornecer luz elétrica aos particulares que o desejarem. Sétima As horas de acender e apagar a iluminação pública serão determinadas em uma tabela organizada pela Empresa e aprovada pelo Governo, para vigorar d'ora em diante, e que, sem motivo justificado, não poderá nunca ser infligida, total ou parcialmente. Oitava Todos os postes de iluminação pública, serão numerados, de modo claro e facilmente visível, e sempres conservados limpos e pintados. Nona Dentro do prazo máximo de seis meses, contados da assinatura do presente contrato, a Empresa contratante obriga-se a desenvolver o tráfego dos bondes elétricos, cujos serviços nas linhas ora já existentes passará daí em diante, a ser feito com dez (10) carros motores e mais seis (6) reboques, observando-se o horário da tabela que, oportunamente, deverá ser submetida à aprovação do Governo, e publicada pela imprensa, com três dias pelo menos de antecedência. Esgotado o mesmo prazo, se ainda não se houver verificado o aumento de tráfego estipulado nesta cláusula, a Empresa contratante ficará sujeita à multa de 500$000 mensais, pelo tempo que exceder dos seis meses, salvo caso de força maior, a juízo do Governo. Décima 42 Logo depois de três meses, contado da assinatura deste contrato, o tráfego dos bondes, presentemente já existentes, deverá com a instalação de mais
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